Calculo de Linhas de Trans
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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Projecto de Linha Area de Alta Tensoconforme a norma EN50341-1
Nuno Joo Falco Sequeira
VERSO PROVISRIA
Relatrio de Projecto realizado no mbito doMestrado Integrado em Engenharia Electrotcnica e de Computadores
Major Energia
Orientador: Prof. Dr. Antnio Carlos Seplveda Machado e MouraCo-orientador: Eng Ricardo Jlio Flores Pina
29/06/09
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Nuno Joo Falco Sequeira, 2009
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Resumo
Este relatrio teve por base um estgio realizado na EDP Distribuio Energia SA, no
departamento de infra-estruturas Norte, em Vila Nova de Gaia.
O objectivo deste estgio foi a realizao de um projecto de uma linha area de alta
tenso, em conformidade com a nova norma europeia EN50341-1 intitulada Overhead
electrical lines exceeding AC 45 kV General requirements Common specifications e tendo
em conta os aspectos normativos nacionais para Portugal referentes mesma. A linha area
em questo consiste numa linha dupla a 60 kilovolts ligando a subestao de Vila Fria
subestao da Portucel ambas situadas no Concelho de Viana do Castelo.
Apresentam-se inicialmente, as bases tericas referentes ao projecto de linhas areas,
nomeadamente ao seu clculo elctrico e mecnico, assim como os aspectos normativos
relevantes que a norma introduz ou simplesmente altera relativamente ao Regulamento de
Segurana de Linhas Elctricas de Alta Tenso.
Seguidamente, expe-se a memria descritiva e justificativa do projecto da linha area
Vila Fria Portucel.
tambm apresentada uma pequena anlise do projecto realizado, do ponto de vista do
projectista, onde se inclui a descrio sequencial do trabalho desenvolvido, mtodos
adoptados, e resoluo dos desafios encontrados.
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Abstract
This report is based on an internship at EDP Distribuio Energia SA, namely in the
departamento de infra-estruturas Norte, in Vila Nova de Gaia.
The goal of this internship was the to develop a project of an overhead high-voltage
electrical line based on the new European Standard EN50341-1 entitled Overhead electrical
lines exceeding AC 45 kV General requirements Common specifications and taking into
consideration the national normative aspects for Portugal referred to it. The overhead line
consists on a 60 kilovolt double line connecting the Vila Fria substation to the Portucel
substation, both situated in the Viana do Castelo area.
Firstly, its given the theoretical basis concerning the overhead lines project, namely its
electrical and mechanical calculations, as well as the relevant normative aspects introduced
or simply changed by the standard relatively to the present active regulation in Portugal,
Regulamento de Segurana de Linhas Elctricas de Alta Tenso .
Next, its presented the descriptive memory of the Vila Fria - Portucel overhead line
project.
Its then given a short analysis of the developed project, from the project manager point
of view, which includes a sequential description of the work done, applied methods, and how
to overcome the challenges that came up in the process.
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Agradecimentos
Em primeiro lugar, um forte agradecimento ao meu orientador Prof. Dr. Antnio Machado
e Moura, pela confiana depositada em mim e pelo esforo que possibilitou a realizao deste
estgio numa empresa como a EDP Distribuio, SA.
Ao meu co-orientador Eng Ricardo Pina, pelo acolhimento na empresa e pelo apoio e
excelente orientao prestados na realizao deste trabalho.
A toda a equipa do departamento de Projecto e Construo da EDP Distribuio, Vila Nova
de Gaia, pela simpatia em especial ao tcnico de desenho Sr. Jlio Fortuna pela enorme
ajuda dispensada na fase final do projecto.
Aos meus pais, que sempre me proporcionaram as melhores condies para atingir os
meus objectivos, pela compreenso e apoio com que nunca me faltaram.
Aos meus amigos, por todo o apoio e preocupao.
Andreia, pelas palavras de incentivo e motivao nos momentos mais difceis.
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ndice
Resumo ............................................................................................ iii
Abstract ............................................................................................. v
Agradecimentos .................................................................................. vii
ndice ............................................................................................... ix
Lista de figuras .................................................................................. xiii
Lista de tabelas .................................................................................. xv
Abreviaturas e Smbolos ....................................................................... xvi
Captulo 1 .......................................................................................... 1
Introduo ......................................................................................................... 11.1. Descrio e Objectivo do Projecto ................................................................. 11.2. Introduo da Norma Europeia EN50341-1 ....................................................... 1
Captulo 2 .......................................................................................... 3
Linhas Areas de Alta Tenso Bases Tericas e Aspectos Normativos ................................ 32.1. Generalidades .......................................................................................... 32.2. Elementos Constituintes das Linhas ................................................................ 4
2.2.1.Condutores ...................................................................................... 42.2.2.Seco dos Condutores ........................................................................ 5
2.2.2.1.Efeito Coroa ...................................................................... 52.2.3.Cabo de Guarda ................................................................................. 62.2.4.Isoladores ........................................................................................ 82.2.5.Apoios .......................................................................................... 102.2.6.Fundaes...................................................................................... 102.2.7.Rede de Terras ................................................................................ 12
2.3. Fiabilidade de Linhas Areas ...................................................................... 142.4. Clculo Elctrico ..................................................................................... 15
2.4.1.Objectivo ...................................................................................... 152.4.2.Tenso Nominal ............................................................................... 152.4.3.Geometria dos Condutores da Linha ...................................................... 162.4.4.Constantes Fsicas ............................................................................ 16
2.4.4.1.Resistncia ...................................................................... 162.4.4.2.Coeficiente de Auto-induo ................................................ 192.4.4.3.Capacidade ..................................................................... 19
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2.4.4.4.Condutncia .................................................................... 202.4.5.Constantes Elctricas ........................................................................ 20
2.4.5.1.Reactncia ...................................................................... 202.4.5.2.Susceptncia ................................................................... 212.4.5.3.Impedncia ..................................................................... 212.4.5.4.Admitncia...................................................................... 21
2.4.6.Transmisso de Energia em Regime Permanente ....................................... 222.4.6.1.Impedncia Caracterstica ................................................... 222.4.6.2.ngulo Caracterstico ......................................................... 222.4.6.3.Frmulas Gerais ................................................................ 222.4.6.4.Frmulas Aproximadas ........................................................ 232.4.6.5.Intensidade e Densidade de Corrente ..................................... 242.4.6.6.Perdas de Energia ............................................................. 252.4.6.7.Queda de Tenso .............................................................. 25
2.4.7.Campo Electromagntico ................................................................... 252.5. Clculo Mecnico .................................................................................... 26
2.5.1.Objectivo ...................................................................................... 262.5.2.Tenses Mecnicas Mximas ................................................................ 262.5.3.Aces sobre as Linhas ...................................................................... 27
2.5.3.1.Aco do Vento ................................................................ 272.5.3.2.Velocidade e Presso Dinmica do Vento ................................. 272.5.3.3.Foras do Vento sobre os Elementos da Linha ........................... 292.5.3.4.Aco do Gelo .................................................................. 302.5.3.5.Aco da Variao da Temperatura ........................................ 302.5.3.6.Temperaturas Mnima e Mxima de Projecto ............................. 31
2.5.4.Estados Atmosfricos ........................................................................ 312.5.5.Coeficientes de Sobrecarga ................................................................ 312.5.6.Equao dos Estados ......................................................................... 332.5.7.Canto e Vo Equivalente Fictcio ........................................................ 352.5.8.Vo Crtico ..................................................................................... 372.5.9.Estado mais Desfavorvel ................................................................... 382.5.10.Geometria das Linhas ...................................................................... 38
2.5.10.1.Aproximao Parablica .................................................... 392.5.10.2.Vos Desnivelados ............................................................ 402.5.10.3.Vos em Patamar ............................................................ 452.5.10.4.Apoio Enforcado .............................................................. 46
2.5.11.Desvio Transversal das Cadeias de Isoladores ......................................... 472.5.12.Distncias de Isolamento .................................................................. 492.5.13.Distncias Mnimas Admissveis ........................................................... 512.5.14.Apoios ......................................................................................... 53
2.5.14.1.Apoios de Alinhamento ...................................................... 532.5.14.2.Apoios de ngulo ............................................................. 542.5.14.3.Apoios Fim de Linha ......................................................... 55
Captulo 3 ......................................................................................... 56
Projecto linha Vila Fria Portucel - Memria Descritiva e Justificativa ............................ 563.1. Objectivo .............................................................................................. 563.2. Regulamentao ..................................................................................... 563.3. Corrente e Tenso ................................................................................... 563.4. Clculo Elctrico ..................................................................................... 57
3.4.1.Caractersticas dos Cabos ................................................................... 573.4.2.Intensidade de Corrente .................................................................... 573.4.3.Perdas de Energia ............................................................................ 583.4.4.Queda de Tenso ............................................................................. 583.4.5.Capacidade .................................................................................... 623.4.6.Susceptncia .................................................................................. 623.4.7.Condutncia ................................................................................... 62
3.4.8.Admitncia .................................................................................... 633.4.9.Impedncia .................................................................................... 63
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3.4.10.Impedncia Caracterstica ................................................................. 643.4.11.Isoladores ..................................................................................... 64
