Caderno Saúde - Gazeta do Povo

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Editora responsável: Themys Cabral [email protected] GAZETA DO POVO Quarta-feira, 14 de dezembro de 2011 Prescrever medicamentos sem indicações específicas para uma doença e que fazem o paciente se sentir mais confiante – e até mesmo ter alívio em seus sintomas – é uma estratégia cada vez mais usada pelos médicos em todo o mundo Páginas 4 e 5 Tratamento placebo: disponível já nos consultórios As verdades e mentiras da técnica de reposição hormonal PáGINA 7 Como escolher o protetor solar e manter a pele saudável no verão PáGINA 6 Dicas para você ficar longe das micoses e evitar que elas estraguem as suas férias PáGINA 8

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Essa versão final do caderno de dezembro.

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Editora responsável: Themys [email protected]

GAZETA DO POVOQuarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Prescrever medicamentos sem indicações específicas para uma doença e que fazem o paciente se sentir mais confiante – e até mesmo ter alívio em seus sintomas – é uma estratégia cada vez mais usada pelos médicos em todo o mundo Páginas 4 e 5

Tratamento placebo: disponível já nos consultórios

As verdades e mentiras da técnica de reposição hormonalPágina 7

Como escolher o protetor solar e manter a pele saudável no verãoPágina 6

Dicas para você ficar longe das micoses e evitar que elas estraguem as suas fériasPágina 8

2 GAZETA DO POVOQuarta-feira, 14 de dezembro de 2011saúde

Eu supErEi

Rafaela Bortolin

No dia em que conversou com a reportagem da Gazeta do Povo, o fun-cionário público apo-

sentado Amaury* se orgulhava de um feito: naquela quinta-feira de novembro, ele comemorava 43 anos, 2 meses e 11 dias sem ingerir bebidas alcoólicas. “Para quem não conhece minha histó-ria, isso pode parecer bobagem, mas, para mim, cada dia sem beber faz diferença e é uma vitó-ria da qual me orgulho muito.”

A comemoração tem sentido: Amaury abusou no uso do álcool por quase 15 anos e só depois de vários sustos, algumas interna-ções e muitas perdas, ele conse-guiu abrir mão da bebida. “Quase morri e sei que desapontei mui-tas pessoas queridas. Agora, só posso celebrar o fim daquele

sofrimento.” Amaury lembra que a evolu-

ção da doença foi rápida. “Comecei a beber aos 17 anos por curiosida-de. Logo já estava matando aula para ficar no bar, escondia bebida no guarda-roupas e isso foi aumentando até o ponto em que eu acordava e a primeira coisa que fazia era beber, antes mesmo de escovar os dentes.”

Segundo ele, foram alguns anos com períodos de abstinência da bebida e outros com recaídas, inclusive com internações hospi-talares. “Prometia a mim mesmo que não ia beber, fazia os trata-mentos, mas logo abandonava e recaía. Mesmo assim, negava a doença e ficava bravo de as pesso-as me dizerem que eu estava exa-gerando [na bebida].”

O susto maior veio em um dia em que ele desmaiou enquanto tomava água. “Estava há quatro

Após 43 anos de batalhas vencidas, guerra não chegou ao fim

ExpEDiEntE

Caderno Saúde é um suplemento es pecial da Gazeta do Povo de senvolvido pelo núcleo de Saúde. Diretora de Redação: Maria Sandra gonçalves. Edito r Execu tivo: guido Orgis. Edição: Themys Cabral. Diagra ma ção: allan Reis. Capa: Daniel Castellano. Re da ção: (41) 3321-5316. Fax: (41) 3321-5472. Co ­mer cial: (41) 3321-5904. Fax: (41) 3321-5300. E­mail: saude@ga zeta do povo. com.br. Endereço: R. Pedro ivo, 459. Curi tiba-PR. CEP: 80.010-020.Não pode ser vendido separadamente.

Próxima edição

11 DE jAnEiro

dias sem beber. Apaguei completa-mente e me levaram ao hospital. Depois dos exames, o médico me disse que, se continuasse bebendo, eu iria morrer porque tinha cirrose e meu fígado estava muito com-prometido. Nem isso me comoveu. Sai de lá e fui direto para o bar.”

