Caixas Acústicas- Construção

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    Caixas Acsticas- Tcnicas de Construo

    IntroduoO tipo de sonofletor mais usado hoje em dia , sem sombra de dvida,composto por um falante de bobina mvel colocado em uma caixa

    normalmente construda em madeira e em forma de paraleleppedo.

    Considerando o esforo para a produo de sempre melhores falantes eprojetos mais adequados, surpreendente a relativa falta de literaturasobre os materiais mais convenientes para os recintos acsticos e oformato e a disposio dos falantes para um projeto de construo.

    Ser realmente a madeira o melhor material do ponto de vista acstico?Qual tipo deve ser usado, compensado, aglomerado, ou outro? Qual aespessura de madeira mais apropriado, o melhor formato da caixa, ondee porque colocar reforos internos - estas e outras perguntas surgemnaturalmente na procura da construo de um bom sonofletor.

    O que faremos a seguir ser procurar fornecer um panorama dosprincipais aspectos envolvidos no papel que cumpre o recinto de umsonofletor, de forma a poder fornecer ao experimentador um guia, e aotcnico mais experiente, a oportunidade de refrescar as idias sobreesse assunto.

    O recinto acsticoComecemos definindo para que serve a caixa acstica: sua funobsica consiste em isolar as ondas de presso sonora que partem daparte traseira do falante de forma que estas no interfiramdescontroladamente com aquelas emitidas pela parte frontal. Em umacaixa fechada estas ondas traseiras devem ser completamenteabsorvidas pelo interior da caixa. Em um refletor de graves as radiaesinternas devero, atravs da ao de um prtico e da massa de arinterna, exercer uma influncia positiva sobre as ondas fronteirasprincipalmente nas oitavas mais baixas do espectro audvel.

    Para um sistema de caixa aberta (open baffle) as paredes necessitamser suficientemente grandes de forma a encompridar o caminho que terde ser seguido pela radiao traseira at ela chegar a se encontrar com

    as ondas emitidas frontalmente.J para um sistema de corneta as paredes necessitam serem rgidas osuficiente para guiarem o caminho das ondas sonoras.

    Portanto para qualquer sistema usado h um papel importante a serdesempenhado pelas paredes do recnto acstico. Naturalmente paracumprir com perfeio o seu papel o sonofletor dever possuir comonica fonte de som a membrana do falante ( no caso do refletor oprtico tambm emissor de som). Neste sentido as paredes da caixa

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    devem teoricamente permanecer totalmente imveis, sem ostentarvibraes e com isolamento perfeito s radiaes sonoras internas.

    Infelizmente no existe na natureza um material que reuna todas ascondies requeridas para tanto, portanto ser necessrio tolerar umpouco de vibrao e tambm vazamento de som para o exterior atravs

    das paredes da caixa.

    Quanto podemos tolerar? Um critrio a ser seguido o de que no sersentido este efeito se a alterao da presso sonora sentida pelo ouvintefor inferior a um decibel. Apesar do que possa parecer, este umcritrio um tanto rgido, como veremos adiante.

    Alm da vibrao dos painis em ressonncia com o falante, outra fontede distoro consiste no armazenamento e liberao de energia fora defase atravs das paredes da caixa. Isto acontece pela elasticidadenatural do material usado, geralmente madeira, que tende a permanecervibrando mesmo aps a cessao do movimento da diafragma do

    falante, seguindo atrs da primeira frente de onda com um defasamentode alguns milissegundos, porm no se integrando auditivamente a ela.

    Observe este efeito na figura l, que mostra como um impulso, quandoaplicado a um sonofletor no tempo t=0, provoca uma resposta inicialcom uma onda senoidal amortecida, cujos efeitos notam-se em at doismilissegundos aps e prolongam-se com efeitos secundrios alm. Apercepo auditiva deste fenmeno corresponde nos graves a um somressoante e descontrolado, e nos mdios a uma espcie de ecodesagradvel que borra a voz humana.

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    Para a eliminao deste efeito importante o amortecimento dos painisde forma a promover a absoro da energia acstica ncidenteinternamente, transformando-a em calor.

    Uma parede bem amortecida pode ser constatada facilmente ao batercom fora usando os ns dos dedos: o som produzido dever ser seco,

    morto.