3.5. Clculo Mecnico .................................................................................... 653.5.1.Tenses Mecnicas Mximas ............................................................... 653.5.2.Coeficientes de Sobrecarga ................................................................. 663.5.3.Parmetro da Catenria e Flecha mxima ............................................... 68
3.5.4.Apoios .......................................................................................... 723.5.5.Verificao da Estabilidade dos Apoios ................................................... 723.5.5.1.Apoio Fim de Linha ............................................................ 743.5.5.2.Apoio em Alinhamento ....................................................... 773.5.5.3.Apoio de ngulo ................................................................ 79
3.5.6.Desvio Transversal das Cadeias de Isoladores ........................................... 823.5.7.Distncias entre Condutores ................................................................ 833.5.8.Cruzamentos com Linhas de Telecomunicaes ........................................ 843.5.9.Cruzamentos com Linhas Elctricas de Baixa Tenso .................................. 843.5.10.Cruzamentos com Linhas Elctricas Mdia Tenso .................................... 843.5.11.Cruzamentos com Linhas Elctricas Alta Tenso ...................................... 853.5.12.Cruzamentos com Estradas e Caminhos de Ferro ..................................... 85
Captulo 4 ......................................................................................... 86Anlise do Projecto ............................................................................................ 86
4.1. Objectivo .............................................................................................. 864.2. Cabo Condutor e Cabo de Guarda................................................................. 864.3. Perfil Longitudinal da Linha ........................................................................ 864.4. Coeficientes de Sobrecarga ........................................................................ 874.5. Vos de Clculo ...................................................................................... 874.6. Traado da Linha..................................................................................... 87
4.6.1.Exemplo ........................................................................................ 884.7. Cantes ................................................................................................ 894.8. Verificao do Desvio Transversal das Cadeias de Isoladores ................................ 90
4.8.1.Exemplo 1 ...................................................................................... 90
4.8.2.Exemplo 2 ...................................................................................... 914.9. Escolha dos Apoios ................................................................................... 914.9.1.Apoios Fim de Linha .......................................................................... 924.9.2.Apoios de ngulo ............................................................................. 924.9.3.Apoios de Alinhamento ...................................................................... 92
4.10.Distncias entre Condutores ....................................................................... 924.11.Concluso do Projecto .............................................................................. 92
Captulo 5 ......................................................................................... 94
Concluses e Trabalhos Futuros ............................................................................. 945.1. Concluses Gerais .................................................................................... 945.2. Comparao EN50341-1 vs RSLEAT................................................................ 95
5.3. Trabalhos Futuros .................................................................................... 98
Referncias ....................................................................................... 99
Anexo A - Parmetro da catenria e flecha do condutor .............................................. 100
Anexo B - Parmetro da catenria e flecha do cabo de guarda ...................................... 101
Anexo C Peso real dos Condutores P, Desvio Transversal das Cadeias de Suspenso eDistncia Mnima entre Condutores D ............................................................. 102
Anexo D Esforos nos Apoios em daN e escolha do Tipo de Apoio ................................. 103
Anexo E Distncias Externas admissveis segundo o RSLEAT ......................................... 104
Anexo F Linha Vila Fria - Portucel - Planta Topogrfica ............................................. 105
Anexo G Linha Vila Fria - Portucel Perfil Longitudinal e Planta Parcelar ...................... 106
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Lista de figuras
Figura 2.1 Geometria do cabo de guarda (ngulo de proteco externa), adaptado de[Tvora] ........................................................................................................... 7
Figura 2.2 Cadeia de isoladores em suspenso ........................................................... 8
Figura 2.3 Cadeia de isoladores em amarrao .......................................................... 8
Figura 2.4 Abordagem ao projecto da rede de terras, tendo em conta as tenses de toque. . 14
Figura 2.5 Geometria dos condutores de uma linha dupla, adaptado de [Rodrigues] ........... 16
Figura 2.6 Esquema das foras aplicadas num condutor, adaptado de [Vale] .................... 32
Figura 2.7 Deslocamento longitudinal das cadeias de isoladores, [Tvora] ....................... 36
Figura 2.8 Ilustrao de um canto composto por trs vos, [Tvora] ............................. 36
Figura 2.9 rvore de deciso para determinao do estado mais desfavorvel, [Leite] ........ 38
Figura 2.10 Posies relativas das curvas catenria e parbola a), adaptado de [Vale] ....... 40
Figura 2.11 Posies relativas das curvas catenria e parbola b), adaptado de [Checa] ..... 40
Figura 2.12 Representao de um vo desnivelado, adaptado de [Vale] .......................... 41
Figura 2.13 Vo em patamar, adaptado de [Tvora] .................................................. 45
Figura 2.14 Apoio enforcado, adaptado de [Tvora] .................................................. 46
Figura 2.15 Desvio Transversal da cadeia de isoladores, adaptado de [Checa]. .................. 47
Figura 2.16 Ilustrao de dois vos desnivelados, [Avril] ............................................. 48
Figura 3.1 Topo de um apoio tipo FB30ADN e respectivas distncias entre pontos de fixaodos cabos expressas em metros ............................................................................. 59
Figura 3.2 Topo de um apoio tipo FB95ADN e FB165ADN e respectivas distncias entre pontosde fixao dos cabos expressas em metros ............................................................... 59
Figura 3.3 Representao das foras nos apoios segundo as direces consideradas ........... 73
Figura 3.4 Apoio Fim de Linha de ngulo ................................................................ 74
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Figura 3.5 Apoio em Alinhamento......................................................................... 77
Figura 3.6 Apoio de ngulo ................................................................................. 79
Figura 4.1 Troo da linha com cruzamentos de outras linhas ........................................ 88
Figura 4.2 Apoio Enforcado ................................................................................ 89
Figura 4.3 Troo da linha com desnvel acentuado .................................................... 90
Figura 4.4 Troo da linha com desnvel pouco acentuado ............................................ 91
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Lista de tabelas
Tabela 2.1 Caractersticas mecnicas e elctricas do alumnio-ao .................................. 5
Tabela 2.2 Linha de fuga especfica mnima em funo do nvel de poluio da regioatravessada pela linha .......................................................................................... 9
Tabela 2.3 Coeficiente de compressibilidade a 2 m de profundidade consoante o tipo deterreno [Leite] ................................................................................................. 11
Tabela 2.4 Tenses de toque admissveis ............................................................... 13
Tabela 2.5 Nveis de fiabilidade ........................................................................... 14
Tabela 2.6 Velocidades do vento em Zona A e Zona B , .............................................. 28
Tabela 2.7 Presso dinmica do vento em funo da altura e da zona de vento, [EN50341-3-
17] ................................................................................................................ 29
Tabela 2.8 Distncias externas admissveis ............................................................. 52
Tabela 2.9 Casos de carga normalizados ................................................................ 53
Tabela 3.1 Caractersticas do cabo condutor e cabo de guarda ..................................... 57
Tabela 3.2 Caractersticas dos Isoladores U70BL ....................................................... 65
Tabela 3.3 Tenses mecnicas mximas para os diferentes vos ................................... 65
Tabela 3.4 Foras do vento e coeficientes de sobrecarga para os diferentes estados
atmosfricos .................................................................................................... 68
Tabela 3.5 Parmetro da catenria e flecha do condutor para os vo mdios considerados .. 70
Tabela 3.6 Parmetro da catenria e flecha do cabo de guarda para os vo mdiosconsiderados .................................................................................................... 71
Tabela 3.7 Esforos nominais suportados pelo apoios em cada caso de carga em daN ......... 74
Tabela 3.8 Distncias elctricas Del e Dpp .............................................................. 83
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Abreviaturas e Smbolos
Lista de abreviaturas
CAD Computer Aided Design
CENELEC Comit Europen de Normalisation lectrotechnique
DGEG Direco Geral de Energia e Geologia
RSLEAT Regulamento de Segurana de Linha Elctricas de Alta Tenso
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Captulo 1
Introduo
1.1.Descrio e Objectivo do ProjectoO presente documento consiste no relatrio de projecto que visa descrever o trabalho
desenvolvido em ambiente de estgio na EDP Distribuio Energia SA, no departamento de
infra-estruturas Norte em Vila Nova de Gaia. Foi-me, assim dada a oportunidade de realizar
um projecto de uma Linha Area de Alta Tenso tendo por base a nova norma europeiaEN50341-1 Overhead Electrical Lines exceeding 45 kV.
Nos projectos actuais, a norma no ainda aplicada neste departamento da EDP, sendo
que est numa fase de transio, com a adaptao e reprogramao de software usado nos
projectos de modo a ficar em conformidade com os novos aspectos normativos. Por este
motivo, foi um trabalho aliciante, na medida em que foi realizado algo de novo e til para
este departamento. Assim, numa fase inicial foi imprescindvel uma leitura e estudo da
norma de modo a captar principais diferenas, semelhanas e modificaes relativas ao
Regulamento de Segurana de Linhas Elctricas de Alta Tenso.
Com a realizao deste trabalho, pretendeu-se demonstrar as competncias adquiridas no
estudo de linhas areas de alta tenso e no seu respectivo projecto. Os conhecimentosadquiridos, assim como os aspectos normativos introduzidos pela norma foram aplicados na
realizao de um projecto real que diz respeito a uma linha dupla de transmisso de energia,
ligando a subestao de Vila Fria subestao da Portucel em Viana do Castelo.
1.2. Introduo da Norma Europeia EN50341-1A norma europeia na qual o projecto realizado se baseia foi preparada pelo subcomit
CTE-11 e aprovada pelo CENELEC como EN50341-1 Overhead electrical lines exceeding AC 45kV em 1 de Janeiro de 2001. Foi estipulada a obrigatoriedade de implementao a nvel
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Introduo 2
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nacional atravs da publicao de um documento nacional idntico at 1 de Maio de 2002 e a
retirada de documentos normativos nacionais em conflito com a norma at 1 de Janeiro de
2004.
A norma aplica-se a linhas elctricas de tenso superior a 45 kilovolts, especificando os
requisitos gerais no projecto e construo de novas linhas areas que assegurem o
desempenho da sua funo, garantindo a segurana de pessoas e respeitando as condies
ambientais.
Assim, consiste numa parte denominada General Requirements Common specifications,
sendo este o documento principal, onde se inclui as clusulas comuns a todos os pases cujos
comits electrotcnicos pertencem ao CENELEC e uma parte referida como NNAs (national
normative aspects), preparada pelos comits nacionais de cada pas e que reflecte a prtica
nacional e respectivos aspectos normativos especficos.
