Caderno de Resumos 2011-2 · 3 SEDA - Seminário de Dissertações e Teses em Andamento. (XVIII,...

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XVIII SEDA Seminário de Dissertações e Teses em Andamento CADERNO DE RESUMOS E PROGRAMAÇÃO Universidade Estadual de Londrina 08 e 09 de novembro de 2011 CENTRO DE LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

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XVIII SEDA Seminário de Dissertações e Teses em Andamento

CADERNO DE RESUMOS E PROGRAMAÇÃO

Universidade Estadual de Londrina 08 e 09 de novembro de 2011

CENTRO DE LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

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Reitora:

Profª. Drª. Nadina Aparecida Moreno

Vice-Reitora:

Profª. Drª. Berenice Quinzani Jordão

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação:

Prof. Dr. Mário Sérgio Mantovani

Coordenador do Programa de Pós-Graduação:

Prof. Dr. Frederico Augusto Garcia Fernandes

Diretora do Centro de Letras e Ciências Humanas:

Profª. Drª. Mirian Donati

Vice-diretor do Centro de Letras e Ciências Humanas:

Profº Drº Ariovaldo de Oliveira Santos

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SEDA - Seminário de Dissertações e Teses em Andamento. (XVIII, 2011:Londrina,PR)

Caderno de Resumos e Programação do 18º SEDA - Seminário de Dissertações e Teses

em Andamento, em 8 e 9 de novembro de 2011. Londrina, UEL, 2011. 22p.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

Rodovia Celso Garcia Cid, PR 445, Km 380 Campus Universitário

86051-990 – Londrina – Paraná Telefone: (043) 33714431

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COMISSÃO DE ORGANIZAÇÃO DO EVENTO

COORDENAÇÃO GERAL

Prof. Dr. Frederico Augusto Fernandes

Profª. Drª. Sonia Aparecida Vido Pascolati

Profª Drª. Marta Dantas da Silva

COMISSÃO DE COLABORADORES

Alzira Fabiana de Christo

Ana Claudia Freitas Pantoja

Carina Bertozzi

Catia Cristina Sanzovo Jota

Claudia Vanessa Bergamini

Cleia da Rocha

Érica Antonia Caetano

Felipe Grüne Ewald

José Sérgio Custódio

Luciane dos Santos

Nilce Camila de Carvalho

Patrícia Joseane T. da C. Fuza

Renato Forin Junior

Ricardo Dalai Lima

Ricardo Gomes da Silva

Silvio Ruiz Paradiso

Vinicius Silva Lima

Willian André

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Apresentação

O Programa de Pós-Graduação em Letras da UEL promove, nos dias

08 e 09 de dezembro, nas salas 101 e 103, a XVIII edição do SEDA

(Seminário de Dissertações e Teses em Andamento), atividade

regularmente ofertada a cada semestre. O SEDA é a oportunidade para que

mestrandos e doutorandos exponham os trabalhos em andamento (work in

progress), de forma que outros alunos possam conhecê-los. O formato é o

de apresentação de resultados parciais da pesquisa pelo mestrando ou pelo

doutorando, acompanhado de seu orientador. Essa exposição é articulada

com comentários críticos efetuados normalmente por outro professor do

PPGL, que atua como debatedor. A experiência propicia um bom diálogo

acadêmico, tanto pela oportunidade de exposição do trabalho pelo

pesquisador quanto pelo fato de ter uma audiência balizada pelos mesmos

objetivos e por outro leitor, além do orientador.

Comissão Organizadora do XVIII SEDA

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PROGRAMAÇÃO GERAL DO XVIII SEDA

Dia 8 e 9 de dezembro - Sala 101 e 103 CLCH

COMUNICAÇÕES – 8 de dezembro

Horários

Manhã

9h30min

O INSÓLITO ESPECULAR: ANÁLISE DO DUPLO EM CONTOS DA

LITERATURA UNIVERSAL QUE TENHAM O ESPELHO COMO MOTIF

Cátia Cristina Sanzovo Jota (Doutoranda) Professora Doutora Adelaide Caramuru Cezar (Orientadora)

Professor Doutor Alamir Aquino Corrêa (Arguidor)

10h

NÍVEIS NARRATIVOS EM “CONVERSA DE BOIS” DE

JOÃO GUIMARÃES ROSA

Érica Antônia Caetano (Mestranda) Professora Doutora Adelaide Caramuru Cezar (Orientadora)

Professor Doutor Alamir Aquino Corrêa (Arguidor)

10h30min.

FICCIONES: ESCRITURA E INDETERMINAÇÃO EM BORGES

José Sérgio Custódio (Mestrando)

Professora Doutora Adelaide Caramuru Cezar (Orientadora) Professor Doutor Alamir Aquino Corrêa (Arguidor)

11h

A PARÓDIA DO FANTÁSTICO NO CONTO “UM ESQUELETO” DE

MACHADO DE ASSIS

Ricardo Gomes da Silva (Mestrando) Professora Doutora Adelaide Caramuru Cezar (Orientadora)

Professor Doutor Alamir Aquino Corrêa (Arguidor)

11h30min.

SUPERFÍCIES E SUBTERRÂNEOS: SIGNIFICAÇÕES DE MORTE,

PERDA E RENASCIMENTO EM CIRANDA DE PEDRA

Carina Bertozzi de Lima (Doutoranda) Professor Doutor Alamir Aquino Corrêa (Orientador)

Professora Doutora Adelaide Caramuru Cezar (Arguidora)

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12h

LA NUOVA PIETÁ - A POÉTICA VELADA DA MATERNIDADE

Mariana Sbaraini Cordeiro (Doutoranda) Professor Doutor Alamir Aquino Corrêa (Orientador)

Professora Doutora Adelaide Caramuru Cezar (Arguidora)

ALMOÇO

14h

LITERATURA AFROCÊNTRICA; POR UMA ESCRITA AFRODESCENTE EM

CABO VERDE

Dejair Dionísio (Doutorando) Professor Doutor Sérgio Paulo Adolfo (Orientador)

Professora Doutora Ângela Lamas (Arguidora)

14h30min.

