Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

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CADERNO DE RESUMOS

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O III Simpósio de História Regional e Local, promovido pelo Programa de Pós-graduação em História Regional e Local (PPGHIS) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), realizado a cada dois anos no Campus V-Santo Antônio de Jesus, encontra-se na sua terceira edição, e tem representado importante espaço de debates e interlocução entre professores-pesquisadores, estudantes de graduação e pós-gradução de diversas universidades da Bahia e de outros Estados do Brasil. Um dos objetivos é o de acessar e estabelecer trocas de conhecimentos, na perspectiva interdisciplinar, sobre temas variados de interesse regional, nacional e internacional que envolvem dimensões sociais, culturais, políticas, econômicas, geográficas, educacionais, visando a intensificação de discussões teóricas e metodológicas, bem como a divulgação de pesquisas e reflexões sobre temas relacionados à História Regional e Local, na perspectiva de avançar-se sobre análises da recente historiografia brasileira e internacional. Por se tratar de um evento que abre um importante leque de reflexões historiográficas, teóricas e metodológicas, o PPGHIS, juntamente com o Departamento de Ciências Humanas do Campus V – Santo Anônio de Jesus, estão empenhados na integração do público docente e estudantil de outras universidades e demais unidades de ensino da região, sejam federais, estaduais e municipais, com a intenção de democratizar o acesso aos debates acadêmicos, de forma a contribuir para a disseminação de conhecimentos qualificados no município e região de Santo Antônio de Jesus. Nesta terceira edição, estão previstos debates em torno dos temas eleitos sobre o Ensino de História, Ensino e História da África e Pesquisa e politica de acervos no Brasil. Para tanto, o III Simpósio contará com Mesas Redondas, Simpósios Temáticos, palestras, exibição de filme e lançamento de livros, com participações de professores-doutores, pesquisadores, cineasta, autores da Universidade do Estado da Bahia e de outras universidades baianas e brasileiras, além de atividades culturais regionais. III SIMPÓSIO DE HISTÓRIA REGIONAL E LOCAL – de 15 a 17/10/2013 LOCAL: Departamento de Ciências Humanas- Universidade do Estado da Bahia, Campus V – Santo Antônio de Jesus.

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CADERNO DE RESUMOS

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Reitor:

Prof.Lourisvaldo Valentim da Silva

Vice-Reitora:

Adriana Mármori

Pró-Reitor de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação:

Prof.Dr. José Cláudio Rocha

Diretora do DCH V:

Profa.Ms Cláudia Pereira de Sousa

Coordenadora do PPGHIS

Profa. Dra.Sara Oliveira Farias

Vice- coordenadora do PPGHIS

Profa. Dra. Maria das Graças de Andrade Leal

COMISSÃO ORGANIZADORA:

Docentes

Cristiana Ferreira Lyrio Ximenes

Cristina Luna

Edinélia Maria Oliveira Souza

Maria das Graças de Andrade Leal

Nancy Rita Sento Sé de Assis

Priscila Gomes Correa

Sara Oliveira Farias

COMISSÃO CIENTÍFICA

Ana Paula Medicci

Cláudia Pons Cardoso

Clebemilton Nascimento

Cristiana Ferreira Lyrio Ximenes

Cristina Luna

Page 3: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

Edinelia Maria Oliveira Souza

Flavio Gonçalves dos Santos

Jânio Roque Barros de Castro

José Jorge Andrade Damasceno

Juvenal de Carvalho Conceição

Miguel Cerqueira dos Santos

Miralva dos Santos

Priscila Gomes Correa

Raimundo Nonato Pereira Moreira

Rosemere Ferreira da Silva

Suzana Severs

Virgínia Queiroz Barreto

Zózimo Trabuco

SECRETARIA

Andréia Lemos Passos

Helder Peixoto da Costa

MONITORES

Adilson Santana Souza

Aline Michele F. M. Pereira

Ana Cláudia A. dos Santos

Carla Virgínia G. Oliveira

Clarice dos Santos Borges

Cristiane Silva Santos

Danilo Ramos S. Gonçalves

Diana de Sousa Santos

Emanuele dos Santos Silva

Iraildes da Silva Queiroz

Page 4: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

Jamile Souza dos Santos

Joélia da Silva Melo Pena

Joseane Berhends Santos

Josineide Costa Souza

Juliete Reis dos Santos

Jurahumara Santos Jesus

Leidiane Santos Oliveira

Letícia Pereira Conceição

Marcos Vinicios Nascimento

Milane de Jesus Santos

Paulo Marcos Pereira

Roseane Alves dos Santos

Sandra dos Santos

Taíze dos Reis Souza

Vilmar Ferreira da Silva

Vlademir França Alves

__________________________________________________________

III Simpósio de História Regional e Local 1:2013: Santo Antônio de Jesus de Jesus,BA.

Caderno de resumos do III Simpósio de História Regional e Local. / Universidade do

Estado da Bahia; Programa de Pós-Graduação em História Regional e Local, Santo

Antônio de Jesus: UNEB, 2013.

132 p.

ISBN:

1. História – congressos. 2. Historiografia.

II. Universidade do Estado da Bahia – Departamento de Ciência Humana

Programa de Pós-Graduação em História Regional e Local.

III. Título

_______________________________________________________

Page 5: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

APRESENTAÇÃO

O III Simpósio de História Regional e Local, promovido pelo Programa de Pós-

Graduação em História Regional e Local (PPGHIS), em parceria com o Departamento

de Ciências Humanas-Campus V e pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-

Graduação da Universidade do Estado da Bahia, e apoiado pela Fundação de Amparo

à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), encontra-se na sua terceira edição e tem

representado importante espaço de debates e interlocução entre professores-

pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação, por promover a produção

de conhecimento científico através de apresentação de trabalhos inovadores, que

envolvem temáticas da história social, cultural, política e econômica, oriundos de

diversas instituições de ensino superior da Bahia e do Brasil. Propicia, neste sentido, a

ampliação do diálogo entre os segmentos de pesquisadores da área de história, em

particular, não obstante as presenças de pesquisadores de áreas afins (antropologia,

ciência política, sociologia, educação, letras, geografia), intensificando discussões

teóricas e metodológicas interdisciplinares, bem como a apresentação pública de

pesquisas empíricas sobre temas relacionados à História Regional e Local, na

perspectiva de avançar-se sobre análises da recente historiografia brasileira e

internacional.

Para que melhor possamos acompanhar a programação, neste Caderno de

Resumos está apresentada a composição do evento, na qual estão incluídas quatro

mesas redondas, com participação de professores convidados de universidades

baianas e brasileiras, onde serão debatidas questões relativas à historiografia, história

regional e local, educação histórica, ensino e história da África, pesquisa e política de

acervos no Brasil, além dos nove Simpósios Temáticos que contemplam

comunicações de pesquisas sobre temáticas relativas à região, identidades,

patrimônio, cultura, memória, biografia, relações de poder, sociedade, política, ensino

de história, África, cultura afro-brasileira, gênero, raça/etnia e sexualidade.

A partir de esforços conjuntos, estamos realizando este evento, cujos

resultados serão vivenciados por todos os inscritos, sejam apresentadores de

trabalhos ou ouvintes, durante esses dias. Aproveito a oportunidade de, em nome da

Comissão Organizadora, agradecer a parceria e colaboração da Profa. Dra. Sara

Farias, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em História Regional e Local,

de professores, alunos e funcionários que se envolveram na organização deste

Page 6: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

Simpósio, ao mesmo tempo em que desejo a todos e todas excelente estadia com

frutíferos resultados acadêmicos, individuais e coletivos.

Profa. Dra. Maria das Graças de Andrade Leal Coordenadora do III Simpósio de História Regional e Local Outubro/2013

Page 7: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

1. PROGRAMAÇÃO COMPLETA DO SIMPÓSIO

15/10/2013 – terça feira

Horário Atividade Local

8:00 –17:00 Credenciamento

Área de Convivência

9:00-9:30 Solenidade de abertura Auditório Milton Santos

09:30-12:30

Mesa Redonda de abertura História regional e local no debate

historiográfico Coordenação: Profa. Dra. Priscila Gomes Correia 1- Prof. Dr. Eudes Fernando Leite – Universidade Federal da Grande Dourados – Mato Grosso do Sul 2- Prof. Dr. Erivaldo Fagundes Neves (UEFS) 3- Prof. Dr. Edson Armando Silva (Universidade Estadual de Ponta Grossa)

Auditório Milton Santos

12:30–14:00 INTERVALO PARA ALMOÇO

14:00-17:00

Simpósios Temáticos

Salas Pavilhão 1 e 2

17:00–18:00

Sessão BATE PAPO COM AUTOR - Prof. Me. Edinaldo Antonio Oliveira Souza - livro “Lei e Costume: experiências de trabalhadores na Justiça do Trabalho (Recôncavo Sul, Bahia, 1940 -1960) – EDUFBA, 2012

- Prof. Dr. Miguel Cerqueira dos Santos - Livro: Turismo em Ambiente Costeiro no Brasil e em Portugal, Eduneb, 2013.

- Prof. Dr. Jânio Roque de Castro - Livro: Da casa à praça pública: a espetacularização das festas juninas no espaço urbano, eduneb, 2012.

Auditório Milton Santos

18:00– 19:00 INTERVALO

19:00-21:00 Mesa redonda Educação histórica: dilemas e perspectivas no ensinar-aprender história. Coordenação de Mesa: Profa. Dra. Cristiana Ximenes (Uneb) 1- Prof. Dr. Paulo Mello – FEUSP 2- Profa. Dra. Tatiana de Lima (UFRB) 3 - Prof. Dr. Leandro A. Almeida (UFRB)

Auditório Milton Santos

Page 8: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

16/10/2013 – quarta feira

Horário Atividade Local

8:30-12:30

Simpósios Temáticos

Salas Pavilhão

1 e 2

12:30-14:00 INTERVALO PARA ALMOÇO

14:00-17:00 Mesa Redonda

Ensino e História da África Coordenação: Prof. Dr. Wilson Mattos (UNEB)

1- Prof. Me. Denilson Lessa (UNEB-GT)

2- Prof. Dr. Acácio Sidinei Almeida Santos (PUC/SP; FACAMP - Faculdades de Campinas; Casa das Áfricas-SP)

3-Prof. Dr. Luis Nicolau Parés (UFBA)

Auditório Milton Santos

17:00-18:30 Bate papo com autores / autógrafos Prof. Dra.Kátia Lorena Novais Almeida – livro: Alforrias em

Rio de Contas – Bahia (Século XIX) EDUFBA, 2012.

Auditório Milton Santos

18:30-19:00

INTERVALO

19:00-21:00 Exibição de vídeo documentário

FEMININO CANGAÇO Documentarista Manoel Neto e o diretor Lucas Viana

Auditório Milton Santos

Page 9: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

17/10/2013 – quinta feira

Horário Atividade Local

8:30-12:30

Simpósios Temáticos

Salas Pavilhão

1 e 2

12:30 – 14:00

INTERVALO PARA ALMOÇO

14:00-17:00

Mesa Redonda de encerramento

Pesquisa Histórica e política de acervos no Brasil: avanços e dilemas

COORDENAÇÃO: Prof. Me. Marcos Profeta Ribeiro (UNEB)

1- Prof. Dr. Caio Boschi (PUC-MG)

2- Prof. Dr. Flavio Weinstein Teixeira (UFPE-Recife) 3- Profa. Stela Dalva Teixeira Silva (UESC)

Auditório Milton Santos

17:30-18:30 Bate papo com o autor / autógrafos

Prof.Dr.Caio Boschi LIVROS: Por que estudar História? São Paulo: Ática, 2007. Brasil – Colônia nos arquivos de Portugal, Alameda, 2011.

Profa.Dra. Avanete Pereira Sousa

LIVROS: A Bahia no Século XVIII: poder político local e atividades económicas, Alameda, 2012. Poder político local e vida cotidiana: a Câmara Municipal da Cidade de Salvador no século XVIII, Edições UESB, 2013.

Prof. Me. Marcos Profeta Ribeiro Livro: Mulheres e poder no Alto Sertão da Bahia: a escrita epistolar de Celsina Teixeira Ladeia (1901 a 1927), Alameda, 2012.

Prof.Dr. João José Reis

Auditório Milton Santos

18:30 20:30

Coffe Break / apresentação cultural

ENCERRAMENTO

Área de convivência

Page 10: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

2. SIMPÓSIOS TEMÁTICOS

PROGRAMAÇÃO

ST1 – Região, identidades e patrimônio

ST2 – Gênero, raça/etnia e sexualidades na pesquisa: textualidades

acadêmicas, literárias, práticas pedagógicas e ativistas

ST3 - Campos da História Cultural: diálogos interdisciplinares

ST4 – História, memória e (auto) biografia

ST5 – América Portuguesa: cultura, sociedade e relações de poder

ST6 – Experiências de sociabilidades populares na Bahia monárquica e

no pós-abolição

ST7 – Ditadura e transição política na América do Sul

ST8 – Ensino e História da África e cultura afro-brasileira

ST9 – Ensino de História: experiências e reflexões

ST 1 - Região, identidades e patrimônio

Coordenadores: Prof. Dr. Miguel Cerqueira dos Santos (UNEB) e Prof. Dr. Jânio

Roque B. de Castro (UNEB

1. Retratos da Bahia: panorama social e político da cidade de salvador no

século XIX. (Antonio Marcos de Almeida Ribeiro)

2. A proclamação da República pelo viés dos periódicos baianos (Matheus

Berlink Fonseca)

3. Cercas e progresso: cidade cercada e animais fora das ruas (Alcides de Jesus

Lima)

4. Vale o escrito: o Jogo do Bicho na Feira moderna (1940-1960) (Carlos Alberto

Alves Lima)

5. Evolução histórica da rede urbana do recôncavo baiano: a influência dos

meios de transportes na organização da hierarquia urbana (Uelington Silva

Peixoto)

6. Mutações territoriais no município de Santo Antônio de Jesus/Ba: análise

entre gestão, crescimento, ambiente e qualidade de vida. (Miguel Cerqueira

Santos e Alane Pereira dos Santos)

7. Riscos Ambientais e Juventudes no Recôncavo Baiano (Maris Gonçalves

Conceição Santos)

8. O Conselho Estadual de Cultura da Bahia: Patrimônio, intelectuais e

identidade baiana. (1967-1975) (Anselmo Ferreira Machado Carvalho)

Page 11: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

9. A atuação do serviço do patrimônio histórico e artístico nacional (SPHAN) na

preservação das igrejas históricas presente nos municípios de Ituberá e

Camamu, estado da Bahia (1937 – 1967) (Vanessa de Almeida Dócio)

10. As novas formas de uso da praça conselheiro Antônio Rebouças no carnaval

de Maragogipe após o registro em patrimônio imaterial da Bahia (Erick Gomes

Conceição/Ramon Andrade de Souza/Dr. Janio Roque Barros de Castro)

11. O Combate dos Soldados das Espadas de Fogo: A Tradicional Guerra de

Espadas de Cruz das Almas-BA (William de Jesus Sodré)

12. As bolsas de mandinga no Brasil Colonial: Demonologia e feitiçaria no século

XVIII (Priscila Natividade de Jesus)

13. A festa de Yemanjá e a Igreja Católica em Salvador: aproximações e

distanciamentos (Fernanda Reis dos Santos)

14. As Artes de Cura no Brasil: de crime de curandeirismo à condição de

Patrimônio Imaterial. (Marina Assunção Gois Rodrigues)

15. Um pedaço da Bahia: um olhar sobre a Região de Mundo Novo. (Lucas Adriel

Silva de Almeida)

16. O leão e os outros animais: luta pela terra no sertão baiano do século XIX.

(Macio Andrade do Nascimento)

17. A Terra e os Homens: estrutura e conflitos fundiários no Portal do Sertão Baiano

na Primeira República (Francemberg Teixeira Reis)

18. Traços de uma região: recôncavo da atividade fumageira (Margarete Nunes

Santos)

19. Reflexões sobre a liderança feminina na comunidade remanescente

quilombola do Tucum/BA (Karla Dias de Lima)

20. Trajetória, Cultura e Identidade na Comunidade Negra Rural de Lagedo -

Mirangaba-BA (Marcelo Nunes Rocha)

21. O mapeamento participativo como uma forma de empoderamento das

comunidades tradicionais. (Maria Valdelice Vieira Santos)

Page 12: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 1 - Região, identidades e patrimônio

Coordenadores: Prof. Dr. Miguel Cerqueira dos Santos (UNEB) e Prof. Dr. Jânio

Roque B. de Castro (UNEB

SALA: 8 (Pavilhão 2)

CRONOGRAMA

16.10.2013 (quarta feira)

Horário: 8:30 – 12:30 h

1. Retratos da Bahia: panorama social e político da cidade de salvador no

século XIX. (Antonio Marcos de Almeida Ribeiro)

2. A proclamação da República pelo viés dos periódicos

baianos (Matheus Berlink Fonseca)

3. Cercas e progresso: cidade cercada e animais fora das ruas (Alcides de

Jesus Lima)

4. Vale o escrito: o Jogo do Bicho na Feira moderna (1940-1960) (Carlos

Alberto Alves Lima)

5. Evolução histórica da rede urbana do recôncavo baiano: a influência dos

meios de transportes na organização da hierarquia urbana (Uelington Silva

Peixoto)

6. Mutações territoriais no município de Santo Antônio de Jesus/Ba:

análise entre gestão, crescimento, ambiente e qualidade de vida. (Miguel

Cerqueira Santos e Alane Pereira dos Santos)

7. Riscos Ambientais e Juventudes no Recôncavo Baiano (Maris Gonçalves

Conceição Santos)

8. O Conselho Estadual de Cultura da Bahia: Patrimônio, intelectuais e

identidade baiana. (1967-1975) (Anselmo Ferreira Machado Carvalho)

9. A atuação do serviço do patrimônio histórico e artístico nacional

(SPHAN) na preservação das igrejas históricas presente nos

municípios de Ituberá e Camamu, estado da Bahia (1937 – 1967)

(Vanessa de Almeida Dócio)

10. As novas formas de uso da praça conselheiro Antônio Rebouças no

carnaval de Maragogipe após o registro em patrimônio imaterial da

Bahia (Erick Gomes Conceição/Ramon Andrade de Souza/Dr. Janio Roque

Barros de Castro)

11. Criação da Diocese de Amargosa: Expansionismo Religioso ( Dilma

Filgueiras de Santana)

Page 13: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

1710.2013 (quinta feira)

Horário: 8:30 – 12:30 h

1. O Combate dos Soldados das Espadas de Fogo: A Tradicional Guerra de

Espadas de Cruz das Almas-BA (William de Jesus Sodré)

2. As bolsas de mandinga no Brasil Colonial: Demonologia e feitiçaria no século

XVIII (Priscila Natividade de Jesus)

3. A festa de Yemanjá e a Igreja Católica em Salvador: aproximações e

distanciamentos (Fernanda Reis dos Santos)

4. As Artes de Cura no Brasil: de crime de curandeirismo à condição de

Patrimônio Imaterial. (Marina Assunção Gois Rodrigues)

5. Um pedaço da Bahia: um olhar sobre a Região de Mundo Novo. (Lucas Adriel

Silva de Almeida)

6. O leão e os outros animais: luta pela terra no sertão baiano do século XIX.

(Macio Andrade do Nascimento)

7. A Terra e os Homens: estrutura e conflitos fundiários no Portal do Sertão

Baiano na Primeira República ( Francemberg Teixeira Reis)

8. Traços de uma região: recôncavo da atividade fumageira (Margarete Nunes

Santos)

9. Reflexões sobre a liderança feminina na comunidade remanescente

quilombola do Tucum/BA (Karla Dias de Lima)

10. Trajetória, Cultura e Identidade na Comunidade Negra Rural de Lagedo -

Mirangaba-BA (Marcelo Nunes Rocha)

11. O mapeamento participativo como uma forma de empoderamento das

comunidades tradicionais. (Maria Valdelice Vieira Santos)

Page 14: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 1 - Região, identidades e patrimônio

RESUMOS

1. Retratos da Bahia: panorama social e político da cidade de salvador no

século XIX

Antonio Marcos de Almeida Ribeiro

O presente trabalho analisa os principais aspectos sobre a constituição da cidade de

Salvador durante o século XIX articulando essencialmente as posições políticas e

sociais. Além de apresentar um panorama acerca do traçado urbanístico, mercado de

trabalho e religiosidade. Revelando assim um microcosmo de pluralismo racial o que é

fundamental para a fixação da personalidade do que é ser baiano. Salvador situava-se

como metrópole regional na qual se concentrava um intenso fluxo de trocas e

redistribuição de mercadorias. Cidade mestiça que também guardava inúmeras

incongruências em suas relações sociais e étnicas. Mais do que uma aglomeração de

construções, pelourinho, marcos arquitetônicos a construção de uma identidade

citadina dependente da pluralidade que a transcende. O ponto crucial é que Salvador

será ao longo de sua existência uma cidade inquietante e revolucionária com o

desenvolvimento de várias ações e discursos em sua dimensão identitária em sua

constituição enquanto patrimônio material e imaterial.

2. A proclamação da República pelo viés dos periódicos baianos

Matheus Berlink Fonseca

Este trabalho analisa os discursos jornalísticos utilizados pelos três jornais de maior

circulação da cidade de Salvador, O Jornal de Notícias da Bahia, A República Federal

e o Diário de Notícias, durante a primeira quinzena após a Proclamação da República

do Brasil. Busco compreender o posicionamento político de cada um desses jornais a

partir das suas orientações políticas, respectivamente, um neutro, um republicano e

um conservador. As principais fontes utilizadas foram os jornais, além dos inquéritos

policiais e textos de Olavo de Carvalho. A metodologia utilizada foi a análise do

discurso e o diálogo com a bibliografia específica sobre o tema da Proclamação da

República como as obras de Jose Murilo de Carvalho para o Rio de Janeiro e Wlamyra

Albuquerque para a Bahia. A pesquisa revelou que o discurso local foi tendencioso

Page 15: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

para o republicanismo o que influenciou na difusão dos acontecimentos do novo

sistema de governo na imprensa soteropolitana.

3. Cercas e progresso: cidade cercada e animais fora das ruas

Alcides de Jesus Lima

Este trabalho tem como finalidade analisar as medidas tomadas na década de 1940

pela municipalidade para modernizar a cidade de Itaberaba,Bahia. As principais

medidas adotadas se relacionavam ás práticas cotidianas da população, já que a

cidade foi cercada para proibir a entrada e permanência dos animais no perímetro

urbano. No entanto, os moradores resistiram a todas as medidas desenvolvidas pela

municipalidade, inclusive a adoção de leis que multava aqueles que insistiam nos

costumes contrários a urbanidade. Analisa-se também a introdução de alguns

melhoramentos urbanos visando o embelezamento da cidade, bem como a introdução

de serviços urbanos. O discurso sanitarista também era muito presente e estava

diretamente vinculado as políticas de combate a criação de porcos e cães soltos nas

ruas da urbe. Além disso, faz-se uma breve análise dos serviços de iluminação, já que

sua introdução 1938 contribuiu para o pensamento progressista, adotado pelo

poder público municipal e imprensa.

4. Vale o escrito: o Jogo do Bicho na Feira moderna (1940-1960)

Carlos Alberto Alves Lima

Considerando o jogo elemento constitutivo da cultura nossa atenção se voltará para

uma concepção estrita, interessa-nos o jogo, na forma da jogatina, uma prática lúdica

que de alguma forma proporciona experiências subversivas aos ditames valorativos de

uma sociedade a qual pertence, ou simplesmente uma válvula de escape para

extravagar as emoções latentes. Tomaremos o jogo então, como: “uma atividade ou

ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de

espaço. Assim, buscaremos dar conta, aqui, do jogo enquanto fenômeno ocorrido e

localizado na Feira de Santana, entre as décadas de 1940-1960, particularmente no

“Complexo da Rua do Meio”. Momento de grandes transformações na cotidianidade

brasileira, com destaque para a modernização dos costumes e do comportamento, do

crescimento das taxas de urbanização, como também da consolidação de uma nova

Page 16: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

etapa do capitalismo e de uma forma de trabalhismo implantado na chamada Era

Vargas. Na urbe feirense moderna se jogava de tudo: carteado, dominó, bingo, roleta,

víspara. De toda a variedade de jogos, optaremos por analisar o “jogo do Bicho”.

Dentre tantos fatores, a escolha deste se deve pela repercussão que essa modalidade

tivera ao longo do período que propomos estudar, sendo alvo da repulsa jurídica e da

defenestração moral da imprensa. Sem contar que no “Complexo da Rua do Meio”

localizava-se grandes pontos de venda dessa loteria.

5. Evolução histórica da rede urbana do recôncavo baiano: a influência dos

meios de transportes na organização da hierarquia urbana

Uelington Silva Peixoto

A lógica capitalista envolve e coordena as dinâmicas do mundo, de uma forma tão

incisiva, que mudanças ocorridas nas esferas econômicas e decorrentes de

modificações técnicas, refletem em toda a dinâmica territorial do espaço. O acelerado

ritmo de mudanças globais tem interferido de forma incisiva nos modos de produção,

nas dinâmicas territoriais e modos de vida da população. Diante dessas mudanças,

pode-se perceber o processo de desindustrialização das cidades e uma ascensão do

setor terciário para atender as necessidades do sistema capitalista de produção.

Assim, a integração regional, por meio das redes urbanas, é responsável pela

polarização e organização espacial. As cidades não conseguem viver isoladas, por

conta disso, se interligam por meio de redes de transportes, comunicações e

comerciais. O Recôncavo Baiano foi palco de intensas transformações na logica da

hierarquia urbana, pois agentes hegemônicos distintos lançaram reflexos no território.

Nessa perspectiva, o presente trabalho se debruça em investigar a influencia dos

meios de transportes na organização da hierarquia urbana do Recôncavo Baiano. No

intuito de atingir os objetivos propostos, os caminhos metodológicos foram divididos

em dois momentos. Primeiramente, foi realiza uma ampla pesquisa bibliográfica,

concentrando-se em obras atuais, construção de fichamentos e resenhas, além de

consultas ao acervo da internet. Posteriormente, foi necessário baixar um banco de

dados no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o qual foi processado

no software Terra View. Dentre outros resultados, foi possível identificar as mudanças

na hierarquia urbana ao longo do tempo, que culminaram numa organização espacial

atual, pautada na maior dinamicidade e dialogo com outras regiões do estado.

Page 17: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

6. Mutações territoriais no município de Santo Antônio de Jesus/Ba: análise

entre gestão, crescimento, ambiente e qualidade de vida.

Miguel Cerqueira dos Santos

Alane Pereira dos Santos

As transformações que acontecem com o passar dos anos vão ficando ainda mais

evidentes quando materializadas no espaço, de forma que resultam nas diferentes

paisagens. Todas refletem um modo de vida da sociedade que ali vive. O município de

Santo Antônio de Jesus/Ba não fica fora deste contexto, dado ao fato de que

apresenta-se como um dos mais importantes do Recôncavo Baiano, principalmente

pela sua capacidade em atrair pessoas para o desenvolvimento das atividades

comerciais e de serviços. Observa-se ainda que, nas últimas décadas, o município tem

sido considerado como um grande polarizador tanto pelo oferecimento de serviços,

quanto pela variedade do seu comércio, bem como pela instalação de algumas

indústrias. Partindo de tais propósitos, considera-se importante o entendimento de

como as transformações ocorridas ultimamente interagem mediante ao processo de

interlocução entre planejamento/gestão, crescimento/desenvolvimento, ambiente e

melhoria das condições de vida. Para tanto, busca-se, especificamente, situar o

município de Santo Antônio de Jesus no contexto das modificações territoriais

ocorridas ultimamente no Recôncavo Baiano, estabelecer um paralelo entre os

conceitos de crescimento, desenvolvimento, planejamento, gestão e qualidade de vida

e, por fim, discutir o papel do planejamento frente às discussões propostas

anteriormente. O desenvolvimento desta pesquisa surge da necessidade de contribuir

para o preenchimento da lacuna no tocante a análise da relação entre

crescimento/desenvolvimento, planejamento e qualidade de vida, em Santo Antônio de

Jesus. Este município, nas últimas décadas, vem passando por significativas

modificações territoriais, o que fortalece, ainda mais, a sua capacidade de atração de

pessoas e mercadorias, oriundas de diferentes regiões da Bahia e até mesmo de

outras localidades do Brasil e do mundo. O rápido crescimento observado em Santo

Antônio de Jesus provoca impactos positivos e negativos. Para isso, demanda a

realização de trabalhos desta natureza, com o intuito de contribuir para a elaboração

de políticas públicas, visando novas trajetórias de desenvolvimento.

Palavras-chaves: Santo Antônio de Jesus, crescimento, planejamento e condições de

vida.

Page 18: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

7. Riscos Ambientais e Juventudes no Recôncavo Baiano

Miguel Cerqueira dos Santos

Maria Gonçalves Conceição Santos

O presente trabalho tem o propósito de ampliar as discussões sobre os riscos

ambientais e as vulnerabilidades dos jovens, numa das mais importantes regiões do

Brasil, o Recôncavo Baiano. A situação dos riscos passa a ser um assunto de extrema

necessidade, na contemporaneidade. A maneira como as relações territoriais ocorrem,

nas últimas décadas, produz uma paisagem dicotômica. Por um lado, ampliam-se as

inovações tecnológicas, aumentam-se os fluxos de mercadorias e de transportes e

possibilitam-se o acesso ao emprego e a renda, para uma pequena parcela da

população. Por outro lado, encontramos um número significativo de pessoas que

convivem com sérios riscos ambientais, o que demanda reflexões.

8. O Conselho Estadual de Cultura da Bahia: Patrimônio, intelectuais e

identidade baiana. (1967-1975)

Anselmo Ferreira Machado Carvalho)

O presente artigo trata de problematizar a relação entre as noções de patrimônio e

identidade baiana na consolidação das políticas culturais no período da criação do

Conselho de Cultura da Bahia em 1967. Assim, destacam-se como construtores desta

identidade baiana mais voltada para os elementos tradicionais, a exemplo da

referência ao patrimônio arquitetônico, os intelectuais que compunham o Conselho,

nomeados pelo governador do estado e concatenados com as proposituras do

Conselho Federal de Cultura, órgão criado na vigência da ditadura militar no Brasil

9. A atuação do serviço do patrimônio histórico e artístico nacional (sphan)

na preservação das igrejas históricas presente nos municípios de Ituberá

e Camamu, estado da Bahia (1937 – 1967)

Vanessa de Almeida Dócio

O presente artigo aborda a historicidade das políticas e práticas de preservação do

patrimônio histórico-arquitetônico desenvolvidas no Estado da Bahia, a partir do

Page 19: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

município de Camamu e Ituberá. Investiga especificamente os limites e alcances das

medidas voltadas para a proteção das igrejas de origem jesuíticas existentes no

território daquela cidade com objetivo de pesquisar de que maneira a implantação de

uma legislação de proteção do patrimônio nacional concebida no âmbito dos poderes

públicos (federal e estadual), no período compreendido entre os anos de 1927 a 1967,

se refletiu em medidas efetivas de proteção ao patrimônio local. Abordando os

elementos justificadores da não salvaguarda das edificações por parte do Serviço do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), ao mesmo tempo em que se

analisa a atuação das prefeituras municipais no tocante a preservação de seu

patrimônio histórico arquitetônico e da comunidade local na promoção da manutenção

das edificações históricas.

10. As novas formas de uso da praça conselheiro Antônio Rebouças no

carnaval de Maragogipe após o registro em patrimônio imaterial da Bahia

Erick Gomes Conceição*

Ramon Andrade de Souza**

Dr. Janio Roque Barros de Castro***

O carnaval é uma das festividades mais importantes que se tem registro, pela sua

especificidade e valor histórico. Estudos apontam que esta festa tem suas raízes

surgindo desde o ano 3000 a.C. No Brasil essa festividade ocorre nas mais variadas

formas e nos diferentes espaços contribuindo assim para a manutenção da cultura

popular, algumas cidades ganharam destaque com o seu carnaval como o Rio de

Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife e Olinda, as festas nestas cidades ganharam

características de megaeventos. Na cidade de Maragogipe, acontece um carnaval um

tanto quanto diferente do que ocorre na capital baiana. Os mascarados e as

marchinhas são as principais marcas da festa carnavalesca da cidade. Diante de sua

importância cultural, o IPAC¹ registrou o carnaval de Maragogipe como Patrimônio

Imaterial da Bahia no ano de dois mil e nove, estando no livro de registro três, que

abrange as celebrações. Após este registro diversas modificações estruturais

estão sendo percebidas na espacialização da festa. Nessa perspectiva, este trabalho

se propõe a identificar as novas formas de uso da Praça Conselheiro Antônio

Rebouças no carnaval após a festa ser registrada como patrimônio imaterial da Bahia.

Como procedimento metodológico fez-se entrevistas semiestruturadas com seis

moradores locais, observação in lócus, e a análise de fotografias. A pesquisa

identificou que após o registro da festa como patrimônio imaterial da Bahia, houve uma

nova organização espacial do Carnaval de Maragogipe, com destaque para a

concentração da festa na Praça Conselheiro Antônio Rebouças, pois a mesma passa

a dispor de uma maior quantidade de bares e elementos que fixam os brincantes na

Page 20: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

mesma, como um coreto móvel tocando marchinhas carnavalescas antigas e um palco

com apresentação de bandas.

