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CAFEICULTURA CIENTÍFICA E GLOBALIZADA PATROCÍNIO UMA CIDADE DO CAMPO Glaycon Vinícios Antunes de Souza Universidade Federal de Uberlândia - UFU [email protected] Resumo Trabalho tem como objetivo principal fazer uma discussão sobre o consumo produtivo do campo moderno no município de Patrocínio-MG, buscando entender quais foram as mudanças provocadas no meio urbano com o aumento do consumo produtivo no campo moderno. Assim fizemos uma periodização do tempo e do espaço para entendermos como desenvolveu a produção moderna de café na região do cerrado mineiro e como esta causou uma especialização do espaço urbano de Patrocínio, principalmente no setor terciário (comércio/ serviço) que é voltado para atendimento das necessidades campo moderno. Palavras Chaves: Agricultura científica e globalizada. Café. Consumo Produtivo. Cidade do campo moderno. Patrocínio-MG. Introdução A produção agrícola no Brasil passou por grandes transformações a partir da segunda metade do século XX, devido às mudanças nos sistemas de objetos e nos sistemas de ações (SANTOS, 2001; 2002; 2009) na produção agrícola, acarretando a modernização e inserção do capitalismo no campo, surgindo uma nova configuração territorial e nova relação social de trabalho no campo i . Esta inserção do capitalismo no campo aconteceu com a incorporação de produtos industrializados no processo produtivo agrícola, Silva (1994) chama este processo de “industrialização do campo” este tem como intuito aumentar a produção e produtividade no campo, principalmente dos cultivos de interesse internacional. A produção agrícola (principalmente os produtos de exportação) neste período de globalização exige para a sua realização o uso de técnicas modernas, conhecimento científico e de informação, resultando em uma “agricultura científica e globalizada” (SANTOS, 2001). Segundo Elias (2006) houve três momentos de reestruturação produtivo no campo até chegar à atual configuração. O primeiro momento da reestruturação produtiva no campo é caracterizada pela mudança da base técnica, com a utilização de máquinas (colheitadeiras, arados, tratores, etc) e insumos químicos (fertilizantes, agrotóxicos, corretivos, etc), a partir da década de 1950, principalmente na região sul. A maioria dos insumos utilizados no campo eram

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CAFEICULTURA CIENTÍFICA E GLOBALIZADA PATROCÍNIO UMA CIDADE DO CAMPO

Glaycon Vinícios Antunes de Souza Universidade Federal de Uberlândia - UFU

[email protected]

Resumo Trabalho tem como objetivo principal fazer uma discussão sobre o consumo produtivo do campo moderno no município de Patrocínio-MG, buscando entender quais foram as mudanças provocadas no meio urbano com o aumento do consumo produtivo no campo moderno. Assim fizemos uma periodização do tempo e do espaço para entendermos como desenvolveu a produção moderna de café na região do cerrado mineiro e como esta causou uma especialização do espaço urbano de Patrocínio, principalmente no setor terciário (comércio/ serviço) que é voltado para atendimento das necessidades campo moderno.

Palavras Chaves: Agricultura científica e globalizada. Café. Consumo Produtivo. Cidade do campo moderno. Patrocínio-MG.

Introdução

A produção agrícola no Brasil passou por grandes transformações a partir da segunda

metade do século XX, devido às mudanças nos sistemas de objetos e nos sistemas de

ações (SANTOS, 2001; 2002; 2009) na produção agrícola, acarretando a modernização

e inserção do capitalismo no campo, surgindo uma nova configuração territorial e nova

relação social de trabalho no campoi. Esta inserção do capitalismo no campo aconteceu

com a incorporação de produtos industrializados no processo produtivo agrícola, Silva

(1994) chama este processo de “industrialização do campo” este tem como intuito

aumentar a produção e produtividade no campo, principalmente dos cultivos de

interesse internacional.

A produção agrícola (principalmente os produtos de exportação) neste período de

globalização exige para a sua realização o uso de técnicas modernas, conhecimento

científico e de informação, resultando em uma “agricultura científica e globalizada”

(SANTOS, 2001). Segundo Elias (2006) houve três momentos de reestruturação

produtivo no campo até chegar à atual configuração.

O primeiro momento da reestruturação produtiva no campo é caracterizada pela

mudança da base técnica, com a utilização de máquinas (colheitadeiras, arados, tratores,

etc) e insumos químicos (fertilizantes, agrotóxicos, corretivos, etc), a partir da década de

1950, principalmente na região sul. A maioria dos insumos utilizados no campo eram

importados, visto que, no país não havia nenhuma indústria de bens de produção

agropecuária.