O SEGREDO DA MORTA E A FORMAÇÃO DO ROMANCE ANGOLANO: UM

NOVO PROJETO ESTÉTICO LITERÁRIO

Silvana Quintilhano (Doutoranda) Professor Doutor Sérgio Paulo Adolfo (Orientador)

Professora Doutora Ângela Lamas (Arguidora)

15h

RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE NO OLHAR PÓS-COLONIAL EM, O OUTRO

PÉ DA SEREIA, DE MIA COUTO

Silvio Ruiz Paradiso (Doutorando) Professor Doutor Sérgio Paulo Adolfo (Orientador)

Professora Doutora Ângela Lamas (Arguidora)

15h30min.

AS FOTONOVELAS: PRÁTICAS DE LEITURA E VALIDAÇÃO DE OBJETOS CULTURAIS

Mariely Grigoletto Tessaroli (Mestranda)

Professor Doutor André Luiz Joanilho (Orientador) Professora Doutora Regina Helena M. A. Corrêa (Arguidora)

16h

O QUE IMPORTA QUEM FALA: A DENSIDADE AUTORAL DE CAIO FERNANDO ABREU JUNTO AO CIBERESPAÇO

Luciane dos Santos (Doutoranda)

Professor Doutor André Luiz Joanilho (Orientador) Professora Doutora Regina Helena M. A. Corrêa (Arguidora)

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COMUNICAÇÕES – 9 de dezembro

Horários

Manhã

9h30min

A PRODUÇÃO POÉTICA DE MARAGATO: OS DESAFIOS CONCEITUAIS EM

UMA PESQUISA DE CAMPO

Felipe Grune Ewald (Doutorando) Professor Doutor Frederico Augusto Garcia Fernandes (Orientador)

Professora Doutora Marta Dantas (Arguidora)

10h

ADAPTAÇÕES DE TEXTOS POÉTICOS ORAIS PARA A

TELEDRAMATURGIA: CONFABULAÇÕES EM HOJE É DIA DE MARIA

Ana Claudia Freitas Pantoja (Doutoranda) Professor Doutor Frederico Augusto Garcia Fernandes (Orientador)

Professora Doutora Marta Dantas (Arguidora)

10h30min.

HILLÉ, A SENHORA A: A DERRELIÇÃO DO SUJEITO EM A OBSCENA

SENHORA D.

Cleia da Rocha (Mestranda) Professora Doutora Regina Helena Corrêa (Orientadora)

Professora Doutora Marta Dantas (Arguidora)

11h

CRIAÇÃO DE MATERIAL PARA ENSINO DE LITERATURA: UMA

EXPERIÊNCIA NO CIBERESPAÇO

Marcelo José da Silva (Doutorando) Professora Doutora Regina Helena Corrêa (Orientadora) Professora Doutora Regina Célia dos Santos (Arguidora)

11h30min.

DE NORTE A SUL, QUADROS E COSTUMES HISTÓRICOS DO BRASIL – O

OLHAR DE MARQUES REBELO

Claudia Vanessa Bergamini (Mestranda) Professora Doutora Regina Célia dos Santos Alves (Orientadora)

Professora Doutora Regina Helena Corrêa (Arguidora)

ALMOÇO

QUERER MAIS ALGUMA COISA: RECURSOS METATEATRAIS EM O HOMEM E A MANCHA, DE CAIO FERNANDO ABREU

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14h30min.

Ricardo Augusto de Lima (Mestrando)

Professora Doutora Sonia A. V. Pascolati (Orientadora) Professor Doutor Frederico Augusto Garcia Fernandes (Arguidor)

15h

ESPETÁCULO DE MÚSICA TEATRALIZADO: CONTRIBUIÇÕES DE MARIA BETHÂNIA PARA A FUNDAMENTAÇÃO DE UM SUBGÊNERO DRAMÁTICO

Renato Forin Jr (Mestrando)

Professora Doutora Sonia A. V. Pascolati (Orientadora) Professor Doutor Frederico Augusto Garcia Fernandes (Arguidor)

15h30min.

NELSON RODRIGUES NO CONTEXTO DA CONSOLIDAÇÃO DO DRAMA

MODERNO NO BRASIL

Marina Stuchi (Mestranda) Professora Doutora Sonia A. V. Pascolati (Orientadora)

Professor Doutor Frederico Augusto Garcia Fernandes (Arguidor)

16h

AMORES E INTIMIDADES NA MPB

Mirele Carolina W. Jacomel (Doutoranda)

Professor Doutor Luiz Carlos Simon (Orientador) Professora Doutora Sonia A. V. Pascolati (Arguidora)

16h30min.

AS MÚLTIPLAS FORMAS FICCIONAIS NO CIBERESPAÇO: AS RELAÇÕES

ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR

Samuel Ronobo Soares (Doutorando) Professor Doutor André Luiz Joanilho (Orientador)

Professora Doutora Sonia A. V.Pascolati (Arguidora)

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RESUMO DAS COMUNICAÇÕES

Os resumos a seguir foram produzidos pelos estudantes/pesquisadores

O INSÓLITO ESPECULAR: ANÁLISE DO DUPLO EM CONTOS DA LITERATURA UNIVERSAL QUE TENHAM O ESPELHO COMO MOTIF

Cátia Cristina Sanzovo Jota (Doutoranda)

Professora Doutora Adelaide Caramuru Cezar (Orientadora) Previsão para defesa: 1/2014

Do latim speculum, o espelho é um objeto que sempre exerceu grande fascínio na humanidade, principalmente por levantar, remeter ou intermediar questões primordiais para o indivíduo: a identidade e a relação com o outro. Como se pode notar, o artefato especular está intimamente ligado à temática do duplo. Baseado em três grandes linhas de pensamento referente ao assunto – Otto Rank (“O duplo”), Sigmund Freud (“O inquietante”) e Clemént Rosset (“O real e seu duplo”) – este trabalho tem por objetivo analisar o desdobramento do sujeito dentro de contos da literatura universal que tenham o espelho como intermediador do duplo. Os contos selecionados estão divididos, até o presente momento, em dois grupos: autores brasileiros e autores estrangeiros. Dentro do primeiro grupo, encontram-se os contos homônimos “O espelho”, de Machado de Assis e de Guimarães Rosa; o conto “Espelho”, de José J. Veiga e o conto “Imagem”, de Luiz Vilela. O segundo grupo conta também com quatro contos: “A imagem perdida”, de ETA Hoffmann; “O amigo dos espelhos”, de Georges Rodenbach; “William Wilson”, de Edgar Alan Poe; e “Markheim”, de Robert Louis Stenvenson. Através do embasamento teórico, intenciona-se explorar individualmente nos contos a relação do sujeito com seu duplo, o papel do espelho nessa relação, e por fim, analisar também os efeitos oriundos do desdobramento do indivíduo nas relações deste com a sociedade. Para concluir, objetiva-se traçar uma comparação entre os contos, apontando semelhanças e diferenças importantes para uma maior compreensão da temática proposta.

