Cadernos de Tipografia 1, 2007

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    Cadernos de

    Tipografia

    Maro de 2007

    Cames, Didot, Bomtempo........................ 2

    Para que que precisamos da Helvetica? ..3

    Dino dos Santos, typeface designer ........... 8

    A fonte Andrade, de Dino dos Santos ........ 9

    Livros tcnicos sobre Tipografia

    publicados em Portugal ............................10

    A tipografia vernacular brasileira ......... 15Books on Demand j! .............................16

    Reviso e Edio de Texto ......................... 17

    Crculo de Leitores ....................................17

    Ficha tcnica ..............................................18

    1

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    Cames, Didot, BomtempoO Festival Internacional de Msica do Algarve

    inicia-se, a 6 de Abril de 2007, com o concerto coral

    sinfnico Requiem Memria de Cames, de Domin-gos Bomtempo obra que ser dirigida em Faro

    pelo maestro lvaro Cassuto, fundador e arquitecto

    da Orquestra do Algarve, considerado o melhor e o

    mais internacional dos dirigentes portugueses. Esta

    escolha de lvaro Cassuto levou-me seguinte refle-

    xo sobre a origem da notvel obra musical e o seu

    contexto cultural e poltico.

    Joo Domingos Bomtempo, (17751842) foi

    um dos maiores compositores portugueses, e tam-

    bm foi um cidado profundamente internacional e

    cosmopolita, que passou largos perodos da sua vida

    em Londres e Paris. Esteve fora de Portugal no s para estudar nos grandes cen-

    tros da msica europeus, mas tambm porque a isso foi obrigado, visto que foi

    vrias vezes alvo de perseguies movidas pelas fraces reaccionrias que ento

    afligiam o Reino. Bomtempo, compositor, msico, pedagogo, liberal e maon, fun-

    dou os Estudos Superiores de Msica em Portugal um dos muitos mritos que

    distingue este ilustre intelectual. Comps a sua obra-mestra o Requiem em

    Portugal, mas editou-a em Paris em 1819/1820, celebrando a elegantssima reedi-

    o dOs Lusadas, elaborada em 1817 na prestigiada oficina tipogrfica Didot.

    O esprito que movia vrios portugueses residentes em Paris era o do reviva-

    lismo da ideia patritica, a vontade de fazer renascer um Portugal independentede tutelas estrangeiras, reafirmado nas suas razes culturais histricas. Por esse

    motivo, o Morgado de Mateus encomendou a reedio da mais significativa obra

    das Letras portuguesas ao mais excelente gravador de punes, fundidor de carac-

    teres e impressor da poca: Firmin Didot.

    Didot imprimiu uma luxuosa edio com os seus clebres tipos de metal, no

    formato mais aparatoso: in octavo. (Em 2006, essa obra reapareceu nas livrarias em

    edio facsimilada, mas sem qualquer nota que esclarecesse sobre o seu valor tipo-

    grfico e contexto poltico um imperdovel desleixo!)

    J no que se refere aos interesses polticos do editor Firmin Didot, estes reflec-

    tem-se, melhor do que na faustosa edio camoniana que lhe tinha sido encomen-

    dada, na edio do Contrato Social, a famosa obra de Jean Jacques Rousseau em ln-

    gua portuguesa empreendimento quase revolucionrio, considerando o esprito

    reaccionrio que ento (1821-2) imperava no Reino portugus...

    A fatal eficcia da Rgia Censura explica o minsculo formato deste livrinho,

    deveras subversivo: 8 x 13 cm; tamanho que permitia esconder rapidamente esta

    obra probida na roupa do seu portador. Firmin Didot (1764-1836) completou a sua

    famosa obra tipogrfica com diversas actividades literrias e polticas (estudos, tra-

    dues, teatro). vido biblifilo, possuiu uma biblioteca enorme, dispersa em 1811;

    alm disso foi poltico activo, Deputado pelo Eure de 1827 at 1836.

    Paulo Heitlinger, [email protected], Maro de 2007.

    Mais informaes: www.em-conservatorio-nacional.rcts.pt/historial.html

    www.arqnet.pt/dicionario/oslusiadas.html

    Os Lusadas impressos em

    1817 na Oficina Didot em Paris:

    a primeira edio moderna do

    poeta quinhentista.

    A partitura da Messe de Requiem,

    ouvrage consacr la Mmoire de

    Cames, de Joo Domingos

    Bomtempo, impressa em Paris

    http://www.em-conservatorio-nacional.rcts.pt/historial.htmlhttp://www.arqnet.pt/dicionario/oslusiadas.htmlhttp://www.arqnet.pt/dicionario/oslusiadas.htmlhttp://www.em-conservatorio-nacional.rcts.pt/historial.html
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    Para que que precisamos

    da Helvetica?Paulo Heitlinger ([email protected]), Fevereiro de 2007

    O 50.o aniversrio da Helvetica uma famlia de fontes criada em 1957 pelosuo Max Miedinger foi o pretexto para rodar um documentrio que iluraa expanso dee conhecido typeface. Reacende-se uma polmica que j vemde alguns anos atrs e que merece a pena retomar. Vejamos porqu.

    Q

    uando o editor suo Lars Mller publicou o seu livrinho Hommage to Helvetica (que

    entretanto est venda a bom preo nas lojas da FNAC), argumentava que este typeface

    sabe fazer tudo, e neste aspecto que genial ... Tive vontade de publicar este livro para reagir

    contra a inflao das fontes. Temos hoje cerca de 30.000 fontes, mas que no servem para

    grande coisa. Em vez de inventar novas fontes, valia mais renovar a tipografia com as fontes

    existentes. este o caminho para o qual aponta o sucesso da Helvetica.

    Em resposta a Lars Mller, tenho a argumentar que para um suo a Helvetica pode servir

    para muitas aplicaes, mas para mim no serve para grande coisa, pois falta-lhe qualquer per-

    sonalidade tipogrfica. a manque du charme, diriam os franceses. Temos milhares de fontes

    disponveis para as mais variadas aplicaes, de modo que a questo pertinente ser: Para que

    que ns precisamos ainda dessa letra de horripilante esttica, criada cinquenta anos para

    atender s necessidades de clientes procura de uma letra despersonalizada, neutra, apta

    a garantir-lhes um fcil acesso a um mercado global?