11. O Combate dos Soldados das Espadas de Fogo: A Tradicional Guerra de

Espadas de Cruz das Almas-BA

William de Jesus Sodré

A guerra de espadas, também chamada de luta de espadas, é a prática que utilizar

fogos de artifício de Classe A, tradicional na festa Junina da cidade de Cruz das

Almas, tornou-se com passar do tempo parte integrante da cultura da cidade e tendo

sua prática se perpetuado por diversas gerações. O presente artigo procura discutir os

principais aspectos da tradicional Guerra de Espadas de Cruz das Almas na Bahia,

neste sentido, procura apresentar algumas questões essenciais que permeiam esta

tradição centenária. No que se refere à questão da tradição na cidade, o artigo procura

analisar como esta tradição está presente no cotidiano da cidade bem como se dá a

relação com a população local, procurando destacar como a tradicional Guerra de

Espadas possui potencialidades positivas e negativas se colocando neste contexto

social e despertando reações diferentes dentro da população da cidade. O recorte

temporal do presente artigo abrange de 2000 a 2011, período em que através das

pesquisas prévias foi constatada grande repercussão da tradição nos principais

veículos de comunicação da Bahia. Outra questão fundamental para a escolha do

recorte temporal foi a questão da proibição da Guerra de Espadas em Junho de 2011,

que novamente trouxe a questão da tradição para o centro das discussões na cidade.

Dessa forma ainda procuro entender a ligação da festa junina e a Guerra de Espada

demonstrando os processos desta cultura e sua construção dentro da cidade de Cruz

das Almas, no sentido de identificar os sujeitos que estão inseridos nesta tradição e

como estes se posicionam referente à guerra de espada e suas consequências. E

neste sentido o presente artigo se justifica por ter como objetivo principal preservar a

identidade cultural da cidade através das análises e discussões estabelecidas ao logo

do trabalho, trazendo assim a temática para debate e reflexão a respeito de sua

elucidação no contexto analisado, sendo esta questão a principal motivação para

escolha da temática abordada. A metodologia de pesquisa utilizada foi desenvolvida

na forma conceitual e teórica (método histórico), respaldado por pesquisa bibliográfica,

envolvendo a coleta de dados do período observado na pesquisa, (2000-2011), com o

objetivo de análise e compreensão da tradição da Guerra de Espadas, utilizando-se

ainda de fontes orais em um caráter investigativo e analítico a partir dos dados

coletados e das leituras realizadas.

Page 21: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

12. As bolsas de mandinga no Brasil Colonial: Demonologia e feitiçaria no

século XVIII

Priscila Natividade de Jesus

O estudo sobre as bolsas de mandinga relacionado com a atuação da inquisição na

repressão e julgamentos de crimes de feitiçaria ganha atenção em nosso trabalho,

pois nos permite estudar acerca do universo religioso e cultural daqueles que

portavam e produziam as bolsinhas de mandinga no Brasil colonial, assim como

discutir a importância dos amuletos e o poder de seu conteúdo para aqueles que os

usavam. Cabe ressaltar que a utilização e crença nas bolsas de mandinga não

estavam apenas entre a população negra colonial, encontrava-se também inserida

entre a população de cor branca mesmo que em menor proporcionalidade. Nosso

estudo se desenvolve a partir do caso de José Martins, negro livre, processado,

julgado e condenado pela Inquisição Portuguesa pelo crime de feitiçaria por portar

uma bolsa de mandinga. Para a inquisição, as bolsas de mandinga eram sinônimo de

feitiçaria e demonologia, sendo assim julgada pelo poder e significado mágico que

representava perante seus usuários, assim como pelo conteúdo que carregava em seu

interior, composto por elementos da igreja católica, sendo os mais comuns orações,

pedra D’ara, hóstias consagradas e sanguinhos. O amuleto também reunia em seu

interior elementos de outras culturas. Deste modo, é interessante se pensar acerca do

sincretismo religioso que se configurara a partir dos elementos que compunham as

bolsas de mandinga.

13. A festa de Yemanjá e a Igreja Católica em Salvador: aproximações e

distanciamentos Fernanda Reis dos Santos

A festividade afro-brasileira que surgiu na manifestação católica. Esta é a

pecualiaridade da Festa de Yemanjá em Salvador,entre os anos de 1924 a 1976. Esta

festa a partir dos anos 1930 passou a acontecer independente do calendário da Igreja

católica. Apesar de o dia 2 de fevereiro ser consagrado a Nossa Senhora das

Candeias, não há nenhuma associação entre o orixá e a Virgem Maria. Mesmo

porque, a escolha pela data foi ocasional, em virtude de que o presente que os

pescadores faziam para ser entregue ao mar, acontecia na chamada segunda-feira

gorda, ou seja, no último dia da festa de Santana. Talvez na tentativa de branquear o

culto à Yemanjá no Brasil, especificamente na Bahia, por vezes encontramos

referências deste orixá à santas católicas. Entretanto, o espaço do culto e a forma de

Page 22: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

organização demarcam definitivamente uma separação entre esses dois universos

religiosos. Diante disso, o considero como um culto exclusivo do candomblé, sem

nenhuma relação com o catolicismo. Para tanto, utilizamos jornais locais e cartas

pastorais como fontes fundamentais para esta análise.

14. As Artes de Cura no Brasil: de crime de curandeirismo à condição de

Patrimônio Imaterial.

Marina Assunção Gois Rodrigues

A legislação que criminaliza o curandeirismo tornando ilícitas quaisquer expressões

das variadas maneiras de curar que não fossem a medicina oficial, que consta no

artigo 158 do código penal republicano define como se constituindo em crime

“ministrar ou simplesmente prescrever, como meio curativo interno ou externo, e sob

qualquer forma preparada, substâncias de qualquer dos reinos da natureza, fazendo

ou exercendo assim o ofício denominado de curandeiro\". Em função de planos

higienistas da sociedade, foi coibida qualquer qualidade de expressão da religiosidade

popular, bem como as maneiras de cuidar de si por meio das artes de curandeiros e

benzedores.

O decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, reforça a política de

hegemonização da medicina no Art. 284, onde estipula como crime de curandeirismo

sob pena de detenção: “Exercer o curandeirismo: I - prescrevendo, ministrando ou

aplicando, habitualmente, qualquer substância; II – usando gestos, palavras ou

qualquer outro meio; III - fazendo diagnóstico”.

Através de políticas institucionais que revisitam o conceito de patrimônio, ampliando

sua definição, proporcionando o significado de bens intangíveis foi criado o decreto nº

3.551, de 4 de agosto de 2000, voltado ao “Registro de Bens Culturais de Natureza

Imaterial que constituem o patrimônio cultural brasileiro”, onde compreende

“compreende o Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro como os saberes, os ofícios, as

festas, os rituais, as expressões artísticas e lúdicas”.

Desta maneira, a documentação pertinente ao que concerne o patrimônio cultural do

Brasil, que vem sendo atualizada periodicamente, pela primeira vez pode abranger as

expressões culturais das artes de cura. Este trabalho se propõe a realizar uma

percepção do consentimento institucional deste percurso de cultura criminalizada, à

reconhecida em sua importância como testemunhos culturais que compõem o

patrimônio intangível do Brasil, após os exemplos do inventário destas práticas em

dois casos brasileiros: a Farmacopéia Popular do Cerrado e a Rede Fitovida no Rio de

Janeiro.

Page 23: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

15. Um pedaço da Bahia: um olhar sobre a Região de Mundo Novo.

Lucas Adriel Silva de Almeida

Com vasto território e parte dele com investigações historiográficas rarefeitas, o estado

da Bahia acaba sendo, ainda hoje, alvo fácil de generalizações feitas sobre sua

estrutura sócio-cultural. Este estudo busca analisar a formação de uma região dentro

do território baiano entre os anos de 1923 e 1937, com o objetivo de compreender

melhor os processos de ocupação do território do estado da Bahia. O processo de

construção desta região teve como coluna dorsal o ramal da linha ferroviária que

penetrou no município de Mundo Novo, dando destaque a três pontos bem específicos

neste contexto as localidades do França, Cinco Várzeas (Piritiba) e Barra. Estas

localidades, que são, dentro do território do município de Mundo Novo, neste período,

os pontos onde passam a funcionar as estações ferroviárias, viram pontos de

referência dentro da nova dinâmica social montada neste espaço. Defendemos,

portanto, que no interior deste município, nesse recorte temporal, criou-se uma região

com uma dinâmica própria, marcada por certas particularidades vinculadas a

implantação do projeto ferroviário neste espaço, um ambiente particular onde as

relações sociais adquirem uma peculiaridade característica desta região: a

complementaridade entre o rural e o urbano.

16. O leão e os outros animais: luta pela terra no sertão baiano do século XIX.

Macio Andrade do Nascimento

No ano de 1850, a Lei de Terras é aprovada após sete anos de debate entre

deputados e senadores. Com o objetivo de regulamentar a aquisição e posse de terras

no Brasil, sua aprovação e aplicação a partir de 1854 ainda hoje geram debates na

historiografia. Para alguns autores, a Lei atendia apenas aos anseios dos latifundiários

substituindo formas consuetudinárias de aquisição de terras exclusivamente pela

compra, além de tentar solucionar a questão da mão-de-obra após a proibição do

tráfico atlântico de escravos. Para outros, de vertente formada em sua maioria por

autores thompsonianos, “as leis expressam a luta entre várias concepções e valores

diferentes” e é através dela que posseiros, agregados e arrendatários encontraram um

território jurídico de defesa de seus direitos a posse da terra. Assim, buscaremos

compreender as formas de resistência, aproximação, construção de laços de

solidariedade e dependência entre os trabalhadores livres e pobres com a elite

regional, através da análise de experiências de luta pela posse e uso da terra na

Page 24: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

segunda metade do século XIX, quando a terra deixa de ser domínio da Coroa” e

passa a “domínio público, convertendo-se em mercadoria”.

17. A Terra e os Homens: estrutura e conflitos fundiários no Portal do Sertão

Baiano na Primeira República Francemberg Teixeira Reis

A pesquisa desenvolvida na condição de mestrando do Programa de Pós-Graduação

em História Regional e Local da Universidade do Estado da Bahia (PPGHIS/UNEB),

procura estudar o perfil fundiário e os conflitos relacionados à terra no município de

Feira de Santana na passagem para o século XX. O município de Feira de Santana

localiza-se na região geomorfológica denominada de agreste, uma faixa de transição

entre o litoral e o sertão. Em virtude dessa localização que facilitava a comunicação

com diversas regiões da antiga província da Bahia, o município ganhou destaque na

economia baiana em meados do século XIX no comércio do gado bovino e cavalar,

além do fumo e da farinha de mandioca e, em menor escala, do algodão. A pecuária e

a policultura desenvolvida determinaram na configuração da estrutura fundiária, onde

foi preponderante a existência de médias e pequenas propriedades.

O período recortado pelo estudo contextualiza nas transformações ligadas à transição

do trabalho escravo para o trabalho livre, bem como, na passagem para um novo

regime político, representado pelo fim da Monarquia e o início da República. Estas

mudanças implicaram também nas formas de apropriação da terra e na introdução de

legislações específicas que tentaram superar os antigos problemas fundiários

existentes. Tais fatores foram relativamente percebidos, em seus mais variados níveis,

em todos os espaços agrários do país, sejam nas áreas dedicadas à economia

exportadora, como a então região sul do Brasil, mas também, em regiões onde se

praticou uma economia voltada para o abastecimento e dinamização do mercado

interno, da forma como emergiu o município de Feira de Santana e muitas localidades

do sertão baiano.

Utilizando como fontes registros cartoriais de compra e venda de terras, inventários,

ações de manutenção de posse, ações de demarcação e divisão de propriedades,

além de alguns jornais da época, busca-se, através de uma metodologia quali-

quantitativa, discutir a transferência da propriedade rural, o valor atribuído à terra e as

formas de exploração agrária no município de Feira de Santana nas últimas décadas

do século XIX e primeiras do século XX. Além de estudar os referidos fatores,

defendemos na pesquisa que tanto as formas costumeiras quanto legais de

apropriação da terra, levando em consideração o perfil fundiário no município,

Page 25: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

contribuíram para a configuração de um tipo peculiar de conflito, o qual esteve ligado

mais à preservação da propriedade rural do que lutas sangrentas em prol do acesso.

18. Traços de uma região: recôncavo da atividade fumageira

Margarete Nunes Santos

Empreende-se, ao longo deste artigo, apresentar elementos e informações

consideradas pertinentes diante do que compõem uma abordagem regional, a partir da

analise de traços que caracterizaram a região do Recôncavo Fumageiro, explicitando

os aspectos que dinamizaram a região, nas décadas de 1960 a 1980, período esse,

marcado pelo predomínio econômico do cultivo e da manufatura do fumo, obsevados

especificamente a partir de reflexões sobre a produção fumageira no município de

Conceição do Almeida-Ba. Inicialmente se contextualiza acerca dos elementos que

caracterizam uma região, a partir de diversas concepções teóricas, além de discussão

dos elementos socioeconômicos que marcaram a dinâmica regional, suas relações e

implicações na constituição histórica, geográfica e identitária do Recôncavo

Fumageiro. Neste sentido, busca-se problematizar a partir da análise das memórias e

de um diálogo entre as fontes escritas, orais e iconográficas aspectos desta região,

para assim, explicitar as experiências dos sujeitos que vivenciaram esse cotidiano.

19 Reflexões sobre a liderança feminina na comunidade remanescente

quilombola do Tucum/Ba.

Karla Dias de Lima

O presente artigo tem por objetivo refletir sobre a liderança feminina na comunidade

quilombola do Tucum. Localizada em Tanhaçu-BA, na região da Chapada Diamantina,

a comunidade tem marcas da forte atuação política e social das mulheres. As

concepções atuais acerca da história das mulheres e da liderança feminina nos

segmentos populares colaboraram para a análise das especificidades das relações

vivenciadas pelas mulheres do Tucum. A História Oral foi um importante suporte para

a pesquisa, visto que as moradoras dão grande relevância as narrativas locais e estas

se ressignificaram no processo de reconhecimento da comunidade. Com este viés,

Page 26: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

pretende-se discutir as estratégias de sobrevivência e militância nas práticas

cotidianas dessas mulheres, como uma possibilidade de reconstruir vivências,

afetividades, ancestralidades, memórias e identidades de gênero.

20. Trajetória, Cultura e Identidade na Comunidade Negra Rural de Lagedo

- Mirangaba-BA

Marcelo Nunes Rocha

O trabalho intitulado "Trajetória, Cultura e Identidade na Comunidade Negra Rural de

Lagedo - Mirangaba-BA" tem como proposta contribuir para o enriquecimento dos

debates teóricos e políticos acerca dos chamados \"quilombos contemporâneos\" e

seus direitos. Estudamos a trajetória de uma das comunidades negras rurais baianas,

no território conhecido por Lagedo, localizado na região do município de Mirangaba,

microrregião de Jacobina-BA. O objetivo da pesquisa foi fazer um levantamento

histórico da trajetória dessa população desde seus primeiros habitantes, procurando

compreender um pouco de suas tradições, costumes, lutas e desafios. Procurou-se

também investigar e instigar o debate acerca da validade epistemológica e conceitual

das terminologias “quilombola”, “remanescente de quilombo”, e “quilombo

contemporâneo”, largamente utilizados pelo discurso oficial do governo, do Movimento

Negro Unificado e de amplos setores do meio acadêmico que se d

ebruçam sobre o tema. Tal problemática nos inquieta porque uma vez que tais

conceitos são pensados e forjados fora do ambiente dessas comunidades, e por

agentes também externos a elas, eles passam a se configurar como identidades

exógenas, que lhes são “fornecidas” verticalmente, pois para ter acesso aos benefícios

do Estado e gozar de seus direitos essas populações se veem “coagidas” a

reconhecerem-se oficialmente como “remanescentes de quilombo”, muitas vezes sem

nenhuma compreensão do significado histórico-cultural e simbólica dessa designação.

21. O mapeamento participativo como uma forma de empoderamento das

comunidades tradicionais.

Maria Valdelice Vieira Santos

Sabe-se que o mapeamento participativo é fundamental para o empoderamento dos

povos tradicionalmente marginalizados, uma vez que eles têm autonomia para mapear

seu território de vivência, podendo destacar os problemas ambientais, sociais e

Page 27: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

conflitos pela terra, entre outros fatores que não foram percebidos pelo pesquisar, é

como o próprio lugar se revelasse para o pesquisador, diante das leituras dos mapas

participativos. Neste sentido este artigo visa discutir a importância do mapeamento

participativo para os pesquisadores e para a comunidade, para os pesquisadores por

permite a estes um conhecimento profundo do território estudado que se revela

através da memória local e a compreensão da identidade territorial, já para as

comunidades que se reconheceram através dos mapas, neles encontram um

instrumento de reivindicação social. Percebe-se desta forma que a participação da

população no processo de mapeamento é enriquecedor, uma vez que estes sujeitos

possuem vínculos físicos e subjetivos com o território ocupado, neste sentido cabe ao

pesquisador criar metas que aproximem a comunidade do trabalho realizado na

comunidade, através de uma cartografia participativa.

22. Criação da Diocese de Amargosa: Expansionismo Religioso

Dilma Filgueiras de Santana

Na primeira metade do século XX, há uma reestruturação administrativa da Igreja

Católica no Brasil frente ao Estado laico. O plano elaborado e aplicado é estratégico

tanto politicamente quanto a nível expansionista e de aumento de adeptos, a criação

de novas Dioceses. Implanta-se na pequena cidade de Amargosa, Bahia, em 10 de

maio de 1941 a 5ª Diocese na Bahia. Fatos históricos possibilitam novas

interpretações além daquelas comentadas pelo senso comum e fornecida pelos

membros da Igreja local. A criação da Diocese é nosso objeto de estudo a partir do

contexto histórico vivido pela Igreja no Brasil em meados do século passado. Vamos

buscar novas respostas para entender o motivo da criação da Diocese em uma cidade

considerada ponta de trilho. No contexto político, econômico e religioso que vivia o

país à Igreja não restaria outra alternativa senão a expansão pelo interior do Brasil, tal

fato não acontece por acaso, muito menos a escolha de uma pequena cidade para

sediar uma Diocese que se notabilizou, no contexto regional e baiano, por dois

motivos: o primeiro pela sua extensão territorial, fronteira com o Estado de Minas

Gerais, ao Oeste; ao Sul fazia divisa com Ilhéus, a Leste com a Arquidiocese de

Salvador; o segundo motivo é pelo trabalho pastoral desenvolvido com um viés social

e político naquela época.

Page 28: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST2 - Gênero, raça/etnia e sexualidades na pesquisa: textualidades acadêmicas, literárias, práticas pedagógicas e ativistas

Coordenadora(r): Profa. Dra. Cláudia Pons Cardoso (UNEB) e Prof. Ms. Clebemilton

Nascimento (UNEB).

1. “Acorda Maria Bonita”, acorda vem catar o café: mulheres de Eunápolis

na plantação cafeicultora (Marta Farias Alves - UNEB - DCHT Campus XVIII)

2. A complexa trajetória da mulher do alto sertão: os limites entre conceitos, condições e realidade (Ivanice Teixeira Silva Ortiz – UNEB)

3. Casamento religioso e civil: algumas das singularidades das famílias no município de itaberaba (1950 – 1980) (Fernanda de Souza Lima - UNEB - Campus V)

4. Traços de uma escrita feminina negra de Conceição Evaristo em cadernos

negros sob o olhar dissimétrico da crítica cultural (Alda Santos Pereira -

UNEB-CAMPUS II- ALAGOINHAS

5. Literatura contemporânea e sua contribuição aos estudos de gênero (Leia

Passos Almeida – Uneb)

6. Transversalizando e Interseccionando o Currículo da Educação Básica

(Silvana Santos Bispo - Secretaria Estadual da Educação – SEC/Ba)

7. O Pensamento das mulheres negras no Brasil na obra O Livro da Saúde

das mulheres negras. Nossos passos vêm de longe. (Izabel da Cruz Santos

- UNEB)

8. “Gueis baianos: rodem a baiana, tudo bem, mas deixem de ser

alienados...”: uma nova postura política homossexual na Bahia – a

fundação do GGB (Ailton José dos Santos Carneiro-UNEB)

9. #NaCamaComOSuperNegãoExperience1 – Imaginário Erótico-Sexual de

um Homem Negro na Bahia do Tempo Presente (Daniel dos Santos –

UNEB-CAMPUS V)

10. Pensamento-Movimento lésbico na Bahia: fios e tramas de um

conhecimento situado. Um projeto em andamento (Zuleide Paiva da Silva-

UNEB)

11. Quando as diferenças invadem a sala de aula: limites e desafios da

docência em oficinas de leitura crítica de imagens no

PIBID/UNEB (Clebemilton Gomes do Nascimento - UNEB)

12. Tecendo ideias sobre Gênero e Sexualidades: Perspectivas discursivas

em Oficinas do PIBID. (Janoelse Lopes de Araújo e Maira Silva de Lima)

13. Interseccionando gênero, raça e diversidade sexual no ensino em Santo

Antonio de Jesus (Cláudia Pons Cardoso-UNEB)

Page 29: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST2 - Gênero, raça/etnia e sexualidades na pesquisa: textualidades acadêmicas,

literárias, práticas pedagógicas e ativistas

Coordenadora(r): Profa. Dra. Cláudia Pons Cardoso (UNEB) e Prof. Ms. Clebemilton

Nascimento (UNEB).

SALA : 2 (Pavilhão 2)

CRONOGRAMA

15.10.2013 (terça-feira)

Horário: 14h – 17 h

1. “Acorda Maria Bonita”, acorda vem catar o café: mulheres de Eunápolis na

plantação cafeicultora (Marta Farias Alves - UNEB - DCHT Campus XVIII)

2. A complexa trajetória da mulher do alto sertão: os limites entre conceitos,

condições e realidade (Ivanice Teixeira Silva Ortiz – UNEB)

3. Casamento religioso e civil: algumas das singularidades das famílias no

município de itaberaba (1950 – 1980) (Fernanda de Souza Lima - UNEB -

Campus V)

4. Traços de uma escrita feminina negra de Conceição Evaristo em cadernos

negros sob o olhar dissimétrico da crítica cultural (Alda Santos Pereira -

UNEB-CAMPUS II- ALAGOINHAS

5. Literatura contemporânea e sua contribuição aos estudos de gênero (Leia

Passos Almeida – Uneb)

6. Transversalizando e Interseccionando o Currículo da Educação Básica

(Silvana Santos Bispo - Secretaria Estadual da Educação – SEC/Ba)

Page 30: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

16.10.2013 (quarta-feira)

Horário: 8:30 - 12:30

1. O Pensamento das mulheres negras no Brasil na obra O Livro da Saúde das

mulheres negras. Nossos passos vêm de longe. (Izabel da Cruz Santos -

UNEB)

2. “Gueis baianos: rodem a baiana, tudo bem, mas deixem de ser alienados...”:

uma nova postura política homossexual na Bahia – a fundação do GGB (Ailton

José dos Santos Carneiro-UNEB)

3. #NaCamaComOSuperNegãoExperience1 – Imaginário Erótico-Sexual de um

Homem Negro na Bahia do Tempo Presente (Daniel dos Santos – UNEB-

CAMPUS V)

4. Pensamento-Movimento lésbico na Bahia: fios e tramas de um conhecimento

situado. Um projeto em andamento (Zuleide Paiva da Silva-UNEB)

5. Quando as diferenças invadem a sala de aula: limites e desafios da docência

em oficinas de leitura crítica de imagens no PIBID/UNEB (Clebemilton Gomes

do Nascimento - UNEB)

6. Tecendo ideias sobre Gênero e Sexualidades: Perspectivas discursivas em

Oficinas do PIBID. (Janoelse Lopes de Araújo e Maira Silva de Lima)

7. Interseccionando gênero, raça e diversidade sexual no ensino em Santo

Antonio de Jesus (Cláudia Pons Cardoso-UNEB)

Page 31: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST2 - Gênero, raça/etnia e sexualidades na pesquisa: textualidades acadêmicas,

literárias, práticas pedagógicas e ativistas

RESUMOS

1. “Acorda Maria Bonita”, acorda vem catar o café: mulheres de Eunápolis

na plantação cafeicultora

Marta Farias Alves

A temática dessa pesquisa traça o perfil das mulheres colhedoras de café no

município de Eunápolis, mão-de-obra tão expressiva nessa esfera econômica. A partir

das discussões bibliográficas (cf. Soihet, Joan Scott, Eduard P. Thompson, Michel de

Certeau), podemos perceber essas mulheres enquanto sujeitos da sua História,

apresentando estratégias que possibilitam suas vivências e convivências em suas

relações tanto no trabalho, quanto na família. Perceber seus conflitos, as negociações,

resistência, seus poderes e “fragilidades”. Dessa forma as questões que norteiam essa

pesquisa perpassam a divisão, hierarquização social e sexual do trabalho,

apresentando assim, uma abordagem sobre as vivências e experiências, as múltiplas

identidades dessas mulheres que assumiram papéis diferenciados na realidade

eunapolitana. Pautando-se na pesquisa qualitativa utilizamos como aporte

metodológico entrevistas, questionários previamente elaborados, história de vida. Esse

estudo analisa os múltiplos aspectos das vivências das mulheres na atividade

cafeicultora, bem como os desdobramentos das relações de gênero nessa dinâmica e

nesse espaço social.

2. A complexa trajetória da mulher do alto sertão: os limites entre conceitos,

condições e realidade

Ivanice Teixeira Silva Ortiz

Os estudos sobre gênero vêm desconstruindo conceitos, mitos e estereótipos sobre as

mulheres, entre os quais: “animalidade das negras”, “promiscuidade sexual das

solteiras” e “devassidão das viúvas”. Os novos trabalhos permitem reconstruir o

espaço social da mulher, sua trajetória cotidiana, suas relações familiares, atuação no

mundo do trabalho e sua representação social e da justiça. Procura-se paralelamente

romper o estigma da família nuclear, cristã e patriarcal e lançar novos olhares sobre o

próprio conceito de família. Trabalharemos nesta comunicação a mulher dentro e fora

Page 32: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

dos contextos oficiais, em diferentes papéis ou condição jurídica: escrava, liberta, forra

e livre, na tentativa de buscar compreender suas práticas cotidianas, suas

experiências de resistência, seus vínculos afetivos, culturais e sua luta pela

sobrevivência no Alto Sertão da Bahia- Caetité 1830-1860.

3. Casamento religioso e civil: algumas das singularidades das famílias no

município de itaberaba (1950 – 1980)

Fernanda de Souza Lima

Este artigo analisa a sociedade de Itaberaba situada no interior do Estado da Bahia

tendo como enfoque questões relacionadas à família e o casamento, entre as décadas

1950-1980. Esses temas nos levaram a analisar comportamentos de gênero

masculino e feminino da época, bem como o significado das práticas desses sujeitos

na sociedade. As fontes utilizadas foram registros de casamento religioso e civil,

existentes na paróquia e no fórum da cidade, além dos jornais Mensageiro da fé,

Semana Católicas e O Itaberaba. Essas fontes e o referencial teórico, no qual

dialogamos, subsidiaram a estruturação desse artigo que nos leva a perceber quais os

principais parâmetros tidos como essenciais para a formação das famílias na metade

do século XX, tendo em vista que, a instituição familiar vem sofrendo significativas

modificações, gera novas expectativas e vivências que atendem os ideais de uma

sociedade que está em constante mudança.

4. Traços de uma escrita feminina negra de Conceição Evaristo em

cadernos negros sob o olhar dissimétrico da crítica cultural

Alda Santos Pereira

Este artigo tem por objetivo apresentar o caminho metodológico para se discutir

acerca da Literatura Feminina Negra numa dissertação intitulada Cânone, Gênero e

Raça: o Contradiscurso Crítico-Cultural de Conceição Evaristo em Cadernos Negros.

Este estudo se aporta em teóricos estudados na disciplina Literatura Comparada, na

linha de pesquisa 1, Margens da Literatura, no Programa em Crítica Cultural, da

Universidade Estadual da Bahia, Campus II. Dentre eles, destacam-se Carvalhal,

Malard, Moreiras, Hall. No estudo dos textos de Conceição Evaristo, pontua-se a

presença do contradiscurso feminino que brada contra a invisibilização, o

encarceramento do ser feminino, a escravização de um corpo a estereótipo. Assim,

Page 33: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

este artigo pretende ressaltar a importância de se exercitar uma escuta e um olhar

sensível para outras vozes, muitas vezes silenciadas por um poder hegemônico que

se considera no direito de conceituar o outro, pô-lo num lugar de inferioridade, com o

objetivo de não abalar a ordem, o padrão que a metafísica ocidental estabeleceu como

bom, como correto, como legítimo.

5. Literatura contemporânea e sua contribuição aos estudos de gênero

Leia Passos Almeida

Orientador: Professor Dr. Perminio Souza Ferreira

Os escritores contemporâneos produzem rupturas em suas obras literárias. Tratam de

temas cotidianos, trazem os fatos retratados de forma extremamente realista que

podem levar o leitor que está acostumado com a literatura tradicional, ou seja, aquela

que trata com sutileza (ou não trata) de alguns fatos críticos e de discussões

relevantes à atualidade a rejeitar esse tipo de leitura. O conto Jéssica de Rubem

Fonseca, é um exemplo de literatura contemporânea que narra vários fatos que

podem fomentar importantes discussões voltadas à violência e para as questões de

gênero.

Assim, analisando esse conto, o presente trabalho tem por objetivo discutir quais as

relações de poder estabelecidos por uma sociedade machista, como a mulher se

utiliza do sexo, bem como quais os padrões de mulher e de relacionamento vigentes,

estereotipados ou almejados nesse tipo de sociedade.

6. Transversalizando e Interseccionando o Currículo da Educação Básica

Silvana Santos Bispo

A promulgação da Lei 10.639/03, marcou uma conquista histórica dos diversos

movimentos negros em todo território nacional relacionada às políticas das ações

afirmativas, isto é, de políticas de reparações. Conquistas essas fruto de lutas, críticas

e reivindicações por parte desses sujeitos, para fazer valer a efetivação da história e

cultura africana e afro-brasileira, nos sistemas de ensino no país, que em 2013

completou uma década.

Nessa direção, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia, através da

Coordenação de Educação para Diversidade, Relações Étnico-Raciais e Educação

Page 34: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

Escolar Quilombola, está construindo um conjunto de ações para atendimento das

relações étnico-raciais, educação escolar quilombola e gênero e sexualidade. Nesse

sentido, a proposta de comunicação é apresentar um conjunto de ações articuladas

para o fomento, estruturação e o fortalecimento de tais ações para luta anti-racista e

anti-sexista nas unidades escolares de ensino.

7. O Pensamento das mulheres negras no Brasil na obra O Livro da Saúde

das mulheres negras. Nossos passos vêm de longe.

Izabel da Cruz Santos

Neste artigo apresento a cartografia do pensamento das mulheres negras no Brasil

através da literatura, especificamente de uma obra, O Livro da Saúde das mulheres

negras. Nossos passos vêm de longe, organizado por Jurema Werneck, Maisa

Mendonça e Evelyn C. White. A obra é composta por uma coletânea de textos de

ativistas negras do Brasil e dos EUA, revelando uma concepção política diaspórica em

torno de um projeto de justiça social para as mulheres negras. Os textos são

percebidos como fontes, pois os mesmos trazem reflexões de mulheres negras acerca

de suas vivências, permitindo investigar a trajetória de consolidação do movimento de

mulheres negras e de suas perspectivas políticas. Além dos textos, lanço mão de

entrevista realizada com uma das organizadoras do livro com o intuito de entender o

contexto de produção da obra. Como objetivo busco, inicialmente, identificar nos

artigos como o sexismo e o racismo são descritos como marcadores

sociais de exclusão pelas mulheres negras, que deixaram marcas em suas vidas,

porém, as motivaram a questionar a posição social de subalternidade que lhes foi

imposta pela intersecção de gênero, raça e sexualidade. Procuro, ainda, mostrar as

ações desenvolvidas pelas ativistas, visando a transformação social, a partir de suas

experiências de vida nas diversas áreas que escolheram para refletir sobre racismo e

sexismo, como: literatura, saúde, política, religiosidade e ativismo.

Page 35: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

8. “Gueis baianos: rodem a baiana, tudo bem, mas deixem de ser

alienados...”: uma nova postura política homossexual na Bahia – a

fundação do GGB

Ailton José dos Santos Carneiro

A fundação do Grupo Gay da Bahia (GGB) nos ano de 1980, em meio à crise do jornal

“Lampião da Esquina” e do grupo “Somos”-SP, deu início a um novo estilo de

militância política homossexual no país, muito mais específica e pragmática, focada na

causa dos homossexuais, direcionando suas ações para além do interior da

sociedade, tendo também como principal alvo o Estado. Essa nova forma de

intervenção política dos homossexuais engendrada pelos militantes baianos foi

propiciada, sobretudo, pelo processo de abertura política do Estado Nacional. Neste

interstício, o Grupo Gay da Bahia se aproveitou das fendas abertas pela

redemocratização do país para dar início a uma nova fase de politização da

homossexualidade na Bahia e no Brasil. Nesse sentido, este trabalho visa discutir

como se deu o processo de fundação do GGB e as novas estratégias políticas

adotadas pelo grupo na luta pelos direitos civis dos “amantes do mesmo sexo” na

Bahia e no Brasil na década de 1980. Para tanto, faz-se uso de uma revisão

bibliográfica acerca da temática, bem como, de uma análise de documentos – estatuto

social do GGB, boletins informativos, jornais da época – que compõem a narrativa

sobre esse passado. Assim como, a utilização de fontes orais. Com isso, trata-se de

mais uma tentativa de inserir a problemática da homossexualidade na historiografia

numa prospectiva de luta contra as práticas e discursos heteronormativos dominantes

na sociedade.