    Portanto so duas as caractersticas desejveis: rigidez eamortecimento.Uma caixa construida com um material que ofereasomente uma destas caractersticas no cumprir o seu objetivo. Porexemplo, um painel de papel oferece bom amortecimento porm norepresenta obstculo sensvel s ondas sonoras; inversamente umaparede de ao oferecer bom impedimento s ondas sonoras nternas,mas no as absorver, reemitindo-as com retardo de fase e causandouma distoro desagradvel

    Comportamento acstico de painisA parede de uma caixa acstica constitui-se basicamente em um painelpossuindo massa e rigidamente preso em suas extremidades. A paredeassim construida apresenta uma srie de frequncias de ressonncia,constitudas por uma fundamental seguida por outras ondas de maiorfrequncia e menor amplitude, geralmente no relacionadasharmonicamente entre si.

    Conforme mostrado pela teoria de Thiele-Small, nos trabalhosrelacionados nas referncias (1, 3, e 7), um sistema acstico osclante

    pode ser simulado por meio de um circuito anlogo constituido decomponentes eltricos.

    A figura 2mostra como seria o aspecto de um circuito anlogoconstruido para simular uma caixa fechada que possua paredes noideais, isto , no completamente rgidas. A inrcia equivalente damassa destas paredes dada pela indutncia Mw, a complinciaequivalente dada por Cw, e Rw representa as perdas poramortecimento dos paineis. Cb representa a complincia acstica do arinterno ao sonofletor e Rr a resistncia equivalente do ar fronteiro aodiafragma e paredes do sonofletor.

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    Para frequncias abaixo da ressonncia fundamental do sistema o valorCw da complincia torna-se predominante, portanto adquirindo maiorimportncia a rigidez dos paines - quanto mais rgidos estes forem,

    menor ser a perda em frequncias baixas por transmisso ao exterior.

    Na frequncia de ressonncia fundamental a complincia Cw anula-senumericamente considerando-se o valor da massa inercial Mw, sendo oamortecimento Rw o fator predominante no comportamento acstico dacaixa nesta frequncia e ditando a qualidade auditiva do sonofletor nestaregio,

    Acima e alm da ressonncia, para as frequncias mais elevadas doespectro, a massa Mw torna-se o elemento predominante e surgemvrios outros pontos de ressonncia secundrios. Isto acontece devidoao fato de que os painis deixam de comportar-se como corpos rgidos epassam a vibrar em diferentes direes aleatoriamente.

    Ou seja, na ressonncia fundamental as paredes do sonofletor vibramcomo corpos rgidos (vibrao unimodal sncrona) e nas ressonnciassecundrias como corpos no rgidos (vibrao multimodal assncrona).

    Resumindo o principal destas consideraes, podemos ter em mente ofato de que para um bom comportamento a caixa acstica deve serabsolutamente neutra, sto , apresentar alta absoro interna eamortecimento adequado nos painis, principalmente na frequncia deressonncia fundamental, bem como possuir paredes extremamentergidas acima do ponto de ressonncia. Isto assegurar a no-interferncia em frequncias baixas e o bom amortecimento acima da

    ressonncia.

    Consideraes sobre materiaisA amplitude das flexes das paredes da caixa depender em grandeparte da espessura e densidade do material usado. A figura 3mostra a

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    densidade de diversos materiais que podem ser usados para construode sonofletores. As propriedades de alguns desses materiais seroobjeto de nossa discusso.

    MadeiraTradicionalmente este o material mais usado, devido facilidade deobteno, convenincia para qualquer tipo de corte, bom acabamento eprincipalmente, custo relativamente baixo.

    A madeira geralmente empregada em forma de compensado,

    aglomerado, ou mais raramente, em forma macia.

    O compensado, encontrado em chapas de l5mm, 18 mm, e 25 mm, temcusto mais alto, porm de corte fcil e apresenta bom aspecto quantoa acabamento. Normalmente, para caixas abaixo de vinte litros pode serempregado em espessura de 15 mm; para volumes entre vinte ecinquenta litros o de 18 mm o indicado; e acima de cinquenta litrostorna-se conveniente o emprego do de 25 mm. interessante usar otipo de compensado conhecido como martimo, ou naval, formado porsete a nove camadas de laminados. Este apresenta maior resistncia flexo que o comum, dito sarrafado, formado por apenas trs camadas.

