Calabar – O Elogio da Traição de Chico Buarque e Ruy ... XVII/ST VIII/Christian Alves... ·...
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Texto integrante dos Anais do XVII Encontro Regional de Histria O lugar da Histria. ANPUH/SP-UNICAMP. Campinas, 6 a 10 de setembro de 2004. Cd-rom.
Calabar O Elogio da Traio de Chico Buarque e Ruy Guerra: o processo histrico enquanto alegoria do presente
Christian Alves Martins
Mestrando em Histria UFU
O nosso trabalho nasceu da leitura da pea teatral Calabar O elogio da
traio1, escrita em 1973 pelas mos de Chico Buarque e Ruy Guerra e que retrata a
fascinante histria do homem que abandonou os portugueses para auxiliar os
holandeses a conquistarem parte do Nordeste brasileiro no sculo XVII, recebendo a
alcunha de traidor e executado em Porto Calvo aos 35 anos de idade.
Nosso trabalho contribuir para nossa rea, enriquecendo os fundamentos da
Histria Cultural por analisar uma obra literria, no caso, um texto teatral e sua relao
com a realidade em que foi produzido.
Fundamentalmente, buscamos entender o contexto histrico em que a pea foi
gestada. A partir deste estudo compreenderemos as intenes subjacentes dos
autores em relao resistncia democrtica, a ditadura militar, s astutas estratgias
para driblar a censura e por fim o questionamento da histria oficial e, tambm, a
formao da identidade nacional.
O tema principal da pea, a traio, trabalhada pelos autores em um
momento oportuno da histria nacional, e particularmente da realidade vivida por
Chico Buarque, posto que poucos anos antes de escrever a pea, o mesmo havia
passado pelo drama do exlio, indo residir na Itlia, e, assim, interrompendo os seus
projetos, sendo obrigado a cortar uma seqncia profissional2. De volta ptria,
Chico, de forma penosa, e talvez j refletindo sobre a questo da traio nacional, foi
forado a compreender a dura situao em que se encontrava o pas, e naturalmente
reconhecer seu compromisso, como artista, na ao poltica racional e de
transformao social. Corrobora nossa idia a fala do poeta:
1 Os autores definiram o ttulo da pea com base no famoso Encomium moriae (1509; Elogio da loucura),
escrito pelo filsofo holands Erasmo de Roterd, na Inglaterra, na casa de Thomas More. Por meio de
uma aparente crtica da razo, o autor critica a corrupo eclesistica, o dogmatismo da filosofia
escolstica e a superstio. 2 O Globo, 15/07/79 Apud MENEZES, Adlia Bezerra de. Desenho mgico poesia e poltica em Chico Buarque. So Paulo: Hucitec, p. 22 1982.
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Texto integrante dos Anais do XVII Encontro Regional de Histria O lugar da Histria. ANPUH/SP-UNICAMP. Campinas, 6 a 10 de setembro de 2004. Cd-rom.
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Eu vim realmente comear a entender o que estava acontecendo
quando cheguei de volta, em 1970. Era uma barra muito pesada, vsperas
de Copa do Mundo. Foi um susto chegar aqui e encontrar uma realidade
que eu no imaginava. Em um ano e meio de distncia dava para notar.
Aqueles carros entulhados com os Brasil, ame-o ou deixe-o, ou ainda
ame-o ou morra nos vidros de trs. Mas no tinha outra. Eu sabia que era
o novo quadro, independentemente de choques ou no. Muito bem, aqui
que eu vou viver. Que realmente eu j estava aqui de volta. Ento fiz o
Apesar de Voc.3
A relativizao da histria da suposta traio de Calabar, um nome maldito4
por onde se gravitavam toda a trama, seria uma forma de resposta (consciente ou
inconsciente) ao status quo, defrontada por Chico Buarque, no retorno ao Brasil do
incio da dcada de 70. De cara, a capa5 da pea teatral, um velho muro pichado de
branco com a palavra Calabar sob um fundo sombrio, lgubre, j dizia muito do que
ele gostaria de expressar.
Este tema amplia as possibilidades analticas, quando buscamos refletir, a
partir de um balano historiogrfico, o estabelecimento da relao passado/presente.
Le Goff desenvolve a questo do envolvimento do passado nos embates polticos e
revolucionrios escrevendo que relativamente ao pretrito no podemos rejeit-lo,
temos de o pr ao servio das lutas sociais e nacionais.6
Nesse sentido, os autores Chico Buarque e Ruy Guerra na pea Calabar o
elogio da traio apropriam-se do personagem histrico Domingos Fernandes
Calabar e o contexto vivido por ele durante as Invases Holandesas para,
alegoricamente, representar os embates polticos e sociais de seu tempo.