9. #NaCamaComOSuperNegãoExperience1 – Imaginário Erótico-Sexual de

um Homem Negro na Bahia do Tempo Presente

Daniel dos Santos

Esta comunicação compreende um dos resultados do processo de coleta e

armazenamento de depoimentos orais que foi desenvolvido no Núcleo Interdisciplinar

de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros (AFROUNEB) da Universidade do Estado da

Bahia – Campus V, entre o segundo semestre do ano de 2012 e o primeiro semestre

de 2013, período no qual foram desenvolvidas análises e discussões de tal arcabouço

Page 36: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

documental que estruturou a monografia de conclusão do curso de Licenciatura Plena

em História NA CAMA COM O SUPER NEGÃO – Erotismo e Sexualidade do Homem

Negro na Bahia do Tempo Presente. O objetivo é tentar diagnosticar as manifestações

dos mitos e estereótipos sobre o erotismo e a sexualidade do homem negro na Bahia

atual a partir de uma investigação pós-colonial do imaginário do Depoente Nº 4,

homem negro, baiano, heterossexual e discente do locus citado anteriormente.

10. Pensamento-Movimento lésbico na Bahia: fios e tramas de um

conhecimento situado. Um projeto em andamento

Zuleide Paiva da Silva

A impermanência como uma lei do Universo é crença individual e coletiva desse

projeto em andamento no DMMDC – Doutorado Multi-Institucional e Multidisciplinar em

Difusão do Conhecimento. Situado no campo dos estudos de gênero e sexualidade, o

estudo é norteado pelo paradigma do “outro”, assumindo como postulado a noção de

que a identidade é relacional, provisória, marcada pela diferença por meio de símbolos

(Hall, 2006). Nessa perspectiva, as identidades sexuais são históricas e culturalmente

específicas, selecionadas de um grande número de identidades possíveis. Os eixos

estruturantes do estudo são produzidos com fios da Ciência Feminista, sobretudo com

fios da critica feminista à Ciência e do Feminismo hetero dissidente, antirracista. O

ponto de partida é o reconhecimento da heterossexualidade obrigatória, do racismo,

do sexismo e do classismo como sistemas que se enlaçam na produção dos sujeitos

(Rich,1980; Wittig, 1981, Walker, 1983, Colins, 1986, Butler, 2003). O problema,

teórico e empírico, consiste em saber como as lésbicas organizadas da Bahia

enfrentam e superam a lesbofobia em suas múltiplas dimensões. Os coletivos de

lésbicas são apreendidos como comunidades epistêmicas, produtoras e difusoras de

conhecimento coletivo, participativo e colaborativo e o ativismo das lésbicas é

apreendido como uma ação de aprendizagem pela diferença. O estudo foca o ativismo

das lésbicas em busca de elementos do projeto político das lésbicas para a sociedade,

de modo a fornecer subsídios para construção de políticas promotoras da cidadania e

dos direitos humanos da comunidade LGBT. O objeto do estudo – ativismo lés –

desdobra-se em analisar o processo de organização das lésbicas da Bahia e as

relações de gênero que constituem essas sujeitos no âmbito dos movimentos

feministas e LGBT. Esse desdobramento do objeto visa contribuir com a reflexão em

torno da (in)visibilidade lésbica, um problema que afeta as lésbicas em diferentes

países. Mantendo resistência aos regimes de normalidades, o estudo reconhece a

necessidade de uma epistemologia do abjeto baseada na interseccionalidade das

Page 37: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

categorias de gênero, raça e sexualidade. Seguindo um impulso desconstrutivista, o

horizonte metotológico coloca em questão formas hegemônica de compreender as

desigualdades sociais, negando toda e qualquer matriz essencializadora e

subalternizante que cria um ideal imaginado de coletividade. Apreende as fontes não

como prova, ou verdades, mas como discursos que se conectam uns aos outros na

formação de novos discursos. Sem nenhuma pretensão de “verdade”, a expectativa é

romper o silêncio histórico em torno do ativismo do movimento de lésbicas da Bahia.

11. Quando as diferenças invadem a sala de aula: limites e desafios da

docência em oficinas de leitura crítica de imagens no PIBID/UNEB

Clebemilton Gomes do Nascimento

A sala de aula de leitura na educação básica, contexto da análise aqui proposta, tem

sido marcada muito mais pela normalização, reprodução de desigualdades, vigilância

e governo dos corpos dos sujeitos com vistas à sustentação da heterossexualidade

enquanto norma e ordem social compulsória do que pela emancipação dos sujeitos.

As propostas de leitura parecem fazer valer um acordo tácito de silêncio, dissimulação

e negação a respeito das sexualidades. E quando imagens e representações das

diferenças invadem a sala de aula? A presente comunicação pretende fazer um relato

das experiências de leitura crítica de imagens em oficinas do subprojeto “Lendo

imagens da contemporaneidade: transversalizando gênero, raça/etnia e sexualidades

em aulas de Língua portuguesa no Ensino médio”, integrantes do PIBID-UNEB,

desenvolvidas em duas escolas estaduais parceiras e mediadas por bolsistas de

iniciação à docência. Pretende-se, analisar e refletir nessas experiências as tensões,

limites e desafios de uma proposta de “queering the curriculum”, ou seja, uma

intervenção que pretende levar a experiência do Outro para o centro da sala de aula

de leitura. Para tanto, problematiza-se a “abjeção”, muitas vezes, dissimulada na

invisibilidade das experiências produtoras dos sujeitos, no silenciamento, na

interdição, bem como nos discursos de aceitabilidade.

Page 38: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

12. Tecendo ideias sobre Gênero e Sexualidades: Perspectivas discursivas

em Oficinas do PIBID

Janoelse Lopes de Araújo e

Maira Silva de Lima

O presente trabalho faz um relato de experiências do subprojeto do PIBID/UNEB

“Lendo criticamente imagens da contemporaneidade – Transversalizando classe,

gênero, raça/etnia e sexualidades nas aulas de Língua Portuguesa do Ensino Médio”,

coordenado pelo prof. Ms. Clebemilton Nascimento, desenvolvido no Colégio Filinto

Justiniano Bastos, na cidade de Seabra/BA. As ações do subprojeto baseiam-se em

oficinas de leitura crítica de imagens veiculadas em redes sociais. Assim, será

discutido aqui a recepção dos alunos em relação aos temas trabalhados,

especificamente gênero e sexualidades, foco da reflexão. Serão abordados também o

impacto do subprojeto na nossa formação acadêmica e profissional, seus limites e

desafios levando em consideração que o PIBID tem o viés de pesquisa e a prática do

ensino. Seguindo os passos do subprojeto, as mediações das oficinas estão

fundamentadas nos pressupostos teóricos metodológicos trazidos pelos Estudos

Culturais, Teoria Queer, bem como as teorias e pedagogias feministas.

13. Interseccionando gênero, raça e diversidade sexual no ensino em Santo

Antonio de Jesus

Cláudia Pons Cardoso

Nas últimas décadas, a sociedade brasileira tem ampliado as políticas públicas,

visando garantir aos segmentos sociais historicamente excluídos, como mulheres,

negras/os, gays e lésbicas, acesso e exercício pleno dos direitos. No entanto, ainda há

muito a ser feito para realizar a construção efetiva de uma sociedade avessa às

discriminações de gênero, raça e orientação sexual. Tais discriminações continuam a

ser produzidas e reproduzidas na sociedade e em suas instituições, entre elas, está o

sistema educacional. Para além de leis e medidas protetivas que garantam a

eliminação de discriminações e dos tratamentos preconceituosos se faz necessário

promover instrumentos que possibilitem transformação de mentalidades. Neste

sentido, a educação exerce papel fundamental, pois possui potencial para produzir

outra concepção de sociedade através de ações de enfrentamento ao racismo,

Page 39: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

sexismo e homofobia. Portanto, reconhecendo a importância do pensamento

educacional como espaço privilegiado para transformação social, desenvolvo projeto

de pesquisa e extensão em Santo Antonio de Jesus com o objetivo inicial de investigar

a forma como gênero, raça e diversidade sexual estão sendo abordados nos cursos de

Licenciatura (Letras, História e Geografia) da Uneb em Santo Antônio de Jesus, bem

como nas escolas públicas do município. Em segundo momento desenvolver

metodologias educacionais inclusivas para serem aplicadas no cotidiano das salas de

aula da educação básica da rede pública da cidade. Por entender a importância de

ações educacionais no campo da formação inicial e continuada para fortalecer a rede

de enfrentamento às discriminações e preconceitos, o projeto propõe, ainda, promover

a formação de facilitadoras/es nas temáticas de gênero, raça e diversidade sexual,

para atuarem nas escolas da rede pública de Santo Antonio de Jesus. Espera-se,

também, realizar o aprofundamento teórico-conceitual das temáticas mencionadas e

estimular a produção e disseminação de conhecimento sobre gênero, orientação

sexual, raça/etnia e reconhecimento das diversidades na UNEB – Campus V. As

matrizes teóricas que sustentam o projeto estão centradas no pensamento de Paulo

Freire e no pensamento feminista negro, a partir de uma abordagem perspectivista.

Tal abordagem inspira as pedagogias feministas, aqui percebidas como alternativas

para a formação docente e para a discussão de gênero, raça e diversidade sexual nas

escolas.

Diante disso, apresento neste trabalho a análise de dados preliminares do projeto de

pesquisa em andamento.

Page 40: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 3 - Campos da História Cultural: diálogos

interdisciplinares

Coordenadoras: Profa. Dra. Priscila Gomes Correa (UNEB) e Profa. Dra. Rosemere

Ferreira da Silva (UNEB)

1. “Do Batuque À Apoteose O Samba Pede Passagem.” As Representações

Do Samba E Sua Popularização Na Bahia (Verena Queiroz Cruz Vilela)

2. "Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu\": O impacto do trio

elétrico no carnaval soteropolitano (1950-1975) (Rosimario de Aragão

Quintino)

3. O recado do artista: música como instrumento de crítica social (Joelia da

Silva Melo Pena)

4. Toni Tornado: A Performance Musical Como Subversão Sob A Ditadura

Militar (Leidiane Santos Oliveira)

5. Cidade, Memória E Patrimônio Cultural: Um Estudo Sobre As

Filarmônicas Lyra Ceciliana E Minerva Cachoeirana Da Cidade De

Cachoeira (1960-1980) (Melira Elen Mascarenhas Cazaes)

6. A Representação da Mulher Negra em Poesias Eróticas de Miriam Alves

(Elisiane Nascimento Oliveira)

7. Etnia E Gênero: Visibilidade Do Individuo Negro Na Obra “Úrsula” De

Maria Firmina Dos Reis (Adilza dos Santos Braz)

8. A Importância Da Memória Na Obra “Ponciá Vicêncio” De Conceição

Evaristo (Cristielle Santos de Sousa)

9. Eurico Alves Boaventura: um leitor de Eça de Queirós (Rafael Santana

Barbosa)

10. Candomblecistas e Protestantes: Práticas e Representações (Lizandra

Santana da Silva)

11. A presença das práticas religiosas afro-brasileiras na cidade de

Amargosa ( 1940-1980) (Lorena Michelle Silva dos Santos)

12. Tendências atuais e como se usa as histórias nos candomblés de Santo

Amaro, Bahia, Brasil (Hannes Leuschner)

13. O Jornal do Brasil e a Recepção da Tríade Cinemanovista Glauberiana

(Ítalo Nelli Borges)

14. Literatura, História e Memória em La guerra del fin del mundo, de Mario de

Vargas Llosa (Leonardo Guimarães Leite)

Page 41: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

15. A ideologia nas narrativas orais produzidas por crianças (Priscila Peixinho

Fiorindo)

16. Altamirando Requião: Um Intelectual Baiano Durante O Estado Novo

(Letícia Santos Silva)

17. Milton Santos: o dever político do intelectual globalizado (Rosemere

Ferreira da Silva)

18. Um novo modelo de intelectual: os liberais da Fundação Saint-Simon

(Priscila Gomes Correa)

19. \"Grito da terra\": Literatura e conflitos sociais nos romances de Ciro de

Carvalho Leite, Feira de Santana (1963-1967) (Roberto Luis Bonfim dos

Santos Filho)

Page 42: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST – 3 - Campos da História Cultural: diálogos interdisciplinares

Coordenadoras: Profa. Dra. Priscila Gomes Correa (UNEB) e Profa. Dra. Rosemere

Ferreira da Silva (UNEB)

SALA: 3 (Pavilhão 2)

CRONOGRAMA

15.10.2013 (terça feira)

Horário: 14h-17h

1. “Do Batuque À Apoteose O Samba Pede Passagem.” As Representações Do

Samba E Sua Popularização Na Bahia (Verena Queiroz Cruz Vilela)

2. "Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu\": O impacto do trio elétrico no

carnaval soteropolitano (1950-1975) (Rosimario de Aragão Quintino)

3. O recado do artista: música como instrumento de crítica social (Joelia da Silva

Melo Pena)

4. Toni Tornado: A Performance Musical Como Subversão Sob A Ditadura Militar

(Leidiane Santos Oliveira)

5. Cidade, Memória E Patrimônio Cultural: Um Estudo Sobre As Filarmônicas

Lyra Ceciliana E Minerva Cachoeirana Da Cidade De Cachoeira (1960-

1980)(Melira Elen Mascarenhas Cazaes)

16.10.2013 (quarta feira)

Horário: 08h30-12h30

1. A Representação da Mulher Negra em Poesias Eróticas de Miriam Alves

(Elisiane Nascimento Oliveira)

2. Etnia E Gênero: Visibilidade Do Individuo Negro Na Obra “Úrsula” De Maria

Firmina Dos Reis(Adilza dos Santos Braz)

3. A Importância Da Memória Na Obra “Ponciá Vicêncio” De Conceição Evaristo

(Cristielle Santos de Sousa )

4. Eurico Alves Boaventura: um leitor de Eça de Queirós (Rafael Santana

Barbosa)

Page 43: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

5. Candomblecistas e Protestantes: Práticas e Representações (Lizandra

Santana da Silva)

6. A presença das práticas religiosas afro-brasileiras na cidade de Amargosa (

1940-1980) (Lorena Michelle Silva dos Santos)

7. Tendências atuais e como se usa as histórias nos candomblés de Santo

Amaro, Bahia, Brasil (Hannes Leuschner)

17.10.2013 (quinta feira)

Horário: 8h30 – 12h30

1. O Jornal do Brasil e a Recepção da Tríade Cinemanovista Glauberiana (Ítalo

Nelli Borges)

2. Literatura, História e Memória em La guerra del fin del mundo, de Mario de

Vargas Llosa (Leonardo Guimarães Leite)

3. A ideologia nas narrativas orais produzidas por crianças (Priscila Peixinho

Fiorindo)

4. Altamirando Requião: Um Intelectual Baiano Durante O Estado Novo (Letícia

Santos Silva)

5. Milton Santos: o dever político do intelectual globalizado (Rosemere Ferreira

da Silva)

6. Um novo modelo de intelectual: os liberais da Fundação Saint-Simon (Priscila

Gomes Correa)

7. \"Grito da terra\": Literatura e conflitos sociais nos romances de Ciro de

Carvalho Leite, Feira de Santana (1963-1967) (Roberto Luis Bonfim dos

Santos Filho)

Page 44: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST – 3 - Campos da História Cultural: diálogos interdisciplinares

Coordenadoras: Profa. Dra. Priscila Gomes Correa (UNEB) e Profa. Dra. Rosemere

Ferreira da Silva (UNEB)

RESUMOS

1. “Do Batuque À Apoteose O Samba Pede Passagem.” As Representações

Do Samba E Sua Popularização Na Bahia

Verena Queiroz Cruz Vilela

A proposta deste artigo é analisar as expressões do samba de roda no Recôncavo

Baiano diante do processo de institucionalização do samba como expressão da

identidade nacional na década de 1930. Região que se tornou um cenário tradicional

de inúmeras festas de negros denominadas como batuques, que de caráter polimorfo

e polissêmico confundiam os responsáveis por seu controle, oferece até os dias de

hoje um testemunho das práticas originais do samba de roda. Diante disso, apresenta-

se uma reflexão sobre as possíveis transformações e resistências que essas

manifestações musicais apresentaram diante do modelo então propagado. Com base

em expressões como gravações de áudio e vídeo, canções, depoimentos, livros,

periódicos e artigos, discute-se os possíveis impactos do modelo proposto, como

também as contribuições culturais e históricas do samba de roda.

2. "Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu\": O impacto do trio

elétrico no carnaval soteropolitano (1950-1975)

Rosimario de Aragão Quintino

O presente trabalho objetiva analisar transformações sociais, culturais e políticas no

espaço carnavalesco soteropolitano nos primeiros 25 anos de participação do trio

elétrico nesse espaço. A partir de análises de jornais soteropolitanos e de músicas

carnavalescas do período que compreende o ano historicamente aceito de ingresso do

trio elétrico no carnaval em Salvador, 1950, e a festa realizada em 1975 em

comemoração ao jubileu de prata do trio elétrico, essa pesquisa visa contribuir para

um maior entendimento acerca das modificações, rupturas e permanências ocorridas

na festa no período analisado. Essa pesquisa possibilitará maior compreensão da

Page 45: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

contribuição do trio elétrico para a festa soteropolitana, bem como da dimensão que a

festa carnavalesca soteropolitana possui na atualidade.

3. O recado do artista: música como instrumento de crítica social

Joelia da Silva Melo Pena

A música popular brasileira tem se mostrado uma linguagem artística de grande

popularidade, que frequentemente é utilizada pelos músicos como veículo para

mandarem seu “recado”. A canção consegue incitar comportamentos, expressar

emoções, contar histórias e até descrever fatos. José Miguel Wisnik explica que “a

música popular é uma rede de recados”, ou a forma de expressar a consciência e

desejos tanto do cantor quanto do público. Assim, as canções abordam o cotidiano e

situações da sociedade brasileira como, por exemplo, o racismo, a miséria, corrupção,

violência, política dentre outros. Diante disso, este trabalho tem como objetivo analisar

comparativamente duas canções representativas de períodos históricos cruciais: Pra

Não Dizer Que Não Falei Das Flores, gravada em 1968 por Geraldo Vandré, e Até

Quando? gravada em 2001 por Gabriel o Pensador. A análise das canções

demonstrará que ambas possuem uma problemática em comum, ao chamarem o

ouvinte à luta por seus direitos. Na medida em que abordam temáticas semelhantes,

as críticas à situação social e política do Brasil e possuem grande importância na

história político-social do país, tornando-se representantes dessa rede de interlocução

entre artistas e sociedade brasileira.

4. Toni Tornado: A performance musical como subversão sob a Ditadura

Militar

Leidiane Santos Oliveira

A performance musical sob a perspectiva de crítica social ainda é um tema pouco

discutido nos espaços acadêmicos. Nesse sentido, objetiva-se neste artigo investigar

como a interpretação de Toni Tornado se configurou como uma arma de luta frente ao

governo militar do Brasil. Neste estudo privilegiamos as demonstrações de cultura

negra no V Festival Internacional da Canção, além de estudos que privam por uma

introdução ao movimento Black Power, para então perceber como as performances

deste artista contribuíram para representações dentro do movimento negro no Brasil.

Para tanto, utilizamos como principais fontes de análise: arquivos musicais disponíveis

em meios eletrônicos, registros fonográficos e textos teóricos; para assim perceber os

Page 46: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

aspectos que configuram a cultura negra, bem como, a ascensão da figura do

intérprete e sua relevância e/ou possíveis modificações na sociedade inserida no

contexto do artista analisado.

5. Cidade, Memória e Patrimônio Cultural: Um Estudo Sobre As

Filarmônicas Lyra Ceciliana E Minerva Cachoeirana Da Cidade De

Cachoeira (1960-1980)

Melira Elen Mascarenhas Cazaes

O presente trabalho tem como objeto de estudo as filarmônicas Sociedade Cultural

Orfeica Lyra Ceciliana, fundada em 13 de maio de 1870, por Tranquillino Bastos, e a

Sociedade Lítero-Musical Minerva Cachoeirana, fundada pelo maestro Eduardo

Mendes Franco, em 10 de fevereiro de 1878. O foco do trabalho consiste na análise

das filarmônicas nos anos de 1960 a 1980. Mapeamos os eventos nos quais as

filarmônicas participavam, os passeios realizados para diversas localidades e o legado

musical das corporações musicais que antecederam a formação das filarmônicas (as

bandas de barbeiros, as bandas militares, etc.) a partir das apropriações e

resignificações de vários elementos como o uso de instrumentos, uniformes, gestos e

linguagens. As filarmônicas cachoeiranas estavam presentes nos mais distintos

eventos cívicos e religiosos da cidade, como a festa de Nossa Senhora da Ajuda, a

festa de Nosso Senhor do Bonfim, o 25 de junho, procissões, festivais, enterros,

aniversários, entre outros. Inúmeros passeios eram organizados pela própria

filarmônica, nesse caso, as mulheres participavam ativamente das festividades

vinculadas às irmandades religiosas católicas, organizavam passeios a navio para a

festa dos padroeiros de diversas localidades. As filarmônicas tinham grande relevância

na vida cultural, social e política das suas respectivas cidades. Eram instituições que

para além da execução musical representavam espaços de convivência social. Ser

músico era uma opção de futuro profissional para muito jovens e, enquanto

dedicavam-se ao aprendizado musical poderiam concomitantemente exercer outro

ofício. A música é uma conjuntura da socialização que se faz cotidianamente em

grupos de aprendizado, a prática da convivência possibilita a formação de uma rede

de sociabilidades, a diversidades de pensamentos de cidadania e política. Além de

propiciar a inserção dos sujeitos nas práticas culturais da sua cidade, aproximando-os

das tradições do município.

Page 47: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

6. A Representação da Mulher Negra em Poesias Eróticas de Miriam Alves

Elisiane Nascimento Oliveira

A investigação científica desse projeto de pesquisa intitulado “A Ressignificação da

Mulher Negra em Poesias de Miriam Alves” é contribuir para a discussão e

desconstrução do estereótipo feminino negro na literatura. Sabe-se que a literatura

afrobrasileira, ainda questionada pelo da cânone literatura brasileira, não apresenta

diálogos plausíveis com literatura feminina negra, que sofreu e, ainda sofre, exclusão

por meio do que se é considerado prestigiado para os padrões literários. Pensando em

como a literatura negra feminina se encaixa nessa discussão, busco analisar a

linguagem da autora Miriam Alves, enquanto escritora, mulher e negra na

representação da imagem do grupo racial negro. Este trabalho pretende discutir

também, com embasamento em teorias que defendam a ressignificação do corpo

negro na literatura contemporânea, as formulações discursivas de Miriam Alves,

enquanto mulher, representada na obra. Percebo que autora apresenta textos com

relevante expressão na literatura afrobrasileira e sinaliza reflexões sobre o contexto

social, político, histórico e de gênero para a elaboração de uma fundamentação

teórica. Para isso, utilizou-se como procedimentos metodológicos, levantamento

bibliográfico, realização de pesquisas em livros, artigos e outros meios de informação

como revistas, jornais, bloggers, sites da internet etc., com posterior análise em

relação aos teóricos consultados.

7. Etnia e Gênero: Visibilidade do Individuo Negro na Obra “Úrsula” De

Maria Firmina Dos Reis

Adilza dos Santos Braz

A autora Maria Firmina dos Reis foi a primeira mulher negra a propagar a literatura

negra no Brasil. Nesse sentido, é importante mencionar que desde a publicação do

romance ÚRSULA até os dias atuais, são muito pequenos os números de escritoras

negras que discorrem sobre o assunto, visto que a literatura afrobrasileira também é

pouco estudada, até mesmo, no meio acadêmico. Assim, o presente trabalho tem

como objetivo principal investigar como Maria Firmina discorre, na sua obra, sobre as

relações etnicorraciais entre o negro e o branco, e ainda, a maneira diferenciada com

que a mulher é retratada no romance ÚRSULA, se comparada aos romances

considerados canônicos. Pretende-se ainda elencar, uma discussão de gênero

ressaltando a maneira pela qual a mulher negra é citada na obra, sem marcas de

estereótipos característicos da literatura considerada canônica. No intuito de atingir os

objetivos propostos no presente trabalho, os procedimentos metodológicos foram

divididos em dois momentos. Primeiramente, foram realizadas leituras de autores

Page 48: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

clássicos e contemporâneos, com posterior construção de resumos fichamentos e

resenhas. Na segunda etapa, já com uma base teórica definida, foram realizadas

reflexões e análises da obra de Maria Firmina dos Reis, a fim de proceder uma

investigação mais detalhada. Vale ressaltar que este estudo poderá ser

complementado a partir de algumas concepções teóricas de pesquisadores como:

Barbosa (2007), e Duarte entre outros teóricos que questionam a concepção e

visibilidade do indivíduo negro na literatura.

8. A Importância Da Memória Na Obra “Ponciá Vicêncio” De Conceição

Evaristo

Cristielle Santos de Sousa

Este trabalho refere-se a uma pesquisa em que se propõe analisar o romance

afrobrasileiro PONCIÁ VICÊNCIO, da autora Conceição Evaristo, tendo como enfoque

a importância da memória para a constituição do sujeito feminino. Pretende-se ampliar

os estudos sobre a literatura afrobrasileira a fim de demonstrar a importância deste

campo literário ainda pouco investigado. Também é considerado o estudo da memória,

através do qual a referida obra é constituída. Este projeto possui sua relevância, uma

vez que busca dar abertura à Literatura Afrobrasileira, no que tange aos estudos

científicos, principalmente, das produções da autora pesquisada, sendo por meio

destes que muitos autores e intelectuais negros e negras passam a assumir um papel

literário e social. Para execução deste trabalho estão sendo feitas investigações sobre

as produções literárias da autora Conceição Evaristo, e levantamento bibliográfico de

perspectivas teóricas dentre algumas, (Orlandi, 1993), Dhiel (2002), Luiz Silva (2002),

(Evaristo, 2005), (Chaves e Macedo, 2006), (Florentina Souza, 2006). Para tanto,

espera-se também contribuir para o Grupo de Pesquisa “Literatura e

Afrodescendência” no intuito de se debater e refletir criticamente acerca do referido

tema, e, das questões etnicorraciais de modo geral, tendo em vista a necessidade de

se alargar as investigações e, portanto, trazer e repensar as considerações voltadas

aos estudos afrobrasileiros no contexto da contemporaneidade.

9. Eurico Alves Boaventura: um leitor de Eça de Queirós

Rafael Santana Barbosa

Eurico Alves Boaventura (1909-1974) (poeta, ensaísta e cronista) foi um dos principais

escritores baianos a narrar as transformações sócio-espaciais e modernizadoras na

cidade de Feira de Santana, entre anos de 1938-1967. Cidade natal do poeta, Feira de

Page 49: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

Santana foi eleita por ele como capital da civilização sertaneja e síntese do mundo do

pastoreio, sendo objeto de boa parte de suas narrativas. Ao escrever acerca das

alterações nas visibilidades e dizibilidades feirenses, Eurico Alves tem como um de

seus interlocutores o autor português Eça de Queirós (1845-1900), autor do romance

A CIDADE A AS SERRAS (1901), obra intertextualizada por Eurico Alves, a tal ponto

de utilizar em algumas crônicas o pseudônimo de Zé Fernandes (uma das

personagens do romance) e também referências acerca das características citadinas e

campestres contidas na obra do autor português. Apropriando-se das discussões a

respeito dos símbolos de modernização e da vida rural presentes em A CIDADE E AS

SERRAS, Eurico Alves tece narrativas da relação urbano/rural em Feira de Santana.

Identificamos também na escrita euriquiana um itinerário pessoal: o trânsito do jovem

estudante de direito na capital Salvador para o magistrado no sertão baiano. Do uso

do pseudônimo já citado às referências textuais, perpassando a obra citada e o próprio

Eça de Queirós, Eurico Alves escreve sobre urbe feirense e suas transformações, ao

mesmo tempo em que se inscreve nos textos indicando sua passagem das agitações

da capital para o silêncio e melancolia dos sertões. Partindo da leitura de crônicas e

poesias do escritor feirense, este trabalho propõe pensar no diálogo que Eurico Alves

realiza com Eça de Queirós, identificando e problematizando as apropriações

euriquianas do romance A CIDADE E AS SERRAS e sua relação com a escrita de

crônicas e poesias sobre Feira de Santana.

10. Candomblecistas e Protestantes: Práticas e Representações

Lizandra Santana da Silva

Pretendemos nesta comunicação analisar as representações que foram construídas

acerca das religiosidades de matrizes africanas por ex-adeptos do Candomblé, que ao

se converterem às denominações protestantes, em Cachoeira, entre 1980 e 2007

assumiram novos discursos. Para tanto, utilizaremos como fontes: os depoimentos

orais e o JORNAL FOLHA UNIVERSAL. Compreende-se a religião como um elemento

da cultura, assim este trabalho se configura nos marcos da História Cultural, na qual o

conceito de representação de Roger Chartier é de fundamental importância para

entender de que modo os protestantes construíram suas representações a respeito do

universo religioso dos fiéis de matrizes africanas.

Page 50: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

11. A presença das práticas religiosas afro-brasileiras na cidade de

Amargosa ( 1940-1980)

Lorena Michelle Silva dos Santos

Este artigo é parte da pesquisa de mestrado, tem por objetivo verificar as formas de

resistência dos adeptos a religiosidade afro-brasileira na cidade de Amargosa com

relação à pressão social exercida pela Igreja Católica e outros setores, entre as

décadas de 1940-1980, já que no período em estudo, a cidade vivenciava a inserção

do bispado em seu território, como também, um contexto de transformações sociais e

culturais. Com base nos depoimentos orais, podemos observar que parte da

sociedade tinha visões e imagens preconceituosas sobre as práticas religiosas afro-

brasileiras, desenvolvidas principalmente pela população pobre e negra da cidade,

como também, dos lugares em que essas práticas eram desenvolvidas. Assim, ao

estarem inseridos em um ambiente adverso aos seus costumes, valores e saberes

culturais e religiosos herdados dos seus antepassados, os sujeitos utilizavam das

“brechas” ou de estratégias para não perderem de vista seus valores culturais e

salvaguardar sua religiosidade, sendo assim, afirmação e consolidação da

religiosidade afro-brasileiro em Amargosa, era desenvolvido a partir dos espaços

forjados tanto dentro da cidade como na zona rural, nesses espaços, os sujeitos

desenvolviam a sociabilidade entre os seus pares que compartilhavam das mesmas

experiências, como também firmavam os elementos simbólicos da cultura afro-

brasileira, seja através do som dos batuques que soava em dias de festa ou pelo

cheiro do azeite de dendê que permeava o cotidiano de alguns lugares da cidade,

mantendo viva a cultura e a religiosidade afro-brasileira e proporcionando

diferenciados traços no contexto religioso da cidade de Amargosa.

12. Tendências atuais e como se usa as histórias nos candomblés de Santo

Amaro, Bahia, Brasil

Hannes Leuschner

Atualmente estou realizando uma pesquisa de campo em Santo Amaro da Purificação

sob o título de “A economia do axé – capital étnico e estratégias dos atores no

candomblé de Santo Amaro, Bahia, Brasil”. Trata-se de uma pesquisa etnológica que

abrange tanto as várias manifestações da cultura afro-brasileira quanto as várias

ofertas no “mercado religioso”, mantendo nisso o foco no candomblé, respectivamente

nos candomblés ou axés das varias casas do candomblé e da assim-chamada

umbanda em Santo Amaro.

Page 51: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

Na minha apresentação pretendo mostrar algumas ideias provisórias quanto a certas

tendências atuais que se pode observar no “mundo do axé”. Nomeadamente se trata

de tendências: 1) da Instituionalização, da Politização e da Comercialização; 2) da

Reafricanização e da Folclorização e 3) de certa Masculinização. Vou relacionar estas

tendências com o espetro dos atores e os campos nos quais eles “jogam”, quer dizer:

negociam e estão sendo negociados. Em relação com as citadas tendências e os

atores, vou mencionar algumas "narrativas históricas", das quais esses atores fazem

uso para cimentar as suas posições socioculturais e que, por conseguinte, também

fazem parte de certas táticas e estratégias econômicas e políticas.

Assim os atores de hoje não só fazem a história de amanhã, mas também constroem

a de ontem. Neste ponto entram os historiadores profissionais no discurso, tanto como

pesquisadores, quanto como autores e, finalmente, seja pelos escritos que divulgam,

como atores que tem certo poder de escrever (estabelecer) histórias e a capacidade

de apreciar, criticar, corrigir ou enfocar tais visões do passado.

13. O Jornal do Brasil e a Recepção da Tríade Cinemanovista Glauberiana

Ítalo Nelli Borges

O presente trabalho tem como objetivo explorar as críticas cinematográficas dos filmes

“Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), “Terra em Transe (1967) e “O Dragão da

Maldade Contra o Santo Guerreiro” (1969) contidas no JORNAL DO BRASIL e escrita

por jornalistas especialistas no tema. Os referidos filmes são de autoria do cineasta

baiano Glauber Rocha e fazem parte do Cinema Novo brasileiro, que foi uma corrente

cinematográfica surgida entre 1964 e 1969, possuindo obras marcantes para o cinema

nacional, adotando uma estética cinematográfica inovadora somada a temática

sociopolítica. A intenção aqui é examinar criticamente a maneira que o Jornal do

Brasil, periódico de grande circulação e repercussão no Brasil coloca em debate essas

três produções que tratam de problemas sociais brasileiros. Assim, compreende-se

como um jornal de posicionamento político conservador discute filmes integrantes de

um movimento cinematográfico que originalmente pretendia transformar a sociedade.

Page 52: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

14. Literatura, História e Memória em La guerra del fin del mundo, de Mario de

Vargas Llosa

Leonardo Guimarães Leite

LA GUERRA DEL FIN DEL MUNDO (1981) é um romance do renomado escritor

peruano, Mario Vargas Llosa. Nesse texto, o autor retoma um dos temas mais

importantes da história brasileira: a Guerra de Canudos (1896-1897). Configurando-se

como a primeira obra de Vargas Llosa na qual o contexto e as personagens situam-se

para além da realidade do Peru, o romance em questão, utilizou como principal

referência a clássica obra de Euclides da Cunha (1866-1909), OS SERTÕES (1902).