    O trend da globalizao persisteA resposta, embora no goste dela, simples. Em pleno sculo XXI, a Helvetica continua em

    uso, por fora do persistente revivalismo que nos aflige h anos. O conceituado designer e

    crtico canadiano Nick Shinn, denunciando os malficos efeitos da authority of mass fashion,

    escreveu: A Helvetica regressou em grande. Na rua, vemo-la em campanhas publicitrias de

    Ser a fonte Helvetica mais

    conhecida que a Sua?

    Inventada em Basileia h 50

    anos, este typeface j conheceu

    duas reformas e vrios

    revivalismos. Objecto de culto

    entre jovens grficos sem

    grande inspirao e propensos

    a trends globais, a Helvetica

    mereceu as honras do livro

    Helvetica, Homage To ATypeface, que rapidamenteesgotou a primeira edio.

    Este sucesso apanhou-nosde surpresa, explica o editorLars Mller, sedeado em

    Baden, na Sua.

    Pouco maior que um

    passaporte helvtico, e como

    este de capa vermelha, com

    um H em vez da cruz branca,

    este livrinho rene centenas de

    fotos a ilustrar a omnipresena

    deste tipo, utilizado tanto para

    logtipos de multinacionaiscomo a Panasonic, a Texaco, a

    Samsung, a Hoover, a

    Lufthansa, a Kawasaki, a

    Evian, a Agip, a BMW e a

    Caterpillar, como para

    sinalticas urbanas, de Hong-

    Kong at Istambul.

    Ao lado: posters publicitrios

    do filme Helvetica.

    Helvetica is very hard to read as printed

    body copy - the wide letters and tight fit

    is awful for body copy in my opinion. It

    works better in display, but is so overused

    even there that it can easily look stale.

    William Berkson

    Desenho de fontes

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    empresas to diferentes como a IBM e The Gap. Nas vendas online, est sem-

    pre no topo das listas das fontes mais vendidas...

    A fonte que o typeface designer e ensasta Nick Shinn apelida com toda a

    pertinnciaface of uniformity tem vindo a ocupar posies para as quais nunca

    foi concebida, mas os designers contemporneos, com medo de afirmar assuas raizes culturais e os contextos regionais, preferem a fonte sem persona-

    lidade. Nunca uma fonte to estril, de to fraca legibilidade e pobre esttica

    teve uma proliferao to virulenta nefastos efeitos da globalizao em prin-

    cpios do sculo XXI... (No perca o artigo de Nick Shinn em www.shinntype.

    com/Stories/Uniformity.pdf)

    Historial da HelveticaA Helvetica a fonte mais associada tipografia sua do ps-guerra e

    Escola Internacional, por causa da sua crnica falta de personalidade. Sur-

    giu nos anos 50, na conjuntura de recuperao econmica depois da Segunda

    Guerra Mundial. Inmeras empresas alems e suas, vidas de se lanarem

    de novo nos mercados internacionais, precisavam de uma letra clara, neutral,

    moderna, internacional, com boas relaes com todos os pases e culturas

    com as caractersticas da Sua, portanto...

    O importante era que essa letra fosse moderna e que no tivesse qual-

    quer associao nacional, ou qualquer filiao cultural especfica. Especial-

    mente na Alemanha do ps-guerra procurava-se uma fonte neutra, que no

    lembrasse o vergonhoso passado nazi do pas, que, agora democratizado

    de fachada, o queria ultrapassar o mais depressa possvel. O tipo eleito pelas

    empresas multinacionais foi a Helvetica, a fonte da globalizao dos anos 60 e

    70 (e, como j veremos, tambm do sculo xxi).Nos anos 20 e 30, tinham sido os adeptos da Bauhaus os que exigiam

    uma tipografia universal, apta para todas as aplicaes, todos os fins,

    todos os idiomas e todas culturas. Nessa poca, as reinvidicaes dos van-

    guardistas causaram pouca ressonncia; muito mais tarde, depois da

    guerra, a indstria e o comrcio tinham finalmente captado a mensa-

    gem, e exigiam: Venha uma letra universal!

    A Helvetica foi desenhada para ser uma verso modernizada da Akzi-

    denz Grotesk (propriedade da H. Berthold AG). Comeou por ser comer-

    cializada como Neue Haas Grotesk, por se tratar de uma reformulao da

    Haas Grotesk (propriedade da fundio Haas, a empresa que encarregou

    Max Miedinger de modernizar a fonte).

    A primeira verso foi apresentada em 1957, na feira graphic 57, reali-

    zada em Lausanne. Esta fonte, ento chamada Helvetia, foi introduzida

    no mercado paralelamente famosa Univers, de Adrian Frutiger.

    Pouco depois, a fundio alem D. Stempel AG comprou os direitos

    da Helvetia, adicionou-lhe vrios pesos e graus de condensado e rebapti-

    zou-a com o nome de Helvetica, relanando-a em 1961. Nessa poca, j

    50% do capital da D. Stempel AG se encontrava em posse da Linotype

    AG, representando dentro do grupo Linotype o sector de tipos metli-

    cos de fundio para composio tradicional, manual a fotocomposi-

    o tinha comeado por volta do ano de 1955.A Helvetica no teve por auxiliar de parto um conceito estrutu-

    ral como aquele que Adrian Frutiger inteligentemente deu sua Uni-

    vers, quando inventou uma sistemtica numrica para calibrar os pesos

    Smile for Helvetica

    Para quem no gosta...

    Em baixo: cenas do filme Helvetica

    Desenho de fontes

    http://www.shinntype.com/Stories/Uniformity.pdfhttp://www.shinntype.com/Stories/Uniformity.pdfhttp://www.shinntype.com/Stories/Uniformity.pdfhttp://www.shinntype.com/Stories/Uniformity.pdf
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    e graus de condensao/expanso. Esta falta de sistemtica reflectiu-se

    na pobre esttica das variantes e tornou necessrio um redesign, lanado

    como Neue Helvetica em 1980.