    O aglomerado, encontrado nas mesmas espessuras que o compensado, a mais densa e barata das madeiras. Um aglomerado de boaqualidade, que possua uniformidade , boa consistncia e que nocontenha porosidades, pode apresentar um desempenho acsticorazovel, no surpreendendo portanto que este material estejaganhando o favor dos construtores em relao ao compensado.

    O aglomerado, da mesma forma que outras madeiras, pode serencontrado em vrias qualidades. Os melhores so reconhecidos por

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    serem formados por uma massa muito fina e homognea, mesmo emseu interior.Para reconhec-los deve-se part-los e examinar a suaconstituio interna: se forem formados por pedaos (lascas) demadeira, so pouco rgidos e melhor evit-los, devendo-se, paramelhores resultados, dar preferncia aos mais densos.

    Concreto e mrmoreUm painel realizado em concreto ou mrmore praticamente no ostentaressonncias, neste sentido estes so os melhores materiais disponveis.

    Naturalmente caixas empregando tais materiais so de dificl construoe praticamente impossivel industrializao, porm podero ser feitasespecialmente, e em geral, no prprio local de uso.

    Neste sentido, sem dvida a melhor caixa que poder ser feita serdurante a prpria construo de uma habitao empregando-se comopanis paredes slidas de tijolo e cimento. Um sonofletor desse tipo

    particularmente indicado para subwoofer ou para sistema de corneta(horn-loaded), tornando-se imbatvel quanto qualidade sonora.

    Como alternativa o uso de mrmore ou granito bastante satisfatrio,porm tais caixas dificilmente poderiam ser chamadas de portteis.Outros materiaisNo mundo inteiro os fabricantes continuamente pesquisam novosmateriais que apresentem qualidades acsticas positivas aliadas a baixopreo. Pequenos sonofletores de alumnio, ou outros metais j socomumente encontrados em sonofletores high-end. Certos plsticos(resinas de polister ) misturados a ps minerais devero serextensamente usados por suas qualidades de amortecimento e leveza.

    Tcnicas de construoAlm do material usado nos painis a tcnica de construo influipreponderantemente no amortecimento das presses sonoras geradasinternamente.

    Vamos tratar a seguir dos principais meios a serem usados paracontrolar o efeito de trs fenmenos: ressonncias internas,amortecimento dos painis e absoro interna.

    Ressonncias internasComo j dito anteriormente, um painel plano preso nas extremidadesapresenta modos de vibrao definidos, dentre outros fatores, pelo seu

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    formato geomtrico. Este o caso de praticamente a totalidade dossonofletores comerciais.

    Estes modos de vibrao dependem tambm das dimenses dos paineis. conveniente que cada parede do sonofletor apresente modosfundamentais de ressonncia em frequncias diferentes; caso contrrio

    estas paredes, ressoando mesma frequncia, produziro um resultadobastante pernicioso pela somatria de efeitos. Fica claro portanto que opior formato para uma caixa o cbico, por apresentar seis paredesabsolutamente iguais.

    Adotando-se formatos retangulares e empregando-se proporesdiferentes entre altura, profundidade e largura obtm-se bonsresultados, minimizando este efeito.

    Outra forma de deslocar a ressonncia de um painel consiste emrefor-lo com escoras apoiadas e firmemente coladas em suasuperficie. Uma escora rgida, sendo um ponto de apoio fixo, divide

    acusticamente o painel em duas partes, diminuindo a amplitude daressonncia e doslocando-a para frequncias mas elevadas.Experiencias demonstraram que o meio mais efetivo no emprego deescoras consiste em coloc-las fixas longitudinalmente, paralelas sdimenses maiores do painel que se deseja reforar. A figura 4ilustrauma experincia relatada na referncia (2)

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    Nesta experincia, vrios paineis iguais receberam escoras em suasfaces e foram medidas as frequncias de ressonncia dos mesmos.