ViradaAmaury conta que um dia foi marcante em sua recuperação: 1º de setembro de 1968. “Estava ven-do tevê e apareceu uma propa-ganda do Alcóolicos Anônimos (AA) falando sobre uma reunião. No dia 5, data do encontro, me arrumei e estava saindo de casa quando minha mãe perguntou aonde eu iria. Respondi que ia arrumar minha vida.”

Foi só na reunião que ele diz ter tomado consciência da gravidade da doença. “Fiquei impressionado como as histórias das outras pesso-as eram parecidas com a minha. Não havia pobres e ricos ali. Independentemente da condição financeira, éramos todos iguais em nossa doença. Depois disso, nunca mais bebi.”

Segundo ele, mesmo após tanto tempo, ele não se descuida. “Se vejo alguém ingerindo bebida alcóolica, não sinto vontade por-que sei que não posso. Mesmo assim, me preocupo. Por um moti-vo bobo posso ficar triste, buscar o álcool como ‘muleta’ e botar por água abaixo todo o meu esforço nas últimas décadas.”

recomendaçãoPara quem está passando por uma situação semelhante, Amaury recomenda: o primeiro passo é admitir que tem problemas com álcool e que perdeu o controle da vida. “A pessoa tem de querer aju-da e reconhecer que é impotente contra o álcool. Todos os alcoóla-tras precisam de ajuda.”

*Por causa das normas seguidas pelo Alcóolicos

Anônimos, de proteger o sigilo de seus partici-

pantes, Amaury não revelou seu sobrenome e

pediu que a foto dele fosse tirada na contraluz.

“Hoje, não me importo de as pessoas beberem perto de mim, porque tenho consciência dos meus limites. Sei que, se beber um copo de cerveja, vai desencadear todo aquele sofrimento novamente. Cheguei à sarjeta moral e não quero aquilo nunca mais para a minha vida.”

Amaury, funcionário público aposentado

intErAtiViDADE

Você tem alguma história de superação? Conte para nós. Você pode virar o tema da próxima coluna Eu Superei.

Escreva [email protected]

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Especial

Dâmaris Thomazini

Receitar um tratamento pla-cebo (usando medicamen-tos que não possuem indica-ções específicas para curar

uma doença e que fazem o paciente se sentir mais confiante) pode beirar a loucura, mas não para vários médi-cos estrangeiros e até para alguns profissionais brasileiros. Uma pes-quisa publicada no British Medical Journal mostrou que, nos Estados Unidos, pelo menos 50% dos médi-cos prescrevem estes tratamentos a seus pacientes. E isso não acontece só lá. Um índice similar foi verifica-do em outros países, como Dina-marca, Israel, Suécia, Reino Unido e Nova Zelândia.

Entre os americanos, os medica-mentos prescritos variam de com-primidos para dor de cabeça a vita-minas, além de antibióticos e sedati-vos. Os médicos receitam estes remé-dios em busca do chamado “efeito placebo”. Ou seja, eles estão atrás das consequências do uso da droga sobre

a mente do paciente e não do resul-tado químico da utilização do medi-camento no organismo.

E, por mais controverso que seja o uso deste método, esses médicos encontram respaldo científico no que estão fazendo. Estudos interna-cionais sugerem que 60% a 90% das drogas prescritas pelos médicos dependem do efeito placebo para serem efetivas, o que significa que a cura também está na cabeça do paciente.

“Há uma expectativa do sistema nervoso em relação ao efeito das medicações: ele pode anular, rever-ter ou ampliar as ações farmacológi-cas de certos medicamentos, o que faz com que até substâncias inertes [o placebo puro] provoquem efei-tos”, explica o psiquiatra e secretá-rio da Associação Brasileira de Psiquiatria na Região Sul, Cláudio Meneghello Martins.

