Cadeira operativa

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30 CREA-SP Normas Técnicas Por Osny Telles Orselli velho chavão do barato sai caro é claro que também se aplica a este produto. Porém, já vimos postos de trabalho com cadeiras muito sofisticadas, mas com muitas alavancas e acessórios totalmente desneces- sários. Neste caso, o caro sai caro. Importante se ressaltar a ergono- mia de conscientização ao se implantar um novo posto de trabalho na empre- sa, no escritório ou em casa. Isto é, pre- cisamos conscientizar o usuário da necessidade da boa postura, paradas a cada 50 minutos, ginástica de alongamento, como usar as alavancas e dispositivos de contato permanente, e sobre o risco de doenças que o mesmo pode ter, inclusive ficando inca- pacitado permanentemente. Como a Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego NR 17 é muito vaga, qualquer cadeirinha, hoje em dia, se apresenta como ergonômica. Além disso, uma cadeira ergonomica- mente boa não significa que seja con- strutivamente boa, e vice-versa. Primeiramente, deve-se exigir do fornecedor um laudo de que a mesma obedeça a três Normas da ABNT: NBR 13962, 14110 e 13960. Ela deve ter regulagem da altura do espaldar suficiente para que a região lombar das costas seja devidamente apoiada. O espaldar deve abraçar a região lombar e, portanto, deve ter no mínimo 41 cm X 26 cm. Ideal 40 cm x 35 cm. O espaldar deve proporcionar pressão positiva na lombar (o ideal é o contato permanente da lombar ou chamado permanent contact). Cuida- do com a largura do espaldar e sua curvatura. Algumas cadeiras possuem curvatura muito acentuada, que, asso- ciada ao contato permanente, não pro- porciona conforto. A altura do espaldar é uma questão de estética e de hierar- quia. Quanto mais chefe, maior o espaldar. Ergonomicamente, grandes alturas de espaldar não significam nada, é zero. Porém, devemos nos lem- brar da hierarquia para não gerar ou- tros problemas (como ele tem uma cadeira igual à minha, se eu sou o chefe?). Nas boas cadeiras, a regu- lagem da altura do espaldar já não é mais feita através das pouco elegantes, desgastantes e antiergonômicas rose- tas, que logo se desgastam: elas são móveis, com até 11 “taps” que se movem com a ponta dos dedos. A regulagem da altura do assento deve ser multiponto, com amorte- cedor e pistão (a gás ou mecânico). Prefiro a gás, que acentuam o efeito amortecedor. As espumas devem ser de poliuretano injetado, para o assento e espaldar, e devem ter garantia, com testes comprova- dos, de sua durabilidade, de com- pressão e controle da densidade ponto a ponto. Apenas a espessura da espuma e densidade, sem especi- ficar em quais pontos, não garantem este particular. O que se quer é uma força de reação ao nosso peso sobre as nossas nádegas o mais uniforme possível, a fim de se evitar tensões. Espessuras de 40 mm para o assento, desde que obedeçam às regras acima, são ideais, pois asseguram boa flexibilidade, compressão e ótimo visu- al. Devem ser injetadas na forma do assento e espaldar, em uma só peça. O assento deve ter dimensões para, no mínimo, sustentar confortavel- mente as nádegas. O ideal é 46cm X 46 cm, sendo admissível 45 cm X 45 cm. Para pessoas um pouquinho mais “fortes”, nem pensar na 45X45. É bom lembrar que se anuncia por aí cadeiras tipo “secretária” que não supor- tam uma nádega nem de modelo super- magra! Apóia braços, com ou sem regu- lagem de altura, devem, literalmente, sustentar os antebraços, com largura e comprimento confortáveis.A largura do apóia-braços deve ter, na parte maior, COMO ESPECIFICAR UMA CADEIRA OPERATIVA CADEIRA OPERATIVA O

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  • 30 CREA-SP

    Normas Tcnicas

    Por Osny Telles Orselli

    velho chavo do barato sai caro claro que tambm se aplica aeste produto. Porm, j vimos

    postos de trabalho com cadeiras muitosofisticadas, mas com muitas alavancase acessrios totalmente desneces-srios. Neste caso, o caro sai caro.

    Importante se ressaltar a ergono-mia de conscientizao ao se implantarum novo posto de trabalho na empre-sa, no escritrio ou em casa. Isto , pre-cisamos conscientizar o usurio danecessidade da boa postura, paradasa cada 50 minutos, ginstica dealongamento, como usar as alavancase dispositivos de contato permanente,e sobre o risco de doenas que omesmo pode ter, inclusive ficando inca-pacitado permanentemente.