Em meados de 1960 a produção agrícola destina-se prioritariamente à produção de

commodities servindo de matéria-prima para as indústrias processadoras destes

produtos, configurando no território os chamados complexos agroindustriais (CAIs),

assim, as atividades agropecuárias passam a ser determinadas pelo padrão de

acumulação industrial. Com o aumento da implantação de indústrias tanto à montante

(fertilizantes, máquinas, sementes, agrotóxicos, etc) quanto à jusante (agroindústrias) da

produção agrícola, culminou em uma nova organização econômica e social, com a

unificação do capital financeiro e industrial. Sendo este o segundo momento da

reestruturação produtiva no campo. É a partir deste momento que a atuação do estado

torna-se importante para a expansão da agricultura moderna pelo território, cumprindo

um papel de indutor e financiador deste processo, por meio de políticas públicas

(MATOS, PESSÂO, 2011. p.303).

O terceiro momento da reestruturação produtiva, datada em meados de 1970. Período

marcado pela integração de capitais bancário, industrial e agrário, bem como o

surgimento de conglomerados empresariais resultado de fusões, e na organização de

holdings, trustes e cartéis, com atuação direta no CAIs. A autora destaca a difusão do

em larga escala da biotecnologia na agropecuária, afetando “a velocidade de rotação do

capital adiantado no processo produtivo, por meio da redução do período de produção e

da potencialização dos efeitos das inovações químicas e mecânicas” (SILVA, 1981,

apud, ELIAS, 2006. p.5). Portanto o território torna-se cada vez mais técnificado,

cientificizado, e informatizado, configurando o meio técnico-científico-informacional

no campo (SANTOS, 2001; 2002; 2009).

Este novo meio geográfico que dá suporte ao desenvolvimento da agricultura científica

globalizada, não se realiza de forma homogênea pelo território, privilegiando áreas

(principalmente a região sul, sudeste do país e algumas manchas ou pontos distribuídos

pelo território), produtos (soja, cana-de-açúcar, café, milho, etc) e segmentos sociais

(principalmente os grandes produtores), causando o aumento das desigualdades sociais

como a intensificação da concentração fundiária, além dos impactos ambientais e

territoriais, culminados pela penetração do capital no campo e na oligopolização do

espaço agrário (ELIAS, 2006, p.6).

Uma das mudanças causada pela reestruturação produtiva no campo foi a integração das

atividades agropecuárias com o circuito da economia urbana (ELIAS 2003, p.118), não

como apenas fornecedoras de matérias primas para as agroindústrias, mas, também,

como consumidor de produtos para a produção (máquinas agrícolas, agrotóxicos,

fertilizantes, etc) e serviços (crédito, agrônomos, veterinários, etc) especializados para a

produção agrícola. Este consumo para produção está localizado no urbano, assim, a

“cidade torna-se o lócus da regulação do que se faz no campo” (SANTOS, 2009. p.56).

Surgindo assim aquelas cidades onde a economia está fortemente ligada a produção

agrícola, e os serviços oferecidos são muito voltados para atender as demandas do

campo moderno. Milton Santos (2009) denominou estas cidades como “cidades do

campo”, e mais recentemente Elias (2006) denominou tais cidades como “cidades do

agronegócio”.

Entendo que o setor terciário especializado e voltado para a produção agrícola moderna

é um importante indicador de uma cidade do agronegócio, temos como objetivo

principal, neste trabalho, avaliar o conjunto de atividades deste setor (serviço/ comércio)

localizado na cidade de Patrocínio, que dão condições para a realização das atividades

agrícolas no campo moderno. Partindo da hipótese que a cidade em questão configura-

se como uma cidade do agronegócio, por ser atualmente o maior produtor de café do

paísii, além de sediar instituições (cooperativas, associações e a Federação dos

Cafeicultores do Cerrado) importantes para regulação e comercialização do café

produzido na região. Visamos ainda mostrar como a produção moderna de café foi

inserida no município de Patrocínio.

Da produção moderna à cafeicultura científica globalizada em Patrocínio-MG

Seguindo o conselho proposto por Milton Santos (2002) em fazer o exercício de

periodização do espaço a partira dos conjuntos de técnicas e as ações políticas,

chegamos a dois momentos distintos da produção cafeeira em Patrocínio. O primeiro

momento data por volta de 1970 até 1990, sendo caracterizado pela expansão da área de

produção e na quantidade produzida de café, além da utilização de equipamentos

mecânicos na produção cafeeira e do intervencionismo do estado, propiciando o

surgimento de uma cafeicultura moderna na região do cerrado mineiroiii. O segundo

momento data de 1990 até os dias atuais e é caracterizado pelo surgimento de

instituições que proporcionam uma nova forma de associativismo, buscando um café

competitivo e de qualidade muito voltado para o mercado externo, configurando-se em

uma cafeicultura científica e globalizada.