3 O Globo, 15/07/79 Apud MENEZES, Adlia Bezerra de. Desenho mgico poesia e poltica em Chico Buarque. So Paulo: Hucitec, p. 36 1982 4 O nome Calabar faz parte da memria coletiva, que como outros traidores so alvos do processo de
rememorar dentro da cultura popular. No caso do personagem histrico Domingos Fernandes Calabar,
sua suposta traio recuperada, sobretudo, em assuntos que envolvam a relao entre a nao e o
capital estrangeiro, basta lembrarmos do episdio polmico em que o poltico Leonel Brizola, em um
discurso no diretrio do PDT em 2002, denominou o ento presidente Fernando Henrique Cardoso de
Calabar, ...Agora, vocs sabem, ns temos um Calabar nos tempos modernos. Que como comparo o
papel que o senhor Fernando Henrique Cardoso faz. Ele est entregando o Brasil! um governo que
vende a ptria! Isso a no h a menor dvida... (www.pdt.org.br/personalidades/bz110200.htm) 5 A capa de Calabar o elogio da traio, foi encomendada pintora e desenhista carioca, Regina Vter,
30. 6 LE GOFF, J. Memria. In: Enciclopdia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional, Casa da Moeda, 1984, p. 36
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A relao passado/presente proporciona maior intelegiblidade para nosso
objeto de estudo quando nos incita a identificar questes de mbito geral de um
processo histrico, como o tema patriotismo, discutido na pea, que demonstram
formar um paralelismo com o contexto histrico vivido pelos dois dramaturgos,
resgatando assim a historicidade da pea, e comprovando seu valor como documento
histrico.
Alm disso, a partir desta relao passado/presente poderemos levantar
algumas hipteses que, posteriormente, devero ser aprofundadas. So elas:
a) a partir da frase o que bom para Portugal, bom para o Brasil7 (p. 32) discutir se
a relao colnia/metrpole poderia encontrar equivalncia com a relao
Brasil/Estados Unidos na dcada de 70?
b) A busca pela identidade representada por Calabar e Mathias possui relao com
os impasses da esquerda e do papel dos intelectuais e artistas ps-64?
c) A luta armada liderada por Calabar possui relao na guerrilha durante a Ditadura?
d) Os macaquinhos de marfim (p. 42) representam a omisso de algumas lideranas
nacionais frente Ditadura? No estariam criticando a acomodao e o medo da
populao em relao ao governo autoritrio e repressor do presidente Emlio
Garrastazu Mdici (1905-1985)?
e) Que tipo de traio estaria sendo elogiada no presente? Afinal, quem eram os
traidores da ptria? Os exilados ou os omissos que permaneceram no Brasil durante o
Regime Militar?
f) Em 70, o que significava ser heri ou traidor? A frase: Vence na vida quem diz sim
(p. 81) questiona a submisso (pretenso da ditadura) e a conivncia que se ope
rebeldia da esquerda a ser combatida?
g) Calabar morto para que no diga as coisas que no devem ser ditas (p. 32) e
...os grandes culpados no esto na arraia mida (p. 30) seria um indicativo de que
os verdadeiros traidores na ptria seriam os prprios militares?
h) O desprezo da Histria positivista por Calabar no teria relaes com os valores
nacionais pregados pelos militares como lealdade e disciplina?
i) ...eu quase me surpreendo a contestar as ordens que me chegam no sei de onde
ou em nome de quem... (p. 31) no teria relao com a insegurana de alguns
agentes do governo que, ao contrrio de Calabar, no seguiam suas convices? 7 HOLLANDA, Chico Buarque & GUERRA, Ruy. Calabar o elogio da traio. So Paulo: Civilizao Brasileira, 9a. ed. 1976 p. 32. As prximas citaes que se referirem ao texto de Calabar viro
acompanhados apenas de nmero de pgina.
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j) Chico Buarque e Ruy Guerra no teriam intenes explcitas durante a confeco
da obra, de refletirem sobre a Ditadura Portuguesa, interrompida poucos meses depois
da publicao da pea? O moambicano Ruy Guerra no teria motivos especiais para
discutir a questo colonial, haja vista, que sua terra natal obteve sua independncia
apenas em abril de 1974, com o fim do regime salazarista em Portugal?