Essa comunicação objetiva discutir alguns aspectos relacionados às motivações

ideológicas, políticas e artísticas de Vargas Llosa na construção do seu romance,

buscando estabelecer, um diálogo acerca do procedimento metodológico utilizado, em

que analisaremos as relações entre história, literatura e memória. Diante disso,

dialogamos com obras literárias, jornais, artigos e entrevistas, na perspectiva de

evidenciar as hibridações entre relatos históricos e narrativas literárias no contexto das

investigações da História Cultural. Finalmente, colocamos em discussão alguns

conceitos como representação, ficção e história – com o intuito de problematizar o

significado das representações de Antônio Conselheiro na literatura e em outras obras

de caráter científico, histórico e memorialístico.

15. A ideologia nas narrativas orais produzidas por crianças

Priscila Peixinho Fiorindo

Considerando que a linguagem é um processo constante de interação mediado pelo

diálogo (Bakhtin), é através dos enunciados concretos que ouvimos e reproduzimos na

comunicação que construímos o discurso. Tais enunciados são produzidos em

diferentes épocas e refletem o momento sócio-histórico e ideológico de cada

sociedade. Nesta perspectiva, o objetivo é apresentar narrativas orais, a partir da

leitura de imagens, produzidas por crianças de 5 anos de idade, de ambos os sexos,

de classe socioeconômica privilegiada, de uma instituição particular de ensino, na

cidade de São Paulo, a fim de evidenciarmos a relevância do contexto ideológico nas

referidas histórias. Conforme Brandão (2004), o termo ideologia é matizado por

diferentes nuances significativas e disto decorrem muitas controvérsias a seu respeito.

Neste sentido, nos apoiamos em Bakhtin, o qual afirma que a ideologia é como uma

instância dialética é construída sempre na vertente da instabilidade e estabilidade, e

não pela estabilização que vem pela aceitação da primazia do sistema e da estrutura;

ou seja, ele constrói o conceito na concretude do acontecimento, destruindo e

reconstruindo parte da concepção de ideologia marxista – que se refere à falsa

Page 53: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

consciência, disfarce da realidade social – ideologia oficial; colocando ao lado desta, a

ideologia do cotidiano. Diante do exposto e com base nos dados analisados,

observamos que as histórias produzidas pelas crianças apresentam um conjunto de

ideias referentes ao contexto sócio-histórico, vivenciado por elas.

16. Altamirando Requião: Um Intelectual Baiano Durante O Estado Novo

Letícia Santos Silva

Esta comunicação tem como objetivo analisar como as narrativas jornalísticas e

literárias de Altamirando Requião foram utilizadas para legitimar o governo de Getúlio

Vargas no cenário politico baiano. Altamirando Requião nasceu em 27 de agosto de

1893, na capital baiana, e diplomou-se em 1910, aos 17 anos, pelo Instituo Normal. No

jornalismo, foi redator, no Rio de Janeiro, de O País, Gazeta de Notícias, e Jornal

Moderno. Na Bahia, tornou-se proprietário do Diário de Notícias entre os anos de 1919

e 1939. Requião foi o primeiro presidente da Associação Baiana de Imprensa. Em

1941, foi eleito membro da academia de Letras da Bahia. No campo politico, Requião

era anti-seabrista, elegeu-se deputado federal em 1934, 1945 e 1950. No espaço

literário, entre diversos livros, destacam-se dois livros de memória: Consciência e

Liberdade (1922) e Brutos e Titãs (1923).Na Bahia, Requião utilizou-se do espaço

jornalístico para legitimar o governo de Getúlio Vargas, apoiar o governo de Juracy

Magalhães e, concomitante, confrontar o grupo baiano denominado os Autonomistas

(grupo contrário à política de Vargas). Destaca-se também que nas páginas do Diário

de Notícias o intelectual utilizou-se de representações anticomunistas para apoiar e

justificar diversas ações do governo central.Durante o Estado Novo, José Carlos

Peixoto Junior destacou que o proprietário do Diário de Notícias assimilou o discurso

de diversos intelectuais que se encarregavam de “pensar” o país naquele momento, a

exemplo de Gustavo Barroso (1888-1959), Oliveira Viana (1883- 1951) e Azevedo

Amaral (1881- 1942). Entretanto, a pesquisa em andamento analisa Requião como um

intelectual que, através das suas narrativas, elaborava e disseminava ideias favoráveis

ao regime de Vargas. Consequentemente, avalia o intelectual como um quadro

influente na Bahia, destacando-se em diversas instituições.

Page 54: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

17. Milton Santos: o dever político do intelectual globalizado

Rosemere Ferreira da Silva

O presente trabalho pretende discutir a funcionalidade do conceito de intelectual na

sociedade contemporânea. Questiona-se aqui os modos de intervenção do intelectual

e, consequentemente, suas afiliações com um projeto político e intelectual de critica às

ações orientadas para a produção da pobreza. O pensamento de Milton Santos

representa, no conjunto de sua obra, muito mais do que investigações sobre as

interpretações das ações do sujeito no espaço e no território, ele corresponde,

sobretudo a uma proposta de reformulação de conceitos que foram, ao longo do

tempo, sendo incorporados à pesquisa científica, sem associação com as diferentes

realidades e transformações históricas das sociedades modernas. Da pobreza urbana

à pobreza estrutural globalizada, o intelectual problematiza as várias definições de

pobreza presentes nas articulações discursivas do poder hegemônico, buscando

argumentar que a mudança histórica virá de um movimento de baixo para cima, em

que os atores envolvidos representam um papel, absolutamente, produtivo na

produção do presente e do futuro. Mas, de que maneira pobreza estrutural globalizada

é gerada? E quem, efetivamente, são os pobres nesse processo? A globalização

perversa, segundo Santos, incide diretamente sobre os pobres, que não são, dentro

desse processo, nem incluídos nem marginalizados, são os excluídos das condições

de desenvolvimento social. Para Milton Santos, a função dos intelectuais no mundo

contemporâneo está associada a uma representação de natureza política. Portanto,

seria estranho falar em nome dos pobres ou pelos pobres. Talvez fosse mais coerente

ao intelectual questionar o poder e a autoridade, através do modo como as estruturas

sociais estão politicamente articuladas à vida do cidadão, definindo lugares de fala,

papéis e estereótipos que limitam o pensamento e a comunicação

18. Um novo modelo de intelectual: os liberais da Fundação Saint-Simon

Priscila Gomes Correa

A atividade do intelectual já recebeu as mais diversas definições, seu papel na

sociedade é sempre foco de controvérsias, em função de sua inevitável influência nos

assuntos públicos. Trata-se de um dos principais agentes da “política da cultura”,

como definida por Norberto Bobbio, por isso um sujeito que exerce uma forma de

poder. Neste trabalho analisamos os intuitos que permearam uma tentativa de

redefinição do papel do intelectual na sociedade contemporânea, realizada por

influentes pesquisadores ao longo dos anos oitenta do século XX. Neste período

destacou-se, sobretudo no cenário público francês, um pequeno grupo de intelectuais

Page 55: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

com grande aparato institucional. Seus projetos de reforma da sociedade por meio da

análise do mundo contemporâneo causaram grande polêmica devido a aliança com

grandes empresários e industriais. A instituição mais representativa dessa associação,

a Fundação Saint-Simon, revelou-se um projeto político ambicioso e controverso ao

expor a intenção de infiltrar o liberalismo na esquerda francesa.

Surgia, assim, um modelo de grupo de pesquisa que ganharia repercussão em

diversos países, sobretudo naqueles onde projetos neoliberais foram implantados,

como uma grande rede internacional composta por grupos locais aliados para uma

gestão mais eficiente da sociedade. Com a Fundação propunha-se, também, um novo

modelo de intelectual, autônomo, desvinculado de um saber abstrato e, portanto, um

expert. Instrumentos analíticos para resolver problemas concretos e de maneira

objetiva deveriam garantir ao intelectual a legitimidade da ciência e o distanciamento

de suas posições ideológicas. No entanto, embora buscando o menor engajamento

possível, muitos de seus membros colaboraram com o governo, como conselheiros

técnicos ou sendo encarregados de missões.

19. \"Grito da terra\": literatura e conflitos sociais nos romances de ciro de

carvalho leite, feira de santana (1963-1967)

Roberto Luis Bonfim dos Santos Filho

Percebendo ao longo da História as inúmeras tensões e transformações resultantes

das investidas da modernidade e urbanização nos diversos setores sociais da vida

pública no Brasil no fim do século XIX, este trabalho detém seu olhar sobre os

impactos desses dois processos sobre os modos de vida e sociabilidades rurais da

região de Feira de Santana. Como documentação usarei a trilogia de romances do

autor feirense Ciro de Carvalho Leite: Mulheres de vida fácil (1963), Grito da terra

(1964) e Cacimba (1967) respectivamente, e, deste modo, os livros do autor servirão

como fonte para a compreensão do período em questão. Além disso, serão debatidas

questões acerca das fronteiras reais e ficcionais da História, o uso da literatura como

fonte pelo historiador, bem como a tensão entre memória, esquecimento e

silenciamentos na construção da História.

Page 56: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 4 - História, memória e (auto) biografia

Coordenadores: Prof. Dr. Raimundo Nonato Pereira Moreira (UNEB) e Prof. Dr. José

Jorge Andrade Damasceno (UNEB)

1. Monumentalizando a si mesmo – a Fundação Osvaldo Sá (Maragojipe-BA) ( Ana Paula Lessa)

2. “O precursor da eugenia no Brasil”: Alfredo Magalhães, um pai abnegado, um exemplar chefe de família, cumpridor de seus deveres, um apóstolo da infância... (André Araújo dos Santos)

3. A “DÁDIVA REDENTORA”: a origem da cultura sisaleira na Bahia através da narrativa memorialística de José Ramos Filho (Cassiano Ferreira Nascimento)

4. Olhares sobre a vida e a morte de Osvaldo Requião: História e memória de um espírita (Chablik de Oliveira Morgado).

5. Escritas e leituras de mim: uma reflexão acerca da Epistemologia do Armário a partir da minha autobiografia (Elder Luan dos Santos Silva)

6. Professor Faustino, “O Fausto”: A imposição das mãos e o “dom da cura” (Rafael Rosa da Rocha)

7. Curas religiosas: tradição e sobrevivência em Cruz das Almas-BA (Ana Carine de Souza Melo)

8. Entre História e Memória: A produção memorialística de Emiliano José(Adriano Batista Paixão do Lago)

9. Uma Flor que se Rebela: Memórias de uma militante baiana na Ditadura Militar (Ary Albuquerque Cavalcanti Junior)

10. Memórias de mulheres militantes de esquerda: a questão “da maternidade” (Débora Ataíde Reis)

11.ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS BIOGRÁFICAS: As representações do padre Alfredo Haasler no sertão das Jacobinas/Bahia (Gilmara Ferreira de Oliveira Pinheiro)

12. Memória e Narrativa em O Fundador de Eunápolis: a escrita da história como leitura da experiência do tempo (João Rafael Santos Rebouças)

13. A história contada do povoado de Fátima (Maria Cleonice de Jesus Nery)

14. As Práxis coronelísticas no Sul da Bahia: Os Coronéis do Cacau e a busca pele riqueza e poder (Gabriel José Brandão de Souza)

15. Memória e História Local: Praça da Lavoura ou feira do Rato? Um estudo sobre o Patrimônio em Eunápolis-BA (Levi Sena Cunha)

16. “Em prol do progresso material e intelectual desta grande zona sertaneja\" - O Folha do Norte e o \"advento\" do progresso em Feira de Santana - 1909-1930 (Magno de Oliveira Cruz)

Page 57: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

17. Política Esporte Clube: Associativismo de recreação e democracia representativa em Alagoinhas (Moisés Leal Morais)

18. Historia e Memória da Igreja São Cosme e São Damião – Itamaraju – Bahia (Vitor Amorim do Amaral)

19. Civilismo em terras baianas: “povo” e participação politica na batalha eleitoral 1910 (Willan de Souza Januário)

Page 58: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 4 - História, memória e (auto) biografia

Coordenadores: Prof. Dr. Raimundo Nonato Pereira Moreira (UNEB) e Prof. Dr. José

Jorge Andrade Damasceno (UNEB)

SALA: 4 (Pavilhão 2)

CRONOGRAMA

15.10.2013 (terça feira)

Horário: 14h – 17h

1. Monumentalizando a si mesmo – a Fundação Osvaldo Sá (Maragojipe-BA) ( Ana Paula Lessa)

2. “O precursor da eugenia no Brasil”: Alfredo Magalhães, um pai abnegado, um exemplar chefe de família, cumpridor de seus deveres, um apóstolo da infância... (André Araújo dos Santos)

3. A “DÁDIVA REDENTORA”: a origem da cultura sisaleira na Bahia através da narrativa memorialística de José Ramos Filho (Cassiano Ferreira Nascimento)

4. Olhares sobre a vida e a morte de Osvaldo Requião: História e memória de um espírita (Chablik de Oliveira Morgado).

5. Escritas e leituras de mim: uma reflexão acerca da Epistemologia do Armário a partir da minha autobiografia (Elder Luan dos Santos Silva)

6.Professor Faustino, “O Fausto”: A imposição das mãos e o “dom da cura” (Rafael Rosa da Rocha)

7. Curas religiosas: tradição e sobrevivência em Cruz das Almas-BA (Ana Carine de Souza Melo)

16.10.2013 (quarta feira)

Horário: 8:30 - 12:30

1. Entre História e Memória: A produção memorialística de Emiliano José(Adriano Batista Paixão do Lago)

2. Uma Flor que se Rebela: Memórias de uma militante baiana na Ditadura Militar (Ary Albuquerque Cavalcanti Junior)

3. Memórias de mulheres militantes de esquerda: a questão “da maternidade” (Débora Ataíde Reis)

Page 59: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

4.ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS BIOGRÁFICAS: As representações do padre Alfredo Haasler no sertão das Jacobinas/Bahia (Gilmara Ferreira de Oliveira Pinheiro)

5. Memória e Narrativa em O Fundador de Eunápolis: a escrita da história como leitura da experiência do tempo (João Rafael Santos Rebouças)

6. A história contada do povoado de Fátima (Maria Cleonice de Jesus Nery)

17.10.2013 (quinta feira)

Horário: 8:30 – 12:30

1. As Práxis coronelísticas no Sul da Bahia: Os Coronéis do Cacau e a busca pele riqueza e poder (Gabriel José Brandão de Souza)

2. Memória e História Local: Praça da Lavoura ou feira do Rato? Um estudo sobre o Patrimônio em Eunápolis-BA (Levi Sena Cunha)

3. “Em prol do progresso material e intelectual desta grande zona sertaneja\" - O Folha do Norte e o \"advento\" do progresso em Feira de Santana - 1909-1930 (Magno de Oliveira Cruz)

4. Política Esporte Clube: Associativismo de recreação e democracia representativa em Alagoinhas (Moisés Leal Morais)

5.Historia e Memória da Igreja São Cosme e São Damião – Itamaraju – Bahia (Vitor Amorim do Amaral)

6.Civilismo em terras baianas: “povo” e participação politica na batalha eleitoral 1910 (Willan de Souza Januário)

Page 60: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 4 - História, memória e (auto) biografia

Coordenadores: Prof. Dr. Raimundo Nonato Pereira Moreira (UNEB) e Prof. Dr. José

Jorge Andrade Damasceno (UNEB)

RESUMOS

1. Monumentalizando a si mesmo – a Fundação Osvaldo Sá (Maragojipe-BA)

Ana Paula Lessa

Essa comunicação tem o intuito de apresentar as múltiplas possibilidades de

investigação no acervo particular do escritor maragojipano Osvaldo Sá. (1908-2002).

Sá era neto de antigos donos de engenho do Recôncavo e filho de um ex-intendente

de Maragojipe. No ano de seu falecimento, em 2002, sua biblioteca foi transformada

em Fundação, disponibilizando para o público todo o manancial de objetos por ele

resguardados ao longo de seus 94 anos de vida. Todos os elementos presentes no

acervo demonstram o interesse de Osvaldo Sá de forjar uma imagem aprazível de si

mesmo para seus futuros pesquisadores. Cuidou de arquivar-se. Encontramos no

acervo desde cartas até os manuscritos de seus livros. Sua biblioteca possui mais de

2000 títulos catalogados que variam entre Literatura, Direito, Biologia, Religião,

História, Medicina entre outros. Há também os jornais e revistas, alguns do inicio do

século XX. Enfim, a Fundação Osvaldo Sá é um espaço que possibilita

conhecer o \"mundo do escrito\" e as pretensões de um literato do interior que tinha

sonhos de distinção.

2. O precursor da eugenia no Brasil”: Alfredo Magalhães, um pai abnegado,

um exemplar chefe de família, cumpridor de seus deveres, um apóstolo

da infância...

Andre Araújo dos Santos

O presente trabalho tem por escopo analisar a importância da biografia como uma

fonte privilegiada para composição de trabalhos historiográficos, bem como os

cuidados em relação à composição destes trabalhos a partir do uso desta fonte. A

partir do livro de caráter biográfico escrito por Gracília Magalhães, filha do Dr. Alfredo

Ferreira de Magalhães, professor catedrático de pediatria na Faculdade de Medicina

da Bahia, pretendo refletir sobre os caminhos profícuos para o uso da memória familiar

de caráter biográfico, bem como os perigos de utilizá-las na escrita de um trabalho

historiográfico.

O Dr. Alfredo Magalhães foi um dos pioneiros no desenvolvimento da puericultura na

Bahia, tendo sido parte de um movimento pró-infância, de caráter nacional, através da

Page 61: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

sua participação no Instituto de Proteção e Assistência a Infância da Bahia (IPAI-BA),

como fundador e presidente vitalício da instituição. A construção da memória deste

“abnegado apóstolo da infância”, além de ter sido laureada por sua filha, fora exaltada

em revistas especializadas, fossem de caráter filantrópico, ou revistas médicas, por

jornais periódicos de Salvador, pelo jornal de sua instituição, por governantes da

municipalidade. Pouco mais de meio século após a morte do Dr. Alfredo, o IPAI-BA,

seu prédio, suas ações e sua memória, não fazem parte da paisagem e nem da

memória coletiva da cidade.

Reconhecendo a importância da biografia, apontarei caminhos percorridos para

abordar práticas puerícola dos pioneiros do IPAI-BA, bem como a necessidade de se

refletir sobre a exaltação da memória familiar através da biografia, aliás, reflexão

necessária para qualquer tipo de fonte. Entre a “medicalização” das práticas de

cuidado/cura e a população havia um hiato, pois a medicalização enquanto

normatização das práticas cotidianas das camadas pobres, alicerçadas sobre um

saber e práticas populares antigas, numa sociedade desigual, encontraram na

distância entre as camadas sociais e no preconceito do discurso médico barreiras para

vulgarização da puericultura.

3. A “DÁDIVA REDENTORA”: a origem da cultura sisaleira na Bahia através

da narrativa memorialística de José Ramos Filho

Cassiano Ferreira Nascimento

Durante a escrita da história, na operação de selecionar os resquícios do passado,

juntar elementos dispersos, desenvolver a análise e transpor para a linguagem, o

pesquisador procura conferir um sentido ao que escreve; dar inteligibilidade. E, para

tal, é criado um enredo, um modo peculiar de contar determinada história que leve o

leitor a compreendê-la; que desperte sentimentos diante do que é narrado. Ao

reconhecer isso, outros tipos de narrativas que pretendam uma versão sobre o

passado não podem ser desprezadas pelos historiadores. Referimo-nos aqui, mais

especificamente, a textos de memorialistas. Por conta da pretensão de verdade

contida nesse tipo de narrativa, é colocado um problema peculiar diante do historiador,

pois ele é uma representação do passado. E, apesar de não se identificar com o

discurso histórico, já que desprovido dos rigores teórico-metodológicos da disciplina,

eles se aproximam. Tendo em vista essas considerações é qu

e desenvolvemos o presente artigo, no intuito de analisar a narrativa de José Ramos

Filho sobre a origem da cultura do sisal na Bahia, verificando os sentidos empregados

e tentando compreender o que o levou a considerá-la como uma dádiva redentora.

Page 62: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

4. Olhares sobre a vida e a morte de Osvaldo Requião: História e memória

de um espírita

Chablik de Oliveira Morgado

A presente comunicação tem o objetivo de analisar as memórias tecidas sobre o

intelectual Osvaldo Requião (1908-1966), advogado e professor espírita, residente em

Feira de Santana (BA) entre as décadas de 1940 a 1960. Tendo como referência o

seu falecimento, serão analisados os relatos J. Magno e Helder Alencar, escritos

respectivamente em 1966 e 1969. Cabe dizer que tanto Magno quanto Alencar,

jornalistas, foram colegas de Osvaldo Requião. Pretende-se observar como esses dois

sujeitos constroem seus relatos (tomados como memórias escritas), o ponto de

partida, os silêncios presentes na fala de cada um dos autores, o contexto em que

escrevem, bem como os termos que utilizam para designar Osvaldo Requião. O

conceito de trajetória, de Pierre Bourdieu, será utilizado como ferramenta nesta

análise, uma vez que rompe com o determinismo do meio social sobre o indivíduo

ressaltando o papel deste como “devir” histórico (BOURDIEU: 2006, p.189). A

memória

pode ser tomada como qualquer outra fonte histórica desde que se faça uma

compreensão crítica na sua análise, sendo assim, precisa-se levar em conta

rearranjos dos próprios depoentes, assim como coerções muitas vezes indiretas de

grupos sociais. J. Magno ao comunicar a morte de Requião na Rádio Sociedade de

Feira de Santana, traz um relato adjetivo, ou seja, laudatório sobre o colega

destacando o grandioso homem que foi nas diversas atividades que exerceu; Helder

Alencar, por sua vez, traça um relato substantivo, uma vez que constrói um relato “do

berço ao túmulo” (BORGES: 2005, p.207), ou seja, faz um breve panorama biográfico.

Nos dois relatos a diferença marcante foi à referência ao Espiritismo, fato esse que

permite discutir os conflitos no campo religioso feirense.

5. Escritas e leituras de mim: uma reflexão acerca da epistemologia do

armário a partir da minha autobiografia.

Elder Luan dos Santos Silva

Este trabalho é uma reflexão teórica e descritiva, baseada na literatura nacional e na

escrita autobiográfica, acerca de como o armário gay atua como um aparelho que

regula e molda o comportamento de Gays na sociedade atual, mais especificamente

Page 63: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

no interior da Bahia. Para tal, utilizarei como objeto de análise e reflexão a minha

trajetória pessoal de vida e formação, (auto)biografada e embasada teoricamente no

conceito de “Epistemologia do Armário” desenvolvido por Eve Kosofsky Sedgwick. No

intuito de compreender, como o “armário” descrito por Segwick, moldou, regulou e

transformou as relações afetivas, sexuais e de gênero minhas e dos meus pares e

demonstrar que a autobiografia, além de ser uma escrita e leitura de si mesmo, pode

vim a ser um mecanismo de contestação, luta política e produção memorialística, não

só da sua história pessoal, como também da história e dos marcadores sociais do seu

tempo vivido e escrito. Ao autobiogra far a minha trajetória de vida e formação, pude

perceber que a oposição entre o público e o privado pautou tantos as minhas, quanto

a maioria das relações daqueles que viviam na mesma época e espaço que eu, o

público, sendo todas as práticas aceitas e hetero-normatizadas pela sociedade, e o

privado aquilo que era só meu, ofuscado nas entranhas dos meus desejos sexuais,

não aceitos, não legitimados e marginalizados por uma sociedade que descaracteriza

e deslegitima os indivíduos que não cumprem o seu suposto papel determinado pelo

sexo biológico. Ao fazer a opção pelas histórias de vida, pelo vivido e narrado no

campo dos atos formativos (JESUS, 2010, pp. 34) é como salienta Rita de Cássia

Pereira de Jesus em seu livro Currículo e Formação, legitimar o direito do sujeito-

pesquisador escrever em primeira pessoa, tornando-se autor de si mesmo, das suas

vivências e do sentido da sua existência. É uma escrita e leitura de si, os autores são

objetos e sujeitos de suas próprias narrativas. As trajetórias de vida, sejam elas

pessoais ou coletivas, são as provas do nosso conhecimento, e assim como salienta

Santos, 2002, esse saber adquirido nas trajetórias de vida dos indivíduos estão

presentes, mesmo que clandestinamente nas conjecturas ocultas dos seus discursos e

vivências sejam elas pessoais ou acadêmicas.

6. Professor Faustino, “O Fausto”: A imposição das mãos e o “dom da cura”

Rafael Rosa da Rocha

Investiga a trajetória do curandeiro espírita Faustino Ribeiro Junior e busca através

dela trabalhar o tema das práticas de cura no limiar do século XX, colocando em

perspectiva os embates entre os saberes oficiais e as práticas de cura leigas na Bahia.

Ele nasceu no Estado de São Paulo, no ano de 1870. Na década de 1890, atuava

como funcionário público - inspetor escolar - e professor formado pela Escola Normal

Superior de São Paulo. Na última década do século XIX, entretanto, o então inspetor

Page 64: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

passou a executar curas “miraculosas” apenas com o uso das mãos. É possível que

daí tenha surgido o título de Professor Faustino. Esse momento foi fundamental, pois

foi quando Faustino começou a ser perseguido pelo Juizado Municipal de Campinas,

em 1901. (GAZETA MÉDICA DA BAHIA, 1903, p. 193-194) A partir de então começou

a peregrinar por outros estados do país, executando seus processos de cura. Quando

aportado na Bahia, Faustino Ribeiro Junior integrou, sobretudo para higiene pública, o

escopo no qual a ciência médica buscava fincar seus pilares saneando os espaços,

controlando as habitações e os costumes e as concepções de civilização e progresso

davam legitimidade às ações da inspeção de higiene. Logo quando chegou por aqui,

no ano de 1903, o Diário de Notícias começou a anunciar matérias com o título

Professor Faustino. Em uma delas, o periódico descreveu o acúmulo de pessoas à rua

na porta da pensão onde se hospedara o curador. Segundo o articulista, centenas de

pessoas ocupavam o espaço público. Expostas aos ardores do sol, em pé, sentadas,

atiradas ao chão, muitas de pernas à mostra com “hediondas chagas”, das quais

escorriam horríveis “sordes” [sic], outras exibindo terríveis convulsões epilépticas. Em

outra parte o gemido do “nevralgico” que logo se transmudava no grito lancinante, “ali

a tosse oca do tísico, a expectorar, penosamente sacudido, o pús das suas cavernas,

e por toda a parte a tensão nervosa da ânsia de extenuar e amenizar a dor daquela

pobre gente”. (DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 1903, p. 3) Esse foi o cenário que Faustino

encontrou para praticar a imposição das mãos em seu processo curativo. Tomamos

como fonte para este trabalho periódicos como o Diário de Notícias, A Baia e o livro

Espiritismo e Protestantismo. Nosso objetivo nesse trabalho é discutir as visões que a

Inspeção de Higiene tinha sobre as práticas de cura empregadas por Faustino e

confrontá-las com as ideias do curador.

7. Curas religiosas: tradição e sobrevivência em Cruz das Almas-BA

Ana Carine de Souza Melo

A pesquisa em questão tem como finalidade investigar as práticas de curas realizadas

no município de Cruz das Almas-BA, buscando compreender os aspectos “mágico-

religiosos” no período da modernidade. Essa pesquisa justifica-se pela importância em

divulgar a tradição e resistência das práticas de cura realizada por curandeiros que ao

longo da História brasileira foram reprimidas, evidenciando que tais práticas de cura

tem eficácia reconhecida pelos oficiantes e sua clientela e por isso continuam vivas.

Page 65: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

Através da História Oral foram coletados os depoimentos para realização do estudo

em questão uma vez que reconstituiu as práticas de cura executadas pelos

curandeiros entrevistados fazendo-os revelar seu papel e sua importância sócio

religiosa. Tais práticas exercidas por rezadores, benzedeiras, curandeiros, sacerdotes

das religiões afro-brasileiras, dentre outros, sanam doenças de origem biológica (do

corpo), doenças sobrenaturais, e aflições cotidianas (falta de emprego, desanimo,

conflito nos relacionamentos, etc.). As curas religiosas ultrapassaram os séculos na

História brasileira e constituem um emaranhado de diferentes religiosidades que se

fundiram. As diversas práticas de cura oficializadas por rezadores e sacerdotes das

religiões afro-brasileiras, em meio às perseguições religiosas no período colonial, e a

estigmatização e descriminação dos meios médicos e aparelhos judiciais ao longo do

século XX não extinguiu o acervo e a tradição das curas religiosas nem intimidaram

seus praticantes.

8. Entre História e Memória: A produção memorialística de Emiliano José.

Adriano Batista Paixão do Lago

Este estudo propõe a análise, a partir da dimensão da História Política, da produção

memorialística de Emiliano José sobre a Ditadura Civil-Militar brasileira (1964-1985),

dando especial atenção as singularidades presentes na sua narrativa. Procuramos

investigar estas singularidades sem perder de vista o domínio da História dos

Intelectuais, já que este é o campo de atuação do nosso objeto (o grupo dos

intelectuais). Discutiremos ainda a relação que envolve a História e a Memória a fim de

compreender melhor as interpretações do memorialista sobre os acontecimentos que

o mesmo rememora e o porquê de tais rememorações.

Por fim destacaremos a importância deste estudo na análise das memórias sobre os

governos militares na Bahia, sem deixar de perceber e trazer à tona também os

“esquecimentos” e “silêncios” que ocorrem nas narrativas de Emiliano José.

Page 66: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

9. Uma flor que se rebela: memórias de uma militante baiana na ditadura

militar

Ary Albuquerque Cavalcanti Junior

O presente trabalho busca apresentar e discutir reflexões para estudos sobre a

ditadura militar brasileira na perspectiva de uma militante baiana. Tendo em vista que

nas ultimas décadas o olhar para novas perspectivas historiográficas, trouxeram novas

abordagens para a história das mulheres no contexto ditatorial. Nesta conjuntura

partiremos das reflexões em torno da memória e da história do período e como a

crescente história das mulheres vem contribuindo para os recentes trabalhos que

tomam os casos particulares como expressão de uma sociedade. Ao trazer a

participação de mulheres baianas no contexto histórico já mencionado e a luz de

novas implicações, pretendemos contribuir para novos debates e reflexões, analisando

e recuperando a história de uma mulher baiana na ditadura militar.

10. Memórias de mulheres militantes de esquerda: a questão “da

maternidade”.

Débora Ataíde Reis

Durante a ditadura militar brasileira, a perseguição aos opositores do regime se

intensificou após a instauração do Ato Institucional nº 5. Neste contexto, diversas

militantes de esquerda foram presas e torturadas, havendo relatos de utilização da

maternidade como forma de subjugar as mulheres em sessões de tortura, a exemplo

dos casos de sevícias sofridas por grávidas e de ameaças a crianças como uma forma

de torturar psicologicamente as mães. Diante disto, aquelas militantes que

engravidaram e optaram por terem seus filhos, passaram a conviver com o medo de

exporem seus rebentos à violência do regime e/ou de precisarem se afastar

repentinamente das suas crianças para protegê-las. Em alguns casos esta situação foi

determinante para a decisão de abandonar as atividades políticas. Depois de muitos

anos, algumas destas mulheres revelaram os seus dramas em meio às memórias

acerca das suas militâncias políticas tendo como instrumento de exposiç

ão a modalidade da autobiografia. Este foi o caso de Derlei Catarina de Luca e

Catarina Meloni, militantes da Ação Popular no período em questão. É sobre a

memória das experiências \"da maternidade\" nestas circunstâncias que este trabalho

se debruça, buscando pensar na maternidade como uma construção histórica e social

Page 67: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

amparada por representações que pressionam as mulheres a se comportarem

segundo um modelo cuja principal característica é a abnegação.

11. Entre memórias e narrativas biográficas: As representações do padre Alfredo Haasler no sertão das Jacobinas/Bahia

Gilmara Ferreira de Oliveira Pinheiro

Em Setembro de 1938, Padre Alfredo Haasler, monge da Ordem Cisterciense da

comum observância, chegou a Jacobina no interior do Estado da Bahia, com o objetivo

de dar início a seu novo projeto missionário religioso e educacional, em consonância

com os princípios restauradores empreendidos pela Igreja Católica, através do papa

Pio XI. A vinda dos Cistercienses para o Brasil na primeira metade do século XX,

atendeu a necessidade de reestruturação interna da Congregação e aos interesses da

Sé Romana de expansão do cristianismo em países fora da Europa. Para isso, a

comum observância que, até o Capítulo Geral de 1925, mantivera a solidão do

claustro como princípio de elevação da alma e obediência à regra de São Bento, tivera

que se abrir à possibilidade de convivência com a comunidade externa, desde que

seus monges não perdessem o espírito da observância. Essa abertura possibilitou a

vinda e transferência da abadia de Schlierbach para Jequitibá, Estado da Bahia, a

partir do ano de 1938 e a fixação do monge Alfredo Haasler como vigário da paróquia

de Santo Antônio da Jacobina. Em 1939, um ano após sua chegada à Jacobina,

fundou a associação das Escolas Paroquiais de Jacobina e entre as décadas de 1940

e 1970, criou 48 escolas que, espalhadas pela extensão da paróquia, se destinaram a

educação elementar para crianças e jovens dos sertões jacobinenses. Ao tempo em

que possibilitou educação ao sertanejo, cuidou de “regatar” o sentimento e hegemonia

da Igreja Católica na região através do sistema das desobrigas, onde percorria

mensalmente toda a extensão da paróquia sob sua responsabilidade, levando aos fiéis

os Sacramentos e ensinamentos do catolicismo romanizado. Sua peleja pelas terras

inóspitas do sertão baiano possibilitou a construção de diversas representações do

padre austríaco na memória da população local. Em 1999 a paróquia de Santo Antônio

da Jacobina, solicitou a uma memorialista da cidade que ficasse responsável pela

escrita da biografia oficial do padre Alfredo Haasler, falecido em 1997, aos 89 anos de

idade e com 59 anos de exercício do sacerdócio na referida paróquia. A obra intitulada

O Missionário do Sertão é dividida em duas partes. Na primeira, a autora buscou

explicar e apresentar a origem e história do padre antes de sua chegada à Paróquia

Page 68: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

no interior do Estado da Bahia, no segundo momento, a estratégia utilizada pela

memorialista tornou a biografia um rico acerco de memórias narrativas, uma vez que a

segunda parte é composta de depoimentos de diversas pessoas que conviveram e

conheceram o monge cisterciense. Dessa forma, o presente trabalho tem como

objetivo analisar as representações sobre o padre Alfredo Haasler, através do conjunto

de narrativas que compõem sua biografia oficial.

