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ESTUDO DA CADEIA DE VALOR DO TURISMO DE CABO VERDE | 1 CABO VERDE análise da cadeia de valor do turismo

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CABO VERDEanálise da cadeia de valor do turismo

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CABO VERDEanálise da cadeia de valor do turismo

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CABO VERDEanálise da cadeia de valor do turismo

Centro de Politicas e Estratégias

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NomeEstudo da Cadeia de Valor do Turismo de Cabo Verde

PromotorCentro de Políticas Estratégicas, Gabinete do Primeiro Ministro de Cabo Verde

Responsabilidade pelo EstudoAntónio Jorge Costa, PhD. em Planeamento Estratégico em Turis-mo (Universidade de Surrey, Reino Unido)

CoordenadorManuel Pinheiro, Mestre em Ciências EconómicasJoão Tavares, Economista

ParceriasACBF - African Capacity Building FoundationONE-Program - Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde

FotografiaHelio & Van Ingen

DataNovembro 2011

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INDICE

INTRODUÇÃO .............................................................................. 9

ENQUADRAMENTO .....................................................................12

AS PERSPECTIVAS E DESAFIOS DOS DESTINOS ................. 14

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DE CABO VERDE ...................... 18

CADEIA DE VALOR DO TURISMO .............................................. 32

DESAFIOS E OPORTUNIDADES ................................................ 54

CONSTRANGIMENTOS E RECOMENDAÇÕES ........................ 56

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O presente estudo foi promovido e coordenado pelo Centro de Po-líticas Estratégicas com a consulta prévia da Direcção Geral do Tu-rismo e do Ministério do Turismo. O escopo do estudo foi objecto de apresentação no Conselho Nacional do Turismo. O estudo teve por base o pressuposto de que Cabo Verde, enquanto destino turís-tico emergente, apresenta a necessidade de desenvolver os seus mecanismos de relação intersectorial, de forma a que se consigam sinergias, no sentido da prossecução de objectivos de competitivi-dade e sustentabilidade, ao nível económico, social e ambiental.

Segundo a Senhora Ministra do Turismo, Industria e Energia, para assegurar a sustentabilidade do sector, o turismo a desenvolver de-verá estar em linha com o que hoje se denomina de “turismo inteli-gente”, querendo com isto significar um turismo limpo, verde, ético e de qualidade a todos os níveis da cadeia de serviços. Deverá ser um turismo adaptado aos desafios globais como o combate à po-breza e os imperativos das mudanças climáticas.

Pelos motivos apresentados, a Cadeia de Valor do Turismo de Cabo Verde, foi definida tendo por base a preocupação da sustentabilida-de do país e a visão de que o turismo pode ser um relevante ins-trumento enquanto impulso da economia e da sociedade à escala mundial, promovendo a inclusão social, oportunidades de emprego, novos investimentos, receitas e empreendedorismo.

Para este estudo recorreu-se a fontes secundárias e primárias de informação. Ao nível das fontes secundárias, foram utilizados docu-mentos governamentais, como a legislação dos vários sectores, o plano estratégico de turismo, o plano de marketing turístico, estu-dos do Observatório do Turismo, estudos do Instituto Nacional de Estatística e documentos e estudos internacionais sobre a temática.

Em termos de dados primários, foram realizadas entrevistas pes-soais e enviados questionários a 120 stakeholders nacionais e in-

INTRODUÇÃO

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ternacionais, públicos e privados, que deram o seu contributo, refe-rindo os constrangimentos actuais do sector do turismo e as suas relações com e entre os demais sectores de actividade.

O input analítico deste estudo, servirá de base para o desenvolvi-mento de um trabalho conjunto entre os sectores público e privado, no sentido do desenvolvimento económico e social do país, tendo o sector do turismo o papel de cenário para as repostas de compe-titividade desejadas.

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ENQUADRAMENTO

Este relatório tem como objectivo analisar a Cadeia de Valor do Turismo de Cabo Verde, fornecendo uma visão alargada das activi-dades e agentes que compõem o sector.

Os resultados obtidos permitem identificar caminhos e abordagens que irão contribuir para a melhoria do nível de competitividade das empresas nacionais, estimulando ao mesmo tempo, a criação de empregos e a geração de rendimentos para as comunidades locais.

Assim, torna-se imperioso interligar o sector do Turismo com outros sectores produtivos, nomeadamente a Agricultura, a Construção e as Pescas, de forma a harmonizar e ajustar as politicas de modo evolutivo. Por outro lado e para que se obtenham as sinergias ne-cessárias à consolidação do turismo de Cabo Verde, é fundamental identificar as relações que se estabelecem entre todas as activi-dades que directa e indirectamente contribuem para a experiência turística de quem visita o país (Figura 1).

Figura 1. Actividades que contribuem para a experiência turística

TURISMO

AEROPORTOS

ALOJAMENTO

BARES E RESTAURANTES

OPERADORESE AGENTES

ANIMAÇÃOASSOCIAÇÕES PROFISSIONAIS

LOCAIS E NACIONAIS

TRANSPORTES AÉREOS,

MARÍTIMOS E TERRESTRES

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Para além da compreensão da complexidade das relações que se estabelecem ao longo da cadeia de valor do Turismo, é também importante conhecer o contexto em que estas se estabelecem.

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AS PERSPECTIVAS E DESAFIOS DOS DESTINOS

Novos padrões de consumo

Um estudo do InterContinental Hotels Group (IHG), afirma que os tu-ristas vão ser mais criteriosos nas suas decisões de viagens. Como consequência dos orçamentos mais apertados de que dispõe, o turista é mais ponderado na selecção do destino, da companhia aérea e do hotel e, por sua vez, pretende retirar valor acrescentado das suas viagens e, nesta perspectiva, os programas de fidelização tornam-se muito relevantes.

Em tempo de crise o lema “fazer férias cá dentro” torna-se cada vez mais uma realidade. Muitos países, nomeadamente destinos de Verão, registaram quebras acentuadas ao nível da procura externa. Para fazer face às quebras na procura, os hoteleiros reduziram os preços e o turista nacional encontrou uma motivação extra para fa-zer férias no seu país.

Outro aspecto curioso tem que ver com o facto de a crise económi-ca mundial ter desencadeado o surgimento de novos conceitos no turismo. É cada vez mais significativo o número de pessoas que op-tam pelos chamados nano-breaks (nano-férias) - estadias de uma só noite, realizadas várias vezes por ano. Esta forma de fugir à rotina é a solução ideal para quem tem pouco tempo e dinheiro, e tem ganho muitos adeptos fruto da conjuntura económica actual.

Desenvolvimento sustentável

Mais do que uma tendência, o desenvolvimento sustentável é um paradigma para o qual não existe alternativa. Na perspectiva de minimizar os efeitos da crise no sector do turismo e viagens, a Or-ganização Mundial do Turismo (OMT) aprovou o Roadmap for Re-covery. Trata-se de um manifesto que identifica a importância do

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sector na recuperação da economia, ao mesmo tempo que alerta para a necessidade de mudança para uma economia verde.

Neste sentido, o turismo pode ser um relevante instrumento en-quanto impulso da economia e da sociedade à escala mundial, promovendo a inclusão social, oportunidades de emprego, novos investimentos, receitas e empreendedorismo. No entanto, é impor-tante a consciência de que a ausência de uma estratégia turística orientada para a sustentabilidade ambiental, pode trazer impactos irreversíveis para o planeta.

A educação e sensibilização do turista para a gravidade destes impactos, somadas à implementação de práticas sustentáveis e socialmente responsáveis que incluem a adopção de códigos de conduta ética nos destinos turísticos, são acções imprescindíveis para que o turismo possa ter um desenvolvimento sustentável a longo prazo.

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Por outro lado, as alterações climáticas constituem um dos maiores problemas que a humanidade terá de enfrentar nos próximos anos. O aumento dos episódios de seca e de inundações, os Invernos cada vez mais rigorosos e os Verões cada vez mais secos, são sinais de que o processo está em curso, sendo que o planeta e ge-rações futuras enfrentam um risco acrescido. É nesta perspectiva que se torna urgente investir num turismo sustentável, o que aliás se tem tornado um movimento global. Hoje em dia a conscienciali-zação face à necessidade desta abordagem em todos os sectores, é já uma realidade um pouco por todo o mundo.

Turismo Sénior

É um facto que não pode ser ignorado. A população mundial está a envelhecer, e esse envelhecimento sente-se, sobretudo, no velho continente. Na Europa cerca de 25% da população tem mais de 65 anos. A acrescentar a este facto, muitos europeus nesta faixa etária têm rendimentos e disponibilidade para viajar, sendo que podem con-tribuir para atenuar os efeitos da sazonalidade em muitos destinos.No entanto, esta população exige a consideração de alguns aspectos que constituem necessidades, nomeadamente o acesso aos cuida-dos de saúde e a existência dos mesmos nas unidades hoteleiras.

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O Turista Europeu

A Europa continua a ser o principal emissor e receptor de turistas a nível mundial e pela importância que representa em termos de turis-mo, é relevante analisar o perfil deste turista, com base em alguns estudos recentes.