    Repare que a colocao conforme e)corresponde maior frequencia emenor amplitude de ressonncia.Isto ocorre, pois o painel com a escora colocada, passa a comportar-se

    como se fosse duas paredes independentes, sendo que a posiolongitudinal define duas superficies com dimenses bastante diversasentre si, elevando a frequncia de ressonncia e diminuindo a amplitude.

    interessente no posicionar a escora diretamente no centro da parede,mas sim deslocada em relao a um dos lados para definir frequnciasdiferentes para cada seo.Observe que para maior eficcia do processo a escora deve ser muitorgda, com espessura iqual ou maior que a da prpria parede.

    Amortecimento dos painisQuanto mais amortecimento possuir o material com que ser feito opainel , melhor ser o comportamento do sonofletor nas frequnciasprximas ressonncia.

    A figura 5mostra como a espessura de um painel de compensado afetaos modos de ressonncia do sonofletor. importante notar que aamplitude das ressonncias do painel (linhas pontilhadas) bastantealta e chega a ser comparvel com as vibraes emitidas pelo falante(linha cheia).

    Isto indica que praticamente toda a energia incidente nas paredes dosonofletor refletida de volta e mostra a importncia de adicionar-se aopainel algum tipo de substncia que oferea alto amortecimento eabsorva esta energia.

    Diversas experincias sobre o assunto, relatadas nas referncias (2)e(3)sugerem o emprego de compostos de borracha, asfalto e materiais

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    semelhantes Estes tipos de materiais, de alta resilincia, possuem emelevado grau a propriedade de transformar atravs do atrito interno aenergia cintica recebida em calor, dissipando-a rapidamente. Aexperincia do Autor (referncia 4), indica o emprego de compostos tipomassa anti-rudo, normalmente empregada para proteo e eliminaode vibraes em automveis. Este material deve ser aplicado

    abundantemente nas paredes internas do sonofletor, de forma a recobr-las totalmente.

    Para obter um efeito de diminuio da frequncia fundamental deressonncia, abaixando o conjunto das vibraes indesejveis, a massaanti-rudo pode ser colocada juntamente com cermica (lajotas tipo pisohidrulico), dispostas lado a lado, cobrindo completamente os painis.

    Normalmente faz-se a aplicao de uma camada de meio centmetro deespessura de massa, seguida da colocao da cermica. Aps asecagem, que leva de dois a trs dias, deve-se aplicar outar camada demassa. Alternativamente, em lugar de cermica, uma pea de borrachadensa pode ser empregada, proporcionando tambm bons resultados.

    Outro tipo de aplicao possvel o de massa asfltica betuminosa. Estapode ser impregnada em mantas de algodo, que sero coladas nasuperfcie interna dos painis. A figura 6mostra o efeito de aplicaesdesse tipo em um painel de nove milmetros de espessura - a amplitudedas ressonncias diminuiu em 10 dB e a fundamental baixou emfrequncia.

    Embora o uso de asfalto seja do ponto de vista terco melhor, naprtica bastante inconveniente, ainda mais em nosso clima tropcal,em que as altas temperaturas so comuns e esse composto tende atornar-se instvel.

    Uma boa alternativa o uso de mantas prontas, como as vendidas paraguarda-ps de caminhes. Essas mantas, j em tamanho bemconveniente, so compostas por papelo tratado com compostobetuminoso, e adequadas ao uso para absoro acstica.

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    Absoro internaDuas superficies paralelas quaisquer so origem de ressonnciasparasitas atravs da formao de ondas estacionrias. Estas ondasestacionrias, de frequncia e amplitude dependentes da distncia entre

    essas paredes so responsveis por uma colorao bastante peculiar.

    H vrias maneiras de evitar este efeito. Uma forma consiste noemprego de superfcies no-paralelas, por exemplo atravs do uso decaixas cilndricas, ou usando formatos no-regulares, como um troncode pirmide,etc.

    Um painel frontal inclinado, alm de facilitar a reduo desse efeito,pode dar um efeito esttico diferente ao sonofletor.

