"Caça aos cafés que alugam quartos insalubres", no jornal CONTACTO.

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10 DE MARÇO DE 2010\5 luxemburgo actual idade

■ 1.116 roubos em 2009

A polícia Grã-Ducal registou 1.116roubos nos estabelecimentos comer-ciais do Luxemburgo.

Os dados dizem respeito aos furtosefectuados nas prateleiras dos esta-belecimentos comerciais, sobretudodas estações de serviço, dos grandescentros comerciais, das lojas devenda de produtos electrónicos e dospronto-a-vestir.

Se até há alguns anos os rouboseram efectuados de forma individual,a polícia garante que agora os furtossão efectuados por bandos organiza-dos que têm por alvo as bebidasalcoólicas, as lâminas de barbear,material electrónico e bijuteria.

Este tipo de furto está sujeito auma pena de prisão efectiva quepode ir até aos cinco anos e a multasque variam entre os 251 e os cincomil euros.

Foto: Maurice Fick

■ P&R do Sul da capital vai ter133 novos lugares

Desde quarta-feira, o P&R Lu-xembourg-Suddispõe de 133novos lugaresde estaciona-mento.

Situado en-tre a Cloched'Or e o bairro de Howald, o parquede estacionamento passa ter um totalde 746 lugares.

Com este alargamento, a cidadedo Luxemburgo pretende responderàs necessidades dos automobilistasque diariamente recorrem aos P&R,assim como à rede de autocarros dacapital para irem para o emprego.

O P&R do Sul da cidade do Lu-xemburgo está ligado ao resto dacapital através da linha de autocarron°22 todos os oito minutos.

■ Festival do Móvelaté 14 de Março

A edição deste ano do já tradicionalFestival do Móvel prolonga-se até aopróximo dia 14 de Março.

Durante esta semana, os potenci-ais interessados em comprar mobiliá-rio podem aproveitar as condiçõesmais vantajosas apresentadas peloscomerciantes nesta altura do ano.

No total, são 35 lojas que aderiramao Festival, e a organização garanteque os lojistas vão aproveitar paraapresentarem as novidades no sector,com modelos exclusivos dos maioresfabricantes europeus. Algumas peçasjá passaram por feiras internacionais,como a de Bruxelas, Frankfurt, Coló-nia, Paris e Milão.

No próximo domingo, as lojas vãoestar abertas entre as 14 e as 18h.

■ Automobilista alvejadono bairro da Gare

Dois homens que circulavam de auto-móvel na avenue de la Gare na capitalnão ganharam para o susto na noitede quarta para quinta-feira pelas 4hda madrugada. Um veículo estacio-nou ao lado das vítimas, tendo ocondutor do carro tentado alvejá-losantes de se pôr em fuga em direcção àzona alta da cidade do Luxemburgo.

Trata-se de um Audi A6 break decor preta cuja placa de matrícula éluxemburguesa, mas que, após verifi-cação, não está declarada.

Ninguém ficou ferido. A Políciainspeccionou o veículo dos dois ho-mens bem como as fachadas da zonaenvolvente e não encontrou nenhumrasto de impacto de balas. A Políciaadmite tratar-se de uma pistola dealarme. Entretanto, as acções levadasa cabo para apanhar o atirador tê-m-se revelado infrutíferas.

Subsídios ao consumo vão acabar

Preço da água deverá aumentar

O Parlamento luxemburguês apro-vou na semana passada uma novalei relativa ao consumo de água eque deverá entrar em vigor emJaneiro do próximo ano.

Uma medida que deverá agravarainda mais o custo do consumodoméstico. Até agora, o preço finalao consumidor não reflectia ocusto real da água, uma vez que oconsumo é subsidiado pelas co-munas.

Na capital, desde o início do anoque a comuna do Luxemburgo pas-sou a facturar directamente o con-

sumo da água. Até ao final do anopassado, a factura da água chegavaa casa dos munícipes juntamentecom a da electricidade e a do gás.Uma factura que era emitida com osímbolo da LEO.

Com a liberalização do mercadoda energia a LEO ficou apenasresponsável pela facturação doconsumo de energia, tendo passadoo consumo da água para a comunado Luxemburgo. Quem paga portransferência bancária não terá quese preocupar. Os dados já estãotodos informatizados.

No Luxemburgo

Mulheres trabalham maismas recebem menos

De 2000 a 2008, a percentagem demulheres no mercado de trabalhopassou de 50 para 55,1 %. Um nú-mero que fica abaixo da média euro-peia. Os dados foram revelados peloStatec, por ocasião da passagem doDia Internacional da Mulher, estasegunda-feira.

O fosso salarial entre homens emulheres tem diminuído, mas a ver-dade é que para trabalho igual, umamulher ganha, em média, menos15 % do que um homem. As mulhe-res também são as maiores vitimasdo desemprego. O Instituto de esta-

tísticas do Luxemburgo garanteainda que no pais há mais mulheresque homens: 102 para 100. Mas sese analisar apenas a faixa etáriade +65 anos, aí a diferença é maior:138 mulheres para cem homens. Nocaso dos jovens, o desequilíbrio éinverso. A média de idade da mulherluxemburguesa é de 40 anos; casa-seaos 32 anos e divorcia-se aos 41,4anos. Os homens divorciam-se aos44,3 anos. A esperança média de vidade uma mulher no Luxemburgo é de82,7 anos, mais 5,1 anos que no casodos homens.