A Organização Mundial do Turismo realizou, antes do Verão de 2009, um estudo sobre as atitudes do turista Europeu, já em pleno cenário de crise económica. No que se refere às tendências de via-gens, pode concluir-se que os Europeus continuam a viajar, embora dando preferência a destinos mais próximos e até privilegiando o turismo interno. Por sua vez, aumentou a procura para países exte-riores à União Europeia.

No que diz respeito ao destino, a maioria dos Europeus (47%) de-clarou que o lazer é o principal objectivo das suas férias, sendo que deste grupo, 20% foi motivado pela praia e 17% preferiu as experiências culturais. Por sua vez, a maioria dos Europeus (31%) nomeou o ambiente do destino (atractividade global) como ponto principal na sua escolha, seguindo-se o património cultural (24%) e a animação (15%). O mesmo estudo indicou ainda que a Internet é, cada vez mais, a principal fonte de informação turística para os Europeus na escolha do destino.

Um outro estudo realizado em 2008 para a multinacional NH Ho-tels, refere em relação aos serviços do hotel, que os turistas ava-liam cada vez mais o uso das instalações para descansar, relaxar ou praticar exercício. Existe ainda uma grande percentagem, que estaria disposta a pagar mais para desfrutar da piscina, ginásio e spa, ou para ter estes serviços à sua disposição por mais tempo. O mesmo estudo revelou ainda que 39% dos turistas apenas visita o restaurante do hotel se tiver o pequeno-almoço incluído no pre-ço, enquanto que 20% compra comida fora para levar para o seu quarto.

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DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DE CABO VERDE

A análise apresentada nesta secção, tem por base a informação publicada pelo AICEP Portugal, no seu Relatório de Mercado de Cabo Verde (Julho 2010).

Recursos e Estrutura Produtiva

Cabo Verde é um país pobre em recursos naturais, sendo apenas de assinalar os produtos do mar (sal e pescado), o calcário e a pozolana. As condições climáticas adversas e a natureza do solo constituem fortes limitações ao desenvolvimento de uma actividade agrícola que permita satisfazer as necessidades da população. Daí que, historicamente, tenha sido o caminho da emigração o destino de uma grande parte dos cabo-verdianos, que dessa forma pro-curavam outros meios de vida, designadamente nas épocas de seca mais prolongada. Estima-se que, actualmente, o número de emigrantes cabo verdianos, sobretudo nos EUA, Portugal, Angola, França, Holanda e Senegal, ultrapasse a população do país. A si-tuação geográfica de Cabo Verde e as extensas águas territoriais contribuíram, ao longo do tempo, para minorar um pouco as dificul-dades da população, já que a actividade piscatória e a prestação de serviços internacionais nas áreas ligadas aos transportes ma-rítimos e às comunicações inter-atlânticas, desde sempre consti-tuíram fontes de rendimento complementar ou alternativo para os cabo-verdianos e, de certa forma, moldaram o perfil económico que o país está determinado a prosseguir ainda hoje. Por outro lado, no início da década de oitenta, Cabo Verde encetou um importan-te processo de reformas estruturais, nomeadamente em termos de privatizações, liberalização progressiva de preços, abertura econó-mica e aduaneira, reforma fiscal, medidas contra a pobreza, melho-ria da produtividade agrícola e da competitividade das exportações e investimentos em infraestruturas terrestres, portos, aeroportos e telecomunicações. A diversificação produtiva iniciada há cerca de

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20 anos, baseada numa primeira fase no sector industrial, rapida-mente se orientou para o sector dos serviços e designadamente para o turismo, que nos últimos anos tem constituído o verdadeiro motor da economia cabo-verdiana.

Agricultura

Embora mais de 20% da população ainda viva da agricultura, este sector apenas contribui actualmente com 5% para o produto in-terno bruto (PIB) de Cabo Verde, quando em 1994, em conjunto com as pescas, representava cerca de 13%. Fortemente influen-ciada pelos factores climáticos (prolongados e intensos períodos de seca, seguidos de chuvas torrenciais que provocam a erosão do solo) a grande irregularidade das chuvas determina variações acentuadas da produção agrícola, que em termos médios apenas

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consegue satisfazer cerca de 15% das necessidades alimentares do país. Cabo Verde dispõe de 42.000 hectares de terra arável, o que corresponde a 10% da superfície total do Arquipélago. O milho, a cana-de-açúcar, o café, o feijão e outros produtos horto-frutícolas dominam a produção agrícola do país, destinada quase exclusivamente ao auto-consumo ou à venda no mercado interno. No que se refere a produtos de exportação, apenas as bananas assumem algum significado, pese embora uma certa irregulari-dade nas expedições para os mercados externos, devido aos as-pectos regulamentares que condicionam o comércio internacional deste produto. Apesar dos esforços desenvolvidos pelo Governo na aplicação de reformas, a produtividade agrícola continua a ser afectada pela reduzida dimensão das explorações. Por forma a ultrapassar os condicionalismos a que está sujeito o sector agrí-cola, demasiado dependente de uma pluviometria escassa, irre-gular e concentrada num curto período do ano, factor agravado pela natureza montanhosa e de grandes declives que caracteri-zam a maior parte das ilhas, encontra-se actualmente em execu-ção um programa de construção de barragens de retenção. Este programa, que tem vindo a contar com o apoio da China, irá per-

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mitir o aumento substancial das áreas irrigadas e, naturalmente, contribuirá para o crescimento significativo da produção agrícola e pecuária de CaboVerde.

Pescas

O sector das pescas, apesar do contributo significativo para as ex-portações cabo-verdianas, representa apenas 0,5% do PIB, e ca-racteriza-se por ser uma actividade sobretudo artesanal, ficando as capturas muito abaixo do seu potencial, estimado em 45.000 tone-ladas/ano. Trata-se de um sector com fortes potencialidades, dada a dimensão da zona económica exclusiva de Cabo Verde, que ultra-passa os 700 mil quilómetros quadrados, embora a relativa pobreza em biomassa e a quase inexistência de plataforma continental, nas

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ilhas mais ocidentais do Arquipélago, limitem de alguma forma as capacidades de captura. No entanto, Cabo Verde assinou acordos de pesca com os seus vizinhos, nomeadamente a Guiné e o Sene-gal, no âmbito dos quais os barcos de bandeira cabo-verdiana po-derão pescar nas águas desses países, o que naturalmente reforça as potencialidades do sector.

As capturas actuais de pescado consistem fundamentalmente no atum e na lagosta que, no seu conjunto, têm permitido exportações na ordem das 10 mil toneladas anuais, representando uma parcela significativa e crescente das exportações de produtos cabo-verdia-nos.

Para além do abastecimento do mercado interno e da importante contribuição para as exportações do país, o sector da pesca é res-ponsável ainda pela entrada de um volume bastante significativo de receitas, em virtude dos acordos que Cabo Verde mantém com a União Europeia e outros países, designadamente a China, para que os respectivos barcos possam pescar nas suas águas. No caso da União Europeia, o acordo actualmente em vigor, e que se estende

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até 2012, estabelece a autorização para capturas até 5 mil tonela-das anuais, rendendo a Cabo Verde 385 mil euros/ano. S. Vicente é a ilha que apresenta maior potencial para o desenvolvimento do sector, contando nomeadamente com as principais infra-estruturas do país em termos portuários, de reparação naval e de armazena-gem e refrigeração.

Industria extractiva

A quase inexistência de matérias-primas minerais em Cabo Verde conduz a que as indústrias extractivas tenham um peso pratica-mente irrelevante na economia do país. Neste sector apenas há a referir a extracção de sal e de pozolana, rocha vulcânica utilizada

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no fabrico de cimento hidráulico, mas que, por razões diversas, tem sido explorado com bastantes intermitências. Com vista à produção local de cimento, encontra-se em fase de execução um projecto industrial, que conta com o apoio financeiro da China.

Industria Transformadora

Apesar de apresentar um peso relativamente reduzido no PIB de Cabo Verde, a indústria transformadora vem assumindo uma importância crescente no que se refere às exportações do país, sobretudo a partir de 1992, na sequência da aprovação da nova legislação do investimento estrangeiro. Neste domínio, cabe real-çar a instituição do regime das Empresas Francas, que passaram a constituir o motor do desenvolvimento industrial do país, mercê sobretudo dos investimentos de empresas estrangeiras nos secto-res do calçado e das confecções.

A maior parte destes investimentos foram realizados por empresas portuguesas, destinando-se a produção aos mercados da União Europeia (UE), no quadro dos benefícios decorrentes dos acordos que isentavam de direitos os produtos industriais originários dos países ACP (África, Caraíbas e Pacífico).

Além de Portugal, também alguns países asiáticos realizaram in-vestimentos em Cabo Verde, designadamente no sector do vestu-ário, com o mesmo objectivo de acesso aos mercados europeus e, ultimamente, ao mercado norte-americano no âmbito do programa AGOA, de que Cabo Verde é país Beneficiário.