    Se for realmente necessrio o uso de formas retangulares, convenientecalcular as medidas dos painis, de maneira a distribuir as frequncias

    das ondas estacionrias. Uma relao entre comprimento, altura eprofundidade consagrada pelo uso e que determina a mnima excitaodas estacionrias vem da relao do segmento ureo da geometria:

    2,6para 1,6para 1,0

    Mesmo com medidas como estas, no-harmonicamente relacionadas

    entre si, ainda permanecem ressonncias internas apreciveis nosonofletor. Para reduzir ainda mais este efeito e aumentar a absorointerna da caixa so usados materiais fonoabsorventes, tais comomantas de l de vidro, algodo ou 1 de rocha. Com o emprego dessesmateriais, parte da radiao traseira do falante absorvida e emconsequnca reduzida a amplitude das ondas estacionarias.

    No entanto, a aplicao de materiais absorventes s realmente eficazquando estes so colocados nos pontos em que a velocidade do ar sejaalta, em outras palavras, nas proximidades do centro geomtrico dovolume encerrado pelo sonofletor.

    Um meio prtico de conseguir isto, dispor o material absorvente emforma de manta e enrolado em hlice (helicoidalmente) ao longo do eixolongitudinal da caixa acstica. A manta deve possuir uma espessura depelo menos cinco centmetros e ser cortada com sua menor dimensoigual a diagonal da base do sonofletor e a altura igual a uma vez e meiao comprimento da caixa.Na colocao torcer a manta em torno de si mesma de forma a manteros lados menores com defasagem entre 90 a 180 graus. Nesta posio amanta ser colocada no sonofletor e ocupar praticamente todo ovolume interno deste.

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    Ressalte-se que a colocao deste tipo de material ao longo dos painisinternos, como usualmente recomendado, pouco eficaz, pois nasuperfcie interna das paredes predominam ondas de alta presso evelocidade nula. Um material de pouca massa e baixa rigidez, comoessas mantas pouco apropriado para absorver as ondas de pressocaractersticas desses pontos.

    Resumindo: ao longo dos painis a presso originada pelas partculasde ar alta,e a sua velocidade zero - o melhor material a ser empregadodeve possuir rigidez e ostentar boa massa. No interior do volume dosonofletor a velocidade das partculas de ar alta e a presso baixa - omelhor material a ser usado deve ter pouca massa e ser bastanteabsorvente.

    Consideraes geraisDifraoAs ondas sonoras so sujeitas ao fenmeno da difrao ao transporemobstculos ou irregularidades em superfcies que sejam de dimensessemelhantes ou menores que o seu comprimento de onda. devido difrao que as baixas frequncias so praticamente omnidirecionais.Para as frequncias mais altas este fenmeno pode ou no ocorrer, oque ocasiona irregularidades na resposta do sonofletor.Em alguns casos pode ser necessrio evitar a difrao, em outros pode-se tirar partido dela, dependendo das intenes do projetista.Dequalquer forma, como este um fenmeno associado s dimensesgeomtricas, torna-se de grande importncia analisar o formato dasuperfcie em que sero poscionados os reprodutores de mdios eagudos.

    A figura 7mostra uma clssica experincia (referncia 5), para a qualforam colocados falantes na face de sonofletores de doze formatosdiferentes. Em cada caso foram traadas as curvas de resposta emfrequncia e comparadas entre si. Apesar do sinal de teste dos falaatesserem absolutamente iguais, variando somente o formato das caixas, oefeito da difrao que ocorre ao redor dos contornos dos painis dascaixas provoca irregularidades pronunciadas para a maioria destas.

    Note que as respostas mais suaves so pertencentes quelas em que afrente do sonofletor apresenta cantos menos pronunciados, portantooferecendo obstculos menos "vivos" s ondas sonoras de frequnciasmais altas.

    Uma outra maneira de suavizar a resposta evitando em parte a dfraoconsiste em dispor os falantes assimetricamente em relao aos bordosde painel frontal. Esta medida impe que uma onda sonora, ao atingircada uma das arestas do sonofletor, haja percorrido um camiholigeiramente mais curto ou longo, distribuindo no tempo os efeitos dadifrao e evitando a somatria de efeitos.

    http://www.mpc.com.br/audioespresso/cursos/construcao/construcao7.gifhttp://www.mpc.com.br/audioespresso/cursos/construcao/construcao7.gif
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    Portanto, se no for possvel evitar cantos vivos no sonofletor, e istopode no ser fcil, por problemas de execuo ou esttica, uma vez queo mtodo exige contornos muito suaves, arredondados mesmo, conveniente procurar posies assmtricas para os falantes, colocando-os o mais possvel faceados na superfcie do painel frontal, evitandoqualquer irregularidade no caminho das ondas acsticas.