    Sucesso mundial

    Apesar destes entraves, a Helvetica foi a fonte de maior sucesso nos anos60 e 70 pelo menos, foi a fonte mais usada. Substituiu rapidamente a

    antiga Akzidenz Grotesk de 1897, que, no jocoso dizer de Erik Spieker-

    mann, j mostrava muitas rugas.

    A sua falta de personalidade nacional ou regional com todo o direito

    que chamada a fonte sem carcter foi por vezes compensada pelo

    emprego de cor, por exemplo, em posters publicitrios. De resto, a imagi-

    nao criativa dos que optaram pela Helvetica ficava reduzida a explorar as

    formas acentuadamente geomtricas, a compor em ngulos diagonais e/

    ou a tirar partido da vasta gama de pesos e cortes da letra que passou a ser

    a fonte universal e global da segunda metade do sculo XX.

    A fonte das multinacionaisA partir da dcada de 1960, inmeras empresas internacionais adoptaram

    a Helvetica para a sua comunicao. A Lufthansa, a conselho de Otl Aicher,

    adoptou-a para Corporate Typeface. A KLM, a American Airlines e outras

    companhias areas seguiram este trend. Depois veio a BASF, consrcio

    qumico-farmacutico que nessa poca j ocupava em todo o globo 300

    oficinas de impresso, alm de inmeras agncias de publicidade. Tam-

    bm os consrcios Bayere Hoechst, outros dois gigantes do ramo qumico,

    passaram a usar a Helvetica em qualquer parte do mundo onde fizessem

    negcio. No ramo automvel, seguiram-se a Opel e depois a BMW, que usahoje uma fonteparecida com a Helvetica. A MANe a AEG optaram igual-

    mente pelo tipo sem caractersticas.

    Decididamente, a omnipresente Helvetica passou a ser conotada como

    uma fonte moderna, progressista, cosmopolita, internacional. Mas na

    realidade, continuou a ser uma fonte de pobre esttica, pacatamente burguesa, estridentemente

    aborrecida, sem charme, sem elegncia e falha de qualquer temperamento, vitalidade ou

    emoo. Por isso mesmo, a Helvetica foi a campe do Estilo Internacional, opo preferida por

    mestres do desenho grfico, como os suos Max Bill e Josef Mller-Brockmann. Passados 45

    anos depois da introduo, a Linotype listava 115 diferentes membros da famlia de fontes Hel-

    vetica hoje presente no mercado ...um longo bocejo tipogrfico.

    Um flagelo chamado ArialA Helvetica tem sido violentamente pirateada outra expresso da sua ubiquidade e populari-

    dade. Quem no queria investir no produto original, comprava um dos mltiplos clones, muito

    mais baratos: cpias ainda piores que o original, chamadas Swiss, Geneve, Zrich,

    etc. De mal a pior, a degradao continuou quando a ainda jovem Microsoft decidiu poupar-

    se a aquisio da Helvetica e encomendou, em 1982, a fonte Arial Monotype. A Arial, um

    dos Windows core fonts, integrados no pacote do sistema operativo, outra fonte de inigualvel

    banalidade e consegue ser mais feia que o original. Entretanto, at a Microsoft j notou isso; na

    nova verso do Windows, a Helvetica e a Times j no fazem parte dos core fonts...

    Por fim, falta responder pergunta feita no ttulo deste artigo: Para nada.Filme: www.helveticafilm.com

    Entrevista: www.aiga.org/content.cfm/lights-camera-helvetica

    A Newsletter Nr. 92 da empresa Monotype,

    apregoando a Helvetica. Scan gentilmente cedido

    por M.M. Malaquias.

    Desenho de fontes

    http://www.helveticafilm.com/http://www.aiga.org/content.cfm/lights-camera-helveticahttp://www.aiga.org/content.cfm/lights-camera-helveticahttp://www.helveticafilm.com/
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    PrideinUnifor

    mity

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    Dino dos Santos, typeface designer

    j uma referncia internacional da ainda jovem disciplina dotypeface design made in Portugal. As suas requintadas fontes

    mereceram diines das mais conceuadas inuies e um crescente nmero de clientes.

    Dino dos Santos nasceu em 1971, na cidade do Porto. Fiel suas origens, licen-

    ciou-se em Design de Comunicao Visual pela Escola Superior de Artes e Design

    (ESAD), Matosinhos, no ano de 1994. Obteve o seu Mestre em Arte Multimdia,

    pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, em 2002. Presentemente

    docente de Projecto Multimdia e Teoria do Design na ESAD, desde 1996.

    Participou nas Conferncias do Mediterrneo, ESAD, 2003, com uma comuni-

    cao sobre tipografia denominada Abjad, Alefbet, Alfabeto - Pressupostos para uma

    aproximao das culturas mediterrnicas. Dirigiu o workshop de tipografia digital,

    no Instituto Politcnico de Coimbra, em 2004. Dirigiu tambm o workshop de

    tipografia digital Redesenhar a histria Desenhar o futuro, na ESAD, 2005.

    Dino dos Santos dirige desde 1994 a DSType Foundry (www.dstype.com), um atelier de

    criao de tipografia digital, tendo desenhado fontes para diversas empresas, publicaes e

    entidades culturais, nacionais e estrangeiras. Ganhou o Creative Review Type Design Award, na

    categoria Revival / Extension family, com a famlia de fontes Andrade. A tipografia Esta foi con-

    siderada Best Serif Font de 2005 pelo MyFonts.com. A tipografia Nerva foi includa nos Notable

    Releases of 2005 pelo Typographi.com.