O documento alm de ser muito completo, abordando todos os aspectos relevantes nas
linhas areas, tem ainda um carcter bastante didctico, apresentando vrios anexos, seja de
carcter normativo ou informativo com metodologias de clculo e dimensionamento.
A leitura e estudo da norma, foi indispensvel para a realizao deste trabalho, tendo
sido mesmo o ponto de partida.
Uma vez que, que at ento o projecto de linhas areas realizado de acordo com o
RSLEAT(Regulamento de Segurana de Linha Elctricas de Alta Tenso), tentou-se estabelecer
uma certa comparao dos dois documentos. partida verificou-se que no existem situaes
de conflito marcante, mas sim pequenas alteraes ou mesmo mudana de mtodos de
dimensionamento, que, alterando os resultados finais, no representa uma revoluo total no
que diz respeito a resultados obtidos. As principais diferenas e semelhanas sero discutidas
na seco das concluses deste trabalho.
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Captulo 2
Linhas Areas de Alta Tenso BasesTericas e Aspectos Normativos
2.1. GeneralidadesDesigna-se por linha, um circuito simples constitudo por um certo nmero de condutores
adequado ao tipo de corrente a transmitir (corrente contnua ou corrente alternada). Quando
se fala em linha area de alta tenso trata-se de um circuito de corrente alternada polifsico,
estando a linha suportada por postes ao longo do seu trajecto. Como, a maior parte do
isolamento feito pelo ar, as linhas areas de alta tenso so de uma modo geral o mtodo
mais barato de transmisso de energia a larga escala. Os postes que sustentam os condutores
so geralmente metlicos ou de beto de acordo com os esforos que tm que suportar e os
condutores so em alumnio ou alumnio reforado com ao.
So diversos os factores que condicionam o projecto de linhas areas de alta tenso. Estes
podero ser de natureza elctrica, mecnica, ambiental e econmica. Em relao aos dois
ltimos, na generalidade dos casos difcil satisfazer plenamente nos dois domnios, noentanto, sempre objectivo atender aos dois factores justamente e encontrar uma soluo
que represente a melhor possvel neste problema multi-critrio.
Os factores elctricos so os que levam determinao do tipo de condutor, a seco
utilizada, tipo de isoladores e nmero de condutores por fase.
Os factores mecnicos tm a ver com as foras mecnicas resultantes da aco dos
agentes atmosfricos (temperatura, vento, gelo) nos elementos constituintes da linha e os
pesos prprios desses elementos.
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Linhas Areas de Alta Tenso Bases Tericas e Aspectos Normativos 4
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2.2.Elementos Constituintes das Linhas
2.2.1.CondutoresOs condutores a empregar nas linhas areas devero, regra geral, ser nus (sem
isolamento), pois a experincia tem demonstrado que para tenses iguais ou superiores a
kV60 , os condutores isolados nem sempre oferecem garantia quanto sua inalterabilidade
e acrescentando-se o facto de serem mais caros conclui-se que a sua utilizao no se
justifica, excepto em circunstncias em que seja efectivamente aconselhado, como em zonas
muito urbanizadas [Tvora].
Na execuo de linhas areas so, ento, usados condutores multifilares, homogneos ou
heterogneos dependendo se so constitudos por um s metal ou mais que um metal. Os
metais geralmente utilizados num cabo condutor so o cobre, as ligas de cobre, o alumnio e
as ligas de alumnio. Actualmente, os cabos empregues so na maioria das vezes em alumnio-ao designados por A.C.S.R (Aluminium Cable Steel Reinforced da literatura anglo-saxnica),
sendo, constitudos por uma alma de ao zincado, revestida por uma ou mais camadas de fios
de alumnio. Assim, a condutividade elctrica assegurada pelo revestimento de alumnio
enquanto a alma de ao contribui para uma maior resistncia mecnica do cabo.
comum, neste tipo de condutor que os fios de alumnio tenham o mesmo dimetros que
os de ao, exceptuando casos em que necessrio reforar a alma de ao para uma
resistncia mecnica superior [Zoppetti].
Quanto temperatura dos cabos, a clusula 5.2.2/PT.4 da EN50341-3-17 diz que a
temperatura mxima admissvel no curto circuito para os condutores de fase de 160C,
sendo para os clculos de aquecimento sofridos pelos condutores considerada umatemperatura inicial de 60C. No entanto, a norma recomenda que essa temperatura mxima
no ultrapasse os 125C, uma vez que acima deste valor os clculos de flechas so imprecisos
devido ocorrncia de foras de compresso nos fios de alumnio dos condutores.
De acordo com [Ferreira], da comparao entre o cabo de cobre e o de alumnio-ao com
as mesma resistncia, logo com as mesmas perdas:
O cabo de alumnio-ao apresenta um dimetro 40% superior o que permite
reduzir o efeito coroa, bastante til nas linhas de alta e muito alta tenso;
O cabo de alumnio-ao apresenta uma maior resistncia mecnica e mais leve
o que permite reduzir as flechas e aumentar os vos, consequentemente
reduzindo a altura dos apoios e o seu nmero assim como nmero de isoladores e
ferragens
A tabela 2.1 apresenta algumas caractersticas mecnicas e elctricas do alumnio-
Ao.
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Projecto de Linha Area de Alta Tenso conforme a norma EN50341-1 5
Tabela 2.1 Caractersticas mecnicas e elctricas do alumnio-ao
Cabo alumnio-ao
CaractersticasElctricas
Resistividade a20C 0,02896 [mm
2
/m]
Coeficiente detemperatura de
resistividade
400x10-5 -
CaractersticasMecnicas
Peso especfico a20C 3,47 [Kgf/dm
3]
Tenso deruptura
31 [Kgf/mm2]
Mdulo deelasticidade
7,8x103 [Kgf/mm2]
Coeficiente dedilatao linear
19x10-6 -
2.2.2.Seco dos CondutoresNo que diz respeito escolha da seco dos condutores a adoptar, so vrios os critrios a
considerar. , no entanto, de referir que em ltima anlise a escolha da seco est limitada
s seces normalizadas existentes. Assim, analisados os critrios e efectuados os clculos
que conduzem a um valor de seco transversal, deve ser escolhida a seco normalizada
imediatamente superior. A escolha do tipo de condutores e a seco a utilizar est a cargo doPlaneamento da Gesto da Rede.
Os critrios a considerar so os seguintes [Ferreira]:
Intensidade de corrente admissvel em regime permanente
Queda de tenso
Aquecimento
Caractersticas mecnicas dos condutores
Intensidade de curto-circuito admissvel
Efeito Coroa
Aparelhagem de proteco
Perdas de energia
Preo
2.2.2.1.Efeito CoroaSe os condutores de uma linha atingem um potencial suficientemente grande que passe a
correspondente rigidez dielctrica do ar produzem-se perdas de energia devido corrente
que se forma no meio, correspondendo a uma corrente de fuga, anloga da condutncia deisolamento [Checa]. Assim, as manifestaes do efeito coroa dependem do gradiente
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6
potencial nas imediaes dos condutores, aumentam com o nvel das tenses e diminuem com
o aumento da seco dos condutor. Isto faz com que, para linhas de tenses superiores a
200kV, a minimizao das manifestaes dos efeitos coroa seja um critrio de grande
relevncia. Nos condutores areos o efeito visvel na escurido da noite, sendo que os
condutores so envolvidos num arco luminoso azulado, de seco transversal circular em
forma de coroa e da o nome deste fenmeno.
H que distinguir tenso crtica disruptiva e tenso critica visvel sendo a primeira de
valor inferior segunda. A tenso crtica visvel a tenso a partir da qual os efeitos
luminosos se comeam a manifestar, embora as perdas ainda no sejam de valor relevante.
As perdas por efeito coroa comeam a produzir-se consideravelmente a partir do
momento em que a tenso crtica disruptiva menor do que a tenso da linha, momento em
que se d disrupo do dielctrico (ar) [Zoppetti].
A frmula geral da tenso crtica deve-se ao Engenheiro americano Peek e a seguinte:
(2.1)
Onde:
8,29 o valor em kilovolts por centmetro da rigidez dielctrica do ar a 25C e presso
baromtrica de 76 cm de mercrio. Encontra-se dividido por 2 para operar com valores
eficazes;
cm o coeficiente de rugosidade do condutor [ ]87,0;83,0cm para cabos;
tm coeficiente que mede o efeito da chuva e vale 1 com tempo seco e 0,8 com tempochuvoso;
r o raio do condutor em centmetros;
n o nmero de condutores de cada fase;
'r o raio fictcio em centmetros;
D a distncia entre condutores em cm;
o factor de correco da densidade do ar, em que h a
presso baromtrica em centmetros de mercrio e a temperatura do ar em C.
O clculo da tenso crtica disruptiva considera-se necessrio geralmente apenas para
tenses de servio superiores a 100 kV, uma vez que para tenses inferiores, a tenso crtica
disruptiva ultrapassa sempre a de servio [Tvora].