Para além destes ramos da indústria transformadora, devemos referir o da electrónica e o das conservas de peixe, que também atraíram investidores portugueses, embora no primeiro caso a ex-periência não tenha conhecido grande sucesso, devido sobretudo a alterações ocorridas nos mercados externos aos quais se dirigia a produção. Destinando a sua produção quase exclusivamente ao mercado interno, as indústrias alimentares e de bebidas, produtos farmacêuticos, materiais de construção, mobiliário e metalomecâ-

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nica constituem os outros ramos industriais com alguma importân-cia na economia cabo-verdiana.

Energia

Cabo Verde apresenta grande carência de produtos energéticos, sendo as suas necessidades supridas através da importação de petróleo, sobretudo de Portugal e de alguns países africanos. A dis-tribuição de energia está, actualmente, concessionada à empresa estatal Electra, o que significa que toda a energia produzida, quer seja pela Electra, quer seja por um outro produtor independente, mesmo que a fonte seja renovável, terá de ser injectada na rede pública, gerida pela Electra. Por outro lado, Cabo Verde re-exporta, através dos seus portos e aeroportos, parte dos produtos energéti-cos importados.

Consciente dos sérios constrangimentos que se vive no sector da energia (insuficiência e irregularidade no fornecimento de energia eléctrica), o Governo de Cabo Verde, no quadro do Programa de Política Energética e apoiado por financiamentos externos, avan-ça em várias frentes para a resolução das deficiências que vão da antiguidade da rede instalada ao custo elevado da produção de energia, agravados pela insuperável insularidade do país. A po-tência instalada total a nível nacional é de cerca de 90 Mw, dos quais 97,5% são garantidos através de geração convencional e o remanescente através de energia eólica (2,4 Mw em eólicas a fun-cionar em Santiago, São Vicente e Sal). Trata-se de uma potência instalada que é irrisória, sendo o rácio de consumo anual de elec-tricidade per capita ainda muito baixo. Se considerarmos o padrão internacional, Cabo Verde deveria estar a consumir cerca de cinco vezes mais. Actualmente o Governo está a envidar esforços para melhorar o abastecimento de electricidade nas áreas rurais e está a fazer uma aposta clara nas energias renováveis, particularmente a eólica e a solar. De salientar que está prevista a construção de quatro parques eólicos no Sal, Praia, São Vicente e Boavista, com financiamentos do BEI – Banco Europeu de Investimento (50 mi-lhões de euros) e do BAD– Banco Africano de Desenvolvimento (15

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milhões de euros). O programa de energias renováveis, financiado por uma linha de crédito disponibilizada por Portugal (100 milhões de euros), vai desenvolver um conjunto de projectos no domínio das centrais fotovoltaicas.

Construção

Representando actualmente cerca de 11% do PIB, este sector tem registado um forte crescimento nos últimos anos, beneficiando quer dos programas de infra-estruturas que têm sido implementados no país, com a ajuda das organizações internacionais e doadores bilate-rais, quer do forte desenvolvimento do sector do turismo e hotelaria, mercê sobretudo dos investimentos estrangeiros que tem atraído.A generalidade das grandes obras de construção, designadamen-te na área das infra-estruturas, vem sendo executada por empresas estrangeiras, sobretudo portuguesas, no âmbito de concursos inter-nacionais lançados para o efeito, já que se tratam normalmente de projectos financiados por entidades externas. Deste modo, as em-presas cabo-verdianas do sector, em número e, algumas delas, com dimensão já razoáveis, operam sobretudo no sector da construção habitacional ou associadas às empresas estrangeiras que concorrem a obras em Cabo Verde, em regime de consórcio ou subcontratação.

Serviços

A economia cabo-verdiana está a transformar-se cada vez mais numa economia de serviços, sector que representa já mais de 45% do emprego. As condições climáticas e a situação geográfica do país constituem os factores determinantes desta evolução, em que o tu-rismo e as funções de plataforma transatlântica de serviços de trans-portes e comunicações assumem um papel preponderante. O de-senvolvimento do sector dos serviços tem estado presente em toda a estratégia delineada pelas autoridades cabo-verdianas, como forma de ultrapassar a situação histórica de pobreza que caracterizava o país. Daí, o forte impulso que tem sido dado, nos programas gover-namentais, à modernização das infra-estruturas portuárias e aero-

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portuárias, vias rodoviárias, telecomunicações, serviços financeiros e outras componentes do sector dos serviços. O turismo constitui-se como a alavanca fundamental do desenvolvimento de Cabo Verde (representa cerca de 20% do PIB), beneficiando dos elevados fluxos de investimento externo, originários designadamente de Portugal, Itália, Espanha e outros países europeus, que nos últimos anos se têm concentrado preferencialmente nas ilhas do Sal e da Boavista. De salientar que aproximadamente 90% do investimento directo es-trangeiro é destinado ao sector do turismo. O sector das telecomuni-cações encontra-se também em fase de expansão e modernização. De facto, desde que a Portugal Telecom (PT) adquiriu 40% da Cabo Verde Telecom, em 1995, os investimentos no sector têm aumentado continuamente, tendo o número de linhas registado um incremento de 70%. Foi instalado um sistema de cabos de fibra óptica entre as ilhas e, em 1997, teve início o acesso à Internet. Um ano depois foi introduzida a primeira rede de telemóvel.

No final da década de 90 o turismo representava 4% do PIB.

As telecomunicações caminham para uma crescente liberalização de que é exemplo a Cabo Verde Telecom, que em Janeiro de 2007 deixou de deter o monopólio do sector. No sentido de prepar o lançamento do serviço de televisão por assinatura e o aparecimento de novos opera-dores de internet e telefonia móvel, em 2007 a Cabo Verde Telecom deu origem a três empresas: a CVT, gestora da rede e do negócio de telefonia fixa, a CVMóvel, que explora a rede móvel, e a CVMultimé-dia que se dedica às ligações via internet e a televisão por assinatura (vulgo TV por cabo). Tendo em conta a sua situação geográfica, Cabo Verde teve que desenvolver as suas infra-estruturas em matéria de transportes de uma forma natural, adaptando-se ao meio. O Arquipé-lago conta com cerca de 1.350 Km de estradas, dos quais 932 Km são asfaltados. Um terço da rede viária encontra-se repartido entre as ilhas de Santiago e São Vicente que concentram, por sua vez, dois terços da população. Relativamente às infra-estruturas portuárias, ac-tualmente o país dispõe de portos em todas as ilhas habitadas, sendo os do Mindelo e da Cidade da Praia os mais importantes. A irregulari-dade dos transportes marítimos tem afectado o desenvolvimento das exportações, mas recentemente, para atenuar esta situação, foram

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estabelecidas linhas regulares de transporte de mercadorias com al-guns países africanos, Portugal, Espanha e norte da Europa.

Em matéria de transporte aéreo, Cabo Verde dispõe de quatro aero-portos internacionais – na ilha do Sal, na Praia (Santiago), na ilha da Boavista e na ilha de São Vicente – existindo ainda pequenos aero-portos nacionais nas restantes ilhas. A companhia aérea cabo-ver-diana (TACV) assegura algumas ligações internacionais e nacionais. Os serviços aéreos (manutenção) e os serviços navais (reparação) representam uma importante fonte de rendimentos para o país.

No que diz respeito aos serviços financeiros, há que referir o Banco de Cabo Verde (Banco Central), as Instituições de Crédito, designa-damente Bancos e Instituições Especiais de Crédito, as Instituições Parabancárias e as Instituições Financeiras Internacionais (I.F.I.). Existe ainda uma Bolsa de Valores que ajuda a construir o mercado financeiro do país. Cabe ainda salientar que o programa de privatiza-ções do Governo cabo-verdiano teve um contributo decisivo para o desenvolvimento do sector terciário, especialmente no que se refere ao sector bancário, aos transportes e às comunicações. Pode dizer--se que, actualmente, Cabo Verde é um país de economia perfei-tamente terciarizada, o que não significa que este sector já tenha atingido um grau de desenvolvimento de acordo com as suas poten-cialidades, pelo que, quer na área do turismo e hotelaria, quer nas restantes áreas, ainda existe espaço para que o sector dos serviços reforce a seu peso na economia cabo-verdiana.

Recentemente, o Primeiro-Ministro de Cabo Verde anunciou que o Governo ambiciona transformar o país num centro internacional de prestação de serviços, sobretudo nas áreas do turismo, dos transpor-tes, dos serviços financeiros e indústrias culturais.

Desenvolvimento

Em termos de número de estabelecimentos hoteleiros, a tendência é positiva, tendo havido um crescimento de 88 estabelecimentos em 2000, para 173 em 2009. Também o indicador dos quartos e camas

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disponíveis, acusa um crescimento positivo com uma variação supe-rior a 160%. Assim, o indicador “Capacidade de Alojamento” cresceu 168,5% no período em análise.

No que diz respeito à variável “Pessoal ao Serviço”, denota-se tam-bém aqui um crescimento substancial, embora com taxas de cresci-mento muito inferiores às dos indicadores anteriores. De facto, com-parando 2000 com 2009, passamos de 1845 para 3860 pessoas ao serviço.