NÍVEIS NARRATIVOS EM “CONVERSA DE BOIS” DE JOÃO GUIMARÃES ROSA

Érica Antonia Caetano (Mestranda)

Professora Doutora Adelaide Caramuru Cezar (Orientadora) 3º semestre. Previsão de defesa: 1/2012

A pesquisa em andamento tem como objetivo analisar os níveis narrativos em “Conversa de Bois”, penúltimo conto do livro Sagarana (1946), de João Guimarães Rosa (1908-1967). O conto apresenta-se como resultante de um conjunto de atuantes a propiciarem a um narrador-erudito material para a produção do texto literário. Assim, observam-se no conto diferentes níveis. O primeiro deles, extradiegético, diz respeito à feitura da narrativa. O segundo, de acordo com a terminologia de Genette, nível diegético, é o da fábula, estória em si. O terceiro nível, intradiegético, é aquele onde uma personagem da diegese assume a narração de outra estória. Há ainda um quarto nível, também intradiegético, no qual uma personagem de terceiro nível, conta outra

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estória. Tendo em vista esses níveis, recorre-se, sobretudo, à obra O discurso da narrativa, do francês Gérard Genette, mais especificamente ao quinto capítulo, intitulado “Voz”, onde se encontra a teoria-base para a objetivada leitura do conto rosiano. Ao final deste estudo, espera-se oferecer a funcionalidade de cada um dos níveis e da estruturação conjunta dos mesmos.

FICCIONES: ESCRITURA E INDETERMINAÇÃO EM BORGES

José Sérgio Custódio (Mestrando)

Professora Doutora Adelaide Caramuru Cezar (Orientadora) 3º semestre. Previsão para defesa: 1/2012

O objetivo do presente trabalho é tecer uma leitura de dois relatos borgianos pertencentes ao livro Ficciones: “Pierre Menard, autor do Quixote” e “A biblioteca de Babel”. Tal leitura será realizada basicamente sob dois ângulos que são ao mesmo tempo distintos e complementares, isto é: a escritura e a indeterminação. Por escritura, referimo-nos ao “conceito” expresso por Leyla Perrone-Moisés no livro Texto, Crítica, Escritura, onde a autora aponta para dois caminhos críticos na modernidade: o científico e o da escritura. O primeiro seria entendido como aquele em que o analista, armado de um aparato teórico-conceitual, busca objetivamente desmontar o texto literário para rearticulá-lo numa nova linguagem, uma linguagem afeita ao discurso científico. Já o caminho da escritura, por sua vez, entende a crítica como uma categoria de criação, uma crítica que se aventura como experiência plena de linguagem e que advoga para si a invenção como condição de sua existência. Ficciones se coloca como ficção e, ao mesmo tempo, como discurso crítico/criativo sobre si mesmo: crítica-escritura. Deve-se notar que mais do que o título de uma obra específica, Ficciones é aqui entendido como um conceito operatório que pode, segundo nossa percepção, fornecer elementos para a leitura do texto borgiano. Sua escritura é assim tecida pelo desejo do saber que funciona como uma busca infinita constantemente renovada pelas muitas perguntas que não se resolvem em respostas, antes se propõem como enigmas dada a sua indissolubilidade. A ars poética borgiana seria então uma espécie de poética da indeterminação constituída primordialmente pela dúvida, pela incerteza em relação a uma possível verdade última do conhecimento humano. Nesse sentido, é que se pode pensar a escritura de Borges através do conceito de indeterminação, no qual os sentidos são incessantemente deslocados por labirintos, multiplicados em espelhos, multiplicados em bibliotecas livros multiplicados em veredas que se bifurcam: literatura.

A PARÓDIA DO FANTÁSTICO NO CONTO “UM ESQUELETO” DE MACHADO DE ASSIS

Ricardo Gomes da Silva (Mestrando)

Professora Doutora Adelaide Caramuru Cezar (Orientadora) 3º semestre. Previsão para defesa: 2/2012

“Um esqueleto”, conto publicado por Machado de Assis em 1875 no Jornal das Famílias, como o próprio título indica, apresenta uma história com tons macabros. É

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composto por sete capítulos. O primeiro e o último possuem um narrador em terceira pessoa que conta que doze pessoas conversavam, numa noite escura que ameaçava chuva, sobre diferentes assuntos. Num determinado momento da conversa, um dos convivas, Alberto, começou a falar a respeito de um amigo seu: Dr. Belém. Entre o segundo e o sexto capítulos, depara-se o leitor com um narrador em primeira pessoa: Alberto. Ele conta estranhas experiências por ele vividas ao lado de Dr. Belém e de um esqueleto que este mantinha em casa e tratava como se fosse uma pessoa viva. O sétimo capítulo é um retorno ao primeiro. O narrador, agora em terceira pessoa, revela o espanto dos ouvintes de Alberto quando ficam sabendo que a história contada tinha sido há pouco inventada, tendo por objetivo abrir o apetite dos ouvintes para o chá que, depois da história contada, seria servido. Tivesse o conto terminado sem a revelação de Alberto de que sua história não passava de uma invenção, poderíamos pensá-lo como uma narrativa fantástica. A revelação situada no sétimo capítulo permite-nos situá-lo como paródia do gênero fantástico, tendo sido este já anunciado no primeiro capítulo do conto, onde se lê: “Estava-se em pleno Hoffmann”. Objetiva-se a leitura de “Um esqueleto” como paródia do conto fantástico do século XIX. Para tanto, far-se-á uso da teoria de Linda Hutcheon presente em Uma teoria da paródia. Espera-se demonstrar a suscetibilidade de Machado de Assis para esta espécie literária, terminando o estudo com o apontamento de outros contos machadianos nos quais a paródia do fantástico se faz presente.