12. Memória e Narrativa em O Fundador de Eunápolis: a escrita da história como leitura da experiência do tempo

João Rafael Santos Rebouças

O presente trabalho tem por objeto de pesquisa a produção escrituraria de Alcides

Góbiras Lacerda (1929-2006), especificamente o livro intitulado O Fundador de

Eunápolis, Sessenta e Quatro, as Treze Marias e os Anjos da Traição (lançado em

2003). Neste livro o autor relata a história da “fundação” da cidade de Eunápolis,

Bahia, que teria se iniciado a partir do ano de 1942, com a chegada de Joaquim

Quatro. Essa produção será problematizada enquanto uma prática de escrita da

história, compreendida como a configuração narrativa de uma experiência do tempo

que tem no trabalho sobre a memória um de seus aspectos fundamentais. Dessa

prática emerge a narrativa memorialista onde é possível depreendermos questões

relativas aos modos de vida de seus “primeiros” habitantes, o processo de ocupação

da região e as formas de sociabilidade desse novo espaço de experiência que surge

com a “fundação” do que viria a ser a cidade de Eunápolis.

13. A história contada do povoado de Fátima

Maria Cleonice de Jesus Nery

A história oral também representada por meio de entrevistas e testemunhos, sempre

existiu, ela é uma técnica antiga, mas levou muito tempo para ser aceita como além de

narrativas de histórias e sim como método de caráter científico para projetos de

pesquisa. Assim, devido a ausência de quaisquer documentações ou registros

históricos relacionados ao Povoado de Fátima (zona rural pertencente ao município de

Santo Antonio de Jesus-BA), fez-se uso da técnica da história oral, com a finalidade de

conhecer a história da referida comunidade e de seus moradores, personagens que

direta ou indiretamente contribuíram para a construção da mesma. A partir de distintas

entrevistas, como percepções e lembranças diferentes, pôde-se reconstruir uma

Page 69: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

história. O êxito das entrevistas se deu com base na memória dos entrevistados e com

base nas experiências religiosas, de relações pessoais e do trabalho na extração de

minério nas minas, vividas pelos mesmos, considerados como personagens principais

desta história. Este artigo é parte integrante de um trabalho de conclusão do curso de

licenciatura em Geografia, da Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus V,

sob orientação do professor Ms. Sandro dos Santos Correia.

14. As Práxis coronelísticas no Sul da Bahia: Os Coronéis do Cacau e a

busca pele riqueza e poder

Gabriel José Brandão de Souza

O presente trabalho tem por objetivo analisar as relações de poder existentes entre as

elites cacaueiras na cidade de Ilhéus, no início do século XX, período no qual

ocorreram intensas mudanças na organização política do município e no exercício do

“poder local”. O intuito é o de analisar o processo de consolidação dessas elites,

buscando identificar quais os meios e estratégias utilizadas por esses grupos para

garantir a hegemonia política municipal e a construção dos alicerces necessários para

legitimação desse sistema político dominante, baseado no coronelismo. Tendo como

foco de analise, esta pesquisa tem como cenário a cidade de Ilhéus – BA no início do

século XX, período este que devido à expansão das plantações de cacau, a cidade em

tela passou a ocupar uma parcela significativa da economia estadual, tendo como uma

das consequências à formação de uma nova elite econômica e social. O presente

trabalho ainda busca refletir como “os de baixo”, ou seja, as classes menos

favorecidas economicamente viam em torno das relações com os coronéis

possibilidades de negociação e barganhar em torno do seu apoio.

15. Memória e História Local: Praça da Lavoura ou feira do Rato? Um estudo

sobre o Patrimônio em Eunápolis-BA

Levi Sena Cunha

As feiras populares se constituem essenciais para os seus municípios, não apenas

pelo papel econômico que desempenham, sobretudo por serem também locais onde

se estabelecem relações espaciais, sociais, culturais e de gênero. Estas relações

interferem nos processos históricos, de mudanças e permanências em seus espaços

físicos e sociais. Neste sentido, esta pesquisa tem por objetivo mostrar a Praça da

Page 70: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

Lavoura, área onde se organizava a feira livre em Eunápolis-BA, nos tempos em que a

cidade ainda era o povoado de 64, pertencente aos municípios de Santa Cruz Cabrália

e Porto Seguro, nosso recorte compreende a temporalidade que vai de 1960 à 1988 -

ano em que o povoado se emancipa. Para fazê-lo recorremos às pessoas que se

relacionavam com esse espaço de sociabilidade sujeito a mudanças de acordo com as

políticas urbanas vigentes e como essas modificações foram percebidas por essa

parcela da população, buscando recompor através das suas memórias a possibilidade

de se contar uma história vista por esses sujeitos, tais memórias serão analisados

como fatores de efetivação do espaço como patrimônio da cidade.

16. “Em prol do progresso material e intelectual desta grande zona sertaneja\" - O Folha do Norte e o \"advento\" do progresso em Feira de Santana - 1909-1930

Magno de Oliveira Cruz

As cidades são antes de tudo uma experiência visual. Traçado de ruas, vias de

circulação ladeadas de construções, os vazios das praças cercadas por igrejas e

edifícios públicos, o movimento de pessoas e a agitação das atividades concentradas

num mesmo espaço e mais, um lugar saturado de significações acumuladas através

do tempo, uma produção social sempre referida a alguma de suas formas de inserção

topográfica ou particularidades arquitetônicas. Atrelada a essa caracterização de Maria

Stella Brescianni, o presente trabalho se esforça em analisar a cidade de Feira de

Santana, Bahia, através do jornal Folha do Norte entre 1909 e 1930, na sua

materialidade: traçado de ruas, abertura de novos bairros, zoneamento, adoção de

técnicas construtivas atualizadas, estilos adequados para expressar visualmente à

“chegada” do progresso. Percebe-se através dos jornais a persistente preocupação

dos órgãos públicos e das autoridades locais em realizar o deslocamento da

representação da Feira de Santana enquanto uma cidade de bases rurais, para defini-

la como uma urbe dotada de um poderoso comércio e de uma estrutura citadina.

Assim, como compreender os motivos que levaram à definição do comércio enquanto

elemento identificador da Feira de Santana no Estado da Bahia? Nesse sentido, cabe

inquirir as relações entre os ideais modernizantes presentes no ideário republicano e

sua aliança como novas formas de percepção da cidade.

Page 71: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

17. Política Esporte Clube: Associativismo de recreação e democracia representativa em Alagoinhas

Moisés Leal Morais

Neste trabalho analisa-se a dinâmica das relações que envolvia uma rede de

sociabilidade em Alagoinhas construída a partir de associações recreativas, junto a

organizações partidárias, mandatários de cargos eletivos e instâncias governamentais.

A discussão é desenvolvida, principalmente, em torno de entidades que agregavam

trabalhadores em seus quadros e estavam vinculadas ao esporte amador, como

clubes de futebol e dominó com suas respectivas Ligas, além das associações

mutualistas que previam em suas atividades práticas recreativas. O propósito é

compreender aspectos das transformações sociais que se processavam na cidade de

Alagoinhas, assim como elementos que auxiliavam a configurar as suas relações

políticas, durante a chamada Segunda República (1945-1964). Nesse período, vigorou

o pluripartidarismo e a ocorrência regular de eleições diretas, verificando-se uma

relativa ampliação da participação política dos trabalhadores nos m

arcos de uma democracia representativa, uma vez que o voto se apresentava como

um instrumento, embora limitado, de expressão e negociação para setores

marginalizados da população.

18. Historia e Memória da Igreja São Cosme e São Damião – Itamaraju – Bahia

Vitor Amorim do Amaral

Este artigo é resultado do Estágio Curricular Supervisionado II do curso de

Licenciatura Plena em História, ele pretende apresentar recortes institucionais da

Igreja São Cosme e São Damião que está situada na cidade de Itamaraju - BA.

Através de análises realizadas no arquivo da Igreja, entre os meses de Fevereiro e

Março de 2010, na secretaria paroquial, também nos propiciou a realização de

entrevistas com fieis, do qual, foram identificadas a historicidade da igreja e a

importância que ela ainda exerce perante a cidade. Esse Estágio em arquivos propõe

novas perspectivas a fim de interagir com a construção da história local. Conhecer

uma sociedade pela óptica religiosa e compreendê-la enquanto sociedade laica.

Assim, a Igreja e seus documentos se tornam patrimônio cultural, para a sociedade,

que estão inseridos nos indivíduos e que em alguns momentos compartilham histórias

e por sua vez se ligam a outras histórias formando então uma teia da memória

coletiva. Logo, como proposta do projeto de estágio, analisamos o Livro Tombo,

documentos iconográficos e orais, presentando recortes da História Institucional da

Page 72: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

paróquia São Cosme e São Damião, propondo novas perspectivas para construção da

História local.

19. Civilismo em terras baianas: “povo” e participação politica na batalha eleitoral 1910

Willan de Souza Januário

Pretendo com a apresentação no Simpósio Temático, compartilhar experiência iniciais

como aluno do Mestrado em História Regional e Local da Uneb. A pesquisa tem como

proposta maior o entendimento da participação de sujeitos que não estavam inseridos,

diretamente, na politica eleitoral na Primeira República, tendo como referência a

Campanha Civilista de 1910. O objetivo central é analisar como esses populares se

encontravam no processo eleitoral e no \"duelo\" intelectual dos discursos políticos. As

fontes a serem analisadas serão , charges, fotografias, jornais e discursos políticos.

Para essa especifica apresentação, pretendo mostrar a análise dos discursos

eleitorais do candidato Rui Barbosa durante a Campanha Civilista,análise essa que

tem como foco o entendimento do que Barbosa entendia como \"povo\" . Nesse

sentido, pretendo debater a figura de um intelectual e entender o contexto politico-

cultural da época.

Page 73: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 5 - América Portuguesa: cultura, sociedade e

relações de poder

Coordenadoras: Profa. Dra. Ana Paula Medicci (UFBA) e Profa. Dra. Suzana Severs

(UNEB)

1. A circulação e recepção de modelos e estampas na América Portuguesa: O caso

do silhar azulejar presente no Convento Franciscano na Paraíba colonial (Michael

Douglas dos Santos Nóbrega)

2. Entre alçapões e becos: Ana Maria Joaquina da Purificação, mulher “adúltera e

condenada” na Bahia do século XVIII (Carmem Lucia Santos de Jesus)

3. Cartas para Luís Paulino: relatos e vivências da família Pinto da França (1821 –

1824) (Danielle Machado Cavalcante)

4. SAUBARA SETECENTISTA: uma história econômica e social de uma fazenda do

Recôncavo Baiano (1714-1793) (Sérgio Augusto Martins Mascarenhas)

5. Política e Administração no Ultramar Português: Perfil Social e Carreiras

Administrativas dos Governadores-Gerais do Estado do Brasil (1640-1705) (Ana

Paula Moreira Magalhães)

6. Uma denúncia como vingança: o “escandaloso contrabando praticado em Porto

Seguro” (Tharles Souza Silva)

7. Catequização e Colonização em Água Fria entre 1653 -1750: de arraial a uma das

mais importantes e antigas vilas da Bahia. (Alex Teixeira de Araújo)

8. José Figueira e seus Mecenas:índios Guerens na sesmaria dos jesuítas (Rafael

dos Santos Barros)

9. Paulo Barbosa: O inimigo dos religiosos da Companhia de Jesus na capitania de

Porto Seguro. (Uiá Freire Dias dos Santos)

10. O regulamento do Seminário de Belém da Cachoeira: Educando os filhos dos

principais em “santos e honestos costumes” (Alfredo Pinto da Silva Junior)

11. A Bahia sertaneja colonial: entre o vaqueiro e o garimpeiro (Tadeu Baliza de

Souza Júnior)

12. As despesas dos autos de fé nos Livros dos Tesoureiros da Inquisição (Denise

de C. Zottolo)

13. Maria Barbosa: uma “flecha de satã” na Bahia de Todos os Santos (Eliane

Gonçalves de Miranda

14. Hóstias e mandingas: magias de proteção na Bahia setecentista (Felipe

Augusto Barreto Rangel)

Page 74: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

15. Examinando consciências: América portuguesa nos cadernos do promotor

(Joseane Pereira de Souza)

16. Nas rodas dos calundus: religiosidade negra na Bahia colonial (séculos XVII E

XVIII). (Marina Pinto dos Santos)

17. Sujeitos e experiências históricas: a ação política indígena e os seus

personagens (1585-1628 (Jamille Oliveira Santos Bastos Cardoso)

Page 75: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 5 - América Portuguesa: cultura, sociedade e relações de poder

Coordenadoras: Profa. Dra. Ana Paula Medicci (UFBA) e Profa. Dra. Suzana Severs

(UNEB)

SALA: 5 (Pavilhão 2) CRONOGRAMA

15.10.2013 (Terça-feira,)

Horáro: 14h - 17h

1. A circulação e recepção de modelos e estampas na América Portuguesa:

O caso do silhar azulejar presente no Convento Franciscano na Paraíba

colonial (Michael Douglas dos Santos Nóbrega)

2. Entre alçapões e becos: Ana Maria Joaquina da Purificação, mulher

“adúltera e condenada” na Bahia do século XVIII (Carmem Lucia Santos de

Jesus)

3. Cartas para Luís Paulino: relatos e vivências da família Pinto da França

(1821 – 1824) (Danielle Machado Cavalcante)

4. SAUBARA SETECENTISTA: uma história econômica e social de uma

fazenda do Recôncavo Baiano (1714-1793) (Sérgio Augusto Martins

Mascarenhas)

5. Política e Administração no Ultramar Português: Perfil Social e Carreiras

Administrativas dos Governadores-Gerais do Estado do Brasil (1640-

1705) (Ana Paula Moreira Magalhães)

6. Uma denúncia como vingança: o “escandaloso contrabando praticado em

Porto Seguro” (Tharles Souza Silva)

Page 76: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

16.10.2013 (Quarta-feira)

Horário: 8:30 – 12:30

1. Catequização e Colonização em Água Fria entre 1653 -1750: de arraial a uma das

mais importantes e antigas vilas da Bahia. (Alex Teixeira de Araújo)

2. José Figueira e seus Mecenas:índios Guerens na sesmaria dos jesuítas (Rafael

dos Santos Barros)

3. Paulo Barbosa: O inimigo dos religiosos da Companhia de Jesus na capitania de

Porto Seguro. (Uiá Freire Dias dos Santos)

4. O regulamento do Seminário de Belém da Cachoeira: Educando os filhos dos

principais em “santos e honestos costumes” (Alfredo Pinto da Silva Junior)

5. A Bahia sertaneja colonial: entre o vaqueiro e o garimpeiro (Tadeu Baliza de

Souza Júnior)

17.10.2013 (Quinta-feira)

Horário: 8:30 – 12:30

1. As despesas dos autos de fé nos Livros dos Tesoureiros da Inquisição

(Denise de C. Zottolo)

2. Maria Barbosa: uma “flecha de satã” na Bahia de Todos os Santos (Eliane

Gonçalves de Miranda

3. Hóstias e mandingas: magias de proteção na Bahia setecentista (Felipe

Augusto Barreto Rangel)

4. Examinando consciências: América portuguesa nos cadernos do

promotor (Joseane Pereira de Souza)

5. Nas rodas dos calundus: religiosidade negra na Bahia colonial (séculos

XVII E XVIII). (Marina Pinto dos Santos)

6. Sujeitos e experiências históricas: a ação política indígena e os seus

personagens (1585-1628 (Jamille Oliveira Santos Bastos Cardoso)

Page 77: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 5 - América Portuguesa: cultura, sociedade e relações de poder

Coordenadoras: Profa. Dra. Ana Paula Medicci (UFBA) e Profa. Dra. Suzana Severs

(UNEB)

RESUMOS

1. A circulação e recepção de modelos e estampas na América Portuguesa:

O caso do silhar azulejar presente no Convento Franciscano na Paraíba

colonial

Michael Douglas dos Santos Nóbrega

A circulação de modelos e estampas foi uma prática de cunho relevante e feita com

relativa ocorrência na América portuguesa. A Igreja católica, para assegurar seu

poderio, utilizou-se do artifício da produção em larga escala de cenas bíblicas com os

mais diferentes intuitos, tais como os de catequizar índios, participar ativamente da fé

particular dos devotos, incentivar a glorificação por meio dos santos católicos e da

virgem Maria. No período colonial, essa prática se torna muito frequente e podemos

encontra-la hoje, principalmente, no patrimônio religioso. Sendo assim, pretendo expor

nesse trabalho um silhar azulejar tratando da vida de José do Egito, presente no

Convento Franciscano, na Paraíba, expondo temas relativos à composição

iconográfica dos quadros, às formas de recepção dos mesmos e comprovando o

processo de circulação de modelos e gravuras no além mar.

2. Entre alçapões e becos: Ana Maria Joaquina da Purificação, mulher

“adúltera e condenada” na Bahia do século XVIII

Carmem Lucia Santos de Jesus

A pesquisa em questão analisa as estratégias adotadas por uma mulher da elite

colonial açucareira, moradora da Bahia no século XVIII em suas práticas de adultério

que consequentemente levou a ser depositada em Recolhimentos erigidos na Bahia

de onde intentou divórcio a fim de manter-se livre de seu marido, mais velho que ela e

possivelmente ciumento. Verificaremos que mesmo sendo considerada uma prática

ilícita e que ia de encontro a moral e aos bons costumes difundidos pelos

moralizadores da época, ela em suas ações, é acobertada pelos seus familiares.

Page 78: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

Portanto, corroboramos com a ideia de que o estudo sobre a mulher no período

colonial estava para além da administração da cozinha da casa senhorial incluindo a

educação de sua prole. Ela, assim como tantas outras que precisam sair do

anonimato, pois aparecem em traços e marcas indeléveis que produziram reflexos em

sua vida cotidiana, mulheres que viveram sob a proteção masculina, até mesmo ref

letida na arquitetura de suas casas, cujas gelosias tentavam isolá-las do mundo. São

esses traços e marcas, são essas mulheres em suas experiências históricas

cotidianas, o principal objeto de análise deste estudo.

3. Cartas para Luís Paulino: relatos e vivências da família Pinto da França

(1821 – 1824)

Danielle Machado Cavalcante

O presente trabalho pretende analisar o cotidiano da família Pinto da França durante o

processo da Independência da Bahia (1821-1823). Através da documentação privada

da família, (correspondências) pretendemos refletir sobre o momento histórico e, para

tanto, colocamos em destaque a figura de Maria Bárbara Garcês Madureira Pinto

(1779-1851). Com a partida do seu marido, Luis Paulino D’Oliveira Pinto da França

(1770-1824) para Portugal (nomeado Deputado das Cortes Constituintes), ela passou

a administrar diretamente o engenho da família. Lidar com as questões políticas,

econômicas, sociais, e buscar o modo como conseguia tramitar pelos parâmetros que

a sociedade estabelecia naquele período, é o nosso objeto nesse trabalho.

4. SAUBARA SETECENTISTA: uma história econômica e social de uma

fazenda do Recôncavo Baiano (1714-1793)

Sérgio Augusto Martins Mascarenhas

Este trabalho visa estudar a Fazenda Saubara, propriedade importante da Santa Casa

de Misericórdia, situada ao sul de Santo Amaro no Recôncavo baiano, no século XVIII.

A pesquisa intenta compreender a fazenda enquanto geradora de renda e alimentos

para o hospital da Santa Casa, assim como também fornecedora de víveres para a

cadeia, ambos receptores situados em São Salvador. Os atores sociais dessa

instituição, feitores, escravos, padres capelães e rendeiros estão entrelaçados num

cotidiano que envolve toda a sua produção, como a plantação de mandioca para fazer

Page 79: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

beijus e farinha, criação de gado vacum, extração de lenha e arrendamentos de terra.

Impulsionada pela necessidade de produzir, a vida da fazenda foi minuciosamente

registrada em diferentes documentos o que possibilita a realização deste trabalho.

5. Política e Administração no Ultramar Português: Perfil Social e Carreiras

Administrativas dos Governadores-Gerais do Estado do Brasil (1640-

1705)

Ana Paula Moreira Magalhães

O Antigo Regime português e sua conquista na América, analisados a luz de

interpretações consagradas pela historiografia, como por exemplo, o uso de modelos

explicativos os quais criaram uma estrutura engessada na ideia de que a

administração colonial era vertical, ou seja, a Metrópole explorava e usurpava as

riquezas que a colônia viesse a oferecer, trouxeram dificuldades no entendimento das

relações políticas entre Portugal e América portuguesa. As sociedades do Antigo

Regime, principalmente o Império Ultramarino português se organizavam no primado

da política. Buscaremos entender essa dinâmica de poder no âmbito da instituição

governo-geral do Estado do Brasil, um ofício de relevada importância entre as

hierarquias daqueles presentes na administração colonial portuguesa. O Governador

como cabeça de uma comunidade política, é uma via interpretativa fundamentada na

concepção corporativa que atingia as lógicas de distribuição de poder. Poder que não

se limitava exclusivamente ao monarca, mais que concorria com outras esferas de

poder do cenário político. Ao explicar a sociedade do Antigo Regime, por meio da

teoria corporativa, o exercício do poder régio e de seus representantes no ultramar

ganha complexidade. Neste sentido, procuramos caracterizar o corpo de indivíduos

que tomaram o ofício de governador-geral do “Estado do Brasil” Restaurado. É de

suma importância para uma história política-administrativa, identificar quem era aquele

que participava da gestão do Império ultramarino em nome do rei.

Page 80: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

6. Uma denúncia como vingança: o “escandaloso contrabando praticado em

Porto Seguro”

Tharles Souza Silva

Acusados de contrabando e extração de ouro e diamantes, foram presos, entre 1802 e

1803, os maiores funcionários da Coroa portuguesa na capitania de Porto Seguro, o

Ouvidor José Dantas Coelho, seus filhos Gaspar José e Antônio Luis e o capitão-mor

das ordenanças, Mariano Manoel da Conceição. Embora os fatos denunciados tenham

ocorrido realmente, como revelaram as investigações, a denúncia não foi feita pela

natureza dos fatos, mas por causa de conflitos entre os denunciantes e aqueles

oficiais régios. O objetivo dessa comunicação é mostrar como essas autoridades, no

exercício de suas funções administrativas, atraíram para si a inimizade do grupo de

denunciantes, que aproveitando a chegada de uma embarcação inglesa a Porto

Seguro, se uniram para executar uma vingança contra o Ouvidor, seus filhos e o

capitão-mor daquela Comarca.

7. Catequização e Colonização em Água Fria entre 1653 -1750: de arraial a

uma das mais importantes e antigas vilas da Bahia.

Alex Teixeira de Araújo

A presente pesquisa analisa a formação histórica de Água Fria entre 1653-1750,

discutindo os aspectos que concorreram para o desenvolvimento desse arraial que

atingiu o patamar de uma das mais antigas e importantes vilas da Bahia. São

abordadas as estratégias usadas por jesuítas e colonizadores na ocupação do sertão

e as relações estabelecidas entre estes e os índios que o ocupavam. Analisam-se

também os múltiplos interesses desses agentes colonizadores, incluindo-se os

interesses políticos e econômicos da Companhia de Jesus e de seus representantes.

Discute-se a relevância dos caminhos de acesso a essa parte do sertão baiano como

sendo essenciais para o conhecimento e ocupação.

Page 81: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

8. José Figueira e seus Mecenas:índios Guerens na sesmaria dos jesuítas

Rafael dos Santos Barros

Esta comunicação tem por objetivo analisar a trajetória do Capitão-mor José Figueira e

seus Mecenas, os quais eram responsáveis pela segurança da vila da Capitania dos

Ilhéus nos primeiros nos do século XVIII. Como prestadores de serviço Figueira e seus

Mecenas poderiam gozar de alguns privilégios, entre eles resgatar índios tapuias,

praticar corte e beneficiamentos de madeiras de lei para serem comercializados, ter

um lote de terra demarcado para cultivar produtos de subsistência, enfim, todos os

privilégios que a condição de colaboradores da conquista lhes proporcionavam.

Pretende-se também descrever a inserção dos índios Guerens como sujeitos

históricos ativos, os quais não foram simplesmente manobrados por este Capitão-mor,

ou ainda, sua condição de administrados não lhes reservavam a condição de

escravizados. O que emerge das fontes é a inserção desses índios nos tramites

jurídicos do Império português, os quais conseguiram per

ceber as interfases das legislações para poderem se beneficiar, frente à sociedade

que os oprimia física, biológica e socialmente.

9. Paulo Barbosa: O inimigo dos religiosos da Companhia de Jesus na

capitania de Porto Seguro.

Uiá Freire Dias dos Santos

Muito pouco se sabe sobre história de Porto Seguro. No período colonial, a capitania

de Porto Seguro sempre passou por dificuldades de desenvolvimento e crescimento

no sistema colonial. Diversos fatores são apontados como justificativas para o

insucesso e o alijamento do antigo sistema colonial. Portos ruins, existência de ventos

alísios de sudeste dificultando a navegação, epidemias, ataques indígenas, dificuldade

de mão de obra, falta de bom governo, ataques de corsários estrangeiros, presença

marcante de jesuítas desfavorecendo o progresso da empresa colonial. Todos esses

fatores levaram a considerar uma realidade de estagnação,miséria e falta de

importância para o sistema colonial. Assim, a capitania de Porto Seguro seria uma

zona pouco interessante comparando-se a próspera Bahia e seu recôncavo.

Entretanto, a relevância dos negócios do Pau Brasil evidencia a importância da

capitania para o Império Luso e cria uma série de conflitos entre

Page 82: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

as forças sociais locais e representantes da coroa. Esse trabalho busca analisar as

relações conflituosas entre o capitão-mor e superintendente do pau-brasil e os

religiosos da Companhia de Jesus da capitania de Porto Seguro entre 1645 e 1648.

10. O regulamento do Seminário de Belém da Cachoeira: Educando os filhos

dos principais em “santos e honestos costumes”

Alfredo Pinto da Silva Junior)

O presente trabalho pretende analisar como se processou a educação jesuíta no

Recôncavo da Bahia, mais especificamente, no Seminário de Belém da Cachoeira,

fundado pelo Padre Alexandre de Gusmão no ano de 1686. Deste modo, o nosso

objetivo consiste em analisar a proposta educacional do referido Seminário e a que

público se direcionava. Assim, a partir do Regulamento – redigido pelo próprio

fundador –, buscaremos observar como o caráter religioso da Companhia de Jesus

influenciou a pedagogia adotada no Colégio de Belém, facilmente observada no seu

cotidiano, e enfatizada veementemente pelo padre fundador e Reitor do Seminário,

que afirmava que o objetivo central desta instituição seria “educar nas letras e guardar

nos bons costumes”.

11. A Bahia sertaneja colonial: entre o vaqueiro e o garimpeiro

Tadeu Baliza de Souza Júnior

O presente trabalho pretende investigar escritos da Historiografia Brasileira que tratam

sobre a criação de gado e a mineração: os textos se apresentam como fontes. Foram

analisadas obras de André João Antonil (1711), Capistrano de Abreu (1907), Basílio

de Magalhães (1914) e Urbino Vianna (1935). Outros escritos dão suporte

bibliográfico, na tentativa de preencher lacunas dos autores, pois foram criados em

circunstâncias diferentes. Existia uma interdependência entre a pecuária e a

mineração, foram relevantes atividades econômicas para o surgimento,

desenvolvimento e conexões das comunidades sertanejas, sobretudo as pioneiras:

Jacobina e Rio de Contas. Nos tempos coloniais, os vaqueiros tangiam e os boiadeiros

comercializavam o gado; esses sujeitos históricos eram os agentes desde o

nascimento até a condução das boiadas para os mercados consumidores do litoral

baiano. A grande extensão dos sertões foi essencial para a criação de gado, que era

Page 83: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

usado também como força motriz nos engenhos e nos transportes da cana no litoral.

Devido à mineração, surgiu uma figura importante que disputava com outros grupos

sociais os achados das minas: o garimpeiro. Outro indivíduo do universo da mineração

era o tropeiro responsável pela comercialização de alimentos e outros bens de

consumo. A mineração forçou a sedentarização das pessoas, mormente próximos a

região de Jacobina e de Rio de Contas. Esses indivíduos ajudaram articular os

Sertões da Bahia com outras regiões inimagináveis.

12. As despesas dos autos de fé nos Livros dos Tesoureiros da Inquisição

Denise de C. Zottolo

Esta comunicação pretende discutir a realização de alguns autos de fé do Tribunal de

Lisboa, sob o ponto de vista das suas despesas, registradas nos Livros dos

Tesoureiros, contidos na seção de Receita e Despesa do Arquivo Nacional da Torre

do Tombo de Lisboa.. Os autos-de-fé eram cerimônias onde as sentenças do Tribunal

do Santo Ofício eram lidas e executadas e eram eventos de grande importância para

reafirmar o poder da Inquisição. Os autos eram revestidos de pompa e fausto e para

tanto a sua execução demandava serviços e rituais que tinham custos para sua

realização. A análise das despesas dos autos de fé permite que possamos identificar o

custo da sua realização, quanto e quais eram os itens que compunham estas

despesas, além de demonstrar a estrutura burocrática, onde várias pessoas

gravitavam em torno se beneficiando da sua realização.

Os autos utilizados como exemplos nesta comunicação foram escolhidos de forma

aleatória dentro da vigência do Regimento de 1640, já que este foi o Regimento que

esteve em vigor por mais tempo, exatos 134 anos.

Page 84: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

13. Maria Barbosa: uma “flecha de satã” na Bahia de Todos os Santos

Eliane Gonçalves de Miranda

(UNEB/Campus II) [email protected]

Essa comunicação faz parte de uma pesquisa em andamento que tem como fonte o

processo inquisitorial nº 3382, disponível no site do Arquivo Nacional da Torre do

Tombo (ANTT), localizado em Lisboa, com denúncias de feitiçaria, desobediência à

Igreja, concubinato, adultério e outros escândalos, cometidos por Maria Barbosa, na

Bahia de Todos os Santos, no início do século XVII (1609-1614). Neste trabalho irei

salientar a demonização feminina através da conflituosa relação que Maria Barbosa

mantinha com seus vizinhos na Bahia, que a acusavam de ser feiticeira e apontaram

ao longo do processo algumas práticas mágicas que a ré utilizava. Problematizo como

uma mulher pobre, acusada de feitiçaria e de outros crimes de ordem moral,

enfrentava os oficiais da Igreja, afirmando que não tinha dever para com eles,

chegando a ameaçar matá-los com um facão. Vale lembrar que aquele era um período

em que as mulheres eram criadas para serem submissas aos homens e supostamente

deviam viver sob as regras morais ditadas pela sociedade.

14. Hóstias e mandingas: magias de proteção na Bahia setecentista

Felipe Augusto Barreto Rangel

Durante o século XVIII se intensificou a inserção de elementos cristãos nas feitiçarias,

em especial na feitura de complexos mágicos com fins de proteção. Existe uma

imensa gama de documentos inquisitoriais, entre outros, que registraram casos que

apresentavam estas práticas. Nesta perspectiva, pretendemos refletir acerca de

algumas formatações religiosas, derivadas do cristianismo católico, no período

colonial, especificamente na Bahia, em meados do século XVIII. Partiremos da análise

de alguns elementos presentes em um caso de furto de hóstias consagradas, arrolado

na Vila Real e Freguesia de Nossa Senhora da Abadia, Arcebispado da Bahia, em

1760. Nossa fonte principal é um processo da Inquisição de Lisboa, contra o lavrador

pardo José Fernandes, acusado de utilizar uma bolsa de mandinga – amuleto de

proteção, e de ter furtado uma hóstia consagrada de uma igreja local. Vale ressaltar

Page 85: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

que não pretendemos adentrar profundamente nos meandros

e tensões do caso documentado no processo inquisitorial como foco principal do

trabalho. Iremos apenas recortar alguns dos discursos acerca do referido roubo para

refletirmos sobre pontos das crenças religiosas que figuravam no período colonial.

15. Examinando consciências: América portuguesa nos cadernos do

promotor

Joseane Pereira de Souza

A presente apresentação faz parte de uma pesquisa que esta sendo realizada sobre o

delito de solicitação (solicitatio ad turpia ) tendo por fonte principal os cadernos do

promotor da Inquisição de Lisboa. Trataremos da denuncia de Manoel da Costa,

português que estando em sua terra natal denuncia o frei Antonio da Conceição , pelo

delito cometido nas terras do Brasil anos atrás, quando lá esteve. A análise desse

caso específico demonstra o quanto a Inquisição e a igreja conseguiu disseminar o

medo da danação eterna causado pelo pecado, nas consciências de seus rebanhos.

Palavras chave: Solicitação, Delito, Repressão.

16. Nas rodas dos calundus: religiosidade negra na Bahia colonial (séculos

XVII E XVIII).

