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CONQUISTANDOO

INFINITO

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-Prólogo-

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-Prólogo-

Muitas das vezes, pensando em como mudar a nossa história, pensamos em um corte

novo de cabelo, em comprar novas roupas, em pintar nossas unhas, mudar a cor do

nosso carro, por vezes, achamos que essas coisas, de algum modo, são importantes para

nós. Pensamos que talvez, fazendo isso, traríamos algo de novo na nossa vida, mas mal

sabemos, que essas coisas, tão simples ou tão importante para algumas pessoas, são

apenas detalhes, são como contornos, são como enfeites. A vida não é mudada como

realmente queríamos, mas não porque esses detalhes fazem alguma diferença, mas é

porque, na verdade, não queremos que a vida mude de verdade, apenas queremos que

seja uma mudança temporária.

E você talvez esteja me perguntando:

“Mas....afinal.... quando mesmo que acontece uma mudança?! .”

E eu sei a resposta:

Quando algo acontece que você não espera. Ou, quando a vida te faz uma surpresa.

Eu te pergunto:

Se a vida agora, nesse exato momento, te fizer uma surpresa, será mesmo que você iria

gostar?!

Eu aposto que não, porque as surpresas, são sempre vindas quando não esperamos por

ela, e quando não queremos elas, não podemos controla-las, não podemos fabrica-las,

não podemos muda-las, a vida não é como um quadro, que decidimos qual cor de tinta

usar, ela simplesmente vem, pinta, e faz com que você mude a forma de enxergar o

quadro. Poético não?! Pois é, eu aprendi de uma forma bem dolorosa, que a vida tem os

seus meios de pintar os seus quadros, mas no final, eu pude ver que nem se eu fosse a

mais expert em arte, eu conseguiria pintar uma obra tão bela quanto a que a vida me

deu.

Eu sei que talvez, não seja o lado certo de se contar uma história, mas a minha história,

não é igual a todas as outras, e o meu romance, não se chega nem perto do romance que

existe por aí, e eu acho que, essa é a melhor forma de contar a minha história.

Quer um conselho?!

Não importa o que eu contar aqui, saiba que, eu mereci por tudo que eu vivi, não por

ser uma má pessoa, mas porque, eu merecia estar completa, eu merecia estar cheia, eu

merecia ser uma pessoa realizada, e só consegui.....depois de um acidente. Não precisam

ter pena de mim, eu sobrevivi, para contar essa bela história, de uma forma que (eu

espero), conquiste o seu coração, mas principalmente, faça com que você ........

Conquiste o seu Infinito.

Com Amor,

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Olívia Cooper.

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Capitulo Um : " O Acidente ."

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Ola....eu sou Olivia Cooper, tenho 26 anos, e estou com uma baita dor de cabeça....

O que houve comigo?!

Bem, eu também não sei direito......

Me lembro de estar acordando cedo, tomando o meu café da manhã, indo ao júri, assinando algumas

papeladas, saindo mais cedo, almoçando com o meu noivo Jake, e, e indo provar o tão sonhado vestido

de noiva.

O resto é tudo um borrão para mim.......

O que eu sinto?!......

Bem, eu só consigo sentir frio..... será que estou no céu?!......

Dizem que o céu é gelado porque é nas nuvens......

Bobagem...... mas será que não é tão bobo assim?!.......

Mas no céu é tudo escuro?!.... Porque não acendem a luz aqui?.....

onde eu estou?!.....onde que eu estou?!.....

- Sra?! Moça?! Consegue me ouvir?! - uma voz masculina veio com clareza nos meus ouvidos.

- Sim?! ..... SIM?!?!! O QUE HOUVE?! ONDE EU ESTOU?! PORQUE ESTÁ TUDO ESCURO?! -

perguntei desesperada.

- Jovem......- Falou a voz calma e mansa. - Se acalma!.... Você sente alguma dor?! Alguma coisa?! -

perguntou a voz masculina e eu senti o seu toque.

-Ah....não sei.....eu não sei se est... AI! - a dor veio com tudo na cabeça e no corpo - dor. eu sinto dor....

-falei sentindo aquela dor horrível em todos os lugares possíveis.

- Dor?! Onde?! Pode me dizer?! - falou a voz preocupada.

- Nas pernas.... aqui na minha cintura - indiquei apertando na minha cintura - minha cabeça.... -

pisquei fortemente e então como um estalo de idéia eu disse:- Moço?! Porque está Escuro ?! E o que

aconteceu?! - perguntei sem entender nada.

- você sofreu um acidente. Mas ficará tudo bem.... Como se chama?! - perguntou a voz.

- Olívia...... Me chamo Olívia Cooper. - falei respirando forte e rapidamente.

- Por favor, se acalme, vamos te levar para a maca e estará em segurança. Mas, por favor, permaneca

calma e tranquila, em breve estará melhor. Não durma, está bem Olívia?! Fique comigo, e não durma.

- falou a voz masculina afirmando.

Como posso dormir, sabendo que sofri um acidente?! E como ele pode me dizer que é pra manter a

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calma nessa escuridão?!

Não dá. É impossível ! .

Eu só queria saber o que está acontecendo, e porque não estou a caminho de casa. Isso não é certo,

porque ninguém me explica exatamente o que está acontecendo?!

-Injetando Epinefrina. - Falou novamente a voz masculina.- Ela vai apagar daqui a pouco. - e eu senti

um líquido quente e sono muito sono.

E eu apaguei.....Não senti mais nada..... Não vi mais nada.

- Sra Cooper?!..... A Sra está se sentindo bem?! - falou uma voz masculina diferente da que eu ouvi.

- Sim......onde eu estou?! - perguntei ainda meia tonta e confusa.

- No hospital Sra Cooper,A Sra está no hospital. poderia me passar um número para contato da sua

familia? - Perguntou o Doutor.

- Claro,claro. - passei o número dos meus pais, do meu noivo. - e o Doutor me olhou e falou: - a Sra

tem alguma pergunta?! - falou ele.

- Todas. O que aconteceu?! - perguntei ainda meia tonta.

- você sofreu um acidente Olívia. - falou ele.

- Como? - falei suspirando.

- Um caminhão.....quando você estava atravessando acabou dando a ré, e acertou você. - ele parecia

estar com dificuldade para falar, mas continuou : - o vapor quente foi direto para o seu rosto. - falou

ele.

- E o que eu quebrei? - perguntei para ele.

Ele suspirou e falou:

- Sua perna....suas costelas..... e.......- ele parou , fechou os olhos e disse: - você está cega Olívia. - Falou

o doutor respirando fundo como se um peso saisse de suas costas.

Meu coração acelerado, parou de bater.... cega?! .....eu estava cega?!. Eu engoli a seco, respirei, deve

ter alguma coisa para mudar, para minha visão voltar. Então perguntei com medo:

- E minha visão não tem recuperação?! - perguntei temerosa.

- Infelizmente não, é irreversível. - ele me falou com uma voz de pena e concluiu :- O vapor quente do

escapamento queimou as suas retinas. Infelizmente, não há nada que possamos fazer, sinto muito. -

falou ele.

- Oh meu Deus! E minha família já sabe?! - perguntei finalmente me lembrando da minha familia, do

meu noivo. .

- não,ainda não. Mas vamos contactá-los ..... - falou ele. - por hora, descansa está bem?! Faremos todo

o procedimento, e em breve, estará melhor. - falou ele, eu concordei com a cabeça e ele e saiu.

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Me deixou ali sozinha..... ali com os meus pensamentos.....

E agora?! Estou cega....certamente sem emprego. minha vida acabou!

eu não sei o que fazer mais......não sei como reagir..... não sei como vou fazer.... o que fazer.

E agora?!

Só me restava adiar meu casamento, os meus casos recentes, adiar tudo, exatamente tudo.

Eu realmente não sei o que vou fazer..... preciso planejar e reorganizar tanta coisa mas tanta coisa!,

tanta coisa que...... Como vou fazer tudo isso estando cega?!......

Oh céus! Eu estou cega!.....

Não acredito!............

Totalmente cega!.....

Eu.....eu........ Eu nunca vou ver o rosto dos meus amigos outra vez......Nunca verei mais o rosto dos

meus familiares...... nunca mais vou ver TV.......nunca mais vou saber como é um sorvete......a Torre

Eiffel.....nunca mais vou ver o rosto do meu noivo outra vez.....

E agora?! O que será de mim?!.

Porque isso tinha que acontecer justo comigo?! Justo comigo!.

Com a mente cheia, e até mesmoo confusa, eu senti um sono vindo, eu estava tão cansada....Fechei os

olhos.....Apaguei...... Adormeci. E só fui acordar, quando uma voz me chamou.

- Liv?!..... Filha?!... - falou minha mãe segurando no meu punho e fazendo carinho.

- Mãe?!.....é a Sra?! - perguntei ainda sonolenta.

- Sou eu minha filha, sou eu. - ela falou com uma voz doce -Como você está?!..... Fala pra mamãe. -

falou minha mãe me beijando.

Eu pude sentir o seu perfume doce me abraçando.

- estou mãe, agora estou segura. - falei com os olhos cheios de lágrimas.

- Oh minha filha!....o que o médico falou?! - falou ela preocupada.

Eu engoli a seco, não conseguia raciocinar direito,e, nem saberia como dizer aquilo para ela, mas, eu

tinha que dizer..... respirei fundo e segurei a sua mão e então falei:

- mãe...... eu quebrei duas costelas..... a minha perna ....e estou......estou cega. - falei e cobri o rosto com

as duas mãos e chorei.

Minha mãe ficou sem respirar, ela transmitia pelo corpo increduidade, ela ficou em silencio, sem

saber exatamente se havia entendido direito. Eu não a culpo, nem eu havia entendido direito. mas,

depois de algum tempo, eu ouvi seu suspiro,então escutei ela chorando, e saber que ela chorava, partia

o meu coração, e comecei a chorar também. Ela fez barulho de estar enxugando as lágrimas e falou:

- oh minha filha.....- e me abraçou - tudo vai ficar bem, você vai ver. Tudo vai dar certo, nós vamos

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superar e dar um jeito nisso, você vai ver, vamos dar um jeito nisso. - falou ela com voz de choro.

E eu agradeci a Deus por te-la do meu lado. Suspirando aliviada por ter contado a ela, eu fiz a

pergunta que também estava me matando:

- E Jake?! Onde ele está ?! Onde ele está?! Ele já sabe?! - falei com esperança.

Ela respirou fundo e disse:

- bem, eu não sei filha, ele disse que vai tentar passar aqui. Não se preocupa isso agora tá bem?

Precisa se recuperar. - ela beijou minha testa.

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Capitulo Dois : " O Meu Noivo Jake ."

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Eu nunca imaginei que um dia isso iria acontecer, estar cega, ser atropelada, estar

passando por um momento delicado, e hoje, recebi a notícia de que terei que fazer uma

cirurgia.

Inspirador não é mesmo?.....

Nem me fale! .......

A melhor parte foi a visita que eu tive foi esta manhã, Jake, o meu noivo, finalmente veio

me visitar depois de quase 4 dias depois do meu acidente, e vê-lo era exatamente tudo

para mim, confortava ao máximo o meu coração, e eu só quis beijá-lo e abraçá-lo, mesmo

que eu não pudesse vê-lo. Meu coração acelerou assim quando eu senti o perfume dele, e

o meu sorriso invadiu o meu rosto, assim que eu ouvi o som da porta abrindo, e a

enfermeira anunciando o seu nome. Eu pensei: “ Finalmente, o meu amor veio me ver, e

com certeza, ele estaria com um baita buquê de flores e iria dizer que tudo ficaria bem, e

que daríamos um jeito de resolver tudo e até quem sabe, não adiantarmos o nosso

casamento porque, o amor supera tudo não é mesmo?. “

Ah!!!.... como que eu gostaria que isso fosse verdade, e que, não era apenas ilusão minha,

e que, ele realmente falaria aquilo, mas não foi bem assim... não mesmo…...de jeito

nenhum.

Eu senti a sua presença entrando no quarto, e tocando na minha perna, e depois de um

silencio estranho, eu disse:

- Amor!!! Que bom que você está aqui! - falei sorrindo e eu sabia que ele estava sorrindo

também, mas a respiração profunda, me provou que ele estava totalmente desconfortável

e que eu estava errada.

-Oi meu amor.....Como você..... está? - ele falou meio forçado, como se não soubesse o que

dizer.

-Bem…. agora eu estou bem. Com você aqui do meu lado, posso ficar tranquila. - Falei

sorrindo.

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Porque ele ainda não me beijou?! Será que eu estava com bafo? !

Vendo o silencio estranho entre nós, nem parecia que éramos noivos, aquilo de uma certa

forma me incomodou e eu rapidamente querendo quebrar o gelo, disse:

-Olha, eu sei que é muita coisa pra digerir, mas, vamos dar um jeito não é mesmo?

Entendo que você não veio me ver nesses dias, eu até compreendo. Comigo aqui nessa

cama e nesse hospital, não dá pra resolver as coisas do casamento, não é? - falei

rapidamente sem respirar e por fim respirei com uma certa dificuldade.

Eu então, ouvi o som da sua respiração profunda, como se ele estivesse unindo todas as

palavras na mente, e tentando economizar a sua respiração para elas, e quando, parecia

que ele tinha conseguido, ele falou:

-Olivia.....Olha, não estava lidando com as coisas do casamento tá legal?! - ele respirou

fundo e segurou a minha mão.

Finalmente ele me tocou... porque tinha demorado tanto?!.

Eu perdida, falei:

- Como assim Jake?..... Como assim?...... Do que....está falando? - questionei com um

aperto no coração e acelerado.

Ele suspirou, e eu sabia do que ele estava lidando, ele estava tentando arranjar uma

palavra certa para me dizer algo, alguma coisa estava incomodando-o. Ele parou, e então,

disse:

-eu precisei de um tempo.....com o seu acidente, eu…. eu….precisei de um tempo.....- ele

soltou da minha mão e virou de costas como se estava prestes a me dizer que minha mãe

estava morta.

-Tempo?!.... Você precisou de tempo?.... Para que? - cutuquei, se ele tiver que me dizer

algo, que me diga, não gosto de enrolações.

De repente, eu escutei uns passos, vindo da minha direção até a ponta da cama, ele estava

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muito tenso, nervoso, ele realmente não estava brincando. Até que os passos pararam, e

ele então respirou com uma certa irritação.

- Não sei…. não posso dizer isso…..vou parecer um inútil….um babaca…..um….um….

imbecil! - Falou ele bufando e eu escutei os passos acabarem.

- Sabe que pode me falar o que for, você sabe disso Jake, então ande, fale! - Eu falei e o

meu coração do nada começou a acelerar e a desacelerar.

- NÃO POSSO CASAR COM UMA CEGA! O QUE VAI SER DE MIM!!! - Ele gritou e

eu me assustei e o mix de sensação foi indescritível.

Medo...Tensão..... tristeza.....decepção..... Eu simplesmente não compreendi o que ele

havia dito direito, será que era realmente aquilo?! . Então eu, com voz baixa e rouca

perguntei:

- O que..... O que você disse Jake?! - falei sem nem acreditar.

Meu coração foi acelerando, e eu realmente não havia entendido direito. Ele realmente

havia dito aquilo?!

Jake respirou com uma respiração de cansaço, eu não podia ver, mas eu podia sentir, e

com uma voz rouca, quase sumindo, ele disse:

- Olívia você é maravilhosa ,perfeita ,carismática ,doce ,uma mulher incrível..... - meus

pensamentos interromperam de escutar mais o restante, mas eu fiz força para me

concentrar.

Pelo menos, eu tinha o reconhecimento, mas, precisei colocar a minha atenção no que ele

estava me dizendo. E então, ele continuou a falar:

-......uma mulher forte, uma mulher perfeita para mim. Mas o erro….o erro está em

mim......Não posso me casar com uma cega, é muito pesado, é muito fardo para mim!.....

Eu abri a boca chocada, o meu chão tinha sumido, então era isso, ele me via como um

fardo. Ele parou de falar, e fez um barulho muito esquisito, e então ele disse:

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-Será que você consegue entender?... Por favor..... não há nada de errado com você.....

Meu coração começou a acelerar, meu sangue começou a esquentar, o homem da minha

vida, estava agindo como um tremendo idiota, me tratando mal....

Ele continuou: -........você é realmente perfeita, mas eu realmente não posso ficar com

você.... com um fardo tão pesado quanto esse...... - falou ele e eu parei por um segundo

pra processar e ele ficou em silencio, talvez, esperando que eu berrasse com ele.

Mas a verdade, é que eu estava em choque! , não tinha outro sentimento melhor do que

esse, puro e tremendo choque!...

Mas eu não fiz nada, não falei nada, apenas fiquei em silencio, era muita decepção para

mim. Eu não estava acreditando no que estava acontecendo, no que ele estava me falando,

e então eu fiz uma pergunta com a voz mais envergonhada possível:

- Você acha mesmo que você tem problemas?.... , acha mesmo que eu sou o fardo?.... -

Meus olhos se encheram de lágrimas, mas eu continuei: -Quem é o fardo é você!...

egoísta!.... Mesquinha! ...Preconceituoso!... Nojento!.... Não é obrigado a ficar comigo, e

não venha com esse papinho....- ele fez um barulho de respiração , de estar surpreso e eu

falei interrompendo o que possivelmente seria uma justificativa. -Só…. só vai embora! -

falei com o coração apertado.

Eu não escutei barulho de porta, ou de passos, ele ainda estava lá,e falou com voz calma:

- Olívia.... olha... não me leve a mal….eu….eu…. não posso assumir algo que não vou dar

conta entende? - ele falou novamente tentando se justificar.

O meu sangue ferveu e eu perdi a acalma:

- E EU NÃO ESTOU PEDINDO PARA QUE VOÇE FAÇA ISSO...APENAS VAI

EMBORA...... VAI! - Gritei e eu ouvi ele abrindo a porta e disse:

- Eu sinto muito Olívia, eu sinto muito. - e fechou a porta.

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Eu podia ouvir as batidas do meu coração, podia ouvir na minha boca, podia

simplesmente arrancar pela boca se eu abrisse ela, pelo menos, eu não sentiria mais dor,

essa dor, essa sensação de ser inútil, essa sensação de traição, de nojo, de vergonha, de ser

descartada como se eu não fosse nada, como se o que eu sentisse nesse exato momento não

valesse, como se, por mais duro que fosse, eu precisava me permanecer em pé, firme

porque, eu merecia aquilo. E não bastasse os olhos inúteis que eu tinha no momento, eu

estava de pé, e procurando por esperança e amor, e vem um idiota como esse me

chamando de fardo.

Fardo………

Me desmanchei …...cai em lágrimas…. Não consegui conter…..não consegui

segurar…..eu era isso….. exatamente isso…... um fardo pesado e inútil…...eu….. era

exatamente isso que eu era.

Alguém bateu na porta, e eu não consegui segurar, só sabia chorar e quando percebi que

era a minha mãe, foi quando eu me desmanchei mais ainda, minha mãe sempre foi o meu

porto seguro, eu só tinha ela e ela só tinha eu, e quando fui para a faculdade de Direito,

mesmo longe dela, ela sempre esteve presente comigo, e até me ajudando no pouco que

ela sabia sobre o tema do mês. Ela se aproximou de mim, e então, disse com voz doce:

- ei minha filha…..o que houve?.... Porque Jake saiu daqui tão.... atordoado? - Ela

Perguntou confusa e preocupada com o meu estado.

Eu só conseguia chorar, e ela falou ainda mais preocupada:

-Filha..... o que.....aconteceu?!..... Conta pra mamãe. - falou ela e eu senti o seu toque em

minha cabeça, e soluçando eu falei:

- Acabou mãe.....ele terminou comigo. E ainda……- falei sem conseguir dizer - e

ainda....me chamou de fardo - e eu deitei no seu colo e ficamos ali juntas, e eu senti o

quentor das suas lágrimas, ela estava chorando comigo e parecia que ela sentia a minha

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dor.

E quando eu acalmei um pouco de chorar, ela falou com doçura:

- Ei….eu …..eu sinto muito minha pequena..... eu realmente sinto muito. Escuta…. você

não é um fardo, eu amo você e vou sempre cuidar de você!.... - eu abaixei a cabeça e ela

segurou no meu queixo e ela disse: -Ei...Olívia…. Olhe para mim ….- ela segurou firme

me forçando a olhar para ela. -Você não é inútil! Dará a volta por cima ainda! Você vai

ver! - falou ela e eu a abracei.

Por mais que as palavras dela fosse as palavras mais sinceras do mundo, eu realmente

não acreditava naquilo, não porque eu achava que minha mãe era mentirosa, mas, porque

a dor era maior do que qualquer realidade, a dor era maior do que qualquer verdade

naquele momento, eu me sentia usada, iludida, sacaneada.

Jake levou o meu coração, e o acidente me levou os olhos.

Bem justo, não é?.....

Eu só conseguia sentir o fracasso, e a dor era bem parecida com a dor da morte do meu

pai, existem algumas dores que levam uma parte de nós, não um dedo, uma perna, ou

algo do gênero, não, claro que não. Mas, algumas dores levam partes de nós que não tem

como recuperar, você pode tentar, mas não vai conseguir, porque simplesmente, a outra

parte ficou com a pessoa que arrancou. E nesse exato momento, meu pai levou uma parte

de mim há 2 anos quando ele morreu, e hoje, Jake levou a outra, sem nem se importar se

eu ficaria com alguma parte, ele simplesmente optou por ir embora e levar consigo a

minha parte e provavelmente dar para outra pessoa, a parte do meu coração.

Eu conheci Jake na faculdade, no começo ele era apenas um garoto de cidade grande, que

tinha belos olhos azuis, e eu, era uma garota nova e ingênua de cidade pequena, que nunca

havia ido sozinha comprar um pão. Ele, um garoto descolado e muito esperto, eu uma

boba apaixonada que assistia filmes e séries clichês de romance, do tipo Crepúsculo, bobo

não?!

Mas essa era eu, uma garota nova, boba, e fácil de cair em ladainha como a dele, e de fato,

eu caí. Jake fez o seu primeiro trabalho comigo, a garota nova, e para variar, eu fiz o

trabalho todo sozinha, e no final, quando fui entregar no Campus para ele, ele me beijou

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como "Forma de agradecimento.", e desde então, não paramos por um minuto. Jake era

do tipo que, se importava com a reputação dele, mas isso nunca foi motivo para nos

separarmos, ele aprendeu a lidar comigo, e eu, a lidar com ele e honestamente tudo estava

perfeitamente bem, o nosso namoro durou até o final da faculdade e noivamos logo que

entramos no primeiro emprego recém formados. Cheios de planos, sonhos, realizações,

projetos, essa era a nossa mente, queríamos criar “uma grande casa, com uma grande

variedade de assuntos da Lei, e sermos felizes.”

O.K! Não vou negar que não pensei no "Para Sempre.", mas neste momento, seria muito

idiota da minha parte de compartilhar esse sentimento, mas eu senti, não posso fingir que

não pensei sobre.

E agora?

Tudo está perdido, meu casamento se foi, o meu projeto de foi, meus olhos se foram, eu

realmente não sei o que fazer, e como recomeçar, eu realmente não tenho escolha,

nenhuma escolha. Eu estava no fundo do poço, o ápice da minha vida e juventude, tudo

jogado no lixo, tanto esforço trabalhando como garçonete e agora isso, estou aqui,

destruída, por fora, e por dentro,......Belo Acidente!,.....Bela vida a minha!

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Capitulo Três : "Mantenha a Calma ."

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O meu estomago estava roncando, eu estava com fome, a enfermeira havia me dito que,

se eu estivesse com fome, teria um telefone que bastasse eu tocar no botão, que a comida

chegaria. Então, suspirando, estiquei a mão e senti o telefone e toquei no botão. A

enfermeira logo veio minutos atrás, ela disse que estava trazendo uma comida em uma

bandeja e também um suco de laranja, ela me indicou o garfo, e me auxiliou a comer,

assim que eu comi tudo, a enfermeira saiu e disse que a minha mãe estava chegando e

fiquei emocionada.

Havia uma semana que eu estava internada, uma semana que eu tinha sofrido o

acidente, o tempo estava passando muito rápido, e eu estava destruída por dentro, e a

cada minuto e hora que se passava eu achava que não tinha mais jeito para mim,

achava que ficaria dependente dos meus pais para sempre, e vida social, e vida

independente eu nunca mais teria, porque, como que eu iria fazer para sair e trabalhar

se eu não conseguia enxergar? Aquilo me angustiava por dentro, e me deixava

totalmente desmotivada. O Doutor disse que, em breve, eu faria uma cirurgia, e dentro

de mim estava uma verdadeira bagunça de emoção, era tristeza, mágoa, solidão,

cansaço, dor, e a sensação de ser incapaz.

Era horrível...

* Dia da Cirurgia *

Eu estava tensa, vez ou outra oscilava em lágrimas e pessimismo, mas em outros

momentos eu estava ansiosa e até que bem. Era muito difícil manter o controle das

emoções, nessas horas, tudo fica bem sensível, e as emoções ficam oscilando entre

pensamentos bons e ruins, entre tristeza e esperança, porém, isso não tinha nenhum

problema, o médico havia dito que era comum, aceitar essa nova condição era

fundamental no momento, mas na teoria era muito fácil ele falar, mas na prática já não

era tão fácil assim.

Ouvi o som da porta se abrindo, era o médico, ele se identifica antes de entrar, e se

aproximando da minha cama, ele fez um carinho na minha perna, e eu sorri. Ele se

aproximou e disse:

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- Olívia, sua cirurgia vai começar daqui a 15 minutos, nós vamos te levar para a sala

pré-operatória, não se preocupe que tudo já está programado. - falou ele com voz

mansa.

Era verdade, eu sabia que esse hospital daria conta do recado, mas a preocupação de

algo piorar ao invés de melhorar era grande, com medo, eu fiz a pergunta receosa:

- Vai doer?! - perguntei com medo.

O Doutor segurou na minha mão, e disse com a voz mais calma que eu já havia ouvido:

- Não, você vai estar sedada, não vai sentir absolutamente nada. - falou ele. - Vamos te

buscar, já já. - falou ele docemente.

E aquilo acalmou o meu coração, se o médico disse que tudo ficará bem, é porque

realmente iria ficar. Eu respirei profundamente e disse:

- Tudo bem…. tudo bem.. sem problemas. - Falei e sorri fraquinho.

"tudo bem", é o que eu sempre falo para mim mesma ultimamente:

"Calma Olívia, Tudo vai ficar bem.",

"Aguenta firme, só mais um dia, só mais um pouquinho, aguenta firme só mais um

pouquinho.",

E na verdade, é uma baita mentira!.

Enquanto digo para mim mesma que tudo vai ficar bem, as coisas desmoronam dentro

de mim, mas eu tenho que ficar bem, tenho que aguentar firme, porque é só uma fase

ruim e ela vai passar.

Ela tem que passar.

Ela precisa passar.

A enfermeira chegou, e me disse como seria o procedimento, que, eu iria ser levada para

o andar de cima de elevador, e nem precisaria me mover, mas que, faria um certo

barulho e possivelmente um enjoo mas que, aquilo era normal. Ela então, aos poucos,

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foi me dizendo o que estava fazendo:

-Vou soltar sua cama......- e eu senti ela destravando a cama embaixo do meu corpo. -

Agora, vou pegar o soro - e senti algo puxar o meu braço. - E agora sim, vou te conduzir

até o elevador. Está pronta?! - falou ela meigamente.

Eu concordei com a cabeça.

Eu então, senti a cama ser empurrada para frente, a sensação era muito esquisita, eu

sentia que havia luzes ali, eu podia sentir a presença dela. Eu ouvi o som da porta se

abrindo, e a maca fazia um barulho de rodinha de carrinho de criança, ela foi me

narrando cada passo que ela fazia:

-Estamos indo para a entrada do elevador. - falou ela para mim e eu senti a atmosfera

mudar, não era mais o meu quarto, não sei que lugar era aquele, mas o meu quarto com

certeza não era mais. - Agora, vou apertar o botão para chamar o elevador, quando

entrarmos, eu vou ter que te empurrar com força, vai sentir um leve tranco,mas nada

além disso, não se preocupe, é normal. - falou ela ainda sendo meiga.

Eu novamente concordei, mas estava nervosa, a cada minuto que se passava, eu ficava

mais e mais nervosa.

Eu ouvi o som do elevador chegar, era comoo um sino pequeno tocando, ela então,

empurrou a maca e eu senti o tranco, rapidamente, eu segurei na lateral da cama, e ela

disse:

-Prontinho...Já estamos dentro do elevador. - falou ela calmamente.

Assim que o elevador subiu, de fundo, tocou uma música calma e lenta, e aquilo, acabou

me acalmando um pouco.