SUPERFÍCIES E SUBTERRÂNEOS: SIGNIFICAÇÕES DE MORTE, PERDA E

RENASCIMENTO EM CIRANDA DE PEDRA

Carina Bertozzi de Lima (Doutoranda) Professor Doutor Alamir Aquino Corrêa (Orientador)

7º semestre. Previsão para defesa: 2/2012 Este trabalho procura estudar a obra Ciranda de Pedra, de Lygia Fagundes Telles, sob a ótica da presença da morte como elemento móbil do romance. Procura-se mostrar como a morte, nas várias facetas em que se apresenta (morte física, psicológica, morte de crenças e tabus, perdas afetivas, etc.), atua como delimitadora e modeladora do comportamento de todos os personagens, especialmente no de Virgínia, a protagonista, e os leva a assumir determinadas posturas na história de acordo com a influência dessas mortes em suas vidas. Nesta obra, a morte assume, além da perspectiva óbvia da extinção física, outras figurações, entre elas as sucessivas perdas afetivas que a personagem principal sofre ao longo do enredo. Essas perdas acabam por desencadear outro processo, agora de vingança e destruição, que a personagem inicia contra os outros personagens da trama, criando uma trama de sedução e vingança contra aqueles que a excluíram de seu círculo social e afetivo, no qual ela deseja desesperadamente ser inserida. O processo de elaboração do luto também é analisado. É possível perceber na personagem principal uma incapacidade de vivenciar e finalizar todas as etapas do processo de luto, o que desencadeia importantes consequências no desenvolvimento da trama. O conceito de pulsão de morte também é objeto de análise deste trabalho, já que há no romance uma evidente alusão das forças de Eros e Tanatos, de vida e morte, em tensão constante. Também analisaremos em Ciranda de pedra os processos de perdas e renascimentos da personagem principal sob a ótica da psicologia analítica de Carl Gustav Jung, e quais elementos psicológicos estão presentes na obra e influenciam a

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protagonista para que ela atinja ou não o processo de individuação, ou seja, de completamento do ciclo de morte, perda e libertação do romance.

LA NUOVA PIETÁ - A POÉTICA VELADA DA MATERNIDADE

Mariana Sbaraini Cordeiro (Doutoranda) Professor Doutor Alamir Aquino Corrêa (Orientador)

7º semestre. Previsão para defesa: 1/2012 Este trabalho partiu da inquietação diante de textos da literatura, sobretudo as narrativas de curto fôlego, as quais representam mães que não amam seus filhos. Tais questões surgem em um contexto espaço-temporal onde a mulher, além de ascender profissionalmente, não pode deixar de ser uma boa mãe. Sobre isso também levantei questionamentos sobre o que seria uma mãe “boa” e como esses valores foram constituídos. O trabalho está dividido em quatro capítulos, mais as considerações finais. O primeiro faz um percurso histórico sobre o surgimento do mito do amor materno e como ele foi difundido no Brasil, tendo por objetivo contextualizar a mulher-mãe fruto do seu meio social e como o seu novo papel tem ação direta sobre os demais membros da família, consequentemente, na sociedade. O segundo esclarece que o gênero conto foi escolhido por permitir uma visualização mais ampla das diversas maneiras em que a mulher é representada no seu papel de mãe. O terceiro e quarto capítulos se detêm nas análises dos contos de algumas autoras como Lya Luft, Sonia Coutinho, Cecília Prada, Ivana Arruda Leite, Lucia Castelo Branco, Tania Jamardo Faillace, entre outras. Foram encontrados mais de sessenta contos que tratam essa temática, dentre os quais foram selecionados aqueles que representam os vários papéis de mãe na relação com seus filhos: a mãe cruel, a controladora, a moralista, a ausente. Muito comum é a mulher-mãe que deixou para trás seus filhos, maridos, enfim, sua posição do lar, para garantir sua posição no espaço público, sendo, na sua grande maioria, contraventoras, mulheres que declaram não estarem felizes na sua condição maternal, mães que não colocam seus filhos acima de tudo. São mães infelizes, alcoólatras, desiludidas com suas relações amorosas; são filhos e filhas que sofrem com o comportamento de suas mães. São comportamentos maternais que evidenciam a falência do mito do amor materno e, ao mesmo tempo, creditam à ausência da mãe mitificada – a abdicada totalmente em prol de seus filhos – a falência não só da família, com também a do ser humano.

LITERATURA AFROCÊNTRICA; POR UMA ESCRITA AFRODESCENTE EM CABO VERDE

Dejair Dionísio (Doutorando)

Professor Doutor Sérgio Paulo Adolfo (Orientador) 3º Semestre. Previsão para defesa: 1/ 2013

Pelo presente estudo pretendemos verificar se a literatura caboverdiana, que ronda o período compreendido entre os anos 1953 a 1973, teve alguma preocupação em dar voz ao seu contributo africano, no sentido de observar como a luta libertária do sistema colonialista advindo de Portugal e que subjugou Cabo Verde até 1975, apareceria nas escritas de autores ilhéus. Cotejaremos a história da dominação colonialista, em que Salazar utilizou os escritos de Gilberto Freyre para justificar um bem-sucedido caso de

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mestiçagem no Brasil e de cordialidade que, em Cabo Verde, será traduzido na super cordialidade: a Morabeza, e que será copiado por um grupo de literatos (as), mas sem antes observar o que cerca as suas produções, o seu olhar sobre o colonialismo e outros autores (as) escritores (as) que atuaram ao mesmo tempo, ou no tempo em que decorre o nascimento oficial do Partido Africano para a Libertação da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, onde a atuação de Amílcar Cabral foi fundamental. Será verificado, também, se o poeta, para além do ativista, teve ou não esse olhar voltado para o afrocentrismo. O SEGREDO DA MORTA E A FORMAÇÃO DO ROMANCE ANGOLANO: UM

NOVO PROJETO ESTÉTICO LITERÁRIO

Silvana Rodrigues Quintilhano (Doutoranda) Professor Doutor Sergio Paulo Adolfo (Orientador)

3º semestre. Previsão para defesa: 2/2014 No final do século XVIII, inicia-se a problematização acerca da autocertificação da modernidade. A racionalização cultural e social ocidental dissolve as formas de vida tradicionais, desconecta-se da coletividade, configurando-se os tempos modernos e o reconhecimento da liberdade subjetiva dos indivíduos. O Ocidente impõe o colonialismo, promovendo uma desarticulação nas sociedades africanas. Como reação à vertiginosa transformação do mundo moderno e à destruição dos velhos padrões sociais, os colonizadores apropriaram-se do trabalho ideológico de “invenção da tradição” com o objetivo de promover uma continuidade entre o passado e o presente da sociedade. Esse recurso prestou-se à instauração de uma ordem necessária à própria dominação, subvertendo e substituindo as velhas instituições pela instituição da metrópole. Sob esse prisma, esta tese tem como objetivo analisar, a partir da representação estética de O segredo da morta (1979), de Antonio de Assis Junior, a implantação da modernidade colonialista em Angola, bem como a consequente desarticulação das práticas sociais tradicionais e o processo de transculturação; que nos possibilita compreender essa narrativa como uma proposta implícita de uma nova experiência estética, apropriando-se do gênero romance, para denunciar o impacto da colonização na sociedade angolana. RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE NO OLHAR PÓS-COLONIAL EM, O OUTRO