Embora não se tenha conheci-mento para explicar cientificamen-te como e por que acontece o efeito placebo, sabe-se que o estímulo gera-

do pelo uso de um remédio pode alterar a percepção cerebral da dor e causar impactos físicos e emocio-nais. “As hipóteses giram em torno de uma alteração nos neurotrans-missores como a serotonina, a nora-drenalina e a dopamina”, diz Martins. Essas três substâncias são responsáveis pelas nossas variações de humor, disposição e energia.

“O paciente tem a sensação de que alguém realmente se interessou pelo seu problema. Nesses casos, o

tratamento placebo dá um apoio psicológico fantástico e faz com que a pessoa se sinta melhor e mais segu-ra”, esclarece o presidente do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, o urologista Renato Tâmbara. “Mas essa prática não deve ser usada indis-criminadamente”, adverte.

Neste ponto, a discussão sobre esta prática expõe seu ponto frágil, já que no tratamento placebo a droga

é receitada sem que o paciente saiba que, na verdade, ela não possui ação efetiva contra o seu mal. “Se o profis-sional perceber que não há necessi-dade do uso de medicações, ele não deve receitar nada. Esse tipo de con-duta não possui amparo ético: não se pode enganar o paciente”, critica o cardiologista, especialista em bioéti-ca, membro do Conselho Federal de Medicina e um dos revisores da últi-ma versão do código de ética médica brasileiro, José Eduardo de Siqueira.

Prescrever tratamento placebo, com medicamentos que não têm indicação para cura, mas que deixam o paciente

mais confiante, está cada vez mais comum entre os médicos estrangeiros. No Brasil, a prática é vista com ressalvas

Melhoria real ou imaginária?

“Há uma expectativa do sistema nervoso em relação ao efeito das medicações: ele pode anular, reverter ou ampliar as ações farmacológicas, o que faz com que até substâncias inertes provoquem efeitos que não dependem delas.”Cláudio Meneghello Martins, psiquiatra e secretário da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) na região Sul.

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Prescrever tratamento placebo, com medicamentos que não têm indicação para cura, mas que deixam o paciente

mais confiante, está cada vez mais comum entre os médicos estrangeiros. No Brasil, a prática é vista com ressalvas

Melhoria real ou imaginária?

A comparação da eficácia de novos medicamentos com uma

substância inerte, o placebo puro, é restrita no Brasil. Este recurso é autorizado somente quando uma doença ainda não possui trata-mentos descobertos contra ela – segundo os médicos, uma situação cada vez mais rara.

“Não aceitamos que, em um estudo, um grupo receba uma droga ativa e o outro fique sem tratamento. Isso contribuiria para a piora de pessoas que já estão em situação vulnerável. Se um paciente tem uma doença com tendência à progressão, ele tem direito a um tratamento efetivo durante uma pesquisa”, afirma a especialista em neurociência da Universidade Federal de São Paulo

Brasil proíbe o uso em pesquisas quando há alternativas

(Unifesp) e membro da Comissão Nacional de Ética em Pesquisas (Conep), Margareth Priel.

Esta posição brasileira, porém, entra em rota de colisão com a Declaração de Helsinque, que autoriza a comparação de medica-mentos novos com substâncias inertes, mesmo que já existam tra-tamentos estabelecidos. Esta decla-ração é responsável por normati-zar universalmente a ética em pesquisas com seres humanos.

“Esse foi o único ponto da decla-ração que o Brasil não aceitou. A última revisão do nosso código de ética médica incluiu o artigo 106, que proíbe o profissional de man-ter qualquer vínculo com pesqui-sas médicas que usem placebos em seus experimentos quando já hou-ver um tratamento eficaz em uso”, explica o especialista em bioética, José Eduardo Siqueira.

A explicação para esta relutân-cia é simples. Segundo os médicos, utilizar o placebo seria mais vanta-joso para os laboratórios farma-

cêuticos, não para o paciente. “Não tem cabimento comparar uma droga com uma substância inerte, pois é claro que a substância ativa terá efeito mais benéfico do que o placebo”, diz Siqueira.

Um estudo da Escola de Medicina de Harvard, de autoria de Ted Kaptchuk, publicado em dezembro de 2010, analisou a reação de 80 pacientes com síndrome do intes-tino irritável à prescrição de pla-cebos feita da forma considerada mais ética: eles foram informados que usariam pílulas sem ingredien-tes ativos.