A produção cafeeira em Patrocínio só ganha importância econômica a partir da década

de 1970 (ORTEGA, 2005. p.179), antes deste período, a produção de café na região

ocorria basicamente para o consumo próprio, sem a intenção de comercialização em

grande quantidade. A partir desta década houve uma expansão da área e da quantidade

produzida na região, segundo a Associação dos Cafeicultores da Região de Patrocínio

(ACARPA, 2012) houve durante a década de 1980 um crescimento de 50% do parque

cafeeiro em Patrocínio, comparado com o existente na década de 1970, intensificando

ainda mais na década seguinte. Na safra de 1995/ 96 houve um crescimento da área

produzida de café por volta de 150% quando comparado com a safra de 1984/85, e,

neste mesmo período, houve aumento de 40% no número de propriedades dedicadas à

cultura. Ainda neste momento, cerca de 63% das propriedades da região tinham mais de

50 hectares; 31% possuíam de 10 a 50 hectares; e as demais propriedades até 10

hectares (ORTEGA, 2005. p.189).

A mecanização da cafeicultura começa a ser praticada no Brasil a partir da década de

1970, quando há o desenvolvimento de equipamentos acopláveis aos tratores, como

roçadeiras, carretas, pulverizadores, derriçadeiras, etc. A região do cerrado mineiro foi

espaço de referência neste tipo de mecanização, processo que mais tarde alcança outras

regiões produtivas do país. A mecanização da colheita foi um importante vetor que

possibilitou a expansão da produção de café, esta é uma das características marcantes

neste momento da cafeicultura na região do Triângulo Mineiro/ Alto Paranaíba, sendo

Patrocínio um dos municípios da região que mais utilizou desta técnica moderna.

Quando surgem as máquinas automotrizes, na década de 1980, a irrigação da lavoura,

na década de 1990, e mais recentemente com práticas comumente denominadas de

agricultura de precisão, podemos dizer que há a consolidação da mecanização na região.

A expansão da produção cafeeira com o uso de técnicas modernas, na região do cerrado

mineiro muito se deve pelo intervencionismo do estado, com a criação de inúmeras

medidas políticas de ocupação e modernização do campo nas áreas de cerrado. Medidas

que começaram a ser desenvolvidas na década de 1960, com o lema “renovar para

salvar”. Entre as medidas políticas criadas pelo estado destacamos o Plano de

Renovação e Revigoramento dos Cafezais (PRRC), idealizado pelo Instituto Brasileiro

do Café (IBC) juntamente com o Grupo Executivo de Racionalização da Cafeicultura

(GERCA) com apoio do Tesouro Nacional e do Banco Brasil. Este programa teve o

objetivo de aumentar a produção e produtividade de café em áreas de menor ocorrência

de geadasiv, ainda fornecendo o financiamento aos produtores para o plantio de mudas

de café, a compra de fertilizantes, defensivos agrícolas e equipamentos (ORTEGA,

2005. p. 178).

É importante observar quanto o estado influencia e comanda a organização do território

com tais políticas, orientando o desenvolvimento técnico-científico da agricultura,

sendo assim, um dos principais vetores para o desenvolvimento da produção agrícola

moderna no cerrado durante a década de 1970, com políticas de incentivo à ocupação da

nova fronteira agrícola, como o Sistema Nacional de Crédito Rural. Além das políticas

públicas já citadas destacamos as seguintes:

O Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba (PADAP), implementado em 1973 pelo governo mineiro, [...] além do PADAP, foram lançados, pelo governo federal, o Programa desenvolvimento dos Cerrados (POLOCENTRO), em 1975, e o Programa de Cooperação Nipo-brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados (PRODECER), de 1976. (ORTEGA, 2005. p.179).

Sem dúvidas um dos vetores que contribuiu para modernização e expansão da área de

produção de café na região, foi o conhecimento desenvolvido pela biotecnologia (com

desenvolvendo plantas adaptadas para as condições edáficas do cerrado e a colheita

mecanizada) e pela química (herbicidas, fungicidas, fertilizantes, etc). Entre os

principais institutos de pesquisa que contribuíram para o desenvolvimento de variedades

próprias (café) adaptadas às qualidades físico-químicas dos solos do cerrado são: a

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), criada em 1972, Empresa

de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), criada em 1974, e o Instituto

Agronômico de Campinas (AIC), (ORTEGA, 2005. p.181). Configurando na região do

cerrado mineiro uma produção cafeeira técnica-científica, característica deste primeiro

momento da cafeicultura moderna em Patrocínio.