Marina Pinto dos Santos

UNEB/Campus II - Alagoinhas [email protected]

Esta comunicação é produto direto do subprojeto de Iniciação Científica Do quilundo

ao calundu: traduções da religiosidade negra entre a África e a Bahia (séculos XVII e

XVIII) que faz parte de um projeto mais amplo intitulado Calundus, mandingas e outras

artes: religiosidade negra na Bahia colonial (séculos XVII e XVIII) coordenado pela

Prof.ª Dra. Elisangela Oliveira Ferreira, do qual participo como bolsista (FAPESB). O

objetivo desse trabalho, em andamento, é analisar as práticas mágicas, utilizadas em

sua maioria pela comunidade negra na Bahia colonial, em especial as cerimônias de

calundus e rituais de cura semelhantes. Essas práticas, consideradas como de origem

africana, ganharam espaço na América Portuguesa em meio ao catolicismo e eram

utilizadas por pessoas que fixaram maneiras próprias de interpretar símbolos e

Page 86: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

costumes cristãos, dentre outros motivos, para enfrentar as adversidades impostas

pela sociedade escravista. O estudo se desenvolve com parte da documentação

disponibilizada online pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT),

principalmente uma série documental intitulada Cadernos do Promotor, da Inquisição

de Lisboa. Foi feito um mapeamento geral de denúncias sobre desvios da fé católica

na Bahia colonial através de quatro livros que formam os índices dos Cadernos do

Promotor, dos séculos XVII e XVIII. Graças à digitalização e democratização das

fontes inquisitoriais trabalhos como este podem ser realizados e se entende que o

estudo é de fundamental importância não só para entender e conhecer as minorias

sociais envolvidas com as práticas mágico-religiosas analisadas, como para conhecer

a própria sociedade colonial em questão.

17. Sujeitos e experiências históricas: a ação política indígena e os seus

personagens (1585-1628

Jamille Oliveira Santos Bastos Cardoso

Os estudos que se debruçam sobre a Santidade de Jaguaripe, “movimento” religioso e

político que despontou no Recôncavo baiano na segunda metade do século XVI, se

concentram no paradigma de resistência e tendem a vê-la como evento inusitado que

teve o seu apogeu e logo desapareceu em fins do século XVI. Analisando a Santidade

como fenômeno excepcional e inusitado estes estudos tendem a limitar a atuação dos

sujeitos e dos processos históricos nela envolvidos. Assim através de um novo olhar

sobre essa religiosidade tupinambá podemos perceber que o excepcional está apenas

presente na perspectiva do historiador que a vê como extrato obscuro, ou um “texto

indefinido”, assim a Santidade de Jaguaripe não pode ser analisada apenas como

curiosidade ou expressão do pitoresco. Os processos que ela desencadeia os efeitos

que sucinta e os contornos históricos sublinhados, não são simplesmente atípicos, a

Santidade não é mero movimento ou um événem

ent, substrato de um passado remoto, estão presentes em toda história dos contatos

interétnicos da sociedade colonial. Ela é, pois um espaço privilegiado de trocas

culturais, “reinvenções” indenitárias e da ação política indígena substancialmente

autônoma. A presente comunicação pretende trazer os contornos desse novo olhar

sobre a Santidade de Jaguaripe a partir das experiências políticas dos sujeitos

históricos nela envolvidos.

Page 87: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 6 - Experiências de sociabilidades na Bahia monárquica e no pós-abolição

Coordenadoras: Profª Drª Edinelia Maria Oliveira Souza (UNEB) e Profª Me. Virginia

Queiroz Barreto (UNEB)

1. As elites baianas diante da exportação de escravos 1850-1888 (Ana Paula Cruz Carvalho da Hora (UNEB)

2. Liberto, livre e ingênuo: uma análise sobre diferentes e semelhantes sujeitos sociais na Bahia (1871 - 1888). (Giovanna Ferreira Nunes Gusmão (Faculdade São Bento da Bahia)

3. A luta de escravizados para conquistar a liberdade através das cartas de alforrias em Nazareth- (1860-1888). (Gisely Nogueira Barreto (UNEB)

4. Algumas reflexõs sobre os significados da liberdade no recôncavo insular da Bahia entre 1870 e 1888. (Marcelo Costa da Silva (UNEB)

5. “Diamantina e redentora lei”: celebrações da liberdade e resquícios da escravidão no pós-abolição - cachoeira (1888-1889). ( Jacó dos Santos Souza)

6. As relações de compadrio: ampliação do parentesco através do batismo em Santo Antônio de Jesus (Eliete Marques dos Santos Vaz-UNEB)

7. A formação de laços familiares espirituais em Caravelas – Ba. (Uerisleda Alencar Moreira -UNEB)

8. Histórias familiares: a vida nas roças, laços de solidariedade e família escrava. (Virgínia Queiroz Barreto-UNEB)

9. As trabalhadoras domésticas em Curralinho-Ba: indícios da conquista de espaço de autonomia e liberdade nos últimos anos da escravidão, 1871-1888. (Antonio Tadeu Santos Barbosa - UNEB)

10. Tensões, conflitos e sobrevivência fora dos engenhos do Recôncavo baiano no pós-abolição (1887-1910). (Deyse Lima – UNEB)

11. A arte de viver: festa, vida e trabalho. (Liliane de Jesus Oliveira Lima - UNEB)

12. A inclusione unius ad exclusionem alterius: a cidadania conduzida na paraíba oitocentista (1824 – 1840). (David Glasiel de Azevedo Marinho –UFPB)

13. Mutualismo em Salvador: mercado de trabalho e associativismo entre trabalhadores livres (1860 – 1889). (Eliane Maia dos Reis - UFBA)

14. Fragmentos de uma história do negro no município de vitória da conquista (Alberto Bomfim)

15. Quando as regras são transgredidas: considerações sobre as infrações de posturas em Nazareth, Ba (1893-1912). (Lucas Santos Aguiar – UNEB)

16. Entre farrapos e trapos: um estudo sobre a formação e o cotidiano de habitações populares coletivas. (Ana Claudia de Jesus Lopes - UNIFACS)

Page 88: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

17. “Pelo sangue de minhas veias, juro defender o trono de Isabel, a Redentora”: A Guarda Negra na Bahia. (Rafael de Oliveira Cruz - UFBA)

18. Campesinato negro e pós-abolição na Bahia (Edinelia Maria Oliveira Souza – UNEB)

19. Territorialidade e memória da Comunidade Remanescente de Quilombo do Alto do Morro do município de Santo Antônio de Jesus-Ba. (Sandra dos Santos)

20. “Só de barro, cipó e pindoba”: moradias dos trabalhadores rendeiros da Fazenda Engenho Sururu, Varzedo-Ba (1970-2000). (Viviane Andrade de Assis)

21. AIrmandade do Bom Jesus da Paciência de Cachoeira: uma análise de seu compromisso, 1853. (Rodrigo do Nascimento Amorim - UFBA)

22. Nas águas de Nanã: O Candomblé em Feira de Santana de 1890 a 1933. (Gabriela Silva (UNEB)

23. O catolicismo negro vivido por um rezador no recôncavo baiano (1940-1970). (Manuela Santana Nascimento - UNEB)

24. ‘Epítetos injuriosos’ – signos, ações de simbolização e interpretação racial via insultos verbais. (Eneida Virginia de Oliveira Santos)

Page 89: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 6 - Experiências de sociabilidades na Bahia monárquica e no pós-abolição

Coordenadoras: Profª Drª Edinelia Maria Oliveira Souza (UNEB) e Profª Me. Virginia

Queiroz Barreto (UNEB)

SALA: 9 Pavilhão 2)

CRONOGRAMA

15.10.2013 (terça feira)

Horário: 14 às 15:30h

1ª Sessão - Sentidos e significados da escravidão e da liberdade

1. As elites baianas diante da exportação de escravos 1850-1888 (Ana Paula Cruz Carvalho da Hora (UNEB)

2. Liberto, livre e ingênuo: Uma análise sobre diferentes e semelhantes sujeitos sociais na Bahia (1871 - 1888). (Giovanna Ferreira Nunes Gusmão (Faculdade São Bento da Bahia)

3. A luta de escravizados para conquistar a liberdade através das cartas de alforrias em Nazareth- (1860-1888). (Autora: Gisely Nogueira Barreto (UNEB)

4. Algumas reflexõs sobre os significados da liberdade no recôncavo insular da Bahia entre 1870 e 1888. (Marcelo Costa da Silva (UNEB)

5. “Diamantina e redentora lei”: celebrações da liberdade e resquícios da escravidão no pós-abolição - cachoeira (1888-1889). (Jacó dos Santos Souza)

15/10 (terçca feira)

Horário: 16:00 - 17:00h

2ª Sessão – Famílias, parentesco e compadrio

1. As relações de compadrio: ampliação do parentesco através do batismo em Santo Antônio de Jesus (Eliete Marques dos Santos Vaz-UNEB)

2. A formação de laços familiares espirituais em Caravelas – Ba. (Uerisleda Alencar Moreira -UNEB)

3. Histórias familiares: a vida nas roças, laços de solidariedade e família escrava. (Virgínia Queiroz Barreto-UNEB)

Page 90: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

16.10.2013 (quarta feira)

Horário: 8:30 – 10:30 h

3ª Sessão - Trabalho, sociabilidades e cidadania

1. As trabalhadoras domésticas em Curralinho-Ba: indícios da conquista de espaço de autonomia e liberdade nos últimos anos da escravidão, 1871-1888. (Antonio Tadeu Santos Barbosa - UNEB)

2. Tensões, conflitos e sobrevivência fora dos engenhos do Recôncavo baiano no pós-abolição (1887-1910). (Deyse Lima – UNEB)

3. A arte de viver: festa, vida e trabalho. (Liliane de Jesus Oliveira Lima - UNEB)

4. A inclusione unius ad exclusionem alterius: a cidadania conduzida na paraíba oitocentista (1824 – 1840). (David Glasiel de Azevedo Marinho –UFPB)

5. Mutualismo em Salvador: mercado de trabalho e associativismo entre trabalhadores livres (1860 – 1889). (Eliane Maia dos Reis - UFBA)

16.10.2013 (quarta feira)

Horário: 10:30 – 12:00 h

5ª Sessão – Políticas de normatização e práticas de transgressões urbanas

1. Fragmentos de uma história do negro no município de vitória da

conquista (Alberto Bomfim)

2. Quando as regras são transgredidas: considerações sobre as infrações de posturas em Nazareth, Ba (1893-1912). (Lucas Santos Aguiar – UNEB)

3. Entre farrapos e trapos: um estudo sobre a formação e o cotidiano de habitações populares coletivas. (Ana Claudia de Jesus Lopes - UNIFACS)

4. “Pelo sangue de minhas veias, juro defender o trono de Isabel, a Redentora”: A Guarda Negra na Bahia. (Rafael de Oliveira Cruz - UFBA)

17.10.2013 (quinta feira)

Horário: 8:30 – 10:30 h

5ª Sessão - Campesinato negro/mestiço, moradias e cotidiano

1. Campesinato negro e pós-abolição na Bahia (Edinelia Maria Oliveira Souza – UNEB)

2. Territorialidade e memória da Comunidade Remanescente de Quilombo do Alto do Morro do município de Santo Antônio de Jesus-Ba. (Sandra dos Santos)

Page 91: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

3. “Só de barro, cipó e pindoba”: moradias dos trabalhadores rendeiros da Fazenda Engenho Sururu, Varzedo-Ba (1970-2000). (Viviane Andrade de Assis)

17.10.2013 (quinta feira)

Horário: 10:30 – 12:00 h

5ª Sessão - Religiosidades e racialização

1. A Irmandade do Bom Jesus da Paciência de Cachoeira: uma análise de seu compromisso, 1853. (Rodrigo do Nascimento Amorim - UFBA)

2. Nas águas de Nanã: O Candomblé em Feira de Santana de 1890 a 1933. (Gabriela Silva (UNEB)

3. O catolicismo negro vivido por um rezador no recôncavo baiano (1940-1970). (Manuela Santana Nascimento - UNEB)

4. ‘Epítetos injuriosos’ – signos, ações de simbolização e interpretação racial via insultos verbais. (Eneida Virginia de Oliveira Santos)

Page 92: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 6 - Experiências de sociabilidades na Bahia monárquica e no pós-abolição

Coordenadoras: Profª Drª Edinelia Maria Oliveira Souza (UNEB) e Profª Me. Virginia

Queiroz Barreto (UNEB)

RESUMOS

1. As elites baianas diante da exportação de escravos 1850-1888

Ana Paula Cruz Carvalho da Hora (UNEB)

A partir de 1850, com o fim do tráfico de escravizados para o Brasil, a principal fonte

de escravos para o sudeste foram às províncias do nordeste. A província da Bahia foi

uma das grandes exportadoras de escravos, o que ocasionou esvaziamento da mão

de obra. As consequências disso foram registradas nos Relatórios da Assembleia

Legislativa da Bahia. O objetivo desse trabalho é, por meio dessas fontes, analisar as

soluções propostas pelas autoridades baianas para sanar as dificuldades resultantes

da perda dessa mão de obra e como as elites agropecuárias respondiam a essas

propostas.

2. Liberto, livre e ingênuo: Uma análise sobre diferentes e semelhantes

sujeitos sociais na Bahia (1871 - 1888).

Giovanna Ferreira Nunes Gusmão (Faculdade São Bento da Bahia)

Este texto objetiva investigar três sujeitos sociais – liberto, livre e ingênuo. Identificar o

período histórico para cada nomenclatura, quem foram eles, como viveram, bem como

suas contribuições para a formação da sociedade baiana e brasileira.

3. A luta de escravizados para conquistar a liberdade através das cartas de

alforrias em Nazareth- (1860-1888).

Gisely Nogueira Barreto (UNEB)

Esse trabalho é um extrato da Dissertação de Mestrado e pretende discutir os tipos de

cartas de liberdade encontrada para Nazareth e seu Termo, nas últimas décadas da

escravidão. Com isso, buscamos compreender o objetivo dos senhores em emitir as

Page 93: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

cartas de liberdade, observando a escrita das mesmas e os termos utilizados para

determinar a forma como a liberdade era concedida por eles. Se por um lado era

concessão dos proprietários, por outro, obter a carta de alforria era uma conquista dos

escravizados que lutavam dia após dia, seja para acumular um pecúlio, cumprir

obrigações ou satisfazer as vontades dos senhores até conquistar a liberdade plena.

Nesse sentido, pretendemos também, problematizar as possíveis estratégias que os

escravizados engendravam para alcançar a tão esperada carta. Para isso, utilizamos

como fontes, cartas de liberdade e inventários. Observamos assim, que essa era uma

luta diária, que para alguns, continuava mesmo depois de ter a carta de alforria em

mãos, isso por que dependendo do tipo de carta, recebê-la não significava que tinham

conseguido libertar-se definitivamente.

4. Algumas reflexõs sobre os significados da liberdade no recôncavo

insular da Bahia entre 1870 e 1888.

Marcelo Costa da Silva (UNEB)

O presente texto é um esboço de algumas reflexões sobre a pesquisa que eu

desenvolvo sobre os significados da liberdade para os escravos e libertos na Cidade

de Itaparica entre 1870 á 1888. Partimos das novas discussões historiográficas que

enfatizam a importância de se compreender o verdadeiro sentido da liberdade e seus

múltiplos significados para esses sujeitos históricos.

5. “Diamantina e redentora lei”: celebrações da liberdade e resquícios da

escravidão no pós-abolição - cachoeira (1888-1889).

Jacó dos Santos Souza

Uma grande euforia tomou conta de parte da população residente na cidade de

Cachoeira e região ao tomarem conhecimento da aprovação da lei que acabava

legalmente com a escravidão no país. Durante várias semanas, as estreitas ruas da

cidade foram tomadas por militantes abolicionistas, filarmônicas, ex-escravos, libertos

e o “povo” que, em longas e numerosas passeatas celebravam a “diamantina e

redentora lei” de 13 de maio de 1888. Esta comunicação pretende refletir sobre as

comemorações de rua em torno da Lei Áurea, analisando as motivações e os sujeitos

sociais envolvidos nos festejos. Além disso, procura analisar comportamentos de ex-

senhores que, nos dias seguintes à lei da libertação dos escravos, mostraram-se

ressentidos e resolutos na libertação de seus cativos. Para isso, o estudo analisa

Page 94: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

diferentes documentos do período, como periódicos, correspondências policiais, atas

de sociedades libertadoras, entre outros.

6. As relações de compadrio: ampliação do parentesco através do batismo

em Santo Antônio de Jesus (Eliete Marques dos Santos Vaz)

Este trabalho busca analisar as relações de compadrio estabelecidas entre

escravizados em Santo Antônio de Jesus-Bahia, no período de 1870-1888.

Procuramos, aqui, também problematizar as estratégias empreendidas pelos cativos

para criarem relações de compadrio entre escravos, livres e libertos, e quais os

mecanismos utilizados para manterem estáveis essas relações. As fontes utilizadas

são livros de registros de nascimento e assentos de batismos, que estão localizadas

no Arquivo Municipal de Santo. Através da análise dessas fontes, identificamos várias

famílias escravas e a ampliação das relações sociais através do compadrio, como uma

iniciativa de resistência ao sistema escravista. Nas fontes analisadas, identificamos

que os negros escravizados de Santo Antônio de Jesus tinham como padrinhos outros

cativos, pessoas livres e, até mesmo, senhores de outros escravos. Os escravos eram

capazes de expandir os laços de parentesco, também, por meio do compadrio.

Percebemos então, a importância do compadrio para os escravizados.

7. A formação de laços familiares espirituais em Caravelas – Ba.

Uerisleda Alencar Moreira (UNEB)

O estudo dos laços familiares rituais tem sido considerado de fundamental importância

para a construção da história da sociedade brasileira, espaço que mesmo os sujeitos

da base da hierarquia social – escravos e livres pouco abastados – eram

protagonistas, escolhendo entre os demais moradores da vila, município ou cidades,

aqueles que desejavam como parceiros da luta diária pela sobrevivência. A formação

da família espiritual tem desvelado múltiplas possibilidades de arranjos familiares em

diversas cidades e vilas do Brasil Colonial e Monárquico. O presente estudo, pautado

num método quali-quantitativo e na pesquisa documental, tem buscado compreender a

formação dessas famílias espirituais de sujeitos históricos em Caravelas – BA, entre

os anos de 1850 a 1860, usando como fonte primária os registros de batismo do

período compreendido. É possível entrever que as preferências de extensão das

relações sociais, foram constituídas de modo diversificado, uma vez que estão sendo

localizados padrões tanto endógenos quando exógenos, bem como a inter-relação

Page 95: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

entre sujeitos com as mais variadas condições jurídicas. O estudo, em andamento no

Programa de Pós-Graduação em História Regional e Local da Universidade do Estado

da Bahia, tem possibilitado a emergência da população caravelense, sejam negros,

índios ou brancos, livres e escravos, que se fizeram presentes na pia batismal

legitimando possíveis laços sociais.

8. Histórias familiares: a vida nas roças, laços de solidariedade e família

escrava.

Virgínia Queiroz Barreto UNEB)

Nesse texto pretendo apresentar o cenário e as condições em que mulheres escravas,

forras ou pobres livres construíram relações afetivas, familiares, laços de solidariedade

e confiança no mundo rural do Recôncavo sul da Bahia. Em Nazaré, sede da comarca

com o mesmo nome, estudar os laços familiares construídos ainda no cativeiro e

perceber as relações de solidariedade e compadrio que, de certa forma, garantiu a

sobrevivência desses laços dentro e fora da escravidão, não tem sido uma tarefa

muito fácil, devido a dispersão das fontes que se encontram nos arquivos da região e

também da capital. No entanto, perseguir esses sujeitos através da leitura dos autos

crime, dos testamentos post-mortem, dos inventários e livros de compra e venda, além

dos cadastros de escravos promovidos pelas autoridades, têm possibilitado perceber

significativas estratégias criadas pelos cativos e pobres livres que circularam naquela

região para abrandar o impacto nocivo do escravismo sobre a continuidade das

relações familiares e manutenção de elementos de uma cultura herdada de

experiências vividas no além mar.

9. As trabalhadoras domésticas em Curralinho-Ba: indícios da conquista de

espaço de autonomia e liberdade nos últimos anos da escravidão, 1871-

1888.

Antonio Tadeu Santos Barbosa (UNEB)

O trabalho tem como objetivo refletir sobre a conquista de espaços de autonomia e

liberdade das trabalhadoras domésticas classificadas nas listas de matrículas dos

inventários de Curralinho, atual Castro Alves-BA, no Recôncavo Baiano, dos últimos

anos da escravidão. Além das listas de matrículas, tornou-se possível, também, cruzar

as informações com os autos de avaliação dos bens dos inventariados, as listas de

dívidas e demais partes integrantes dos inventários em que aparecem nomes das

Page 96: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

cativas, e de suas filhas, que exerciam serviço doméstico. A intenção é demonstrar

que alguns tipos de profissões exercidas pelos cativos no mundo escravo – nesse

caso, o trabalhado doméstico – foram fundamentais para a conquista de espaço de

autonomia e liberdade.

10. Tensões, conflitos e sobrevivência fora dos engenhos do Recôncavo

baiano no pós-abolição (1887-1910).

Deyse Lima (UNEB)

O presente artigo busca analisar as condições de sobrevivência e o cotidiano dos ex-

escravos baianos após o dia 13 de maio de 1888 no Recôncavo da Bahia. É inegável

que o fim da escravidão desencadeou transformações decisivas e irreversíveis nas

relações cotidianas nos engenhos do Recôncavo. Apesar da memória do cativeiro

estar presente entre as populações negras do Recôncavo, a Abolição representou um

momento de mudanças dos referenciais culturais que orientavam as relações

econômicas, o convívio social e as relações de poder nesse local. Nesse contexto,

buscamos compreender algumas das diversas formas de resistências realizadas pelos

negros e pelas negras nessa região.

11. A arte de viver: festa, vida e trabalho.

Liliane de Jesus Oliveira Lima (UNEB)

Este ensaio busca apresentar as formas de resistência empreendidas pela população

negra à repressão imposta as suas manifestações culturais no período de 1910 a 1950

em Santo Antônio de Jesus Bahia, bem como os espaços onde aconteciam esses

folguedos: portas a dentro, nas ruas, praças e demais logradouros públicos,

destacando que em muitos momentos o tempo do trabalho se imbricava com o tempo

da festa. Observamos até o momento, que as festas e festejos – mesmo permeadas

de tensões e conflitos-, proporcionavam o encontro entre a população negra e pobre

com outros grupos sociais, nos quais era possível tecer laços, que viabilizavam

auxílios e acordos, algo essencial para abrandar as asperezas da vida cotidiana.

Page 97: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

12. A inclusione unius ad exclusionem alterius: a cidadania conduzida na

paraíba oitocentista (1824 – 1840).

David Glasiel de Azevedo Marinho (UFPB)

Este projeto de pesquisa consiste em discutir as implicações de uma cultura política

oligárquica na condução e construção da cidadania paraibana no limiar do século XIX.

Nesses termos, a investigação caminha no sentido de problematizar as dimensões

dessa conjuntura – de 1824 a 1840 – de modo que seja possível perceber,

dialeticamente, como a apropriação dos mecanismos legais restringiu, aos setores

sociais previamente selecionados, o acesso à cidadania. Este, revelado através das

vicissitudes políticas, apresenta – se fragilizado, em sua estrutura e circunscrito em

sua essência, a fim de atender aos interesses das elites regionais no cenário

paraibano. Outrossim, pode – se apontar para as alternâncias que marcaram o

posicionamento autômato, na esfera pública, dos representantes do poder ora

reforçando, deliberadamente, essa estrutura excludente, ora negligenciando o caráter

constitucional e precípuo de legitimação dos direitosbásicos do cidadão. Com efeito,

falar de cidadania, numa conjuntura geral, não é tarefa inteligível. Arcar com as

premissas estabelecidas e consolidadas, com os significados que servem de

sustentação para o epíteto cidadão e, mormente, com a importância dessa tipologia,

indica, para nós historiadores, uma problemática, ao menos, de longa duração. O

cerne da questão ainda é a persistência dessas classes na tentativa de regular a vida

institucional, política e cultural do país a partir de sua perspectiva de acesso. É

perceber que as escolas, em maior instância, estavam reservadas para os filhos das

oligarquias, assim como os espaços públicos de experiência coletiva. É notar que o

voto também foi apropriado pelas classes mais abastadas e, quando não havia

rupturas no âmago das alianças, no que diz respeito à política, as eleições

caminhavam serenas e previsíveis. É observar que a engrenagem econômica era

fundamentalmente controlada pela elite, em detrimento das camadas mais pobres, ou

mesmo hierarquicamente inferiores. É testemunhar que o desenvolvimento da cultura

política, evidentemente oligárquica, implicou, intrinsecamente, o domínio das vias de

acesso à cidadania, transformando – as, essencialmente, em caminhos inacessíveis

para a maioria da população que, excluída desse sistema, ainda hoje procura sua

parcela de cidadania perdida na memória, parcialmente reconstruída pela história.

Page 98: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

13. Mutualismo em Salvador: mercado de trabalho e associativismo entre

trabalhadores livres (1860 – 1889).

Eliane Maia dos Reis (UFBA)

Esse trabalho visa analisar as associações de socorros mútuos existentes no período

de 1860 a 1889, como espaços que atribuíam aos seus membros um status social em

relação a outros indivíduos que ocupavam os mesmos locais de trabalho. Com isso,

pretendemos perceber como as associações despontaram em um período que a

escravidão estava em voga, quais seus objetivos e seus membros e ainda, como elas

se relacionaram com o Estado imperial que durante um tempo manteve o controle,

estabelecendo prerrogativas para o seu funcionamento e atuação.

14. fragmentos de uma história do negro no município de vitória da conquista

Alberto Bomfim

O presente artigo pretende analisar a presença negra no município de Vitória da

Conquista e região na contemporaneidade, a partir de seu contexto histórico apoiado

na observação empírica e nos estudos de autores como Isnara Pereira Ivo, Maria

Aparecida Sousa e Itamar P. Aguiar. Pretende-se demonstrar a relevância numérica e

histórica da população negra no município, e como se estabelece uma invisibilidade

desta mesma população na sociedade por sua geografia e por suas representações

simbólicas, e como esta invisibilidade imprime aspectos fundamentais na construção

ideológica de seus modelos de religião, cultura, poder e política.

Palavras chave: negro, invisibilidade, Sertão da Ressaca.

15. Quando as regras são transgredidas: considerações sobre as infrações

de posturas em Nazareth, Ba (1893-1912).

Lucas Santos Aguiar

Este trabalho faz parte do processo de pesquisa de mestrado que busca relacionar as

transgressões aos atos normativos na cidade de Nazareth, Recôncavo Sul da Bahia,

especialmente no que diz respeito à regulamentação das vivências urbanas instituídas

pelo Código de Posturas de 1893, com as atividades e exercícios cotidianos de

homens e mulheres que compunham o quadro dos trabalhadores da cidade e

população heterogênea na transição do século XIX para o XX. Buscamos ainda,

Page 99: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

compreender como as normas disciplinares instituídas pelo poder público estavam

inseridas no contexto da modernidade brasileira, reforçada com o advento da

República, e quais foram às estratégias formuladas pelos sujeitos para limitar a política

de dominação e controle social em constante expansão. Identificamos a partir da

documentação do poder municipal o rol dos infratores e transgressores das leis, bem

como os usos e práticas que se faziam do espaço citadino, dos quais feriam os

princípios da legalidade e da ordem urbana imposta pelo poder público. Neste

contexto, a partir dos micro-conflitos agenciados numa relação tripartite envolvendo as

autoridades, legislação municipal e sociedade local, pretendemos recuperar as

experiências de vida de sujeitos sociais que em sua cotidianidade lutaram, com ações

políticas disponíveis, contra o caráter desconfortável e contraditório da vida urbana no

período em destaque.

16. entre farrapos e trapos: Um estudo sobre a formação e o cotidiano de

habitações populares coletivas.

Ana Claudia de Jesus Lopes (UNIFACS)

Salvador até o meado do século XIX era uma cidade divida por dez freguesias

centrais; Sé ou São Salvador, Nossa Senhora da Vitória, Nossa Senhora da

Conceição da Praia, Santo Antônio Além do Carmo, São Pedro Velho, Santana do

Sacramento, Santíssimo Sacramento da Rua dos passos, Nossa Senhora de Brotas,

Santíssimo do Pilar, e Nossa Senhora da Penha. Tendo assim, uma divisão

eclesiástica fundida a divisão administrativa, composta urbanisticamente por um

complexo arquitetônico de sobrados e casarões coloniais que variavam através dos

andares e das condições das famílias que ali residiam. Nas décadas que sucedem

este meado de século a cidade é tomada por influências europeias, principalmente da

França. Ocorria assim, a separação entre residência e local de trabalho. Uma

característica do processo de Haussmannização, que foi um conjunto de intervenções

urbanísticas feitas por Georges- Eugène Haussmann, entre os anos de 1853 e 1870

na França. Processo este que será fortalecido em Salvador no projeto modernista de

José Joaquim Seabra (1912-1916). Porém, neste primeiro momento ainda no século

XIX surgem na cidade do Salvador casarões em meio a jardins constituindo uma nova

forma de moradia e valorizando novos espaços, como: Corredor da Vitória, Ladeira da

Barra, Graça, Garcia e outros. Esse seria primeiro indício que os centros urbanos e

hoje centros históricos começavam a perder a consistência de núcleo vital, e os

antigos bairros como Freguesia da Sé e Freguesia de São Pedro Velho começam a se

desvalorizar. Muitos dos sobrados coloniais deixam de serem moradias das famílias

Page 100: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

abastadas passando a serem ocupadas por famílias medianas e pobres. Moradias

exclusivas davam espaço a moradias coletivas. Dentro deste contexto de

desvalorização do centro urbano e da tomada deste espaço por novas classes sociais,

este trabalho é o início do estudo sobre habitações populares coletivas na cidade do

Salvador no século XIX. Analisando inúmeras obras e fazendo um levantamento

minucioso descobrimos que estudos de cunho historiográfico na Bahia sobre a

temática “Habitações Populares Coletivas” ainda são muito poucos, principalmente,

quando partimos para uma análise mais profunda do cotidiano daqueles lugares. Na

vertente da História Urbana e das Cidades existem profissionais que estudam essas

habitações e foram esses que acabaram abrindo uma luz para diversas das nossas

inquietações. Nesse sentido, trabalharemos com a temática “Habitações Populares

Coletivas na cidade do Salvador entre os anos de 1850 a 1899”. Nosso objetivo é

verificar como se constituiu as habitações populares coletivas na Freguesia da Sé e

São Pedro Velho, além de identificar as formas de convivência e sobrevivência que se

via nesses lugares, tentando descobrir quem eram esses habitantes e como estas

pessoas conquistavam esses lugares.

17. “Pelo sangue de minhas veias, juro defender o trono de Isabel, a

Redentora”: A Guarda Negra na Bahia.

Rafael de Oliveira Cruz (UFBA)

Em junho de 1889, a visita do conde d’Eu, marido da Princesa Isabel, fez acirrar uma

série de debates na província da Bahia quando os membros da Faculdade de

Medicina e defensores do ideal republicano entraram em choque com membros da

Guarda Negra na ladeira do Taboão. Argumentando-se que não passavam de

arruaceiros organizados pela polícia, a participação desses negros no contexto político

ainda tem sido minimamente apreciada pela historiografia, e parte desse conflito

reflete as divisões do pensamento brasileiro dos rumos políticos do país próximo da

virada do século XIX para o século XX. O presente trabalho visa tecer algumas

abordagens em torno de um movimento oriundo no Rio de Janeiro, mas com presença

em inúmeras províncias brasileiras, que provocou debates acirrados entre os

contemporâneos da Princesa Isabel e que nutre um profundo desconhecimento na

historiografia brasileira, demonstrando de que maneira a participação desses sujeitos

no processo histórico sinaliza um período marcado pela racialização dos discursos e

pelo jogo de conflitos, envolvendo as questões políticas e sociais do final da

monarquia brasileira.

Page 101: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

18. Campesinato negro e pós-abolição na Bahia

Edinelia Maria Oliveira Souza

As práticas de arrendamento e meação de terras disseminadas pelo Recôncavo

baiano, depois da abolição, assinalam um redimensionamento da "brecha camponesa"

existente durante a escravidão, ainda que apresentem contornos novos nas relações

de poder estabelecidas entre os trabalhadores rurais de então e os proprietários de

terras. Possivelmente, em troca de lealdade e bons serviços prestados tornou-se

comum ex-escravos e libertos receberem heranças de seus ex-senhores ou suas ex-

senhoras, o que constituiu uma via de reconstrução das estratégias de sobrevivência

como também de reelaboração de sentidos e significados da liberdade na sociedade

baiana do pós-abolição. É essa discussão que apresento nesse texto.

19. Territorialidade e memória da Comunidade Remanescente de Quilombo

do Alto do Morro do município de Santo Antônio de Jesus-Ba.

Sandra dos Santos

O presente trabalho trata de uma primeira reflexão em torno da pesquisa sobre a

Comunidade Remanescente de Quilombo do Alto do Morro no município de Santo

Antonio de Jesus. O objetivo é compreender a formação da comunidade a partir do

estudo de caso, que tem como foco as memórias dos seus moradores. Busca-se,

portanto, relacionar a constituição da localidade aos processos de luta pela liberdade,

agenciados por famílias de escravos e libertos, no final do século XIX e, ainda,

identificar quais investimentos econômicos, sociais e culturais foram criadas pelos

sujeitos que ali se estabeleceram ao longo do tempo.

20. “Só de barro, cipó e pindoba”: moradias dos trabalhadores rendeiros da

Fazenda Engenho Sururu, Varzedo-Ba (1970-2000).