2.2.3.Cabo de GuardaA funo principal dos cabos de guarda nas linhas areas de transmisso, a de
interceptar as descargas atmosfricas e evitar que atinjam os condutores, reduzindo assim as
possibilidades de ocorrerem interrupes no fornecimento de energia [Almeida]. Alm disso,
contribuem na reduo da induo (da ordem dos 15% a 25%) em circuitos de
telecomunicaes estabelecidos nas vizinhanas da linha, fazem a interligao dos circuitos
[ ]kVr
DnrmmU tccr
='
log32
8,29
+
=
273
926,3 h
-
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Projecto de Linha Area de Alta Tenso conforme a norma EN50341-1 7
de ligao terra dos apoios e podem ainda incluir circuitos de comunicao (voz, dados)
com fibras pticas. Os cabos de guarda so executados com cabos de ao zincado ou
inoxidvel, ou de qualquer dos materiais admitidos para os condutores. A sua seco
estabelecida por forma a que a sua temperatura no ultrapasse 170C quando atravessada,
durante 0,5 s por uma corrente igual a 75% da corrente de defeito fase-terra. Segundo aclusula 5.2.2/PT.3 da EN50341-3-17 a temperatura final mxima admissvel no curto-circuito
para cabos de guarda em alumnio-ao de 200C e para cabos em ao de 400C, sendo que
nos clculos de aquecimento sofrido pelos cabos ser considerada uma temperatura inicial de
30C.
Os cabos de guarda so, geralmente, estabelecidos na parte mais alta dos apoios e
ligados terra atravs desses apoios, de acordo com as seguintes recomendaes:
Havendo um s cabo de guarda, estabelecido por forma a que os pontos defixao de todos os condutores fiquem dentro de um ngulo de 20 com vrtice no
ponto de fixao do cabo de guarda e a bissectriz vertical com mostra a figura 2.1
(clusula 5.3.3.5/PT1 da EN50341-3-17);
Havendo dois cabos de guarda, so estabelecidos por forma a que cada um dos
condutores fique relativamente a algum dos cabos de guarda, nas condies do
ponto anterior.
Figura 2.1 Geometria do cabo de guarda (ngulo de proteco externa), adaptado de [Tvora]
A geometria adoptada dos cabos de guarda deve assegurar que os contornamentos
resultantes de descargas atmosfricas directas sobre os condutores de fase reduzida a um
por 100 km de linha e por ano.
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8
2.2.4.IsoladoresOs isoladores tm como funo evitar a passagem de corrente dos condutores para o
apoio, e sustentar mecanicamente os cabos [Leite]. Em linhas areas de alta tenso, so
geralmente usados isoladores na forma de cadeia, quer em cadeias de suspenso geralmente
usadas em apoios de alinhamento, quer em cadeias de amarrao no caso de apoios dengulo, reforo, fim de linha e derivao. As cadeias de isoladores so concebidas de modo a
serem fixadas articuladamente s armaes dos apoios. As cadeias so constitudas por vrios
isoladores de campnula de porcelana, vidro, ou resina artificial, por componentes metlicos
e pelo material ligante que as justape. Alm disso, podero ser ainda providas de anis de
guarda (tambm designados anis de Nicholson), isto , anis metlicos colocados num ou
noutro extremo da cadeia, ou em ambos, para assegurar uma proteco contra os arcos de
descarga elctrica e uma melhor repartio de potncia pelos elementos da cadeia. A
utilizao de hastes de descarga dispostas do mesmo modo permite atingir o mesmo
objectivo. As figuras 2.2 e 2.3 representam cadeias de isoladores em suspenso e amarrao
respectivamente.
Figura 2.2 Cadeia de isoladores em suspenso
Figura 2.3 Cadeia de isoladores em amarrao
Independentemente da sua constituio ou configurao, os isoladores devem estar
suficientemente dimensionados para resistir aos esforos mecnicos actuantes,
nomeadamente a aco do vento sobre os prprios isoladores e os esforos transmitidos pelos
condutores (peso prprio, resultante da aco do vento e tenso mecnica de traco).
Como requisito mecnico, a clusula 10.7/PT.1 da EN50341-3-17 impe que cadeias de
isoladores devem ter uma carga mnima de ruptura mecnica ou electromecnica pelo menos
igual traco de ruptura dos condutores.
O nvel de isolamento adoptado definido pela tenso suportada por um isolador sobchuva, durante um minuto e frequncia de 50 Hz. A tenso de contornamento sob chuva dos
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isoladores, dever ser superior pelo menos em 10% respectiva tenso de ensaio e deve ser
pelo menos 4 vezes maior que a tenso simples da linha area, pois as mximas sobretenses
de manobra numa rede no ultrapassaro cerca de 3 a 3,5 vezes a respectiva tenso simples
[Tvora].
Em redes trifsicas a tenso de contornamento sob chuva Uch no dever ser inferior a:
em que mU a tenso mais elevada.
Define-se grau de isolamento pela relao entre o comprimento da linha de fuga de uma
cadeia de isoladores e a tenso da linha [Checa]. O comprimento da linha de fuga de um
isolador mede-se sobre a sua superfcie, e geralmente encontra-se indicado na tabela das suas
caractersticas electromecnicas.
Na tabela 2.2 indicam-se os valores mnimos da linha de fuga para cadeias de isoladores
consoante o nvel de poluio das regies atravessadas por linhas.
Tabela 2.2 Linha de fuga especfica mnima em funo do nvel de poluio da regio atravessada pelalinha
Classe Nvel depoluio
Linha de fuga
especfica mnima
[cm/kV]
1 Fraca 1,6
2 Mdia 2,0
3 Forte 2,5
4 Muito Forte 3,1
Quando os isoladores falham na sua funo de no permitir a passagem de corrente doscondutores aos apoios, geralmente devido aos seguintes fenmenos [Tvora]:
Condutividade atravs da massa dos isoladores com os materiais actualmente
utilizados no fabrico de isoladores, insignificante a corrente elctrica devida a
este fenmeno;
Condutividade superficial est associada acumulao de humidade, poeiras e
depsitos salinos (se perto do mar) superfcie dos isoladores. possvel atenuar
este fenmeno, conferindo aos isoladores formas e dimenses adequadas de modo
a aumentar os comprimentos das linhas de fuga;
Perfurao da massa do isolador resulta da presena de impurezas no seio damassa do isolador;
[ ]kVUU mm =
45,2
3
23
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Descarga disruptiva resulta dos estabelecimento de um arco elctrico entre o
condutor e o apoio, atravs do ar que os separa, cuja rigidez dielctrica, em
determinadas situaes no suficiente para evit-lo. O afastamento conveniente
dos condutores e apoios um modo de evitar este fenmeno.
2.2.5.ApoiosOs apoios desempenham dupla funo nas linhas areas de transmisso [Almeida]:
Proporcionam os pontos de fixao dos cabos condutores, garantindo as distncias
de segurana entre condutores, entre os condutores e o prprio apoio e entre os
condutores e o solo e obstculos diversos no trajecto da linha;
Amarram as linhas ao terreno atravs das suas fundaes, transmitindo ao
terreno as foras resultantes de todas as solicitaes a que so submetidos os
elementos dos apoios.
Nas linhas areas de alta tenso so utilizados apoios metlicos e/ou apoios de beto.
Os apoios metlicos apresentam a vantagem de poderem ser transportados divididos em
partes, sendo montados e aparafusados no local, o que facilita a sua colocao
principalmente em locais de difcil acesso. No entanto, so apoios com uma base de grande
dimenso, tanto maior quanto maior a altura do apoio e tm um preo elevado relativamente
aos de beto. Estes ltimos, ocupam menos espao no solo, facilitando a sua aceitao pelos
proprietrios dos terrenos onde so implantados e alm disso so mais baratos. A sua
desvantagem prende-se com a maior dificuldade no seu transporte (j montados) e tornando
muito difcil ou mesmo impossvel a sua implantao em locais de difcil acesso.
Os apoios, no que diz respeito sua funo, podem ser de:
Alinhamento;
ngulo;
Reforo em alinhamento;
Reforo em ngulo;
Derivao em alinhamento;
Derivao em ngulo;
Reforo em derivao em alinhamento;
Reforo em derivao em ngulo;
Fim de linha.
2.2.6.FundaesComo j referido, atravs das fundaes que so transmitidos ao solo os esforos
resultantes de todas as solicitaes exteriores que lhe esto aplicadas. Assim, o macio de
fundao deve ser dimensionado de modo a que, sob o efeito das solicitaes mximas a que
possa vir a ser submetido, no ocorram aumentos perigosos da flecha dos condutores e muitomenos o derrubamento do apoio. Os critrios para o dimensionamento do macio de fundao
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so:
Natureza dos terrenos;
Responsabilidade da linha; Funo do apoio;
Esforos envolvidos;
Altura do apoio.
O mtodo, geralmente adoptado, para o clculo de fundaes, foi desenvolvido a partir
dos resultados de ensaios, e baseia-se nas seguintes hipteses [Leite]:
O terreno onde est encastrado o macio de fundao comporta-se elasticamente
quando h pequenos deslocamentos do macio e a reaco do terreno proporcional ao produto dos deslocamentos do macio pelos mdulos de
elasticidade correspondentes. Estes so dados pelo coeficiente de
compressibilidade do terreno, que traduz o esforo necessrio, em daN, para
enterrar de 1cm , uma placa com 1 cm2 de rea de superfcie, esforo este
exprimido em daN/cm3 ;
Para terrenos de natureza e composio uniforme, o coeficiente de
compressibilidade nulo superfcie do solo, aumentando de forma
aproximadamente proporcional com a profundidade. A resistncia compresso
do solo sob o macio pelo menos igual das paredes verticais mesma
profundidade.
Na tabela 2.3 so indicados valores habituais do coeficiente de compressibilidade a 2 m
de profundidade para terrenos de diferente natureza e composio.