Portanto este primeiro momento da produção de café em Patrocínio é caracterizado,

pela incorporação de novos sistemas de objetos e de ações para a produção moderna de

café no cerrado mineiro, tornando-se um espaço racionalizado aos comandos do

capitalismo. A somatória dos vetores supracitados culmina em uma situação geográfica

de especialização territorial produtiva, já configurada no inicio dos anos 1990. Frederico

(2011) denomina este momento da cafeicultura brasileira de cafeicultura moderna, e

também utilizamos para denominar este primeiro momento em Patrocínio.

O segundo momento do café em Patrocínio, surge com a configuração de uma nova

situação geográfica na região, quando a atividade cafeeira começa a ser organizada por

instituições (cooperativas, associações, conselho dos cafeicultores) que proporcionaram

uma nova forma de organização produtiva baseada no café de qualidade, sendo muito

valorizado e orientado para o competitivo mercado externo. Sem dúvidas uma das

maiores características deste segundo momento da cafeicultura em Patrocínio foi a

criação do Caccer (atualmente Federação dos Cafeicultores do Cerrado), e

posteriormente a denominação de origem “café do cerrado” (hoje esta denominação de

origem é conhecida como “Região do Cerrado Mineiro”).

Com a extinção do IBC, em 1990, e com o fim do Acordo Internacional do Café – IAC,

em 1989 (ORTEGA, 2008. p.193), a cafeicultura brasileira neste período passou por

uma crise. Para superar esta crise, foram criadas, na década de 1990, várias instituições

de pesquisas e programas para o desenvolvimento do café, dando um novo ímpeto à

atividade no país, buscando uma produção competitiva no mercado globalizado. Entre

os programas e instituições de pesquisa que se destacaram foram o Programa Nacional

de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, criado em 1996; pouco mais tarde (1997) é

criado o Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café,

hoje denominado Consórcio Pesquisa Café), bem como uma unidade da Embrapa

voltada para esta cultura (Embrapa café, em 1999) (EMBRAPA, 2012).

A produção cafeeira na região do cerrado mineiro passou por essas diversas

transformações. Surgindo durante a década de 1990 novos sistemas de ações,

principalmente com a organização de instituições (com a organização de associações,

um conselho de associações e cooperativas de produtores) que proporcionaram uma

nova forma de organização da produção do café, tendo como pilar o associativismo

visando uma nova forma de orientação produtiva, muito valorizada e voltada para o

mercado internacional.

A articulação política entre os produtores de café na região do cerrado mineiro têm

origem, em 1986, quando foi criada a primeira associação de cafeicultores do cerrado

mineiro, no município de Araguari – a Associação dos Cafeicultores de Araguari

(ACA). Ainda na década de 1980, foi fundada a Associação de Apoio aos Produtores

Rurais de São Gotardo (ASSOGOTARDO) no município de mesmo nome. A partir de

então, e já na década de 1990, ocorre a organização e surgimento de várias associações

em diferentes municípios na região do cerrado mineiro,

Em 1990, foi criada, no município de Patrocínio, a Associação dos Cafeicultores da Região de Patrocínio (Acarpa); em 1991, foram instituídas a Associação dos Cafeicultores de Carmo do Paranaíba (Assocafé), a Associação dos Cafeicultores de Monte Carmelo (Amoca), a Associação dos Cafeicultores de Coromandel (Assocoró). As últimas associações criadas na região foram a Associação dos Cafeicultores de Campos Altos e Região (Accar), em 1993; a Associação dos Cafeicultores do Nordeste Mineiro (Acanor), em 1997; e a Associação dos Cafeicultores de Sacramento (Acasa), em 1998 (ORTEGA, 2008. p.192).

A criação de várias associações pelo cerrado mineiro possibilitou a criação, em 1992, do

Caccerv (Conselho dos Cafeicultores do Cerrado) atualmente é conhecido como

Federação dos Cafeicultores do Cerrado, que tem o objetivo de canalizar os interesses

dos produtores no campo, político, comercial, pesquisas e marketing, buscando uma

nova coordenação para tornar a produção mais competitiva e valorizada. No ano de

1995, é criado a Expocaccer (Central de Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado),

sediada em Patrocínio, viabilizando a comercialização das cooperativasvi de café no

cerrado mineiro. Assim, o município de Patrocínio atua com bastante centralidade na

configuração e condução deste novo contexto da produção cafeeira no cerrado mineiro.