O elevador então, fez novamente o mesmo barulho do sino tocando, e ouvi a porta se

abrindo, e novamente veio o tranco, eu grunhi e ela preocupada disse:

-Está tudo bem?! - ela falou encostando com a mão no meu ombro.

E eu assenti.

Ela então, continuou narrando os seus procedimentos, como se eu fosse uma aprendiz, e

ela a mesre.

-Agora, você está no corredor pré-operatório, vou te conduzir a sala, vou te instalar lá, e

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esperará pela cirurgia. É igual ao seu quarto, só que um pouco menor, qualquer coisa,

pode apertar o botão que alguma enfermeira do andar virá de socorrer, Está bem?! -

perguntou ela e eu concordei.

Eu estava tensa, minha mãe não estava do meu lado, segurando a minha mão, era tão

bom que ela estivesse ali junto comigo. Eu iria fazer duas operações ao mesmo tempo,

da perna e das costelas, e para mim, eu realmente não me importava em me

remendarem, porque, eles não podiam consertar os meus olhos, então, essa cirurgia era

o máximo que eles podiam fazer por mim.

O "Máximo".....

Da para acreditar? Em um dia estava vestindo o meu vestido de noiva, e no outro eu

estava toda quebrada e cega em uma cama, é inacreditável o que houve comigo, como

eu simplesmente podia ter feito isso comigo?! Será que eu não vi o caminhão? Não olhei

para os dois lados? Será que eu não sei como atravessar a rua? Como pude ser tão

estúpida?!........

Calma Olívia, calma.........

Tudo vai ficar bem, mantenha a calma.

Eu só queria voltar para a minha vida normal, eu só queria estar casando nesse exato

momento, eu não queria estar aqui, não quero fazer nada, eu só quero encontrar o meu

caminho, fazer a minha história....

Porque a vida estava me fazendo aquilo?

Eu era uma má pessoa?

O que eu fiz de errado?...

*Após 15 minutos *

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A enfermeira bateu na porta e disse:

-Olivia?!.... Está na hora. Vou aplicar um medicamento para você dormir está bem?!....

Quando acordar, estará feita a sua cirurgia. Tudo bem? - falou ela docemente e eu senti

sua presença.

Ela então, segurou no meu braço, e disse:

-Estou injetando o medicamento.... - e não senti mais nada.

Apenas o frio me encontrando e me abraçando, como um amigo antigo e esperançoso a

me encontrar, eu senti sono, e então, apaguei, dormi, e tive o sonho mais sem noção.

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Capitulo Quatro : "Um Convite

Especial ."

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Eu só ouvia o meu coração, calmo, tranquilo, sereno....

Fazia pouco tempo que não ouvia o meu coração assim, calmo, sem agitação, e o mais

engraçado, sem dor.

Era incrível, ficar um minuto sem dor, e sem pensamentos atordoados era mágico, eu podia

ficar assim para sempre, e não estou totalmente morta, ainda estou viva, mas não vou sentir

dor, não vou ter que resolver problemas, não ser cega e um verdadeiro fardo para muitos ou

para todos.

Eu nunca estive em conflito antes, nunca tive esses pensamentos antes, sempre fui uma

garota controlada, forte, inteligente, nunca hesitei em responder e em ser eu mesma, nunca

pensei que com os meus 26 anos eu teria conflitos tão intensos e tão angustiantes como estou

tendo agora, parece que eu não sei de nada, parece que eu nunca vi nada, parece que eu

nunca vivi, passei a viver somente agora.

Como se eu estivesse acordando de um sono profundo, eu abri os olhos, nada.... escuridão.

Havia me esquecido que eu estava cega, mas senti as emoções voltarem, e isso me fez ter a

certeza de que, eu estava acordada, e viva. Ainda com a sensação de ter os ouvidos tampados,

eu senti a presença de alguém ali comigo, e ao sentir um toque em minha mão, um toque

familiar, eu sabia de quem era.

-Querida está acordada? - falou minha mãe segurando a minha mão.

-Mãe? Estou. Como foi a cirurgia? tudo está de volta no lugar? - perguntei curiosa.

Minha mãe fez um som de risada e disse:

-Sim minha princesa, tudo está de volta no lugar. Colocaram as suas costelas de volta, e a

sua perna também. Vai ter que colocar o gesso, e aí, poderá voltar para casa. Não é incrível

filha? - ela falou com esperança.

eu parei, voltar para casa?

Assim?!.... Mas para fingir animação e que estava tudo bem, eu falei:

-É sim mãe, é sim. -eu sorri tentando manter a calma e fingir que aquelas palavras me

confortavam.

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-a enfermeira vai subir aqui pra te trazer o almoço, e você vai melhorar, em breve. - falou

ela com aquela voz com esperança.

Eu sorri fraco quando ela disse aquilo, não me imaginava voltar para casa naquele estagio.

E tentando esconder minhas emoções, eu perguntei:

-Demorou muito a minha cirurgia? - perguntei curiosa.

-não, somente 2 horas e meia. Achei que iria demorar mais. Você se saiu muito bem minha

querida, se comportou direitinho lá. E ainda por cima, sua costela está novinha em folha,

nem vai precisar fazer muita coisa. Agora, descansa, e relaxa, em breve, estaremos em casa.

- Falou ela fazendo carinho no meu cabelo.

Eu sorri.

Bateram na porta, minha mãe permitiu a entrada, a minha mãe avisou a mim que era o Dr

e ele entrou sorrindo, e o seu perfume masculino irradiou a sala, incrível como os meus

sentidos estavam aguçados. Eu senti o Dr se aproximar, e ele disse todo animado:

-e então? Como vai a nossa paciente preferida? - falou o Dr com um tom de voz animado.

Eu sorri, e disse:

-Ah! eu estou bem, acho que boa. Quando poderei ir para casa? - perguntei querendo

que a resposta fosse "Hoje mesmo." Mas ele não respondeu isso.

-Calma…. calma...parece que você acordou animada hein?!. -ele riu e eu sorri - veja

bem, voltará para casa em breve, inclusive - eu ouvi um som de papel e fique quieta, o Dr

então falou: - Nós aqui do hospital, temos um grupo de apoio a deficientes, e se, um dia

quiser aparecer, poderá ir. É a nossa convidada de honra. - ele falou sendo totalmente

honesto e verdadeiro, e eu pude sentir.

Minha mãe então, exclamando de felicidade disse:

-Filha! Isso é maravilhoso! Viu?! Um grupo de apoio, vai te ajudar muito. E como! -

falou minha mãe colocando as mãos no meu cabelo.

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Eu ainda não disse nada, e o Doutor complementou:

-Sim. E o melhor, temos projetos que vão incluir você no mercado de trabalho Olívia,

e, em faculdades, e até mesmo na sua carreira. O Estado simplesmente te apoia, e cobre

todos os gastos. Você só precisa ir. É no final do meu turno, mas no primeiro dia, posso te

acompanhar. Olhe, é as 22:00 horas, se você quiser ir, toca no telefone e eu te acompanho.

- falou o Dr vendo minha expressão vazia

De repente, eu senti que todos estavam me olhando, e eu soube que era hora de falar alguma

coisa a respeito:

-Ah…..ótimo. certo. Ahn….vou pensar sobre. - Sorri fraquinho e minha mãe colocou o papel

no meu colo.

O Doutor ficou em silencio, fez um barulho de confirmação, mas não me disse mais

nada e então, depois de um tempo de silencio ele se despediu e saiu pela porta. Quando a

porta se fechou, minha mãe me olhou, e então falou:

-filha….. você precisa ir. Precisa se reerguer. Sua cirurgia foi feita, e precisa fazer

algo para te ligar no mundo real, na vida real. Isso não é justo Olívia, não é justo consigo

mesma. - falou ela falando com uma voz que eu sabia que era meiga, e quase uma súplica,

e imaginei como estaria a sua expressão agora: Sobrancelhas erguidas, boca fina e os olhos

fixos em mim.

Eu suspirei, e então, falei com toda a sinceridade do mundo:

-Mãe, não acho que eu esteja pronta para isso ainda, eu nem me recuperei da perna e agora,

vou simplesmente em um grupo de apoio?! - falei e pareci uma criança negando o xarope.

Minha mãe suspirou meia tensa, e disse:

-Porque não tenta?, Só vai para visitar. Sem compromisso. Vê o que eles dizem, e como

trabalham, e então, se não gostar pode desistir. - falou ela sugerindo e olhando a minha

expressão ela continuou: - mas por favor, prometa que vai, pelo menos conhecer, faz esse

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esforço por mim? - falou ela com um Jeitinho doce e amável, e uma voz fininha.

Eu bufei, não podia negar um pedido desse nível, e então com muita teimosia falei:

- tudo bem, eu vou. Fale pro Doutor, eu….ahn…..eu vou. - falei sem nenhum ânimo.

Minha mãe bateu palmas alegre.

E de repente, eu comecei a pensar: ir para um grupo para cegos era muita piada, não

bastasse a péssima situação de eu estar simplesmente em um hospital, e de tudo ter

acontecido comigo, eu ainda ir a um grupo de apoio?. Não havia engolido muito bem, mas

quando o Doutor citou sobre emprego, aquilo me deu esperança e eu até passei a bolar um

plano.

O plano era o seguinte: eu vou lá, finjo estar interessada, aí então, faço o que eu tiver que

fazer para agir na minha área.....

E tcharam!

Abandono eles logo na primeira oportunidade.

Eu preciso de uma direção, e não ficar grudada com alguém o tempo todo me dizendo o que

preciso fazer, esse era o melhor plano de todos.

Minha mãe, falou que ia apertar o botão no telefone para chamar o Doutor, e eu sabia que

ela já tinha feito aquilo, não perderia o tempo, ainda existia a chance de eu mudar de ideia.

Rapidamente, houve uma batida na porta, e ela foi logo dizendo “Entre”, e eu ouvi a porta

se abrir, ouvi passos de alguem se aproximando e o perfume masculino veio inundar o

quarto:

-Alguém me chamou? Está tudo bem? - falou o Dr preocupado.

-Liv, conte a sua decisão. - falou minha mãe e beijou a minha testa e disse: - Preciso ir agora,

mas, por favor, não parem de conversar. Volto amanhã amor, Bom Descanso. - e ela saiu de

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fininho.

E qual a parte de "Ela vai contar.", Que ela não entendeu?

O silencio pairou sobre nós, e então, ele quebrou:

-E então? Qual sua decisão? - perguntou ele curioso.

Respirei fundo e então falei:

-Eu vou nesse grupo de apoio, apenas para conhecer. - Falei levantando as mãos como uma

forma de proteção.

O Doutor deu uma risada enérgica e disse:

-Tudo bem, tudo bem. Apenas para conhecer. Venho no seu quarto te buscar com a cadeira

de rodas, as 22 horas, não vão se importar com atrasos. Vai por mim! - ele sorriu e eu sorri

de volta - fez uma excelente escolha Olívia, você vai ver. Vão te ajudar muito, tanto

emocionalmente, quanto em todas as outras áreas. - falou ele segurando na minha mão com

delicadeza.

Rapidamente, eu falei:

-Como o Sr sabe disso? E se não for mais um marketing do governo, ou do Estado? - falei

sendo bem desafiadora.

Ele tossiu fraco e foi ouvi passos por perto da minha cama:

-Minha esposa..... - falou ele e eu o interrompi:

-O que tem ela? - falei curiosa demais para esperar ele terminar..

-ela sofreu um acidente terrível....Houve um incêndio na nossa casa, e ela ficou trancada no

banheiro, quando ela finalmente saiu do banheiro, ela passou pela cozinha da casa, o fogão

explodiu e queimou o corpo dela. E não bastasse isso, a cegou. Minha esposa, muito fraca e

com 70% do corpo queimado, veio para esse hospital, e então, com muita luta e perseverança

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e muito tratamento, minha esposa se recuperou. Porém……- ele hesitou e eu sabia o que

vinha depois daquilo.

-A visão dela…..ela ficou cega. - falei meio com receio de dizer.

Ele suspirou, e disse:

-sim, Ela ficou cega. Para ela foi o pior dia da sua vida, cega, machucada e toda remendada,

ela não sabia mais o que fazer naquela condição, até que ela teve uma brilhante ideia, criar

um grupo de apoio para os deficientes, primeiro foram os visuais, e depois foram chegando

diversos e diversos tipos de deficientes, foi a coisa mais linda que eu já vi. - falou ele que

parecia emocionado, sua voz, emitia emoção.

Eu suspirei, e falei baixinho:

-Sinto muito pelo acidente com a sua esposa Doutor. Foi realmente muito trágico o que

houve com ela. E hoje?... Como ela está? - perguntei curiosa.

Ele falou rapidamente, como se fosse um machucado sendo limpo.

-Morta. - ele parou e o clima ficou meio estranho, pesado.

Meu coração acelerou, e então, eu falei com uma tristeza absurda:

-Aí meu Deus! - coloquei a mão na boca: -….ela morreu….- tentei perguntar se ela havia

morrido por conta de algo relacionado a queimadura ou a visão, mas, ele me deu uma

resposta mais incrível ainda e totalmente inesperada.

-Não, não..... - ele disse sério - ela morreu de câncer, no cérebro. Ela escondeu de todos nós.

- ele falou baixinho. - mas foi um grande exemplo para todos e o grupo seguiu firme e forte,

liderado pelo mais antigo depois dela. O que estou dizendo Olívia, é que mesmo com todas

as chances sendo nulas, você não pode parar. Em nenhum momento, minha esposa, nunca

desistiu de tentar, de lutar, de se empenhar. E se, certamente ela tivesse me contado do

câncer….. - ele parou, respirou fundo e disse: - Eu a abraçaria e diria que ela não sabe a

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força que ela tem. Dentro dela. E a força dela, ainda iria salvá-la daquele câncer. - ele falou

fazendo barulho de nariz escorrendo.

Eu sem jeito disse:

-eu nem sei o que dizer…..ahn….. o Sr ainda vai me pegar? -falei tentando mudar o

clima.

Eu fez um barulho de estar limpando o nariz e disse rapidamente:

-Claro, claro. - ele falou enxugando os olhos das lágrimas. - às 22 está bem? esteja

bonita. - falou ele tocando na minha mão e eu sorri.

-Obrigada doutor, mas mais bonita que isso eu não posso estar. - falei brincando e ele sorriu.

-Eu tenho certeza de que isso é um equívoco. Boa noite Olívia, durma bem. - ele então disse:

- Vou apagar as luzes. - e ouvi os seus passos até a porta, meu coração acelerou e eu disse

rapidamente:

-Doutor? - falei antes que ele fechasse a porta.

-Sim Olívia? - ele reabriu.

-Não me disse o dia do grupo. - sorri.

-Amanhã Olívia. É amanhã. - eu ouvi o som do interruptor sendo apertado e a porta se

fechando.

*Manhã Seguinte*

Não conseguia parar de pensar sobre o grupo, e a conversa com o Doutor na noite

interior, e, até o presente momento, meu humor era: felicidade e esperança, uma coisa que

eu não havia sentido fazia a muito tempo!.

Inclusive, eu até acredito que, era esse o sentimento que eu estava tendo quando sai do ateliê

e fui para a Avenida, que era o caminho mais próximo de minha casa, o humor eu me

lembro, mas o momento exato do acidente não, só me lembro de ver uma luz muito branca

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e sentir algo muito quente na minha cabeça, de resto, não me lembrava de mais nada. Além

claro, do meu humor, que hoje, está bem parecido com o meu humor no presente momento.

“Toc toc! “

Era a minha mãe batendo na porta pela manhã, e ela disse que estava trazendo uma bandeja

de Café da manhã caprichado, disse:

-Um passarinho de jaleco branco me contou que você aceitou conhecer o grupo de

apoio. Isso é verdade? - falou ela colocando a bandeja em uma mesinha embutida da cama

hospitalar.

-Ora ora…. esse pássaro é bem fofoqueiro né? - sorri animada.

Silêncio.

-Mãe? O que houve? O que eu falei? - falei rapidamente tentando localizar o meu

erro.

-É só que, é bom te ver sorrir! - ela falou toda emocionada.

-Oh meu Deus! Mãe, não me faça chorar. - Abracei ela e ela me abraçou novamente.

Enxugando as lágrimas, minha mãe tentou se recompor, ainda fazendo o barulho com

o nariz entupido, ela disse:

-Trouxe para você de casa, aquele suquinho natural de laranja que você tanto gosta.

E um sanduíche de mortadela e queijo, água, e um iogurte para você. O hospital não me

permitiu trazer o bolo de chocolate, estou brigando por isso. - Cochichou ela e eu sorri.

-Não tem problema, traz na bolsa. -eu brinquei e nós duas sorrimos.

Era bom ter essa sensação de esperança e felicidade e renovação, fazia dias que eu

não me sentia assim, e isso eu achava que iria demorar muito ou então que eu nunca faria.

Encarar a cegueira com um sorriso verdadeiro no rosto era a melhor coisa do mundo, e até

parecia um mero detalhe do acaso estar cega, eu realmente não me importava com o fato de

estar cega, e nada poderia estragar esse momento precioso!

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Eu realmente estava feliz.

Mesmo estando tão insegura…….

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Capitulo Cinco : "A Reunião ."

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*Na Outra Noite*

O Doutor bateu na minha porta era 22:00 horas como havíamos planejado, eu estava com

a roupa do hospital (não podia usar outra), e o Doutor falou que estava usando uma roupa

normal, ele disse que estava vestido de calça jeans escura, e um suéter azul escuro, eu

sorri e disse:

-Então, é assim que os médicos se vestem? - falei brincando.

E o doutor sorriu e retrucou:

-Você ainda não sabe como eles dormem. – e eu sorri e o Doutor também.

Após o momento de risadas ele limpou a garganta e disse: - E então? Como você está

diferente hoje, passou maquiagem?, essa roupa é nova? - falou ele brincando e eu falei

dando risada:

-Sim, a minha stylist enfermeira que me encomendou, veio lá da lavanderia do hospital.

Achei um charme - e eu sorri e eu ouvi sua risada também.

E eu senti sua presença mais perto de mim, e ele disse:

-Muito bem madame, vou te ajudar a se livrar daí, está bem? - ele falou ainda com um

tom divertido.

Eu sorri e falei:

-Existem pessoas que estão participando e que estão internadas? - perguntei e ele

pegou a minha perna ruim e eu coloquei logo em seguida, a perna boa no chão e senti o

frio do chão.

Ele falou com a maior naturalidade:

-Olha, existem sim, a maioria. Porém, cada um tem a sua deficiência, não vai se

sentir um peixinho fora d'água, isso eu te prometo. - falou ele para mim e eu estiquei os

braços para ele e ele segurou eles e me ajudou a fazer força para levantar.

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-Muito bem, porque eu não quero me sentir assim, e demora muito? Como farei

para retornar ao meu quarto? - perguntei curiosa, realmente aquelas perguntas estavam

me incomodando o dia todo.

-A sua stylist já foi avisada, não se preocupe que ela vai te ajudar. - falou ele sendo

calmo como sempre.

-Certo. - falei ele disse:

-Muito bem Olívia, agora preciso que você faça um tanto que uma forcinha está bem?

Prometo que sair será melhor. Agora, por favor, respire e segure no meu braço,

1…….2…….3! - eu segurei nos braços dele, e fiz força para levantar sem que a perna

mexesse muito, e finalmente sentei na cadeira. O doutor esticou a minha perna, e eu senti

a dor, uma dor absurda, e então, minha perna estava esticada, e o doutor falou com um

tom de satisfação com o progresso.

-Muito trabalho hein?! - falei brincando.

-Você não faz ideia. o meu almoço foi macarronada. -ele falou fazendo um barulhinho

na boca.

-Credo! Isso foi nojento - sorri para ele e ele para mim.

A sensação de estar "indo embora", do quarto, era maravilhosa, eu conseguia

respirar um ar diferente do meu quarto, toquei nas paredes por diversas vezes, e estava

totalmente confortável na cadeira de rodas, mas uma coisa eu te digo: passar uns dias no

hospital, não era como passar férias em resorts, ou sei lá, a casa da sua tia, era terrível.

Conseguia ser mais terrível do que a piada do "Pavê ou pra Cumê.", Mas para mim, só

o fato de estar fora do meu quarto, daquela cama, para mim já era o máximo, um

verdadeiro passeio. Fomos então, eu acredito que seja, no elevador, pude ouvir o barulho

do elevador subindo a cada andar, e quando tocou o mesmo barulho duas vezes, eu sabia

que a porta estava abrindo e que eu iria se levada para lá, o mais incrível que eu estava

vendo com estar cega, era a minha audição, o meu paladar, o meu olfato, o meu tato, tudo

estava perfeitamente aumentado, acho que umas 5 vezes, eu conseguia ouvir, sentir, e

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cheirar e provar que eu sabia exatamente o que era, o meu cérebro também estava mais

ligeiro ( eu diria), prestava atenção em cada informação que ele recebia.

E tudo isso, era pra suprir a necessidade dos olhos, que agora, estavam

descansando.

Descansando, assim que eu gosto de chamar o meu problema de agora, eles estavam

descansando, estavam cansados, e merecem o devido descanso.

Eu confesso que estava tensa, um grupo de pessoas continham bem…. pessoas.

Eu sempre fui meia que na minha, e apesar da dificuldade de aceitar de que, agora, eu

era uma cega, eu não conseguia ver o ruim em participar desse grupo, achava que até

seria aturável, e me ajudaria a passar o tempo neste hospital, até os meus pontos secarem,

e eu ir para casa finalmente.

O elevador foi até o primeiro andar, a moça narrava os números e tudo estava silencioso,

eu fui levada para um corredor, o Doutor estava detalhando cada detalhe para mim, de

como era o corredor, se eu estava próxima da porta, passamos por duas portas grandes e

cinzas, e então, chegamos na última porta, o Doutor parou e então disse baixinho:

-Pronta? - ele colocou a minha mão no meu ombro.

-Pronta. -eu ouvi vozes vindo da porta, não muitas, mas ouvi o suficiente para

deduzir que tinha umas 10 pessoas mais ou menos.

Foi então que eu respirei fundo, e o Doutor abriu a porta, nesse instante, todos

olharam para mim, eu não vi, mas pude sentir a presença de todo o mundo me olhando,

todos curiosos, ou me julgando, ou então, surpresos. Eu podia sentir, o peso dos olhares,

o peso dos corpos, o peso das emoções e sentimentos turbulentos, e o peso das perguntas,

eu posso sentir, cada pessoa me olhando, cada pessoa estando fixamente me olhando. As

pessoas me olharam, e eu estava de mãos dadas comigo mesma, trêmulas, e suando frio,

eu realmente não sabia como agir naquele momento, será que deveria sorrir? Ou acenar?

No final das contas, preferi abaixar a cabeça, e ficar quietinha, assim, não era apontada

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por fazer nenhuma bobagem. O doutor, falou no meu ouvido:

-Fica aqui, vou conversar com a Lisa. - ele me rodou e me colocou do lado de uma

outra pessoa que eu não sabia quem era.

Assenti com a cabeça, mas no pensamento pedi para que ele viesse rápido. Após

longos minutos, o Doutor veio e me virou para ele e eu senti a sua respiração:

-Liv, ela vai te apresentar para o grupo, a enfermeira vem te buscar logo em

seguida, vai te ajudar a subir na cama e tudo mais. Eu preciso ir embora agora, mas,

ficará em boas mãos. Espero que goste e fique com o grupo, vai te ajudar muito a crescer

profissionalmente, agora, nessa nova etapa da sua vida. Te vejo amanhã está bem? - e ele

levantou me virou com a cadeira e então, beijou minha testa e saiu.

-Muito bem pessoal, alguns devem estar se perguntando quem é a nossa nova

convidada, e eu também estou curiosa para conhecê-la, por isso, vamos deixar ela ficar a

vontade e apenas assistir. Peço primeiro que ela pelo menos queira se apresentar para

nós, e contar um pouco da sua história. - falou ela com um tom animado e tentando

manter a seriedade e eu gostei daquilo. - então, fique a vontade para falar quem é você, e

sua história. - falou ela.

Eu hesitei, eu estava confiante, porém, com vergonha.

-Aaah…..me chamo Olívia Cooper, tenho 26 anos, sou advogada, e, sofri um acidente. Fui

atropelada, estou de passagem por aqui, e, é isso. - falei rapidamente abaixando a cabeça.

-Muito bem! É um prazer ter você aqui conosco Olívia. Seja muito bem-vinda. Aqui

você vai aprender a lidar com a sua dificuldade, com a sua fragilidade, com o seu

momento atual, e aqui, poderá sair mais forte e mais confiante, e a lidar com tudo isso

que está passando. Qual sua fragilidade? - Perguntou ela.

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-Como? Como assim fragilidade? - sorri e perguntei.

-Certo, lá fora chamam de deficiência, aqui não, nós chamamos de fragilidade,

deficiência é muito pesado e até fraco. Gostamos de chamar de fragilidade, porque,

realmente essa palavra se encaixa perfeitamente com a sua situação. -ela falou muito

pacientemente.

-Sou cega. Quer dizer….não enxergo. - sorri.

-muito bem, muito bem. - e todos bateram palmas. -Espero que realmente goste daqui

Olívia, queremos te ver mais vezes. - falou ela com um certo tom animado.

-É um prazer também, estar aqui presente com vocês. - falei sendo realmente

sincera e franca.

Sabe aquela sensação que nós temos, de estar sendo observada?, Pois é, de repente,

eu tive aquela sensação estranha e até incômoda, alguém estava olhando para mim. Na

reunião inteira eu diria, eu recebia olhares tensos e nervosos, mas não era como esse olhar

específico, era como se, como se essa pessoa quisesse falar comigo e não conseguia. A

reunião foi bem animada, teve música, e algumas atividades, eu aprendi a tocar um

instrumento mesmo sendo Fragilizada, e até mesmo, aprendi a pintar, tocar e pintar duas

ações que eu achei que nunca mais iria fazer na vida, duas propostas que eu achei que

nunca, jamais seria permitido, mas naquela noite, eu fiz. Houve uma pausa para o café, e

foi nesse momento, que eu senti o olhar mais curioso e observador, com mais força vindo

na minha direção.

-Oi! - falou uma voz masculina, porém gentil.

-Oi. - falei timidamente.

-Seu nome é Olívia né? - falou Ele curioso.

-Sim, olhar misterioso. -falei divertida.

-olhar misterioso? Do que está falando? - falou ele totalmente fingindo que não

sabia do que eu estava falando.

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Eu gostei disso.

-Posso ser Fragilizada ….- ele sorriu - porém sei quando tem um olhar misterioso

me olhando. - falei erguendo a sobrancelha.

-olha, você é impressionante. Achei que vindo tímido não te assustaria. -ele falou

brincando e eu sorri.

-timidez não é comigo! Não viu o meu médico? Me dando um beijo na cabeça? -

falei brincando.

-eu vi. E fiquei surpreso até achei que ele fosse seu namorado. -ele falou.

-não, não sou namorada dele. Ele é apenas o meu médico. E você? Namora? - o papo

estava indo para um ramo legal.

Será que eu vou desencalhar? Assim tão rápido? Será?

-sim, Sou noivo. - ele deu uma risada. - vi você aqui toda acanhada, achei que será

legal ter uma companhia para te sei lá, ajudar. - ele falou sendo sincero.

E eu senti o balde de água fria totalmente caindo no meu corpo, cheguei até tremer

com a ilusão que eu criei. Óbvio que ele teria noiva, capaz, dela estar me observando nesse

exato momento cantando o noivo dela.

Que vergonha! Que bizarro! Quero me esconder!

-Está aqui há quanto tempo? - falou ele depois de um tempo constrangedor.

-Vai fazer suas semanas, ou menos, meu acidente foi recente. - falei erguendo os

ombros.

-O que houve? - falou ele intrigado.

-acidente, fui atropelada. O vapor do escapamento quente do caminhão acabou

indo nos meus olhos e me cegando. E você? - perguntei tomando um café.

-Sou tetraplégico. Nasci praticamente em uma cadeira de rodas, infelizmente,

nunca aprendi a andar. E o que houve com a sua perna?- ele falou.

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-Consequências do acidente também, o caminhão passou por cima e quebrou

minhas costelas e a minha perna. Fiz cirurgia ontem. Má sorte né? - falei eu brincando.

-Nem me diga. Quer dizer que você é advogada? - falou ele curioso.

-espera! Que grosseria a minha, sinto muito por você, por você nunca ter aprendido

a andar e…..você sabe..- falei coçando a cabeça.

-Não tudo bem, foi trágico. Mas olha, ficou mais bonito assim sabia? É o meu

charme. - ele sorriu e eu sorri de volta.

-Eu não tenho dúvidas! Ah, sim, sou advogada. Acabei a faculdade recentemente e

sofri o acidente. Eu estava indo ver a meu vestido de noiva e provar. Má sorte mesmo né?