Viviane Andrade de Assis

Este texto tem como objetivo apresentar as experiências de trabalhadores rendeiros

da Fazenda Engenho Sururu, localizada no município de Varzedo, Recôncavo da

Bahia. Interessam aqui as relações de trabalho destes sujeitos a partir do vigor do

acordo oral de arrendamento com Humberto Guedes de Araújo – proprietário da

Page 102: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

referida fazenda que foi doada no século XVIII através de concessão de sesmarias. O

arrendamento rural era realizado entre quem possuía a terra e quem iria trabalhar

nela. O proprietário das terras concedia acesso a terra e estabelecia as condições

para permanecer no sistema de arrendamento. E o rendeiro tinha a obrigação de

pagar a renda, consequentemente garantia o direito de sua família morar tão somente

em casas de taipa e plantar lavoura de subsistência nas terras arrendadas. O estudo

deste processo permite entender como essa relação, baseada no contrato oral, nas

precárias condições de moradia, trabalho, e também na solidariedade e no mutualismo

entre os trabalhadores, se constitui em reinvenções da exploração e resistência no

campo. Na referida fazenda, essas relações parecem ter sido empreendidas desde

quando a mesma abrigava trabalhadores em condição escrava, possivelmente muitos

dos quais antepassados das famílias ainda lá residentes. A partir da análise dessas

experiências mediadas pelas narrativas orais, a proposta deste trabalho é apreender

sobre o direito à terra das famílias rendeiras da Fazenda Engenho Sururu que ali

moram e trabalham há algumas gerações, constituindo assim, os laços de

aparentados entre os membros da comunidade que é um elemento que dá unidade ao

grupo, ou seja, a “rama de maxixe”.

21. A Irmandade do Bom Jesus da Paciência de Cachoeira: uma análise de

seu compromisso, 1853.

Rodrigo do Nascimento Amorim (UFBA)

O presente artigo tem como proposta analisar e discutir acerca do compromisso da

Irmandade do Bom Jesus da Paciência localizada na cidade de Cachoeira – Ba no

século XIX. Ele compõe uma parte de minha dissertação de mestrado que venho

desenvolvendo no programa de pós-graduação em História Social da Universidade

Federal da Bahia, com o apoio da Capes, na qual pretendo analisar e problematizar

sobre as práticas sociais e religiosas dos irmãos e a funcionalidade da instituição. O

artigo seguirá, portanto, na análise do espaço social e econômico no qual se

encontrava a Irmandade, a cidade de Cachoeira, haja vista que entendemos as

irmandades como um local propício a interação e confraternização dos irmãos que, por

hora, possuíam desejos e vontades semelhantes que estavam “refletidos” em seu

regimento. E, posteriormente será feita uma análise do compromisso, destacando

seus principais aspectos, como as festas, procissões, atividades econômicas e a

devoção ao senhor da Paciência em diálogo com autores que estudaram sobre

irmandades.

Page 103: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

22. Nas águas de Nanã: O Candomblé em Feira de Santana de 1890 a 1933.

Gabriela Silva (UNEB)

O presente trabalho pretende analisar os eventos relacionados ao Candomblé na

cidade de Feira de Santana durante o período de 1889 a 1933. Haja vista o histórico

de repressão a esta religião, buscamos perceber o processo de afirmação religiosa e

de identidade dos indivíduos na cidade, objetivando discutir o papel dos fiéis das

religiões afro-brasileiras na defesa de suas práticas religiosas. A delimitação temporal

refere-se a um período de mudança no quadro político nacional, alteração esta que

terminou sendo refletida em todos os ramos da sociedade que não apenas nos meios

que dizem respeito à política, mas também no que concerne ao âmbito econômico,

social, cultural, entre tantos outros aspectos que compõem a estrutura de uma

sociedade. Para tal as fontes que serão utilizadas abordarão o discurso produzido

sobre a religião e seus fiéis. Os processos crimes são norteadores para verificar as

tentativas de criminalização do Candomblé em Feira de Santana. Contíguo com

exame dos processos crimes há o estudo dos jornais do período, que dão recursos

para obter a percepção de como era representada a religião na cidade. Verificamos a

partir de tais fontes que é possível entender como eram representadas as imagens do

negro na sociedade feirense, analisando como existia a perseguição aos cultos de

religiões afro-brasileiras, tanto pela polícia como pelas políticas públicas, percebendo

como reagiram os fiéis dessas religiões para conseguirem manter suas crenças em

meio às perseguições.

23. O catolicismo negro vivido por um rezador no recôncavo baiano (1940-

1970).

Manuela Santana Nascimento (UNEB)

A presente comunicação se propõe a refletir sobre a formação do universo religioso do

rezador Crispim dos Santos, natural da cidade de Conceição do Almeida - Ba que

migrou com sua família, por volta da década de 1950 para a cidade de Santo Antônio

de Jesus -Ba, analisando como o catolicismo foi reinterpretado, por esse sujeito, e

ligado a tradições afro-brasileiras. Localizada no Recôncavo Sul da Bahia, Santo

Antônio de Jesus, a partir da década de 1940, recebeu uma grande quantidade de

migrantes que abandonaram a decadência do campo e vieram em busca de uma vida

melhor na cidade. Na bagagem, além da trajetória de lutas, resistências e trabalho,

esses sujeitos trouxeram os saberes de cura, ligados a experiências religiosas que

Page 104: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

agregaram as diversas raízes culturais que compõem a cultura religiosa brasileira. A

cultura religiosa aqui desenvolvida, desde o período colonial, foi marcada por uma

imposição do catolicismo, religião que, mesmo com a laicização do Estado, manteve o

status de “religião oficial dos brasileiros”. No entanto, ao fazermos um exame do

catolicismo experimentado pelos rezadores e rezadeiras no Recôncavo baiano,

constatamos que uma mundividência africana deu o tom das manifestações religiosas

e curativas tidas, por muitos, como exclusivamente católicas. A trajetória de vida e o

catolicismo negro desenvolvido pelo rezador Crispim dos Santos, propostos nessa

comunicação, contribuem sensivelmente para a revisão dos postulados teóricos que

não contemplam as formas negras de autoinscrição no mundo. Para o

desenvolvimento deste trabalho, as fontes orais foram de fundamental importância

para a compreensão do contexto histórico da cidade, bem como das práticas religiosas

desenvolvidas pelas populações negras.

24. ‘Epítetos injuriosos’ – signos, ações de simbolização e interpretação

racial via insultos verbais.

Eneida Virginia de Oliveira Santos

'Epítetos injuriosos’ é uma expressão regularmente empregada nas queixas contidas

em processos crime de calúnia e injúria, selecionadas entre os anos de 1888 e 1910,

registradas na ‘Cidade da Bahia’. Essa expressão polida substituía linguagens que,

para além de ferir a moral e a decência, evidenciavam conflitos sociais vivenciados por

sujeitos comuns, os quais traduziam suas tensões sob a forma de insultos como:

‘safado’, ‘infame’, ‘ladrão’, ‘negro descarado’, ‘cabrão’, ‘preta’, ‘filho de negra captiva’.

O zelo pela integridade moral e social dos sujeitos, pela moralidade pública e pelo

decoro da família, reivindicados nessa expressão jurídica, guardam em seu interior -

assim como os insultos -, existências, identificações, fronteiras que são próprias à

representação social. Este trabalho pretende analisar a representação como categoria

de análise da racialização das relações sociais por meio dos insultos verbais

(enquanto formas de ‘dizer’ e ‘estar no mundo’) amplamente utilizados na Salvador

entre fins do século XIX e primeira década do XX, com o objetivo específico perceber

como sujeitos comuns, no contexto de transposição do sistema escravista e anos

iniciais de consolidação da ordem republicana diferenciaram os homens de cor sob a

forma de insultos verbais, bem como buscar possíveis produções de valores próprios e

ações de resistência dos homens de cor ante os símbolos e significados que lhes

foram imputados.

Page 105: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 7 - Ditadura e transição política na América do

Sul

Coordenadores: Profa. Dra. Cristina Luna (UNEB) e Prof. Ms. Zózimo Trabuco

(UEFS)

1. O golpe de 1964 e suas reverberações em Santo Antônio de Jesus:

Olhares acerca da recepção e congratulações ao regime imposto

(Cristiane Lopes da Mota)

2. Pai, político, guerrilheiro e subversivo: representações de Carlos

Marighella, 1964 -1969 (Sandro Leite Souza)

3. Em armas contra a ditadura: O Movimento Revolucionário 8 de outubro e

sua ação na Bahia, 1969-1971 (Aline Michele Fernandes Mascarenhas

Pereira)

4. A influência de ACM no estado da Bahia, em especial no município de

Santo Antônio de Jesus (Marcos Souza Batista) 5. Interpretações e desdobramentos acerca do sequestro de Elbrick (Cristina

Monteiro de Andrada Luna)

6. Silêncios retumbantes do jornal Folha do Norte: recomposições

partidárias em Feira de Santana, 1940-1950 (Ricardo da Silva Campos)

7. “Contra os Agitadores”: O Jornal Folha do Norte e o Golpe de 64 (Maíza

Fonseca da Purificação) 8. Rádio Liberdade e as disputas por poder durante a Ditadura Militar em

Aracaju/SE, 1968-1970 (Carla Darlem Silva dos Reis)

9. Análise imagética das representações chargísticas do nordeste durante a

ditadura militar: permanências e rupturas de um nordeste idealizado (Ciro

Lins Silva)

10. Por uma estética antropófaga: a arte tropicalista nos anos 1960 (Carla

Virgínia Gonçalves Oliveira e Aline Matos da Rocha)

Page 106: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 7 - Ditadura e transição política na América do Sul

Coordenadores: Profa. Dra. Cristina Luna (UNEB) e Prof. Ms. Zózimo Trabuco

(UEFS)

SALA: 7 (Pavilhão 2)

CRONOGRAMA

16.10.2013 (quarta-feira)

Horário: 10:00 – 12:30h:

1. O golpe de 1964 e suas reverberações em Santo Antônio de Jesus:

Olhares acerca da recepção e congratulações ao regime imposto. Cristiane

Lopes da Mota)

2. Pai, político, guerrilheiro e subversivo: representações de Carlos

Marighella, 1964 -1969. (Sandro Leite Souza)

3. Em armas contra a ditadura: O Movimento Revolucionário 8 de outubro e

sua ação na Bahia (1969-1971). (Aline Michele Fernandes Mascarenhas

Pereira)

4. A influência de ACM no estado da Bahia, em especial no município de Santo

Antônio de Jesus. (Marcos Souza Batista)

5. Interpretações e desdobramentos acerca do sequestro de Elbrick. (Cristina

Monteiro de Andrada Luna)

17/10 (quinta-feira)

Horário: 09:30 – 12:00h

1. Ricardo da Silva Campos: Silêncios retumbantes do jornal Folha do Norte:

recomposições partidárias em Feira de Santana (1940-1950).

2. Maíza Fonseca da Purificação: “Contra os Agitadores”: O Jornal Folha do Norte

e o Golpe de 64.

3. Carla Darlem Silva dos Reis: Rádio Liberdade e as disputas por poder durante a

Ditadura Militar em Aracaju/SE (1968-1970).

4. Ciro Lins Silva: Análise imagética das representações chargísticas do nordeste

durante a ditadura militar: permanências e rupturas de um nordeste idealizado.

5. Carla Virgínia Gonçalves Oliveira e Aline Matos da Rocha: Por uma estética

antropófaga: a arte tropicalista nos anos 1960.

Page 107: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 7 - Ditadura e transição política na América do Sul

Coordenadores: Profa. Dra. Cristina Luna (UNEB) e Prof. Ms. Zózimo Trabuco

(UEFS)

RESUMOS

1. O golpe de 1964 e suas reverberações em Santo Antônio de Jesus: olhares

acerca da recepção e congratulações ao regime imposto

Cristiane Lopes da Mota

Este artigo aborda a recepção ao golpe de 1964 e as suas reverberações em Santo

Antônio de Jesus. Para tanto, analisam-se os gestos de recepção e congratulações ao

regime. Abordam-se as homenagens aos militares que comandaram o país e o

posicionamento de distintos sujeitos frente aos ideais disseminados pelo regime,

sobretudo pelo corpo político local. Esta pesquisa foi realizada à luz de diferentes

fontes, especialmente das atas da câmara municipal de vereadores de Santo Antônio

de Jesus e dos livros de memória.

2. Pai, político, guerrilheiro e subversivo: representações de Carlos Marighella

1964 -1969 Sandro Leite Souza

Neste trabalho tencionamos apresentar resultados parciais de um estudo sobre o

pensamento político de Carlos Marighella e sobre as representações socais existentes

acerca de sua personalidade, considerando que Marighella foi para alguns um dos

principais agentes no combate à ditadura militar, dando a sua vida pela liberdade da

nação brasileira e, para outros, um terrorista. Ao mesmo tempo que encabeçava uma

lista de cinquenta terroristas procurados em todo país nos últimos meses,, que

deveriam ser capturados vivos ou mortos, Marighella era visto como um

“revolucionário terno, carinhoso, desses que cultivam um afeto muito grande pela

família e pelos companheiros”.

Baiano, foi líder de uma das maiores organizações que lutaram contra a ditadura, mas

para muitos era apenas “(...) líder de um grupo de subversivos, assaltantes, e

terroristas candidatos a guerrilheiros (...)”. Partindo desse pressuposto, o que se

pretende com esta análise é perceber como foi construído ao longo da História, o perfil

desse guerrilheiro que atuou como um dos maiores combatentes ao regime civil-militar

Page 108: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

instaurado no Brasil a partir de 1964. Tal análise está fundamentada nos documentos

da autoria de Marighella durante sua atuação na Ação Libertadora Nacional (ALN), na

revista VEJA - publicação semanal brasileira da Editora Abril -, e na análise de

algumas biografias, como as intituladas Carlos Marighella, o inimigo número um da

ditadura (JOSÉ, 1997); Carlos, a face oculta de Marighella (SILVA JÚNIOR, 2009);

Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo (MAGALHÃES, 2012).

3. Em armas contra a ditadura: O Movimento Revolucionário 8 de outubro e sua

ação na Bahia, 1969-1971

Aline Michele Fernandes Mascarenhas Pereira

Durante a ditadura militar brasileira (1964-1985), as esquerdas entraram em

verdadeiro processo de ruptura, o que resultou em várias organizações revolucionárias

que exerceram sua ação política não pelas vias formais e legais, mas através do uso

de armas e da prática de guerrilha, tanto no meio urbano, como no rural. Sendo assim,

tomando como o objeto de estudo o Movimento Revolucionário 8 de outubro, fundado

a partir da Dissidência da Guanabara (DI-GB), damos ênfase à atuação dessa

organização no estado da Bahia, entre os anos de 1969 a 1971. Assim, pretendemos

identificar a Bahia no contexto da luta armada, que costuma aparecer na historiografia

focada apenas no eixo Rio de Janeiro-São Paulo. Embora as ações na Bahia, em

especial na cidade de Salvador, tenham sido menos significativas elas não foram

nulas e merecem ser investigadas, com destaque para a atuação de militantes baianos

nas ações de luta armada.

4. A influência de ACM no estado da Bahia, em especial em Santo Antônio

de Jesus

Marcos Souza Batista

A comunicação a ser apresentada visa estabelecer um panorama geral sobre a

trajetória política de Antônio Carlos Magalhães (ACM), durante os anos de 1966 a

1975, em plena ditadura militar, quando exerceu os cargos de prefeito de Salvador e

governador da Bahia. ACM foi nomeado prefeito de Salvador pelo então governador

Luis Viana. A frente do governo da capital baiana dedicou-se às reformas

administrativas e urbanas, capacitando-se como candidato potencial à sucessão

estadual, tendo sido eleito de forma indireta pela assembleia legislativa ao cargo de

governador da Bahia no dia 13 de outubro de 1970, assumindo o cargo em 15 de

março de 1971 e exercendo-o até o seu término, em 15 de março de 1975. Desse

Page 109: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

modo, desejamos mostrar sua estreita proximidade com o governo militar no poder, o

que lhe rendeu altos cargos na esfera executiva e grande projeção política, que gerou

grandes benefícios para a Bahia, transformando ACM em um grande líder no estado

baiano, sendo capaz de influenciar muitos grupos em diversas regiões do estado,

como Santo Antônio de Jesus.

Palavras-chave: ACM, política, Bahia, Santo Antônio de Jesus

5. Interpretações e desdobramentos acerca do sequestro de Elbrick

Cristina Monteiro de Andrada Luna

Esta comunicação tem como objetivo analisar as interpretações e implicações

suscitadas pela captura do embaixador norte-americano, Charles Burke Elbrick, por

membros da Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento Revolucionário 8 de

Outubro (MR8) no dia 4 de setembro de 1969 em troca da liberdade de quinze presos

políticos. Neste sentido, desejamos observar o impacto da ação sobre as

organizações guerrilheiras (que realizariam outros três sequestros de embaixadores

em 1970) e sobre o governo militar, que, como resposta, promoveu um fechamento

ainda maior do regime, decretando os Atos Institucionais número 13 e 14, que, de

forma draconiana estabeleciam as penas de banimento e morte no país, e

aprofundando a caçada às organizações armadas que foram extintas até 1971,

mediante a prisão, tortura, morte e desparecimento de seus integrantes, com exceção

da Guerrilha do Araguaia, que perdurou de 1972 a 1974 sob a organização do PCdoB,

que fora sempre crítico das ações de guerrilha urbana, o que não impediu que o foco

guerrilheiro também fosse dizimado pela ação do exército.

6. Silêncios retumbantes do jornal Folha do Norte: recomposições partidárias

em Feira de Santana (1940-1950)

Ricardo da Silva Campos

Neste artigo aponto caminhos teóricos e metodológicos para a compreensão de

disputas políticas em Feira de Santana de meados do século XX tomando como base

a ideia de que o universo político está intimamente articulado com o conjunto da vida

social. Analiso como recomposições partidárias, particularmente entre as décadas de

1940-1950, a aproximação entre Agnaldo Soares Boaventura e a União Democrática

Nacional (UDN), o que provocou uma ruptura com a aliança PSD-PTB, ao mesmo

Page 110: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

tempo que corroborou para que udenistas que dirigiam o jornal Folha do Norte

impossibilitassem quaisquer notícias que pudesse macular a imagem do aliado

político/ideológico. Interessa-me compreender a competição pelo estado entre frações

da classe dirigente de Feira de Santana. Seu controle era cobiçado pela possibilidade

de implantação de projetos que beneficiassem seus pares e também pela utilização da

máquina pública como forma de legitimar ações no conjunto da vida social. Examina-

se a relação entre o público e o privado, o social e o político. Fazer parte da

administração do município significava apropriar-se de um instrumento de

manipulação que poderia favorecer a interesses pessoais e políticos.

Este trabalho terá como base dois processos crimes que envolve o ex-político Agnaldo

Soares Boaventura na condição de infrator. O primeiro é um Inquérito Policial em que

o empresário, Boaventura, é acusado de agredir um de seus funcionários; o outro um

caso de prevaricação, quando era prefeito de Feira de Santana, no qual ficou

comprovado a produção de falsificações em documentos da prefeitura para beneficiar

membros de sua família. A partir deles mostro configurações do realinhamento desse

político ligado as hostes pessedistas à UDN.

Palavras-chave: Jornal Folha do Norte, Feira de Santana, recomposições partidárias

7. “Contra os Agitadores”: O jornal Folha do Norte e o golpe de 64.

Maíza Fonseca da Purificação

O jornal Folha do Norte (JFN), é um jornal produzido na cidade de Feira de Santana

(BA). Esta pesquisa apresenta o posicionamento do JFN e sua relação com o golpe

civil-militar de abril de 1964. Investiga a presença do argumento anticomunista do

jornal em apoio ao golpe, bem como sua adesão à deposição do então prefeito

Francisco Pinto. Foram analisadas 19 matérias deste periódico, entre as datas de 21

de março a 27 de junho. Era um periódico de publicação semanal.

O anticomunismo do JFN é altamente perceptível nos adjetivos positivos relacionados

ao golpe, caracterizado como “revolução", enquanto que os militares eram designados

como “forças democráticas" e “gloriosas forças armadas". O JFN também abriu

espaço para apresentação da “direita", ou seja, as classes conservadoras, ao passo

que foi inexistente a participação da “esquerda" na publicação.

O termo “contra os agitadores" foi utilizado como título, por melhor caracterizar as

linhas gerais da pesquisa, por expressar a maneira como o JFN denominou os

“comunistas" e a partir daí fortaleceu seu caráter anticomunista.

Palavras-chave: Jornal Folha do Norte, anticomunismo, golpe de 1964, ditadura

Page 111: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

8. Rádio Liberdade e as disputas por poder durante a Ditadura Militar em

Aracaju/SE (1968-1970)

Carla Darlem Silva dos Reis

A Rádio Liberdade foi inaugurada em Aracaju na década de 1950 e surgiu para dar

suporte à União Democrática Nacional (UDN), entretanto, a partir da década de 1960

teve início uma intensa disputa entre a Rádio Liberdade e a Gazeta de Sergipe - jornal

dito socialista que nasceu enquanto apoiador do Partido Socialista Brasileiro (PSB).

Com o golpe de 1964, esses meios de comunicação continuaram no enfrentamento,

disputando espaços e, principalmente, o poder exercido na sociedade aracajuana,

através de seu posicionamento ideológico. Para a construção desse estudo foram

utilizados os áudios do programa de maior audiência da emissora, intitulado

Informativo Cinzano e algumas edições do periódico Gazeta de Sergipe (1968-1970).

Esses documentos foram analisados sob a luz da análise do discurso a partir da

perspectiva de Michel Pêcheux e se encaixa no modelo de história social, a partir do

momento em que entendemos as relações da sociedade para a construção do fato

histórico e das relações de poder construídas a partir desses meios de comunicação.

9. Análise imagética das representações chargísticas do nordeste durante a

ditadura militar: permanências e rupturas de um nordeste idealizado.

Ciro Lins Silva

Esta comunicação visa analisar a charge como instrumento representativo de um

grupo social específico, bem como avaliar a força deste instrumento como um artifício

de luta política. Para tanto, busca-se através das produções chargísticas de Henfil e

de charges veiculadas no jornal baiano A Tarde, as permanências e rupturas das

imagens produzidas do Nordeste e do nordestino. Tais fontes têm por princípio avaliar

as origens da construção imagética desta região, buscando através das imagens

constituídas por Henfil, chargista “sudestino”, perceber as influências conceituais que o

auxiliaram na confecção de sua obra sobre o Nordeste. Em contraponto, as fontes

encontradas no A tarde, nos auxiliará a perceber como é esta produção in loco, para

compreender de onde parte a mimese em que a arte sustenta as suas principais

características. Para tanto esta pesquisa se fundamenta em alguns questionamentos:

seria a charge e todo o seu conteúdo um instrumento de luta política capaz de traduzir

simbolicamente os anseios e discursos perpetrados pela sociedade que os constituiu?

A relação representativa do Nordeste é uma relação de imposição ou esta se pauta

Page 112: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

em uma relação dialética onde dialogam os elementos construídos dentro e fora deste

grupo social? Quanto às fontes utilizadas, produzidas por Henfil, quais foram as

balizas simbólicas utilizadas por este autor para reproduzir o Nordeste? E o jornal A

Tarde, qual era a imagem que este reproduzia do Nordeste e do nordestino? Havia a

representação deste grupo no jornal? O jornal continha produções de artistas

nordestinos em suas edições? Se não tinha, por que não tinha? É pautado em tais

questionamentos e aberto a outros que possam aparecer no decorrer desta

investigação que este projeto se faz.

10. Por uma estética antropófaga: a arte tropicalista nos anos 1960

Aline Matos da Rocha

Carla Virgínia Gonçalves Oliveira

O presente texto busca apresentar algumas reflexões históricas e filosóficas, por meio

de um olhar sobre a efervescência do Movimento Tropicalista no cenário artístico-

cultural brasileiro, analisando o posicionamento do governo militar frente às

manifestações artísticas vanguardista e provocadora dos tropicalistas. Este olhar

sobre o Movimento Tropicalista parte da leitura das influências internas e externas do

movimento, bem como, as propostas estéticas da antropofagia cultural que fugia

totalmente dos padrões de arte engajada da esquerda nacionalista em voga no final da

década de 1960. A crítica deste modo de arte engajada seria imprescindível para a

ruptura e mudança dos paradigmas presentes até então na sociedade. Assim, a

proposta do texto é reconhecer a estética como um dispositivo fundamental na

problematização e compreensão da arte tropicalista.

Page 113: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 8 - Ensino e História da África e cultura afro-

brasileira

Coordenadores: Porf. Me. Juvenal de Carvalho Conceição (UFRB) e Prof. Dr. Flavio

Gonçalves dos Santos (UESC)

1. História da África na Universidade do Estado Bahia (UNEB), Campus V:

características do ensino frente às determinações da lei federal Nº

10.639/03. (Alana Teixeira de Sena e Camila Araújo Pinheiro)

2. A Aplicabilidade Da Lei 10.639/03, No Instituto Federal Da Bahia-

Eunápolis. (Dandara dos Santos Silva)

3. O livro didático, paradidático de história e a lei 10.639/2003: diálogos

possíveis (Fábio Batista Pereira)

4. Ensino de história da África na educação de jovens e adulltos em

Eunápolis: investigando representações, saberes e práticas docentes.

(Ângelo Bento Leite dos Santos)

5. Por uma revisão histórica do candomblé angola na Bahia (Emili Brito

Pinheiro)

6. Aspectos historiográficos da obra de Manuel Querino (Paulo Marcos

Pereira)

7. Intelectuais e discursos sobre trajetórias de populaações negras no

contexto das comemorações dos 400 anos de fundação da Cidade do

Salvador (Antonio Cosme Lima da Silva)

8. A poesia de Solano Trindade e a discografia dos racionais mc’s no ensino

de história e cultura afro-brasileira. (Oscar Santana dos Santos)

9. Música afro-baiana: a práxis pedagógica no ensino fundamental ii para a

conscientização da cultura afro-brasileira. (Josevaldo dos Santos

Mendonça)

Page 114: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 8 - Ensino e História da África e cultura afro-brasileira

Coordenadores: Porf. Me. Juvenal de Carvalho Conceição (UFRB) e Prof. Dr. Flavio

Gonçalves dos Santos (UESC)

SALA: 1 (Pavilhão 2)

CRONOGRAMA

15.10.2013 (terça-feira)

Horário: 14:h – 17 h

1. História da África na Universidade do Estado Bahia (UNEB), Campus V:

características do ensino frente às determinações da lei federal Nº 10.639/03.

(Alana Teixeira de Sena e Camila Araújo Pinheiro)

2. A Aplicabilidade Da Lei 10.639/03, No Instituto Federal Da Bahia- Eunápolis.

(Dandara dos Santos Silva)

3. O livro didático, paradidático de história e a lei 10.639/2003: diálogos possíveis

(Fábio Batista Pereira)

4. Ensino de história da África na educação de jovens e adulltos em Eunápolis:

investigando representações, saberes e práticas docentes. (Ângelo Bento Leite

dos Santos)

16.10.2013 (quarta-feira)

Horário: 8:30 – 12:30 h

1. Por uma revisão histórica do candomblé angola na Bahia (Emili Brito Pinheiro)

2. Aspectos historiográficos da obra de Manuel Querino (Paulo Marcos Pereira)

3. Intelectuais e discursos sobre trajetórias de populações negras no contexto das comemorações dos 400 anos de fundação da Cidade do Salvador (Antonio Cosme Lima da Silva)

4. A poesia de Solano Trindade e a discografia dos racionais mc’s no ensino de história e cultura afro-brasileira. (Oscar Santana dos Santos)

5. Música afro-baiana: a práxis pedagógica no ensino fundamental ii para a conscientização da cultura afro-brasileira. (Josevaldo dos Santos Mendonça)

Page 115: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 8 - Ensino e História da África e cultura afro-brasileira

Coordenadores: Porf. Me. Juvenal de Carvalho Conceição (UFRB) e Prof. Dr. Flavio

Gonçalves dos Santos (UESC)

RESUMOS

1. História da África na Universidade do Estado Bahia (UNEB), Campus V:

características do ensino frente às determinações da lei federal Nº

10.639/03. (Alana Teixeira de Sena e Camila Araújo Pinheiro)

Este projeto apresenta como proposta de pesquisa a análise da trajetória de

implementação e a aplicabilidade da lei 10639/03, no curso de Licenciatura em

História da Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas, no

Campus V, localizado em Santo Antônio de Jesus, analisando as possíveis

transformações na área de História da África decorrentes do processo de

implementação da lei 10639/03 na referida instituição de ensino. Analisou-se a

formação referente à História da África e cultura Afro-brasileira, que está sendo

oferecida aos alunos do curso de Licenciatura plena em História, bem como a

aplicabilidade da citada lei no currículo de História da Universidade do Estado da

Bahia (UNEB).

A realização do seguinte projeto de pesquisa implica na análise da formação dos

docentes da referida instituição, que atuam na área de África, do curso de licenciatura

em História, para que assim possamos refletir sobre qual formação em África é

oferecida aos docentes da academia, responsáveis pela formação dos futuros

docentes da educação básica, em relação a História da África.

2. A Aplicabilidade Da Lei 10.639/03, No Instituto Federal Da Bahia-

Eunápolis.

Dandara dos Santos Silva

O presente trabalho pretende analisar os conteúdos e temas formativos utilizados nos

planos de curso da disciplina de História, do Instituto Federal da Bahia (IFBA) Campus

Eunápolis, a partir da aplicabilidade da Lei, 10.639/03, bem como seus

desdobramentos no processo de ensino-aprendizagem na disciplina de História, tem

um papel fundamental na construção da consciência histórica e identidade dos alunos

Page 116: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

por torna obrigatória o ensino de história da África, dos povos africanos e afro-

brasileiros nos conteúdos programáticos do currículo escolar. Para Rusen , a

consciência histórica é a compreensão entre o passado, presente e o futuro, essa

ligação só pode ser feita durante o processo de ensino-aprendizado na disciplina de

história e no espaço escolar para seu maior desenvolvimento. No que se refere à

construção de identidade Anderson Oliva , ressalta que a identidade não passa de

representação ou projeção do que acreditamos ser o Outro, e do que esse Outro

acredita que sejamos. Com isso o processo de identificação ocorre justamente nos

espaços relacionais ou lugar onde algo começa a se fazer presente espaço esse

compreendido como o escolar. A construção metodológica deste trabalho será através

questionários diagnósticos, a ser aplicado aos professores de história e aos alunos da

instituição. Analisarei também os planos de curso da disciplina, buscando perceber as

perspectivas, olhares e assimilação dos professores e alunos do Instituto Federal, com

a aplicação da Lei 10.639/03, e como estes sujeitos a reconhecem e de que maneira

tem contribuído para a construção da representação histórica da população afro-

brasileira.

3. O livro didático, paradidático de história e a lei 10.639/2003: diálogos

possíveis

Fábio Batista Pereira

Nesse artigo, apresento o resultado da prática docente por mais de uma década na

Educação Básica, da experiência nas salas de aula, integrando comissões internas no

âmbito das unidades escolares para escolha do livro didático de história nos Guias

elaborados na esfera do PNLD, das entrevistas realizadas com docentes e do diálogo

com a bibliografia especializada sobre o tema, propoondo reflexões a fim de identificar

as características, os desafios e fundamentar um projeto mais amplo: a produção de

bibliografia paradidática voltada ao Ensino Fundamental II em atenção ao imperativo

da Lei 10.639/2003.

Page 117: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

4. Ensino de História da África na Educação de Jovens e Adulltos em

Eunápolis: investigando representações, saberes e práticas docentes.

Ângelo Bento Leite dos Santos

Esse trabalho originou-se a partir das considerações de dois aspectos relativos à

África e ao africano: a) noção de que a ancestralidade africana é negativa e b) o

conhecimento sobre o continente africano é imersa de preconceitos e estereótipos

propagados pela mídia ocidental. Os dois aspectos citados foram perceptíveis durante

meus estágios de regência; participações de oficinas propostas pelo curso de

Licenciatura em História do campus XVIII da Universidade do Estado da Bahia aos

alunos de escolas do município de Eunápolis; na leitura de publicações científicas

sobre a temática, durante as aulas dos componentes curriculares de História da África;

como monitor de um curso de extensão direcionado aos docentes da Educação de

Jovens e Adultos (EJA) e, principalmente, como bolsista de Iniciação Científica.

Entendendo a EJA como um dos fios de uma emaranhada rede de relações de

poderes sobre os usos da Educação e que ela tem por finalidade levar a educação a

aqueles que, outrora, foi negado esse direito (de acordo com o artigo 26 da

Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948), apresento algumas reflexões

sobre o Ensino de História e suas representações negativas e imprecisas sobre a

África e sua História, considerando que grande parte dos sujeitos que compõem as

salas de aulas são descendentes de africanos que, mesmo possuindo identidade

negra, desconhece (ou não valoriza) a proximidade com sua ancestralidade e com o

Continente.

5. Por uma revisão histórica do candomblé angola na Bahia

Emili Brito Pinheiro

Desde o início dos estudos sobre religiões de orientação africana no Brasil, a Bahia foi

tomada como centro referencial da constituição destas religiões. Ainda no século XIX,

pesquisadores elegeram o grupo de africanos iorubas e sua tradição religiosa, como

modelo do que deveria ser a organização destas religiões. Mesmo tendo sido o último

grupo de africanos escravizados a chegar à Bahia, os iorubas significaram o modelo

de reatualização de uma realidade social e mística concebida originalmente no

continente africano por etnias distintas, que cultuavam deuses distintos e concebiam o

sagrado através de valores próximos, porém não exatamente equivalentes Desde

então, os Ketu têm sido privilegiados como interesse de estudo histórico ou

Page 118: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

socioantropológico Do mesmo modo, normalmente é à tradição Ioruba-Ketu que se

recorre quando o senso comum ou pesquisadores pretendem identificar e descrever o

que seja a presença de uma herança africana na Bahia e no Brasil.

Esta pesquisa propõe discutir o tratamento dado às religiões de origem Banto na

historiografia, perpassando por questões fundamentais como: a concepção de

candomblé e a insistência dos pesquisadores em estabelecer o modelo religioso

Ioruba-Ketu, como padrão absoluto da mais genuína tradição africana na Bahia. O

nosso maior intento é desconstruir a ideia de ilegitimidade do candomblé Angola ou

Banto, alimentada pelos discursos acadêmicos e reforçada pelo senso comum.