    Como a Norma Regulamentadora doMinistrio do Trabalho e Emprego NR 17 muito vaga, qualquer cadeirinha, hojeem dia, se apresenta como ergonmica.Alm disso, uma cadeira ergonomica-mente boa no significa que seja con-strutivamente boa, e vice-versa.

    Primeiramente, deve-se exigir dofornecedor um laudo de que a mesmaobedea a trs Normas da ABNT:NBR 13962, 14110 e 13960.

    Ela deve ter regulagem da altura do

    espaldar suficiente para que a regiolombar das costas seja devidamenteapoiada. O espaldar deve abraar aregio lombar e, portanto, deve ter nomnimo 41 cm X 26 cm. Ideal 40 cm x35 cm. O espaldar deve proporcionarpresso positiva na lombar (o ideal ocontato permanente da lombar ouchamado permanent contact). Cuida-do com a largura do espaldar e suacurvatura. Algumas cadeiras possuemcurvatura muito acentuada, que, asso-ciada ao contato permanente, no pro-porciona conforto. A altura do espaldar uma questo de esttica e de hierar-quia. Quanto mais chefe, maior oespaldar. Ergonomicamente, grandesalturas de espaldar no significamnada, zero. Porm, devemos nos lem-brar da hierarquia para no gerar ou-tros problemas (como ele tem umacadeira igual minha, se eu sou ochefe?). Nas boas cadeiras, a regu-lagem da altura do espaldar j no mais feita atravs das pouco elegantes,desgastantes e antiergonmicas rose-tas, que logo se desgastam: elas somveis, com at 11 taps que semovem com a ponta dos dedos.

    A regulagem da altura do assentodeve ser multiponto, com amorte-cedor e pisto (a gs ou mecnico).

    Prefiro a gs, que acentuam o

    efeito amortecedor. As espumasdevem ser de poliuretano injetado,para o assento e espaldar, e devemter garantia, com testes comprova-dos, de sua durabilidade, de com-presso e controle da densidadeponto a ponto. Apenas a espessurada espuma e densidade, sem especi-ficar em quais pontos, no garantemeste particular. O que se quer umafora de reao ao nosso peso sobreas nossas ndegas o mais uniformepossvel, a fim de se evitar tenses.Espessuras de 40 mm para o assento,desde que obedeam s regrasacima, so ideais, pois asseguram boaflexibilidade, compresso e timo visu-al. Devem ser injetadas na forma doassento e espaldar, em uma s pea.

    O assento deve ter dimensespara, no mnimo, sustentar confortavel-mente as ndegas. O ideal 46cm X46 cm, sendo admissvel 45 cm X 45cm. Para pessoas um pouquinho maisfortes, nem pensar na 45X45.

    bom lembrar que se anuncia por acadeiras tipo secretria que no supor-tam uma ndega nem de modelo super-magra! Apia braos, com ou sem regu-lagem de altura, devem, literalmente,sustentar os antebraos, com largura ecomprimento confortveis.A largura doapia-braos deve ter, na parte maior,

    COMO ESPECIFICAR UMA

    CADEIRA OPERATIVA CADEIRA OPERATIVA O

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    Normas Tcnicas

    no mnimo 80 mm, para cadeiras opera-tivas e comprimento ideal de 250 mm.Atentar para a largura entre os apia-braos: para os mais fortes, regulagemda largura dos apia-braos, a fim deque os cotovelos e ante braos nofiquem fora da rea de apoio (parecebvio, mas a maioria dos apia-braosno apia os antebraos).

    Em se tratando de cadeiras indus-triais, necessrio verificar quantasopes de altura do assento emrelao ao piso podem ser combi-nadas, a fim de atender o estudoergonmico que precede, pois ocurso do pisto, normalmente, de100 mm, apenas. Biotipo, medidasantropomtricas e estudo do postocomo sua altura deve ser levado emconta ao especificar a altura doassento em relao ao solo.

    Ao se falar em alturas do assento,estamos nos referindo a cadeiras depostos industriais.

    No esquecer do apoio ou des-canso para os ps, cuja altura deveser proporcional ao tamanho dousurio. Os aros das cadeiras tipocaixa so antiergonmicos, pois nodeixam os ps plantados, deixam osps para trs (o que proporciona umatendncia das costas carem para afrente), alm de dificultar a circulaopela compresso das coxas.