Alm disto, uma ateno especial se faz necessrio na trilha sonora da pea.
H intertextualidade presente nas composies de Chico Buarque, sua marca
registrada, ao lermos que ...a mais breve sutileza intertextual, consegue censurar e
reverter a postura ideolgica e cultural encontradas no texto-fonte8. Sem tirar os
crditos de Ruy Guerra, Chico, este arteso da palavra, soube transformar em poesia
o protesto, ou o protesto em poesia, como podemos verificar na msica Vence na Vida
Quem Diz Sim em que, se discutem temas candentes daquele perodo como
liberdade, tortura e traio:
Vence na vida quem diz sim.
Vence na vida quem diz sim.
Se te di o corpo,
Diz que sim.
Torcem mais um pouco,
Diz que sim.
Se te do um soco,
Diz que sim.
Se te deixam louco,
Diz que sim.
Se te babam no cangote,
Mordem o decote,
Se te alisam com o chicote,
Olha bem para mim.
Vence na vida quem diz sim,
Vence na vida quem diz sim.
Se te jogam lama,
Diz que sim.
Pra que tanto drama,
8 BARROS, Maria Irenilce Rodrigues. As canes de Chico Buarque numa perspectiva intertextual.
Dissertao de mestrado do Curso de Letras. Universidade Federal de Uberlndia, 2000. pp: 15-17
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Diz que sim.
Te deitam na cama,
Diz que sim.
Se te criam fama,
Diz que sim.
Se te chamam vagabunda,
Montam na cacunda,
Se te largam moribunda,
Olha bem para mim.
Vence na vida quem diz sim,
Vence na vida quem diz sim.
Se te cobrem de ouro,
Diz que sim.
Se te mandam embora,
Diz que sim.
Se te puxam o saco,
Diz que sim.
Se te xingam a raa,
Diz que sim.
Se te incham a barriga
De feto e lombriga,
Nem por isso compra a briga,
Olha bem pra mim.
Vence na vida quem diz sim,
Vence na vida quem diz sim. (p. 80-81)
Ou ento a emblemtica Fado Tropical, com seus arranjos melanclicos e
melodia lusitana, que fala sobre patriotismo, autoritarismo e ingratido:
Oh, minha me gentil.
Te deixo, consternado,
No primeiro abril.
Mas no s to ingrata,
No esquece quem te amou.
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal,
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Ainda vai tornar-se um imenso Portugal. (p. 14)
A stira musical, Calabar o elogio da traio, escrita pelos j citados Chico
Buarque e Ruy Guerra enquanto texto, j se confirma como um promissor objeto de
estudo. Ainda assim ele proporciona outras reflexes, haja vista que a pea
representou um dos marcos mais rumorosos de todos esses anos de luta entre o
teatro e a censura9. Ocorreu que depois do texto liberado pela censura e de
dispendiosa produo teatral, envolvendo produo, direo, coreografia, cenrios,
figurinos, orquestrao, atores, etc, a apresentao foi adiada para reexame, para logo
depois ser proibida pelo Governo Federal em definitivo. A Recepo e as
Resignificaes provocadas por este processo, nos auxiliaro na discusso das
especificidades daquele tempo.
No ano em que a pea foi escrita, o Brasil estava sob o comando dos militares,
em virtude do Golpe ocorrido em 1964. A censura e a represso, nessa poca,
tentavam anular a produo cultural, principalmente aquela que questionava o
autoritarismo do governo militar brasileiro. Neste perodo, a dramaturgia nacional era
alvo de um intenso patrulhamento que cerceava a liberdade de dramaturgos e, por
extenso, tambm de msicos, de polticos, de escritores, de educadores e tantos
outros.
Nem por isso a resistncia democrtica foi invalidada na pea, pois apesar da
proibio da encenao, e at da imprensa notificar as razes do amordaamento, a
alegoria e a poesia do texto ficaram marcados pela posteridade como armas artsticas,
como podemos verificar no trecho em que fica claro a reflexo sobre temas como
nacionalismo e imperialismo:
Um dia este pas h de ser independente. Dos holandeses, dos
espanhis, portugueses...Um dia todos os pases podero ser
independentes, seja l do que for. Mas isso requer muito traidor. Muito
Calabar. E no basta enforcar, retalhar, picar... Calabar no morre.