Assim, um grupo não recebeu tratamento e o outro foi medicado duas vezes ao dia com drogas des-critas como “comprimidos de açú-car” e a palavra “placebo” impressa no recipiente dos remédios. Os resultados não poderiam ser mais surpreendentes: 59% dos pacien-tes que usaram a substância inerte relataram alívio nos sintomas da

síndrome – caracterizada por dores abdominais – contra 35% do gru-po não tratado.

“Nossos resultados desafiam a ideia convencional de que o efeito placebo necessita do desconhecimento do paciente para acontecer”, disse o pesqui-sador à Associação Americana de Psicologia (APA, em inglês).

consciênciaEfeito também ocorre se paciente sabe que é placebo

O efeito placebo também tem o seu reverso: o efeito colateral a substâncias inertes ou a tra-tamentos aos quais um pacien-te sente rejeição ou temor caracteriza o chamado efeito nocebo. De acordo com o artigo “Novos dados sobre o efeito nocebo”, da Harvard Health Publications, enquanto o efeito placebo libera endorfinas que aliviam a dor, o nocebo ativa receptores que estimulam a produção de hormônios rela-cionados ao estresse, como o cortisol, afetando a percepção de incômodos.

“Se existe uma expec-tativa negativa por parte do paciente, a tendência é que o tratamento não corra

bem. As consequên cias seriam o aparecimento de queixas, efeitos colaterais e o abandono do acompanhamento médico”, diz o psiquiatra da Associação Brasileira de Psiquiatria Cláudio Meneghello Martins.

O efeito nocebo traz à tona até mesmo maus momentos do passado. “Experiências negativas ou efeitos colaterais ocorridos anteriormente podem se repetir diante de visões, sons ou outros sinais associados a um tratamento. Este ‘condiciona-mento’ ajuda a explicar por que cerca de uma a cada três pes-soas sente náusea e até mesmo vomita ao entrar no local onde fez quimioterapia”, diz o artigo da universidade americana.

noceboTratamento com resultados ruins

Placebo é um termo técnico utilizado em pesquisas clínicas que comparam a ação de uma substância ativa com outra inerte – o medicamento placebo.

Tratamento placebo é usado na medicina, fora da pesquisa, quando um médico receita uma droga ciente de

que ela não possui ação farmacológica contra uma doença específica.

Efeito placeboé o resultado esperado quando se faz um tratamento placebo. Sob o efeito placebo o paciente se sente mais confiante e até a apresenta melhoras em seus sintomas.

intErAtiViDADE

Qual sua opinião sobre o tratamento placebo indicado por médicos?

Escreva [email protected] cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

“Não aceitamos que em um estudo, um grupo receba uma droga ativa e o outro fique sem tratamento.”

Margareth priel, especialista em neurociência da Universidade Federal de São Paulo e membro da Comissão Nacional de Ética em Pesquisas (Conep)

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Compare

Fotos: Priscila Forone e Marcelo Elias / Gazeta do Povo

Dâmaris Thomazini

Corpos mais à mostra e o iní-cio da busca pelo bronzeado anunciam a chegada do verão. Porém, quando o

assunto é sol, o descuido com a pele acarreta consequências graves: o câncer mais comum entre os brasi-leiros é o câncer de pele e os raios ultravioleta A (UVA) e B (UVB) atu-am juntos no desenvolvimento da doença que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), é res-

ponsável por 25% dos tumores malignos registrados no país.

“Não existe uma dose segura de sol, por isso não é possível garantir um bronzeado 100% saudável. O UVA, da mesma forma que desenca-deia o bronzeado, causa danos e vai custar um nível de envelhecimento da pele no futuro”, alerta o especia-lista em fotoproteção e membro da Sociedade Brasileira de Derma-tologia (SBD), Sérgio Schalka.

