Cálculos em Nutrição Parenteral

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Cálculos em NP Distribuição dos Macronutrientes Glicose = até 7kg/kg/dia ou 45 a 60% do VCT. Em geral se utiliza entre 4 a 5g de glicose /kg/ dia (é o carboidrato presente nas formulações) Proteína = 0,8g a 2,0g / kg/ dia ou 10 a 20% do VCT. Conforme necessidade do paciente e patologia presente. Lipídios 1 a 2g /kg/ dia por paciente ou 20 a 35 % do VCT. Em geral, administrase 1g/kg/dia para evitar sobrecarga de gordura que pode se caracterizar por hepatomegalia, icterícia e plaquetopenia. Para a prevenção de deficiência de ácidos graxos essenciais, recomendase o uso entre 1 a 2% do valor calórico total (VCT) de ácido graxo ômega6 (ácido linoléico) e 0,5% do VCT de ácido graxo ômega 3 (ácido alfalinolênico). Distribuição dos Micronutrientes CERNE E AD ELEMENT Para a adequação de micronutrientes q ç devese avaliar qual o melhor polivitamínico e oligomelementos que garanta as necessidades diárias do paciente. • Se for preciso, realizase a reposição com solução de vitaminas e de oligoelementos em soro, fora da solução de NP (para melhorar a estabilidade)

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Cálculos em NP

Distribuição dos Macronutrientes

� Glicose = até 7kg/kg/dia ou 45 a 60% do VCT. Em geral se utiliza entre 4 a 5g de

glicose /kg/ dia (é o carboidrato presente nas formulações)

� Proteína = 0,8g a 2,0g / kg/ dia ou 10 a 20% do VCT. Conforme necessidade do

paciente e patologia presente.

� Lipídios 1 a 2g /kg/ dia por paciente ou 20 a 35 % do VCT.

Em geral, administra‐se 1g/kg/dia para evitar sobrecarga de gordura que pode se

caracterizar por hepatomegalia, icterícia e plaquetopenia.

Para a prevenção de deficiência de ácidos graxos essenciais, recomenda‐se o uso entre 1

a 2% do valor calórico total (VCT) de ácido graxo ômega‐6 (ácido linoléico) e 0,5% do VCT

de ácido graxo ômega 3 (ácido alfa‐linolênico).

Distribuição dos Micronutrientes CERNE E AD ELEMENT

Para a adequação de micronutrientes q ç deve‐se avaliar qual o melhor polivitamínico e

oligomelementos que garanta as necessidades diárias do paciente.

• Se for preciso, realiza‐se a reposição com solução de vitaminas e de oligoelementos em soro,

fora da solução de NP (para melhorar a estabilidade )

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CASO CLÍNICO

Paciente , masculino, 48 anos, pós‐operatório de colectomia proximal (50 cm) por

traumatismo abdominal (acidente de moto), hemodinamicamente estável, porém apresentando

íleo paralítico e distensão abdominal.

Quadro clínico estável;

Peso estimado de 62kg;

Diagnóstico nutricional: eutrófico (bem nutrido)

Indicação: Nutrição Parenteral Total – Acesso Central – Veia subclávia.

Primeiro passo: Cálculo das Calorias Totais

Pacientes estáveis: 25 a 30 Kcal/Kg/dia (Paciente em condição pós‐operatória)

NET = kcal x peso / dia

NET = 25 a 30 kcal x 62kg / dia

NET=1550 (62x25) a 1860 (62x30) kcal/dia (faixa rec omendada ideal )

NET (necessidade energética toral)

Segundo passo: cálculo dos macronutrie ntes importante

Deve ser observado as apresentações de cada produto com o farmacêutico que manipula

a NP:

– Aa: 8,5% a 15%;

– Glicose: 5%, 10%, 25%, 50% ou 70%;

– Lipídeos: 10 ou 20%.

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Começar o cálculo sempre pelos aa (mais essenciais) .

• Verificar a recomendação de acordo com o caso clínico;

• Verificar qual solução é Padronizada no Hospital;

• No nosso caso a recomendação de proteína é de 1,2 g/Kg/dia

• No hospital temos solução a 10%

Aa = g de aa x Kg / dia

Aa = 1,2g x 62kg / dia

Aa = 74,4 g aa / dia

CÁLCULO DAS CALORIAS DOS aa

1g de aa = 4 kcal

1 g de aa ‐‐‐ 4 kcal

74,4 g de aa ‐‐‐ x

X = 297,6kcal

1860 kcal totais ‐‐‐ 100%

297,6 kcal aa ‐‐‐ x

X = 16% das NET

Determinar o volume de solução de aminoácidos na Nu trição Parenteral

Solução de aa à 10%

100ml de solução ‐‐‐ 10g de aa

x ‐‐‐ 74,4 g de aa

X= 744 mL de solução de aa à 10%

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Aminoácidos – concentração final

Concentração final de aa deve ser – 3,5 a 5%

1860 ml – 74,4 g de aa

100ml - x

X = 4%

CÁLCULO DE LIPÍDIOS

• 1 a 2g/kg/dia por paciente ou 20 a 30% do VCT. Em geral, utiliza‐se para o adulto 1 g/Kg/dia

• Verificar qual emulsão é Padronizado no nosso Hospital;

• No nosso caso a recomendação é de 1g/kg/dia

• Padronizado temos a emulsão lipídica à 20%

LIP = 1g/Kg/dia

LIP = 1g x 62kg / dia

LIP = 62g de LIP

Determinar o volume da emulsão lipídica

• Emulsão lipídica à 20%

100mL de solução ‐‐‐ 20g

x ‐‐‐ 62g de lip

x = 310 mL de emulsão lipídica à 20%

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Cálculo da calorias provenientes dos lipídios