Buscamos demonstrar através das obras analisadas e dos documentos encontrados,

as referências caluniosas e excludentes sobre os Bantos e suas práticas religiosas.

Desta forma, será possível ampliar ainda mais este campo de estudos, trazendo à

tona elementos antes desconsiderados por uma série de pesquisadores oriundos da

“escola Nina Rodrigues” que partiram da ideia de uma hegemonia sociocultural Ioruba

em detrimento dos Bantos.Nossa pesquisa pretende revisar este ponto de vista

através da ampliação e levantamentos de novos dados históricos sobre a tradição do

candomblé Angola, constituído pelos Banto na Bahia. Deste modo, nosso trabalho

propõe-se, principalmente, a corrigir as falhas de interpretação e a depreciação dos

Bantos presentes no senso comum e em clássicos estudos sobre religiões de

orientação africana. A consagração da referência ao modelo religioso Ioruba é ainda

muito resistente e foi perceptível a classificação dos sudaneses como povos

superiores aos Bantos. Os indícios da existência de um grande número de negros

importados da África Oriental é encontrado nas narrativas das principais obras que

abordam a temática dos negros no Brasil. Assim como já nos mostrou Renato da

Silveira, os negros faziam suas festas, seus batuques, calundus, com a permissividade

dos senhores. Para tanto, na tentativa de manter a salvo suas tradições os negros no

Brasil conciliaram seus deuses e festejos ao panteão de santos e o calendário

católico. Esta atitude, no entanto, não é exclusividade dos Banto no Brasil. Mesmo no

continente africano, os Banto resistiram e lutaram contra as imposições do cristianismo

e antes mesmo de atravessar o Atlântico, estes africanos conseguiram escamotear

sua tradição religiosa através de uma assimilação consciente com o cristianismo.

Page 119: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

6. Aspectos historiográficos da obra de Manuel Querino

Paulo Marcos Pereira

O presente trabalho é uma breve reflexão a respeito da pesquisa sobre aspectos

historiográficos da produção intelectual de Manuel Raymundo Querino (1851-1923).

Essa reflexão integra o projeto de mestrado em desenvolvimento no programa de Pós-

Graduação stricto sensu em História Regional e Local da Universidade do Estado da

Bahia, Campus V. Nesse projeto, objetivamos analisar a obra produzida por Manuel

Querino enfatizando a sua dimensão historiográfica, bem como estabelecer um

diálogo entre este intelectual e outros autores de seu tempo que também escreveram

sobre os negros africanos e descendentes e construíram interpretações do Brasil da

segunda metade do século XIX e primeiras décadas do XX. Querino, intelectual negro

baiano contribuiu para os estudos sobre o negro na Bahia e no Brasil, e propôs uma

escrita da história do Brasil que divergia de outros autores de seu tempo. Desse modo,

nos propomos a discutir sobre a inserção da obra de Manuel Querino entre as

referências para a historiografia afro-brasileira daquele período e da atualidade.

7. Intelectuais e discursos sobre trajetórias de populações negras no

contexto das comemorações dos 400 anos de fundação da Cidade do

Salvador

Antonio Cosme Lima da Silva

A pesquisa analisa a participação da população negra no contexto das comemorações

do Quarto Centenário de Fundação da Cidade do Salvador e da Instalação do

Governo Geral do Brasil (1549/1949). O enfoque recai sobre as teses apresentadas no

evento mais importante das celebrações, que foi o Primeiro Congresso de História da

Bahia, realizado pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), em 1949. Além

das teses do referido congresso, também me detenho em algumas obras editadas

como parte das comemorações a fim de analisar as concepções historiográficas dos

seus respectivos autores, tentando identificar aqueles que apresentaram novas

categorias interpretativas, tanto no método, como no objeto de seus respectivos

estudos, relacionados às populações negras, visto que o Primeiro Congresso de

História da Bahia ocorreu na conjuntura do pós-guerra, com a derrota do nazismo e a

completa desmoralização das teorias que atestavam as hierarquias raciais.

Page 120: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

8. A poesia de Solano Trindade e a discografia dos racionais mc’s no ensino

de história e cultura afro-brasileira.

Oscar Santana dos Santos

Há uma necessidade enorme de educar e reeducar crianças, jovens e adultos a partir

dos valores civilizatórios afro-brasileiros, porque os valores eurocêntricos sempre

exerceram uma hegemonia preponderante na educação brasileira. Partindo desse

princípio e com o crédito no poder da educação, este artigo pretende enfatizar as

seguintes questões: Qual a relevância da poesia de Solano Trindade e da Discografia

dos Racionais MC’s para discutir o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira? Que

temáticas podem ser exploradas a partir dos poemas e das letras de músicas? O

discurso literário de Solano Trindade pode ser relacionado com o Rap dos Racionais

MC’s, para ampliar a discussão teórica sobre os conceitos de identidade negra e

cultura afro-brasileira?

9. Música afro-baiana: a práxis pedagógica no ensino fundamental II para a

conscientização da cultura afro-brasileira.

Josevaldo dos Santos Mendonça

“Que noite mais funda calunga, no porão de um navio negreiro.

Que viagem mais longa candonga ouvindo o batuque das ondas compasso de um

coração de pássaro no fundo do cativeiro.

É o semba do mundo calunga. Batendo samba em meu peito [...].

Quem me pariu foi o ventre de um navio. Quem me ouviu foi o vento no vazio [...].

Vou aprender a ler

Pra ensinar os meu camaradas!”

O texto acima ressalta o entender histórico- antropológico de um povo oriundo de país

africano, saudoso de sua pátria, intrigante pela situação pela qual foi arrancado e

como está sendo conduzido ao espaço desconhecido. No âmbito de movimentos que

perpassaram o século XX e perduram no século atual, muito ainda há o que se

dialogar sobre a historiografia dos povos negros escravizados no Brasil. Conhecer a

formação dos brasileiros em seu processo étnico e cultural é essencial para entender

a origem de si e do outro. Assim, a música é analisada pela função facilitadora de

entrar nos lares sem ao menos pedir licença e, sem perceber as pessoas aprendem e

cantam. Nesta “intromissão” o sujeito acaba aprendendo momentos históricos,

diversidades culturais, desejos e manifestações sem necessariamente conviver o

período ou freqüentar o espaço. É através da cultura musical construída nas diversas

Page 121: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

sociedade, que se reconhece o estilo musical de um estado, a visão de Homem que

se tinha num determinado tempo etc. Diante disso, compreende-se que a música se

tornou uma arma fundamental permitindo que o conhecimento antropológico e

histórico de uma determinada sociedade seja estampado em seus estribilhos, o que se

constitui em instrumento pedagógico a ser adotado no ensino funamental II.

Page 122: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 9 - Ensino de História: experiências e

reflexões

Coordenadoras: Profa. Dra.Cristiana Ximenes (UNEB) e Profa. Ms. Miralva dos

Santos Silva (UNEB)

1. Da teoria à prática: uma análise do decreto 5.626 na escola José Batista

da Fonseca (Filipe Arnaldo Cezarinho)

2. Possibilidades e desafios no processo de aquisição da leitura e escrita

dos alunos surdos incluídos em salas regulares em uma escola municipal

de Governador Mangabeira – Ba (Aline Cruz Rodrigues Oliveira)

3. Repensando o ensino de história numa perspectiva inclusiva de alunos

com necessidades especiais (Fabiana Machado da Silva)

4. Construindo a Matriz Curricular de História da Rede Municipal de São

José dos Campos (2011-2013): formação docente e dinâmica curricular.

(Paulo Eduardo Dias de Mello)

5. Desigualdades raciais e trabalho infanto-juvenil: análise de uma

experiência numa perspectiva construtivo-interpretativa. (Ramiro

Rodrigues Coni Santana)

6. Fontes históricas documentais e o ensino de história: entre olhares,

possiblidades e metodologias a partir de oficinas (Antonio Barbosa Lisboa)

7. Práticas pedagógicas da Filarmônica Dois de Julho em Maragogipe: um

estudo de caso (Eder dos Santos Oliveira/Aline Cruz Rodrigues

8. Linguagens artísticas e o ensino de História: arte atrás da porta azul.

(Mariana Bispo Miranda)

9. Uso de teledramaturgia nas aulas de história: diluindo fronteiras e

construindo saberes (Mauricio Dias dos Santos)

10. Brincando e aprendendo com Clio: experiências de ensino e pesquisa com History Games (Marcelo Souza Oliveira)

Page 123: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 9 - Ensino de História: experiências e reflexões

Coordenadoras: Profa. Dra.Cristiana Ximenes (UNEB) e Profa. Ms. Miralva dos

Santos Silva (UNEB)

SALA: 6 (Pavilhão 2)

CRONOGRAMA

16.10.2013 (quarta feira)

Horário: 8:30 - 12:30

1. Da teoria à prática: uma análise do decreto 5.626 na escola José Batista da Fonseca (Filipe Arnaldo Cezarinho)

2. Possibilidades e desafios no processo de aquisição da leitura e escrita dos alunos surdos incluídos em salas regulares em uma escola municipal de Governador Mangabeira – Ba (Aline Cruz Rodrigues Oliveira)

3. Repensando o ensino de história numa perspectiva inclusiva de alunos com necessidades especiais (Fabiana Machado da Silva)

4. Construindo a Matriz Curricular de História da Rede Municipal de São José dos Campos (2011-2013): formação docente e dinâmica curricular. (Paulo Eduardo Dias de Mello)

5. Desigualdades raciais e trabalho infanto-juvenil: análise de uma experiência numa perspectiva construtivo-interpretativa. (Ramiro Rodrigues Coni Santana)

17.10.2013 (quinta-feira)

Horário: 8:30 - 12:30

1. Fontes históricas documentais e o ensino de história: entre olhares,

possiblidades e metodologias a partir de oficinas (Antonio Barbosa Lisboa)

2. Práticas pedagógicas da Filarmônica Dois de Julho em Maragogipe: um estudo de caso (Eder dos Santos Oliveira/Aline Cruz Rodrigues

3. Linguagens artísticas e o ensino de História: arte atrás da porta azul. (Mariana Bispo Miranda)

4. Uso de teledramaturgia nas aulas de história: diluindo fronteiras e construindo saberes (Mauricio Dias dos Santos)

5. Brincando e aprendendo com Clio: experiências de ensino e pesquisa com History Games (Marcelo Souza Oliveira)

Page 124: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ST 9 - Ensino de História: experiências e reflexões

Coordenadoras: Profa. Dra.Cristiana Ximenes (UNEB) e Profa. Ms. Miralva dos

Santos Silva (UNEB)

11. Da teoria à prática: uma análise do decreto 5.626 na escola José Batista

da Fonseca (Filipe Arnaldo Cezarinho)

12. Possibilidades e desafios no processo de aquisição da leitura e escrita

dos alunos surdos incluídos em salas regulares em uma escola municipal

de Governador Mangabeira – Ba (Aline Cruz Rodrigues Oliveira)

13. Repensando o ensino de história numa perspectiva inclusiva de alunos

com necessidades especiais (Fabiana Machado da Silva)

14. Construindo a Matriz Curricular de História da Rede Municipal de São

José dos Campos (2011-2013): formação docente e dinâmica curricular.

(Paulo Eduardo Dias de Mello)

15. Desigualdades raciais e trabalho infanto-juvenil: análise de uma

experiência numa perspectiva construtivo-interpretativa. (Ramiro

Rodrigues Coni Santana)

16. Fontes históricas documentais e o ensino de história: entre olhares,

possiblidades e metodologias a partir de oficinas (Antonio Barbosa Lisboa)

17. Práticas pedagógicas da Filarmônica Dois de Julho em Maragogipe: um

estudo de caso (Eder dos Santos Oliveira/Aline Cruz Rodrigues

18. Linguagens artísticas e o ensino de História: arte atrás da porta azul.

(Mariana Bispo Miranda)

19. Uso de teledramaturgia nas aulas de história: diluindo fronteiras e

construindo saberes (Mauricio Dias dos Santos)

20. Brincando e aprendendo com Clio: experiências de ensino e pesquisa

com History Games.(Marcelo Souza Oliveira)

Page 125: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

RESUMOS

1. Da teoria à prática: uma análise do decreto 5.626 na escola José Batista

da Fonseca

Filipe Arnaldo Cezarinho

Esse trabalho foi realizado para a finalização da disciplina de Libras da Universidade

Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), pelo colegiado de História. O objetivo visa

analisar a funcionalidade do decreto 5.626, que regulamenta a lei 10.436, homologada

em 2002. Essa lei regulariza e reconhece Libras como a língua dos deficientes

auditivos. Com o advento do decreto, tornou-se obrigatório a inclusão de Libras para

os cursos de formação de professores. Ou seja, a partir de agora os professores

passariam por uma formação que contribuiria para a inclusão dessa demanda no

ambiente escolar. Realizou-se a pesquisa na escola José Batista da Fonseca (JB),

Cruz das Almas/BA. Escola de ensino fundamental II. Posta a problemática da

aplicabilidade da Lei 10.436, foram constatadas, durante as pesquisas, que há o

desinteresse por parte dos docentes para com determinados temas que permeiam o

âmago da educação, ao mesmo tempo em que aparece em cena não mais o problema

de ter acesso ao curso de Libras. Após dez anos da oficialização do decreto de

LIBRAS para professores, ainda tem muitos docentes que não fizeram nenhum curso

relacionado a libras. Preocupante tal fato, o que nos faz pensar nos motivos para que

isso ainda não tenha acontecido, já que é uma demanda muito forte tanto por parte

governamental quanto pelas forças sociais. Além da falta de material didático que

colabore para inclusão de tal proposta, a hipótese levantada é que existe uma

hierarquia que estabelece interesses maiores para determinados campos de

conhecimento em detrimento de outros. Ou seja, para muitos professores, cursos

como o de LIBRAS podem não chamar tanto a atenção como outros.Essa pesquisa

serviu para já imprimir algumas impressões no tocante à disciplina de Libras na escola

pública. Obviamente que é um trabalho que pode estabelecer comparações com

outros, mas também não deve ser tomado como generalizado, ou seja, cada núcleo

escolar deve ser analisado, buscando-se perceber as suas singularidades.

Page 126: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

2. Possibilidades e desafios no processo de aquisição da leitura e escrita

dos alunos surdos incluídos em salas regulares em uma escola

municipal de Governador Mangabeira – Ba

Aline Cruz Rodrigues Oliveira

A pesquisa procurou relatar sobre a aquisição da leitura e escrita de pessoas surdas,

em função da necessidade de refletir sobre novos caminhos para o ensino na

educação dessas pessoas, visto que os surdos têm a sua capacidade comunicativa

assegurada pela língua de sinais e o ensino do português- leitura e escrita- que deve

ser encarado em sua função importante. A leitura e a escrita podem possibilitar ao

sujeito surdo um importante acesso a informações na sociedade vigente. O problema

que moveu este estudo foi o de compreender quais os desafios enfrentados no

processo de aquisição de leitura e escrita dos alunos surdos incluídos nas classes

regulares de ensino em uma escola municipal de Governador Mangabeira - BA, a fim

de entender como ocorre o processo de aquisição da leitura e escrita destes alunos

que estão matriculados em escolas regulares, e averiguar a representação da surdez

e dos surdos nessas escolas, bem como verificar como ocorre a educação para

surdos baseadas numa perspectiva bilíngue, analisando as propostas pedagógicas e

metodológicas usadas pela comunidade escolar no atendimento de alunos com

Surdez, a fim de proporcionar um maior aprendizado. A pesquisa fundamentou-se

bibliograficamente em diversos autores como Vygotsky (1988), Bakhtin (1997), que

abordam sobre a linguagem de uma forma geral e outros estudiosos como Fernandes,

(1998; 2001) que contribuíram quanto à linguagem e surdez. A realização da pesquisa

possibilitou o entendimento de como ocorre o processo de aquisição da linguagem dos

alunos surdos que se dizem incluídos em classes regulares de ensino. A principal

impossibilidade de promoção da aquisição da Língua Portuguesa pelos surdos na

referida escola se deu pelo fato de os profissionais não serem capacitados na sua

prática pedagógica inclusiva, e com isso não considerarem as peculiaridades dos

alunos surdos. Não há adaptações curriculares, portanto os surdos não têm sido

respeitados em sua forma de comunicação, conforme previstas nas Leis.

Page 127: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

3. Repensando o ensino de história numa perspectiva inclusiva de

alunos com necessidades especiais

Fabiana Machado da Silva

Esta comunicação busca relatar e socializar experiências de prática pedagógica

relacionada ao ensino de História e Cultura Afro-brasileira, dentro de uma concepção

de educação inclusiva de pessoas com necessidades especiais (surdos/as e

deficientes visuais), na Escola Municipal Centro Educacional Murilo Coelho Cavalcanti,

localizada na Zona urbana, sede da cidade de Alagoinhas/Bahia, no bairro do

Vale/Taizé Santa Terezinha, Rua da Alameda da Alegria s/n. No intuito de se levar a

repensar a prática, o processo de ensino e aprendizagem da disciplina de História e

Cultura Afro-brasileira para construção de uma educação inclusiva de qualidade.

Pensando alternativas para tornar o processo de ensino e aprendizagem da disciplina

de História mais significativo, atraente, criativo, crítico, reflexivo e humanista,

aproximando-o cada vez mais da realidade vivida pelos (as) educandos (as),

buscando diversificar as aulas para atender as necessidades de aprendizagem de

cada aluno (a) em particular com suas limitações, potencialidades e especificidades.

Tornando a relação com a disciplina de História inovadora, enriquecedora, sedutora e

apaixonante, fazendo com que os (as) alunos (as) se apaixonem pela história e

compreendam sua importância para as suas vidas. Buscam-se não respostas prontas,

mas traçar os caminhos e achar soluções para as dificuldades enfrentadas, ajustando

o ensino de História e Cultura Afro-brasileira a realidade encontrada, primeiramente

tentando entender o universo de alunos/as surdos/as e deficientes visuais, tentando

adquirir e adaptar material, seja planejando e improvisando com frequência, de acordo

com as necessidades dos/as alunos/as.

4. Construindo a Matriz Curricular de História da Rede Municipal de São

José dos Campos (2011-2013): formação docente e dinâmica

curricular.

Paulo Eduardo Dias de Mello

No final da década de 1990, com os Parâmetros Curriculares Nacionais, quando o

currículo da Educação Básica entrou na pauta da política de reformas educacionais,

tornando-se objeto de um amplo debate nacional, houve uma expressiva expansão e

reconfiguração do campo de pesquisas e reflexões sobre currículo (Michael Apple, Ivor

Goodson, Antonio F. Moreira, Tomás T. da Silva, Elba de S. Barreto, Gimeno

Sacristán). Desde então, se o debate curricular permaneceu aquecido e desdobrou-se

em diferentes direções teóricas e críticas, as iniciativas de reformulação dos currículos

Page 128: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

prescritivos para a Educação Básica deixaram de ocupar a agenda da política federal,

passando a ser um empreendimento onde destaca-se a atuação dos estados e

municípios. O objetivo da presente comunicação é apresentar os fundamentos e

avaliar o processo de construção da Matriz Curricular de História para os anos iniciais

e finais do Ensino Fundamental, promovida pela Rede Municipal de Ensino de São

José dos Campos/SP, desenvolvido entre 2011 e 2013, e que ainda continua em

curso. Esse processo envolveu, até o presente momento, dois momentos significativos

de produção e implementação. No primeiro momento a Matriz Curricular de História foi

elaborada a partir de um conjunto de oficinas com dois grupos de referência de

professores dos anos iniciais e finais, sendo depois discutida e validada como conjunto

de docentes da rede; no segundo momento os professores participaram de uma

formação, acompanhada por avaliação contínua do processo, visando dar subsídios

para a implementação da Matriz na rede municipal de ensino. Esta comunicação

pretende, portanto, apresentar o movimento de construção da matriz – as estratégias e

formas como foram definidos os fundamentos teóricos e metodológicos, conteúdos e

métodos que embasam a Matriz Curricular de História –; os resultados

preliminarmente alcançados em termos de desenho curricular; as características,

avanços e contradições do documento curricular; a concepção e forma do processo de

sua implementação - suas conquistas e desafios -; e, por fim, indicar as formas de

recepção dos docentes da nova proposta curricular nas \"falas\" dos professores

captadas ao longo do processo pelos instrumentos de avaliação contínua.

5. Desigualdades raciais e trabalho infanto-juvenil: análise de uma

experiência numa perspectiva construtivo-interpretativa.

Ramiro Rodrigues Coni Santana

Esta pesquisa objetivou compreender quais fatores implicaram na inserção precoce de

um indivíduo negro no trabalho, e se as desigualdades raciais estariam entre estes

fatores, bem como, a partir do aporte teórico da Psicologia Histórico-cultural de

Fernando Rey analisar os sentidos subjetivos, categoria de análise em Psicologia do

aporte teórico mencionado, atribuídos pelo participante a sua experiência como

trabalhador precoce e a sua pertença étnica negra. Empregando a Epistemologia

Qualitativa em Psicologia na coleta e interpretação de dados através de recursos

metodológicos como a conversação e o questionário sócio-demográfico compreendeu-

se os modos como a pertença étnica e a experiência de trabalho na infância e

juventude participaram dos processos de subjetivação integrando-se como núcleos de

sentido nas configurações subjetivas do participante. Como sujeito negro numa

sociedade de relações sociais racializadas como a brasileira o participante vivenciou

Page 129: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

situações de discriminação flagrante no trabalho na juventude, construindo

mecanismos psicológicos de enfretamento a estas situações bem como mecanismos

de fuga, como a negação da discriminação ou a tentativa de aludi-la. Esta capacidade

de gerar alternativas frente às situações de discriminação apresentaram-se também

no convívio familiar, onde o participante também esteve exposto a relações

racializadas. A expressão das relações racializadas em diferentes contextos presente

no relato do participante demonstra que os elementos de sentido de certos espaços

sociais se relacionam com elementos de sentido de outros espaços sociais, como

instâncias de uma mesma sociedade estes espaços se constituem e são constituídos

por aspectos da subjetividade social. As experiências de discriminação racial

vivenciadas pelo participante apontam como as instituições sociais estão articuladas

pela subjetividade social mesmo que cada uma

delas, em seu interior, construam seus próprios referenciais e concepções. O

preconceito e a discriminação contra o negro, por estar presente de modo mais

abrangente na sociedade brasileira, se expressará nas diferentes instituições sociais.

6. Fontes históricas documentais e o ensino de história: entre olhares,

possiblidades e metodologias a partir de oficinas

Antonio Barbosa Lisboa

Atualmente as discussões sobre ensino de história propõem a necessidade da

diversidade de fontes que propiciem aos sujeitos envolvidos no processo de ensino-

aprendizagem múltiplos olhares sobre os diversos contextos históricos, pois esse

recurso metodológico é uma possiblidade do professor tornar o ensino de história uma

grande oficina do saber. Levar diversas fontes ao encontro dos sujeitos que estão em

processo de formação significa ampliar ainda mais as possibilidades. Este resumo

apresenta os resultados da Oficina - “Fontes Históricas: introdução conceitual para o

trabalho em sala de aula” que foi desenvolvida com os professores-alunos do Curso

de História da Plataforma Freire da UNEB/Eunápolis. A fundamentação teórica para

construção dessa atividade consolidou-se através do diálogo com autores (a) como,

Pinsky, 2010:2011; Abreu, 2011; Silva; Fonseca, 2011; Julia, 2001; Pimenta, 2011;

Leal, 2011; Karnal, 2009; Bittencourt, 2008:2011. O público alvo são professores-

alunos que estão em exercício em diversos municípios do Território de Identidade

Costa do Descobrimento, a saber: Belmonte, Eunápolis, Guaratinga, Itabela,

Itagimirim, Itapebi, Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália. A atividade foi resultado do

processo avaliativo para o componente curricular do Estágio Supervisionado IV – na

UNEB, campus XVIII do curso de Licenciatura em História, que propõe como atividade

Page 130: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

uma oficina em espaços formais e não formais de educação. Objetivando

compreender aspectos teóricos metodológicos para o uso das fontes em sala de aula,

proporcionar opções da utilização das fontes como práticas pedagógicas no ensino de

história e apresentar aos docentes em formação a possibilidade da interação entre a

universidade e o ensino regular, a oficina teve a duração de 08 horas. A atividade foi

realizada em grupo, por conta de a turma possuir 28 alunos. A metodologia utilizada

foi o uso de fontes primárias e secundárias, manuscritos e impressos, a exemplo:

cartas, processo-crime, documentos familiares – fotografias e diário, jornais de época

– séc. XX, e certidões de óbito e casamento a partir de um roteiro preestabelecido.

Durante a realização das atividades surgiram vários questionamentos, discussões,

inquietações e também sugestões, fazendo-nos perceber que os desafios para o

ensino de história ainda são muitos, tanto para os professores que estão atuando, bem

como para os licenciandos que estão construindo sua formação. Com o resultado

dessa atividade foi percebido a pouca utilização/distanciamento das fontes históricas

no ensino, e as dificuldades com o método para utilizá-las. Os professores foram

receptivos a proposta da oficina, onde constaram suas contribuições no sentido da

inserção das fontes no ensino. Foi percebida ainda a necessidade de atividades que

suscitem a incorporação das fontes históricas na sala de aula. Entende-se

aqui, que a fonte documental como proposta didático-pedagógica para o ensino de

história se torna uma perspectiva possível para novos horizontes na educação básica

e ensino médio.

7. Práticas pedagógicas da Filarmônica Dois de Julho em Maragogipe: um

estudo de caso Eder dos Santos Oliveira

Aline Cruz Rodrigues

O ambiente musical aqui é entendido como um espaço vivo e democrático, um espaço

privilegiado da ação educativa baseada no conhecimento interdisciplinar. Assim, para

atender os anseios educacionais da comunidade, o presente trabalho justifica-se pela

necessidade de compreender como acontece o processo de ensino-aprendizagem,

considerando que é a partir do conhecimento de sua prática pedagógica que o corpo

docente e discente, e a própria comunidade, pode compreender melhor o sentido e a

importância da Filarmônica Dois de Julho como uma instituição educativa e não

apenas como um local de lazer, além de entender que se trata de um patrimônio

histórico e cultural, cuja história é a mesma história das pessoas que por ali passaram

e passam e que juntas ajudam a construir os valores necessários a uma sociedade.

Page 131: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

Portanto, o presente estudo visa compreender a história dos agentes sociais

envolvidos no processo educacional da Instituição Filarmônica Dois de Julho,

localizada em Maragogipe-Ba, a partir de um estudo de caso fundamentado nas

vivências junto à mesma, no qual observar-se-á de maneira investigativa as práticas

pedagógicas abordadas na Filarmônica Dois de Julho, refletindo sobre as

metodologias musicais adotadas nesta Instituição ao longo dos anos que compõem

sua história. Assim, com o objetivo de investigar as formas de ensino que são

utilizadas, trazendo à tona informações e reflexões sobre a prática pedagógica e

musical, buscou-se fundamentar em entrevistas e conversas informais com agentes

envolvidos no processo educacional da entidade, visando aprofundamento nos

conhecimentos históricos e pedagógicos.

8. Linguagens artísticas e o ensino de História: arte atrás da porta azul.

Mariana Bispo Miranda

O artigo propõe mostrar pesquisa realizada no Estágio Curricular Supervisionado III

componente curricular do curso de Licenciatura Plena em História, da Universidade do

Estado da Bahia-UNEB, ministrada no 7º semestre, em um colégio estadual localizado

na cidade de Teixeira de Freitas-Bahia, com estudantes do 9º do Ensino Fundamental

II. Pesquisa qualitativa, que visava à incorporação de aulas de História a partir de

diferentes linguagens artísticas, sobretudo a música, voltando-se para algo próximo,

presente na realidade dos estudantes, portanto com a metodologia de ministrar aulas

utilizando a linguagem musical como fonte documental, através de uma abordagem

crítica. Inicialmente há uma delimitação do lócus da pesquisa, depois uma abordagem

acerca das linguagens e seu uso dentro da historiografia, em seguida discute-se a

relação entre História e Música, concluindo com o relato da ação com os estudantes.

Com principal aporte teórico para construção do artigo Bittencourt (2008); Fonseca

(2003); Moraes (2000); Napolitano (2005); Pimenta (2008). Sendo assim a proposta é

uma tentativa de colaborar com o ensino de História, a fim de instigar o aluno a

estabelecer relações com os fatos históricos e linguagem musical.

Page 132: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

9. Uso de teledramaturgia nas aulas de história: diluindo fronteiras e

construindo saberes

Mauricio Dias dos Santos

Os produtos televisuais transmitiam e transmitem protótipos de Brasil, representações

sobre as problemáticas e embates da realidade vivenciada nas “tramas” cotidianas,

diluindo e/ou reforçando, assim, as fronteiras/limites de gênero, público e privado,

realidade e fantasia, o “Eu” e o “Outro”, entretenimento e fonte de investigação entre

outros. Partindo das dificuldades encontradas durante a experiência obtida com

aplicação da telenovela no Estágio Curricular III, na turma de 9º ano B de uma

instituição educacional pública da cidade de Teixeira de Freitas – BA, quais sejam, a

relação de distanciamento e abjeção dos alunos para com a disciplina de História e as

dificuldades de abstração dos conteúdos programáticos, objetiva-se problematizar a

teledramaturgia/telenovela munido metodologicamente da pesquisa bibliográfica e das

observações de campo em intersecção com os conceitos de midiabilidade

(NAPOLITANO, 2008) e mídia-educação (BELLONI, 2005) bem como os estudos de

(BITTENCOURT, 2004), (MCLAREN, 1997), (FREIRE, 1996), (HALL, 2011) entre

outros, de maneira a evidenciar/refletir sobre possibilidades, limites e fronteiras que

possam contribuir para solucionar ou se não ao menos amenizar as demandas

anteriormente mencionadas. Em linhas gerais a utilização da fonte proporcionou a

interação, promoveu a reflexão sobre a influência que a mídia, especificamente a

telenovela, exerce sobre os indivíduos, forneceu subsídios para que o discente

assumisse o posicionamento de telespectador/crítico, contribuiu para o exercício da

abstração e, sobretudo, proporcionou a problematização de questões atuais de

preocupação dos próprios discentes.

10. Brincando e aprendendo com Clio: experiências de ensino e pesquisa

com History Games.

Marcelo Souza Oliveira

A presente comunicação tem como objetivo relatar nossas experiências com o Grupo

de estudos History Games, composto por adolescentes do curso da Educação

Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM) do Campus Catu - IF Baiano e por

professores de diversas Instituições de Educação Baianas. O referido grupo se

preocupa em pensar as repercussões das práticas e representações dos jogos

Page 133: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

eletrônicos na construção do conhecimento histórico dos seus usuários, tanto dentro,

quanto fora da sala de aula.

Nesse aspecto, além da possibilidade de incluir recursos como os jogos eletrônicos no

Ensino de história, o Grupo History Games também propõe a pesquisa como prática

educativa considerando esse ambiente como campo para as análises. Os estudantes

desenvolvem projetos, a partir de determinados problemas, e utilizam fontes coletadas

dos arquivos públicos e privados, revisão bibliográfica pertinente e estudos da teoria

historiográfica, para construir suas reflexões e interpretações do passado. Assim,

aplica-se a pesquisa em ciências humanas, como processo educativo, utilizando a

função social da ciência, para promover a cidadania, demonstrando que eles podem

romper o tabu de que educação científica é apenas feita com ciências exatas ou

naturais.

Os grandes protagonistas do Grupo History Games são os estudantes que o integram,

pois são eles que desenvolvem pesquisas de Iniciação Científica Júnior em busca das

possibilidades que os jogos eletrônicos podem oferecer para a aprendizagem histórica.

Enquanto um grupo aberto à comunidade escolar, participam dele aqueles que tem

interesse no estudo desses dois pilares: jogos e história.

As atividades do grupo são desenvolvidas de forma presencial e virtual. Nas atividades

presenciais são discutidos textos, livros, jogos e outros recursos que possam

enriquecer as pesquisas dos estudantes. Nas atividades virtuais, os estudantes

mantem diálogo com outros estudantes e com co-orientadores de outras instituições, a

partir de ferramentas como os grupos do Facebook e o Google Drive. Enquanto

orientadores e co-orientadores no processo, participam do Grupo, professores do IF

Baiano, IFBA, UFRB, Secretaria de Educação do Estado da Bahia, além de

estudantes de mestrado da UFBA.

As propostas de estudo do grupo History Games ainda estão num fecundo estágio de

expansão. Têm surgido propostas interessantes das discussões e os estudantes tem

se esmerado em transformá-las em pesquisas. Entre elas podemos citar: estudo das

representações da mulher nos games, da guerra como fenômeno presente, tanto em

jogos, quanto nas aulas de história, nas repercussões nos games dos grandes

conflitos entre potências, entre outros.

Mesmo com a liberdade de explorar abordagens diversas, as pesquisas se aproximam

por seu interesse no estudo da história e sua relação com diferentes mídias, em

destaque os games, e por suas intenções de transformação no ensino da disciplina

História. Os estudantes e professores unem-se em busca de alternativas para um

Page 134: Caderno de Resumos do III Simpósio de História Regional e Local

ensino lúdico e que esteja cada vez mais próximo do cotidiano dos seus sujeitos

(professores e estudantes), desprendendo-se de métodos que não condizem com

suas experiências e aproximando-se da historicidade que os define.

Envolvidos por um movimento de reflexão sobre o ensino, novas relações foram

estabelecidas, onde estudantes são protagonistas do processo de ensino, ao

ensinarem professores e seus colegas e ambos atuam como pesquisadores em um

instigante ambiente de experiências, muitas vezes imprevisíveis.