Uma das maiores conquista da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, antigo Caccer,

foi em 1995, com o reconhecimento da denominação de origem do produto, começando

a emitir a certificação de origem “Café do Cerrado”, que a partir de 2011, muda sua

denominação para “Região do Cerrado Mineiro”. A região do cerrado mineiro foi a

primeira região com produção cafeeira demarcada no Brasil, com indicação geográfica

de origem, registrada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial, cuja garantida de

qualidade é o “Certificado de Origem” (ORTEGA, 2008. p.7). A denominação de

origem é um importante diferencial para agregação de valor à produção realizada no

Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, e é claramente direcionada ao mercado externo.

Segundo a ACA (Associação dos Cafeicultores de Araguari) e ACARPA (Associação

dos Cafeicultores da Região de Patrocínio) 80% do café produzido no cerrado mineiro é

exportado para Europa, Estados Unidos e Japão, mostrando o quanto esta produção

moderna visa o mercado externo.

Segundo Frederico (2011) a cafeicultura científica e globalizada configura no território,

a partir de 1990, sendo caracterizada pelo ideário de competitividade que se trata da

eficiência e qualidade da produção e a inserção do produto no mercado internacional,

ainda é marcada pelo ideário de sustentabilidade, derivado das exigências do mercado

consumidor internacional, com relação à produção socialmente justa e ambientalmente

adequado. A cafeicultura desenvolvida no cerrado mineiro não escapa desses ideários,

tendo um café diferenciado e muito competitivo, graças à denominação geográfica

(“Região do Cerrado Mineiro”), além da busca por uma produção sustentável e

ambientalmente correta.

A prática por uma produção ambientalmente correta é buscada através do cumprimento

de uma série de normas e procedimentos exigidos pelas certificações estrangeiras, que

visa uma produção agrícola sustentável. Entre as certificadoras com atuação no cerrado

mineiro que destacamos são: a Rainforest Aliance (instituição estadunidense, fundada

em 1987 que visa certificar produtos produzidos através de sistemas que levem em

consideração a preservação dos recursos e a questão ambiental); Fairtrade International

(certificadora sediada na Alemanha que desde 1997 atua na certificação de práticas

justas de comércio, especialmente entre pequenos produtores, valorizando questões

ambientais e sociais); a UTZ Certified (organização holandesa que certifica produções

desde 1999, atuando nos circuitos do café, cacau e chá pautados em aspectos ambientais

e trabalhistas), a 4C Association (fundada em 2003 na Alemanha, valorizando a

sustentabilidade da produção do café).

Assim com novos sistemas de objetos juntamente com as ações da Federação dos

Cafeicultores do Cerrado e a Expoccacer, sediadas em Patrocino, foram importantes

para tornar o meio geográfico instrumentalizado para uma produção de qualidade e de

alta competitividade, visando maior participação no mercado internacional, assim a

produção de café configura-se em uma agricultura científica globalizada (SANTOS,

2001) ou em uma Cafeicultura Científica Globalizada (FREDERICO, 2011). A

agricultura científica globalizada no entender de Elias (2006) é uma resposta ao período

de globalização onde o conhecimento científico, técnica e a informação, são

instrumentos indispensáveis para a agricultura competitiva e muito produtiva. A

agricultura científica globalizada é responsável pela crescente interdependência do

capital financeiro, industrial e agrícola, que culmina na acentuação da especialização

territorial produtiva, tornando o território cada vez mais fragmentado.

Portanto este segundo momento da cafeicultura da região do cerrado mineiro, é

caracterizado pelo surgimento de nossos sistemas de objetos e principalmente pelas

ações políticas promovidas pela articulação dos próprios produtores, proporcionando

uma nova de forma de organização produtiva baseada no associativismo. Toda a

reestruturação produtiva no campo na região do cerrado, tendo o café um dos cultivos

de destaque, provocou mudanças no meio urbano. O meio torna-se cada vez mais

voltado e especializado, principalmente o comércio e os serviços, para atender as

demandas de consumo para a produção do campo moderno.

Patrocínio uma cidade do campo moderno.

As transformações espaciais ocorridas no território brasileiro no período técnico-

científico-informacional, sendo a modernização do campo uma delas, causaram

mudanças na relação entre o campo e as cidades. Este relação torna-se mais complexos

devido à ampliação da divisão do trabalho, acarretando na ampliação da divisão

territorial do trabalho e na especialização territorial produtiva. Segundo Elias (2006,

p.12) a agricultura científica globalizada tem o poder de impor especializações

produtivas ao território, isto explicaria em parte o novo sistema urbano que se

configurou no território. Segundo a autora, as atividades desempenhadas pela

agricultura científica e pelas agroindústrias foram responsáveis pela a ampliação da

urbanização das cidades, principalmente das intermediárias e locais, cujas atividades

estão vinculadas à produção do campo moderno.