Valor calórico das emulsões lipídicas:

• Emulsões a 10% ‐ Fornecem 1,1 Kcal/ml

• Emulsões a 20% ‐ Fornecem 2 Kcal/ml

2 Kcal/mL (padronizado)

2kcal x 310mL de emulsão

Emulsão lipídica = 620 kcal

1860 kcal totais ‐‐‐ 100%

620 kcal lip ‐‐‐ x

X = 33,3% das NET

CÁLCULO DA GLICOSE

• Verificar a recomendação de acordo com o caso clínico;

• Verificar qual solução é disponibilizada no nosso Hospital;

• No nosso caso a recomendação de glicose é até 4g/kg/dia

• Padronizado no hospital temos solução à 50%

Glicose = g x kg / dia

Glicose = 4 g x 62 kg / dia

Glicose = 248 g /dia

Cálculo da solução de glicose

• Solução de glicose à 50%

100ml de solução ‐‐‐ 50g

x ‐‐‐ 248g

x= 496 mL de solução de glicose à 50%

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Valor calórico ofertado pela glicose

• Valor calórico: 1g de glicose = 3,6 Kcal

1 g de glicose ‐‐‐‐ 3,6 kcal

248 g ‐‐‐ x

X = 892,8 kcal de glicose

1860 kcal totais ‐‐‐ 100%

892,8 kcal glicose ‐‐‐ x

X = 48 % das NET

Glicose concentração final

248g de glicose dia

Volume de 1860mL

Concentração final de 13,33 %

VALOR CALÓRICO TOTAL E PERCENTUAL FORNECIDO PELOS

MACRONUTRIENTES

� Aminoácidos = 297,6Kcal – 16%

� Lipídios = 620 Kcal – 33,3% (20‐35%)

� Glicose = 892,8 Kcal – 48% (45‐60%)

TOTAL = 1810,4 Kcal (NET calculada: 1550 a 1860 kcal/ dia)

CÁLCULO DOS ELETRÓLITOS

Sódio

Recomendação de Sódio: 50 – 200 mEq

Cloreto de sódio a 20% (1ml = 3,5 mEq)

1 ml ‐‐‐ 3,5 mEq

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20 ml ‐‐‐ x

X = 70 mEq de sódio

Potássio

Recomendação de Potássio: 30 – 100 mEq

Cloreto de potássio à 19,1% (1 ml = 2,5mEq)

1 ml ‐‐‐ 2,5 mEq

20 ml ‐‐‐ x

x = 50 mEq de Potássio

Cálcio

Recomendação de Cálcio: 3 – 30mEq

• Gluconato de cálcio a 10% (1ml = 0,5 mEq)

1 ml ‐‐‐ 0,5 mEq

10 ml ‐‐‐ x

x= 5 mEq de cálcio

Fósforo

• Para que haja mineralização óssea é necessária uma relação Ca:P de 2,6:1 mEq ou mMol

• Importante:

– O total de fosfato não deve ultrapassar 20 mEq por litro de solução/emulsão final

1º ‐ transformar o Cálcio de mEq para mMol (Dividir por 2) Logo: 5 mEq de Cálcio = 2,5 mMol

de cálcio

2º ‐ Achar o total de Fósforo ideal

P = 2,5 ÷ 2,6

P = 0,96 ~1 mMol de fósforo

• Solução = Fosfato orgânico

• Fosfato orgânico = glicerofosfato de sódio 1 ml = 1 mMol

Logo = 1 ml de fosfato orgânico

Magnésio

• Recomendação de Magnésio: 10‐30 mEq

• Sulfato de magnésio à 10% (1ml = 0,8 mEq)

1 ml ‐‐‐ 0,8 mEq

10ml ‐‐‐ x

X= 8 mEq de Mg

Page 8: Cálculos em Nutrição Parenteral

Cálculo dos polivitamínicos

• São baseados de acordo com os produtos disponíveis no mercado. Ao selecionar, vale a

pena avaliar se atingem as necessidades de cada vitamina e/ou mineral. Usaremos o básico

• Polivitamínico A – 10 ml

• Polivitamínico B – 5 ml

• Oligoelementos – 5 ml

CÁLCULO DE LÍQUIDOS

• Recomendação de 30 a 40 ml / Kg / dia.

Nosso caso:

• 30 x 62 kg = 1860 ml de água biodestilada

VOLUME FINAL DA BOLSA

Aminoácidos a 10% 744 ml

1632ml

Solução de glicose a 50% 496 ml

Emulsão lípidica a 20 % 310 ml

Cloreto de sódio 20% 20 ml

Cloreto de potássio 19,1% 20 ml

Sulfato de Magnésio 20% 10 ml

Gluconato de Cálcio 10% 10 ml

Fosfato Orgânico 1 ml

Polivitaínico A 10 ml

Polivitaínico B 5 ml

Oligoelementos 5 ml

Água Bidestilada 229 ml*

Volume total 1860 ml

*para completar o volume determinado

** vazão: 77,5ml /hora (24h de infusão)

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CONCENTRAÇÃO LIMITE PARA ELETRÓLITOS (PARA EVITAR P RECIPITAÇÃO)

Cálcio 5mMol/L ou 10mEq/L

Magnésio 6mMol/L ou 12mEq/L

Sódio 80mMol/ L ou 80 mEq/L

Potássio 80mMol/ L ou 80 mEq/L

Fosfato 15mMol/L ou 20mEq/L

Referência: ASPEN Board of Directors and the Clinical Guidelines Task Force. Guidelines for the use of parenteral and enteral nutrition in adult and pediatric patients. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2002;26(1 Suppl). Calixto- Lima, Larissa et al. Manual de Nutrição Parenteral- Rio de Janeiro: Editora Rubio,2010.