- falei.

-Nossa totalmente! Isso é terrível. Parece que terá que escolher outro. - falou ele.

-ah não mais, ele…..ele….não casa com pessoas cegas. - falei rapidamente e abaixei

minha cabeça.

-Ele te falou isso? - ele falou indignado.

-Falou, e me chamou de fardo. - falei.

-Que filho da……- eu ouvi ele abrindo a boca para falar, mas, a Lisa passou por

ele e falou rapidamente:

-Política! - falou ela - aqui não aceitamos palavrões, você sabe disso Peter. - falou

ela dando uma bronca.

-Era exatamente isso que eu ia dizer Liza, exatamente isso. - falou ele respirando

aliviado quando Liza saiu.

-Parece que ela ia te dar uma bronca hein?! - falou eu brincando com ele.

-Você não tem ideia! Vai ficar conosco, não é? - perguntou ele.

-ainda não sei….está muito cedo para decidir. - falei sendo honesta.

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-Ah não! TEM que ficar! Aqui é maravilhoso! Você não tem ideia de o quanto! Vai

se apaixonar. - falou ele sendo bem convincente.

-Propaganda é tudo hein? - brinquei.

-Você não viu nada. Ah a propósito meu nome é Peter. - falou ele como se eu não

soubesse.

Liza bateu palma, e todos ficaram em silêncio, e ela falou:

-Agora, vamos mostrar a Olívia, o que sabemos. música! - falou ela.

E todos começaram a tocar instrumentos e a cantar uma canção que dizia sobre

força, destreza, sabedoria, confiança, e, Capacidade. Algo realmente muito bonito e

emocionante, que me deixou com os olhos marejados. Quando acabou, eu estava

soluçando igual uma criança, e Peter me entregou um lenço de papel, e eu enxuguei os

olhos. Após aquilo, Liza deu o recado, marcando a próxima reunião que seria sexta, e

então, a enfermeira chegou e disse:

-Podemos ir Olívia? - falou com uma voz calma e doce.

-podemos. - falei sorrindo.

-Vai vir sexta né? - falou Peter.

-Vou. Não vou perder essa. -Falei.

E ele bateu palmas.

E eu sorri.

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Capitulo Seis : " Um Projeto Novo."

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A vida nem sempre é do modo como achamos que ela tem que ser, nem sempre ela nos

presenteia com aquilo que pedimos, mas aquilo que precisamos. O Doutor veio no meu

quarto, me informando que os pontos tanto da costela, quanto das pernas teriam secado, e

que, era questão de tempo para mim estar de volta em casa, e me recuperando. O problema

era, eu cheguei em uma fase de recuperação que não queria sair do hospital e enfrentar o

mundo lá fora, eu só queria simplesmente ficar e estar aqui, aqui me sentia protegida do

mundo grotesco e bizarro que existia por trás das portas do hospital e eu realmente não

estava pronta para aquilo.

-Vai sexta feira para o Grupo? - perguntou o Doutor verificando os meus pontos.

-Sim. Eu realmente gostei muito de lá, é um lugar maravilhoso e muito acolhedor. -

falei sorrindo.

-Que bom que você gostou Olívia, é um grupo muito importante para nós do hospital.

Fez amigos? - Perguntou ele

-Ah sim, um. Peter. - falei rapidamente e com vergonha.

-Peter…...hmm…. Peter While? - Perguntou o Doutor.

-Acredito que sim, não perguntei o sobrenome dele. - falei erguendo os ombros.

-Peter While é um grande fenômeno, não está internado no hospital, porém, não perde

um encontro do grupo, fez uma boa amizade Olívia. Ele sim é sinal de força e superação. -

falou ele.

-Obrigada Doutor. O Sr também é. - sorri para ele e ele assentiu e ouvi ele saindo pela

porta.

Os dias passaram-se rapidamente, eu já estava com os sentidos aguçados, a cada dia

ouvia melhor, sentia melhor, tocava melhor, e eu realmente conseguia reproduzir na minha

mente cada coisa que eu tocava, cheirava,e provava. Era incrível a forma como o Ser

Humano se porta quando perde um membro ou uma função do corpo, ele não paralisa, ele

simplesmente regenera, e foi assim que o meu corpo agiu perante aquilo, ele simplesmente

me ajudou.

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Sexta feira chegou voando, linda, com um belo dia ensolarado e quente, ao ponto que

o hospital ligou os ar condicionados para nos ajudar, e que baita ajuda!, então, minha mãe

chegou no horário da visita, e ficou surpresa com a cena que ela tinha acabado de ver, eu

estava sentada na cama, sem a cadeira de rodas, e quando ela chegou, eu abri os braços para

recebê-la, aquilo fez a minha mãe chorar, descambar de chorar, e quase chorei também.

Havia feito para ela uma pintura que eu havia feito no grupo de apoio, era um Céu azul,

com um campo verde.

-O céu representa o infinito, coisas que são grandes demais para nós, mas que, se

tornou uma missão. E os campos, representam paz e equilíbrio, o que devemos ter. Fiz essa

pintura para a Senhora mãe, quero que a leve com você. - e apontei para frente e minha mãe

chorou mais um pouco e pegou a pintura e disse:

-Filha! Essa é o melhor quadro que eu já recebi. - e me abraçou e me beijou.

Bateram na porta, e a porta abriu, era o Doutor e ele sorriu vendo a cena e disse:

-fez sua mãe chorar né?, Agora, farei você chorar um pouco. - sorriu ele e logo atrás

dele tinha uma outra presença, a presença de alguém.

-Quem está aí? - perguntei.

-A Enfermeira Olívia, viemos tirar o seu ponto. - sorriu o doutor e falou calmamente.

-Ah Não….. - e minha mãe sorriu junto com o médico e a enfermeira.

Deitei na cama fiquei ali, parada esperando, esperando para o pior acontecer, para

variar, não tinha opção, não tinha outra a não ser ficar ali e aguardar a coisa toda acontecer.

Foi quando, o doutor passou um líquido frio no meu curativo, e puxou o esparadrapo, eu

gritei, chorei mas permaneci ali, quietinha, em silêncio. Foi então, que ele passou outro

líquido, e fui sentindo ele cortar a linha e removendo com o alicate.

-Prontinho Olívia, o ferimento da costela está cicatrizado e fechado. Fez um ótimo

trabalho! - ele falou -agora, vamos ver a sua perna. - ele falou indo em direção a minha

perna.

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Passando o mesmo líquido na minha perna, ele removeu com cuidado dessa vez, o

esparadrapo, não houve gritos, ou desespero, somente barulhos e sensações estranhas, ele

cortou as linhas, e senti algo puxar, e novamente passou mais um líquido e então ele falou:

-Pronto. Nada de remendos. Tudo na mais perfeita e pura perfeição. Sua cicatrização

foi um sucesso, já pode tentar caminhar com as duas pernas , sem medo de ser feliz. Mãe

ajude ela está bem? Ela vai sentir pouca força na perna operada, mas isso é passageiro, em

breve, ela estará me dando trabalho nesses corredores. - falou ele alegre.

-Obrigada Doutor. - falou minha mãe.

A porta abriu, passos, e depois, ouvi o barulho da porta se fechando. Mais nada.

-E então? Bora caminhar? - falou minha mãe.

E eu sorri.

Coloquei os dois pés no chão, senti a sensação do sangue passando por cada veia

novamente, era incrível, eu havia me esquecido a sensação de como era andar, caminhar,

sentir o chão, era uma sensação que até parecia nova para mim. Foi então, que eu firmei os

dois pés e fiz força para levantar, minha mãe me segurou de um lado, e eu agradeci por ela

estar naquele momento comigo, eu dei os primeiros passos, e a cada tentativa ficava mais

forte as pernas, e menos precisei me segurar na minha mão.

-É tão bom estar caminhando novamente mãe, a Sra não faz ideia de o quanto seja

bom - falei alegre.

-Que Deus te abençoe minha pequena. Ainda vai caminhar muito. Está ansiosa para

ir ao grupo de apoio está noite? - Perguntei.

-Sim. Muito. Muito menos. - Sorri e pensei no Peter.

-Ótimo. Poderá ir sozinha. Quer minha companhia? - perguntou minha mãe.

-Nao, mãe. A Sra já fez muito por mim. - bateram na porta.

-Sra Cooper, sua visita acabou. - falou a enfermeira.

Minha mãe me abraçou e me beijou e disse:

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-Até amanhã Olívia, trago bolo de chocolate hein?! - falou ela e eu me despedir

fechando a porta e decidi parar de abusar.

A enfermeira que trazia o meu almoço era a mesma que me levava para os grupos, e

ela veio me perguntando se nessa noite eu iria com ela, e eu assenti confirmando, e eu sei

que ela sorriu, as pessoas quando ela sorri, trazem uma energia muito boa para o ambiente,

reluz uma luz tão forte e clara que eu não sabia explicar exatamente. Cada pessoa, leva

consigo a sua luz, e a luz reluz pelo sorriso de cada uma, ela depois de me trazer o almoço,

só foi voltar algumas horas depois , sem a cadeira, e dizendo estar com o braço esticado.

*****************************

-Pronta?- falou a enfermeira em frente a porta do grupo.

-Pronta. - respirei fundo e ouvi as mesmas vozes de antes.

A porta se abriu e todos bateram palmas, felizes porque eu havia chegado, Liza me

cumprimentou com um beijo e um aperto de mão, e eu retribui.

-Que bom que está de volta, Olívia. - falou Liza.

-Por favor, me chame de Liv. -sorri para ela.

-Certo Liv, sente-se, que hoje, vamos aprender sobre como viver em sociedade. - falou

ela e eu me sentei na primeira cadeira que eu vi.

-Olha só.... -ouvi um cochicho......-não está mais na cadeira de rodas. - falou uma voz

que eu a reconheci.

Peter.

-É bom estar de volta. -cochichei de volta.

-Vocês são tão importantes para a sociedade, quanto uma pessoa normal, mesmo com

suas dificuldades são capazes para enfrentar o dia-a-dia sem medo, e sem preocupações.

Tudo isso funciona, como um relógio, cada parte dele é importante para que funcione, o seu

cérebro precisa que incentivo e ver de outra perspectiva. Vejamos…...Liv!...você nos disse

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na reunião passada de que, era advogada formada certo? - falou ela e novamente senti os

olhares curiosos.

-Sim, sou sim. - falei meia acanhada.

-Então venha a nós, e mostre o seu trabalho. - falou a Liza.

-Mas….mas….eu não…...como? - perguntei finalmente.

-Venha, que eu te mostro. - falou liza.

E eu levantei ainda mancando e fui guiada para a direção dela.

-Liv, o que um advogado faz? - perguntou ela.

-Defende os direitos e serviços da lei. - falei como se estivesse na faculdade novamente.

-O que a lei fala sobre os cidadãos? - falou ela.

-Que cada um de nós temos direitos e deveres como cidadãos, que são cuidar e

preservar o nosso ambiente, que vivemos. - falei como se estivesse decorado.

-Viu?! Você não precisou de papel, ou de simplesmente enxergar Liv, você

simplesmente sabe. Por que para saber é necessário o conhecimento, e você sabe sobre então

é capaz de fazer e executar. -Falou liza.

-É mesmo. - falei criando esperança.

-Pode se assentar Liv, palmas para Liv. - falou liza e todos bateram palmas.

Sentei na cadeira e aquilo realmente foi muito importante para mim ouvir, não

precisava ver para saber, bastava apenas saber. E isso era necessário o suficiente para mim

exercer qualquer função que eu tiver que fazer como advogada, sei falar, sei advogar, sei

exercer a minha função eu apenas, não vejo. Liza continuou com o discurso e no final, pediu

para que todos nós tentássemos coisas diferentes, e então dividiu nós como um grupo, e cada

grupo era responsável em criar um meio de integrar as pessoas deficientes no meio do ramo

de trabalho, independente da sua formação era claro, para variar, sentei com o Peter e um

grupo de meninas e meninos e nossa conversa foi a mais prática e mais produtiva.

-Então Liv, o que acha que poderíamos fazer? -Perguntou uma moça com voz suave.

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-Bem, seria interessante que nós tivéssemos um lugar para ir que nos ajudassem não

somente aprender como lidar com as nossas fragilidades, mas, a como ser encaminhados

para o mundo lá fora. Então, que tal um centro especializado em admissão e preparação

para o trabalho de mercado? - falei dando uma sugestão. Eu estava tensa.

-Acho ótimo. Uma espécie de faculdade seria? - perguntou uma garota com voz mais

grave.

-Sim, quase isso, nesse lugar, teria não somente faculdade mas também todo o

preparatório para os deficientes, de qualquer classe. - falei empolgada.

-E tem como criar um lugar assim?-Perguntou um rapaz com voz mais pacífica.

-Tem sim, entra no artigo para inclusão social, esse artigo abraça qualquer causa

social de inclusão, inclusive esse lugar. - falei eu.

-E o que mais da pra fazer? - perguntou para eles.

-Bem, dá para fazer grupos para apoios, e aulas de libras e sinais para as pessoas

saberem lidar com isso. E na faculdade, fazer com que as pessoas trabalhem como

voluntárias nessa faculdade, assim, elas vão ajudar a faculdade a crescer. - falou a menina

novamente com voz mais suave.

-Eu acho uma ótima ideia, não somente para os deficientes visuais, mas para qualquer

deficiente. - falou Peter finalmente.

Uffa! Ele concordou.

-Então esta combinado. Temos em mente alguma coisa. - falou a moça com voz grave

-a propósito, meu nome é Amanda.

-E o meu Laura. - falou a menina de voz suave.

-e o meu Lucas. - falou o moço com voz calma.

Peter segurou a minha mão, e eu retribui mas logo soltei, ele era noivo.

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Ao final da reunião de hoje, Peter veio me acompanhando, depois que a enfermeira

não veio me buscar, no meio do caminho a enfermeira veio correndo ao meu encontro e

disse:

-Me desculpe Olívia, era código azul. - falou ela respirando firme.

-Tudo bem, já encontrei o meu acompanhante. - sorri.

Peter estava do meu lado.

-Quando vai receber alta? - perguntou ele.

-Faço a menor ideia Peter, realmente não faço a menor ideia. Tirei os pontos hoje,

talvez, nas próximas semanas. - falei sendo sincera.

-Ah….. sobre aquele projeto, acho que deveríamos tirar do papel sabia? Transformar

em realidade. -Falou ele.

Parei no meio do corredor.

-O que? Está brincando?! - falei eu com um tom divertido.

-Pode acreditar. Acho que deveríamos sim. É uma brilhante ideia, e as pessoas

precisam saber disso. - falou ele. -Pensa quantas pessoas como nós, podemos ajudar. Você

com a sua experiência e eu com a minha. Montaremos esse negócio facinho, facinho. - falou

ele.

Eu sorri.

-Vamos! Anda! Projeto de amigos. Custa nada me ajudar com isso Liv. - paremos na

porta do meu quarto.

-E como vamos fazer isso? - coloquei a mão na cintura.

-Assim que receber alta daqui podemos nos encontrar e planejarmos. Anda! Você vai

gostar! -falou ele.

-Está bem, está bem. Mas espera, quando vai ser o seu casamento? - perguntei.

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-Não tem data marcada não, estamos vendo isso. relaxa, ainda vai demorar. - falou

ele. -Então sócios?. -sugeriu ele.

-Sócios. -Ele esticou a mão e pegou a minha e eu retribui o aperto. E empurrei a porta

do quarto.

-boa noite Peter. - falei.

-Boa noite Liv. - ele falou com uma voz doce.

Fechei a porta e eu ouvi a cadeira virando e ele indo embora.

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Capitulo Sete: " O Meu Mundo."

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Os encontros com o grupo seguiram em frente, e a cada dia, eu estava mais empenhada em

tirar a Faculdade da cabeça e realmente transformar em realidade.

Era impressionante o apoio que o Peter estava me dando, ele sempre me dizia que era

possível, bastava contactar com as pessoas certas.

-Você não pode perder a chance de recomeçar, é a sua chance. As pessoas precisam

dessa faculdade Liv, elas precisam de todo esse apoio. - falou ele me incentivando.

-Mas Peter eu nunca construí nada na minha vida, nem sei por onde começar. Você

falando até parece que é fácil! - falei colocando a mão na cintura.

-Mas é fácil Liv, basta você querer e acreditar! Pensa só no tanto de pessoas que podem

ser beneficiados , você e pode simplesmente ignorar Liv. Anda! Qualé! Vamos nessa! - falou

ele.

-Está bem, está bem. Você já me convenceu faz tempo, só não faço a menor ideia por

onde começar, não, sério. Não faço mesmo. - falei na defensiva.

-Eu te ajudo - e ele segurou a minha mão e eu senti um arrepio.

-E aí? Ansiosa para sair daqui? - falou ele segurando a minha mão.

-Ah bem, sim. Mais ou menos. Tipo, o médico me deu mais 5 dias, e eu não vejo a hora

de vestir outra roupa, sem que os meus fundilhos apareçam - dei risada.

Peter sorriu.

-é bom que entra um arzinho. - ele sorriu e eu também. - vem! Quero te mostrar um

lugar. Você vai amar! - falou ele e me puxou pelos corredores do hospital.

Eu não sabia onde estava indo, mas eu podia sentir cada ambiente mudar conforme a

porta que eu ia passando, alguns lugares eram quentes, outros frios, outros normais, alguns

lugares eram apenas fedidos, outros cheiravam medicamentos e antibióticos, tudo isso

acontecia no hospital, no hospital era como uma perfumaria, cada pedaço do lugar existia

um aroma, e eu até que gostava disso.

-Vamos subir as escadas agora - falou Peter. -Não precisa ter medo, vou te levar para

um lugar incrível! - falou ele.

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-Tudo bem. Mas escadas? - falei ainda tensa.

-Você confia em mim? - falou ele segurando a minha mão.

-Confio. - falei decisiva.

-Então vem - ele me puxou pelas mãos e com a outra empurrava a cadeira de rodas.

-Chegamos! - falou ele soltando minha mão e empurrando a porta.

-Peter…. onde estamos? - perguntei curiosa.

Eu senti um aroma incomum, de lugar fechado, ou quieto, não sabia exatamente como

definir o lugar, eu só sabia que era um lugar que poucos chegavam a ir conhecer.

-Desde quando eu te conheci, e soube da sua história, eu andei me perguntando como

seria não ver. Não enxergar, ter sensações, sentidos, ouvidos, nariz, olhos até, e

simplesmente não ver. Quando eu estava internado, alguém me disse que minha vida

mudaria, e que, mesmo mudando ou para melhor ou para pior, ninguém poderia imaginar

a sensação de estar sentado o tempo todo, querendo correr, brincar, andar, sentir os chão,

sentir a grama, a água do mar. E eu queria, como eu queria, que as pessoas ficassem nem

que fosse um minuto no meu lugar, mas ninguém ficou, ninguém quis, e aquilo me doeu. E

quando eu te conheci, e soube da sua história, eu vi a oportunidade de se colocar o seu lugar.

De não ver. E então, passeando por aí eu descobri essa sala. A antiga sala de Raio X, aqui,

posso ver exatamente como é não poder ver, pelo menos, exatamente por alguns minutos. -

falou ele.

Aquilo me desabou, eu não esperava por aquilo, eu sempre quis que alguém me

entendesse, porque, na prática dizer que tudo é questão de determinação ou força ou que,

sei lá, as coisas iriam mudar e tudo daria certo, e que tudo ficaria bem, não era o mesmo de

estar na minha sensação, na minha pele, falar não era como não ver, a escuridão total me

angustiava, e o desejo de abrir os olhos e simplesmente ver era maior do que qualquer coisa,

mas era impossível, infelizmente nunca mais eu iria ver, mas mesmo não podendo, eu

realmente queria que o mundo me entendesse, e visse o que é não poder enxergar. A culpa

obviamente não era nem minha, e nem da outra pessoa, mas, para compreender o que se

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passa na mente de alguém, você precisa primeiramente deixar a sua mente de lado, e

enxergar com os mesmos olhos que eu enxergava.

Eu sei que vou encontrar muitas pessoas que vão me chamar de louca, ou então, de

apenas deficiente, ou então vão duvidar da minha força de vontade e capacidade, eu sei, eu

sei disso. Eu sei que as pessoas são maldosas e que, não vão perder a oportunidade para me

humilhar e dizer que nada para mim dará certo porque eu simplesmente não vejo, não

enxergo. Mas a verdade, é que eu não me vejo como incapaz, eu sou apenas diferente de

outros, sou apenas eu. Nunca fui de seguir modas, ou de seguir padrões, e agora, realmente

agora percebo que não enxergar me abre mais a mente, e o que mais sinto nesse exato

momento, era medo.

Medo do que eu iria encontrar lá fora, medo de viver, medo de não ser compreendida, medo

de viver em um cubo na base da força, medo das pessoas me olharam com nojo, ou com dó,

ou com pena, porque, não precisa ter dó de nenhum deficiente, porque ele realmente é capaz,

não um coitado, não um qualquer, ele é apenas um deficiente. Como uma pessoa loira é

loira, como um olho castanho é castanho, como um tom de pele negro, é negro. Nada muda.

Nada altera a capacidade, são apenas diferenças.

-oh Peter! Eu não tenho palavras pra expressar o que estou sentindo agora. -Falei

emocionada e chorando.

-Por favor, não chora. Você não pode chorar. Então é assim que você vê o mundo? -

perguntou ele.

-Sim, é assim que é o mundo para mim. Escuro. Preto. Sombras. - falei com lágrimas

ainda nos olhos.

-Eu não faço ideia do que seja isso, está tudo escuro mas, a qualquer momento posso

acender a luz. E o que faz para prosseguir? - perguntou Peter.

-Eu imagino. Eu imagino as coisas não pelo que elas são, e sim, pelo o que eu gostaria

que fossem. E então, tudo fica claro. -Falei sendo sincera e enxugando o rosto.

-Então você pode ver o mundo? - falou ele.

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-Posso. Assim como, você pode sentir os pés no chão. Você faz a sua dificuldade ser

maior daquilo que ela já é. - falei eu sendo bem honesta.

Peter segurou a minha mão. Ele respirou fundo como quem queria dizer algo, porém,

o telefone tocou. E ele se afastou.

A realidade bateu no nosso meio, e eu soltei a mão dele.

-Oi amor. - falou ele.

Uma voz feminina falou lá no fundo.

-Sim vida, eu estou aqui em cima no hospital. Espera mais alguns minutos? Já estou

descendo. - falou ele.

Ele iria se despedir.

Ele iria voltar para ela.

E porque eu estava tão incomodada?

-Sim amor, já vou. - Falou ele impaciente.

Porque eu estava sentindo aquilo? Ele era o meu amigo, nada mais…...amigo

noivo…..amigo noivo…...amigo…...noivo.

Ele desligou o telefone.

-Bem, minha noiva está aí embaixo, acho que teremos que ir. Bora? - falou ele sendo

muito gentil.

-Ela sempre fala com essa voz com você? -perguntei.

Ele parou e disse:

-Que voz? - perguntou ele fingindo de bobo.

-Essa. Como se estivesse impaciente. - falei sendo muito direta.

-Ah bem, é as vésperas do casamento sabe?, Mulher fica assim mesmo. Ou pelo menos,

minha noiva. Mas ela é bem doce. - falou ele na defensiva.

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-Certo. Então vamos. - falei eu não querendo abrir uma discussão.

-Vamos. - ele foi e eu senti o ar puro e a luz vindo da porta sendo aberta.

-Vamos. - falei sorrindo.

Ele me guiou até o meu quarto e disse:

-Ve se sai logo, não vejo a hora de eu te mostrar novos lugares. - falou ele animado -

e vê se pensa na faculdade hein?! - falou ele

-Pode deixar, vou sair quanto menos você esperar -brinquei. - e tá bom eu vou ver. -

falei impaciente.

-Ate mais Liv. - e me beijou no rosto.

-Até mais Peter. - falei e empurrei a porta do meu quarto e fui deitar um pouco, minha

cabeça doía.

Ele era apenas um amigo, eu não posso ficar nessa, simplesmente não posso.

É quase um crime! Tomara que ela esteja apenas de TPM! Tomara!

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Capitulo Oito: " Enfim,Liberdade."

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Finalmente hoje fui liberada para ir para a casa, eu estava nervosa, feliz. As

reuniões do Grupo de apoio iriam prosseguir, mas pelo menos, eu estava liberada

finalmente para retornar. Era um momento único para mim, a sensação de alívio e que a

minha vida finalmente estava começando, não aqui trancada nesse hospital, mas livre

para fazer aquilo que eu sempre quis quando cheguei aqui: Ser independente.

-Parece que a minha paciente favorita vai embora, é isso mesmo? - falou o Doutor

sorrindo.

-É duvido que o Sr encontre uma paciente tão carismática como eu. - falei

brincando com ele e ele sorriu.

-Vê se não some hein?!, e não se esqueça do grupo de apoio! - falou ele me cobrando.

-Não vou me esquecer! Eu prometo. - falei e por puro impulso acabei abraçando o

Doutor de qualquer jeito, eu senti que ele estava perto, e ele surpreso devolveu o abraço

meu desconcertado.

-Sra Cooper por favor, cuide bem dessa menina. Ela vai dar um certo trabalho

agora. - falou o Doutor.

-Ah qualé! - falei colocando a mão na cintura.

-Pode deixar, e por favor, me chame de Katy, Katy Cooper. Acho que já temos

intimidade o suficiente, não é? E pode deixar, eu tomo conta dessa menina. -falou minha

mãe brincando.

-Ótimo. Ótimo Sra Katy. -Falou o Doutor sorrindo.

-Liv, está pronta? - falou minha mãe.

Assenti confirmando, finalmente eu estava saindo, nem acredito, nem acredito! .

Finalmente livre de estar aqui, finalmente vou poder voltar para casa, meu pai estaria tão

orgulhoso de mim.

O que aconteceu com ele?

Bem, na verdade, o meu pai foi um grande militar do exército, ele fez um grande papel

para a sociedade e Estado, mas morreu em batalha, foi um grande homem, e desde então,

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minha mãe ficou sozinha, e me criou só também, com muito aparo e cuidado, mas

também, com muita dificuldade e luta, minha mãe consegui me sustentar, e até guardou

o dinheiro para pagar a minha faculdade, o dinheiro que o meu pai deixou, mas ela

guardou. Tudo isso, me torna grata pela moça que sou hoje, cada esforço, cada suor que

minha mãe soou por mim, e até mesmo o meu pai, que batalhou em cada guerra trazendo

a vitória, mas hoje, sou uma moça crescida, com detalhes pequenos, eu simplesmente não

vejo, mas sinto, acredito, sei, e era isso que me motivava a prosseguir.

Respirei fundo, senti a porta do meu quarto do hospital se abrir, e eu pude sentir o

vento frio corredor que corria todos os dias, segurei no braço da minha mãe, e ela foi me

conduzindo até o elevador, onde pude ouvir o barulho dele chegando próximo de mim,

tudo era realmente muito intenso, o meu coração não parou de bater desde o momento

que acordei, e só o fato de conseguir caminhar e poder trocar de roupa era maravilhoso.

-vamos no banheiro antes né? - Perguntei.

-Claro filha, claro. Você precisa se trocar. - ela deu batidinhas na minha mão.

Uffa! Ainda bem que ela lembrou! Tomara que seja uma roupa bonitinha pelo

menos.

Entramos no elevador, ouvi o barulho da minha mãe tocando no andar indicado, a

porta se fechou, e ficamos esperando o elevador nos levar para o andar desejado. Foi

então que com um toque de sino, a porta se abriu e a corrente fria veio ao meu encontro,

mas eu mesma não estava ligando para aquilo.

-Filha o banheiro está logo na sua frente. -falou minha mãe segurando o meu braço.

-Está bem mãe. -sorri imaginando como seria o banheiro do hospital.

Entramos no banheiro, e o cheiro de produto de limpeza com sabonete neutro

irradiou o lugar, misturado com cheiro nada agradável do banheiro. Minha mãe me

conduziu até a cabine e então fez a pergunta mais estranha que eu já ouvi até o momento.

-Filha precisa de ajuda para se trocar? Ou fazer alguma necessidade? - falou ela

sendo bem simples e falando baixo.

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-Ahm…...não mãe. Tá tranquilo. - sorri fraquinho e com vergonha.

Eu precisava daquilo, precisava aprender a me virar sozinha, não posso permitir

que minha mãe me troque, ou então me limpe, isso era totalmente errado e chato até. Por

isso, mesmo sabendo que essa era a primeira vez que eu estava indo no banheiro do

hospital sozinha, eu precisava muito superar as minhas dificuldades e aceitar a minha

nova vida, e de preferência, sem ajuda. Será que minha mãe ficou chateada com aquilo?