Para minimizar os danos, o uso de protetor solar é fundamental na hora de esticar o corpo na areia ou na beira da piscina mesmo em dias nublados, pois a radiação continua a afetar a pele ainda que o sol não apareça. “O ideal é buscar um bron-zeamento lento, com proteção solar e, mesmo assim, fora dos horários de pico da radiação UVB (entre 10h e 16h30), causadora de

queimaduras”, alerta o professor de dermatologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e chefe do serviço de der-matologia da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, Luiz Carlos Pereira.

O filtro ajuda não só na preven-ção de queimaduras – quando a pele fica avermelhada e dolorida –, mas também evita o envelheci-mento precoce, o câncer de pele e o aparecimento de rugas e man-chas. Mas, para garantir estes bene-fícios, é preciso aplicar camadas espessas sobre a pele e ter o produ-to sempre à mão.

“Os pacientes erram ao utilizar fatores de proteção muito baixos, aplicar pouca quantidade do pro-duto e – o erro mais comum – não reaplicar o filtro durante o dia. Mesmo que a embalagem diga que

a proteção dura mais de quatro horas, é preciso reaplicá-lo de duas em duas horas”, reforça a médica pós-graduada em dermatologia da clínica Toujours Belle, Emmanuelle Regina Bertoldi Pache.

Faça as contas: se uma pessoa leva cinco minutos para ficar ver-melha sob o sol, com um FPS 30 ela vai levar cerca de 150 minutos, ou 30 vezes mais tempo. No entanto, segundo Schalka, o uso de filtro solar não é uma “licença para matar”. “Seu uso deve ser feito como forma de proteção e não como artifício para aumentar o tempo de exposição ao sol. O filtro não nos deixa totalmente ilesos das consequências da radiação”, alerta.

Para ter mais saúde sob o sol do verão, compare as propriedades dos produtos e fique atento na hora de escolher o seu protetor solar.

Identifique as

diferenças entre os

filtros solares e

mantenha sua pele

livre das complicações

do verão

Proteção solar às claras

Veja como escolher o seu protetor solar:

fique atento

ForMAu Spray – Indicado para pessoas

com muitos pelos pelo corpo, principalmente homens, devido a sua facilidade de aplicação. É ideal para alcançar grandes superfícies como costas e pernas e também para ser usado para proteger o couro cabeludo de carecas.

u Creme – Ideal para pessoas com a pele mais seca, que necessitem de mais hidratação, por exemplo, idosos acima de 60 anos, que possuem a pele escamada e precisam absorver mais gordura.

u Gel-creme – Mais fluído, é indicado para pessoas jovens e adultas com pele normal, mista e oleosa.

Filtro FísiCo ou quíMiCoOs elementos físicos e químicos podem ser combinados em um mesmo protetor solar – o que fornece mais proteção para a pele – ou então serem vendidos de forma separada. Ambos precisam ser reaplicados a cada duas horas e devem ser espalhados pelo corpo em quantidades generosas.

u Filtro físico: Reflete a radiação. Composto por partículas minerais como dióxido de titânio e o óxido de zinco, é um pó branco com aparência similar ao talco e age como uma capa protetora. É indicado para qualquer tipo de pele, especialmente para crianças pequenas com até 10 anos de idade, ou pessoas alérgicas a filtros químicos.

u Filtro químico: Neutraliza e absorve a radiação, impedindo que ela penetre na pele devido à presença de protetores químicos sintéticos em sua formulação.

Bloqueador ou protetor solar?A definição “bloqueador” será banida em breve por meio de uma alteração na legislação do Mercosul, pois ela remete o consumidor a uma ideia de proteção máxima, o que não existe. O melhor é falar ou oferecer apenas “protetor” solar.

UVA e UVBA radiação UVA está presente no ambiente durante todo o dia. Ela atinge a pele nas camadas mais profundas, é a principal causadora do envelhecimento precoce e atua como coadjuvante na incidência de câncer de pele.Já a radiação UVB tem uma ação mais superficial, sendo responsável pelas queimaduras solares e manchas. É a principal causadora do câncer de pele. Está mais concentrada no período das 10h às 16h30.