    Em homenagem ao famoso calgrafo portugus Manuel de Andrade (16701735), Dino

    dos Santos publicou a fonte caligrfica Pluma. A fonte Methodo baseada nos exerccios paten-

    tes no Methodo Calligraphico de Pinto de Mesquita. Em 2005, Dino dos Santos publicou a fonteAndrade, uma obra-prima da Tipografia digital portuguesa, que apresentamos aos nossos lei-

    tores na pgina seguinte. Entretanto, em 2007, aguardamos com grande expectativa o cl de

    fontes Leitura, com famlias serifadas e sem serifas, demonstrando o virtuosismo e a versati-

    lidade do autor. O PDF de apresentao j est online. Todos os desenhos tipogrficos de Dino

    dos Santos esto vista em www.dstype.com e venda em www.myfonts.com

    Conferncias, exposies, publicaesDino dos Santos participou na conferncia Os novos media e o futuro do design de comunicao,

    ESAD, Caldas da Rainha, 2006. Participou no I Encontro Design Multimdia, ESEC, Coimbra,

    2006. Participou na exposio O Fax a Mensagem, Icograda Lisboa95, no Porto. Exposio

    colectiva Contaminao, Bienal de Cerveira, 2005. Exposio colectiva Contaminao, Gale-

    ria da CM de Matosinhos, 2006. Entre as publicaes de Dino dos Santos destacam-se:

    Trabalho grfico publicado em 1995 no catlogo Creative Xposure - a showcase for new talent.

    Trabalho tipogrfico publicado na revista PAGE nr. 1 - 1998.

    Entrevista e trabalho tipogrfico na revista Publish - Setembro 1998.

    Trabalho de webdesign publicado no livro WebIndex 4, The Pepin Press, 2003.

    Trabalhos tipogrficos publicados: na revista ComputerArts, Julho 2005; na revista Computer-

    Arts, Fevereiro 2006; na revista Creative Review, Fevereiro 2006 e na revista ComputerArts,

    nmero especial sobre Tipografia, Julho 2006.

    Desenho de fontes

    http://www.dstype.com/http://www.dstype.com/http://www.myfonts.com/http://www.myfonts.com/http://www.dstype.com/http://www.dstype.com/
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    A fonte Andrade

    de Dino dos Santos

    Nova escola paraaprender a ler,

    escrever,e contar.

    ADDE PO REGUL

    Offerecida a Augua Mageade

    AN I P RG

    D J V.ADDE BOLD PO REGUL, VESLETES

    Rey de Portugal, primeira parte

    p Manoel de

    Andrade deFigueedo,AN S P RG

    Mere dea Arte nasCidades de Lisboa.

    AN SW P RG

    Desenho de fontes

    Pgina do mostrurio PDF distribudo online

    Ligaduras particularmente belas

    G maisculo, a surpresa

    de um desenho invulgar.Gt

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    Breve Tratado Theorico das Letras

    Typograficas, offerecido a Sua Alteza Real o

    Prncipe Regente Nosso Senhor (Lisboa

    1803), Joaquim Carneiro da Silva.

    Diagnosis Tipogrfica dos caracteres gregos,

    hebraicos e arbicos, addicionada com algvmas

    notas sobre a diviso orthografica da Lingva

    latina e outras da Evropa, a que se jvntaro algvns

    preceitos da Arte Tipogrfica para melhor

    correco e vso dos compositores, aprendizes da

    Imprensa Regia (Lisboa, 1804), Custdio Jos de

    Oliveira.

    Livros tcnicos sobre Tipografia

    publicados em Portugal

    Tecnologias

    Por M. M. Malaquias / Maro de 2007

    P oucos anos depois de iniciarmos a nossa profisso, foidado estampa a segunda edio do livro que, desde a suaprimeira edio em 1908, era considerado ser a Cartilhados Tipgrafos: o Manual do Tipgrafo de Libnio da Silva. Livro

    reeditado em 1962 pelo Grmio dos Industriais Grficos passa-

    dos mais de cinquenta anos e cujo Prlogo nos dizia, que, para

    alm da falta de livros tcnicos sobre Artes Grficas, Portugal toda-

    via conhecera grandes perodos de esplendor ..., documentado em

    coleces de obras dadas estampa nos sculos XVII, XVIII e XIX e

    comeos do sculo xx.

    Esse Prlogo, de Armando Martins de Figueiredo, citava como

    digna de especial relevo a obra mais antiga: a Diagnosis Tipogr-

    fica (Lisboa, 1804) de Custdio Jos de Oliveira. (Obra que o citado

    Grmio prometia reeditar, mas no temos conhecimento que se tenha feita essa

    reedio). Mais tarde, na Biblioteca do Sindicato dos Tipgrafos de Lisboa, fomos

    encontrar um exemplar dessa Diagnosis Tipogrfica obra que considervamos

    ser o primeiro livro sobre tcnica tipogrfica editado em Portugal.

    Contudo, ao consultar a obra de Manuel Canho intitulada Os caracteres de

    Imprensa e a sua evoluo histrica, artstica e econmica em Portugal (Grmio

    Nacional dos Industriais de Tipografia e Fotogravura; Lisboa, Porto e Coimbra,1941), leio no Prefcio referncias Diagnosis Tipogrfica e o comentrio que um

    ano antes, porm, outra importante matria intimamente ligada arte tipogr-

    fica, alcanara j honroso registo na bibliografia portuguesa, datado de 1803, o

    Breve Tratado Theorico das Letras Typograficas, offerecido a Sua Alteza Real o Prn-

    cipe Regente Nosso Senhor, por Joaquim Carneiro da Silva.

    Passmos a Paulo Heitlinger esta informao, que a investigou e confirmou,

    ao encontrar o Breve Tratado digitalizado nas pginas online da Biblioteca Nacio-

    nal. (Veja: http://purl.pt/257)

    Das obras publicadas em Portugal sobre tcnica tipogrfica, desde o Breve Tra-

    tado Theorico das Letras Typograficas de Joaquim Carneiro da Silva, at aos finais

    do passado sculo, passamos a descrever as que chegaram ao nosso conheci-

    mento e destas, as com maior relevncia na divulgao e ensino da Tipografia em

    Portugal:

    Depois da fundao da Imprensa Rgia (1768), pelo Marqus de Pombal,

    os ensinamentos dos mestres vindos do estrangeiro comeavam a florescer nos

    seus discpulos nas vrias actividades tipogrficas, que laboriosamente seguiam

    as regras e princpios procurando tambm aprofundar e estudar mtodos pr-

    prios. o caso da fundio de caracteres e sua tcnica, onde os cuidados geom-

    tricos do desenho obedeciam a normas muito prprias, quer em letras maiscu-

    las, minsculas e nas letras chamadas de grifas ou itlicas.