    Atentar para o revestimento. Hcadeiras no mercado cujo assento eespaldar so totalmente injetadas emPoliuretano (PU) Integral Skin, que nomais necessitam de tecidos sintticosou madeira. O PU resiste a agentes fsi-cos e qumicos, so ventilados e tembons perfis anatmicos e sepultam osantiecolgicos e frgeis assentos demadeira compensada. Quando em teci-do, o normal 100 % polister ou 100 %l (que, ao contrrio que possa seentender, no aquece). Ainda temos osrevestimentos em PVC (Kourvin, Courinoetc). Todos devem ser cuidadosamenteverificados, pois h 100 % polister comuma trama larga que logo se esgara. Amais fina dura mais. PVC no significanada, pois necessrio precisar aespessura (no mnimo 1,5 mm) e suaprocedncia. As costuras devem serevitadas, pois acumulam poeira, e sopontos de rpido desgaste.

    Devese evitar que o revestimentoseja fixado sua estrutura por gram-pos, que se oxidam rapidamente eque precisam de perfis de PVCflexveis para escond-los. Estes sepolimerizam e racham facilmente.

    Aquelas cadeiras, mesmo muitobonitas, que comeam a balanar oassento e/ou espaldar, no utilizammaterial (ao) compatvel com o pro-duto (espessura), e normalmente pos-suem mancais de apoio com buchassubdimensionadas em quantidade equalidade.

    As bases devem ser injetadasnuma pea s, pois aquelas com osbracinhos soldados logo se quebram,pela fadiga da solda, ou ficam man-quitolando, com o desgaste de pelomenos uma solda. Hoje em dia pode-se ter bases injetadas em uma spea, em nylon com fibra de vidro,que pode ou no receber reforo deao, quando se tratar de serviosuperpesado.

    H dois tipos bsicos de rodzios:carpete e piso abrasivo ou duro. necessrio especificar. Devem ser deNylon, dimetro mnimo 50 mm, du-plos, largura de no mnimo 60 mm.

    Notar que a cadeira deve suportarno mnimo 1.000 kg.

    J h cadeiras nacionais anti-estticas no mercado, mas necessrio pedir o laudo correspon-dente, pois as exigncias de resistivi-dade variam muito. Todos os rodziosdevem ser antiestticos, por motivode segurana. Quem trabalha comcomponentes eletrnicos precisa decadeiras antiestticas.

    No se usa mais cetim e/oumadeira com couro sinttico para daro acabamento embaixo do assento eatrs do encosto, nem os feios efrgeis parafusos. Usa-se polipropi-leno injetado em uma s pea. Porm, indispensvel especificar que osmesmos sejam tratados contra raiosUV, pois do contrrio, se ressecam eracham rapidamente.

    A garantia deve ser de cinco anos.Quem garante mais de cinco anos,desconfie. H fornecedores que garan-tem os pistes a gs por 15 anos oupela vida da cadeira, importados. Quemd a garantia a fbrica do pisto.

    Finalmente, quando especificarcadeiras com pranchetas, pense empreveno: brigue que elas sejamantipnico! Nunca se sabe!

    Cabe ao Setor de SadeOcupacional, ao Setor de Segu-rana do Trabalho, ao Setor de RH,dependendo da estrutura organiza-cional da empresa, especificar tec-nicamente os produtos que poderoafetar, em muito, a sade do traba-lhador e o bolso do acionista ou daentidade. S testar, achar bonita emandar para o Departamento deCompras escolher, no basta.Compras ter sempre a obrigaode comprar o mais econmico, comraras excees, caso no tenhamespecificaes claras e precisas,pois essa a funo deles.

    bom lembrar que a maioria dosconselhos acima vale para cadeiraspara treinamento, escolas, salas deespera, cadeiras fixas tipo longari-nas de consultrios, auditrios epara hotis, hospitais e clnicas.

    Agindo assim, estamos con-tribuindo para a sade do usurio,diminuindo dores nas costas, ensi-nando bons hbitos e zelando pelonosso bolso ou de nossos patres. Eno esqueam de treinar os traba-lhadores com uma boa dose deergonomia de conscientizao, as-sim que as novas cadeiras sejamimplantadas.

    Osny Telles Orselli engenheiro mecnico e de segurana do trabalho - Creasp n 0600229120 [email protected]