Eu espero que não. Não era essa a minha intenção, eu só queria ser eu mesma novamente,

sem ter ninguém me perguntando se eu estou apertada ou não.

Tirei aquela roupa azul com detalhes de médico do corpo, e foi como tirar um peso

do meu corpo, falando nele, eu passei por cada cantinho sentindo cada parte do meu

corpo, eu estava bem mais magra do que o normal, e em baixo da caixa torácica havia

uma cicatriz bem nítida, eu sabia que ficaria marcas.

Passei as mãos pelo meu rosto, meu rosto estava oleoso, e comecei a pensar e imaginar

como o meu rosto estava, minha pele branca, e depois, passei a mão no meu cabelo, soltei

o cabelo, e imaginei os cabelos louros caindo no meu ombro, e ficando com a marca do

prendedor.

-Mãe, a Sra trouxe maquiagem? - Perguntei.

-O que? Maquiagem? Olívia, não sabia que você queria maquiagem…..eu imaginei

que não iria querer. - falou ela tranquila e meia confusa.

-Pelo menos um batom? Brilho labial? - falei.

-Tenho uma manteiga de cacau, serve? - falou minha mãe.

-Serve. É perfeito! -Falei sorrindo.

E ouvi o barulho do zíper da bolsa da minha mãe abrindo, o botão da bolsinha onde

ela guardava os cartões, e ela colocou a manteiga de cacau na minha mão.

-Sabe passar? Quer ajuda? -Perguntou minha mãe.

-Talvez. -Hesitei realmente não tinha certeza de que eu podia fazer sozinha, mas eu

tinha que tentar.

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Coloquei as mãos na minha boca, senti os meus lábios, e então, passei a manteiga

de cacau e acabei errando.

-Errei né? - falei rindo.

-Errou. Deixa-me te ajudar. - ela pegou o dedo polegar e então passou limpando o

borrado meloso da manteiga de cacau e repassando o batom novamente consertando.

-Estava quase certo filha. - falou minha mãe arrumando a minha franja.

-E aí? Como estou? Estou bem? - Perguntei abrindo os braços.

-Impecável! Perfeita! - falou minha mãe, ela segurou a minha mão e então saímos

pela porta do banheiro, indo pegar novamente o elevador para enfim, sairmos deste lugar

horroroso. Quando a porta do elevador se abriu, eu senti várias pessoas me olhando,

presença de pessoas perto de mim, mas longe o suficiente para estarem me observando,

sentindo aquele pressentimento, eu falei baixinho para minha mãe:

-Mãe, o que está havendo? Porque tem tanta gente aqui?! -falei e ela sorriu.

-Filha, todos os médicos, enfermeiras, alguns pacientes, estão fazendo um corredor

de despedida, e o grupo de apoio também está aqui. Nós precisamos sair do elevador,

vamos caminhar devagar, sem pressa está bem? -Falou ela bem calma e parecia uma

mistura de surpresa com emoção.

Assenti com a cabeça e começamos a dar passos firmes mas eu realmente queria

estar vendo essa cena tão bonita. De repente, quando dei o primeiro passo, começou as

palmas, firmes, gritos de alegrias de um lado, e algumas pessoas me dando parabéns, eu

realmente fiquei emocionada. Todas aquelas emoções diziam exatamente aquilo que

aquelas pessoas estavam sentindo por mim, elas estavam felizes, orgulhosas, satisfeitas,

outras, cansadas, porém, muito felizes por estarem compartilhando aquele momento, e

eu passei agradecendo, e curtindo cada momento e cada energia de cada um, eu estava

muito satisfeita e feliz, e até emocionada. E quando cheguei na fila, uma mão encostou na

minha e eu sabia quem era, Peter.

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-Não podia deixar de não estar aqui presente nesse momento tão especial para você.

-Falou ele.

-Você é maluco! Completamente maluco! - falei e ri.

-Bem, você não é a das mais sérias não é mesmo? Finalmente está saindo desse

hospital horrível! -Falou ele - e olha só está usando roupa de verdade! -Ele riu e eu

também.

-Olivia, você está saindo da melhor forma daqui, eu espero que você seja feliz e

realizada, e lembre-se: Ainda não acabou para você. Receba essas flores com todo o

carinho e admiração temos por você -Era o doutor, e ele me entregou um buquê e eu sorri,

e chorei.

Finalmente eu estava pronta para encarar o mundo lá fora, ou pelo menos, eu iria

tentar com todas as minhas forças e fé.

Quando a porta do hospital se abriu, eu pude sentir o calor do sol, o barulho dos

carros, e bem de fundo, alguns cantos dos pássaros, então era assim que era o mundo

para quem não enxergava ele, bem barulhento, mas, de repente, tudo ficou extremamente

curioso e intrigante. Eu queria sair, correr, e tocar cada coisa, sentir cada sensação, sentir

cada momento, Cada respirar, eu queria simplesmente respirar fundo e ouvir cada coisa

diferente e nova, mesmo estando no meu mundo, na minha cidade que eu sabia

exatamente onde é, e como que era, mas de repente, tudo ficou tão….. tão...curioso.

Hoje, Olívia Cooper inicia uma nova vida, claro que, não será fácil, mas necessário.

Entramos no táxi, e fomos embora para casa, finalmente, eu estava de alta.

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Capitulo Nove : " Nem Tudo São

Flores."

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Nem sempre estamos preparados para o que vamos enfrentar, às vezes, as coisas

acontecem de repente, e somos obrigados a reagir. Passou uma semana desde a minha alta,

e até então, ainda não parei para refletir, e eu espero que você me ajude, estou contando a

minha história, e não apenas contando, mas estou refletindo. Há alguns meses atrás, eu

estava decidida que o meu vestido de noiva seria o mais caro e mais brilhoso do Ateliê aqui

de Nova York, e depois de decidir, eu me lembro de ir para casa imaginando a reação do

Jake ao ver meu vestido na cerimônia, engraçado né?.

Nem sempre estamos preparados para o novo da vida, nem sempre estamos prontos para

aquilo que ela tem de espetacular.

Estar cega nesse exato momento, me obriga a olhar para dentro de mim, e enxergar aquilo

que eu preciso fazer e ser. Ser cega, me obrigada a estar grata não somente por tudo que

tenho, mas também, pela minha cegueira.

E aí você, lendo essas palavras deve se imaginar: Como alguém pode agradecer por algo tão

desastroso, e eu te respondo: Como? Eu não sei.

Mas eu sei que, se estou cega hoje é porque tem alguma razão.

"TOC...TOC…..TOC "

Houve uma batida na porta.

-Sim? Pois não? - Falei ouvindo a respiração da minha mãe do outro lado.

-Liv, o almoço está pronto. Venha comer. - Disse minha mãe com calma.

-já estou indo mãe, só mais algum minuto. - falei virando para a escrivaninha e

continuei escrevendo as próximas linhas.

Ser cega por vezes, vai me impedir de fazer alguma coisa, ou então, vai me colocar

medo, receio, insegurança, mas, andei pensando ultimamente que eu precisava reagir, no

grupo de apoio me ensinaram que reagir é o segredo, mesmo com medo, mesmo com receio,

mesmo não acreditando, prosseguir era a única forma de conquistar o infinito. Levantei da

cadeira, e fui tateando até a porta, senti a presença da luz que vinha da porta, e fui

caminhando firme até a cozinha.

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-Liv você lavou as mãos? Vou te ajudar. Pera aí. - falou minha mãe meia apressada,

e ouvi ela colocando os talheres da pia, no escorredor e me pegando pelas mãos e me levando

até o banheiro.

-Mãe, está tudo bem…. acho que posso encontrar o banheiro não é mesmo? - falei

brincando.

-Não, claro que não. Mas filha, você precisa de ajuda e a mãe está aqui para isso. -

falou ela.

-Mãe, eu tenho 26 anos, acho que dá pra me virar. -Dei uma risada meia nervosa.

-Eu sei quantos anos você tem Olívia, mas, no momento…..você precisa de ajuda. -

falou minha mãe meia séria.

-mas mãe…. - abri a boca pra falar mas minha mãe me interrompeu.

-Olivia, eu sou a sua mãe. E eu vou te ajudar. Não precisa ser teimosa. Agora, estica

a mão. -Eu estiquei, mas então, puxei a mão e eu pude sentir a respiração nervosa da minha

mãe procurando manter a calma.

-Mãe! Você precisa entender que eu preciso me virar. Eu não tenho mais 5 anos de

idade, e eu preciso tentar. Será que a Sra conseguiu compreender? - falei séria com ela e eu

não podia ver a minha mãe mas sabia que ela estava brava por estar sendo contrariada.

-Olivia, você sabe muito bem da sua situação, como vai poder fazer sendo que não

enxerga? Olívia, não é duvidando de você, e do seu potencial, mas você precisa de ajuda.

Então, deixa eu te ajudar! - falou ela e pegou minha mão, ligou a torneira e colocou minha

mão na água, e me deu o sabão logo em seguida.

Silêncio.

Foi o que eu achei que seria necessário naquele momento, mas eu não engoli aquilo,

não compreendi o porquê dela não me entender. Qual era a dificuldade de saber que se eu

precisava de ajuda, mas não era fazendo por mim e sim me auxiliando. O que não era certo,

era essa sensação, eu não queria sentir raiva da minha mãe, porque eu compreendia a razão

ela, mas não pude controlar, não conseguia deixar aquele sentimento horrível, eu realmente

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fiquei com muita raiva no momento, e eu não consegui controla.

O almoço foi totalmente silencioso, diferente do que geralmente é, minha relação com a

minha mãe sempre foi muito unida e forte, e raramente chocavam as opiniões, e quando

acontecia, corríamos para consertar, seja lá o que fosse.

Terminei o almoço, e voltei para o quarto, eu não estava afim de conversar ou de falar

com a minha mãe no momento, e quando fechei a porta do quarto, eu comecei a chorar,

toda a raiva precisava sair de mim, e quando parei de chorar veio a tristeza, uma tristeza sem

fim. Mas fosse o que fosse, eu iria continuar lutando por aquilo que eu acreditava que era o

certo para mim, e minha mãe precisava compreender aquilo. Meu celular tocou e eu tomei

um susto, o meu narrador começou a falar:

" Peter está ligando, gostaria de atender? Diga sim. Se não, não."

-Sim. Atender Peter. - Falei limpando o nariz.

O telefone fez um barulho, e a voz de Peter saiu:

-Oi Liv, e aí? Como está a folga do hospital? - falou ele todo animado.

-Oi Peter, ahn, bem…. vai bem. - falei fingindo que não estava chorando.

-Espera…. você está chorando? - perguntou ele mudando o tom de voz animado por

uma voz mais calma.

-Não….é…...alergia. - Menti.

Eu não iria falar dos meus problemas pra ele, principalmente, esse tipo de problema.

-Não mente para mim. Liv, o que houve? - falou ele todo carinhoso.

Deus! Porque ele tinha que ser tão atencioso assim? Não podia sei lá, ser grosseiro?!

-ah Peter, minha mãe. Ela não compreende que eu tenho capacidade pra fazer as

coisas entende? ela quase me obrigou a lavar a mão. - Falei desabafando.

Peter respirou no telefone, mas uma respiração leve e parecia doce.

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-Liv, eu imagino que pra você não deva ser fácil, querer fazer e não poder. Mas

também, entenda o lado da sua mãe, ela está tentando lidar com essa situação. Sabe que não

é uma tarefa fácil, imagina, se coloca no lugar dela. -ele disse pacientemente.

-Mas e eu Peter? Fico aqui? Parada? Impossibilitada de sair? De ir? De viver? Não é

justo. - falei parecendo uma menina birrada e Peter sorriu.

-Você parece uma menininha que a mãe não deixou comer o doce. - Ele riu da minha

cara.

-Ah qualé Peter isso não tem graça! Seu bobo! Eu não estou dizendo que não me

importo com ela sabe? é a minha mãe. Mas… - falei.

-Mas você quer ser independente e precisa passar uma confiança. O que acha que

sairmos juntos essa noite?, comigo talvez ela deixe né? - falou ele. - E por favor, vê se não

vai chorar porque não vou te levar no restaurante mais caro. Não sei lidar com pessoas que

choram! - ele falou realmente me zombando.

E eu sorri.

-Eu não acredito que você está me fazendo rir em um momento como esse Peter, Você

é inacreditável!....espera!....Você está me chamando pra sair é isso mesmo? - Falei com

Vergonha.

-Bem, é. Porque, tem algum problema? Ou você está com vergonha pra admitir que

está feliz demais? - brincou.

-Ah não eu não tenho vergonha tá?.....É que até agora eu não sai do meu quarto. -

disse docemente.

-Credo…. Seu quarto deve estar uma bagunça então. - novamente ele estava me

zombando.

-Olha vou nem falar nada pra você Peter…..vou nem comentar! - falei meia zangada.

-Que bom, porque vou considerar como um "SIM". Um "SIM" bem grande! - ele

disse.

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-Vou pensar no seu caso…. mas como vamos? - eu realmente estava curiosa para

saber.

-Com o meu carro ué. Porque? Acha que eu não tenho carro? - fingiu estar ofendido.

-Não….é que….achei que você não tinha. - ele sorriu do outro lado.

-Gosto de você porque você é sincera. Como um cadeirante pode dirigir não é mesmo?!

- ele riu - mas não se preocupa, eu dirijo devagar. Não vai morrer. - nós dois sorrimos.

Era impressionante a forma como Peter me passava calma e paz, ate alguns minutos

atrás eu estava com raiva e triste, mas foi só ele sorrir que o meu coração amoleceu. Você

deve estar com pena de mim, é uma lei básica da vida: não podemos nos apaixonar por

melhores amigos, sempre dá ruim. Eu sei disso, e eu sei. E na verdade, eu nem sei o que

realmente estou sentindo, só sei que, era bom estar do lado dele e eu confesso que fiquei

nervosa com o convite, mas óbvio que não vou perder por nada. Só espero que eu não esteja

realmente apaixonada por ele, porque se for, ferrou!.

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Capitulo Dez : " O Nosso Lugar de

Paz "

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O clima em casa ainda estava tenso, minha mãe ainda não havia perdoado o nosso pequeno

"climão," mas estava fingindo que nada havia acontecido, até avisá-la que eu iria sair com

Peter esta noite.

-Mãe, o Peter me chamou para jantar com ele. Tudo bem? - perguntei para ela.

-Que horas? - falou ela com um tom de voz séria.

-Ainda não sei, ele vai confirmar. - falei baixinho

-Ele vai vir de táxi? - Eu sabia que ela não me olhava.

-Ele dirige. - falei tentando encontrar uma brecha.

-Não, você não vai. - falou ela e escutei a porta do quarto batendo.

-O que? Como assim? - falei sem realmente entender nada.

-Você não vai. - gritou ela por trás da porta.

-Mãe está combinado, eu não posso deixar de ir. E é o Peter, não um desconhecido. -

falei.

-Mas você não vai. Não tem condições de ir sozinha com alguém que também não tem

condições. Olívia, quero que fique em casa. - Falou ela através do quarto.

Meu coração acelerou, eu quis gritar, berrar com ela, mas eu só consegui chorar, senti

as lágrimas enchendo os meus olhos, e então eu só fiz uma única pergunta por trás da porta:

-Porque está fazendo isso comigo? Porque não me apoia a seguir, a ter a minha

liberdade? Papai nunca teria feito isso. - e abaixei na porta e senti que tudo estava dando

errado e realmente estava.

Meu celular tocou e eu levantei e fui atender:

"Peter está ligando...gostaria de atender? ."

A voz do talk falou e eu não sabia exatamente o que fazer.

-Atender. - falei e fez um barulho de microfone sendo ligado.

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-Liv, vou ir te buscar umas 20:30 está bem? - falou ele descontraído.

Eu não soube o que dizer, eu só chorei.

-Ei….Ei…..o que houve Liv? O porquê está chorando? - perguntou ele meio confuso.

Novamente só soube chorar.

Houve uma batida na porta e eu coloquei o telefone no mudo.

Procurei a maçaneta e então a encontrei e girei:

-ele já disse o horário? - perguntou minha mãe e eu sabia que o coração dela ficou

apertado ao ouvir sobre o meu pai, e principalmente, ficou ainda mais apertado em ver o

meu rosto vermelho e inchado de choro.

-Sim. 20:30. - falei abaixando a cabeça.

-Certo. Então divirtam-se. - falou minha mãe saindo da minha porta e fechando a

porta.

Em êxtase ainda, fui apressada procurar o telefone:

-Liv? Está tudo bem? Liv? Está por aí? - falou Peter sem entender nada.

-Estou…..eu estou aqui. - falei respirando fundo e limpando a maquiagem - Não

precisa ter pressa pra me buscar viu?! Vou demorar um pouco para me arrumar. - falei

sorrindo.

-Ah agora animou foi? Muito bem! Muito bem! Quero te ver linda hoje e não vai tão

produzida assim tá bom? - falou ele.

-Como assim Peter? a gente vai comer juntos e não é pra me arrumar bem? - eu dei

risada.

-Claro, não vamos em um lugar muito convencional. - falou ele. Eu abri a boca pra

falar mas ele me interrompeu - vai com uma roupa mais confortável, e não faz muita

pergunta, até logo - e ele desligou o celular.

-Menino doido! - falei bloqueando o celular e colocando na cama.

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Fui andando devagar, a procura de uma roupa, graças a Deus eu sempre fui uma

moça muito organizada, e sabia exatamente onde que eu teria que ir e qual roupa era cada

uma. Então, procurei a maçaneta do guarda-roupa, e puxei, senti o cheiro de roupas limpas,

e logo veio uma roupa na minha mente, um vestido branco com flores brancas, de

manguinha curta, acho que aquela roupa estava bem confortável né?!...

Foi então, que eu tateei uma jaqueta jeans, e embaixo da prateleira tateei um perfume,

esguichei no meu pescoço, pulso, e peitoral, o meu perfume era Dolce, um cheiro suave e

doce que lembra frutas vermelhas.

Fui caminhando ainda devagar, a procura do meu pente de cabelo, e comecei a

pentear meu cabelo, sempre passando a mão e tentando imaginar se estava tudo certo e não

parecer uma maluca, então, fechei a porta do armário, e tateei até a próxima porta, onde

ficava os meus sapatos, não sabia qual escolher, quando o interfone de casa toca e minha

mãe vem até a minha porta:

-Peter chegou. - Falou ela que parecia mais calma e serena.

-Pode me ajudar a escolher um sapato mais básico? - perguntei sem saber por onde

começar.

-Bem, que tal uma rasteirinha? Ele te deu uma dica de onde vocês vão? - falou ela

simpática.

-não só disse que era pra mim ir mais confortável. - falei sem saber o que fazer e o

coração acelerando.

-Bem, vai com essa rasteira, é leve, casual e confortável. O que você acha? - perguntou

ela.

-Acho maravilhoso. - falei sorrindo e minha mãe pegou a rasteira e colocou no meu

pé.

-Filha, toma cuidado. Qualquer coisa me liga está bem? E também, leve a chave. Se

cuide. - e ela me beijou na cabeça.

-Obrigada mãe. Obrigada mesmo por confiar em mim. - Beijei na testa dela.

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E sai tateando até achar a chave de casa.

Ouvi um barulho de buzina lá em baixo, eu ainda tinha elevador para ir até Peter, e

eu realmente estava muito nervosa, será que o meu cabelo estava bom? Realmente não

importa. Certamente ele vai entender se eu estiver descabelada.

O elevador chegou, e eu fui tateando até ouvir o barulho da porta do elevador abriu

eu entrei e então tateei até o ultimo botão, que era o térreo. A porta do elevador fechou, e eu

realmente estava suando frio de nervosismo, demorou alguns minutos para o elevador

chegar no térreo, a porta abriu do elevador, e então eu sai, o porteiro vendo que era eu, veio

todo gentil ao meu encontro:

-Olivia! Que bom que ver por aqui. Esse moço no carro está com você? - perguntou

ele.

-Sim está sim. Ele está fazendo muito barulho? - perguntei meia acanhada.

Mais sons de buzinas.

-Está, mas sei que a Sra dará um jeito nele. Por favor, deixa eu te conduzir até o

portão. - falou ele todo cuidadoso pegando na minha mão.

Eu sorri e agradeci ao porteiro.

-Olivia! Que bom te rever por aqui! - falou Peter bem alto.

-Shhhhhhh! Será que dá pra você falar baixo? - brinquei.

-Ah não! Você está um verdadeiro encanto esta noite. Eu abriria a porta do carro para

você mas sabe como é né? - falou ele brincando.

-Você não tem jeito mesmo! - sorri.

Eu ouvi o som do cinto de segurança sendo destravado, e então, eu ouvi o som da trava

da porta do carro destravando.

-Cuidado para não bater no rosto…..isso….assim….. - falou ele enquanto eu pegava

na porta do carro e ia abrindo.

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Quando a porta abriu, eu empurrei e então tateei o banco do carro, era macio, fofo,

uma textura leve, sentei e então bati a porta bem de leve, Peter beijou o meu rosto e então se

inclinou para pegar o cinto de segurança que estava do meu lado, e passou ele por mim e

fechou o lacre do cinto.

-Uffa! Agora podemos ir. - falou ele e pegou o cinto também e ouvi o lacre.

-E então para onde iremos? - perguntei curiosa.

-Para um lugar calmo, e pacífico. Exatamente que eu preciso no momento e eu sei que

você também . - falou ele.

Ele girou a chave e o carro ligou, fomos andando devagar, porém, eu estava grata por

aquilo, não queria que fosse rápido mesmo.

-E a sua noiva? Ela não vai se dar conta de você? - falei.

Eu estava coçando a mão desde o momento que ele me chamou para sair com ele.

-Não, ela não liga. Eu já disse que estou com você. Ela te conhece de tanto que eu falo.

Ela só disse para não voltar muito tarde. - falou ele meio sem graça.

-Entendi. Entendi. - falei.

-E você não pensa em se casar? - falou ele sendo realmente curioso.

-Ah…. não….. eu ainda não estou pronta para isso. - falei com vergonha.

-Como assim não está pronta para isso? - falou ele intrigado.

-Ah sabe, eu só não me sinto pronta. Acho que casamento é um passo muito sério e

também não se casa com qualquer um não é mesmo? - falei sorrindo.

-O que é casamento para você? - perguntou ele.

-Um compromisso muito sério, e também, uma resposta de uma certeza muito grande.

- falei.

-Realmente é mesmo Liv, eu, estou com uma certeza absoluta que a minha noiva será

a minha futura esposa. Ela realmente é a mulher para mim. - sorriu ele.

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-Fico feliz por isso - comecei coçar a mão de nervoso, e eu descobri que ela estava

suada.

-Mas calma, vai achar alguém que te ame e que te mereça e eu quero estar lá viu?! -

ele falou brincando.

-E eu espero mesmo. Mas por enquanto, prefiro focar naquilo que realmente preciso.

- falei sorrindo.

-E a faculdade? Já pensou sobre? - ele estava me investigando.

-está me investigando? - falei com um tom de brincadeira.

-Claro que sim. Você sabe que sim. Quero saber se você vai planejar a construção. -

falou ele.

-Eu sei, então, eu ainda não tirei nada para pensar sobre. - falei sendo bem sincera.

-eu vou te ajudar, prometo mesmo. Vamos construir uma faculdade e as pessoas

precisam disso. - falou ele. - chegamos! - ele disse estacionando o carro

-Mas já? Nem percebi. - e de fato eu não havia percebido que havíamos chegado.

-Onde nós estamos? - perguntei.

-Respira fundo e vai descobrir já já. Só tenha calma. - ele abriu a porta do carro, tirou

o cinto, e então, apertou um botão que eu não sabia exatamente onde estava. O ar estava

frio, mas não ao ponto de agasalhar, uma brisa leve e suave, e barulho de palmeiras

balançando. Ouvi um barulho de espécie de uma máquina abrindo.

-O que é isso? - perguntei curiosa.

-Estou abrindo a minha cadeira de rodas, e ajeitando o banco. Tudo é com

eletricidade, o carro é adaptado. - mais um barulho de "Click" - e agora vou sentar na

cadeira e vou aí abrir a sua porta e te ajudar. Só espera um minuto. - depois de alguns

minutos, ele desligou o carro, e fechou a porta do lado dele. E eu ouvi o barulho da cadeira

de rodas vindo próximo de mim, e a porta do meu lado se abriu, ele soltou o meu cinto e

segurou a minha mão e eu corei, eu odeio quando eu faço isso!

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-Pronta? - falou ele.

-Pronta. - sorri.

Ele segurou a minha mão, e me ajudou a sair do carro, o vento passou pelo meu

cabelo, bagunçando e me deixando descabelada. Peter sorriu e disse:

-Você está descabelada. - ele gargalhou.

-você adora me irritar né? - coloquei a mão na cintura.

-E você gosta disso. - ele falou sendo convencido.

-Convencido. - falei virando o rosto e depois sorrimos.

-Vem me ajuda aqui. - falou ele caminhando e eu segurei na cadeira de rodas.

-Estamos no porta malas, vamos pegar algo especial para hoje. - falou ele.

-Estou curiosa. Sei que vai me surpreender. - falei se aproximando.

-Você está cheirosa descabelada. - falou ele e eu engoli a seco.

-Obrigada. - sorri.

Ele apertou o botão do chaveiro do carro, o porta malas abriu e então, ele me entregou

uma cesta na minha mão e outra colocou no colo dele.

-Para que isso? - falei ainda sem entender.

-Tira as sandálias, não vai precisar delas. - ele pegou a cesta na minha mão e eu fui

para o carro sentar no banco para tirar as sandálias, eu consegui tirar depois de muito

tempo. Coloquei nas mãos e ele me entregou a cesta, e eu segurei novamente na cadeira de

rodas.

A brisa novamente bagunçou o meu cabelo e eu coloquei o cabelo atrás das orelhas.

-cuidado agora onde você pisa está bem? Tem uma rampa e vamos descer nela. - falou

ele com muita paciência.

-Está bem. - falei com calma.

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E realmente depois de alguns passos, estava só em uma rampa, e quando pisei, eu

logo descobri onde que eu estava: Na Praia.

-Estamos na praia? Peter você me trouxe na praia? - falei surpresa.

-sim. Não somente na praia, mas vamos fazer um piquenique nela. Surpresa? - falou

ele.

-Muito! Faz muito tempo que não venho a praia. Eu realmente estava precisando

disso. - falei animada.

Sentir a leveza do lugar, a leveza da praia foi a melhor coisa, o vento frio mais gostoso

e o som das ondas quebrando devagar e lentas sem pressa para o tempo passar. A areia fina,

e que me lembre branca, me lembrava a época que eu era pequena e que eu não me

preocupava com nada, esse lugar, era o lugar que eu realmente precisava estar, era o meu

porto seguro, o meu ponto de paz. Eu amava estar aqui. Amava sentir a praia, o clima da

praia. Era maravilhoso essa sensação, a sensação de paz.

-Vamos próximo ao mar, tudo bem para você? - perguntou ele.

-Tudo bem.- falei e o nervosismo foi embora.

-muito bem. Então vamos porque eu estou morrendo de fome! - falou ele e eu sorri.

Caminhamos na areia, a cadeira de rodas com um pouco de dificuldade, por vezes eu

tinha que empurrar para ela prosseguir, mas Peter não parou em momento algum, ele foi

continuando, até que, o som das ondas ficaram mais intensas e fortes, ao ponto de eu sentir

a brisa da água do mar, e o cheiro de água salgada.

-Aqui está bom. Vamos parar por aqui. - falou ele animado.

-Certo. - falei.

Peter travou a cadeira, e se jogou na areia, Eu ouvi um barulho do corpo dele batendo

na areia, e então, ele disse:

-Senta aqui. Vamos arrumar o jantar. Pode abaixar, não tem problema não. - falou

ele.

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Eu abaixei, e Peter arrumou tudo que tinha que arrumar. E então ele falou:

-Aqui temos pães, sucos, café, bolo, torta, brigadeiro. - falou ele.

-Brigadeiro? - falei surpresa.

-Brigadeiro. Não questiona…. - ele prosseguiu rindo - e morangos - falou ele pondo

um fim no assunto.

-Puxa quantas opções, eu realmente não estava esperando por isso. - falei surpresa.

-Bem, sinta-se a vontade!. - falou ele. - porque está tão longe de mim? Sabe que eu

não mordo né? - falou ele rindo.

-Me aproxima mais de você então. - falei irritando ele.

-Certo. - e ele pegou minha mão e me puxou ficamos mais próximos.

E ele foi me dando um pedaço de bolo e suco de maracujá.

Comemos e bebemos a vontade, eu realmente estava me divertindo muito, Peter me

contou sobre a infância dele, que ao invés de participar da competição de carrinhos de

rolimã, ele preferia não participar porque sempre ganhava. E eu sorria a cada demonstração

das caras de as crianças faziam quando ele ganhava as competições.