    Passado um ano depois da publicao do primeiro livro de tcnica tipogr-fica em Portugal, surge na mesma Imprensa Rgia outra obra, o que demons-

    tra a frtil actividade desta casa nos cuidados de ensino tcnico aos seus oficiais

    e aprendizes.

    http://purl.pt/257http://purl.pt/257
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    O extenso ttulo da obra informa sobre o que as suas pginas descrevem, assim

    como outros vrios preceitos da aprendizagem na composio: Diagnosis Tipogrfica

    dos caracteres gregos, hebraicos e arbicos, addicionada com algvmas notas sobre a divi-

    so orthografica da Lingva latina e outras da Evropa, a que se jvntaro algvns preceitos da

    Arte Tipogrfica para melhor correco e vso dos compositores, aprendizes da Imprensa

    Regia (Lisboa, 1804, Custdio Jos de Oliveira). O livro termina com uma Prefaoaos compositores tipogrficos como uma verdadeira ode herica arte de compor e

    aos seus artfices.

    Catlogo de Tipos, Vinhetas e Ornatos da Imprensa Nacional, de 1838, o primeiro

    dos catlogos de materiais tipogrficos provenientes da fundio de tipos da ento

    IMPRENSA NACIONAL (nome adquirido por deliberao das Cortes de 1828, segundo

    Ramiro Farinha em Imprensa Nacional de Lisboa - sinopse da sua histria, publicado no

    II Centenrio desta casa, 1968).

    Em 1895, foi editado o catlogo Fundio da Imprensa Nacional de Lisboa, Emble-

    mas e Ornatos, com uma Parte I Emblemas, incluindo a tabela de preos das respec-

    tivas peas e organizada por sectores tais como: religio, cincias, marinha, trofus,

    comrcio, histria natural, tipografia, etc. E uma Parte II Ornatos, onde se incluem

    peas que ento foram muito utilizadas nas obras tipogrficas at meados do sculo

    passado.

    O Manual do Typografo (1886), de Joaquim dos Anjos, um pequeno livrinho, de

    64 pginas, integrando a Bibliotheca do Povo e das Escolas. Incluiu um interessante

    historial da Tipografia, a aprendizagem dos tipos e respectivas caixas de composi-

    o, os materiais, a tcnica de justificao e espacejao, a reviso das provas, pagina-

    o, a imposio das pginas, entre outras descries dos termos tipogrficos. Uma

    pequena grande ajuda, para quem na altura, em Portugal, pouco ou nada tinha.

    Na altura, em Frana j se tinha publicado em 1855 o tratado Guide Pratique du

    Compositeur dImprimerie (Paris, Firmin-Didot, 1855), de Thotiste Lefevre, na Tipogra-phie et Librairie de Firmin Didot Frres, com abertura de Hommage a MM. Firmin

    Didot (Paul et Alfred), a leur entre dans la carrire tipographique si signement parcourue

    par leur Famille. Uma obra de 440 pginas, impressa em formato in octavo, contendo

    toda a tcnica de composio tipogrfica, incluindo a composio do latim, italiano,

    ingls, grego, copta, alemo, russo, rabe e hebreu, com a descrio dos vrios carac-

    teres no latinos. Obra executada com grande nvel artstico, composta em caracteres

    Didot e impressa em papel de excelente qualidade. (Do Guide pratique du compositeur

    et de limprimeur typographe foi feita uma reimpresso em 1999.)

    Sculo XXO Manual do Tipgrafo (1908, 1.a edio e 1962, 2.a edio) de Libnio da Silva, foi

    no sculo passado a grande obra de referncia da Tipografia portuguesa. Um manual

    da autoria de um industrial que viu a necessidade de colmatar o vazio existente no

    Pas, no s na formao tcnica, como a criao de uma forma prpria de trabalho

    criativo, afim de evitar copiar o que do estrangeiro aparecia. Foi, durante todo o per-

    curso, desde a sua primeira edio at ao fim da Tipografia clssica, a obra que serviu

    os tipgrafos portugueses. Esta obra j se referia s mquinas de compor, da a sua,

    sempre, actual leitura.

    Na Iniciao do Compositor Tipogrfico (1929, de Apto de Oliveira), l-se no pref-

    cio: ao escrevermos estas linhas preliminares deste livro, muito apraz nossa cons-

    cincia que nele figurem os nomes de Joaquim dos Anjos e Libnio da Silva, acujas penas se deve o que de melhor se h escrito sobre o ensino da Tipografia Foi

    uma obra pstuma, alterada em relao ao projecto inicial do Autor. Mas uma obra

    Catlogo de Tipos, Vinhetas e Ornatos

    da Imprensa Nacional, ano de 1895.

    Manual do Tipgrafo (1908, 1.a edio;

    1962, 2.a edio), Libnio da Silva.

    Tecnologias

    Manual do Typografo (1886),

    Joaquim dos Anjos.

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    Cadernos de Tipografia, Nr. 1

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    que soube honrar o seu nome, pois as suas pginas ministram com sentido prtico o

    conhecimento dos materiais e tcnicas de composio aos iniciados e estudiosos do

    assunto.

    Pequeno Manual do Tipgrafo (1939). Esgotados os livros at data publicados, s

    restava aos mestres das escolas criar, eles prprios, pequenas obras, muitas vezes fruto

    de apontamentos, tirados daqui e dali, dos ensinamentos recebidos e da prpria expe-rincia. Obras necessrias ao ensino dos alunos, para dar-lhes uma base de apoio. o

    que se nos afigura deste interessante Pequeno Manual do Tipgrafo da Escola Tipogr-

    fica de S. Jos, no Porto.