O caso Patrocínio é exemplar, pois, este município passa por um processo de

urbanização (Gráfico 1) a partir de 1970, sendo o período de início da cafeicultura

moderna no município. A população do município de Patrocínio segundo o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) era de 35.578 de habitantes, em 1970,

(aproximadamente 61% urbana e 39% rural) tendo uma população, em 2010, de 82.471

habitantes (88% urbana e 12% rural). Elias (2006) aponta que o crescimento

demográfico nos municípios brasileiros muito se deve, pelo êxodo rural e migração de

profissionais especializados no agronegócio, e na difusão do consumo produtivo

agrícola. Segundo Santos (2001, p.91) a cidade é o lugar indispensável para o comando

técnico da produção agrícola, mas, também é o lugar de residência de funcionários da

administração pública e das empresas, sendo também de pessoas que trabalham no

campo, que em boa parte, são urbano-residente. Esta população “urbano-residente”,

também, ajuda a explicar o aumento da população urbana e a diminuição da rural, no

município de Patrocínio. Mesmo com a diminuição da população rural em Patrocínio

tento, em 2010, aproximadamente de 12% da população total do município, ainda é

grande a porcentagem da população que vive no meio rural, se comparada com outros

municípios do Triângulo Mineiro/ Alto Paranaíba como Uberlândia (3%) e Uberaba

(2%).

Gráfico 1 – População Urbana e Rural de Patrocínio-MG

Fonte: Censo Demográfico. (IBGE, 2012). Org. pelo autor.

No período técnico-científico-informacional a produção agrícola, principalmente os

produtos de exportação, é cada vez mais exigente de uso de técnicas moderna, ciência e

informação. Essas exigências fazem com que as cidades próximas às áreas da

agricultura moderna, se especializem para atender as necessidades da produção moderna

do campo, este é um exemplo do poder da agricultura moderna em impor

especializações territoriais, comentado por Denise Elias (2006). As cidades tonam-se

fundamentais para produção agrícola moderna, pois, são fornecedoras da grande maioria

dos aportes técnicos, financeiros, jurídicos, de mão de obra desde o mais simples ao

especializado, centros de transportes e de comunicação e de todos os demais produtos e

serviços necessários à realização do campo moderno. Portanto a cidade é um lugar

indispensável à produção agrícola, tornando-se lócus da regulação do que se faz na

agrícola moderna e globalizada.

Segundo Elias (2006, p.14) a ampliação da modernização da agricultura pelo território,

não acarretou, apenas, no aumento e na reorganização da produção material (tanto

agrícola quanto industrial), mas também sendo importante para o aumento quantitativo

e qualitativo para a produção não material, expandido assim o consumo consumptivo e

principalmente o consumo produtivo do campo. Assim, há o aumento da terceirização

das econômicas circunvizinhas às áreas do agronegócio, processo que ocorre nas

cidades próximas destas áreas, originando, assim, no Brasil agrícola com áreas urbanas

(Santos, 2009) aquelas cidades que Santos (2001; 2009) chamou de “cidade do campo”

e mais recentemente Denise Elias (2006) tem chamado de “cidade do agronegócio”. A

cidade do agronegócio é aquela cidade cujas funções de atendimento às demandas da

agricultura moderna são hegemônicas sobre as demais atividades.

O aumento do consumo produtivo do campo moderno com o uso de técnicas modernas

(máquinas agrícolas, implementos, componentes, insumos, etc) e de serviços

especializados (agrônomos, financeiras, corretoras, etc), foi uma das maiores mudanças

provocada pela reestruturação produtiva do campo, acarretando a integração entre as

atividades da agricultura moderna com o circuito superior da economia urbana (ELIAS,

2006. p.14) dinamizando principalmente o setor terciário (produtos e serviços) das

cidades locais, acarretando no aumento do tamanho e o número das cidades do

agronegócio.

A atividade econômica que mais adicionou valor ao Produto Interno Bruto (PIB) de

Patrocínio, no período de 1999 a 2009, segundo dados do IBGE, foi exatamente o setor

terciário (gráfico 2). Os dados nos mostram que a contribuição do serviço ao PIB do

município passou de R$ 218138, em 1999, para R$ 743260, em 2009, ou seja, no

período de dez anos o valor arrecadado pelo setor terciário em Patrocínio mais que

triplicou. Houve também o aumento do valor arrecadado pela agropecuária e pela

indústria no município em questão, mas, não foi um crescimento tão acentuado como o

setor do serviço. Em 2009, os serviços contribuíram cerca de quatro vezes

(aproximadamente 63%) a mais para o PIB de Patrocínio se comparado com a

contribuição das indústrias (13%), e cerca de duas vezes e meia se compara como o

setor da agropecuária (24%). Mostrando assim a importância do terciário para a

economia de Patrocínio.