No mesmo período, o número de turistas em Cabo Verde cresceu 228% saltando de 145.000 turistas em 2000 para 330.319 em 2009. No que diz respeito às dormidas, deu-se um crescimento de 295% no mesmo período, passando de 684,7 mil para 2,02 milhões de dormi-das em 2009, verificando-se também um aumento da estada média, que passou de 4,3 para 6,12 noites em 2009.

Perante tal potencial e efectiva dinâmica, é de salientar que, embora Cabo Verde possa segmentar-se por produtos/ilhas, constata-se que 94,7% do fluxo turístico centra-se em apenas quatro ilhas, nomeada-mente Sal, (57%), Santiago (20,1%), Boavista (9,9%) e São Vicente (7,6%), precisamente as ilhas onde se encontram os 4 aeroportos internacionais de Cabo Verde.

No que diz respeito aos mercados emissores, 85% dos mesmos têm a sua origem na Europa, onde se destacam, por ordem de importân-cia, Portugal, Reino Unido, Itália, Alemanha e França, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) para o ano de 2008.

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A CADEIA DE VALOR DO TURISMO

A Cadeia de Valor do Turismo é o conjunto de activida-des de valor acrescentado que, de forma articulada, permi-te que o “produto turístico” esteja disponível para consumo.

Contudo, as implicações sobre o verdadeiro impacto do turismo numa economia como a de Cabo Verde não se reflectem apenas nas cinco actividades ou segmentos centrais da cadeia de valor (Operadores e Agentes, Transportes, Alojamento, Bares e Restau-rantes e Comércio Local). De facto, o normal funcionamento das actividades centrais do turismo depende de diversas actividades conexas que permitem o normal funcionamento das primeiras. Es-tas actividades têm relação directa com a oferta do produto turís-tico, mas não desempenham obrigatoriamente um papel chave.

Efectivamente, o turismo potencia e financia várias actividades da economia de uma região, tornando-se em alguns casos o principal cliente de determinadas áreas da economia nacional. O turismo é responsável directamente por cerca de 20% do PIB de Cabo Verde, contudo a sua influência na economia da região é muito superior.

Para melhor compreender a influência do Turismo na acti-vidade económica de Cabo Verde, apresenta-se de segui-da o Modelo Genérico da Cadeia de Valor, onde se pode verificar as ligações com as diversas actividades econó-micas associadas a cada actividade central do turismo.São consideradas actividades ou sectores centrais do turismo de uma determinada região os operadores turísticos/agentes de viagem (incoming), o sector dos transportes, o alojamento, os bares e restaurantes e as compras locais (comércio). Po-rém, para o normal funcionamento de cada actividade ou seg-mento central do turismo, existe um conjunto de actividades de suporte fundamental ao bom funcionamento das primeiras.

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Figura 2. Modelo Genérico da Cadeia de Valor

A indústria da cultura, lazer e entretenimento fornece um leque va-riado de actividades, nomeadamente culturais e desportivas para as quais são necessários produtos da economia local, gerando sempre um valor acrescentado para a região. Estas actividades propiciam o empreendedorismo por parte dos locais numa expec-tativa de criação do seu próprio emprego e consequentemente au-mentando a empregabilidade.

As novas tecnologias têm um papel fulcral no actual contexto do turismo, pois a imagem e a presença do destino na rede global aproxima o turista do destino. A necessidade de presença do des-tino na rede global leva à procura de agentes especializados na área das novas tecnologias e consequentemente à criação de no-vas oportunidades de negócios e serviços.

SENSIBILIZAÇÃO E FORMAÇÃO PARA O TURISMO

ORDENAMENTO DO TERRITÓRIOFINANIAMENTO

DESENVOLVIMENTO RURALAMBIENTE

OPERADORES/AGENTES DE VIAGENS

TRANSPORTES ALOJAMENTOBARES/RESTAURANTES COMÉRCIO LOCAL

CULTURA/LAZER/ENTRETENIMENTO

PROMOÇÃO

NOVAS TECNOLOGIAS

CADEIA DE VALOR DA ACTIVIDADE CENTRAL ACTIVIDADE CENTRAL DO TURISMO ACTIVIDADES CRÍTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO

CONSTRUÇÃO

ARQUITECTURA EENGENHARIA

IMOBILIÁRIA

NOVAS TECNOLOGIAS

MANUTENÇÃO

DECORAÇÃO

ANIMAÇÃO

PROMOÇÃO

AGRICULTURA

BEBIDAS

EQUIPAMENTOS DE COZINHA

MOBILIÁRIO

MANUTENÇÃO

DECORAÇÃO

ANIMAÇÃO

AGRICULTURA

PESCAS

ARTESANATO

COMÉRCIO A RETALHO

CULTURA/LAZER/EN-TRETENIMENTO

MANUTENÇÃO

PROMOÇÃO

INFRA-ESTRUTURASAEROPORTUÁRIAS

DESPORTOS NÁUTICOS

CONSTRUÇÃO (ACESSIBILIDADES E INFRA-ESTRUTURA)

EMPRESAS DE TRANS-PORTES PÚBLICOS

COMBUSTÍVEIS

MANUTENÇÃO

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A web tornou-se o principal canal de informação para mais de 80% dos europeus, sendo mesmo superior às agências de viagens em alguns países. A crescente importância da Internet no processo de organização de uma viagem deve cada vez mais ser tida em conta por parte dos destinos e dos stakeholders.

O sector dos transportes permite a deslocação dos visitantes de e para o destino turístico, tal como dentro do próprio destino. As infra-estruturas aeroportuárias são o principal ponto de ligação entre o arquipélago de Cabo Verde e os países emissores de tu-ristas, pelo que se tornam o primeiro ponto de contacto com os turistas não residentes. Dotar estas infra-estruturas e capacitá-las para a recepção dos turistas procurando sempre a qualidade e a excelência do serviço, é fundamental para a imagem do país.

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Os portos são elementos centrais no transporte de mercadorias e podem também ter um papel muito importante na dinamização do segmento de cruzeiros.

O desenvolvimento de empresas de transporte colectivo é funda-mental para o crescimento da economia de Cabo Verde, possibili-tando assim a deslocação da sua população dentro do Arquipéla-go e entre ilhas. Uma rede de transportes colectivos desenvolvida e bem articulada, permitirá a utilização dos mesmos pelos turistas, facilitando as viagens dentro do país.

A competitividade de um destino depende não só da qualidade dos serviços que oferece, mas também do valor que os mesmos têm. A relação qualidade/preço é o principal factor de decisão para a escolha do turista quanto ao local onde irá passar férias.

No que respeita à oferta de alojamento, uma hotelaria de qualida-de contribui grandemente para a competitividade do destino. De facto, a decoração dos espaços é vista hoje em dia como um fac-tor central na satisfação do turista, e como tal deve ser tida como prioritária na requalificação das actuais unidades e nos projectos a desenvolver. Esta abordagem leva à necessidade de adaptar os espaços às expectativas dos turistas.

A capacidade de alojamento de turistas no país pode ser um factor de constrangimento para o desenvolvimento do turismo, caso não consiga acompanhar o crescimento do sector.

A qualidade dos serviços prestados pelas unidades de alojamento é um factor preponderante para a satisfação do turista no destino. A qualidade só poderá ser adquirida com a formação dos colabo-radores das unidades de alojamento.

O sector da restauração e bebidas deve ser considerado como um importante impulsionador do conhecimento da cultura do país de destino. É um ponto de encontro entre o turista e as populações locais, onde o indivíduo poderá compreender melhor a gastrono-

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mia e tradição do país. É também um sector deveras importante principalmente para os turistas que não adquirem um pacote turís-tico no regime all inclusive.

Cabo Verde é um país onde o turismo residencial tem uma forte implantação, e por isso estes turistas devem ser considerados for-tes potenciais consumidores de serviços de restauração e bares.

A diversão e os momentos em locais onde se pode contactar com a cultura do país de destino são determinantes para a satisfação do turista durante a sua estada. Muitos desses momentos são pas-sados em bares e locais de diversão nocturna, principalmente por um público-alvo mais jovem ou por mercados como o espanhol, britânico e nórdico, com grande apetência por estes serviços.

O comércio a retalho promove e estimula a actividade turística através do contacto com os comerciantes e artesãos. Por outro lado, e no caso do turismo residencial, a compra de produtos para a confecção de refeições também contribui para a geração de re-ceitas neste sector, como também estimula de forma directa a pro-dução agrícola e o sector das pescas.

A influência que o sector do turismo tem em toda na actividade económica de Cabo Verde e a dependência da economia neste sector implica, que o mesmo tenha de ter um desenvolvimento sustentado capaz de preservar o espaço e o ambiente, mantendo--se, ao mesmo tempo, competitivo no mercado internacional. Para que este desenvolvimento não se transforme num crescimento não sustentado é fundamental que se criem instrumentos para o apoio ao desenvolvimento do país nas mais diversas áreas da economia.