-Então quer dizer que você é campeão em carrinhos de rolimã? - falei brincando.

-Com certeza, você não me viu competindo ainda. - falou ele.

E o clima mudou não para mim mas para ele.

-desculpa! Eu não queria…..eu não…. - falou ele todo encabulado.

-O que? Ahn…- eu realmente tinha entendido - não, não esquenta. Está tudo bem.

Não precisa se preocupar. - falei. - eu quando era pequena, brincava de modelo, era uma

vara pau, vareta, magra e branquela, única coisa bonito era…. - ele me interrompeu.

-Os seus olhos. - falou ele e eu corei novamente.

-Porque faz isso? - perguntei.

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-O que? - falou ele meio confuso.

-Isso. Fica me elogiando. - falei sendo bem sincera.

-Desculpe, não consigo resistir com você. Eu sinto muito. Você tem razão. - falou ele.

-Tudo bem. - eu realmente estava me odiando por ter falado aquilo.

Se existia uma chance, eu acabei destruindo tudo.

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Capitulo Onze : "Turbilhões dePensamentos "

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-Olha, não me leve a mal sabe? Mas somos amigos e você é noivo. Não quero trazer

problemas para você, e para o seu relacionamento. E também não quero criar

expectativas além da minha realidade, eu espero mesmo que você entenda. - falei sendo

muito sincera, mas com o coração apertado.

E não deixava de ser verdade, eu realmente não podia aceitar aqueles elogios sendo

que não eram reais, eu realmente não podia gostar de alguém comprometido, era um

erro, um erro bem feio e grave, Peter assentiu, mas de repente tudo aquilo deixou de fazer

sentido, e mesmo nós dois nós esforçando para levar o assunto em diante e esquecer que

aquilo havia acontecido, não dava mais. Infelizmente, algo ali havia se rompido, e para

confirmar ou melhor, para piorar a coisa, sua noiva ligou pedindo que ele voltasse para

casa.

-Muita coisa antes do casamento sabe? - disse ele quando estávamos estacionando

o carro em frente ao meu prédio.

-Tudo bem, eu entendo. - e beijei a sua bochecha.

-Olivia? - falou ele segurando a minha mão.

-Sim Peter? - falei baixinho.

-Obrigada por ser uma amiga tão incrível! - o mundo desabou nas minhas costas, o

peso daquelas palavras realmente me forçaram a aceitar a minha realidade, ele nunca

teve segundas intenções comigo, para ele, eu era apenas uma amiga e estava tão óbvio

isso, e eu tonta não quis acreditar!. Engoli a seco e respirei fundo e respondi:

-Obrigada você também, por ser um grande amigo. - e sai do carro disposta nunca

mais prestar aquele papel novamente.

Cheguei no meu apartamento exausta, e frustrada e triste, minha mãe abriu a porta

do quarto e veio ao meu encontro:

-Liv, como foi? Chegou cedo. - falou ela.

-Pois é…..nada divertido. - falei com os sapatos nas mãos ainda.

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-Puxa que pena…. Tome um banho e descanse. Quer ajuda? - falou minha mãe já

fazendo menção de ir para o meu quarto e pegar as minhas coisas.

Respirei fundo aquela mania que ela tinha só estava atrapalhando tudo, me

deixando sufocada dentro de casa.

Sufocada…. era exatamente aquilo que eu me sentia no momento, eu estava

extremamente sufocada. Eu precisava respirar, ter um tempo de paz.

-Mãe! Eu não sou mais criança. Sou apenas cega. - falei tentando manter a calma

na voz.

-Só cega? Olívia você é cega e para de ficar fingindo que não é. Será que não deu

pra entender isso? Você fica fingindo que não precisa de ajuda, que é independente, mas

olha só para você!. Até quando vai ficar fingindo algo que não é, você não enxerga mais

Olívia, está cega. Não tem capacidade de fazer nada. Absolutamente nada! - e ela falou

com voz séria, mas eu sabia que havia lágrimas no rosto dela.

Havia lágrimas nos meus olhos também….

Então era isso? Eu estava fingindo ser normal? Ignorando o fato de eu enxergar?

Então era isso? Então ter liberdade era isso? Querer fingir a minha situação. Minha mãe

deu as costas, eu podia sentir o peso de cada movimento dentro dela, o peso da raiva, o

cheiro dela, era um cheiro de fogo, era cheiro de lava, era cheiro de enxofre. Então era

isso que as pessoas exalavam quando estavam bravas e com raiva, elas exalavam a fogo!

-ENTÃO É ISSO QUE A SRA ACHA QUE EU SOU? UMA INÚTIL! UMA

INCAPAZ? ENTÃO É ISSO QUE EU SOU PARA A SRA? TALVEZ NAO SE PASSOU

NA SUA CABEÇA DE QUE EU SOU JOVEM, E SONHADORA? E QUE, TALVEZ,

EU QUEIRA SER GENTE? -Berrei e minha mãe parou de respirar.

-você precisa aceitar a sua situação Olívia, precisa aceitar a sua situação! Teimosia

é o que você tem! Não aceita um não! Egoísta! - falou minha mãe respirando bem leve e

profundo ao mesmo tempo.

-Então veremos isso! - falei.

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Eu realmente precisava tomar um pouco de ar, e sem pensar, eu corri, me lembro

de sentir que estava correndo, correndo e fechando a porta, lembro das palavras duras

da minha mãe….

Egoísta…...teimosa…..não aceito um não….

Não percebi a hora que eu entrei no elevador…. Ouvi bem de longe a voz da minha mãe

gritando o meu nome…..mas eu era egoísta não era? E pessoas egoístas não voltam atrás.

Corri…

Lembro de sair do prédio….

Lembro de correr ….

lembro o som da minha respiração….lembro do gosto do ódio….da

injusta…..amarga….dura….seca….lembro de sentir ódio pela minha cegueira…..lembro

da alegria…da esperança indo embora.

Lembro de correr sem saber onde que eu estava, e lembro do Salgado das lágrimas

escorrendo no meu rosto, lembro de ouvir meu coração palpitar, acelerado,

descompassado, lembro como eu me lembro, da sensação pesada no meu corpo.

De sentir o chão, o asfalto, os paralelepípedos das calçadas, os latidos dos cachorros,

lembro de ouvir minha mãe gritando dizendo que eu era teimosa, de Peter, talvez, teria

sido melhor ficar no hospital, pelo menos lá, eu não seria egoísta.

Corri…...corri…...corri…...corri….. até acertar algo, acertar alguém…. lembro do

chão frio e do cheiro de sujeira do chão…..um apito agudo no meu ouvido….tudo

mudo…..e lá no finalzinho….lá no fundinho….. uma voz feminina doce e meia baforada.

Alguém estava falando comigo….. mas quem era? Não era a minha mãe.

-Moça?.... Heeeey!..... Moça?..... Você…. você está bem? - falou uma voz ficando

mais nítida na minha cabeça.

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Não sabia identificar…. quem era a voz?

-Moça? Moça? Moça? Você…..aí meu Deus! Diga que não morreu! Diga que não

morreu! Moça eu não posso ser presa! Não dá…. não dá.. - essa voz ficou meia

desesperada.

-Hã?????..... O-onde que eu estou? - falei e como um tijolo jogando na minha

cabeça, a voz da moça e a minha situação veio em cheio. - aaaai minha cabeça! O que

aconteceu? - falei ainda atordoada.

-Ave Maria cheia de graça, virgem santíssima! Graças ao padroeiro dos bons

corações você não está morta! Uffa! Aí Deus! Aí meu pai!.... garota o que aconteceu com

você? Porque estava correndo? - falou a moça mais aliviada, mas apressada na voz.

-Eu….eu precisava de um pouco de ar. - falei tentando me levantar.

-Deixa eu te ajudar…- ela esticou a mão e eu não correspondi então ela meio que

soube -Deus! Você é deficiente não é? - ela disse com voz doce e gentil.

-Está tão na cara assim? - estiquei a mão e ela me puxou.

-Na verdade não, mas, é a única justificativa para correr tanto. Como se chama? -

perguntou a voz feminina.

-Olivia, Olívia Cooper. - falei rapidamente.

-Prazer Olívia, olha, da próxima vez que quiser respirar você….. bem...não tente

matar os outros atropelada está bem? - ela riu e eu sorri.

-Está bem. Ahn…..onde que eu estou? - perguntei me dando conta de que eu corri

tanto que não sabia mais onde que eu estava.

-Na Quinta Avenida querida, venha, vou te acompanhar até a sua casa. Sabe me

dizer qual o nome? - perguntou ela.

-Oh céus! Eu corri demais! Ahn…..sei….sei… eu moro na Primeira Avenida. - falei

meia com vergonha de ter caído no meio da rua.

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-eita!... parece que você correu um bocado, mas calma, vou te levar até lá, não se

preocupe. A propósito meu nome é Wendy, Wendy Muller. - ela disse com mais calma e

mais tranquilidade.

-o prazer é todo meu, mas, desculpa ter feito você cair na frente de todos. Eu não

imaginei...eu….. que vergonha! - falei colocando as mãos no rosto.

-Ei tá tudo bem! Olha, na verdade, eu não me machuquei então foi um grande

avanço não é mesmo? - sorriu ela - mas o que te fez correr tanto Olivia? - falou ela

realmente demonstrando curiosidade.

-Bem, mente cheia, injustiça, falta de compreensão. Azar no amor. Tudo isso! -

respirei fundo.

-Ah sei como é! noite difícil? - disse ela.

-Não imagina o quanto! - falei.

-Não se preocupa, no final, as coisas são difíceis mesmo sabe? Tipo, ser jovem, e

viver ao mesmo tempo é uma tarefa nada fácil. Mas relaxa - ela pegou na minha mão - no

final, tudo dará certo. Alguém terminou com você? - perguntou ela cheia de curiosidade.

-Nem começou, eu talvez goste dele, mas ele é noivo. Totalmente errado né? - falei

sorrindo.

-Eita! Assim não dá. Me lembra uma vez que eu, me apaixonei pelo meu melhor

amigo, foi a maior tragédia! Sabe como é né, se apaixonar por melhor amigo…… - eu

completei a frase dela.

-É correr perigo. - e nós duas começamos a sorrir.

-Ele se tornou o seu melhor amigo não é? - falou ela e eu senti o seu olhar de

encontro com o meu me investigando e ao mesmo tempo, obtendo a resposta certa daquilo

que era verdade, ele era o meu melhor amigo!.

-Sim, nos conhecemos no hospital, ele é cadeirante e eu bem…. você sabe. - Ergui

os ombros - então, começamos a conversar em um grupo de apoio para deficientes do

hospital, e tivemos um bom papo. Como eu era nova, e recém internada e havia acabado

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de sofrer um acidente, eu simplesmente não tinha esperança de mais nada. E aí, conheci

Peter, e ele me alegrou. -sorri ao me lembrar da forma como nos conhecemos.

-Olha garota, você está completamente apaixonada por esse cara! Sinto te dizer,

mas você se ferrou! - ela gargalhou.

-Ah qualé! Isso não tem graça! E eu não estou não...não posso estar…. não tenho

que estar! - falei séria e Wendy gargalhando.

-A primeira prova de que realmente estamos: Negação. Todos que estão

apaixonados negam que realmente estão apaixonados. -ela gargalhou mais ainda.

-Olha não acho justo você ficar me zoando tá? Eu não estou e pronto. - falei meia

emburrada.

-A segunda prova é fazer cara de paisagem. Cara de fantasia sabia? Acontece

muito. - ela continuou me zoando e eu não resisti comecei a rir.

-Olha não quero te perder por nada! Realmente é a pessoa que estou precisando

para levar a vida mais divertida. - em meio às risadas ela parou e segurou o meu braço.

-Então a partir de hoje, não sairei mais da sua vida sua bobinha apaixonada. - falou

ela me empurrando.

Continuamos a caminhada, dobramos esquinas, atravessamos algumas ruas, e

enfim, chegamos em casa.

-Bem pelo visto aquela deva ser sua mãe. - disse Wendy segurando o meu braço.

-É uma loira com cara de desespero? - perguntei.

-É sim. Exatamente assim que ela está no momento. - falou Wendy rindo.

-Então é melhor eu ir até ela. - falei com um sorriso no rosto.

-Não precisa, ela está vindo até você. - falou Wendy baixinho no meu ouvido.

-ai graças a Deus, Liv!....onde….onde você estava? Eu fiquei tão preocupada! Aí

meu Deus! - minha mãe veio em prantos ao meu encontro e me abraçou. - Nunca mais

faça isso! Nunca mais! Nunca mais! - falou minha mãe me beijando.

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-Mãe…. mãe….está tudo bem. Está tudo bem. Eu estou bem! - falei recebendo os

beijos da minha mãe e Wendy rindo baixinho atrás de mim.

-Está bem mesmo? Tem certeza? - minha mãe começou a me tatear como eu fazia

quando procurava alguma coisa.

-absoluta mãe. Está tudo bem. Eu estou bem. - falei rindo ao ouvir a risada de Wendy.

-Ai ainda bem! Graças a Deus. - minha mãe parou de falar por um momento e

Wendy segurou o riso e minha mãe falou:

-quem é ela? - falou minha mãe me largando e falando séria para Wendy.

-Sou Wendy, Sra Cooper, fui eu quem encontrou Olívia na Quinta Avenida. - sorriu

ela.

-Ai que anjo que você é! -e abraçou Wendy de surpresa e quem passou a rir de

Wendy fui eu.

-Imagina, na verdade, eu que encontrei Wendy e não o oposto mãe. -falei rindo.

-Como assim? - minha mãe fez cara de confusa -Não precisam dizer, não aqui, não

agora. Vamos pra casa. - falou minha mãe pegando na minha mão.

-Eu também? - falou Wendy confusa.

-Você também mocinha, quero saber quem é você. - falou minha mãe pegando

Wendy pela mão também.

Nós duas sorrimos.

-Quer dizer então que você derrubou a Wendy? - falou minha mãe preocupada.

-Sim, eu estava muito aflita e dolorida mãe, e acabei empurrando-a não chão. Por

sorte que ela percebeu que eu era deficiente e então, me ajudou.- falei erguendo os ombros

com simplicidade.

-Como não ajudar uma moça que saiu me atropelando? Não seria do meu perfil. -

Wendy sorriu. - e também, me ajudou sabe, me fez sorrir, uma coisa que eu não fazia há

tempos. - falou Wendy com uma voz meiga.

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-Você merece sorrir mesmo, pelo que fez por minha Liv, merecem passar o mês

sorrindo direto. - falou minha mãe segurando as próprias mãos.

Wendy sorriu, o brilho que saia do sorriso dela era muito contagiante.

-Filha, Peter ligou, disse que precisava falar com você. Vai retornar? - falou minha

mãe caminhando e indo pra cozinha.

-Ahm…. não mãe. Não acho certo. - falei eu abaixando a cabeça.

-Vocês brigaram? - falou minha mãe curiosa.

-Sim, na verdade, não. Quer dizer…. mãe, ele é noivo e tipo assim não posso sair

com um noivo. Ainda mais com a noiva dele superprotetora e intrometida. - falei na

defensiva. - Acho que tenho que me afastar, acompanhar de leve. - falei por fim.

-Mas filha, ele não ia te ajudar com a construir a faculdade? - falou minha mãe

mexendo nas panelas.

-Pera…. faculdade? Vai montar uma? - falou Wendy que parecia ter despertado de

um sono profundo.

Respirei fundo e então falei

-Sim, Nós tínhamos combinado de criarmos uma faculdade que ajude os deficientes

a serem integrados na sociedade. Mas, pra falar a verdade mãe, eu nem sei como vou

fazer isso sem o Peter. Mas não quero me envolver com problemas e com a noiva esquisita.

- falei.

-Eu posso te ajudar! - falou Wendy empolgada.

-Jura? Faria isso? - falei esperançosa.

-Mas é claro! Vamos nos unir e construir esse negócio de vez! - falou ela feliz.

-Ai tá vendo filha?! No final, tudo deu certo. E eu acho que vocês deveriam montar

agora. Wendy se quiser ficar para dormir tem um colchão no quarto da Liv.- falou minha

mãe receptiva.

-ÓTIMO! - Falou Wendy - quer dizer….. eu adoraria Sra Cooper. - sorriu ela.

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Após o jantar fomos para o quarto, falei pra Wendy escolher a roupa mais

confortável, e eu não sabia como Wendy era fisicamente e por isso, fiz questão de

perguntar.

-Bem, eu sou alta, magra, cabelos negros, traços de Indiana. Bem parecida com a

Pocahontas. - sorriu ela.

-Ótimo. Porque é exatamente assim que eu imaginava você mesmo. - sorri para ela.

-Que bom! Pelo menos eu não sou feia na sua cabeça! - sorriu ela. - e então? Como

será a tal da faculdade? - falou Wendy animada.

-Eu nem sei por onde começar sabe Wendy, não sei mesmo. Tem uma ideia? - falei

totalmente perdida.

Meu telefone tocou.

"Peter está ligando."

"Peter está Ligando."

"Peter está Ligando."

-Não vai atender né? - falou Wendy baixinho.

-Não, acho melhor me afastar. Não quero problemas para mim ou para ele. -

respirei fundo e o meu coração doeu.

-Tem certeza? Absoluta disso? - perguntou Wendy me olhando, eu sabia que ele

estava me olhando fixamente.

E eu abaixei a cabeça.

-Não tenho certeza de nada Wendy, eu só sei que tenho que me afastar. - o telefone

tocou novamente.

"Peter Ligando."

"Peter Ligando."

E agora? Será que devo atender? Atendo ou não?

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Capitulo Doze : "Coisa Boa "

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-Olha acho melhor você atender, sabe Liv, ele precisa saber que você não quer falar com

ele. O real motivo Liv. Acho que deve atender. - falou Wendy colocando o celular

vibrando pela vigésima vez.

-Ele não desiste? - Falei.

-Não vai parar enquanto não resolver! Tem sorte dele estar preocupado e estar te

ligando. -Falou Wendy.

-O que? Porque isso? - falei enquanto o celular vibrava mais uma vez.

-Bem, porque o meu ex nunca fez isso comigo. Mas depois te conto, estou

terminando o projeto. - falou ela concentrada e o celular vibrou mais uma vez.

"Peter está Ligando."

"Peter estar ligando ."

"Pe…….."

-Finalmente decidiu me atender! Gostaria de saber o motivo! - falou Peter meio

sério.

-Você tem noiva. E eu acredito que o casamento esteja próximo, então preferi não

acumular coisas na sua cabeça. - falei séria.

-O.K. eu entendi. Mas Liv, você precisava me avisar. Não simplesmente fingir que eu não

existo. - falou Peter.

-Eu sei, eu sei. Eu só não quero me apegar a você, nem sempre poderá me atender.

-falei.

-Claro que vou! Quem disse isso? Sou o seu amigo. Olha tudo que passamos hein?!

Não vou deixar isso passar assim, jogar tudo isso fora. - falou Peter.

-Ahm…...certo. estou planejando a faculdade, vai sair do papel em breve. - falei

rapidamente mudando o assunto total.

-Não brinca! Sério? Mas…..está ficando legal? - falou ele.

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-Ahm, minha amiga está me ajudando. - falei.

-Liv, isso é maravilhoso! Queria poder te ajudar, meu casamento está próximo.

Marcamos o casamento para mês que vem. Está uma loucura! A propósito quero que

você vá! - falou ele.

Respirei fundo e então falei:

-Certo. Eu estarei lá. Não perderei por nada. - falei com carinho.

-Que bom! Boa sorte aí tá? E eu vou ligar. Prometo. Ainda vamos ter muitos

momentos juntos. Não se preocupa. - falou ele me acalmando.

-Certo. Tudo bem. Não tem problema. Boa sorte ai também. - falei sendo gentil.

-Até mais. - falou ele.

-até. - falei com o coração partido.

Aquilo foi uma despedida, após, longos dias, Peter não ligou novamente, recebemos

o convite por via correio, enquanto o tempo passou para nós dois, Wendy e eu

prosseguirmos firmes no projeto da faculdade, onde eu agarrava com todas as forças da

minha vida e esquecer Peter de vez. E a cada dia que ia se passando, os sentimentos foram

amenizando, ou então, foram controlados, e para mim, era maravilhoso. Eu não queria

mesmo continuar tendo esperanças sem ter reciprocidade.

Depois de algum tempo…...

Uma certa feita, Wendy chegou em casa, muito bem a vontade, trazendo finalmente

o projeto vivo e estava pronto para sair do papel e meu coração saiu pela boca quando

ela descreveu cada parte da faculdade, e foi exatamente aquilo que eu imaginava que

aconteceria.

-Liv, está maravilhoso! Você não tem noção de o quanto maravilhoso está! Não

sério! Está esplêndido e…… - eu interrompi.

-Maravilhoso? - sorri continuando a frase dela.

-Sim! Maravilhoso! - falou ela batendo palmas.

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-E agora? O que fazemos? - perguntei.

-Bem, vamos fazer a mágica acontecer Liv, conheço algumas pessoas que podem

nos ajudar, vou ligar agora mesmo! - falou ela.

-Pessoal? Que pessoal? Que pessoas? - falei desesperada.

-Calma mulher! Pessoas legais, sério você vai gostar. - falou ela.

Ela discou um número no telefone e então, depois do número ficar chamando,

alguém atendeu:

-Wendy! que bom que está me ligando! E aí? Tudo bem? - falou uma voz masculina.

-Tudo bem…. tudo bem…. - falou Wendy. - tenho um projeto pra você Carlos, que

você vai amar. Preciso de pessoas! Muitas e muitas pessoas! Consegue isso? - falou

Wendy.

-claro, claro. Mas qual projeto? E como faço pra conhecer? - perguntou Carlos.

-Bem, vamos marcar um encontro, assim fica mais fácil de explicar. - falou ela. -

contacta todos os patrocinadores, vamos precisar! - falou ela.

-Certo, certo. Pode deixar. -Ele disse - você está bem mesmo? - falou Carlos.

Wendy respirou fundo e então falou:

-Sim Carlos, estou. - falou ela meia impaciente. - quando tiver falando com todos

me liga está bem? - falou ela.

-Sim….está bem…. - Wendy desligou o telefone.

E mudou a energia do lugar de triste para animado e esperançoso, cada emoção

havia um cheiro diferente. Tristeza tinha cheiro de cloro. Felicidade de Chocolate. Alegria

de pudim. Cada uma emoção tinha um cheiro diferente e nesse exato momento Wendy

exalava cheiro de Tristeza com Empolgação.

-E então, deu tudo certo! Vai dar tudo certo! - falou Wendy.

-E porque não estou sentindo isso com clareza? - falei tentando analisar.

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-bem, porque o Carlos é o meu ex. Ex de muitos. Mas é o meu ex que mais me

marcou. Eu não dou bem com esse papo com amor. - falou ela meia triste.

-Ei não fica assim! Você ainda vai encontrar alguém especial. Não desiste! - falei

segurando a mão de Wendy e ela apertou de volta.

-Não sei não. Acho que isso nunca vai acontecer Liv, estou ficando velha. Vou fazer

30 anos, ninguém quer uma velha. - falou Wendy com voz triste.

-Não diga isso! Você é jovem! Tem muito ainda que viver e fazer. Onde vai marcar

o horário do encontro? - perguntei pra tentar mudar de assunto e de clima.

-Ah…. que tal no shopping? Tem uma cafeteria lá que é bacana. Muito bacana! -

falou ela.

-Eu topo! Acho perfeito! Mande mensagem para o tal Carlos e marque com as

pessoas. - falei animada. -acha que vamos ter patrocinadores? - fale meia tensa.

-Claro que sim, teremos os essenciais para pôr isso em ação, mas enquanto isso, eu

vou simplesmente ajustar algumas coisas. Detalhes e detalhe. - falou Wendy estralando

os dedos.

-Sabe….eu acho que eu sei alguém perfeito para você! - falei olhando para Wendy

com um olhar de sapeca.

-Que? Quem? Ficou maluca? - falou Wendy meia nervosa.

-Não vou dizer…..só vale dizer quando vocês se conhecerem. Preciso conversar com

a minha mãe, fica aí! - falei saindo tateando bem pouco as paredes do quarto.

Minha mãe estava no quarto dela, e eu chamei e ela me respondeu, e quando

descobri exatamente da origem da voz dela, eu fui apressada até o seu encontro.

-O que foi Liv? Porque me chamou? -Perguntou ela.

Cochichei no ouvido dela e ela super topou na hora a minha maluquice.

Eu e minha mãe ficamos próximas, após o episódio que eu saí correndo feito

maluca, chegamos em um acordo, minha mãe iria me ajudar a lidar com a deficiência e

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para mim, aquele foi um grande passo. Então, após aquele dia, nunca mais brigamos e eu

fui memorizando as coisas de casa, e menos fui esbarrando nas coisas, e tão pouco,

quebrando os vasos da minha mãe.

Voltei para o quarto toda animada, e então falei:

-Como anda as coisas por aí? - falei sorridente.

-O que você está aprontando? - Falou Wendy com um tom de desconfiança.

-Nada ué, nada. - falei fingindo não saber de nada.

-mentirosa! - ela tacou uma almofada em mim e eu joguei de volta e ainda a acertei.

-Você está começando a ficar boa na coisa viu?! -falou Wendy sorrindo

-Pessoas cegas têm os seus sentidos aprimorados docinho, você ainda não viu nada!

- joguei novamente mais uma almofada no rosto dela.

Nós duas sorrimos e então minha mãe interrompeu a bagunça:

-Santo Deus! O que aconteceu aqui? - falou minha mãe bancando a mandona - O

jantar está pronto e hoje, teremos um convidado. - falou minha mãe piscando para mim.

-Liv, sua mãe piscou! Sua mãe piscou! O que está havendo? O que estão

aprontando! - falou Wendy toda nervosa.

-Deixa de ser boba! Não é nada. Estou tão surpresa quanto você. - falei em um tom

na defensiva.

-sei…. sei…..se você tiver algum envolvimento com isso Liv, você vai ver! - falou

Wendy.

"DING DONG."

Era a campainha tocando.

-Agora não dá tempo! Não dá tempo! Vamos! Estou com fome. - falei pegando a

almofada e jogando na cara dela, pena que eu errei.

Eu apressei o passo e Wendy veio logo atrás…

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-Liv sua filha da P……-Ela ergueu a almofada mas logo ouvi ela derrubando ela

no chão. - Princesa Elisabeth….caraca….que homem…..gato! - falou Wendy sem

respirar.

Eu sorri colocando a mão na boca, mas Wendy não se moveu.

Minha mãe vendo a cena estranha, logo falou:

-Doutor, essa é Wendy, Wendy, esse é o Doutor que acompanhou o estado clínico

da Liv enquanto ela estava internada. - falou minha mãe.

-Deus…..seja….louvado!...Acho que estou com febre! - falou Wendy se abanando.

Minha mãe e eu sorrimos.

-É um prazer te conhecer Wendy - falou o Doutor esticando as mãos certamente.

-Prazer quero ter com voc…. - eu cutuquei o lado de Wendy e ela falou rapidamente

se corrigindo: - O prazerétodomeu. - sorriu.

Wendy estava totalmente gamada no doutor, e eu sabia que daria certo. Ele fazia o

par perfeito para ela, e ela também para ele.

Depois desse momento constrangedor, o papo flui naturalmente, sem nenhum

problema visível, e quando o Doutor James foi embora, Wendy corre até o Doutor e

entregou o seu número de telefone , eu pude ouvir a respiração do doutor de longe, ele

iria ligar, eu tinha certeza de que iria. Então, Wendy retornou e pegou no meu braço:

-Porque você fez aquilo? Menina que vergonha! Será que ele vai ligar? Que

nervoso! - falou ela tudo muito rápido.

-calma! Relaxa! - falei tentando transmitir paz e calma. -Ele vai te ligar. Ele te

adorou! Vai ligar...só precisa ter um pouco de…… - o telefone de Wendy tocou era o

James ligando ou melhor, doutor James.

-AI EU NÃO ACREDITO! ELE LIGOU! JESUS AMADO PODEROSO! ELE

LIGOU! GENTE….O QUE EU FAÇO? - Falou ela de repente.

-Atende sua bocó! - sorri para ela.

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E ela assim o fez, sem nem pensar duas vezes,

Atendeu o telefone, e começaram a conversar, se eu pudesse ver Wendy estaria

corada nesse exato momento. Minha mãe bateu na porta, e então falou assim

-Filha... recebemos uma carta é do Peter. - falou minha mãe.

Eu saí do aposento e deixei Wendy e o Doutor conversando.

-O que diz na carta mãe? - falei meia tensa.