    Na mesma linha de publicao do anterior livrinho, surge composto e impresso

    pelos alunos do terceiro ano da Escola Profissional de Semide, o Manual do Impressor

    (Amrico Silveira, 1947). Este Manual ministra noes sobre a histria da Tipografia;

    deontologia e higiene profissional; generalidades; preparao de formas; estudo sobre

    a afinao de minervas, seu funcionamento e tiragem; fundio de rolos; e vocabul-

    rio. No final de cada captulo, apresenta um Questionrio sobre o estudo do mesmo

    um excelente exemplo de pedagogia tcnica.

    Manuel Pedro, um dos grandes mestres da Tipografia portuguesa, nas palavras

    de A. Garibldi, foi um mestre da arte a que se deu, que engrandeceu e notabilizou;

    como estudioso, temos o testemunho da actividade literria, especializada e tcnica,

    que cultivou fecundamente, legando posteridade os seus vastos conhecimentos de

    artista probo, de tcnico consagrado, conhecimentos que enfeixou em numerosos e

    valiosos livros que escreveu.

    Da sua vasta bibliografia, destacamos Tipgrafos Ilustres (1944); Gutenberg e a Arte

    na Imprensa (1945); Os caracteres de Imprensa e a Tipografia Cientfica (1946); Os Burros

    dos Tipgrafos;Os amores de Gutenberg;As Artes Grficas (1947).

    Em 1948, publica uma obra mais abrangente e de grande utilidade: o Dicionrio

    Tcnico do Tipgrafo, valioso instrumento de trabalho, onde foram reunidos os termosutilizados e sua descrio. Acompanhado de um dicionrio biogrfico das figuras not-

    veis da Tipografia portuguesa da poca e das figuras da Tipografia universal. Dez anos

    depois, publicado no Brasil um Dicionrio de Artes Grficas, da autoria de Frederico

    Porta.

    Passado um ano, Manuel Pedro d estampa um dos seus melhores livros sobre

    tcnica tipogrfica o Guia Profissional do Tipgrafo (1949), onde apresenta uma tipo-

    grafia com conceitos modernos, no s na criao, como na forma construtiva do traba-

    lho. De salientar nesta valiosa obra: o emprego da cor e sua tcnica de impresso.

    Conturbada foi a publicao dO Impressor Tipogrfico em 5 volumes (de 1951 a

    1973), pela A. Marchetti, S. D. B. das Escolas Profissionais Salesianas Oficinas de S.

    Jos. Depois de publicados os volumes I (1951), volume II (1956), volume V (1960), s

    passados onze anos, com o apoio da Federao dos Sindicatos dos Grficos, se publi-

    cou o volume III (1971); e mais tarde as Edies Salesianas, do Porto, publica (1973), o

    IV e ltimo volume, completando assim a coleco de cinco volumes. Valiosa obra de

    Mestre Marchetti, S. D. B., formador de inmeros tipgrafos impressores que tam-

    bm souberam transmitir os seus ensinamentos aos colegas das oficinas por onde pas-

    savam. Nos cinco volumes ministrada toda a tcnica tipogrfica e seus materiais, a

    imposio, a preparao das mquinas, os papis e suas espcies, quantidades a uti-

    lizar na tiragem, as tintas, cores e tudo o mais relacionado com a impresso, acaba-

    mento e oramentao do trabalho.

    A Tcnica da Composio (1953) de J. Bergant, S. D. B., veio das Escolas Profissio-nais Salesianas Oficinas de S. Jos. Eram lies tericas para os tipgrafos-composi-

    tores do primeiro ano do curso profissional. Foi o nosso primeiro livro na aprendiza-

    Iniciao do Compositor Tipogrfico

    (1929), Apto de Oliveira.

    Tecnologias

    Tcnica da Composio (1953),

    J. Bergant, S. D. B.

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    gem da composio, graas a um colega Salesiano que nos facultou na altura prpria, e

    ainda hoje consideramos o melhor para quem se iniciava como compositor tipogrfico.

    Na linha de seu pai (Mestre Manuel Pedro) e em sua memria, Manuel Pedro

    (Filho), publica Estudos sobre Tcnica de Composio Tipogrfica (1964), um estudo

    sobre a classificao, diviso e disposio na composio de ttulos, onde, exemplifi-

    cando, ministra as regras ortotipogrficas na construo de ttulos de jornais e revistas;explica os pequenos trabalhos grficos, chamados de fantasia ou remendagem ; comenta

    o exagero no chamado modernismo das capas, assim como a tcnica de composio

    e sua ordem nas lombadas dos livros. Um trabalho actual, onde os princpios bsicos

    da composio so realados, porque no devemos esquecer que o impresso dirigido

    a todas as camadas da populao, como tal, o sentido didctico deve estar sempre pre-

    sente na sua concepo.

    De Antnio Pereira Vilela temos a suaCartilha de Artes Grficas. ApontamentosHistrico-tcnicos e terico-prticos de todas as Indstrias Grficas dos sculos xv a xx .

    (Editora Pax, Braga, 1978) e o Pronturio Grfico (Editora Pax, Braga, 1976), eventual-

    mente o melhor pronturio deste gnero publicado em portugus, incluindo todo a ter-

    minologia da composio manual com tipos de metal, mas tambm a extensa termino-

    logia referente linotipia. Do mesmo autor temos ainda O Livro e Suas Tcnicas, com a

    1.a edio feita em 1992, ISBN: 9726930340. A ltima publicao data de 2004: Artes

    Grficas Noes Elementares.

    Estes so os principais livros sobre tcnica tipogrfica de autores portugueses, que

    se publicaram ao longo destes anos em Portugal. No foram muitos, da que o recurso

    a obras brasileiras e espanholas para quem procurava aprender mais.

    De salientar, do Brasil, e em traduo dos Estados Unidos, o Manual do Tipgrafo,

    de Ralph W. Polk (1948); de Espanha, Teoria y Prctica de la Tipografia, de V. Martnez

    Sicluna (1945), e La Composicin en Artes Grficas, das Ediciones Don Bosco. Livros que

    so autnticos mananciais de tudo o que a Tipografia tinha de tcnica.No campo das revistas e jornais, do passado sculo, conhecemos O Grfico, peri-

    dico do Sindicato dos Tipgrafos; Ccero (1959-1962); Prelo, da Imprensa Nacional,

    entre os principais neste perodo ureo da Tipografia clssica.