Tendo como exemplo o ordenamento do território, este permitirá desenvolver um projecto de futuro para o país evitando erros ur-banísticos capazes de destruir uma região e mesmo o meio am-biente. A preservação do ambiente deve ser uma prioridade para uma região onde a aposta passa por actividades turísticas ligadas à natureza. Com o ordenamento do território e a preservação do

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meio ambiente, a promoção do desenvolvimento rural será uma necessidade, numa sociedade predominantemente rural onde se torna necessário apostar no turismo para a promoção do desen-volvimento dessas áreas e da sociedade.

A aposta no desenvolvimento turístico e nas actividades turísticas tem por norma custos elevados inerentes ao início de actividade. Como tal, torna-se fundamental criar programas de incentivo fi-nanceiro para promover a iniciativa privada. A criação de um pro-grama onde se apoie a iniciativa e o investimento em infra-estru-turas e negócios que influenciem o desenvolvimento do turismo permitirá a consolidação de novos negócios e empresas quer ao nível local, quer regional.

A sensibilização da população e dos profissionais do sector para a importância do turismo e dos serviços de excelência na actividade turística é fundamental. Na verdade, o sector do turismo só poderá sobreviver e crescer se a população local aceitar o turismo como positivo para a sua comunidade. Assim, é necessário criar um elo de ligação entre o turismo e a população. Os profissionais do tu-rismo e das áreas/profissões de suporte devem ser sensibilizados para a importância da qualidade dos serviços que prestam aos turistas, pois são eles a imagem do turismo de Cabo Verde.

Mapa da Cadeia de Valor do Turismo de Cabo Verde

A cadeia de valor pretende destacar quais as actividades que o tu-rismo influencia directa ou indirectamente. O quadro da cadeia de valor pretende mapear por passos chave, actividades e agentes que criam e acrescentam valor a um produto turístico. Com a desa-gregação por fases da despesa total do turista, pretendemos obter informação sobre a forma como está distribuído o valor acrescen-tado do turismo por sector. A fragmentação dos custos que o turista tem na compra do pacote turístico passa pelas diversas taxas que tem de pagar, até aos serviços que lhe são prestados no destino.

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Os factores chave pretendem identificar elementos, externos e in-ternos, que afectam a competitividade do turismo de um determina-do destino. Esta identificação permitirá aos stakeholders adaptar as suas tomadas de decisão de forma a eliminar estas condicionantes e a potenciar os factores de competitividade.

O quadro da cadeia de valor pretende identificar quais as priorida-des, internas e externas, de intervenção, focalizadas não só na in-dústria turística e no local de destino, mas também nas políticas ex-ternas praticadas pelo país. Para este exercício escolheu-se como exemplo um pacote turístico com origem em Lisboa e destino na Ilha do Sal, que se apresenta de seguida:

Figura 3. Mapa da Cadeia de Valor do Turismo

DESPESA TOTAL DO TURISTA

PREÇO DO PACOTE TURÍSTICO PUBLICITADO

CUSTO INTERNO DO PACOTE TURÍSTICO

IMPOSTOS

TEMPO E POLÍTICA DE CONCESSÃO DE VISTO DE

ENTRADA

SAÚDE

TAXAS AERO-PORTUÁRIAS

ATRASOS NOS AEROPORTOS

INSTALAÇÕES

PODER DE NEGOCIAÇÃO

DESPESAS DE MARKETING

PROPENSÃO PARA ATRAÍR

TURISTAS

PROVIDENCIAR A QUALIDADE

DOS SERVIÇOS NO DESTINO

POSICIONAR O DESTINO NO MERCADO GLOBAL

BARREIRAS DE ENTRADA

CONFIANÇA, SEGURANÇA, QUALIDADE

ACORDOS DE SERVIÇOS AÉREOS/POLÍTICA DE COMPETITIVIDADE

EFICIÊNCIA DE CUSTOS (EX: CUSTO/PASSAGEIRO KM)

HORÁRIOS

CAPACIDADE

TARIFAS E TAXAS

COORDENAÇÃO COM INTERMEDIÁRIOS

BARREIRAS ADMINISTRATIVAS

PROMOÇÃO DO DESTINO

BARREIRAS DE ENTRADA

ACESSOS

PRODUTIVIDADE

CAPACIDADE E QUALIDADE

REGULAMENTAÇÃO E COMPETITIVIDADE

CUSTOS OPERACIONAIS

CONHECIMENTO DA ECONOMIA LOCAL

COORDENAÇÃO COM OS INTERMEDIÁRIOS

MARKETING DO DESTINO

BARREIRAS DE ENTRADA

CONFIANÇA QUALIDADE DO

SERVIÇO

VALOR ACRESCENTADO

PRODUTIVIDADE

PROPENSÃO PARA ATRAÍR

TURISTAS

DESPESAS DE MARKETING

PRESENÇA EM FEIRAS

INTERNACIONAIS DE TURISMO

INOVAÇÃO E DE-SENVOLVIMENTO

DO PRODUTO

Serviços Fronteiriços (visto e outras permissões de

entrada)

IntermediáriosEstrangeiros (Operadores/Agentes de

Viagens)

IntermediáriosNacionais

(Operadores/Agentes de

Viagens)

Alojamento (Hotéis e similares)

(Tours, Activi-dades Turísti-cas, Eventos

Desportivos e/ou Culturais,

Restaurantes, Bares, Shop-

pings)

Transporte aéreo

internacional e Serviços Aero-

portuários

Transporte Aéreo nacional

e Serviços aeroportuários

Serviços de Transporte Ter-restre e outros

nacionais e adjacentes (rent-a-car,

ferry..)

CUSTOS NEGOCIÁVEIS COM OS PRESTADORES DE SERVIÇOSCOMISSÕES COMISSÕESDESPESAS EXTRA

DO TURISTA

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A Análise da Cadeia de Valor do Turismo de Cabo Verde tem em atenção a heterogeneidade dos produtos turísticos e a segmenta-ção do mercado e do destino.

O mapa de custos da cadeia de valor

O cálculo do custo da cadeia de valor baseou-se num pacote turísti-co vendido por um operador turístico português, que inclui a viagem de ida e volta entre Lisboa e a Ilha do Sal, no mês de Dezembro de 2010, transfer entre o aeroporto e o hotel e alojamento em regime de pensão completa para 7 noites num hotel da Ilha do Sal. Na figu-ra 4 apresenta-se o custo de cada serviço e actividade.

Figura 4. Mapa de Custos da Cadeia de Valor

Como se pode verificar na representação anterior, os agentes e actividades que mais influenciam o custo do pacote turístico são o alojamento, o transporte aéreo internacional e as taxas/impostos, respectivamente com 26,02%, 23,4% e 14,43%. Foi ainda contabi-lizada uma estimativa de despesa por parte do turista, no destino no valor de 280€.

Serviços Fronteiriços (visto e outras permissões de

entrada)

* valor estimado

DESPESA TOTAL DO TURISTA = 1282 €

PREÇO DO PACOTE TURÍSTICO PUBLICITADO = 1002 €

185 €

14,43 %

163,40 €

12,75 %

300 €

23,40 %

20 €

1,56 %

333,60 €

26,02 %

280 € *

21,84 % *

0 €

0 %

0 €

0 %

CUSTO INTERNO DO PACOTE TURÍSTICO = 653,60 €

IntermediáriosEstrangeiros (Operadores/Agentes de

Viagens)

IntermediáriosNacionais

(Operadores/Agentes de

Viagens)

Alojamento (Hotéis e similares)

Transporte aéreo internacional e

Serviços Aeropor-tuários

Transporte Aéreo nacional

e Serviços Aeroportuários

Serviços de Transporte Ter-restre e outros

nacionais e adjacentes (rent-a-car,

ferry..)

(Aluguer de Moto 4x4, Tours,

Souvenirs, Mergulho)

IMPOSTOS CUSTOS NEGOCIÁVEIS COM OS PRESTADORES DE SERVIÇOSCOMISSÕES COMISSÕES DESPESAS EXTRA DO TURISTA

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Estes 3 factores são responsáveis por mais de 60% do custo total da viagem, passando a influenciar em mais de 80% do custo, caso o turista não realize despesas extra durante a sua estada.

As taxas e impostos a serem pagas pelo turista rondam os 185€, sendo que 160€ são relativos a taxas de aeroporto, segurança e combustíveis e 25€ para o visto de entrada, obrigando a inserção dos dados com 5 dias de antecedência da viagem. De salientar que as taxas de aeroporto, segurança e combustíveis estão su-jeitas a alteração, o que pode levar a um aumento do peso deste factor na viagem. Representando actualmente cerca de 15% do preço da viagem, pode vir a ser um factor ponderado se tivermos em atenção os mercados concorrentes mais directos.

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Deve salientar-se que do valor do pacote turístico total (1002€), apenas 353,60€ entram directamente na economia da Ilha do Sal, pressupondo a utilização da companhia aérea TAP (valor de alo-jamento e transfer). Contudo, caso a companhia utilizada seja os TACV, a comparticipação deste pacote turístico para a economia de Cabo Verde passará de 353,60€ para 653,60€ o que corres-ponde a 65% do valor do pacote turístico (valor total sem a despe-sa extra do turista).