Tabela 2.3 Coeficiente de compressibilidade a 2 m de profundidade consoante o tipo de terreno[Leite]
Tipo de Terreno Coeficiente de compressibilidade a 2 mde profundidade (daN. Cm-3)
Lodo, turfa e terreno pantanoso em geral 0
Areia fina e mdia, at 1mm de tamanho degro
6 a 8
Areia grossa at 3 mm de tamanho de gro eareia com pelo menos 1/3 do volume de calhau
rolado com 70 mm de dimetro8 a 10
Terreno Coerente (barro, argila) muito mole 0
Terreno Coerente (barro, argila) molefacilmente amassvel
2 a 4
Terreno Coerente (barro, argila) consistentedificilmente amassvel
5 a 7
Terreno Coerente (barro, argila) mdio 8
Terreno Coerente (barro, argila) rijo 9
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O clculo dever conduzir satisfao das seguintes condies constantes da [EN50341-
1]:
A fundaes de blocos separados, onde as cargas predominantes so verticais de
compresso ou arrancamento, devem ser dimensionadas para resistir pelo menos
a 1,5 vezes as cargas no acidentais de projecto resultantes dos apoios e 1,25
vezes as cargas acidentais resultantes dos apoios;
As fundaes e bloco nico onde a carga predominante o momento derrubante,
devem ser projectadas por forma a que a inclinao mxima do eixo longitudinal
seja de 1%
O clculo do dimensionamento das fundaes no ser aqui objecto de maior
pormenorizao, uma vez que no geralmente realizado pelo projectista, sendo que as
dimenses das fundaes vm j especificadas para o respectivo apoio a que se destinam no
catlogo do fabricante.
2.2.7.Rede de TerrasA instalao e teste da rede de terras, so realizados de tal modo a que realize a sua
funo em qualquer condio e mantenha as tenses de passo e de toque dentro de nveis
aceitveis.
A rede de terras deve, ento, garantir os seguintes requisitos segundo a [EN50341-1]:
Resistncia mecnica e corroso; Suportar termicamente a maior corrente de defeito possvel;
Evitar danos nos equipamentos;
Garantir segurana de pessoas;
Assegurar um determinado nvel de fiabilidade da linha.
Os apoios devem ser individualmente ligados terra por intermdio de um elctrodo de
terra. Tratando-se de apoios de beto armado, os suportes metlicos dos isoladores devem
ser ligados terra do prprio apoio. Devem ainda ser ligados terra dos apoios as estruturas
metlicas dos aparelhos de corte ou de manobra. Na base do apoio, dever ainda existir,
ligada terra do apoio, uma malha ou plataforma equipotencial colocada por debaixo dopunho de comando da aparelhagem de corte ou de manobra [EDP]. Segundo a clusula 6.2.2.2
da EN50341-3-17, a seco mnima dos condutores de terra e de ligao em cobre ser de 16
mm2 em instalao area ou de 35 mm2 em instalao enterrada. No caso de condutores de
terra e de ligao feitos de outros materiais, deve ser assegurada uma seco electricamente
equivalente. Nos apoios de beto armado, a armadura longitudinal pode fazer parte do
circuito de terra, se a seco for electricamente adequada.
Quanto s tenses de toque, define-se a primeira como a diferena de potencial entre as
mos e os ps de uma pessoa em contacto com um objecto ou estrutura energizada. A tenso
de passo, a tenso entre os ps de uma pessoa perto de um objecto ou estrutura energizadae ligada terra.
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A clusula 6.2.4.1 da EN50341-3-17 estabelece os limites para as tenses de toque de
acordo com a localizao da seguinte forma:
Zonas pblicas
Zonas frequentadas Zonas pouco frequentadas
Zonas no frequentadas
As zonas referidas encontram-se devidamente caracterizadas na clusula 6.2.4.3 da
EN50341-3-17.
Sendo assim, as tenses de toque admissveis em funo da durao do defeito so, para
zonas pblicas e zonas frequentadas, as apresentadas na tabela 2.4.
Tabela 2.4 Tenses de toque admissveis
Durao do defeito [s]Tenses de toque admissveis [V]
Zona pblica Zona frequentada
0,10 422 571
0,20 298 404
0,30 244 330
0,50 189 255
0,70 159 216
1.00 133 181
2.00 94 128
No esto definidos limites para as zonas pouco frequentadas e no frequentadas com as
seguintes condies:
Para zonas pouco frequentadas, o tempo de eliminao do defeito deve ser
sempre no superior a 0,5 segundos, caso contrrio, devem ser tratadas como
zonas frequentadas;
Para zonas no frequentadas, o tempo de eliminao do defeito deve ser no
superior a 3 segundos, caso contrrio devem ser tratadas como zonas poucofrequentadas.
Quanto a tenses de passo, a norma no define valores admissveis.
Posto isto, a figura 2.4 mostra um diagrama representativo da abordagem para o
dimensionamento e estabelecimento da rede de terras com vista a garantir que as tenses de
toque UT no ultrapassem o limite admissvel UTP.
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Linhas Areas de Alta Tenso Bases Tericas e Aspectos Normativos 14
14
Figura 2.4 Abordagem ao projecto da rede de terras, tendo em conta as tenses de toque.
Relativamente figura 2.4, importa referir que:
Por eliminao imediata de defeito, entende-se que a eliminao est
assegurada em pelo menos 0,5 segundos.
Nos clculos ou medidas de campo, o sujeito de uma tenso de toque ser
considerado como situado a 1 metro de distncia da estrutura do apoio , na
direco mais desfavorvel, tendo em conta caractersticas geomtricas do
elctrodo de terra como do solo.
Nos casos em que a tenso de toque maior que a admissvel, so permitidas
medidas para a sua reduo atravs do nivelamento do potencial, como o uso de
anis condutores volta do apoio e uso de uma camada superficial de solo
isolante tal como gravilha ou asfalto.
2.3.Fiabilidade de Linhas AreasNo que respeita fiabilidade das linhas areas, incluindo todos os seus elementos
constituintes, atravs de uma abordagem estatstica so considerados trs nveis de acordo
com o perodo de retorno das aces climatricas como mostra a tabela 2.5.
Tabela 2.5 Nveis de fiabilidade
Nvel de fiabilidade Perodo de retorno (anos)
1 50
2 1503 500
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No entanto, o nvel de fiabilidade pode ser definido pelos comits nacionais de cada pas
de acordo com a experincia nacional, sendo o nvel aplicado, geralmente, no inferior ao
nvel 1. No caso portugus o nvel definido , em geral, o nvel de fiabilidade 3, contudo
permitido definir nveis inferiores para o caso de linhas temporrias1.
2.4.Clculo Elctrico
2.4.1.ObjectivoO clculo elctrico tem como objectivo a determinao da tenso nominal da linha e da
seco transversal dos condutores que a constituem de a forma a assegurar que no sejam
excedidas as limitaes tcnicas impostas pelos condutores, nomeadamente as intensidades
de corrente mximas admissveis, quedas de tenso, perdas de energia e tambm aresistncia mecnica [Leite].
2.4.2.Tenso NominalO Artigo n 83 do Decreto Lei 43335, de 19 de Novembro de 1960 diz:
Os valores nominais das tenses a adoptar no transporte ou na grande distribuio sero
de 6000 V, 15 000 V, 30 000 V, 60 000 V, 100 000 V, 150 000 V e 220 000 V, devendo o
material ser dimensionado para as tenses eficazes mximas definidas pela Comisso
Electrotcnica Internacional.A escolha da tenso de transporte deve, ento, recair sobre uma das tenses
normalizadas e geralmente aquela que minimize os custos. O aspecto econmico de grande
importncia no projecto de linhas areas. Quanto maior for a tenso nominal, associada a
uma dada potncia a transmitir, menor ser a seco dos condutores a aplicar, mantendo-se o
valor das perdas. Ora a diminuio da seco dos condutores contribui para a reduo dos
custos da linha, no s pelo facto de condutores de menor seco serem mais baratos, mas
tambm porque desta maneira se diminui o peso da linha e consequentemente os esforos
sobre os apoios, permitindo usar apoios mais baratos. No entanto, com o aumento da tenso,
aumenta significativamente o custo dos isoladores a aplicar na linha. A tenso de transporte
mais econmica , assim, definida por uma condio de equilbrio e como j referido aescolha deve recair sobre a tenso normalizada mais prxima do valor calculado, seja esta
inferior ou superior.
No caso em que uma linha se destina a ampliar uma rede existente, ou se admite que
futuramente venha a ligar-se a ela, a soluo mais corrente e mais econmica est em
adoptar a mesma tenso, sendo que as vantagens que eventualmente podem resultar da
utilizao de uma dada tenso diferente, so atenuadas pelos encargos de instalao e de
explorao de estaes transformadoras.
1 Uma linha temporria no deve ter tempo de vida superior a 3 anos
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2.4.3.Geometria dos Condutores da LinhaA figura 2.5 mostra a geometria dos condutores de uma linha dupla, isto , formada por
dois ternos ligados em paralelo.
Figura 2.5 Geometria dos condutores de uma linha dupla, adaptado de [Rodrigues]
A distncia equivalente entre condutores D dada por:
3321 DDDD = (2.2)
Com:
11
31312121
1
=D
DDDDD
22
32321212
2
=D
DDDDD
33
23231313
3
=D
DDDDD
2.4.4.Constantes FsicasAs linhas de transmisso de energia so caracterizadas pelos seus parmetros lineares,
isto , constantes fsicas elctricas por quilmetro de comprimento de linha. Os seus valores
dependem das caractersticas fsicas da linha como a seco dos condutores, disposio
geomtrica dos mesmos, existncia ou no de condutores mltiplos, tipo de isolamento.
2.4.4.1.ResistnciaA resistncia elctrica de um condutor dada por:
-
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S
lR
=
[ ] (2.3)
onde:
resistividade do condutor a uma temperatura em km/ ;l o comprimento do condutor em km ;S a seco do condutor em 2mm .
Assim, a resistncia quilomtrica :
Sl
RRk
== [ ]km/ (2.4)
A resistividade de um condutor temperatura dado pela expresso:
[ ] [ ]kmmm /)20(1 220 += (2.5)
Onde:
resistividade do condutor a uma temperatura em kmmm /2 ;
20 a resistividade do condutor a C20 em kmmm /2 ;
o coeficiente de temperatura da resistividade.