-Bem, o casamento foi remarcado. Ou melhor adiantado. Será dia 01 agora. As

18:00 horas, existem 4 convites, mas pra quem daremos 4 convites? - falou minha mãe.

Eu abaixei a cabeça, e então, falei:

-Bem, Wendy e o Doutor, Liv e a Sra. - falei dando os ombros.

-Ele não te ligou mais? - falou minha mãe.

-não mãe, infelizmente não, e também tudo bem. Pelo menos ele cumpriu com a sua

palavra de convidar a gente. Nós iremos. - falei respirando fundo.

-Certo. Vou achar uma loja de ateliê de vestidos de casamento, temos que ir bem

bonitas. - falou minha mãe.

-Sim. Eu também acho! - falou Wendy com um cheiro de amor no ar.

Eu sorri.

-Precisamos achar o vestido ideal. E adivinhem? O doutor todo poderoso me

chamou pra j

E nós comemoramos com mais uma rodada de jantar, era lasanha. O meu prato

favorito.

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Capitulo Treze : "Um Encontro

Inesperado"

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A Reunião foi marcada hoje, finalmente conquistaríamos alguns patrocinadores

para o nosso projeto prosseguir, eu estava nervosa, tensa, mas existia um pouco de

confiança em mim, eu realmente queria acreditar que era possível levar adiante, era o

único meio de esquecer um pouco Peter e entender que daqui pra frente, ele seria um

homem comprometido e a sua noiva estaria sempre presente.

-está pronta filha? - falou minha mãe batendo na porta.

-Sim mãe, Wendy já chegou? - falei ajeitando o cabelo.

-Não, mandou mensagem dizendo que vai atrasar um pouco. Mas nada de novo

nisso né? Depois do Doutor James, Wendy passou a se atrasar bastante se é que me

entende. - riu minha mãe .

E era verdade, o lance com o Doutor estava dando certo, Wendy quem diria a

Wendy, uma garota que disse que nunca iria casar novamente ou se relacionar, a gente

paga a língua mesmo, com certeza pagamos. Mas apesar dos atrasos dela, Wendy nunca

faltou comigo, nunca pisou na bola, e agora, estou torcendo e esperando a donzela sair do

conto de fadas.

Conto de fadas….. será mesmo que existe? Me chame de boba mas, até o meu ex-

noivo me dar um pé na bunda, eu acreditava em conto de fadas, ou então, em um meio

conto. Mas depois do chute que eu levei, eu definitivamente acreditei na realidade,

acreditei que existe o amor, e existe apenas uma paixão.

Deve estar se perguntando se não pensei em conhecer alguém novo….e de fato por vezes

tomando banho ou então almoçando com a minha mãe, eu imaginei que " Ué porque

não?.", O problema não é a possibilidade que eu via nula, não, na verdade essa

possibilidade nem existia, eu realmente acreditava que era possível, o que eu não consigo

ver a possibilidade era de alguém me querer, como alguém vai querer ficar comigo desse

jeito?, Lógico, existem pessoas boas mas existem pessoas que infelizmente não veem um

deficiente como um ser humano comum, e sim, como o ser mais esquisito e incapaz que

existe.

E esse era o problema, acharem que só porque sou cega, não mereço ter uma vida normal,

julgam a minha capacidade de ser e ter algo, nem todos querem se relacionar com uma

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cega e o meu medo, era de sofrer bem mais do que já estou sofrendo estando só. Acho que

o eu conto de fadas, não era para mim, ou então, sou uma vilã, ou então, uma pessoa

normal que não participa dessa fantasia maluca.

-Olivia, Wendy chegou! Pediu para você levar os papéis e uma caneta. Ela esqueceu

no apartamento do James. - falou minha mãe brincando.

-Misericórdia! Mas já está assim? Wendy não tem limites. Está bem, está bem, estou

descendo. - falei indo tateando exatamente onde deveria ir.

Peguei os papéis, e a caneta, e sai do quarto fechando a porta, memorizar o

ambiente que você vive é realmente útil para quem tem deficiência, seja lá qual for, é

muito importante memorizar exatamente tudo que suas mãos pegam. Então eu

caminhava tranquilamente dentro de casa, porque sabia exatamente onde que ficavam as

coisas.

-Tchau mãe. - Minha mãe me beijou na bochecha.

-Deus te abençoe querida, leve a chave porque vou a feira hoje a tarde. - disse minha

mãe colocando a chave na minha mão.

-Está bem, mãe, boa feira - e fechei a porta.

Fui caminhando até o elevador, e apertei o botão, e o elevador foi apitando em cada

andar que ele parava, o que facilitava muito a minha vida, o sino do elevador tocou e eu

entrei, tateei novamente o botão do térreo, que por sua vez, tinha umas bolinhas

diferentes dos outros botões, era bem verdade que saber Braille era muito mais fácil mas

eu não tinha paciência, ficar passando o dedinho em casa bolinha definitivamente não era

para mim. Mas admirava o deficiente que tinha uma paciência tremenda e conseguia

lidar com aquilo tirando de letra, o elevador chegou no Térreo, o porteiro abriu o portão,

e Wendy buzinou no carro.

-Liv minha querida amiga! Que saudades de você! - falou ela fazendo o maior

barulho.

-Da pra você ficar quieta, sou cega não surda. - dei risada.

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-Nervosa né? Temos 10 patrocinadores interessados em nós, o Estado está também,

lógico que vamos fechar com eles primeiro. Ah inclusive, trouxe a caneta?- Ergui a caneta

na janela do carro e ela bateu palmas e disse:

-É por isso que eu te amo! - e ela abriu a porta do carro e com cuidado fui abrindo

a porta e entrando devagar.

-Sei…. sei…..me deve por desencalhar. - falei erguendo a sobrancelha.

-Escuta aqui! Assim não dá querida…. prometo que será a madrinha do nosso

casamento .- falou Wendy ligando o carro.

-Vocês vão se casar também? - falei de boca aberta.

-Lógico gata! Nao perco aquele homem por nada

Quando chegamos lá, Wendy deu os braços para mim, e eu agradeci muito por isso,

eu estava confiante? Estava. Mas também, estava me sentindo muito nervosa, não era

uma tarefa tão fácil assim, e era a primeira vez que eu estava indo para o shopping sendo

cega, mas conseguia absorver cada humor e aroma do ambiente, era uma loucura, cada

pedacinho era de um sabor diferente, de uma coisa diferente, um misto de fome, alegria,

descontração, tudo era bem diferente, e era isso que eu adorava em ser cega, podia sentir

o sabores das emoções.

-Já estamos chegando? - falei para Wendy.

-Quase, a cafeteria está logo à frente de nós. -Wendy apertou a minha mão com um

sinal de passar segurança e eu retribui.

O aroma do café bateu no meu nariz, e a cafeína acalmou os meus ânimos, acalmou

tudo, trouxe paz, e me lembrou do meu pai comendo no café da manhã um belo de uma

panqueca doce e tomando café puro, antes de ir para o exército.

-Bem Olívia, vamos sentar aqui, aqui está perfeito. Só estamos um pouquinho em

cima da hora, nada demais. - falou Wendy puxando a cadeira para mim sentar. - o que

vai querer beber? - falou ela.

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-Um Capuccino bem forte com raspas de limão. - falei com naturalidade. -E você?

- falei respirando fundo.

-Um café expresso bem forte. - falou ela.

O garçom veio até mim, e então disse:

-Boa Tarde Sras, o que vão querer? - falou ele sendo bem gentil.

-Minha amiga quer o seu telefone. - falou Wendy e eu corei.

-O que? Não. Por favor, queremos um capuccino bem forte com raspas de limão e

um café expresso bem forte, por favor. - falei rapidamente.

-Certo. - falou o garçom meio constrangido.

-Porque você fez isso? Ficou maluca?, Eu não queria o numero dele. - falei quando

o garçom se afastou.

-Bem, eu acho que você merece ter alguém Liv, alguém de verdade. Não o Peter. -

falou Wendy.

-Olha eu sei tá! Eu sei! Mas não é assim que funciona. Sua cara de pau. - sorri para

Wendy.

Um pigarro veio até nós e Wendy mudou de postura rapidamente e levantou.

-Sr Hells, que Prazer em te encontrar, sente-se, o que gostaria de beber? - falou ela

sendo muito cordial.

-Bem, nada no momento, vamos aos negócios? - falou ele muito sério e bem formal.

-Sr Hells, essa é a dona do projeto, Olívia Cooper, ela é deficiente visual, e planejou

exatamente tudo. - falou Wendy.

-É um prazer te conhecer Sra Cooper, seu projeto é excelente. Quando descobriu

ele? - perguntou o homem.

-Bem, ainda no hospital. Depois do acidente, eu descobri a ausência de um lugar

que agregasse os deficientes, e então, decidi montar uma instituição que ajudasse cada

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deficiente a estar presente na sociedade e ter uma profissão baseada na sua deficiência ou

a que a pessoa escolher. - falei sorridente.

-Olha pelo que eu vi, é realmente um grande projeto, dará trabalho viu?! Precisam

de muito dinheiro e também de muitos patrocinadores. Mas referentes a negociação, o

que andaram pensando sobre? - falou ele com uma voz de interesseiro.

-Bem - falou Wendy - Andamos pensando em 25% das negociações serem de vocês.

Será 25% para cada empresa que assinar. - falou ela muito séria e firme.

-30%. - falou ele - com toda a cobertura do terreno.

-26% . - retorquiu Wendy.

-35% com o terreno pago e com metade dos materiais. - falou ele.

O clima ficou meio tenso mas era uma proposta maravilhosa, irrecusável. Ela tinha

que fazer, mas ela hesitou, Wendy iria recusar então fiz o que qualquer um faria.

-Fechado! - falei rapidamente.

Eu senti os olhares de Wendy sobre mim, mas já estava feito.

-Fechado! Fechado! Ótimo ótimo! Me avisem quando precisarem. - falou ele.

O garçom chegou com as bebidas, mas o Sr Hells não quis pedir uma.

-Assine aqui Sr Hells, por favor. - Disse Wendy.

O barulho do papel sendo entregue.

Ele assinou, e se levantou , se despediu e saiu.

-O que você fez? - falou Wendy me olhando.

-Eu aceitei a proposta, precisamos iniciar logo Wendy, e ficar pedindo baixo sendo

que ele vai pedir alto não compensa. - falei sendo bem honesta. - pense, precisamos

levantar as paredes logo, e toda a ajuda será bem aceita. - falei sorrindo.

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-bem, pensando bem, você tem razão. Vamos encontrar mais dois patrocinadores,

agendei 10 pessoas durante esses meses, mas vamos devagar. - falou ela segurando na

minha mão.

-Com licença…Qual das duas é Wendy? - falou uma voz feminina.

-Sou eu. - falou Wendy.

-Ah certo, combinamos de nos encontrar aqui para falarmos de um projeto. - falou

ela.

-Ah claro, o Seu nome é?- falou Wendy….

-Andressa Kim. - falou ela gentilmente.

Wendy levantou e esticou a mão para dar o cumprimento.

-Sra Kim, essa é a Olívia Cooper. - falou Wendy.

-Olivia? - falou Sra Kim.

-Sim. Sou eu, é o meu nome. - falei finalmente.

-Deus que coincidência!... Eu sou a noiva do Peter. Peter falou muito de você - e ela

sorriu.

Meu coração parou de funcionar, eu estava em frente da noiva e futura esposa do

meu melhor amigo, e eu não sabia como reagir.

-puxa que coisa não - Bebi um gole de Cappuccino. - é um prazer te conhecer

Andressa. - falei gentilmente.

-O prazer é meu. Vai no nosso casamento né?- falou Andressa tentando ser gentil.

-Claro, claro. Não perderia por nada. - sorri e bebi mais um gole de Capuccino.

-Então, eu nem preciso ouvir a proposta de vocês, quero aceitar. Independente da

porcentagem. É um grande negócio, acompanho a rotina do Peter e sei o quanto é difícil

para ele nessa sociedade, e ele vai amar ver o projeto adiante. - falou Andressa.

-30% para você. - falou Wendy.

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Meu coração realmente parou de bater, eu estava suando frio, e de repente, eu senti

falta de Peter, das ligações, das piadas sem graça dele, dele me enchendo o saco.

-Para mim está ótimo, 30% está ótimo. Qualquer coisa que vocês precisarem podem

me encontrar por aqui. - entregou um papel para Wendy.

-Certo, Ótimo. - falou Wendy ainda lendo o papel.

-Agora, preciso ir, uma noiva não tem um minuto de descanso. - falou ela

levantando da cadeira - foi um prazer te ver Olívia, e você também Wendy. - falou ela.

-O prazer é nosso - falou Wendy.

E Andressa saiu e pude ouvir os passos do salto alto dela.

-Que loucura ! - falou Wendy bebendo um café.

-Nem me fale, quem poderia imaginar? Não dá. Não daria pra imaginar uma coisa

dessas! - falei colocando as mãos no rosto.

-Acha que….que o Peter pediu para ela vir aqui? - falou Wendy.

-Acredito que sim, é bem do feitio dele. Mas sabe o que é pior? - falei segurando o

copo de Capuccino

-O que? - Falou Wendy.

-Eu senti a falta dele. - falei respirando fundo e morrendo de Vergonha de admitir.

-Dá pra ver minha amiga, dá pra ver. - falou Wendy segundo a minha mão.

Pagamos as contas, os patrocinadores iriam ter que aguentar, eu não aguentava

mais ver negociação ou pensar naquilo, tudo me fazia lembrar Peter, e eu odiava aquilo.

Eu não queria pensar nele, e até consegui por algum momento, mas sabendo da existência

da Andressa, tudo mudou, tudo veio à tona.

-Como ela era? - perguntei Finalmente.

-Acha mesmo necessário saber? - falou Wendy abrindo a porta do carro para mim.

-quer saber? Acho sim. Acho com certeza. - falei.

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-Alta, parda, e tem cabelos cacheados, ela é morena Liv. - falou Wendy

rapidamente.

-ah…..certo. - falei abaixando a cabeça.

-Escuta ! Nao liga pra isso! Você é linda, e superinteligente Liv, e merece superar,

tentar outras coisas. Você merece tudo Liv, tudo de bom - falou Wendy.

Não pude segurar as lágrimas, eu chorei. E Wendy me abraçou, foi exatamente aquilo

que eu precisava para amenizar aquela sensação. Eu realmente não esperava aquilo, não

esperava que eu iria encontrar a noiva do meu melhor amigo, eu sentia falta dele, sentia

falta das ligações, sentia falta de tê-lo próximo a mim. Não adianta eu querer mentir ou

esconder, Peter fez parte dessa nova vida minha, e agora, não encontrá-lo nesse momento

tão importante, era frustrante. Era angustiante. Eu seria realmente a falta dele.

Que tragédia! fazer negócios com a noiva do meu amigo? Isso era muito vacilo do

destino.

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Capitulo Catorze : "Lágrimas"

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Nesse momento, estou deitada na cama com os olhos fechados, meu telefone está tocando,

e honestamente, não estou afim de atender. Quem era no telefone? Peter. Depois de

encontrar com a sua noiva, eu não tive coragem de pensar nele, e o fato dele ter pedido

para ela vir e não ele, realmente mexeu comigo. Fazia tempo que não o via, tempo que eu

não ouvia a sua voz, e eu só queria um momento com ele, para mostrar os projetos, até

porque, Peter foi a razão disso tudo estar de pé, foi ele quem me encorajou a estar diante

dessa faculdade, e o plano era estarmos juntos construindo-a.

"Peter está Ligando."

"Peter está Ligando."

Se ele acha que pode brincar com o meu coração, ele realmente estava muito

enganado, ninguém vai brincar com o meu coração, e agora, que estou aqui, sozinha, está

na hora de ser bem franca com ele, do jeito que eu sempre fui. Nunca fui uma garota que

escondia sentimentos, sempre fui bocadura e linguaruda e se ele acha que pode brincar

comigo, ele está devidamente enganado, totalmente enganado, totalmente equivocado.

-Atender Peter. - falei para o celular.

Tateei o celular e então coloquei na orelha e quem falou fui eu:

-Oi! - fui totalmente seca com ele.

-Olivia…. achei que não iria me atender. Eu….eu realmente achei que não iria. -

falou Peter com voz fraca.

-Não ia mesmo, não ia de verdade. Mas resolvi falar o que eu sinto para você. - falei

rapidamente sem que ele me interrompesse.

-Olivia….. eu….antes que você fale alguma coisa…..eu preciso te ver. Escuta...eu

preciso realmente te ver. Por favor, não recusa. - falou Peter com uma voz que eu nunca

havia ouvido antes vindo dele.

-Está tudo bem? - falei preocupada.

-Me encontra na porta do seu prédio. Por favor. Eu só preciso ficar ali com você. -

falou ele. - vou passar ai daqui a pouco.

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-Está bem….tudo bem.. - e ele desligou.

Seja lá o que fosse, não iria deixar de me expressar por conta disso, mas não iria

ignorar o fato dele estar precisando de ajuda.

-Mãe, Peter vai vir aqui, ficaremos lá embaixo está bem? - falei tateando até

encontrar a chave no porta-chave.

-Sim filha, cuidado viu?! - falou minha mãe que estava no quarto.

Eu caminhando até o elevador, procurei o botão do térreo, e quando o elevador

chegou lá, o porteiro como sempre falou:

-Olivia, tem um moço ali no portão, permito a entrada dele? - falou o porteiro.

-Ele se identificou? - falei.

-Sim, Peter. Conhece? - falou o porteiro.

-Sim, permita que ele entre. - falei para o porteiro.

Eu senti o portão abriu, e eu senti o seu perfume, era confuso, no corpo ele estava

usando o mesmo perfume, amadeirado, e gostoso, mas, estava misturado com um cheiro

de algo confuso, amargo, triste, era assim que Peter estava. Parecia que alguma coisa

havia de errado, e que ele não estava satisfeito com alguma coisa.

-Peter? O que há de errado com você? - falei para ele preocupada.

-Eu precisava te ver Olívia, precisava saber como você está. Tenho sentido a sua

falta, desculpa não estar acompanhando o processo de crescimento da Faculdade.

Eu…..estou tão lotado! - falou ele com a voz baixa.

-Para! Eu não quero que faça isso. - falei sendo séria. - você é noivo. Está prestes a

se casar. Deve ser por isso que está aqui não é mesmo? - falei.

-não, não é por isso. Não é mesmo… - falou Peter com uma voz meia doce.

-Então o que é? - falei tentando decifrar o cheiro que ele estava exalando.

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-Eu precisava te ver. Por favor, não diga nada. Eu só precisava te ver. Ficar um

pouco com você. - falou ele.

Peso, era isso que Peter estava sentindo, um peso. Ele não dizia, ele não falava, mas

Peter estava se sentindo um fardo tremendo, e agora, pude reconhecer o cheiro. Ele estava

se sentindo um verdadeiro peso. Aquilo que um dia eu sentia também.

-Venha. Sei exatamente onde podemos ir. - falei para ele.

E escutei o som da cadeira atrás de mim, fui caminhando sabendo o lugar perfeito

para irmos, um lugar onde ele sentirá um pouco de calma, fui procurando o botão do

elevador, mas ele se encarregou de tudo, abrir a porta do elevador, apertar os botões,

exatamente tudo. Pegamos o elevador, e fomos para a cobertura, onde eu sabia que ali

ele iria se sentir totalmente confortável.

-Onde estamos indo? - perguntou ele.

-Você logo saberá, ali você encontrará paz. - falei para ele docemente.

Coloquei o cabelo para trás, estava nervosa, não sabia o que iria acontecer, porque

ele veio ao meu encontro? Porque ele quis falar comigo e não com a noiva? O que estava

rolando de errado? O elevador apitou e a porta se abriu.

Caminhei até uma porta, eu sabia que era de vidro, eu sabia que ela estava ali, mas

Peter fez questão de abri-la.

-Obrigada. - falei sorrindo gentilmente.

-De nada. Olívia…. esse lugar é lindo!... É maravilhoso! - falou ele impressionado.

-Quando eu era pequena, eu adorava acordar cedo e vir aqui ver o canto dos

pássaros, amava sentir a brisa de final de tarde. Me transmitia tanta paz. E a noite

adorava olhar para o céu estrelado e imaginar como seria voar. - falei lembrando do

brilho das estrelas.

-O céu está assim agora Liv, estrelado. - falou ele.

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-Agora, feche os olhos, e respire fundo. Imagina que as estrelas estão em sua volta,

esqueça de tudo. E diga para elas o que realmente sente. - falei fechando os olhos e

seguindo as minhas instruções.

-Estou confuso. Estou prestes a me casar com alguém, e é um grande passo para

qualquer um. Mas o meu maior medo, é de estar fazendo a coisa certa. - falou ele

respirando fundo.

-Abre os olhos Peter, e veja esse lugar, pode descrevê-lo? -Falei baixinho.

-Aqui tem vários bancos brancos, um céu estrelado, um campo verde atrás de cada

banco e paz. - falou ele.

-Sabe o que penso sobre como resolver algo confuso Peter? - falei ainda de olhos

fechados.

-Como? - falou ele me olhando, eu pude sentir o seu olhar sobre mim.

-O Infinito. O Infinito nos move, o Infinito nos faz ver que estar confuso nos

atrapalha a forma de vermos as coisas mais belas da nossa vida. -segurei a sua mão e

respirei fundo, eu sabia que fazendo aquilo, eu o perderia para sempre. mas eu sabia que

Peter amava Andressa, e que, Andressa o amava.

E por mais que fosse dolorido, eu tinha que aceitar e entender, ele era o meu amigo? Era.

Mas ele também era um homem, noivo, e comprometido e nesse exato momento, aquele

homem estava do meu lado, se sentindo confuso e perdido sem saber se estava fazendo a

coisa certa e nesse exato momento, eu precisava encoraja-lo.

-O que está dizendo? - falou ele.

-Estou dizendo que, você a ama Peter, ama mais do que tudo. A conhece melhor, a

entende melhor, posso não enxergar, mas sinto que você a ama. E está confuso. Por isso,

não fica confuso Peter, case-se com ela, fique com ela, esteja com ela. Não deixe que a

confusão de mente, faça com que você perca o seu infinito. O amor Peter, é infinito. -

Abaixei a cabeça e segurei as lágrimas nos olhos.

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Eu realmente estava dizendo para pessoa mais incrível da minha vida, que ela

deveria ir embora, e que, ela deveria se casar e ser feliz. Nesse exato momento eu estava

sendo a mulher mais infeliz do mundo, perdendo a pessoa que eu tanto gostava, Peter não

podia ver o que tinha dentro de mim, mas eu podia. Eu queria gritar para ele o quanto

eu o amava, o quanto eu o queria, o quanto eu precisava dele do meu lado, e vê-lo do lado

de outra mulher era doloroso demais. Mas eu realmente tinha que fazer aquilo, pela

felicidade dele, pela paz no coração dele, eu tinha que deixá-lo ir.

Eu realmente precisava deixar ele ir.

Não me lembro do que ele falou depois do que eu disse, na verdade, eu não me

lembrava mais de nada, eu só me lembrava dele beijando a minha bochecha e de ouvir o

carro dar a partida e uma lágrima caiu do meu rosto. O homem que eu tanto amava,

estava indo para os braços de outra, e agora, eu estava aqui. E esse sentimento, de perda,

de tristeza, me fazia me lembrar do que Jake me falou:

Eu era um fardo.

Ninguém iria gostar de mim, ninguém iria se interessar por mim, ninguém iria

gostar de mim pelo que eu era, cega, quem iria amar uma cega. Peter levou um pouco do

meu coração, uma parte do meu coração, e não iria ter como colar mais. Voltei para casa,

com o coração partido.

-Liv minha filha? Que bom que você chegou, eu estava pensan…..filha? O que

houve? - falou minha mãe preocupada.

-Eu o deixei ir. Ele estava confuso, perdido, não sabia se estava fazendo a coisa

certa. Mas…..eu o deixei ir…..eu o deixei ir. - e comecei a chorar.

Minha mãe me abraçou, e fez carinho na minha cabeça e não falou mais nada.

-Eu o deixei ir mãe, eu o deixei partir. Eu nunca mais o terei. Mãe…..o pior de

tudo….eu o amo. - e chorei mais ainda.

Era de fato, eu o amava, e nesse momento, estava me odiando, odiando por deixar

ele partir. E eu nem sequer dizer o que eu estava sentindo, e nem para ser um pouco

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egoísta e mesquinha e dizer para ele desistir de tudo e ficar do meu lado. Mas eu precisava

dizer aquilo que era certo, ele precisava casar com Andressa, porque, na verdade, ele o

amava. Eu conseguia ver, eu podia ver, ele a amava, e eu o amava. Infelizmente, nessa

batalha eu não venci, eu amava alguém que não correspondia os meus sentimentos.

-Minha querida…. oh….eu sinto muito…. sinto muito…..- ela fazia carinho na

minha cabeça enquanto eu soluçava de tanto chorar. -Tudo ficará bem, você vai ver. -

falou ela me abraçando mais forte.

-Acha…...que…..eu…..fiz….o certo? Acha que eu deveria ser egoísta?

E....pedido…. para...ele….ficar…comigo ?c -falei soluçando igual uma criança.

-Fez sim meu amor, fez sim. Não, não acho que deveria fazer aquilo meu amor, o

amor não se cobra, não se força, não se monta. o amor é leve minha querida, é puro, é

doce. - Falou ela ainda fazendo carinho na minha cabeça.

-Então porque não me sinto assim? Então porque me sinto tão burra por optar em

deixá-lo partir? Porque me sinto tão pesada? - tentei controlar as lágrimas, mas era em

vão.

-Porque você abriu mão de algo que tanto queria, para fazer o mais puro ato de

amor minha filha. Mas você não é burra, não, não, você o ama. - falou ela pegando a

minha cabeça e limpando as minhas lágrimas.

-A…..Sra…..tem…..razão…. - falei em meio às lágrimas e soluços.

-Quer dormir comigo esta noite minha princesa? - falou minha mãe ajeitando os

meus cabelos.

-Acho que sim mãe, mas só essa noite. Não se acostuma. - Sorri.

Ah chorar….chorar alivia a alma não é mesmo? Chorar faz com que descobrimos

o quão sensível nós somos, chorar faz ligarmos a nossa humanidade, e a nossa razão se

vai. Chorar faz com que descobrimos que temos sentimentos, por mais que odiamos

admitir.

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Chorar, nos traz a memória de infância, e infância nos traz a memória de pureza,

quando somos crianças não temos medo de de chorar, muito pelo ao contrário, choramos

com muita mais frequência do que quando crescemos. Mas chorar também, revela o quão

fortes somos, porque, dizem por aí, que quem é forte não chora, mas eu digo o oposto,

quem é forte chora sim, porque os fortes também sentem.

Bati na porta do quarto da minha mãe e então, ela disse:

-Vou abrir para você querida. - falou ela e eu ouvi os passos lentos vindo em direção

a porta, eu senti o vento frio vindo do quarto dela, era o ventilador que estava ligado.

-Oi mãe…. não se acostuma….eu só não quero ficar sozinha. - sorri.

-Você sempre será bem-vinda meu amor. Vou te levar até a cama - falou minha mãe

pegando no meu braço -Eu mudei o quarto recentemente, então tudo está mudado, não

deu tempo pra mim fazer você memorizar ainda, por isso, vou te conduzir até lá. - falou

minha mãe pacientemente. - aqui está minha cama - ela pegou minha mão e passou pela

a cama dela e e senti a colcha macia e com cheiro de amaciante que ela sempre usava. - e

aqui, o lençol - ela passou devagar pelo lençol de seda, frio e parecia muito confortável. -

e agora, o travesseiro - falou ela e passou minha mão pelo travesseiro, e eu vi que era fofo

e macio, certamente era feito de penas.

-Sua cama é sempre organizada assim? - brinquei.

-Sempre. Não tenho ninguém pra bagunçar. - sorriu ela.

-Olha sua danadinha! - brinquei e dei risada.

E então sentei, tirei os chinelos, e tateei até encontrar a abertura do lençol e da

colcha, e enfim, sentei na cama, macia, confortável, deveria ter umas 15 molas embaixo

daquele tecido com certeza. E finalmente, fui deitando devagar, minha mãe terminou de

me cobrir e então me deu um beijo na minha bochecha, e me deu boa noite. Eu me senti

como uma verdadeira criança.

-Boa noite mãe. - falei.

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-Boa Noite minha Querida. Tenha bons sonhos. - ela sentou na cama e em seguida

deitou.

Esse lugar era o meu porto seguro.

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Capitulo Quinze : "Será que é Má

Sorte?"

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"Wendy ligando."

"Wendy Ligando."

-Amiga maravilhosa! que saudades! - falou Wendy após eu atender o telefone.