O alojamento é um dos factores mais importantes na base do pre-ço do pacote turístico, contribuindo com cerca de 30% para o valor total da viagem incluindo despesas extra. Este valor entra directa-mente na economia de Cabo Verde representando um importante contributo para a economia local.

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Poderemos verificar, através desta analise da cadeia de valor do pacote turístico apresentado, a importância que cada agente tem nos custos para o turista. Sabendo-se que a relação qualidade/preço é o principal factor de decisão para a escolha do turista quanto ao local onde irá passar férias, custos como as taxas ae-roportuárias devem ser analisadas no sentido de melhorar a com-petitividade do país.

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE E DAS POLITICAS PARA ULTRAPASSAR OS CONSTRANGIMENTOS

Da análise do exercício apresentado, surgem algumas áreas com constrangimentos dignos de referência, para os quais se devem procurar soluções.

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1. Serviços Froteiriços

Estes serviços compreendem as taxas aeroportuárias no aeroporto de origem e de destino, tal como a obtenção do visto de entrada no pais (Cabo Verde). O visto de entrada em Cabo Verde tem o valor de 25€ e os agentes de viagem exigem que os clientes dêem os seus dados até 5 dias antes da viagem, sendo a agencia de via-gens a pedir o visto ao Consulado. Este valor está muito próximo dos concorrentes mais directos de Cabo Verde, o que não facilita a competitividade do país como destino turístico.

Deve salientar-se que as taxas aeroportuárias representam cerca de 15% do preço da viagem, podendo vir a ser um factor ponderado se tivermos em atenção os mercados concorrentes mais directos. O peso das taxas aeroportuárias também representa um valor signifi-cativo no valor total do pacote, podendo ser objecto de uma análise mais considerada no futuro, para efeitos da melhoria da competiti-vidade do destino.

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2. Intermediários e canais de distribuição estran-geiros

O turismo de Cabo Verde depende em grande parte dos pacotes turísticos vendidos pelos operadores turísticos e pelas agências de viagem estrangeiras. Eles conseguem garantir um maior poder negocial e obter grandes descontos na organização da viagem. A capacidade do operador turístico é determinante para a competitivi-dade do destino a nível internacional e essa capacidade passa por um conjunto de factores determinantes:

a) as economias de escala geradas pelos pacotes turísticos (atractivas para as companhias aéreas, para os hotéis e para os próprios opera-dores turísticos);

b) a capacidade de carga turística com que o destino consegue lidar, (ex: capacidade hoteleira e dos transportes aéreos);

c) capacidade de coordenação dentro da indústria do turismo (quan-to maior for a capacidade de cooperação entre os diversos agentes do turismo maior será a probabilidade de se conseguir alavancar a economia, criando economias de escala e dividindo os custos entre todos, baixando assim os preços).

Da análise do pacote turístico apresentado, parece evidente algu-ma separação entre os serviços organizados e cobrados por ope-radores estrangeiros e nacionais. Uma maior cooperação poderá levar à oferta mais integrada e atractiva para o turista, com mais gastos para os agentes nacionais.

3. Transportes aéreos e taxas aeroportuárias

Os transportes aéreos e as taxas aeroportuárias representam cerca de 38% do valor do pacote turístico apresentado, demonstrando o valor das taxas aeroportuárias pagas pelos turistas. Uma das so-luções para esta questão poderia passar por baixar as taxas ae-roportuárias através de acordos entre os países ou mesmo utilizar

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aeroportos em Portugal com taxas mais baixas, podendo reduzir o impacto das mesmas nas viagens.

A utilização de voos charter por parte dos operadores turísticos per-mite um maior controlo sobre os custos do transporte aéreo, com impactos positivos nas taxas associadas à viagem.

Por outro lado, a companhia aérea nacional deve participar na pro-moção do destino, em colaboração com os operadores turísticos e os hotéis. Este processo de colaboração deve ser visto como um factor aglutinador para captar a atenção dos turistas, influenciando a tomada de decisão dos mesmos.

4. Alojamento

O alojamento é um dos factores mais importantes na base do preço do pacote turístico, contribuindo com cerca de 26% para o valor total. Este valor entra directamente na economia de Cabo Verde, representando um importante contributo para a economia local.

A capacidade de alojamento de turistas no país pode ser um factor de constrangimento para o desenvolvimento do turismo, caso não consiga acompanhar o crescimento do sector.

A qualidade dos serviços prestados pelas unidades de alojamento é um factor preponderante para a satisfação do turista no destino. A qualidade só poderá ser adquirida com a formação dos colaborado-res das unidades de alojamento.

Com a qualificação dos colaboradores aumenta a probabilidade de os custos de operação das próprias unidade baixar, tornando assim a unidade mais competitiva no mercado e, consequentemente, o próprio pacote turístico.

Estas unidades têm um grande conhecimento do destino e são por norma o primeiro local onde o turista se dirige para obter informa-ções sobre as actividades e os locais que devem visitar. Assim, é

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muito importante que os seus colaboradores estejam preparados para essa interacção e prestação da informação. Este conhecimen-to e atitude é muito apreciada aquando da participação em eventos nacionais e internacionais como por exemplo, feiras.

5. Bares e Restaurantes

O sector da restauração e bebidas deve ser considerado como um importante impulsionador do conhecimento da cultura do país de destino. É um ponto de encontro entre o turista e as populações locais, onde o individuo poderá compreender melhor a gastronomia e tradição do país.

É também um sector deveras importante principalmente para os tu-ristas que não adquirem um pacote turístico no regime “all inclusive”.

Cabo Verde é um país onde o turismo residencial tem uma forte im-plantação, e por isso estes turistas devem ser considerados fortes potenciais consumidores de serviços de restauração e bares.

A diversão e os momentos em locais onde se pode contactar com a cultura do país de destino são determinantes para a satisfação do turista durante a sua estada. Muitos desses momentos são passa-

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dos em bares e locais de diversão nocturna, principalmente por um público-alvo mais jovem ou por mercados como o espanhol, britâni-co e nórdico, com grande apetência para estes serviços.

A regulamentação e consequente fiscalização do sector da alimen-tação e bebidas levará a um aumento da qualidade dos serviços e permitirá manter as raízes culturais do destino.

6. Animação Turística

A animação turística é um dos elementos chave na experiência tu-ristica. De facto, o turista procura em cada viagem uma nova aven-tura, uma nova experiencia e as empresas de animação turística devem ter a capacidade de concretizar esse mesmo desejo.

A regulamentação desta actividade tem de ser uma prioridade para qualquer região turística. É esta regulamentação que deverá evitar a concorrência desleal e garantir as condições de segurança dos turis-tas para a prática das várias actividades sugeridas pelas empresas.

Sendo a Ilha do Sal ideal para a prática de vários desportos náuti-cos, estas actividades devem estar regulamentadas para que pos-sam ser praticadas nas melhores condições de segurança.

Conclui-se assim a análise do exercício proposto, referindo-se a importância de desenvolver um exercício semelhante para uma via-gem em negócio (exemplo Lisboa - Praia - Lisboa), com a utilização dos serviços requisitados para este perfil de consumidor.

Um exercício para um viajante independente, visitando mais que uma ilha, nomeadamente as menos turísticas, mas que oferecem produtos com experiências para outros segmentos, também deverá ser consi-derado.

Passamos de seguida a uma análise dos desafios e oportunidades que se colocam ao turismo de Cabo Verde, antes de apresentarmos as conclusões e recomendações.

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DESAFIOS E OPORTUNIDADES

O futuro reserva grandes desafios, mas também grandes oportu-nidades para Cabo Verde. A leitura das dinâmicas dos mercados será fundamental para o conhecimento dos mesmos, adaptando as estratégias de desenvolvimento do país aos mercados emissores, evitando cair sempre no erro da massificação do turismo e conse-quente perda de qualidade e das características diferenciadoras do destino.

A tendência aponta para um crescimento do turismo em Cabo Verde até 2013, atingin-do nessa altura os 3 milhões de dormidas, baseando-se no aumento da estada média dos turistas, passando de 6,1 noi-tes em 2009 para 8,1 noites em 2013. A aposta nos merca-dos com capacidade de cres-cimento de quota de mercado como o Reino Unido, França

e Alemanha, a captação dos novos mercados emissores como o caso da Republica Checa, da Polónia e da Rússia e dos mercados típicos de Sol e Praia como o mercado Escandinavo devem ser prioridades do turismo de Cabo Verde.

Contudo, para não perder, mas sim melhorar a sua vantagem com-petitiva, Cabo Verde terá de eliminar algumas das suas fraquezas, como por exemplo o reduzido número de ligações aéreas entre o arquipélago e alguns potenciais destinos emissores e alguma falta de competitividade a nível de preços com os destinos concorrentes. As ligações entre as diversas ilhas devem ser melhoradas, para permitir a deslocação dos turistas dentro do arquipélago.

A emergência de novos destinos de Sol e Praia, caso da Costa Rica e Caraíbas, e a forte concorrência já existente no mercado são fac-

O futuro reserva grandes desafios,

mas também grandes oportunidades

para Cabo Verde

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tores a ter em conta, sendo necessário criar uma imagem do desti-no forte e atractiva. Por sua vez, a aposta nas novas tecnologias é fundamental para promover Cabo Verde a nível internacional.