Gráfico 2 – Valor Adicionado da Agropecuária, Indústria e Serviços ao Produto Interno Bruto (PIB) de Patrocínio (1999 a 2009).

Fonte: IBGE Cidades. Org. pelo autor, 2012.

O que mais caracteriza uma cidade do campo moderno são os serviços oferecidos ao

campo moderno, como as lojas de comércio de implementos agrícolas, sementes,

agrotóxicos; os escritórios de marketing, de consultoria contábil; os centros de pesquisa

biotecnológica; as empresas de assistência técnica, de transportes, comunicação; os

serviços do especialista em engenharia genética, veterinária, agronomia, administração,

meteorologia, entres outros serviços. O espaço urbano de Patrocínio concentra muitas

empresas que prestam serviços às atividades agrícolas (consumo produtivo do campo),

viabilizando a produção e distribuição do café produzido no município e região.

Destacando-se as empresas de corretagem, compra e venda de café, armazéns/

beneficiamento de café, venda e manutenção de máquinas e implementos agrícolas e

empresas de serviços de exportação de café (em um levantamento pré-eliminar foram

constatados mais de 70 empresas que prestam serviços para o campo, ver quadro 1).

Assim há uma especialização do terciário da cidade de Patrocínio para as demandas de

consumo produtivo do campo moderno.

Quadro 1 – Empresas que prestam serviços ao campo moderno em Patrocíniovii

Serviços/Produtos Quantidade Sacaria para café 2 Consultoria e licenciamento ambiental 2 Empresas de consultoria agrícola (produção) 3 Viveiros de mudas de café 3

Serviços de colheita e beneficiamento de café 3 Transporte de café 4 Venda e manutenção de máquinas e implementos agrícolas 8 Armazenagem / beneficiamento de café 11 Serviços de exportação de café 12 Corretagem, compra e venda de café 29 Org. PEREIRA, M.F.V; SOUZA. G.V.A. (2012)

Com o desenvolvimento da agricultura moderna surge juntamente com esta a

necessidade cada vez maior do conhecimento científico, para uma produção em grande

quantidade e qualidade. A produção do café na região do cerrado mineiro necessita de

pesquisas científicas para o melhoramento da qualidade do produto, mas, também

necessita de outras áreas do conhecimento, como administração, marketing entre outros.

Assim levantamos informações sobre as instituições de ensino onde há cursos voltados

para o agronegócio em Patrocínio. Nesta cidade há duas instituições de ensino superior

(em nível de graduação e pós-graduação) que são o Centro Universitário do Cerrado

Patrocínio (UNICERP) e o Instituto de Ensino Superior de Patrocínio (IESP), tendo

cursos especializados para a gestão administrativa e comercial do café, além de cursos

específicos para o agronegócio.

Os cursos de graduação oferecidos pela Unicerp que destacamos como sendo

importantes para o agronegócio são: administraçãoviii, agronegócioix e agronomiax, e os

cursos de pós-graduação são: Gestão do agronegócio do café, Gestão estratégica do

agronegócio e Manejos dos solos do cerrado. A outra instituição de ensino superior

localizada na cidade (IESP) oferece três cursos de graduação que são de administração

de empresas, agronegócio e análise e desenvolvimento de sistemas. Entre estes cursos, o

de agronegócio é o que se destaca para capacitação profissional para o agronegócio. No

entanto, na grade curricular do curso de administração, há uma disciplina obrigatória,

“agronegócio”, que possibilita ao futuro administrador trabalhar no ramo. O IESP, em

parceria com o Centro Universitário de Maringá (CESUMAR) oferece cursos de pós-

graduação a distância, onde destacamos alguns cursos “Lato Sensu” em MBA que são:

agronegócio, gestão ambiental e desenvolvimento sustentável.

Neste período técnico-científico-informacional, a produção científica juntamente com

outros conhecimentos são importantes e colaboram para que o agronegócio seja cada

vez mais competitivo, visando sempre aumentar a riqueza dos atores hegemônicos, que

investem no campo moderno. Assim o conhecimento científico configura-se como um

consumo produtivo indispensável para a produção do campo moderno.

O conjunto de atividades praticadas pela cafeicultura de exportação no Triângulo

Mineiro/ Alto Paranaíba dentro da racionalidade do modo de produção técnico-

científico, acontece principalmente a partir das atividades reguladoras desempenhas nas

cidades. Entre os municípios com maior produção, Patrocínio possui lugar de destaque,

já que é na sede deste município que estão localizadas as instituições mais atuantes na

coordenação da cafeicultura no cerrado mineiro como é o caso da Federação dos

Cafeicultores do Cerrado, além da associação de cafeicultores (Acarpa) e cooperativas

(Expocaccer) que são importantes para administração e comercialização do café

produzido na região. Portanto Patrocínio configura-se como uma cidade do campo

moderno, nos termos proposto por Santos (2009).