PÉ DA SEREIA, DE MIA COUTO

Silvio Ruiz Paradiso (Doutorando) Professor Doutor Sérgio Paulo Adolfo (Orientador)

3º semestre. Previsão para defesa: 2/2012

A religião é criada e mantida por símbolos que o ser humano usa, mas por serem diferentes entre si, seus mundos sagrados também o são. Logo, a religião no contexto pós-colonial colabora para sustentar a ambivalência da colonização entre o grupo dos colonizadores e dos colonizados e, respectivamente, suas divindades (brancas e negras). É nessa ambivalência que o romance O outro pé da Sereia (2006), do moçambicano Mia Couto, descortina-se como um reflexo da multicultura colonial e as manifestações sincréticas nas quais a religião se revela em uma sociedade híbrida, como são as colônias. Por meio de análises dos diálogos culturais, revelar-se-á conceitos pós-coloniais como alteridade, objetificação, resistência, demonização do nativo, mímica,

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ab-rogação e apropriação entre outros, a partir de uma perspectiva religiosa, mas com visão sócio-politica. Os portugueses representados pelo jesuíta D. Gonçalo da Silveira revelam a cultura hegemônica europeia, impondo o cristianismo aos povos africanos, protagonizados pela jovem Mwadia. Nesse ínterim, a imagem de Nossa Senhora torna-se a personagem mais híbrida e contundente do romance, pois ela é o reflexo do catolicismo opressor e do idealismo português, é Kianda, a deusa do mar banto, que dá esperança ao seu povo oprimido e Nzuzu, a rainha das águas de Moçambique. Esse embate teológico acontece num contexto propício para o choque cultural, isto é, o processo de colonialismo. A religiosidade será analisada dentro de um processo específico pela perspectiva da teoria pós-colonial, objetivando elevar o conceito ‘religião’ dentro dos estudos pós-coloniais, como um conceito político a ser analisado. Assim, diante desse panorama, os diálogos culturais subversivos e libertadores que ocorrem são investigados, permitindo evidenciar a importância da fé nesses espaços, a tentativa de resgate de suas tradições culturais e, ao mesmo tempo, a manutenção de sua dignidade enquanto sujeito produtor de cultura. AS FOTONOVELAS: PRÁTICAS DE LEITURA E VALIDAÇÃO DE OBJETOS

CULTURAIS

Mariely Grigoletto Tessaroli (Mestranda) Professor Doutor André Luiz Joanilho (Orientador)

3º Semestre. Previsão de defesa: 1/2012 As fotonovelas figuram nos estudos literários como objetos culturais da produção em larga escala. As críticas sobre os artefatos da cultura de massa são baseadas na tradição da Escola de Frankfurt de desvincular o julgamento das manifestações sociais dos efeitos mecânicos do campo econômico, i.é: de separação da cultura entre o mundo espiritual dos valores substantivos, Kultur, e o universo material onde predominam os valores da produtividade e do lucro, Zivilization, em que a arte se dá nas manifestações socio-culturais que alçam a existência além das determinações materiais. Para serem incluídas na classe dos produtos de massa, são levados em conta os elementos externos ao texto como a produção em larga escala que não se acorda às expressões do quadro literário nacional e as tramas repetitivas, onde os conflitos sociais são reduzidos a problemas individuais e culminam nos happy-ends de personagens planas. As produções das mídias de massa passam nessa tradição por uma não análise. Nosso objetivo é compreender os mecanismos, através dos quais, algo é considerado como culturalmente válido dado que, na própria compreensão da cultura como prática social, observamos a distinção entre a cultura erudita e a cultura média e esta é definida objetivamente em razão da superioridade dos produtos da cultura erudita. Roger Chartier apresenta um conceito de cultura em que essa constituição dos campos culturais deu-se a partir de regras externas a esses campos e Michel de Certeau define o consumo como ato de aceitação ou não dos objetos impostos em oposição à dita passividade do grande público. O consumo sempre ocorre a partir das práticas de apropriação que variam conforme as posições sociais, as experiências de vida e a educação dos diferentes consumidores.

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O QUE IMPORTA QUEM FALA: A DENSIDADE AUTORAL DE CAIO FERNANDO ABREU JUNTO AO CIBERESPAÇO

Luciane dos Santos (Doutoranda)

Professor Doutor André Luiz Joanilho (Orientador) 3º Semestre. Previsão para defesa: 2/2013

A partir da ideia de Chartier (2002), em que um texto nunca é o mesmo, se mudam os dispositivos de sua comunicação; pensemos nos literários. Esses estão expostos com generosa disseminação nos meios relacionados ao do ciberespaço, o que leva a constante apropriação de textos de autores de literatura, acontecendo, muitas vezes, a distorção e/ou perda da autêntica função do autor, quando concentrados, em meios eletrônicos. No caso desta pesquisa, ela parte principalmente das leituras de hipertextos de Caio Fernando Abreu, A morte do Autor (1968), de Roland Barthes e O que é um autor? (1969), de Michel Foucault. Assim, o objetivo do presente trabalho é questionar e investigar a verdadeira função dos textos de Caio Fernando Abreu, a partir de sua divulgação feita em alguns espaços dos meios de comunicação eletrônica, como o da internet. Outros referenciais teóricos utilizados foram Palavras e as Coisas (1966), e a coleção Ditos e Escritos, publicada em seis volumes entre 1994 e 2001, ambos de Michel Foucault e que apresentam pistas de suas infindáveis leituras de literatura. A partir de leituras literárias, principalmente de escritores franceses surrealistas como Blanchot, Bataille, Roussel e Artaud é que Foucault publica O que é o autor? (1969) e questiona a função do autor no mundo contemporâneo. Destarte, o trabalho tem a intenção de investigar a densidade da identidade autoral de textos literários em meio ao universo da cibercultura e contribuir a futuras pesquisas relacionadas à literatura, autoria e ciberespaço.