FAtor DE protEção solAr (Fps)Mede a proteção contra queimaduras solares. Está relacionado ao tempo que uma pessoa leva para desenvolver uma lesão na pele ou vermelhidão produzidas pelos raios UVB.

u Mínima proteção (6 a 15): Não possui indicação médica por ser considerada uma proteção insignificante.

u Proteção moderada (15 a 30): Para pessoas mais morenas, que se expõem ocasionalmente ao sol e buscam hidratar a pele. Para uma exposição mais frequente ao sol a recomendação da SBD é de FPS 30, no mínimo.

u Alta proteção (30 a 50): Para pessoas com a pele morena clara e que pretendem se expor diretamente ao sol.

u Máxima proteção (50 a 100): Pessoas com a pele muito clara e sensível ao sol e também para pacientes em tratamento de doenças dermatológicas.

ppD (pErsistEnt pigMEnt DArkEning)Mede a proteção contra os raios UVA que agem na pigmentação da pele. Procure um protetor solar com PPD que seja o equivalente a pelo menos um terço do FPS – um FSP 30 deve ter PPD 10, por exemplo. No Brasil, a maioria das marcas não apresenta esta informação por não ser obrigatória. Se não encontrar as indicações, compre um produto que garanta a proteção UVA e UVB. Há produtos que podem representar o PPD com pequenas cruzes. Dê preferência a produtos com três cruzes.

u Uma cruz: PPD igual a quatro.

u Duas cruzes: PPD varia de quatro a oito.

u Três cruzes: PPD acima de oito.

Fontes: Sérgio Schalka, especialista em fotoproteção, membro da SBD; Luiz Carlos Pereira, chefe

do serviço de dermatologia da Santa Casa e professor de dermatologia da PUCPR, e Emmanuelle

Regina Bertoldi Pacher, médica pós-graduada em dermatologia da clínica Toujours Belle.

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Tratamento

Rafaela Bortolin

Não tem jeito: basta os pri-meiros sinais da menopau-sa aparecerem, como ondas de calor, insônia e

alterações no ciclo menstrual, para que a mulher precise buscar um método para regularizar as taxas de progesterona e estrogênio – hor-mônios que o corpo deixa de produ-zir nesta fase da vida. Essa é a regra, ao menos, para cerca de 80% das mulheres, a partir dos 50 anos. Os benefícios de buscar este método são grandes: além de ajudar na pre-venção da algumas doenças, como a osteoporose, a técnica alivia os sintomas da menopausa e regulari-za o metabolismo da mulher, o que ajuda a diminuir a oleosidade dos cabelos e melhorar o tônus da pele. Mas, mesmo amplamente receita-da pelos médicos ginecologistas, a reposição hormonal ainda é cerca-da por uma série de mitos. Veja os principais a seguir:

O uso de hormônios

engorda? E as chances

de ter câncer de mama

são maiores em

mulheres que usam a

técnica? Veja o que é

verdade e o que não

passa de lenda sobre o

método que ameniza

os sintomas da

menopausa

Os 7 mitos da reposição hormonal

ingErir sojA DispEnsA o uso DE rEposição.É mito porque a soja contém isoflavona, uma substância que tem ação parecida à do estrogênio no organismo, o que ajuda a aliviar os sintomas da menopausa, mas a quantidade no alimento é muito pequena para substituir a reposição. Como os efeitos são de longo prazo, o ideal é combinar uma alimentação rica em isoflavona desde cedo e, após a menopausa, não abrir mão do tratamento.

rEposição horMonAl CAusA CânCEr DE MAMA. É m ito. Em 2002, um grande estudo, realizado nos Estados Unidos, sugeriu que mulheres que usavam reposição hormonal tinham mais chances de ter câncer de mama. Hoje, sabe-se que o aumento absoluto das chances é pequeno – passa de 30 para 38 casos a cada 10 mil mulheres –, e vale principalmente para mulheres com mais 60 anos e que utilizam a reposição há mais de cinco anos. Além disso, os hormônios atuariam no desenvolvimento de tumores já existentes e não seriam capazes de desencadear a criação de novos.

toDAs As MulhErEs nA MEnopAusA prECisAM usAr rEposição horMonAl.É mito porque, como um dos objetivos da reposição é aliviar os sintomas da menopausa, como ondas de calor, insônia, alterações no ciclo menstrual, secura vaginal e sudorese noturna, somente as mulheres que têm essas manifestações recebem orientação para tomar hormônios. Pacientes com câncer de mama, trombose, que já tiveram um enfarte ou um AVC, diabéticas e hipertensas, com as doenças descontroladas, não devem utilizar a reposição.