A resistividade a 20C do condutor, assim como o coeficiente de temperatura deresistividade so dados conhecidos, caractersticos de cada tipo de condutor.
O valor da resistncia elctrica pode ainda sofrer uma correco devido a duas outras
influncias. [Tvora] expe-nas da seguinte forma:
Efeito pelicular ou de Kelvin
Salvo indicao em contrrio, a resistncia elctrica atribuda a um condutor refere-se a
corrente contnua. Porm, quando o condutor atravessado por uma corrente alternada, oefeito pelicular (ou efeito Kelvin) faz aumentar essa resistncia, embora para dimetros de
condutores usuais, este efeito seja pouco significativo.
Existem vrias frmulas empricas que do a relao entre os valores de resistncia em
corrente alternada aR e em corrente contnua cR . Uma delas diz que, num condutor unifilar
a resistncia linear em corrente alternada dada por:
sendo (2.6)( )xfR
R
c
a =
r
fdx
=
2
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onde:
d o dimetro do condutor em cm;
a resistividade elctrica do condutor em 52 10/ mmm ;f a frequncia da corrente alternada, em Hz;
r a permeabilidade magntica relativa do condutor (igual a 1 para cobre, alumnio e
respectivas ligas).
Segundo Lord Rayleigh:
416
28
180
10
12
101
+=
ccc
a
RRR
R (2.7)
onde:
permeabilidade magntica do condutor;
pulsao da corrente alternada )2( f= [ ]1srad .
E finalmente segundo Still:
2
1)(11
22 ++=
fDa
R
R
c
a (2.8)
onde:a a constante igual a 0,0105 para o cobre e 0,0063 para o alumnio;
D o dimetro do condutor em polegadas (1 polegada = 25,4 mm);
f a frequncia da corrente alternada.
Os condutores de alumnio-ao funcionam como se fossem tubulares, dado que a alma de
ao no participa na conduo de corrente. Neste tipo de condutores, para as dimenses
usuais (seco de alumnio no superior a 600 mm2) e frequncia de 50 Hz, o aumento da
resistncia devido ao efeito pelicular geralmente inferior a 6%.
Perdas magnticas na alma de ao
Nos condutores de alumnio-ao, cada fio de alumnio comporta-se com um solenide de
grande passo que produz na alma de ao uma magnetizao alternada. Como as diferentes
camadas de fios de alumnio so alternadamente enroladas num sentido e no outro, se o
condutor tiver duas camadas, o efeito dessa magnetizao quase nulo. Se tiver trs
camadas, o efeito sensvel, mas ainda pequeno, no excedendo 2 a 3% o aumento da
resistncia aparente.
-
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2.4.4.2.Coeficiente de Auto-induo
O coeficiente de auto-induo para um condutor de uma linha dado pela seguinte
expresso:
[ ]kmHr
D
nL /10
'log6,4
2
4
+=
(2.9)
onde:
a permeabilidade do condutor (toma o valor 1 para condutores de cobre, alumnio, ligas
de alumnio e cabos de alumnio-ao ou toma o valor 200 para condutores de ao galvanizado;
n o nmero de condutores por fase;
D distncia equivalente entre condutores;
'r o raio fictcio definido por n nnrRr 1' =
sendo:
r o raio do condutor;
R o raio da circunferncia que passa pelos condutores que formam a fase.
Assim, no caso de uma fase simples vem: 1=n e rr =' logo o coeficiente de auto-induo dado por:
[ ]kmHr
DL /10log6,45,0 4
+= (2.10)
2.4.4.3.Capacidade
A capacidade linear de servio de um condutor de linha, por definio, a relao entre
a carga capacitiva electrosttica desse condutor, sobre um comprimento unitrio e a
diferena de potencial existente, em cada instante, entre o condutor e o seu invlucro (terra
para linhas areas), quando os condutores respectivos so sujeitos a um sistema polifsico
simtrico de diferenas de potencial em relao a esse invlucro [Tvora].
Em linhas trifsicas, a capacidade por fase dada por:
(2.11)910
'
log
2,24
=
r
DC [ ]kmF/
-
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Linhas Areas de Alta Tenso Bases Tericas e Aspectos Normativos 20
20
onde :
'r o raio fictcio em mm ;
D a distncia equivalente entre condutores em mm .
2.4.4.4.Condutncia
Se o isolamento das linhas fosse perfeito, no haveria nenhuma corrente entre os
condutores e os apoios, nem superficialmente nem atravs do isolamento. Neste caso a
condutncia seria nula. Mas na realidade, existe uma corrente, ainda que muito pequena
porque a resistncia do isolamento no infinita [Checa]. A existncia de uma corrente de
perditncia pode resultar da presena transitria de depsitos condutores superfcie dos
isoladores ou do fenmeno de efeito de coroa. Assim, o valor da condutncia varia com as
condies atmosfricas, tipo de isolamento, nmero de isoladores na cadeia, apoios por
quilmetro de linha e estado da superfcie do condutor. Numa linha bem isolada e com temposeco a condutncia praticamente nula.
O seu clculo dado por:
[ ]kmSUs
pG /10
3
2
= (2.12)
onde:
p a energia perdida em kmkW / ;
Us a tenso eficaz simples em kV .
2.4.5.Constantes Elctricas
2.4.5.1.ReactnciaA reactncia dada pelo produto da frequncia angular (rad/s) da corrente alternada
pelo coeficiente de auto-induo sendo este ltimo igual relao entre o fluxo magntico e
a intensidade de corrente elctrica que o produz. Ora num qualquer sistema trifsico, o fluxomagntico que ter que ser considerado no ser o produzido por um condutor, mas sim
produzido pelos vrios condutores quando percorridos por determinados valores de corrente
[Rodrigues]. Considerando como forma de simplificao de clculos, que as linhas so
percorridas por correntes trifsica equilibradas e de sequncia directa, alimentadas por um
sistema de tenses trifsicas equilibradas e de sequncia directa, poder-se- ento
determinar o valor da reactncia indutiva dada pela seguinte expresso:
LX = [ ]km/ (2.13)
-
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Projecto de Linha Area de Alta Tenso conforme a norma EN50341-1 21
Isto :
410'
log6,42
2
+=r
D
nfX
[ ]km/ (2.14)
onde:
f a frequncia da corrente alternada em Hz;
a permeabilidade do condutor (toma o valor 1 para condutores de cobre, alumnio, ligas
de alumnio e cabos de alumnio-ao ou toma o valor 200 para condutores de ao galvanizado;
n o nmero de condutores por fase;
D distncia equivalente entre condutores;
'r o raio fictcio definido por n nnrRr 1' =
sendo:
r o raio do condutor;
R o raio da circunferncia que passa pelos condutores que formam a fase.
2.4.5.2.SusceptnciaA susceptncia dada por:
CwB = [ ]kmS/ (2.15)
onde:
w a frequncia angular da corrente alternada em srad/ ;C a capacidade da linha em kmF/ .
2.4.5.3.ImpednciaA impedncia dada por:
jXRZ += [ ]km/ (2.16)onde:
R a resistncia em km/ ;X a reactncia em km/ .
2.4.5.4.AdmitnciaA admitncia dada por:
jBGY += [ ]kmS/ (2.17)onde:
G a Condutncia em kmS/ ;B a Susceptncia em kmS/ .
-
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Linhas Areas de Alta Tenso Bases Tericas e Aspectos Normativos 22
22
2.4.6.Transmisso de Energia em Regime Permanente
2.4.6.1.Impedncia CaractersticaA impedncia caracterstica a relao entre a tenso e a intensidade em todos os
pontos de uma linha de comprimento infinito, relao que tem valor constante ao longo da
transmisso [Checa]. A impedncia caracterstica independente do comprimento da linha e
calculada pela expresso:
Y
ZZc = [ ] (2.18)
onde:
Z a impedncia em km/ ;Y a admitncia em km/ .
Em linhas areas, o mdulo da impedncia caracterstica pode variar entre 300 e 450 , e
o respectivo argumento, designado desfasagem caracterstica, sempre negativo, situando-
se, geralmente, entre -4 e -11 [Tvora].
2.4.6.2.ngulo CaractersticoUma linha fechada sobre a sua impedncia caracterstica cZ , a tenso e a intensidade
decrescem desde a origem da linha at ao final, seguindo uma lei exponencial ligada
quantidade complexa que se designa por ngulo caracterstico ou constante de propagao
da linha [Checa].
Este dado por:
YZ = (2.19)
onde:
Z a impedncia em kmS/ ;
Y a admitncia em kmS/ .
2.4.6.3.Frmulas Gerais
Nem todas as linhas de transmisso de energia exigem mtodos precisos de clculo, da a
classificao habitual das linhas em curtas, mdias e longas [Tvora].
Considera-se uma linha curta, a linha de comprimento inferior a 100 km e de tensoinferior a 100 kV, correspondendo-lhe um ngulo caracterstico ( ) cujo mdulo,
-
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Projecto de Linha Area de Alta Tenso conforme a norma EN50341-1 23
frequncia de 50 Hz, inferior a 0,1. O seu clculo efectuado atravs de solues
aproximadas, resultantes de desprezar o efeito da capacidade, o que conduz a considerar
como concentradas as restantes caractersticas.
Considera-se uma linha longa, a linha de comprimento superior a 100 km e de tenso igual
ao superior a 100 kV, correspondendo-lhe um ngulo caracterstico cujo mdulo, geralmente, igual ao superior a 0,5. Em tais linhas justifica-se o recurso a solues precisas,
considerando o caso real de constantes distribudas.