A PRODUÇÃO POÉTICA DE MARAGATO: OS DESAFIOS CONCEITUAIS EM UMA PESQUISA DE CAMPO

Felipe Grüne Ewald (Doutorando)

Professor Doutor Frederico A. G. Fernandes (Orientador) 5º semestre. Previsão para defesa: 1/2013

A pesquisa parte da experiência de convívio em campo com moradores da Restinga, bairro periférico de Porto Alegre. Assim, o esforço se dá na direção de pensar as concepções locais do que aqui chamarei de produção poética. O estudo das ações cotidianas de sujeitos inseridos em culturas periféricas traz reflexões que provocam a desnaturalização dos sentidos de poesia, de forma a colaborar na sua melhor compreensão e nos ensinar sobre nossa própria cultura. Tentando dar conta da amplitude e heterogeneidade do campo, destaco três situações significativas com as quais travei conhecimento e que nos levam a pontos-chave para refletir sobre poesia. O primeiro diz respeito ao que chamarei literatura stricto sensu, apontada pela produção escrita de dois sujeitos e que mais francamente se aproxima da configuração objetiva que nós, na Universidade, reconhecemos como poética. A segunda situação é a forma como outro sujeito lida com a poesia, que é fortemente ancorada com a prática e a busca da relação intersubjetiva. Aqui o ponto-chave é o que nomearei de cotidiano do encantamento. A terceira situação concerne à produção de Maragato – que receberá um enfoque mais detido, na qual se apresenta mais claramente uma etnografia reversa e

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também o que nomearei por processualidade. Ao objetificar nossa cultura, apropriando-se dela, Maragato inventa sua cultura (periférica) e nos mostra os mecanismos de funcionamento da dominante, descreve-os para nós e oferece um maior conhecimento de ambas. Ao invés de me ancorar em preceitos distantes e pré-concebidos, aceito a complexidade provocativa da experiência de campo e procedo à delimitação de um conceito operativo. A partir dos usos práticos e reflexões teóricas, e amparado no entrelaçamento dos pontos-chave, concebo o que nomeio de poética da relação, modelagem instigante não apenas para pensar os casos específicos da Restinga, mas também as noções consagradas na academia.

ADAPTAÇÕES DE TEXTOS POÉTICOS ORAIS PARA A TELEDRAMATURGIA: CONFABULAÇÕES EM HOJE É DIA DE MARIA

Ana Claudia Freitas Pantoja (Doutoranda)

Professor Doutor Frederico A. G. Fernandes (Orientador) 3º semestre. Previsão para defesa: 2/2014

“Deliberadamente fake. Comovedoramente falsa”. Com essas palavras, Luiz Zanin Oricchio descreve a atmosfera fabular, com pitadas de commedia dell'arte, que conquistou público e crítica no início de 2005, quando foi exibida a microssérie Hoje é dia de Maria, carro-chefe das comemorações de 40 anos da Rede Globo. Inspirada nos contos populares compilados por Câmara Cascudo e Sílvio Romero, a atração apostou na artificialidade explícita para adentrar o universo maravilhoso da cultura popular e da infância, apesar de não possuir o público infantil como alvo de endereçamento. O roteiro ficou sob a pena de Luís Alberto de Abreu e Luiz Fernando Carvalho, com direção geral do segundo. Na tese em curso, pretende-se verificar como se dá a apropriação de um esquema narrativo preexistente no circuito oral por agentes midiáticos, utilizando-se conceitos discutidos por Paul Zumthor, Jean-Noël Pelen e Eric Havelock, associando-os a reflexões de teóricos da comunicação de massa como Edgar Morin, Jesús Martín-Barbero e Anna Maria Balogh, tendo a tese, portanto, caráter interdisciplinar. Ao debater ideias e conceitos de mesmo lastro, como as concepções de intermidialidade e transcriação, a pesquisa se dedica a fenômenos de convergência interartes, com ênfase em produtos ficcionais, orais e teledramatúrgicos. Importante destacar que a análise tem como foco a transição das narrativas orais do âmbito da folkcomunicação para a cultcomunicação, em outras palavras, quando o exercício da reinterpretação do clássico pelos meios de expressão não canônicos – folkcomunicação – é substituído pelo seu reverso, ou seja, a apropriação do marginal pelos agentes eruditos – cultcomunicação (MELLO, SOUZA, 2006). HILLÉ, A SENHORA A: A DERRELIÇÃO DO SUJEITO EM A OBSCENA SENHORA D.

Cleia da Rocha Sumiya (Mestranda) Professor Doutor Volnei Edson dos Santos (Orientador)

3º semestre. Previsão para defesa: 1/2012

Nossa pesquisa tem como objeto a obra A obscena Senhora D, de Hilda Hilst, que será analisada em relação à obra de Heidegger, Aristóteles e Camus. Tentamos apontar, por

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meio da obra destes autores, como a crise de autorepresentação do sujeito resulta num processo de vivência absurda que, partindo do indivíduo, contamina as demais categorias de apreensão do mundo deste sujeito. Em sua história, o homem sempre possuiu uma caracterização de si, como um ser em cujo interior haveria uma essência representativa da própria condição humana. No momento que esse modo de percepção é alterado, sua própria representatividade entra em crise. Assim enfocaremos como este sujeito, ao não conseguir mais uma representação que o diferencie das demais categorias de objeto do mundo, desestrutura sua relação com o outro, com Deus e com a linguagem. As inferências à obra de Aristóteles e Heidegger nos ajudam a entender o modo de autorepresentação do sujeito e posteriormente sua crise. A obra de Camus, por sua vez, nos ajuda a compreender a vivência absurda deste sujeito divorciado do mundo e impossibilitado de alcançar a transcendência. Nesse sentido, a personagem Hillé, cuja própria composição enquanto representação do sujeito está em crise, pode ser compreendida por meio das referências a obra dos autores supracitados.