    TelasQuanto ao uso de telas frontais, a melhor atitude consiste emsimplesmente no us-las.

    As desvantagens das telas do ponto de vista acstico so muitas:provocam absoro das frequncias mais altas, so uma fonte potencialde difrao devido forma de montagem e fixao, refletemparcialmente algumas frequncias ressoando junto com o prprio painel,podem obstruir os movimentos do falante de graves.

    Se o uso de uma tela for absolutamente indispensvel, para oferecermaior proteo aos falantes, alguns cuidados so necessrios. A teladever ser de trama aberta e leve, para evitar ao mximo a absoro deagudos e/ou sua reflexo; seu posicionamento em relao ao painelfrontal deve ser bem calculado pois quando muito prxima a este, podeser atingida pelo cone do woofer em seu deslocamento mximo.Montagem dos falantes sempre conveniente a montagem dos falantes faceados com o painelfrontal. Esta prtica evita que a espessura da parede provoqueressonncas parasitas e difrao. Os falantes devem ser firmementeaparafusados e suas juntas com o painel calafetadas com selante de

    silicone ou massa plstica.

    Neste sentido muito importante que a caixa seja absolutamenteestanque - todas as juntas devem ser bem coladas e calafetadas, eusados reforos em todas as junes e quinas.Em caso do emprego de falantes grandes, com magnetos pesados, conveniente escor-los contra o painel traseiro usando travesses demadeira resistente colados entre o magneto e o painel traseiro.

    Outro cuidado a ser tomado refere-se a assegurar que todas as ligaeseltricas apresentem a menor resistncia de contato possvel. A melhorforma consiste em soldar as ligaes ao falante e divisor. Algumas

    marcas de equipamentos costumam usar terminais com parafusos, nestecaso estes devem ser apertados o mais possvel, sendo posteriormentelacrados em silicone para evitar que a ligao solte-se com o tempo epara impedir a oxidao natural que aumentaria a resistenca decoatato. Os fios usados sero sempre de bitola avantajada, de dimetrode 1,29 mm (16 AWG), 1,63 mm (14 AWG) ou 2,05 mm (12 AWG) - istono representa custo adicional em relao ao total que ser gasto eimpede que parte da potncia do amplificador seja gasta termicamente

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    nos fios, como tambm dando aproveitamento total ao fator deamortecimento do mesmo.

    Um aspecto ainda pouco compreendido na reproduo do som o quediz respeito s relaes de fase entre os diversos falantes nasfrequncias de transio do divisor. Abstraindo os desvios de fase que

    ocorrem antes do sinal alcanar os falantes, nestes podemos destacartrs efeitos principais:

    desvio de fase no divisor de frequncias, diferenas no tempo de resposta de falantes, e atrasos provocados por caminhos diferentes percorridos pelo

    mesmo som emitido por falantes diferentes.

    O primeiro efeito foge um pouco dos nossos objetivos neste artigo e noser tratado aqui. O segundo depende dos falantes usados e no seencontra ao alcance do amador determinar e corrigir seus efeitos. J aterceira causa ocorre dependendo do posicionamento geomtrico dos

    falantes no sonofletor.

    Para perfeito casamento entre falantes diferentes, emitindo o mesmosinal nas frequncias de trasio, necessrio que as ondas sonoraspercorram caminhos exatamente iguais at o ouvinte, conforme mostraa figura 8.

    Isto geralmente no ocorre nas caixas comuns, nas quais os falantes soposiconados na mesma linha vertical, devido diferena deprofundidade entre falantes de graves e agudos. Como o som emitidoa partir da bobina mvel, que o lugar onde se d a transformao dacorrente eltrca em energia sonora, as ondas no chegam em fase aoouvinte. Este efeito corrigido defasando-se o woofer" para a frente,ou inversamente, o tweeter" para trs, alinhando-se na vertical suasbobinas mveis. Isto pode ser conseguido pelo uso de painis emposies diferentes ou nclnando-se ligeiramente a frente da caixa - oacerto final depender dos tipos de falantes empregados.