Considera-se uma linha mdia, toda a linha que se situe prximo da fronteira que separa
as duas categorias anterior (uma vez que existem linhas com mais de 100 km e menos de 100
kV, ou linhas com menos de 100 km e mais de 100 kV), correspondendo-lhe um ngulo
caracterstico cujo mdulo est, geralmente, compreendido entre 0,1 e 0,5. O seu clculo
efectuado atravs de solues aproximadas, mas sem desprezar a capacidade.
Admitindo que uma linha constitui um componente equilibrado e simtrico, as suas
constantes fsicas e elctricas tero valores idnticos nas trs fases. A partir destas
constantes foram ento definidos os valores por fase da impedncia linear complexa Z , e da
admitncia linear complexa Y , como mostram as expresses 2.16 e 2.17 respectivamente.
Designando por V e 0V as tenses simples na origem e na recepo (fim da linha) e por
Ie 0I as intensidade de corrente correspondentes possvel obter as seguintes relaes
seguindo o mtodo das quantidades imaginrias de Steinmetz [Zoppetti]:
( ) ( )YZsenhI
Y
ZYZVV += 00 cosh (2.20)
( ) ( )YZsenhVY
ZYZII += 00 cosh (2.21)
De onde se relembra que:
=YZ , isto o ngulo caracterstico ou constante de propagao;
cZY
Z= , isto a impedncia caracterstica.
2.4.6.4.Frmulas Aproximadas
As funes YZcosh e YZsenh podem ser desenvolvidas em srie de Mac-Laurin obtendo-se [Zoppetti]:
( ) ( ) ( )!2
...
!4!2
1cosh
2
n
YZYZYZYZ
n
++
+
+= (2.22)
-
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( ) ( ) ( )( )
+
++
+
+=
!12...
!5!31
2
n
YZYZYZYZYZsenh
n
(2.23)
Substituindo nas equaes gerais 2.20 e 2.21 tem-se:
( ) ( ) ( ) ( )( )
+
++
+
++
++
+
+=
!12...
!5!31
!2...
!4!21
2
0
2
0
n
YZYZYZIZ
n
YZYZYZVV
nn
(2.24)
( ) ( ) ( ) ( )( )
+
++
+
++
++
+
+=
!12...
!5!31
!2...
!4!21
2
0
2
0
n
YZYZYZVY
n
YZYZYZII
nn
(2.25)
Para linhas curtas (comprimento inferior a 100 km) podem desprezar-se os termos em
YZ e assim:
( ) 0000 IjXRVIZVV ++=+= (2.26)
( ) 0000 ) VjBGIVYII ++=+= (2.27)
2.4.6.5.Intensidade e Densidade de CorrenteA intensidade de corrente de uma linha area de alta tenso pode ser determinada pela
expresso seguinte:
[ ]AUn
PI
)cos(3 = (2.28)
onde:
P a potncia transmitida pela linha em vA ;
Un a tenso nominal da linha em V ;)cos( o factor de potncia que habitualmente 0,9.
A densidade de corrente na linha, por fase, obtida pela expresso seguinte:
[ ]2/ mmAS
Id = (2.29)
onde:
I a corrente nominal da linha em A ;
S a seco do condutor em 2mm .
-
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Projecto de Linha Area de Alta Tenso conforme a norma EN50341-1 25
2.4.6.6.Perdas de Energia
As perdas de energia por efeito de joule numa linha so dadas pela seguinte expresso:
[ ]WIRnp 2= (2.30)
Onde:
n o nmero de condutores da linha;
R a resistncia elctrica da linha em ;I a corrente nominal da linha em A .
2.4.6.7.Queda de TensoA queda de tenso entre fases numa linha area de alta tenso dada por:
( ) [ ]VsenXRIV )()cos(3 += (2.31)
Onde:
R a resistncia elctrica da linha em ;I a corrente nominal da linha em A ;
)cos( o factor de potncia.
A queda de tenso no dever ser superior a 5 % da tenso nominal da linha.
2.4.7.Campo ElectromagnticoO projecto de linhas deve ter em conta a necessidade de limitar os campos elctrico e
magntico produzidos por condutores energizados. Estes campos, podem induzir correntes e
tenses em objectos ou estruturas perto da linha com capacidade conduo. Torna-se
relevante esta induo em casos de por exemplo estruturas metlicas compridas, instalaes
de comunicao, vedaes, telhados com materiais condutores, etc. Alm disso, os circuitos
de telecomunicao podem sofrer interferncias elctricas por parte de linhas de transporte.
Mais ainda, ter que se ter considerao a possibilidade de induo de tenses que podemrepresentar perigo para as pessoas. A EN50341-1 no estabelece valores limites para os
campos elctrico e magntico deixando, no entanto, referido que tal deve ser especificado
pelos aspectos normativos nacionais de cada pas. No caso portugus, so considerados os
valores limites recomendados pelo ICNIRP (Internacional Commission on Non Ionizing
Radiation Protection) para os campos a 50Hz (clusula 5.6.1/PT.1 da EN50341-3-17):
5 kV/m para o campo elctrico;
0,1 mT para o campo magntico.
Estes valores so igualmente adoptados e recomendados pela Unio Europeia. O critrio
base limitar as densidades de corrente induzida na cabea e tronco durante a exposiocontnua a campos elctrico e magntico a um limite absoluto de 10 mA/m2 .
-
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Linhas Areas de Alta Tenso Bases Tericas e Aspectos Normativos 26
26
2.5.Clculo Mecnico
2.5.1.ObjectivoOs objectivos fundamentais do clculo mecnico so os seguintes [Leite]:
Determinar as tenses mecnicas de montagem dos condutores, qual estes devem
ser submetidos no acto de montagem da linha, conforme as condies climatricas
que ser verificarem nesse momento;
Dimensionar os apoios, de modo a suportar os esforos transmitidos pelos condutores
sujeitos aces dos agentes atmosfricos e garantir que os condutores nunca se
aproximam do solo ou objectos vizinhos da linha mais do que permitido pelos
regulamentos;
2.5.2.Tenses Mecnicas MximasA definio dos valores de traco mxima a aplicar nos vos da linha algo importante,
uma vez que vai condicionar todo o restante projecto. Para um melhor aproveitamento dos
condutores, o valor mximo a fixar aquele a que os cabos iro estar sujeitos quando se
verificarem as condies atmosfricas mais desfavorveis, incluindo a mxima presso
dinmica do vento [Fernandes]. De acordo com a clusula 9.2.4/PT.1 da EN50341-3-17 o
projecto da linha deve garantir que a traco mxima admissvel nos condutores no exceda
40% da traco de ruptura dos mesmos. Assim, o limite mximo de tenso que os condutores
aguentam sem risco de ruptura ser:
[ ]2/4,0 mmdaTt Rseg
= (2.32)
Onde:
RT a tenso de ruptura dos condutores em da
a seco do condutor em 2mm
Embora seja importante este clculo, a tenso a fixar como mxima tanto para os
condutores como cabo de guarda, ser geralmente inferior de segurana e a sua escolha
tem em conta as irregularidade no traado da linha, passagem ou no por zonas propcias
formao de manga de gelo, existncia ou no de ngulos pronunciados, etc. A experincia
adquirida em anteriores projectos, tem normalmente grande influncia na escolha da tenso
mxima.
-
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Projecto de Linha Area de Alta Tenso conforme a norma EN50341-1 27
2.5.3.Aces sobre as Linhas
De acordo com a sua variao no tempo as aces so classificadas da seguinte forma
[EN50341-1]:
Aces permanentes Aces horizontais devidas s componentes horizontais das
traces mximas a que os condutores esto sujeitos, e s aces verticais
devidas ao seu peso prprio
Aces variveis - Aces do vento e do gelo, assim como as variaes de
temperatura que ocorrem ao longo do dia e de estao para estao
2.5.3.1.Aco do Vento
A aco do vento sobre os condutores e restantes elementos constituintes da linha,
manifesta-se sobre a forma de presso resultante da resistncia que o vento encontra quando
bate na superfcie dos elementos da linha [Almeida]. Esta presso, proporcional
velocidade do vento, que para efeitos de dimensionamento se considera actuando na direco
horizontal normal superfcie onde incide, e transmite aos apoios uma aco transversal.
Com o objectivo de quantificar as aces do vento para linhas areas o territrio
Portugus considerado dividido em duas zonas segundo a clusula 4.2.2 da EN50341-3-17:
Zona A A totalidade do territrio, com a excepo das regies pertencentes
zona B;
Zona B As regies autnomas dos Aores e da madeira e as regies continentais
situadas no interior de uma faixa de 5 km de largura ao longo da costa ou em
altitudes acima dos 600 m.
2.5.3.2.Velocidade e Presso Dinmica do Vento
So definidas seguidamente as diferentes velocidades do vento, assim como a presso
dinmica do vento consideradas na EN30541-1:
Velocidade mdia do vento Vmdia - a velocidade mdia do vento em m/s ao longo de um
perodo de 10 minutos a uma altura de 10 metros acima do solo em terreno relativamente
aberto
Velocidade do vento de rajada Vg um valor mximo caracterstico da turbulncia
momentnea do vento baseado na velocidade mdia do vento ao longo de 2 segundos:
-
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Linhas Areas de Alta Tenso Bases Tericas e Aspectos Normativos 28
28
mdiagg VkV = (2.33)onde:
gk o factor de velocidade do vento de rajada que vale 1,5
Velocidade do vento de referncia VR a velocidade do vento a ter em conta a 10metros acima do solo no local em questo medido no local de medio mais prximo
Velocidade do vento a uma altura arbitrria h acima do solo V h Dada por pela seguinte
lei exponencial:
2,0
10
=h
VV Rh (2.34)
A tabela 2.6 mostra os valores das velocidades consideradas em Portugal consoante a zona
segundo a EN50341-3-17.