CRIAÇÃO DE MATERIAL PARA ENSINO DE LITERATURA: UMA EXPERIÊNCIA NO CIBERESPAÇO

Marcelo José da Silva (Doutorando)

Professora Doutora Regina Helena M. A. Côrrea (Orientadora) 7º semestre. Previsão para defesa: 1/2012

A tecnologia sempre esteve a serviço da educação. Inicialmente sua utilização é revelada nas práticas sociais e aos poucos se observa sua migração para as práticas pedagógicas. Tal mudança não ocorre sem sobressaltos. É comum presenciarmos conversas entre professores seduzidos pelas novas tecnologias e suas possibilidades não obstante a pouca ou nenhuma familiarização com esses novos recursos. Outra visão recorrente é repercutir o senso comum de que a internet é um “paraíso perigoso”. Considerando a grande disponibilidade do computador com acesso à internet nas residências, lans houses, e nas escolas através de programas governamentais como o ProInfo, no âmbito nacional, e o Paraná Digital, em âmbito estadual, buscamos verificar se, e de que modo, os recursos tecnológicos são utilizados na prática docente. Como hipóteses centrais do trabalho temos que o acesso a uma infra-estrutura técnica na escola propiciada pelo esforço governamental concorra para a inclusão digital de alunos e professores; e a apropriação pelos professores de práticas sociais que ocorrem fora dos muros escolares podem contribuir sobremaneira para um melhor trabalho com a literatura. Após a não adesão por parte dos professores ao curso proposto desenvolvemos várias atividades utilizando as TICs com alunos do 4º ano de Letras, portanto, professores em formação. Com o auxílio de ferramentas inicialmente indicadas pelo professor, os alunos criaram vídeos e podcasts, utilizaram webquests, softwares para criação de material e sítios para criação de material online. Durante todo o processo foi possível perceber o aumento no interesse dos alunos pelos conteúdos trabalhados em sala de aula, o desenvolvimento da autonomia em relação à pesquisa e à utilização das TICs. Os depoimentos colhidos apontam para a eficácia da metodologia utilizada, já que, segundo os participantes, além do conteúdo da disciplina eles aprenderam a colaborar, criar e compartilhar. Competências e habilidades necessárias ao professor do século XXI.

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DE NORTE A SUL, QUADROS E COSTUMES HISTÓRICOS DO BRASIL – O OLHAR DE MARQUES REBELO

Claudia Vanessa Bergamini (Mestrado) Professora Doutora Regina Célia dos Santos Alves (Orientadora)

3º Semestre. Previsão para defesa: 1/2012 O nome de Marques Rebelo se destaca entre os nomes de autores do Rio de Janeiro e do Brasil durante os anos de 1930 e, ainda que ele não seja citado com o cuidado que merece nas obras que se referem ao cânone literário brasileiro de sua época, o contato com seus textos permite observar a qualidade de seu trabalho. Seu olhar capta as cidades como lugares em que circulam diferentes tipos sociais. Cada qual com seus valores, sua cultura, seus costumes. Nessas construções, que são formadas por pessoas, cada um apreende os lugares a partir de sua percepção. E é a percepção de Marques Rebelo sobre as cidades que se busca analisar neste estudo. Tomando como referência as crônicas publicadas em forma de Suítes em Cenas da Vida Brasileira, observa-se que o autor descreve as imagens citadinas, a revelar um processo entre o observador e o ambiente, ou seja, descreve o que sente e o que capta sobre as cidades, em especial. A divisão do livro em suítes remete à ideia de composição do mesmo tom, a qual se confirma pela temática das crônicas, ou seja, as cidades e as pessoas da totalidade do Brasil, a revelar a busca do autor em construir um panorama da identidade cultural de cada região narrada. O estilo de Marques Rebelo, que se configura com uma ironia leve e um olhar cético e crítico para as cidades e seus habitantes, será destacado na análise, a enfatizar as qualidades estéticas desse autor que, por ter caído num meio esquecimento, precisa ter sua obra visitada e ser percebida com as marcas da singularidade que merece.

QUERER MAIS ALGUMA COISA: RECURSOS METATEATRAIS EM O HOMEM E A MANCHA, DE CAIO FERNANDO ABREU

Ricardo Augusto de Lima (Mestrando)

Professora Doutora Sonia A. V. Pascolati (Orientador) 2º semestre. Previsão para defesa: 2/2012

O principal objetivo deste estudo é verificar como o metateatro ocorre na peça O homem e a mancha, de Caio Fernando Abreu (1948-1996) em diálogo com outros textos dramáticos do autor. O intuito é demonstrar como se dá a intertextualidade e os recursos metateatrais presentes na obra dramática caiofernandiana, como a quebra de ilusão, as reflexões acerca do fazer teatro e o próprio intertexto, uma vez que o mesmo promove um pensamento sobre o drama. Pretende-se demonstrar como o resgate de uma tradição evoca reflexões dramático-literárias que questionam a arte, o teatro, a poesia, o amor, a morte, a doença e a situação do homem no fim do século XX, a partir do Dom Quixote de Miguel de Cervantes. Caio Fernando Abreu cria um Quixote moderno a partir do mito quixotesco somado à situação do homem observado no período pós-ditadura. Para isso, servir-nos-emos das contribuições teóricas de Peter Szondi, Lionel Abel, Julia Kristeva, Laurent Jenny, Gerárd Genette, Harold Bloom e Antoine Compagnon, além dos conceitos bakhtinianos de dialogismo e polifonia. Na parte final do trabalho, analisaremos se a autoficção presente na obra do autor, em particular na dramaturgia, promove uma quebra de ilusão, tornando-se, também, recurso metateatral. Para tanto, o

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espaço autobiográfico de Philippe Lejeune, posteriormente chamado de autoficção por Serge Doubrovsky, nos servirá de ponto de partida para essa reflexão.

ESPETÁCULO DE MÚSICA TEATRALIZADO: CONTRIBUIÇÕES DE MARIA BETHÂNIA PARA A FUNDAMENTAÇÃO DE UM SUBGÊNERO

DRAMÁTICO

Renato Forin Junior (Mestrando) Professora Doutora Sonia A. V. Pascolati (Orientadora)

3º semestre. Previsão para defesa: 1/2013 Ao longo de sua carreira, a intérprete Maria Bethânia protagoniza espetáculos cujos roteiros são pensados a partir da organização intertextual de poemas, prosas poéticas e canções. Estes textos são fragmentados, editados e reorganizados para a composição de uma dramaturgia integral. Sempre concebidas por diretores teatrais, as montagens compõem-se de um elaborado sistema de signos em que a palavra (cantada ou recitada) dialoga com a música, a cenografia, o figurino, a iluminação e a interpretação – o que exige uma leitura abrangente por parte do espectador. O resultado é uma obra polissêmica, de caráter autoral e que encontra na performance a plenitude de sua realização poética. A pesquisa em curso busca delimitar as características desse tipo de espetáculo – e de sua escritura – com base em dois shows de Maria Bethânia: A Cena Muda (1974) e Pássaro da Manhã (1977), ambos dirigidos por Fauzi Arap. Essas montagens representaram importantes instrumentos de resistência em diferentes momentos da ditadura; o primeiro, num período de recrudescimento militar e o segundo, no prenúncio da anistia. Partindo da análise do corpus, a intenção é conceituar e sistematizar o chamado “espetáculo de música teatralizado” como um subgênero do musical e destacar o papel de Maria Bethânia na sua fundamentação. O trabalho investiga ainda as origens dessa modalidade de show não só a partir da pujança da canção popular – resultado da tradição oral brasileira –, mas também pela relação indissociável entre música e drama em solo nacional, sobretudo em momentos como os do Teatro de Revista e dos musicais políticos da década de 1960.