Em suma, Cabo Verde, tem con-dições únicas para se tornar um destino turístico de excelência, podendo, nos próximos anos, atin-gir facilmente elevados níveis de notoriedade, aumentando os seus fluxos turísticos. Contudo, para atingir tal desiderato, deve definir claramente as políticas internas de gestão do destino e de interac-ção com todos os seus stakeholders nacionais e internacionais.

A tendência aponta para um crescimento do turismo em Cabo Verde até 2013

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CONSTRANGIMENTOS E RECOMENDAÇÕES

A competitividade e sustentabilidade do turismo de Cabo Verde passa por garantir uma relação harmoniosa, equilibrada, entre os vários sectores de actividade da economia cabo-verdiana. Para tal, é fundamental uma gestão centralizada e concertada da actividade turística, de forma a que sejam garantidas as condições para que o país seja apetecível a investidores nacionais e internacionais, turis-tas e comunidade local.

Nos últimos anos, têm sido dados vários passos no sentido de se profissionalizar o sector turístico, nomeadamente a partir do ano 2009, ano em que Cabo Verde assume o turismo como um sector de forte aposta e o motor da economia nacional. A proximidade do destino com os mercados emissores bem como com os potenciais e emergentes, a estabilidade politica e social e o clima são as van-tagens competitivas que Cabo Verde tem em relação aos seus con-correntes.

Porém, Cabo Verde, pelo facto de ser um destino novo, emergente apresenta uma série de limitações/constrangimentos que têm que ser resolvidas, na perspectiva da competitividade e sustentabilida-de, conforme se pode verificar a seguir.

CONSTRANGIMENTOS

1. Planeamento e Ordenamento do Território e Ambiente• Excessiva concentração do IDE no sector nas ilhas de Sal, Boa

Vista, São Vicente e Santiago; • Turismo excessivamente concentrado em poucas regiões (Sal,

São Vicente e Santiago);• Necessidade de descentralização na implementação de políti-

cas turísticas;• Deficiente recolha e tratamento de resíduos sólidos;

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2. Infra-estruturas e acessibilidades• Ligação inter-ilhas deficiente, que constitui um constrangimen-

to à mobilidade interna; • Insuficiente ligação aérea com outros países emissores de tu-

rismo; • Condicionamentos no fornecimento de energia eléctrica e água

provocando desequilíbrios entre a procura e a capacidade de res- posta em termos quantitativos e qualitativos;

• Preço comparativamente elevado de água, energia e comunica- ções que impacta sobre o custo global do destino Cabo Verde;

• Sistemas deficientes de organização e transporte terrestre ao serviço do turismo;

• Preços elevados dos serviços de transporte interno; • Deficiente coordenação/integração entre transportes aéreo,

marítimo e terrestre para maximizar e alargar a estadia dos tu-ristas a todas as ilhas;

• Infra-estrutura turística não preparada para receber turistas com limitações físicas;

• Necessidade de uma maior consequência na alocação de re-cursos (ainda há uma enorme necessidade de realização de investimentos públicos ao nível da qualificação das infra-estru-turas de apoio à actividade turística).

3. Qualificação da Oferta Turística• Recursos humanos ainda pouco qualificados para o sector do

turismo; • Falta de dados quantitativos e qualitativos de análise, desen-

volvimento e monitorização da competitividade do destino, em tempo oportuno e contínuo;

• Inexistência de um sistema de monitorização a nível dos merca-dos emissores actuais e potenciais;

• Os nacionais não fazem exigências de qualidade na sua inte-racção com os prestadores de serviços;

• Necessidade de reforço do projecto “Turismo Seguro” nos destinos internos de maior concentração de actividade turística nacional;

• Inexistência de sistema formal e unificado de avaliação da qua-lidade e satisfação do turista;

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ESTUDO DA CADEIA DE VALOR DO TURISMO DE CABO VERDE | 59

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• Deficiente sistema de classificação de unidade turística e de articulação com política de incentivos;

• Necessidade de profissionalizar o processo da produção - dis-tribuição dos produtos nacionais para que cheguem em boas condições aos consumidores finais;

• Actualmente há queixas de vária ordem ao nível da qualidade do produto turístico e não se sabe para onde direccionar as mesmas.

4. Turismo - Organização da Oferta e Parcerias• Actualmente verificam-se enclaves ao nível do sector hoteleiro

– as empresas trabalham viradas para si, esquecendo a comu-nidade local;

• Deficiente articulação de estratégias comerciais/marketing en-tre operadores de transporte e operadores turísticos;

• Insuficiente capacidade institucional do Governo. Verifica-se um desequilíbrio entre a ambição estratégica do Governo para o turismo e os recursos institucionais postos à disposição;

• Deficiente articulação entre os diversos agentes (players) no que diz respeito à promoção do destino Cabo Verde;

• Capacidade de alojamento insuficiente; • Produtos turísticos deficientemente trabalhados na perspectiva

de marketing;• Deficiente divulgação de centros históricos e museus; • Necessidade de uma forte política de promoção cultural, asso-

ciada ao desenvolvimento do turismo; • Estrutura institucional actual (2010) do turismo de Cabo Verde

frágil, com competências e atribuições fragmentadas; • Associativismo entre operadores do sector ainda pouco efectivo

em termos de articulação de políticas e visão comum.

5. Economia• Sector privado nacional voltado para projectos de turismo inci-

piente; • Destino ainda dispendioso tanto nos gastos com a viagem

quanto as realizadas no destino, comparativamente a destinos

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concorrentes e emergentes;• Orçamento reduzido para a promoção e desenvolvimento/pro-

moção de projectos institucionais direccionados para dar res-posta às exigências do turismo;

• Inexistência de um sistema de “contas-satélite” do turismo que não permite conhecer efectivamente o seu impacto na economia;

• Necessidade de estimular o consumo da produção local de bens alimentares, nomeadamente por parte da indústria hoteleira;

• Os nacionais têm dificuldade em conseguir oportunidades de investimento;

• Os investidores sentem-se confusos, visto que entre as ilhas há políticas e práticas de incentivos e políticas de impostos dife-rentes – embaraço, problemas, conflitos;

• As empresas nacionais fornecedoras da construção civil têm di-ficuldade em vender os seus produtos às empresas estrangeiras presentes em Cabo Verde – alega-se falta de qualidade dos produ-tos nacionais e dificuldade de resposta aos requisitos dos clientes.

Após a análise dos vários constrangimentos e limitações verificados ao longo deste estudo, apresentamos as recomendações para o desenvolvimento do turismo de Cabo Verde.

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RECOMENDAÇÕES

As recomendações visam o desenvolvimento sustentável do país, com base no pressuposto de que o turismo é o motor da economia nacional.

Esta deriva do facto de que o turismo é o sector que faz uso mais abrangente dos recursos do país, sendo estes essencialmente ba-seados na natureza, com potencial para se tornar atractivo para os viajantes que procuram estas condições para as suas férias.

Além disso, deve ser enfatizado que o desenvolvimento do turis-mo não será uma realidade se os outros sectores não estiverem alinhados ao mesmo tempo. Esta situação faz com que o turismo dependa muito da dinâmica global da economia do país e do seu nível de desenvolvimento.

Em seguida, apresenta-se um conjunto de seis recomendações, acompanhadas de objectivos e acções concretas para implementar no curto, médio e longo prazo.

Note-se que as recomendações derivam de um diagnóstico da situ-ação atual do destino, tendo sido adaptadas em conformidade com o Programa do Governo (VIII legislatura, 2011/2016).

O especialista responsável por este estudo considera ambiciosa a proposta de timing para a execução das acções. No entanto, é unâ-nime que é muito importante para o sucesso futuro do país, como destino turístico, o lançamento de todas as medidas propostas den-tro da actual legislatura (2011-2016).

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1. Planeamento e Ordenamento do Território

OBJECTIVOS: descentralização e envolvimento dos municípios - profissionalização do turismo

ACÇÕES PARCERIAS TIMING• Coordenar, em conjunto com os municípios en-volvidos, a elaboração do plano de desenvolvimento turístico de Cabo Verde;

• Integrar no Plano Global de Ordenamento do Ter-ritório as Zonas de De-senvolvimento Turístico, em colaboração com os municípios integrantes;

• Implementar as políticas turísticas ao nível legal, estratégico e de marketing em cooperação com os municípios envolvidos;

• Descentralizar a imple-mentação das políticas de desenvolvimento turístico, passando competências para os municípios;

• Legislar no âmbito das políticas de mobilidade reduzida, ao nível dos equipamentos públicos e turísticos;

• Promover a implemen-tação dos Planos de Pormenor Municipais.