Calabar cobra de vidro. E o povo jura que o cobra de vidro uma
espcie de lagarto que quando se corta em dois, trs, mil pedaos,
facilmente se refaz10. (p. 90)
9 MICHALSKI, Yan. O teatro sob presso uma frente de resistncia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Ed., 1985. p.56. 10 Texto encaminhado ao Servio de Censura e Diverses Pblicas. Arquivo Nacional/DF, proc. 316, livro
1 / reg. 2.079-NA/DF Apud ALENCAR, Sandra Siebra. A Censura versus o Teatro de Chico Buarque de
Hollanda, 1968-1978. Acervo. Rio de Janeiro. V. 15, n. 2, p. 101-114. jul/dez 2002.
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Fica evidente o nosso objetivo com o nosso trabalho, no fato de a pea
proporcionar aquilo que so os fundamentos da Histria Cultural, ou seja, analisar os
propsitos atravs da arte aqui, no caso, o texto teatral - e sua relao com a
realidade em que foi produzido.
Por mais que parea novidade, mesmo no ambiente acadmico, a Histria
Cultural, ou seja, a interpretao da sociedade a partir da arte no algo to recente
assim. J no sculo XIX havia pesquisadores que trabalhavam com obras artsticas.
Segundo Langlois e Seignobos: j houve quem utilizasse obras literrias, poemas
picos, romances e peas de teatro, para esclarecer perodos e fatos de
documentao minguada, assim procedendo tambm em relao antiguidade e a
determinao de usos da vida privada. O processo no ilegtimo, desde que se
subordine a vrias restries, que infelizmente, estamos sempre sujeitos a esquecer11
Quanto ao tratamento das fontes certo que a pea Calabar no poder ser
rotulada por ns como a representao fidedigna da realidade, mas sim tratada como
qualquer outra fonte histrica, uma representao do real, de momentos particulares
da realidade12. Desta forma sero privilegiadas, tambm, outras fontes de distintas
reas, como Artes Cnicas, por exemplo, com o objetivo de subsidiar nossa
investigao, j que o que caracteriza esse saber a capacidade de a partir de dados
aparentemente negligenciveis, remontar a uma realidade complexa no experimental
diretamente.13
Se j no bastassem estas justificativas, fundamentamos tambm nossa
escolha temtica tendo em vista a relevncia da pea relacionada com o ensino de
Histria. Nas escolas de ensino fundamental e mdio, muita vez utilizamos textos
literrios como instrumento gerador de reflexo. Ora, como sabido, no sculo XVII,
os batavos ambicionavam lucrar com a comercializao do acar produzido no litoral
nordestino.e a presena dos holandeses, sob a chefia de Maurcio de Nassau um
fato relevante para o estudo do Brasil Colonial. Este perodo tema para o texto
teatral que Chico Buarque e Ruy Guerra escreveram. Estes dramaturgos, retratando o
espao, o tempo e as personagens que povoaram o nordeste brasileiro do sculo XVII,
contribuem para o ensino da Histria.
11 LANGLOIS, C. H. & SEIGNOBOS, C. Introduo aos estudos histricos. So Paulo: Renascena. 1946,
p. 136. 12 MARSON, Adalberto. Reflexo sobre o procedimento histrico. In: SILVA. Marcos A. (org).
Repensando a histria. So Paulo/ ANPHU: Marco Zero. 1984 13 GINSBURG, C. Razes de um paradigma indicirio. Mitos, Emblemas e Sinais. So Paulo: Cia das
Letras, 1989 pp. 143-179.
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Alm do que foi dito, podemos relevar a importncia do tema na formao da
historiografia brasileira. Chico Buarque e Ruy Guerra propem um revisionismo
histrico quando um dos personagens da pea exclama:
Calabar um assunto encerrado. Apenas um nome. Um verbete. E
quem disser o contrrio atenta contra a segurana do Estado e contra as
suas razes. Por isso o Estado deve usar do seu poder para o calar.
Porque o que importa no a verdade intrnseca das coisas, mas a
maneira como elas vo ser contadas ao povo. (p. 88)
Pensando em Calabar, indagamos: quem merecer ser lembrado pela
Histria? Afinal, onde est a traio: nos mantenedores da ordem ou na rebeldia dos
heris? E quem so, de fato, os heris e os viles? Sem contar que os dois autores
produziram o texto teatral a partir de uma pesquisa que, de alguma forma, questiona o
material didtico disposio dos alunos, em relao a este tema.
Este texto tem por finalidade analisar o contexto na qual a pea teatral foi
escrita e definir a historicidade existente na temtica proposta por ela que transcende
o mero carter panfletrio, na medida em que cumpre sua funo social e descreve as
relaes de fora de seu tempo.