Tabela 2.6 Velocidades do vento em Zona A e Zona B ,
Zona A Zona B
Vmdia 20 m/s 22 m/s
Vg 30 m/s 33 m/s
VR 30 m/s 33 m/s
Presso dinmica do vento qh Dada pela seguinte expresso:
2
2
1hh Vq = (2.35)
Onde: a densidade do ar de valor 1,225 kg/m3 a 15C e presso atmosfrica de 1013 hPa;
hV a velocidade do vento a uma altura h acima do solo.
Assim sendo, a tabela 2.7 mostra apresenta alguns valores da presso dinmica do vento
em funo da altura acima do solo e Zona de vento.
-
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Projecto de Linha Area de Alta Tenso conforme a norma EN50341-1 29
Tabela 2.7 Presso dinmica do vento em funo da altura e da zona de vento, [EN50341-3-17]
qh (Pa)
h(m) Zona A Zona B
0 727 88010 727 880
20 727 880
30 855 1035
40 960 1161
50 1049 1270
60 1129 1366
70 1201 1453
80 1266 1532
90 1328 1606
2.5.3.3.Foras do Vento sobre os Elementos da Linha
O valor da fora exercida pelo vento wQ que incide perpendicularmente em qualquer
elemento da linha dado por:
[ ]mdaAqCGGQ hxqxw /= (2.36)
Onde:
hq a presso dinmica do vento em2/ mda ;
qG o factor de rajada e tem valor 1;
xG o factor de ressonncia estrutural do elemento da linha considerado;
xC o coeficiente de forma do elemento da linha considerado;
A a rea do elemento da linha considerado, projectada num plano perpendicular a
direco do vento em 2m .
Uma vez que para efeitos de dimensionamento neste projecto, importa apenas calcular a
fora do vento sobre os condutores e cabo de guarda tem-se para estes elementos [EN50341-1]:
1=qG ;
6,0== cx GG ;
cx CC = cujo valor depende do dimetro d dos condutores ou cabo de guarda sendo:
1,2 para mmd 5,12
1,1 para mmd 8,155,12
1,0 para mmd 8,15
2
21 LLdA+= , sendo 1L e 2L o comprimento de vos adjacentes.
-
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Linhas Areas de Alta Tenso Bases Tericas e Aspectos Normativos 30
30
2.5.3.4.Aco do Gelo
A formao de uma manga de gelo que envolve os condutores e cabos de guarda contribui
para um aumento do seu peso, do seu dimetro aparente e consequentemente da superfcie
batida pelo vento. A considerao de cargas de gelo no dimensionamento de linhas areas
tem em conta a temperatura, humidade do ar e altitude dos locais atravessados pela linha.
Assim, no territrio portugus, devem ser consideradas cargas de gelo nas zonas a altitudes
superiores a 600 m nos distritos indicado na clusula 3.2.3/PT.1 da EN30541-3-17.
O modelo para cargas de gelo consistente com a deposio de neve hmida ou de gelo
duro sobre condutores e cabos de guarda. Para efeito de projecto no so consideradas cargas
de gelo sobre estruturas ou isoladores.
A carga de gelo caracterstica para o territrio portugus dada por:
( ) [ ]mdIk /40
1011 += (2.37)
onde:
d dimetro do condutor em mm .
A carga mnima de gelo pode tambm ser modelizada como uma manga uniforme de gelo
de espessura e igual a 10 mm e densidade i igual a 900 kg/m3. Podem ser consideradas
cargas de gelo de valor superior, no como um critrio geral de dimensionamento mas em
casos especiais confinados ao canto da linha situado na zona geogrfica onde os dados foram
recolhidos.
2.5.3.5.Aco da Variao da Temperatura
Os condutores das linhas de transmisso esto sujeitos a variaes de temperatura
bastante acentuadas. A temperatura dos condutores, depende, a cada instante, do equilbrio
entre o calor ganho e o calor cedido ao meio ambiente. O ganho de calor deve-se
principalmente ao efeito de joule assim como ao aquecimento pelo calor solar, j as perdas
de calor para o meio ambiente do-se por irradiao e conveco.
Os coeficientes de dilatao trmica linear que caracterizam os materiais que constituem
os cabos tm valores significativos, e sendo assim, a variao da temperatura provoca
contraces e dilataes considerveis nestes alterando o seu comprimento e a traco a que
ficam sujeitos [Almeida].
-
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Projecto de Linha Area de Alta Tenso conforme a norma EN50341-1 31
2.5.3.6.Temperaturas Mnima e Mxima de Projecto
Segundo a clusula 4.2.5/PT.1 da EN50341-3-17 a temperatura mnima de projecto na
ausncia de outra aco climtica deve ser de -5C ou -10C se em zona de gelo. Estastemperaturas devem ser usadas para o clculo de flechas mnimas tanto para os condutores
como para os cabos de guarda.
A temperatura mxima de projecto, considerada para o clculo de flechas mximas e
para efeitos de distribuio dos apoios no deve ser inferior a 75C para condutores e 50C
para cabos de guarda.
2.5.4.Estados Atmosfricos
Tendo em conta que os agentes atmosfricos exercem aces diferentes sobre os
componentes das linhas de acordo com as caractersticas da regio e variam nas diversas
estaes do ano, usual definir trs estados atmosfricos para considerar as circunstncias
que se apresentam como mais desfavorveis sob os diversos pontos de vista [Vale]. Estes so:
Estado de Inverno caracterizado por vento reduzido, temperatura mnima (-5C) e
possibilidade de formao de manga de gelo na qual a temperatura mnima de -
10C. Tambm chamado estado de vento reduzido,
Estado de Primavera caracterizado por vento mximo, temperatura moderada
(15C) e ausncia de gelo. Tambm chamado de estado de vento mximo;
Estado de Vero caracterizado por ausncia de vento, temperatura mxima (75C)
e ausncia de gelo. Tambm chamado estado de flecha mxima.
O Estado de Inverno caracterizado por vento reduzido, traduzindo-se, de acordo com
clusula 4.2.7/PT.1 da EN50341-3-17, em considerar a presso dinmica do vento de valor
igual a 40% da presso dinmica do vento qh (ver tabela 2.7) para efeitos de clculo das
tenses mecnicas.
2.5.5.Coeficientes de SobrecargaA considerao dos agentes atmosfricos no estudo do comportamento mecnico dos
condutores das linhas feita atravs do coeficiente de sobrecarga. Este coeficiente traduz a
aco do vento e do gelo pelo agravamento do peso prprio dos condutores. Assim, as aces
exercidas sobre um condutor a considerar so apresentadas na figura 2.6:
-
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Linhas Areas de Alta Tenso Bases Tericas e Aspectos Normativos 32
32
Figura 2.6 Esquema das foras aplicadas num condutor, adaptado de [Vale]
A fora resultante Fr , ento, dada por:
( ) 22 vgcr FPPF ++= (2.38)
onde:
cP o peso prprio do condutor em mda/ ;
gP peso da manga de gelo em mda/ ;vF a fora do vento sobre o condutor em mda/ .
O peso da manga de gelo gP dado por:
( )[ ]2224
dedPg
g +
=
(2.39)
onde:g o peso especfico volumtrico do gelo de valor
3/9,0 dmkgf ;
d o dimetro do condutor;
e a espessura da manga de gelo.
A fora do vento vF dada por:
[ ]mdaedqCGGF hcqcV /)2( += (2.40)
Estando o significado da notao j exposto na expresso 2.36.
-
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Projecto de Linha Area de Alta Tenso conforme a norma EN50341-1 33
Tem-se finalmente:
( )[ ] [ ]2
2
22
)2(24 edqCGGdedPF hcqcg
cr ++
+
+=
(2.41)
Define-se coeficiente de sobrecarga m relativo a um dado estado atmosfrico, como
a relao entre a intensidade da solicitao resultante rF e o peso prprio linear do
condutor cP vindo finalmente:
( )[ ] [ ]
c
hcqc
g
c
c
r
P
edqCGGdedP
PFm
2
2
22 )2(2
4
++
+
+
==
(2.42)
, assim, possvel calcular os coeficientes de sobrecarga associado a cada estado
atmosfrico, tendo em conta as diferentes condies climatricas que caracterizam cada
estado.
A expresso pode, desde j, apresentar-se simplificada:
Para o estado de Primavera ou Inverno sem formao de manga de gelo;
( )
c
hcqcc
P
dqCGGPm
22 += (2.43)
Para o estado de Vero em que no se considera o vento;
1
2
==c
c
P
Pm (2.44)
2.5.6.Equao dos Estados
A equao dos estados uma equao de equilbrio mecnico que relaciona a tenso
mecnica nos condutores de uma linha area, num determinado estado atmosfrico a
partir da tenso existente nos condutores num estado atmosfrico conhecido, supondo-se
conhecidos o comprimento do vo e as caractersticas mecnicas dos condutores [Tvora].
Assim, consideram-se as diferentes grandezas relativas a dois estados atmosfricos
distintos E e Ek :
-
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50/122
Linhas Areas de Alta Tenso Bases Tericas e Aspectos Normativos 34
34
e k temperatura
m e km coeficiente de sobrecarga
S e kS comprimento do arco realizado pelo condutor
T e kT traco a que o cabo se encontra submetido
mt e mkt tenso por unidade de superfcie no ponto mdio do vo
mT e mkT traco por unidade de superfcie no ponto mdio do vo
possvel, ento, fazer a deduo da equao dos estados demonstrada
seguidamente segundo [Tvora]:
Quando o condutor passa do estado Ek aos estado E, alonga-se termicamente e
elasticamente. O alongamento trmico dado por:
)( kkSS = (2.45)
onde: o coeficiente de dilatao linear do condutor.
O alongamento elstico, em consequncia da variao da tenso mecnica aplicada ao
condutor, resulta da variao de comprimento de cada elemento dS que constitui o condutor,