DGT – Direcção Geral Turismo;CI – Cabo Verde Investimentos;CTCV – Câmara de Turismo de Cabo Verde; ANMCV – Asso-ciação de Municípios de Cabo Verde

DGT; ANMCV; CTCV

DGT; ANMCV; CTCV

EHT - Escola de Hotelaria e Turismo;IEFP – Instituto de Emprego e Desenvolvimento Profissional;ANMCV

DGT

ANMCV

1 ano

1 ano

3 anos

2 anos

1 ano

1 ano

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2. Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

OBJECTIVOS: ultrapassar problemas energéticos, salvar o am-biente – atraír novos segmentos de turistas ambientalmente cons-cientes

ACÇÕES PARCERIAS TIMING• Investir na sustentabilidade energética do país através da aposta nas energias renová-veis;

• Prevenir a produção de resí-duos, fomentando a reutiliza-ção e a reciclagem, através de técnicas inovadoras;

• Desenvolver as redes de saneamento básico;

• Legislar em prol da conser-vação da natureza e biodiver-sidade;

• Implementar uma politica de gestão dos recursos hídricos;

• Incentivar a eficiência ener-gética nos novos edifícios e implementar politicas para apoiar a reestruturação de edifícios em prol da eficiência energética;

GCV - Governo de Cabo Verde;

GCV;ANMCV;ONGs- Organizações não Governamentais;SC - Sociedade Civil;

GCV; ANMCV

GCV;

GVC; ANMCV

GVC;OA – Ordem dos Arqui-tectos;OE – Ordem dos Enge-nheiros;

5 anos

2 anos

5 anos

1 ano

2 anos

1 ano

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3. Infra-estruturas e acessibilidades

OBJECTIVOS: facilitar a circulação de pessoas – facilitar a distri-buição de produtos nacionais e importados para uso da população e dos turistas

ACÇÕES PARCERIAS TIMING• Desenvolver as infra-estruturas aeroportuárias para acompanhar o aumento do tráfego aéreo previsto para os próximos anos;

• Dotar os portos-de-mar de condições para uma maior eficácia de recepção de mercadorias e passageiros;

• Dinamizar o segmento de cruzei-ros, adaptando os portos de mar;

• Criar infra-estruturas rodoviárias capazes de dar resposta às necessidades de implementação do desenvolvimento económico e turístico das ilhas;

• Desenvolver as redes de trans-portes colectivos, marítimos e rodoviários, de forma a facilitar as deslocações das populações e turistas, minimizando os seus custos;

• Coordenar os sistemas de trans-portes aéreos, marítimos e terres-tres, flexibilizando os horários;

• Criar infra-estruturas capazes de diminuir as barreiras arqui-tectónicas para os cidadãos com mobilidade reduzida.

GCV;ASA – Aeroportos e Segurança Aérea de Cabo Verde

GCV; ENAPOR – Autori-dade Aeroportuária;SP - Sector Privado

GCV;ENAPOR

GCV

GCV;MEM – Ministério das Infra-Estruturas e Economia Marítima

GCV

CVG;ME - Ministério da Educação

3 anos

3 anos

3 anos

2 anos

5 anos

1 anos

3 anos

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4. Educação

OBJECTIVOS: profissionalizar o turismo – criar empregos para a população local – oferecer mão-de-obra qualificada para as empre-sas do país

ACÇÕES PARCERIAS TIMING• Definir currículos escolares especí-ficos por ilha, tendo por base a sua tendência em termos de segmen-tação de mercados;

• Promover a qualificação das popu-lações para as várias áreas do tu-rismo, entre elas técnicos de turismo, recepção, cozinha, empregados de mesa entre outros;

• Implementar um programa de sensi-bilização e formação para o turismo;

• Desenvolver currículo escolar com a introdução de uma segunda língua (ex: Inglês);

• Apostar na qualificação da popu-lação, melhorando assim a qualidade dos produtos e serviços prestados;

• Desenvolver a formação das populações na área das novas tec- nologias;

GCV;EHT;IEFP;DGT

DGT

GCV;ME

GCV

GCV

DGT

2 anos

1 ano

2 anos

1 ano

5 anos

3 anos

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5. Turismo - Organização e Qualificação

OBJECTIVOS: uniformizar práticas – aumentar os níveis de seguran-ça – aumentar a notoriedade de Cabo Verde – proteger o destino

ACÇÕES PARCERIAS TIMING • Regulamentar as actividades turísticas nos mais variados sectores;

• Criar uma estrutura institucional capaz de coordenar e executar uma Politica Nacional de Turismo;

• Implementar o código de conduta ética do turismo;

• Criar um programa de atendimento de reclamações centralizado num órgão go-vernamental para efeitos de fiscalização do processo;

• Legislar em matéria de segurança em empreendimentos turísticos e empresas turísticas;

• Fiscalizar a actividade turística;

• Criar uma plataforma digital oficial para promover o destino Cabo Verde;

• Fomentar a criação de associações empre-sariais promovendo a cooperação entre as diversas entidades;

• Promover o destino de uma forma concerta-da com os diversos stakeholders;

• Elaborar planos estratégicos turísticos por ilha, envolvendo directamente os municípios, criando agendas culturais e de entretenimen-to por município, divulgando transversalmen-te pelo país – Programa “Um Turista, Um Amigo”;

• Dinamizar o Observatório do Turismo de Cabo Verde, organismo responsável pela realização de estudos e monitorização da actividade turística;

GCV

DGT

DGT

GCV;Sector Privado

GCV;Sector Privado

GCV

GCV

GCV

GCV

GCV;ANMCV

DGT

2 anos

1 ano

1 ano

1 ano

1 ano

1 ano

1 ano

1 ano

1 ano

2 anos

1 ano

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6. Economia e Incentivos

OBJECTIVOS: organizar e implementar o conceito de qualidade em todo o país

ACÇÕES PARCERIAS TIMING• Implementar programas de certificação de qualidade – produ-tos, serviços e processos – Criação do Instituto para a Quali-dade;

• Criar um organismo que faça a gestão do processo: Produção – Logística – Armazenamento – Distribuição;

• Estimular o consumo da produção local de bens alimentares, nomeadamente por parte da indústria hoteleira;

• Apostar em programas de marketing ao nível do tratamento da imagem dos produtos nacionais, ao nível por exemplo da sua embalagem – Programa ‘Cabo Verde Cool’;

• Envolver das Câmaras de Comércio na actualização de legis-lação e na imposição de exigências de qualidade – controlo de qualidade do produto e da sua apresentação;

• Criar programa de apoio do estado, com política de contraparti-das, para qualificação do serviço das PME’s, incluindo obriga-toriedade de certificação profissional - Programa de Excelência Turística;

• Criar um organismo que coordene e se responsabilize pelas relações e politicas entre sectores;

• Criar programas de incentivo à iniciativa privada por parte das populações locais, promovendo o empreendedorismo;

• Promover o investimento em infra-estruturas e áreas de negó-cio que influenciem o desenvolvimento turístico;

• Promover a criação de rotas aéreas com mais regiões emis-soras de turistas, procurando aeroportos que promovam taxas aeroportuárias mais baixas (estratégia de transporte aéreo);

• Modernizar o sector da agricultura e pescas, diminuindo assim os seus custos de produção;

• Desenvolver uma campanha de incentivo ao consumo de produtos locais;

• Definir politicas fiscais e de incentivo e comuns a todas as ilhas;

• Adoptar medidas que permitam a diminuição das taxas aeropor- tuárias;

GCV

GCV

GCV

GCV

GCV

GCV

GCV

GCV

GCV

GCV

GCV

GCV

GCV

GCV

5 anos

2 anos

2 anos

2 anos

2 anos

2 anos

2 anos

1 ano

2 anos

5 anos

2 anos

2 anos

1 ano

1 ano

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Recomenda-se que este trabalho seja agora estendido no sentido de se aprofundar mais os temas tratados e apresentar programas concretos de desenvolvimento inter-sectorial que serão fundamen-tais para o desenvolvimento turístico sustentado que de acordo com a Organização Mundial do Turismo, no código de ética do turismo, proclama:

“ Afirmamos o direito ao turismo e à liberdade das deslocações turísticas; Expressamos a nossa vontade em promover uma ordem turística mundial, equitativa, responsável e sustentável, em benefício partilhado de todos os sectores da sociedade, num contexto de uma economia internacional aberta e libera-lizada; e Proclamamos solenemente com esse objectivo, os princípios do Código Mundial de Ética do Turismo.”

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BIBLIOGRAFIA

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DGT (2010), Plano de Marketing para o Turismo de Cabo Verde

DGT (2010), Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turis-mo, 2010 - 2013

DGT (2010), Legislação turistica de Cabo Verde

DGT (2010), Relatório de Sustentabilidade - II Onda Cabo Verde

FIAS, World Bank Group (2007), Moving Toward Competitiveness: A Value Chain Approach

FIAS, World Bank Group (2006), The Tourism Sector in Mozam-bique: A Value Chain Analysis Government Program, 2011-2016

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Observatório do Turismo de Cabo Verde (2010), Estudo dos Merca-dos Emissores

OECD (2007), Enhancing the Role of SMEs in Global Value Chains

Porter, M. (1985), Competitive Advantage

UNWTO (2009), Roadmap for Recovery

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NOTAS

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NOTAS

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TOURISM

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