Wendy estava ocupada com os negócios da faculdade, e também, com o seu novo

namorado, e intercalava sempre que podia para vir aqui em casa. Foi então que eu sorri

ao ouvir a voz dela, depois da tristeza que eu estava sentindo por finalmente pedir que

Peter seguisse o seu rumo.

-Olá minha doidinha! Que saudades de você também. Vamos para o ateliê escolher

o vestido de casamento do Peter? - falou Wendy toda animada.

-Ahm…..sabe….eu acho melhor não sabe Wen, eu, prefiro ficar afastada e seguir a

minha vida. - falei sendo bem sincera.

-Mas como assim Olívia, nós fomos convidadas. Ah qualé! Vamos! Vai ser

divertido. E até quem sabe você não conheça alguém novo e diferente? - falou Wendy

toda empolgada.

-Mas não é porque estou solteira que vou saindo beijando o primeiro cara que

aparecer Wendy. - falei séria.

-Mas não precisa morrer porque o Peter está casando! Liv, você precisa erguer a

cabeça e se permitir. Por favor, faça por mim! - falou Wendy implorando.

-Está bem, está bem. Quando vem passar aqui?- falei meia desanimada.

-Eu vou passar aí 18:00 horas. Vou chegar um pouco atrasada, mas não faz mal não

né? - falou Wendy toda feliz.

-Não…. claro que não Wendy. - sorri.

-tchaaau… - Wendy desligou o celular.

Fazia exatamente duas semanas que eu não saia de casa, zero vontade, zero desejo,

eu só queria ficar aqui, quietinha, eu não pensava em mais nada.

O fato de Peter está se casando nesta semana, me deixava tão triste, eu sei que era errado,

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e que eu tinha que ficar feliz pela felicidade dele, mas só o fato de não vê-lo, de não poder

simplesmente conversar com ele. Não sei se isso era ser egoísta, mas eu amava estar com

ele, e estava lutando contra todos esses sentimentos confusos, e decidindo de vez a deveria

seguir a minha vida, e ir no casamento dele, não era uma opção boa no momento, mas

por outro lado, eu queria que Peter tivesse a certeza de que eu estaria sempre com ele,

mesmo não do modo como eu gostaria.

E era por essa razão que eu ia nesse casamento, mas meu coração estava partido, mesmo

que eu não conseguisse ver ele vestido de terno, e a Andressa vestida de noiva, eu podia

sentir, ver de outra forma, e é isso que as pessoas não conseguem entender, que cegos

veem, veem com a imaginação, vêm com a memória, cegos vêm com o coração e nesse

momento, eu só queria parar de ver.

-Filha, Wendy me ligou dizendo que vamos vestir vestido para o casamento do

Peter. Ela disse que você topou, mas não sei o porquê não senti a vontade com isso. - falou

minha mãe sendo muito sincera.

-De fato mãe, ainda bem que a Sra me conhece, de verdade, eu não queria ir nesse

casamento. Mas Wendy me convenceu a ir. Falou tanto na minha cabeça que eu acabei

cedendo, e também quem sabe não distrai. - falei erguendo os ombros.

-Filha, você tem certeza? Você não sai faz tempo. - falou minha mãe sentando na

minha cama e eu senti pelo seu olhar que ela estava me observando.

-Bem, tenho mãe, eu preciso me distrair um pouco. E também, sou madura, e o

Peter sempre foi o meu amigo, e eu tenho que fazer alguma coisa por ele. Nem que me

doa tanto. - falei respirando fundo.

-Então tudo bem, vamos todas nós escolhemos um vestido bem bonitos - falou

minha mãe mudando o tom de voz de preocupada para animada. - afinal, um dia de

compras renova qualquer um - sorriu ela me beijando na cabeça.

-tomara mãe, tomara. - falei ouvindo os passos dela ficando mais suaves até

desaparecer.

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O interfone tocou, e era Wendy, toda animada e feliz para fazermos compras.

Minha mãe me conduziu até o térreo, e me conduziu também até a cada loja que

entramos, e foram muitas viu?!.

-Liv, não vai escolher nenhum não? - falou Wendy depois de eu recusar 20 peças

porque eu simplesmente não conseguia me imaginar vestindo nenhum.

-Wendy escolher um vestido sendo cega é uma tarefa complicada sabia? - falei

recusando mais um que ela oferecia.

-Ta, mas entre ser difícil e sair da loja sem nada é bem diferente você não acha? -

falou Wendy impaciente. -Tia ajuda aqui! - falou Wendy impaciente.

-Talvez Wendy, você esteja propondo algo para Liv, que ela nunca usou. Filha, você

não gostaria de vestir algo vestido bege? -falou minha mãe.

-Claro mas, quais as opções mãe? - falei com curiosidade.

-Tem um vestido de manguinha com renda, e longo filha, tem também, um vestido

no joelho de regatinha curta. Quer sentir para imaginar? - falou ela.

-Eu quero mãe, me dá? Quero sentir. - falei com um leve tom de curiosidade.

Eu ouvi minha mãe mexendo nos cabides. E depois de alguns minutos, minha mãe

colocou o primeiro vestido na minha mão, e falou:

-Esse é o vestido longo Olívia - e foi pegando a minha mão nos detalhes que eu

precisava sentir para imaginar o vestido. -viu?! Tem rendas e elas formam as manguinhas

curtas.

-Que cor são as rendas mãe? - perguntei.

-Brancas filha. - ela passou os meus dedos nas rendas, e imaginei que cada renda

daquela faziam desenhos de teias de aranha entrelaçadas.

-E o outro vestido? - falei ansiosa pra saber o outro.

-O outro é curto, no joelho, não tem rendas, o tecido é de renda, e também, as

mangas são regatas finas. - minha mãe novamente passou as minhas mãos para sentir o

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tecido de seda que se tornava leve, as barras dos vestidos, e as mangas do vestido que

eram bem finas e delicadas.

-esse vestido é lindo mãe, os dois. - falei e de repente fiquei bem confusa. -Qual a

Sra acha que eu devo levar?- Perguntei.

-O longo meu amor, tem um corte lateral na perna. - e ela me fez tatear com as

mãos para sentir o rasgo.

-Ficarei com o longo mãe, ficarei linda não ficarei? - falei sorrindo.

-Bem mais do que você imagina meu amor. - falou minha mãe beijando a minha

mão.

-Puxa….a Sra é realmente boa nessa coisa toda, o vestido é lindo Liv, vai arrasar. -

falou Wendy baixinho.

Eu sorri e disse:

-Como é o seu vestido Wendy? - falei curiosa.

-Meu vestido Liv, é vermelho, no joelho e tem brilho, porque tudo que tem brilho é

lindo. - falou ela toda orgulhosa.

-posso sentir?- falei com delicadeza.

-Pode claro amiga. - e ela colocou a mão exatamente como a minha mãe fez, e foi

detalhando.

Fui sentindo cada brilho do vestido, cada detalhe, e como um pintor que coloca

cores em sua tela, fui pintando cada detalhe do vestido de Wendy em minha mente, e tudo

foi ficando belo e perfeitamente bonito em minha cabeça.

-Ele é lindo Wendy, vai ficar linda vestindo ele. Eu tenho certeza. - falei sorrindo.

Wendy me abraçou, e falou:

-Farei a sua maquiagem, e cabelo, não precisa se preocupar. Vai ser a convidada

mais bela, até mais bela que a noiva. - e eu sorri somente a Wendy podia me fazer sorrir

daquela forma em um momento tão crítico como eu estava.

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Após um longo período de compras, fomos comer alguma coisa como sempre, nós

três estávamos cansadas, mas se Wendy estivesse eu diria que era mentira dela, ela estava

toda falante e empolgada, mas por outro lado, Wendy sempre foi assim.

-ai amiga não vejo a hora de casar com o James, estamos até planejando. - ela falou

comendo um hambúrguer.

-Casar? Não Acha que é muito cedo Wendy ? -perguntou minha mãe com um tom

de voz preocupante.

-estou achando é tarde tia, olha, veja, tenho 30 anos tia, se eu não casar agora, não

vou casar a tempo de ter meus filhos. Não….e também….digamos que James não é tão

jovem também - riu Wendy e nós três sorrimos.

E era verdade, mesmo não podendo ver o Doutor, eu sabia que ele não era tão novo

quanto parecia ser, a voz dele tinha um peso de experiências, experiência que nenhum

jovem teria no momento. Doutor era um homem velho, talvez até uns 10 anos mais velho

que Wendy, mas para ela estava ótimo, porque ela precisava de alguém maduro e sério.

Mesmo ela sendo toda desengonçada o tempo todo.

-Você não esteve presente quando tive as segundas negociações Olívia, mas eu diria

que, o negócio está indo em frente. - falou Wendy mudando totalmente de assunto.

-Não estive bem o suficiente para acompanhar, mas sei que você será os meus

próprios olhos - sorri meigamente.

-Serei e fui, fiz exatamente o que Olívia Cooper faria. Mas sabe, queria que estivesse

do meu lado Olívia, afinal, é o seu negócio. - falou Wendy muito doce.

-Mas Wendy, não tenho emocional ainda. Eu sinto muito. - respirei fundo. - Mas

quando vamos construir? - falei tentando não tocar no assunto de que por dentro eu

estava destruída.

-Temos a maquete feita, então, provavelmente vai sair ano que vem, começando

nesse ano e terminamos no próximo ano. - falou Wendy orgulhosa.

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-Puxa que orgulho Wendy, eu nem acredito no tanto que caminhamos, mais você

do que eu. - falei com voz baixa.

-Hey! -, Wendy pegou na minha mão e fez um carinho - você fez o trabalho mais

difícil. Eu apenas estou administrando. Nada demais. Por isso, não se preocupe, tudo

dará……- o telefone de Wendy tocou.

-"Alô." - falou Wendy com voz animada. -sim, sou eu. Quem gostaria? - falou

Wendy. - ahn….Claro, claro. Pode falar, não tem problema. - disse ela baixando o tom de

voz. - aham…. Certo. - falou ela com voz mais baixa - e o quê decidiram? - falou ela agora

com uma voz preocupada - O QUE? -ela levantou com tudo na mesa - CANCELARAM?

COMO ASSIM? MAS PORQUE? INVÁLIDO? EU VOU MOSTRAR O INVÁLIDO JA

JA ! NA FUÇA DELA! -Gritou Wendy e então desligou o telefone.

-Wendy o que houve? - falou minha mãe com voz calma mas trêmula.

-Vocês não vão acreditar, a prefeitura simplesmente falou que a maquete está

inválida. INVALIDA? como assim?- falou Wendy nervosa.

-Mas inválida Wendy, como assim ela pode estar inválida? - minhas mãos

tremeram e o meus pés começaram a bater de nervoso.

-Eu sei lá! Ah mas eu vou resolver isso. Ah se vou! Ah se vou! AH SE VOU! -falou

Wendy totalmente descontrolada.

Minha mãe cochichou no meu ouvido e disse:

-Filha, vamos ir embora, vamos levar ela para outro lugar sim?, Pegue no meu

braço. - falou minha mãe cochichando.

-Wendy, vamos embora, vamos resolver isso em outro lugar. - falou minha mãe

colocando o dinheiro na mesa.

Eu me sentia confusa, perdida, e uma das piores sensações: eu sentia o peso dos

olhares. E o clima do restaurante era: curiosidade e até mesmo medo. Os olhos falam, as

emoções também, e nesse exato momento, a sensação de ter olhares curiosos para nós,

não estava me agradando, graças a Deus, minha mãe tomou a iniciativa e Wendy saiu

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furiosa do restaurante. Pelo menos, era o que o cheiro dela exalava, ela foi murmurando

o caminho inteiro, dizendo que era um absurdo uma prefeitura barrar uma maquete tão

perfeita quanto aquela, e sem pensar duas vezes, ouvi o barulho de discagem no celular e

ela foi falando no telefone o caminho inteiro na volta. E quando minha mãe avisou que

havíamos chegado em casa, eu realmente passei a respirar e respirar muito aliviada,

Wendy brava definitivamente não era uma boa companhia, principalmente ela dirigindo

alguma coisa.

-Wendy, mantenha-me informada está bem? - beijei a bochecha dela.

-Não Liv, não será necessário. - ela falou tensa.

-Vai sim, estamos juntas nessa. - falei e minha mãe me ajudou a sair do carro.

Wendy se despediu e foi berrando no telefone, eu pude ouvir até a voz dela acabar

baixinho.

-Puxa, ela estava realmente brava, nunca havia visto ela assim filha. Tomara que

dê tudo certo não é mesmo? - falou minha mãe servindo o jantar, pelo cheiro era bife

acebolado.

-O cheiro está maravilhoso mãe. Pois é, a Sra viu? Eu nunca vi ela daquela forma.

Só não gostei do fato dela não querer me incluir nessa, como se eu fosse apenas uma

amiga, e não estivesse incluída nisso. - falei enquanto minha mãe colocava a colher na

minha mão e eu ia servindo até ela dizer que para mim estava bom.

-Filha, ela estava nervosa, claro que não iria fazer isso com você se estivesse calma.

- falou minha mãe.

-Eu sei mãe, mas tipo, não quero que ela me exclua de tudo. Não sou

administradora, mas faço parte também. - falei sendo muito sincera.

-Conversa com ela quanto que ela estiver calma filha, tudo vai se resolver. - falou

minha mãe segurando a minha mão.

Eu não estava sentindo somente aquilo, frustração, a minha faculdade onde que me

empenhei tanto para levar em diante, estava enfrentando sérios problemas. Pelo pouco

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que sei, se a prefeitura não aceitasse a maquete, a obra não andaria para frente e o pior,

não aceitariam a papelada, porque, a maquete é reflexo das papeladas, e as burocracias

iriam aumentar a cada vez mais. Ou seja, adeus faculdade! Adeus sonhos! Adeus planos!

Meu melhor amigo casando, minha melhor amiga sem tempo para mim, e agora, só

restava eu e minha mãe, minha mãe e eu.

-Liv? Está me ouvindo? Esta na Terra? - falou minha mãe estalando os dedos.

-que? Aí mãe desculpa…. Eu me distrai. O que estava dizendo? - falei com voz meia

perdida.

-Você está babando filha. - sorriu minha mãe e eu coloquei o dedo na boca

automaticamente e vendo que realmente eu estava babando gargalhei.

Aqueles pensamentos não saíram da minha cabeça, e a preocupação aumentava a

cada minuto.

Será mesmo que tudo daria errado? Será mesmo que eu estaria com má sorte? Não

era possível isso. Tudo dando errado. Ou será que eu coloquei muita expectativa em cada

coisa? Ah Deus! Eu estou completamente confusa nos meus sentimentos, é tão difícil mas

tão difícil de entender o porquê eu estar em uma onda de azar tão grande! Eu só queria

que uma única coisa desse certo, uma única coisa. Será que era possível? Duvido. Do jeito

que as coisas estão caminhando, daqui pra pior! Certeza! Não tenho dúvidas mesmo

disso!

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Capitulo Dezesseis : "Preparada Para o

Casamento"

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Depois do dia das compras, se passaram alguns dias, talvez, dois não sei.

As coisas na faculdade infelizmente não melhoraram, e até alguns parceiros desistiram de

prosseguir com o processo, ou seja, eles estavam quebrando o contrato, e a prefeitura estava

exigindo uma nova maquete, uma que se adequasse às ordens da lei e do governo.

Minha mente estava lotada, esgotada, havia passado noites e noites em clara,

refazendo os projetos de arquitetura que eu havia feito, e consultando na internet através de

programas especiais para deficientes visuais as novas leis impostas pelo governo e pelo

Estado, tudo era muito trabalhoso, e cansativo, tudo era muito pesado. Porém, não podia

parar em momento algum, até que o interfone tocou e eu só pude ouvir quando a porta se

abriu, novamente eu estava trancada no quarto, digitando tudo muito lento e com pausas

longas.

-Filha, Wendy está aqui pra fazer o seu cabelo para o casamento, posso deixar ela entrar

né?- falou minha mãe.

-o que? Que casamento? - falei distraída.

-Ué filha! Como assim? O casamento de Peter é hoje - falou minha mãe.

-O que? Puts é mesmo! Mãe pede pra ela subir. Que horas que é o casamento era mesmo? -

falei perdida.

-Filha, o casamento é as 17:00 horas. Ainda tem certeza de que quer ir mesmo?- falou minha

mãe com tom de preocupada.

-Quero mãe, Peter ficará feliz em saber que eu estive lá. - sorri para ela. - não se preocupe,

eu já estou bem. Só um pouco atarefada. - tateei até ela me pegar pelas mãos e me puxar e

eu dei um beijo na sua testa e minha mãe se acalmou.

O interfone tocou novamente, pelo visto, Wendy estava com pressa, ou muito mas

muito agitada.

Wendy chegou cheirosa, e não somente com um cheiro de perfume, mas com um

cheiro de morangos, doce, e silvestre, certeza que ela estava com o Doutor, o cheiro dela

exalava isso.

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-Olá meninas!!!! Prontas para arrasar em um casamento? - falou Wendy batendo as

mãos.

-Mãe o que ela tem nas mãos, armas? - falei brincando.

E eu escutei os seus passos vindos em minha direção, e eu senti depois, o abraço quente

de Wendy.

-Como você está minha amiga? Está bem? - perguntou ela.

Espera ela estava me analisando? Era isso mesmo?

-Está me analisando? - falei indignada. - eu estou bem viu?! Muito bem. Vai começar

quando a transformação? - falei retribuindo o abraço em Wendy.

-Que saudades dessa menina! - falou Wendy sorrindo. - Sente-se! Sente-se - falou

Wendy.

-Onde? - sorri.

-Ah Santo Deus! As vezes eu esqueço que você é cega.- sorriu Wendy.

Eu ouvi Wendy puxar a cadeira para perto de mim, e então ela disse :

-Aqui Liv, sente-se aqui. Tem uma cadeira. - falou ela pacientemente.

-Certo. Muito bem. Agora sim - sorri.

-Relaxe, vou cuidar muito bem de você. - falou ela.

Eu ouvi um barulho de zíper se abrindo, e ouvi também a mochila, um barulho de

muitas coisas se mexendo, era como se Wendy mexia procurando alguma coisa e quando

ela a encontrou falou:

-agora vou cuidar do seu cabelo, não se preocupe, vai ficar lindo!- falou ela. - a

propósito, está limpo? - perguntou ela.

-sim está sim. - sorri.

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-ótimo, ótimo! Meio trabalho feito! - gargalhou ela - agora, vamos preparar o seu

cabelo. - ela falou ainda mexendo na bolsa, eu sabia que ela estava mexendo e procurando

algo.

Ouvi um barulho de tampa sendo aberta, e ela começou a aplicar no meu cabelo, um

cheiro de flores e rosas veio diretamente nas minhas narinas, e o cheiro era doce, muito

gostoso.

-Esse é uma espécie de primer de maquiagem, vai fazer seu cabelo ficar brilhoso e

protegido do calor térmico. Não se preocupe! Sai na lavagem. - falou ela rapidamente como

se tivesse decorado.

E eu sei que ela tinha por minha causa.

-Esse aqui - ela falou logo em seguida- é um outro protetor de pontas ou melhor

aparador vai tirar pontas duplas. - falou Wendy e foi logo aplicando esse produto se misturou

com o que já tinha um cheiro bom e aí ficou ainda melhor.

-Vou borrifar água no seu cabelo pra que eu possa secar, cabeça firme e não grite.

Vai me assustar. - disse ela.

E começou a borrifar água no meu cabelo, e conforme ela foi borrifando, meu cabelo

ficou úmido e depois molhado e então ela veio com o secador, mesmo ela descrevendo cada

passo, não achava totalmente necessário, eu conhecia o procedimento, mas achei graça em

vê-la descrevendo cada coisa, cada produto e sabia que se ela teve todo aquele cuidado em

descrever, teria o total cuidado em me deixar apresentável pelo menos.

Wendy secou o meu cabelo, e logo em seguida, veio com o babyliss, e depois que

finalizou, ela me disse que tinha ficado bom, mas que faltava o penteado.

-O que gostaria de usar Liv? - falou ela realmente curiosa.

-Eu andei pensando em meio solto, com os cachos nas pontas, o que acha? - perguntei

para ela.

-Estamos em sintonia garota! Porque foi exatamente isso que eu andei pensando para

você. - falou ela me dando um beijo na bochecha.

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E eu sorri e senti minhas bochechas quentes, eu certamente estava corando.

Ela borrifou mais um produto, e me disse que era gel em líquido, e logo em seguida,

senti ela pegando uma parte lateral da minha cabeça, e prendeu com algum grampo, pelo

menos, era isso que eu sentia que era. Então falou enfim

-Estamos quase acabando o cabelo, tenho três opções Olívia: uma flor, uma coroa, e

um grampo básico brilhoso. E então? O que vai escolher? -perguntou ela.

-Uma flor. - falei certa daquilo.

-Muito bem, seu pedido é uma ordem. - falou ela.

Ela prendeu um negócio no meu cabelo, e quando coloquei a mão por cima, eu senti

a forma da flor, uma flor grande.

-Que cor ela é mãe? - perguntei.

-Brancas minha filha, a flor era branca. - e eu sorri porque era exatamente do jeito

que eu havia imaginado.

-Agora, vamos a maquiagem! A parte mais importante e fácil de tudo! - falou Wendy

e novamente ouvi um barulho de coisas mexendo e a mochila se fechando.

-Fica quietinha, vou passar o primer, fecha os olhos…. isso ...bem assim…..- falou ela

aplicando um produto gelado no meu rosto inteiro.

Quando todo o processo acabou, eu ouvi um barulho de nariz entupido, sem entender

nada, eu falei:

-Quem está chorando? - falei meia perdida e confusa.

-Nós duas! - falou Wendy sugando o nariz.

-porque estão chorando? - falei ainda mais perdida. - aconteceu algo de errado? - falei

preocupada.

-Não, não minha filha. É que você está linda! Linda demais! - falou minha mãe

emocionada e então se debulhou em lágrimas.

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-oh meninas! Não me façam borrar a maquiagem - falei e os meus olhos se encheram

de lágrimas. - vocês precisam estar prontas para se arrumar também. - falei por fim tentando

me conter a não chorar.

-Certo, certo. - falou Wendy limpando o nariz em alguma coisa. - você tem razão, você

tem razão. - falou Wendy.

-Vamos querida ? Sente-se aqui. Venha, vou te levar até lá. - falou minha mãe me

pegando pelo braço e me levando ao sofá.

Eu até agora, não pensei no desejo de querer ver, mas foi neste exato momento que eu

quis muito me ver, ver o meu rosto maquiado, meu cabelo, ás expressões do meu rosto, eu

queria tanto poder me ver, além do que minha imaginação me propõe. Seria maravilhoso

ver o trabalho duro que Wendy teve, e como ela era também, ver o rosto novamente da minha

mãe, e ver o meu vestido, ver o céu, o sol, a cor da comida, eu nunca havia reparado mas,

viver sem ver as coisas era horrível, e só agora sentada aqui nesse sofá eu vejo o quão vasto

e vazio é o meu mundo, sem cor, sem saber, sem enxergar, e só Deus sabe, o quanto quero

ver Peter vestido de terno, a decoração, a igreja, o padre, só Deus sabe o quanto eu queria

entrar naquela igreja, sem alguém me guiando mas com os meus próprios olhos. Eu queria

muito poder ver, ver as minhas mãos, meus pés, as minhas unhas, ver se elas estavam sujas

ou limpas, se elas estavam pintadas ou não, me olhar no espelho, poder me olhar no espelho,

ver o meu cabelo, e não consigo pensar em ver e não questionar, eu realmente entendo que

certas coisas tem um motivo, mas também, tenho a liberdade de perguntar.

E desde o acidente, não tive tempo ou cabeça para questionar, o porquê aquilo comigo?, O

que as estrelas tinham a me dizer?, O que elas querem? O que Deus, infinito, eu não sei.

Será que uma missão? Um propósito? Eu não sejam honestamente eu não sei.

O que posso fazer sendo cega? O que posso fazer sendo cega e tudo dando errado?

Acredito eu que nada. Que missão teria alguém sendo cega? Sejamos francos, acredito que

nenhuma. O que posso fazer sendo que não sei fazer absolutamente nada sem que ninguém

esteja me descrevendo e me levando aos lugares. Até uns tempos atrás, eu achava mesmo

que era a faculdade, mas agora, com ela barrada, entendo que não é isso que a vida queira

de mim, talvez, ela só tenha se cansado, ou ficado muito furiosos com alguma coisa, ou com

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tédio, e me escolheu para azarar. Bizarro dizer isso né? mas estou sendo tão sincera e

honesta, como uma cega poderia construir uma faculdade não é mesmo? É totalmente a

coisa mais improvável do mundo!

As meninas depois de horas, me informaram que elas estavam prontas, e agora,

restavam apenas os vestidos. Faltava apenas, uma hora para o casamento, e eu estava

começando a ficar nervosa, suando frio, e com medo de sei lá, cair no meio do casamento, o

que era muito provável, mas, infelizmente, não dava para evitar certas coisas, como por

exemplo, quedas.

Minha mãe entrou no banheiro comigo, para me ajudar a vestir o vestido, e quando

eu vesti ele, minha mãe exclamou de emoção, e aquela reação me informou de que, eu

realmente estava muito bonita.

Ao sair do banheiro, eu e minha mãe estávamos prontas e vestidas, minha mãe havia

dito que o vestido que ela escolheu era um azul escuro, com o mesmo tecido do meu, e na

minha cabeça ela estava parecendo uma rainha. E eu sabia que ela estava como uma.

Wendy ao nos avistar, ela deu um gritinho de excitação e falou:

-Vocês sem dúvidas serão as meninas mais lindas da festa, não tenha dúvidas disso. -

falou Wendy.

-E você também,não se esqueça de você Wendy - falou minha mãe.

-Aposto que você está impecável amiga. - falei docemente.

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E ela me beijou na bochecha.

Colocamos os nossos sapatos, e então, minha mãe me conduziu esta noite, iríamos no

carro da Wendy, mas dessa vez, ela jurou de pé junto que iria dirigir devagar, e não estaria

brava dessa vez, mas apesar das brincadeiras, não pude deixar de lado, o fato do meu

nervosismo, e podia imaginar quão nervoso Peter deveria estar, mas se ele estivesse feliz e

em paz, já valeria a pena todo o nervosismo que ele estava sentindo. Só queria poder desejar

boa sorte e felicitações.

Quando chegamos no carro, minha mãe segura a minha mão e fala:

-filha, trouxe o celular? - perguntou ela.

-Sim mãe, mas deixo no silencioso. Nenhuma mensagem ou ligação até o final da

festa. - falei para ela e coloquei o telefone na bolsa lateral que eu havia trazido.

-Era isso que eu iria dizer pra você filha,pra deixar no modo silencioso mesmo. - falou

minha mãe segurando na minha mão.

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-Viu?! Sei me cuidar muito bem?! - eu sorri.

-Eu estou vendo meu amor, eu estou vendo. - falou minha mãe beijando a minha mão.

-simbora meninas? - falou Wendy animada e ligando o rádio.

-Simbora. - falei ansiosa.

Wendy ligou o carro e então, fomos direto para a igreja, hoje, o cara que eu gosto, vai

se casar,e não é comigo.

Que sorte não?!

Talvez quem sabe, ele não foi feito para mim, ou então, eu quis que ele fosse e sei lá,

simplesmente não vai rolar mesmo. Agora, era para mim ter a certeza não é? E porque estou

tão nervosa? Preciso respirar. Afinal,hoje é dia de festa. Credo ….estou parecendo a Wendy.

Até que é bom pensar desse modo, nada de errado pensar dessa maneira, às vezes, valia até

a pena.

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Olívia Cooper eu te declaro azarada do século!

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Capitulo Dezessete : "O Casamento"

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Wendy nos avisou que iríamos passar na casa de James para buscar ele, ela havia dito que

o carro dele havia quebrado, e por isso, precisava de uma carona. E quando James entrou

no carro, ele estava cheirando a um perfume diferente, parecia mais "masculino", não que

ele não seja, mas dessa vez, o perfume de James estava diferente de o de costume.

-Agora sim, prontos para o casamento? - falou Wendy com voz empolgada.

E fomos em direção a igreja, que pelas minhas contas, não demoraria nem 5 minutos

para chegarmos, o clima mudou totalmente, de nervosismo bateu a tristeza, mas procurei

manter a calma.

Manter a calma…. tá aí uma tarefa tão complicada e tão intensa….nem sempre é fácil

manter a calma, quase sempre, é mais fácil chutar o balde em tudo e em todos e fugir.

Fugir não é uma opção, mas é uma boa fuga para evitar os problemas, não resolve nada eu

sei, mas também, me evita um pouco.

Dizer adeus para Peter, foi a coisa mais dura que eu já fiz depois do acidente, encontrei nele

aquilo que Jake levou embora e agora, Peter também levou mais um pedaço do meu coração.