Considerações finais

A cafeicultura da região do cerrado mineiro conhece um processo intenso de

modernização, com o surgimento de novos sistemas de objetos e de ações,

possibilitando o aumento dos fluxos (mercadorias, dinheiro, informação, etc) e o

surgimento de novos fixos. O conjunto de atividades desenvolvidas nesta região

(tecnicamente e politicamente), buscando uma produção de “café de atitude” (de

qualidade e competitiva) é alcançado com a certificação de origem “Região do Cerrado

Mineiro”, tendo o reconhecimento internacional, configurando em uma agricultura

científica globalizada. É indiscutível que este modelo de produção agrícola promoveu

um crescimento econômico para o país, mas, foi um modelo que promoveu em pouco

tempo a acentuação das desigualdades sociais e territoriais, além de vários problemas

ambientais.

O meio geográfico a partir da modernização da agricultura mudou por completo a

relação entre rural e o urbano, chegando a um nível de complexidade nunca visto antes,

ocorrendo o aprofundamento da divisão social e territorial do trabalho, causado pela

especialização territorial produtiva. A produção agrícola cada vez mais racionalizada,

exigente de produtos industrializados e de serviços especializados, transformou o meio

urbano no espaço indispensável de gestão à produção agrícola moderna. O crescimento

da urbanização e o aumento do número de cidades no país devem-se em partes ao

aumento do consumo produtivo do campo que impõem especializações territoriais,

surgindo, assim, no território espaços urbanos especializados (comércio e serviços) para

atender a demanda de produtos/serviços do campo. Este processo não é estranho à

região do Triângulo Mineiro/ Alto Paranaíba, sendo o município de Patrocínio exemplo

do que podemos denominar como “cidade do campo moderno”.

Notas i Pesquisa em andamento, realizada com auxílio financeiro da FAPEMIG (Edital Primeiros Projetos, 2011-2013). ii Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, a quantidade produzida de café em Patrocínio foi de 60.228 Toneladas. iii Estamos considerando a região do cerrado mineiro como o espaço que compõe as mesorregiões Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba e Oeste Mineiro, definidas pela divisão regional proposta pelo IBGE. iv As condições climáticas do domínio morfoclimático do cerrado, onde dificilmente há ocorrência de geadas, com regime de chuvas bem definido (três a cinco meses com baixos índices pluviométricos e seis ou sete meses com índices pluviométricos elevados – média anual de 1300 a 1800 mm) e temperaturas média que variam entre 20 a 24º C (AB’SABER, 2003. p.39), são condições favoráveis à produção de em grande quantidade e qualidade de café na região. Além do clima favorável para produção de café na região, também destacamos a condições geomorfológicas do cerrado, com grande presença de chapadas e chapadões, característica que facilita a mecanização da produção. Portanto as condições climáticas e geomorfológicas configuram como vetores para a mecanização e expansão da cafeicultura na região do cerrado mineiro. v Segundo Ortega (2005, p.195) as associações de cafeicultores do cerrado mineiro, tinham dificuldades de canalizar os interesses específicos dos produtores de café, o que possibilitou a criação do Caccer (uma nova forma de associativismo). vi As cooperativas que integram a Expocaccer e atuam junto à Federação dos Cafeicultores do Cerrado são: CAPAL (Cooperativa Agropecuária de Araxá Ltda), COAGRIL (Cooperativa Agrícola de Unaí), COPERMONTE (Cooperativa Agrícola de Monte Carmelo), COOCACER ARAGUARI (Cafeicultores do Cerrado Araguari Ltda), COOCACER CARMO DO PARANAÍBA (Cafeicultores do Cerrado Carmo do Paranaíba Ltda), COOCACER MONTE CARMELO (Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado Monte Carmelo Ltda), COOPA (Cooperativa Agropecuária de Patrocínio Ltda). vii Provavelmente há mais empresas que prestam serviços para o campo em Patrocínio. viii O curso de administração possui disciplinas que em nosso entender dão condições para os futuros administradores atuarem no agronegócio. Essas disciplinas são: gestão de agronegócios, Gestão de Propriedades Rurais e Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. ix Possui parceria com a Expocaccer, a Coopa e a Associação dos Cafeicultores da Região de Patrocínio (Acarpa). x Possui em sua grade curricular uma disciplina obrigatória, especifica sobre o café que é “Tópicos Avançados em Cafeicultura”.

Referências

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