    A literatura tcnica fornecida pelas firmas construtoras de maquinaria e fundi-

    es de tipo, foram desde o princpio da industrializao um meio difusor dos moder-

    nos equipamentos e das suas reais capacidades, que nos elucidavam, com exemplos, as

    melhores tcnicas de utilizao. As mquinas, com os seus manuais tcnicos de opera-

    o. E no caso das fundies de caracteres, temos os seus belos catlogos, demonstra-

    tivos da expressividade dos tipos e sua adequada utilizao. Assim como revistas edita-

    das pelas firmas internacionais, divulgando a tecnologia dos seus produtos.

    Aps a revoluo tecnolgica da Tipografia clssica para a Tipografia computori-

    zada, a sua literatura mudou com a utilizao dos programas informticos sempre

    acompanhados dos manuais para a operao desses programas. Actualmente, falta um

    novo Manual grfico em que os princpios da composio sobre os quais os progra-

    mas informticos se baseiam sejam descritos de forma a corresponder com os mto-

    dos operativos que estamos hoje a utilizar.

    Sculo XXA Tipografia est cada vez mais viva, assim a moderna tecnologia o demonstra atra-

    vs dos equipamentos e processos de trabalho em constante evoluo. Na literatura,

    ainda que no tcnica, o interesse dos autores crescente no nosso pas veja-se osseguintes volumes ultimamente publicados: Oficinas e Tipgrafos, cultura e quotidianos

    de trabalho, de Susana Duro (Publicaes D. Quixote, 2003); A Tipografia no concelho

    de Mafra, 1.o volume, de Irina Alexandra Lopes (2006).

    Guia Profissional do Tipgrafo (1948),

    Manuel Pedro.

    O Impressor Tipogrfico,

    5 volumes (1951 a 1973),

    A. Marchetti, S. D. B.

    Tecnologias

    Um monstro mecnico, pesando

    toneladas: a famosa mquina

    de composio Linotype. Ilustrao

    de um prospecto da empresa.

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    Cadernos de Tipografia, Nr. 1

    14

    O Manual Prtico de Produo Grfica (Principia, Lisboa, 2004,

    ISBN 9728818157) veio colmatar uma sria lacuna. No web-site

    www.producaografica.com, a autora Conceio Barbosa d dicas

    e elucidaes sobre os principais temas do seu manual, dirigido a

    estudantes e profissionais do design grfico e da publicidade.

    Conceio Barbosa ps no seu manual materiais de auxlio pr-tico vocacionado aos j iniciados na produo grfica, e para quem

    queira conhecer os aspectos essenciais do trabalho nesta rea. Com

    base na sua experincia como produtora grfica, a autora descreve

    as fases da pr-impresso e da impresso, assinalando as dificul-

    dades a superar e dando dicas para a resoluo dos problemas com

    que se debatem os intervenientes na produo de livros, brochuras,

    folhetos, embalagens, rtulos, cartazes.

    A obra Tipografia, origens, formas e uso das letras, de Paulo Heitlinger (Dinalivro,

    2006, ISBN 13 978-972-576-396-4) embora no sendo o Manual de Boas Prticas

    Tipogrficas que o autor promete publicar em breve , documenta 2000 anos de evo-

    luo e o status quo da Tipografia Clssica e do typeface design contemporneo. Este

    extenso livro 400 pginas, profusamente ilustradas, integrando vrias centenas de

    fontes encontra um prolongamento e vrias actualizaes no site tipografos.net

    M.M. Malaquias, 14 Maro 2007

    Duas obras que faltam em PortugalDe Lucy Niemeyer veio Tipografia: uma apresentao. No seu livrinho (ISBN 85-86695-

    18-1), Lucy Niemeyer divulga noes bsicas; na 4.a edio o livro vem em formato

    maior (14 x 20 cm), com 112 pginas, i lustraes mais numerosas e texto actualizado.Tipografia: uma apresentao a principal referncia brasileira para obter noes bsi-

    cas sobre tipografia e a primeira obra brasileira de introduo ao assunto. Lucy Nie-

    meyer apresenta famlias tipogrficas, um historial da tipografia, noes tecnolgicas

    sobre fontes e consideraes sobre seleco e aplicao de tipos no design grfico.

    Do famoso livro Elementos do Estilo Tipogrfico, verso 3.0, do tipgrafo e poeta

    canadense Robert Bringhurst, sabemos que existe uma traduo para o portugus,

    venda no Brasil. Foi publicada pela editora Cosac Naify. De que que as editoras e

    distribudoras de livros esto espera, para por este excelente livro, j um verdadeiro

    clssico, venda em Portugal? Porque que continuamos a no ter acesso s edi-

    es e revistas brasileiras? Problemas urgentes, por resolver...ph

    Tecnologias

    Elementos do Estilo Tipogrfico,

    verso 3.0, de R. Bringhurst.

    http://www.producaografica.com/http://tipografos.net/http://tipografos.net/http://www.producaografica.com/
  • 8/14/2019 Cadernos de Tipografia 1, 2007

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    Uma fonte xilogrfica assim definiu o designer brasileiro Fer-

    nando Rocha a sua tipografia digital baseada em xilogravura e

    literatura de cordel. A fonte foi feita num projeto da Faculdade(PUC-Rio) e o alvo da pesquisa foram as aulas de gravura. A ideia

    do projeto era desenvolver produtos digitais baseados em tcni-

    cas de gravura; a fonte Thereza foi apenas uma dessas solues.

    O nome da fonte veio da professora Thereza Miranda, que pio-

    neira na fotogravura no Brasil e uma das gravadoras mais impor-

    tantes. Os alunos da PUC tem o maior carinho por ela, mas ainda

    sim o departamento de artes da Faculdade vive tentando aposen-

    tar ela, o que um absurdo, pois se a Thereza sair, no vo acabar

    o curso de gravura...