CAusA problEMAs CArDíACos E ostEoporosE.É mito. A reposição, na verdade, ajuda a prevenir essas doenças. Por agir na parede das artérias, o estrogênio protege contra a concentração de gordura no local, o que diminui os níveis de colesterol e ajuda na prevenção de arteriosclerose e enfarte. Como o estrogênio também influencia na saúde dos ossos, a baixa no hormônio faz a mulher na menopausa perder massa óssea, o que facilita o apareci mento da osteoporose. A reposição fortalece a massa óssea, diminuindo as chances de desenvolvimento da doença.

o trAtAMEnto EngorDA.É mito porque, durante a menopausa, a mulher tem uma redistribuição da massa adiposa e a gordura começa a se concentrar no abdômen e nas mamas, o que passa uma impressão de que ela está mais “gordinha”, mas essa alteração não tem relação com o tratamento.

A MulhEr DEVE toMAr A rEposição pArA o rEsto DA ViDA.É mito. A média de utilização é de cinco anos, mas o tempo varia bastante. Algumas mulheres usam a reposição por mais de dez anos, enquanto outras não mais do que três anos. O ideal é que, anualmente, o ginecologista faça uma avaliação da necessidade dos hormônios e, caso identifique uma evolução considerável na contenção dos sintomas, dispense o uso.

A úniCA ForMA DE rEposição É ViA orAl.É mito porque a mulher pode optar pela utilização de comprimidos ingeridos via oral todos os dias, adesivos (trocados duas vezes por semana), implantes subcutâ-neos com duração de seis meses a um ano ou cremes e géis aplicados diariamente na pele ou pela via vaginal. A vantagem dos métodos que não passam pela via oral é que os hormônios caem direto na corrente sanguínea, o que não sobrecarrega o fígado, diminuindo a possibilidade de danos hepáticos e amenizan-do efeitos colaterais.

Fontes: Almir Antonio Urbanetz, membro da

Febrasgo; Jaime Kulak, delegado da Sobrac;

Maria Leticia Fagundes, médica ginecologista do

Hospital Vita; Petra Mirella Theiss, professora do

curso de Nutrição da UTP.

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Cuidados

Umidade e altas

temperaturas

contribuem para a

proliferação dos

fungos

Não deixe uma micose atrapalhar o seu verão

Dâmaris Thomazini

N inguém quer ter como recordação do último verão uma micose. Mas, segundo a Sociedade

Brasileira de Dermatologia (SBD), elas estão em terceiro lugar no ranking das causas mais frequen-tes de atendimentos dermatológi-cos no Brasil, atrás apenas dos transtornos de pigmentação (segundo lugar) e acne, líder dos atendimentos.

Os fungos causadores das micoses superficiais – muito comuns na estação que começa no próximo dia 21 – se prolife-ram em locais quentes e úmidos: vãos dos dedos dos pés, virilhas, couro cabeludo e unhas. Mas, evi-tando a umidade e com cuidados simples – como enxugar o corpo de forma cuidadosa – é possível evitar a doença.

“Para ter uma micose, além de entrar em contato com o fungo, é necessário que o organismo ofereça condições para que ele se instale e se adapte”, explica o coordenador da área de dermatologia do Laboratório Fleury de análises químicas, Luiz Guilherme Martins Castro.

Com o problema já instalado, o tratamento demanda a utilização de produtos antifúngicos receita-dos por um dermatologista. Subestimar a doença pode piorar a situação: “A micose entre os dedos pode virar uma ferida que é uma porta aberta para a entrada de bactérias como a erisipela, cau-sadora de infecções que afetam principalmente as pernas e preci-sam de mais atenção, com trata-mento feito a base de antibióti-cos”, alerta o coordenador do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da SBD, Heitor de Sá Gonçalves.