    Concluso

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    De tudo o que foi mostrado, importante ter em mente o seguinte:orecinto acstico deve ser o mais neutro possvel, para isto a caixa serrigidamente construida, quanto mais melhor.

    Todos os aspectos cobertos acima foram experimentados na construode dezenas de sonofletores, desde caixas pequenas de 15 litros a

    subwoofers de 150 e 200 litros.

    O Autor apreciaria que os leitores que possuissem experincias namontagem de caixas acsticas, usando vrios tipos de materiais econstrues diversas, relatassem para udio Espresso os resultados

    Melhorando as caixas acsticas por menos de R$ 5,00!

    Um dos grandes problemas dos sonofletores so as ressonncias internas.Normalmente os paineis tendem a vibrar em resposta s frequncias emitidas pelosfalantes.Estas vibraes, que ocorrem com maior intensidade entre 100 Hz e 500 Hz,produzem dois efeitos bem deletrios ao som. Um deles o "amolecimento" dosgraves, o outro notado pela "poluio" dos mdios, atravs da modulao porressonncia.

    Estes efeitos so particularmente perversos em caixas acsticas mais leves,geralmente feitas com plticos ou madeiras mais finas, aglomerados ou compensadosde menor qualidade.

    Um dos pedidos que mais tenho recebido so solicitaes de melhoria na resposta de

    conjuntos integrados, por pessoas que foram atradas por ofertas aparentementevantajosas e que rapidamente ficaram cansadas do som de qualidade inferior quereceberam.

    Uma inspeo deste tipo de som integrado mostra duas reas que requerem ateno:a parte de potncia e as caixas acsticas. Mexer na parte de potncia um projetomais desafiador e custoso, porm melhorar a resposta das caixas bem mais fcil ebarato.

    A mexida tanto pode ser feita nos falantes como no amortecimento das paredes dacaixa. Vamos explorar aqui somente a melhoria e controle das ressonncias internas.Para minimizar as vibraes tenho usado um mtodo simples e muito barato, que

    consiste em colar s paredes internas da caixa uma manta de material bastante densoe que permita a absoro da energia cintica emitida pelo falante, transformando-a emcalor, portanto dissipando essas vibraes.

    A figura ( Barlow, D.A. - Proceedings da AES, 1975) mostra esse efeito:

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    Um material muito em conta e fcil de achar um tipo de manta com compostoasfltico empregada em caminhes, e que usado no guarda-p traseiro. Essematerial vendido em casas de artigos de borracha em placas prontas em umamedida padro.

    O procedimento para a instalao dentro da caixa o que segue.

    1. Abrir com cuidado a caixa. Normalmente as caixas desses tipos de integradosso ou plsticas ( as estrangeiras) ou feitas com aglomerado leve ( geralmenteas nacionais). As telas plsticas de proteo costumam ser coladas e os falantesso aparafusados no painel frontal.

    2. Retirar os falantes e todo o material absorvente interno, fibra de vidro (cuidadocom o manuseio, de preferncia usar luvas apropriadas) ou de algodo.

    3. Se houver divisor de frequncias, s ser necessrio retir-lo se atravancar oespao interno necessrio ao manuseio das placas.

    4. As placas devem ser cortadas no tamanho certo, para serem perfeitamenteencaixadas nas laterais e fundos da caixa. Elas sero fixadas com o uso de colaplstica para madeira, tipo cascofix ou similar. Melhor do que cola plstica seriao uso de massa anti-rudo, usada para painis de automveis, no entanto amassa anti-rudo usa um tipo de solvente que ataca facilmente as guarniesde borracha dos falantes. Essa massa mais consistente e absorvente, fixandoos painis e ao mesmo tempo retendo mais energia acstica que os painissozinhos. Se for usada, deve-se esperar pelo menos uma semana com as caixasabertas, sem os falantes, aguardando a cura completa das mesma.

    A seguir s fechar as caixas e fazer o teste auditivo. Com certeza voc ficarsurpreso com os resultados, gastando muito pouco!