    O alfabeto foi talhado em madeira, letra por letra, digitalizado

    e corrigido no Illustrator; depois foi processada com o Fontlab.O alfabeto foi escaneado duas vezes, uma vez com a impresso falhada

    e outra com ela bem feita, o que resultou em duas variantes. A fonte foi

    pensada em ser toda em caixa alta, pela sua estrutura e finalidade.

    ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ%?!abcdefghijklmnopqrstuvwxyz12

    A tipografia vernacular brasileira

    A fonte 1 Rial foi desenvolvida em 2006 por FtimaFinizola a partir da observao de fontes vernacularesde placas de rua da cidade do Recife. Partindo daessncia dos desenhos originais, algumas letrasforam retocadas e o os caracteres que faltavam foramcompletados.A fonte marcada por ngulos rectos e traos rsticose grosseiros, mostrando a ferramenta com a qual foi

    elaborada originalmente pelo letrista o pincel. Para conhecer Ftima Finizola e o seutrabalho grfico, veja o site www.corisco.net

    A fonte Tetia, feita em 2004 por Pedro

    Moura, foi desenhada a partir de diversas

    amostras de letras de origem popular, de

    forma a compor um grupo de tipos harmni-

    cos. Esta fonte, que faz parte do acervo Tipos

    Populares, tem um kerning que possibilita

    uma ligao entre as letras, como desenha-

    das em sequncia. As maisculas tm cons-

    trues mais trabalhadas, tornando-a uma

    fonte para ttulos. A fonte Treta tambm de

    autoria de Pedro Moura.

    Amazona

    BelezaVipabcdefghijlmnopqrstuvxz 'letratetia

    TRETAS

    Na Amrica Latina cresce um movimento que contraria o

    globalismo no design. Com uma abordagem fresca e

    imaginativa, uma gerao nova de designers e artistasgrficos assume as suas razes culturais, o imaginrio

    popular, o kitsch, o vernacular.

    No site da Tipografia Popular Brasileira, lemos: Ao contrriodo que se pensa, a Tipografia Popular ainda responsvel por

    boa parte da divulgao de servios e produtos nas grandes

    cidades. A actividade de letrista persiste e resiste remando

    contra a mar das novas tecnologias de impresso,encontrando na periferia dos grandes centros urbanos e no

    interior o seu lugar de actuao. a comunicao de massa,feita pela massa e para a massa. Mais detalhesem www.sibilina.com/tipos/

    Desenho de fontes

    http://www.corisco.net/http://www.sibilina.com/tiposhttp://www.sibilina.com/tiposhttp://www.corisco.net/
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    Cadernos de Tipografia, Nr. 1 Ficha tcnica

    Os Cadernos de Tipografia so redigidos, editados e

    publicados por Paulo Heitlinger; so igualmente proprie-

    dade intelectual deste editor. Qualquer comunicao diri-

    gida ao editor calnias, louvores, propostas de suborno,etc. deve ser feita para [email protected].

    Os Cadernos esto abertos mais ampla participa-

    o de colaboradores, quer regulares, quer episdicos,

    que queiram ver os seus artigos difundidos por este

    meio.

    Os artigos assinalados com o nome do(s) seu autor(es)

    so da responsabilidade destes mesmos autor(es) e

    tambm sua propriedade intelectual.

    Conforme o nome indica, os Cadernos de Tipografia

    incidem sobre temas relacionados com a Tipografia, o

    typeface design, o design grfico, a anlise social e cul-

    tural dos fenmenos relacionados com a edio, publi-

    cao e reproduo de textos e imagens.

    Os Cadernos, publicados em portugus, e ocasional-

    mente e parcialmente tambm em castelhano, galego

    ou catalo, dirigem os seus temas ao mundo lusfono,

    concretamente a leitores em Portugal e no Brasil. OsCadernos de Tipografia no professam qualquer

    orientao religiosa, misticista ou obscurantista.

    Distribuio grtisA distribuio feita grtis, por divulgao da verso

    PDF posta disposio do pblico interessado em

    www.tipografos.net/cadernos/cadernos-1.pdf

    Qualquer pessoa ou instituio poder redistribuir e

    propagar os Cadernos de Tipografia, desde que divul-

    gue cada exemplar na sua totalidade. No permitida a

    divulgao de partes de um Caderno de Tipografia.

    2007 by Paulo Heitlinger. All rights reserved.

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    Tiposfixes!Um workshop para gente jovem,

    que aprende a fazer letrasde modos divertidos.

    Com incio em 2007, Paulo Heitlinger

    organiza Workshops de Tipografia.

    Estes cursos livres so dirigidos a

    crianas dos 10 aos 16 anos de idade.

    O curso dinamizado por Paulo

    Heitlinger e um/uma assistente.

    O workshop realiza-se numa atmosfera

    de oficina de tipografia, com uma

    aproximao ldica a tecnologias e

    processos da tipografia clssica e

    contempornea.

    A durao destes workshops varivel,

    dura 1 dia, 2 ou 3 dias.

    Uma sesso dura, em regra, duas a trs

    horas. Tudo depende do pblico, da

    sua idade mdia, das necessidades e

    possibilidades da entidade que ofereceo workshop, do oramento.

    Recomenda-se este workshop a pais e

    professores, Bibliotecas e organizaes

    de promoo cultural, Ateliers de

    tempos livres, Escolas, etc.O workshop destina-se a alcanar as

    seguintes metas:

    * Desenvolver / cultivar nas crianas uma

    atitude de interesse / curiosidade face s

    letras, as suas formas, a sua

    expressividade, o seu uso.* Desenvolver / reforar o gosto pelas

    letras, apoiado numa atitude ldica e

    criativa para a interpretao de formas

    grficas.

    * Criar uma conscincia do legado

    histrico que as letras representam

    * Incentivar a criatividade / fantasia para

    os processos grficos subjacentes criao

    de novos alfabetos.

    Contacto: 289 366 106 / 91 899 11 05 /

    [email protected]

    Fia tcnica

    mailto:[email protected]://www.tipografos.net/cadernos/cadernos-1.pdfhttp://www.tipografos.net/cadernos/cadernos-1.pdfmailto:[email protected]