Quartos nos caféspreocupam deputados

Entre a escassez de alojamentos a preço razoável e a penúria dos novos imigrantes, o negócio dos "vendedores do sono" está aí para durar Foto: Paulo Lobo

Um ano depois dos primeiros alertasna imprensa, o problema das máscondições nos quartos arrendados emcafés chegou finalmente ao Parla-mento luxemburguês.

Os deputados discutiram o assuntocom o ministro da Habitação, MarcoSchank, na semana passada. Os depu-tados querem reforçar a fiscalizaçãonos cafés e encontrar soluções para apenúria de alojamentos a baixo custo,que obriga muitos imigrantes a viverem condições insalubres.

Há um ano, o CONTACTO já davaconta do problema. Nessa altura, asautarquias de Esch e Differdangeabriram caça aos cafés que alugamquartos insalubres. Por cima dosestabelecimentos, a maioria explora-dos por portugueses, as autoridadesdescobriram condições de tirar osono. Em Differdange, havia 17 pes-soas a partilhar uma só sanita eduche, e quartos com 1,5 m dealtura. Em Esch, a autarquia temeuma tragédia.

A maioria dos cerca de mil hóspe-des nestas condições são portuguesesrecém-chegados ao Luxemburgo atrabalhar na construção: pagam entre300 a 650 euros para dormir numquarto com mais duas a quatro pes-soas, com ou sem alimentação. "É umcaso de exploração de portuguesespor portugueses", acusava na alturaRoberto Traversini, vereador para osAssuntos Sociais de Differdange.

"Eles vêm para cá e não conhecemninguém, não falam a língua, têmmedo da Polícia, e acabam a viver emcondições miseráveis".

O edil iniciou há dois anos umacampanha de fiscalização dos cafésque alugam quartos – a maioria,garante, explorados por portugueses–, e o que descobriu chocou-o.

"Havia um local com 17 pessoas euma só sanita e duche. Tinham umaságuas-furtadas com 1,5 m de alturaonde viviam duas pessoas. E não erados sítios piores, porque pelo menosera relativamente limpo", contou aoCONTACTO.

O "pior" dos 32 estabelecimentosfiscalizados pela autarquia, entre os34 cafés registados, era um antigocabeleireiro convertido em dormitó-rio pelo proprietário do café ao lado –um "corredor de 12 metros por 2,5com tabiques a cada dois metros",sem janelas. Os dez "quartos" assimformados duplicavam de capacidadecom beliches, ao preço de 350 eurospor cama. A viver entre dois tabiques,as autoridades encontraram uma grá-vida de oito meses e o companheiro,ambos portugueses.

"Fechámos imediatamente o locale encontrámos um estúdio para ocasal", conta o vereador. Noutro café,"uma família portuguesa de três pes-soas, um casal com um bebé de trêsmeses, estava a viver num quarto de9,5 m2, e há duas ou três semanas

que não tinham água quente". Amaioria dos 440 hóspedes a viver porcima dos cafés de Differdange são"imigrantes portugueses que traba-lham no sector da construção", ga-rante o vereador, tal como os 550habitantes dos cafés em Esch-sur-Alzette, a segunda maior cidade dopaís e uma das que conta com maiorpercentagem de portugueses (32,7%).

"Há alguns luxemburgueses e afri-canos, mas a maioria dos hóspedessão portugueses com contratos tem-porários nas empresas de constru-ção", disse na altura ao CONTACTO avereadora dos Assuntos Sociais deEsch, Vera Spautz.

"Encontrámos de tudo: insalubri-dade, problemas de higiene e desegurança", denunciou Vera Spautz,que iniciou a campanha de fiscaliza-ção há cerca de dois anos nos 55cafés de Esch que arrendam quartos."Em três ou quatro cafés, eram casasque deviam ser terraplanadas e re-construídas, tal era a falta de segu-rança. Tremo de pensar no que po-derá acontecer um dia se houver umincêndio: seria uma tragédia. Nãopodemos continuar a fechar osolhos".

Mas se as autarquias do Sul do paísnão fecham os olhos às más condi-ções deste tipo de pensões, têm recu-sado até agora encerrar os dormitó-rios por cima dos cafés, por falta de

alternativas para as centenas de imi-grantes a receber salário mínimo queali encontram um tecto a preços dotamanho da bolsa.

"A verdade, é preciso dizê-lo, é queestes problemas existem devido àpenúria da habitação, sobretudo nosector do arrendamento, onde as ren-das são desmesuradamente eleva-das", admitiu na altura a vereadorasocialista. E as alternativas sociais sãoinsuficientes. "Esch-sur-Alzette dis-põe de 440 alojamentos sociais, mastemos uma lista de espera de 400famílias, e a procura não pára deaumentar".

Em Differdange, o dilema é omesmo. "Não queremos fechar oscafés nem pôr ninguém na rua, atéporque não temos alternativas sufici-entes a nível de alojamento social",disse ao CONTACTO o vereador deDifferdange.

À passagem dos inspectores sani-tários, os proprietários são notifica-dos para melhorar as infra-estruturasdos estabelecimentos, sob a ameaçade encerramento ou processo de con-travenção.

A maioria dos cafés são proprie-dade das grandes cervejarias nacio-nais ("brasseries"), a quem os comer-ciantes que exploram os cafés pagamrenda. Sem o "comércio do sono",muitos teriam de fechar portas,afirma Roberto Traversini.

■ Paula Telo Alves

Quartos nos caféspreocupam deputados