NELSON RODRIGUES NO CONTEXTO DA CONSOLIDAÇÃO DO DRAMA MODERNO NO BRASIL

Marina Stuchi (Mestranda)

Professora Doutora Sonia A. V. Pascolati (Orientadora) 3º semestre. Previsão para defesa: 2/2012

Este estudo tem como objetivo principal identificar elementos do drama moderno nas peças A falecida (1953) e Boca de ouro (1959) de Nelson Rodrigues. Para tanto, se faz necessário conceituar e contextualizar o termo drama moderno a partir das discussões de teóricos como Peter Szondi e Eric Bentley. Essa conceituação é importante no sentido de verificar como o drama moderno se desenvolve no Brasil e que autores podem ser classificados como modernos. Porém, encontra-se como obstáculo justamente a falta de uma teoria literária apropriada para o estudo do gênero dramático no Brasil, pois a dramaturgia brasileira ainda não foi satisfatoriamente estudada apenas como texto literário, uma vez que é comum a associação entre dramaturgia e encenação, não

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diferenciando os termos, usando indiscriminadamente conceitos como drama e teatro. Toda a discussão do trabalho desdobra-se no sentido de verificar que elementos podem ser apontados como pertencentes ao drama moderno nos textos dramáticos das décadas de 1950 e 1960, mapeando os textos modernos da dramaturgia brasileira e suas principais características. Porém, existe a necessidade do diálogo com as propostas de renovação cênica, pois as rubricas dos textos apontam também nessa direção. Essa discussão se desdobra no sentido de poder comparar os principais autores desse período com Nelson Rodrigues, por consideramos esse autor uma figura ímpar no teatro brasileiro, pois nas décadas de 1950 e 1960 os principais dramaturgos do país aderem ao tratamento de temas políticos, aos quais Nelson Rodrigues não se reúne. Interessa-nos, portanto, compreender quais são os elementos que tornam esse autor moderno, se é que, segundo as teorias disponíveis sobre o drama moderno, ele pode ser classificado como tal.

AMORES E INTIMIDADES NA MPB

Mirele Carolina Werneque Jacomel (Doutoranda) Professor Doutor Luiz Carlos Santos Simon (Orientador)

7º semestre. Previsão para defesa: 1/2012 Olhos apressados não retêm as pequenas coisas do mundo. Contemplar, e, por que não, investigar as experiências do cotidiano, os detalhes da cidade, da vida noturna, enfim, são tarefas dos compositores brasileiros, pois o material por eles produzido representa um espaço lírico, onde são reveladas diferentes formas de se compreender a vida social. Assim, podemos observar, nas canções, aspectos do público e do privado, ao lado de temas abstraídos das nossas emoções. Nesse sentido, as intimidades e expressões do amor também representam marcas da realidade em grande parte das canções, sobretudo as produzidas no contexto do século XX. Mas, se o contexto de produção da canção brasileira parece resvalar na íntima relação que possui com a poesia, no que se refere aos gêneros não é diferente. O processo por meio do qual surgem as composições e os versos literários tem início numa mesma unidade, que se ramifica a partir da intenção de cada texto. Quer dizer, a composição nasce de uma melodia, ou atende ao apelo de um gosto musical, sendo assim, produto de uma experiência social, estética e discursiva. Para esta pesquisa propusemos o estudo de composições que apresentam em sua temática algumas cenas da intimidade e da vida amorosa na sociedade moderna brasileira, verificando como elas são representadas em composições de Dolores Duran, Joyce Moreno e Alice Ruiz. Com essa finalidade, traçamos um estudo acerca dos caminhos que a canção percorreu, especificamente as de autoria feminina, tentando, desse modo, traçar perfis para composições de punho feminino no século XX. Discutimos também o gênero, no sentido de desnudar seus elementos componentes, assimilando-o aos elementos da poesia moderna. Assim, buscamos perfazer caminhos que levassem à compreensão de que a canção apenas assemelha-se à poesia, mas seu gênero está assegurado em sua forma particular de emergir das ideias do compositor.

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AS MÚLTIPLAS FORMAS FICCIONAIS NO CIBERESPAÇO: AS RELAÇÕES ENTRE AUTOR, TEXTO E LEITOR

Samuel Ronobo Soares (Doutorando)

Professor Doutor André Luiz Joanilho (Orientador) 3º semestre. Previsão para defesa: 2/2014

O Ciberespaço e o desenvolvimento das novas tecnologias têm proporcionado o surgimento de variadas formas de textos: ficcionais/midiáticas, as quais estão disponíveis para as práticas de leitura e de escrita em diversos suportes. Tais práticas de escrita ficcionais, ainda que sejam reconhecidas apenas por um público específico, não são estudadas ou pesquisadas, ficando à margem dos estudos literários. A partir do surgimento dessas formas e de novas mídias que se utilizam de sons, imagens e movimentos, as práticas de ensino de literatura também adquirem um novo papel: o de discutir as formas ficcionais como meio relevante para a promoção da leitura do texto literário. Diferentemente das produções, geralmente encontradas na materialidade impressa, os textos presentes no ambiente digital utilizam-se de outros recursos como, por exemplo, sons, movimentos e cores. Além disso, possuem técnicas de produção específicas na formatação desses textos. A partir desses pressupostos, pretende-se discutir a pertinência de algumas formas ficcionais presentes no ciberespaço como, por exemplo, fanfi e as relações dessas produções com a questão da autoria.

E no encerramento do XVIII SEDA: Dia 09/12, a partir das 18 horas, confraternização no Sr. Zanoni - Av. Higienópolis, nº

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