E aí estou aqui nesse carro, vendo as pessoas passearem na calçada, e pensando: Será Que

a vida era tão dura assim?

Nós jovens temos a facilidade para levar a vida de uma forma mais agitada e rápida, mas,

será que hoje, ou nessa fase que eu estou, a vida cansou de me permitir isso?.

Será que ela está olhando para mim e dizendo: Não Olivia, você não é mais pequena

e frágil, agora, precisa sair e encarar a dureza que é viver. Viver…...

uma coisa que eu faço desde que nasci, e que e que somente agora consegui entender o que

é isso, saber viver.

E eu te faço a mesma pergunta neste exato momento: você está vivendo?

Ou apenas existindo?

Se a resposta for existindo: saiba que ela será monótona, e às vezes, vão te ensinar coisas

vazias e supérfluas ou aquelas que você já conhece.

E se responder vivendo: saiba que ela será dura, muito dura, não vai ter pena de você, não

vai te condicionar, ela vai te bater muito, te fazer sangrar, mas vai fazer você crescer, e ser

forte e Conquistar o seu Infinito.

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-Puxa! Como aqui está lotado! Nenhuma vagazinha. - falou Wendy me trazendo de

volta a terra.

-Amor, coloca ali olha, tem uma vaga, põe a credencial de Médico, não vão te

perturbar. - falou James.

O cheiro dele ainda estava diferente.

-Já chegamos? - perguntei meia perdida.

-Sim filha, já chegamos. - falou minha mãe segurando a minha mão

Respirei fundo, essa era o meu momento, de mostrar ao Peter que l que tivemos foi

apenas amizade, até porque, ele nunca disse que rolaria algo a mais, eu maluca que fui

inventando.

Mas o mais engraçado, era que apesar do nervosismo e estava calma, com dor?

Sim. Mas calma.

-Vou abrir a porta pra você Olívia. - falou James.

Pude ouvir ele descer do carro, e abrir a porta, ele segurou a minha mão e eu desci do

carro. Fiquei parada ali, o clima não era frio, mas estava um vento gelado, típico de meia

estação.

-Filha, vamos, vou te conduzir. - falou minha mãe passando o seu braço pelo meu.

E como em um filme americano, eu imaginei, uma garota cega, uma Sra de quase 50

anos, uma outra jovem toda animada e um outro moço pintando de médico e postura de

médico e aquilo me fez sorrir, porque tudo fica mais engraçado em câmera lenta.

-Filha, temos degraus aqui, levante a barra do vestido - falou minha mãe .

-Esta bem mãe. Me ajude. - falei direcionado para a minha mãe.

-Por favor, deixa que eu a ajudo - falou uma voz jovem e sensual e masculina é claro,

e essa voz estava por trás de mim.

-ah certo, claro. - falou minha mãe.

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-Mãe? Quem é?- falei meia desesperada.

-Me chamo Victor, Victor Dallas, Senhorita. - falou a voz masculina muito gentil por

sinal.

-oh, certo. Victor obrigada pela gentileza. - falei meia envergonhada.

-Posso acompanhar a Senhorita? - falou ele todo gentil e meio sem jeito.

-Ah claro, porque não né? - falei sorrindo.

-Filha, tudo bem para você mesmo? - falou minha mãe intrigada.

-Tudo mãezinha, e para Senhora? - falei preocupada.

-Bem, não muito mas….eu estou aqui está bem? - falou ela.

-está bem. - sorri para ela.

-Por favor, passe o seu braço no meu braço - falou Victor gentil.

E assim eu fiz, e de repente, eu senti totalmente confortável.

-Não vai perguntar o meu nome - enquanto subíamos as escadas.

-Claro, me desculpe, eu fiquei meio sem jeito. Como você se chama?- Falou Victor.

-Olivia, Olívia Cooper. - sorri docemente.

-Olivia, o seu nome é excelente. Lindo. Lindo demais. - falou Victor.

Victor….um cara totalmente aleatório que me deu as honras de me ajudar, será que

ele não viu quem eu sou?

Então eu ouvi um barulho de portas se abrindo, e o som confuso de várias pessoas

veio de encontro comigo, minha mãe e Wendy e James estavam na minha frente, eu podia

senti-los e era a última de fila.

-Você é amigo de quem? - falei curiosa enquanto as pessoas estavam entrando.

-Sou primo da noiva - falou ele com calma. - e você? - perguntou Victor curioso.

-Sou amiga do noivo, e conheci a noiva recentemente. - sorri fraquinho.

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-Esta nervosa, casamentos são lindos não são? - falou Victor.

-São, são sim. - falei sorrindo fraco.

-Não se preocupe, sei que você é deficiente visual, por isso decidi te ajudar. Minha

irmã também é, reconheci o seu jeito logo quando a vi saindo do carro. - falou Victor.

E aquilo me tranquilizou, e me deixou até mais confiante.

-Ficará para a festa não é? Terá doces espetaculares. - falou Victor um pouco

animado.

-Ah sim, espero que eu fique. - sorri.

A fila foi andando devagar, e pude sentir um cheiro diferente do outro, não me

lembrava com casamentos eram, mas eu sabia que cada um era diferente do outro, Victor

então foi me narrando cada ação do que acontecia.

-existe uma fila de pessoas na nossa frente, além claro, da sua mãe e da sua amiga, eu

diria que uns 6 casais mais ou menos, todos muito bem elegantes - falo Victor.

-o noivo já está presente? - perguntei.

-Sim, já está. Mas não consigo vê-lo. - falou Victor distraído.

-Mas duas pessoas…...três…. duas…..sua amiga…sua mãe….e agora…. - Victor

parou.

-Sejam bem vindos Senhores - falou uma outra voz masculina.

-Obrigada, obrigada. - falou Victor.

-Obrigada -Sorri gentilmente.

-Sua mãe está logo ali no meio, vamos nos sentar. -Falou Victor.

-Claro, claro. Por favor, me leve até lá. - falei.

-Esta entregue a Senhorita Cooper. - falou Victor me conduzindo até o meu lugar.

-Você não vai sentar? - perguntei rapidamente.

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-Bem, achei que você não iria querer. - falou Victor surpreso.

-Oras, me levou até aqui e agora vai simplesmente sair? Não, não, pode se sentar. -

falei para o Victor.

-Muito bem, como preferir. - falou Victor meio animado.

Eu senti um cutucão e então Wendy disse:

-Peter nos viu, porém, veio em nossa direção sorridente, mas, não veio até aqui. - falou

Wendy.

-O que? Porque? - falei sem entender.

-Porque ele viu você com o bonitão aí e paralisou, uma Senhora que receio que seja a

mãe dele o chamou e ele desviou o caminho, mas ficou olhando para você. Aliás, está

olhando constantemente. - falou Wendy.

-Tanto faz, eu não me importo mais Wendy. Vamos curtir a cerimônia. - falei por fim

Victor foi muito gentil comigo, antes da cerimônia falou quem ele era, e o passado

dele.

-Bem, eu vim de Califórnia, nasci e cresci lá, porém, fiz a faculdade de Engenharia e

decidi vir para Nova York, mais chances de obter um trabalho sabe? - falou Victor com um

tom engraçado.

-Você é engenheiro? - perguntei de repente vi uma luz.

-Sim, sou sim. - falou Victor. - porque? - perguntou ele.

-bem eu tenho um projeto em andamento, é de uma faculdade, e a prefeitura está

barrando na maquete, será que poderia me ajudar? - perguntei meia desesperada.

-Bem, poder eu posso. Mas cobrarei um jantar comigo a Sexta a noite. - falou victor

rindo.

-Eu aceito, negócio fechado. - falei alegre.

-É uma faculdade sobre o que? - Perguntou Victor.

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-Na verdade, está mais para uma instituição, mas enfim, é uma faculdade para

deficientes, com todo o pacote de formação e adaptação de trabalho. - falei toda orgulhosa.

-E a prefeitura está parando uma obra genial como essa? - falou Victor indignado.

-Sim, infelizmente sim. E eu não tenho um engenheiro que me ajude, então, gostaria

de me ajudar? - falei para Víctor com um tom doce.

-Mas é claro! Me diga o seu número vou te ligar. - falou Victor.

E eu passei o meu número para ele.

Depois disso, a igreja ficou em silêncio, eu não sabia o que estava acontecendo, por

isso, decidi ficar quieta e não perguntar, então, o padre anunciou que todos ficassem de pé,

e eu fiquei. O padre falou um pouco sobre compromisso, sobre o futuro, e sobre o significado

de casamento, falou sobre a importância de ter comunhão e fidelidade, e também, falou que

era importante que houvesse testemunhas. O padre então, anunciou a chegada dos

padrinhos e madrinhas, uma música doce e sutil tocava no fundo, e depois de uns 15

minutos, o padre anunciou a chegada das noivinhas e depois, anunciou das daminhas de

honras, todos fizeram o mesmo barulho de paixão quando as novinhas entraram, por certo,

eram crianças que estavam entrando.

Logo em seguida, o padre anunciou a entrada da mãe e do pai, dos noivos, e quando parecia

que todos estava entrando, o padre enfim, anunciou a entrada da noiva, todos seguraram a

respiração e então a música tradicional do casamento começou a tocar, e eu imaginei

Andressa entrando na igreja, e Peter sorrindo para ela, e o meu coração doeu, doeu tanto,

mas tanto, que eu estava sentindo falta de ar.

Depois de alguns minutos, a música cessou, e o padre pigarreou e começou a falar

sobre o casamento, compromisso e todas aquelas coisas que já sabemos, depois, foi a hora

dos votos e a minha respiração falhou, estava tonta e o meu coração doeu.

-Victor? - falei ainda tonta.

-Sim Olívia, o que foi você está pálida. - falou Victor preocupado.

-Por favor, me tire daqui preciso de um ar puro. - falei rapidamente.

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-Filha? O que houve? - falou minha mãe preocupada.

-Mãe, eu preciso sair daqui - e todos os momentos que eu e ele se passaram na minha

mente, o que vivemos, como nos conhecemos, nossas conversas, ligações, como eu estava

sendo ridícula, fingindo estar bem sendo que eu não estava, como eu sou tola. Deveria ter

ficado em casa, estou aqui fingindo ser forte sendo que estou destruída! - eu não vou

aguentar ficar aqui - meus olhos se encheram de lágrimas.

-Filha quer ir para o hospital? - falou minha mãe.

-Não, mãe, eu só preciso sair daqui. - falei rapidamente.

-Eu vou com você filha, deixa que eu vou…- falou minha mãe.

-Não, fica. Mãe, fica. Peter Precisa que você fique, eu só preciso….eu só preciso…..eu

só preciso sair daqui. - falei com os olhos marejados.

-Victor me leva? - falei rapidamente para ele.

-Claro, claro. Claro que eu te levo. Venha cá. - falou Victor me pegando pela mão.

-Mãe eu estou bem, ficarei bem, liga para mim está bem? - falei para minha mãe.

-Esta bem filha, está bem. - falou minha mãe.

Victor me conduziu até a porta da igreja, e quando as portas se abriram, por intuição

eu olhei para trás, e o padre ainda estava falando sobre o relacionamento e dizendo sobre os

votos.

Falei baixinho para que Victor não ouvisse:

-Sinto muito Peter, eu não posso. Eu não aguento. - falei baixinho.

A brisa veio de encontro comigo e refrescou o meu corpo e a minha alma, Victor parou

no meio da escada, e então ele disse:

-Olivia, quer ir ao hospital? -, Falou ele preocupado.

-não Victor, eu preciso ir a praia. - falei rapidamente.

-Está bem, vou te conduzir até o meu carro. - falou ele.

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Ele pegou pelo o meu braço, e aquele toque me trouxe calma.

-Meu carro está logo ali Olívia. - falou ele.

Ele destravou o alarme, e eu pude ouvir o som do alarme destravando. E pude ouvir a

porta se abrindo.

-Pode entrar Olivia, deixe eu te ajudar. - falou ele gentil.

-Obrigada Victor, obrigada mesmo. - falei sendo gentil.

-De nada. - e bateu a porta do carro.

Peguei a bolsa, e tateei a procura do meu celular, coloquei no volume máximo, caso

minha mãe me ligasse preocupada.

Victor entrou no carro e então, ligou e nós fomos para a praia.

-Você tem certeza de que não quer ir para o hospital ou para casa Olívia? - falou Victor

tenso.

-Não, eu só preciso de ar. Sair dali, aquele lugar era sufocante. - falei respirando

fundo.

-Está bem, mas porque a praia? - perguntou Victor curioso.

-Meu ponto de paz, o meu lugar de paz é lá. Você tem um lugar de paz? - perguntei

realmente interessada.

-Tenho, o meu escritório - falou ele simpático - eu fico lá quase parte do meu dia, e lá

é onde eu desligo de tudo e de todos. - falou Victor.

-É bom não é? É bom encontrar o nosso ponto de paz? - perguntei.

-É maravilhoso Olívia, eu amo ter momentos assim - falou ele sensível.

-Desculpe por fazer você sair do casamento da sua família, fui tão egoísta - falei por

fim.

-Não, tudo bem, é chato mesmo. Cerimônias e mais cerimônias. E até porque, a minha

prima não é nada gentil. - falou ele com desdém.

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-Como assim?! - falei sem entender.

-ah só não é um doce de mulher, Peter vai sentir um bocado com ela. Apesar que pra

ele casar com ela, ele realmente deve ama-la. - falou Victor.

-Realmente, realmente deve mesmo. - falei mexendo na unha.

-Estamos quase chegando, já está se sentindo melhor? - perguntou ele.

-Sim, já sim. - falei sorrindo.

-Que bom porque já estava pensando em te levar para o hospital .- ele sorriu. - fiquei

preocupado. - falou ele e eu senti um tom de verdade nele.

-Não se preocupe, eu estou bem. Muito bem melhor. - Falei colocando a mão no ombro

dele.

Ele pôs a mão por cima da minha.

E eu me arrepiei.

Eu não sabia exatamente o que Victor significava para mim, até o presente momento

ele foi bem prestativo, e quem sabe, não deu certo com Peter e dê com o Victor? Eu realmente

não sei.

Só que pelo menos, Victor foi prestativo e me ajudou, já Peter, quando eu mais precisei ele

não teve tempo para mim. Isso significa alguma coisa não é mesmo? Tem que significar.

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Capitulo Dezoito : "Depois do

Casamento"

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Victor me conduziu até a praia, estava um vento frio, bem mais frio do que estava na

igreja, Victor deu a mão para mim, e então falou:

-Você não precisava de um ar não é mesmo? - falou ele gentil.

-o que? Não, claro que eu precisava. Lugares cheios, sem visão, infelizmente não

são boas combinações, dá um certo pânico sabe? - falei sorrindo fraco.

-Então porque foi? - perguntou Victor.

-Quando prometemos algo para um amigo nosso, temos que cumprir. Eu prometi

que eu estaria lá, mas não prometi que eu ficaria até o final.- falei e abaixei a cabeça.

Victor levantou a minha cabeça e se aproximou:

-Estou realmente interessado em você Olívia, em te conhecer melhor. Mas se for

prometer alguma coisa para mim por favor, prometa por completo tá? - ele deu uma

risada.

E eu retribui.

-Está prometido - dei uma risada - Mas você sempre chega assim nas mulheres? -

eu realmente estava curiosa para perguntar isso.

-Como cheguei em você? Não. Óbvio que não! Eu só cheguei em você porque senti

uma certa tristeza na sua postura e decidi talvez, te ajudar. - falou ele com simplicidade.

-Então quer que você não é galinha? - falei rindo

-Que?! Não. Claro que não! Não sou não. Olha, eu moro sozinho, tenho emprego,

mãe, pai, irmãs e irmãos, nunca faria isso com nenhuma mulher. Só cheguei em você

porque, bem, você me pareceu diferente, especial. Não pela cegueira entende? Mas pelo

modo como você estava ali. - falou Victor abaixando o tom de voz.

-E como eu estava ali? - perguntei realmente curiosa.

-Tímida, nervosa, com medo, triste, parecia que estar ali por obrigação, ou alguém

que iria cumprir uma missão. - falou Victor.

-Você acha mesmo? - falei intrigada.

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-claro que sim! Claro que sim! Você era a única verdadeira ali, em um bando de

falsos e mentirosos. - Victor pegou a minha mão e eu sorri quando senti o toque da pele

dele na minha.

Era calma, serena, pacífica, era bom.

Victor ajeitou o meu cabelo, a minha franja, era errado beijar um cara que eu

acabei de conhecer?! Ahn! Tanto faz! Eu não ligo mesmo!

-Você tem certeza de que quer isso Olívia? - falou Victor.

-Sim, eu realmente quero. - falei baixinho.

Victor colocou a mão na minha cintura, e me trouxe mais perto do corpo dele, pegou

no meu rosto, fez um carinho com o dedão, e me beijou.

O beijo era doce, suave, sereno, ele cheirava a um campo, parecia tudo

perfeitamente equilibrado, e quando o beijo acabou, uma lágrima no meu rosto caiu mas

ele não percebeu.

E quando rolou o segundo beijo, eu tive a total certeza de que, não era essa boca

que eu queria beijar. Eu não amava o Victor, ele era gentil, legal, carinhoso, mas foi no

beijo que eu senti que eu não pertenço a ele. Mas eu não estava arrependida, eu realmente

havia decidido em beijá-lo, eu queria saber se era paixão por Peter mas não era, era amor.

Eu o amava, e nesse exato momento eu estava beijando outro, no lugar de paz dele. Que

garota má e péssima, mas nesse exato momento, ele estava de lua de mel com outra pessoa

e não estava ligando para mim, então, ao meu ver, eu podia beijar o cara que eu quisesse,

porque eu estava solteira…..mas eu o amava…..o amava muito….amava demais.

Alguns bebem para esquecer, já eu, beijo um cara desconhecido para provar os

meus sentimentos tão confusos, Victor se afastou, e eu me aproximei, e dei o segundo

beijo, e ele retribuiu, já que estamos aqui, não custa nada ir até o fim.

-Porque você fez isso?-perguntou Victor.

-Como assim? - perguntei confusa.

-Você não queria me beijar não é?-eu senti a respiração de Victor calma.

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-Queria sim, só não esperava por isso -falei e sorri.

-Da minha parte ou da sua? - perguntou Victor ainda com a mão na minha cintura.

-De nós dois. - Sorri e coloquei a mão na mão dele que estava na minha cintura e

afastei.

-Você já está melhor? - perguntou Victor com o mesmo tom de preocupação na

igreja.

-Sim. Estou sim. Me diz uma coisa? - perguntei curiosa.

-Sim, respondo qualquer coisa. - falou Victor.

-Como você é? - perguntei e eu realmente estava curiosa.

Victor riu, deu uma risada tão gostosa e quando parou ele disse:

-Bem, sou alto, pardo, cabelo preto e nesse exato momento eu estou com um topete

ridículo na cabeça. - falou Victor sorrindo.

-E os olhos? Que cor são os seus olhos? - perguntei colocando as mãos no seu rosto.

-Azuis. Azuis celeste. - falou Victor.

-Gosto de perguntar como uma pessoa é sabia? - falei sendo sincera - gosto de

imaginar cada pessoa como ela é, até com as suas diferenças. Fica muito mais poético e

engraçado imaginar. - sorri e ele sorriu de volta.

-Gostei da sua técnica, vou aderir. - falou Victor rindo.

-É maravilhosa. - sorri - está frio não é? Tadinho de você. Estou te castigando te

trazendo na praia em um vento frio como esse. - falei brincando.

-Frio? Está frio? Sabe que eu nem senti. - falou Victor sendo sarcástico.

-Ah é? Pois olha está! Congelante! Você parece um pinguim - bati no seu ombro.

-Ah mas o seu cabelo não está um dos melhores não é mesmo? - ele me zombou.

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E quando ele fez isso, eu abaixei a cabeça, e me lembrei novamente de Peter. Será

que não dava para mim desligar nem por um minuto?

Será que não dava para mim, sei lá, só seguir a minha vida e se esquecer da

existência dele?. Qual é! Qual era o meu problema? Porque simplesmente não podia dar

uma chance para Victor e prosseguir com ele? Ele era um cara legal. Até agora, até o

presente momento, ele estava sendo muito bom. Mas o meu coração, não pertencia a ele.

Ele não era meu. Não nos amamos.

Victor então me pegou pela mão, e eu desejei muito que fosse Peter. Mas não era,

não tinha jeito. Ele me conduziu até o carro dele, e eu passei o endereço para ele, e quando

o carro parou ele pegou no meu pescoço e fez menção de me beijar e então eu virei o rosto,

sem entender, sem pensar, eu apenas virei. Victor ficou em silêncio, e depois, me beijou

no rosto.

-Não vai me passar nem o seu número? - falou ele.

-Eu não te passei? - falei confusa.

E passei novamente o número para ele.

-tchau Olívia. - falou Victor.

-Tchau Victor. - falei com um sorriso no rosto.

O porteiro assim que me viu, abriu o portão, e me conduziu até o elevador, muito

gentil como sempre. E assim que eu coloquei a chave para abrir a porta, a porta abriu

sozinha.

-Filha! Que preocupação! Que bom que está bem! Graças a Deus! - ela empurrou

a porta e me puxou de qualquer jeito e me abraçou.

-Mãe ….está tudo bem….eu estou bem. Só precisava respirar e…. - ela me abraçou

mais forte e me impediu de responder.

-mãe….a….senhora...está...me sufocando…..- falei com dificuldade.

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-Desculpa meu amor! Você está bem? Porque está cheia de areia? - perguntou ela

intrigada.

-Ah eu fui na praia com o Victor, ele me levou até lá. - falei com simplicidade.

-E ele foi bom com você? - perguntou ela intrigada.

-Foi sim mãe, ele é gentil, muito gentil mãe. Mas não o amo então, não vai rolar

nada a mais do que rolou hoje. - falei erguendo os ombros.

-Ah, filha, sobre o casamento….. - eu a interrompi.

-mãe, Não quero falar sobre, nem do Peter, nem de nada. Eu só quero seguir a

minha vida não , esquecendo que ele não é comprometido. - falei séria.

-Mas filha…..acontece que…- eu a interrompi.

-mãe, não quero falar sobre o Peter e o seu casamento mágico. Eu não quero saber.

- falei séria demais.

-tudo bem...mas… - insistiu a minha mãe.

-o que vamos jantar Hoje?-mudei de assunto e minha mãe suspirou.

-não quer mesmo falar sobre o casamento né? mas você precisa… - interrompi.

-Vamos pedir uma pizza? Qual sabor? - falei com a cabeça baixa.

-Tudo bem, vamos pedir uma pizza. - falou minha mãe entregando o jogo e

desistindo de comentar.

-Ótimo, vou tomar banho então. - falei respirando aliviada por ela mudar de

assunto.

Eu definitivamente não queria saber de Peter, é complicado, mas, o fato de tocar

no assunto dele e do seu casamento não me deixava confortável. Talvez, estavam

querendo muita maturidade de mim, e nessa nova fase, eu estou aprendendo a ser madura

e lidar com os meus sentimentos. E era isso que eu estava disposta a fazer.

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Minha mãe ligou para a pizzaria, e depois de 20 minutos, a pizza chegou, minha

mãe foi buscar a pizza e o meu celular começou a tocar.

********No outro dia*******

"Wendy está ligando."

"Wendy está ligando."

"Wendy está ligando."

-Atender Wendy - falei enquanto soltava o meu cabelo.

-Liv você não vai acreditar no que aconteceu no casamento do Peter, ela - falou

Wendy e novamente eu interrompi.

-Será que dá pra vocês duas pararem? Você e minha mãe ficam tentando e tentando

falar sobre Peter. Eu não quero saber dele Wendy, não quero mesmo. - falei séria e quase

brava.

-Mas Liv é algo importante e muito bom e….. - falou Wendy.

-Porque você me ligou Wendy? Não quero falar sobre o Peter. Inclusive, Victor

aquele moço do casamento é engenheiro e ele falou que vai cuidar da faculdade. Vou ligar

para ele hoje, para ele vir aqui e ver o nosso projeto, essa faculdade vai sair. Tenho fé! -

falei interrompendo ela.

-certo, tudo bem. Marque com ele Liv, quem sabe não podemos resolver tudo isso.

- Falou Wendy animada. - mas Liv, sobre o Peter…. - insistiu ela novamente.

-Qual é Wendy, que coisa. Porque está insistindo tanto em falar desse casamento.

Eu não quero ouvir, não quero saber. Que saco! - falei irritada.

-Ótimo! Se não quer me ouvir beleza! Eu vou fazer alguém que você queira ouvir.

- falou Wendy meia irritada e desligou o telefone.

E eu bloqueei a tela do celular com uma certa raiva, mas com um pouco de

curiosidade, mas o que mais me irritava, era o fato de que todos insistiam na mesma coisa,

no mesmo assunto, o que raios aconteceu nesse casamento além do óbvio? Meu, casaram,

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estão felizes, estão em paz, não queria falar mais sobre isso, era doloroso saber que a

pessoa quem eu amava

estava nos braços de outra. Mas as pessoas ao meu redor, insistiam em querer me

contar, para que? Me machucar? Isso não era legal. Não era mesmo. Nada legal. Nada

interessante.

-Filha? Wendy ligou disse que era para mim contar pra você sobre….. - eu bati o

pé no chão de nervoso.

-Será que dá pra vocês pararem? E me respeitarem. Eu não quero saber sobre o

Peter, e nem o casamento dele e nem nada. Eu saí da cerimônia porque estava passando

mal, eu o amo, e não quero mais tocar no assunto! - falei brava.

-viu?! Eu disse que não adiantava- falou minha mãe. - por no viva voz? Está bem. -

falou minha mãe e ouvi um barulho de tecla de celular.

-LIV SE VOCÊ QUER SER CABEÇA DURA O PROBLEMA É SEU! QUERO

TE CONTAR UM BAFÃO MAS JA QUE NÃO ESTÁ QUERENDO OUVIR. ÓTIMO!

SEI QUEM VAI TE FAZER OUVIR. Pode tirar tia, obrigada. - falou Wendy.

E novamente ouvi um barulho de tecla e a voz desapareceu.

Eu não estava nem aí, eu só queria seguir a minha vida, e não tenho mais nada a

ver com a vida de Peter, nem de um jeito e nem de outro. Preciso limpar o meu coração,

e remover de vez esse sentimento idiota. Era o que eu realmente tinha que fazer, nem se

Peter aparecesse do nada querendo conversar, eu não iria querer falar.

-Ligar para Victor. - falei para o celular.

"ligando para Victor."

A ligação estava chamando, chamou uma vez, duas, e por fim, atendeu.

-olivia! Oi! - falou Victor.

Eu tateei e peguei o celular.

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-Oi Victor, tudo bem? Sobre o projeto, será que podíamos nos encontrar? - falei

meia tensa ainda.

-Claro, claro, ainda hoje? - perguntou Victor.

-Sim, sim. Ainda hoje. - falei tentando manter a calma.

-Esta bem, que horas? Onde? - perguntou ele curioso.

-Existe um restaurante simples, na quarta avenida, e lá é bem tranquilo. O que acha

de ser umas 20:00 horas? - perguntei ainda tensa sem saber se ele iria topar.

-Eu topo, por mim está ótimo. Eu repasso na sua casa pra você não ir sozinha está

bem? - falou Victor.

-Esta ótimo. Levarei as papeladas pra você me ajudar. -falei animada.

-Certo. Então, até lá.- falou Victor.

-Até. - e respirei fundo.

"Victor desligou a chamada."

Pelo menos, uma única coisa boa, pelo menos, não vou me preocupar com essa

história do casamento, e o meu problema maior vai se resolver, acredito que Victor é um

bom engenheiro, e vai por a construção em ordem.

-Mãe! - chamei por ela.

-Sim minha filha? - falou ela.

-Marquei com Victor para uma reunião da faculdade. Tudo bem?- falei animada.

-Tudo bem filha, vai sim. Vai ser bom - falou meia agitada.

-A Sra está bem? Parece agitada. - falei desconfiada.

-Não, não. Claro que não. Pode ir filha, se divirta. - falou ela meia rápida demais

nas palavras.

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-Não vai nem perguntar se ele vai vir me buscar? Ou que horas que será?- e uma

desconfiança caiu sobre mim.

-Ah filha, acredito em você. E sei que tudo vai dar certo. - falou ela ofegante.

Ela estava mentindo, ou escondendo algo. Eu sabia que era, tinha a total certeza,

minha mãe é daquelas que não sabe mentir.

Detesta mentiras, e principalmente, surpresas, me lembro que ela não gostava de

festas surpresas e não fazia minhas festas como tal. Ela dizia que, surpresas são

imprevisíveis e podem matar qualquer um.

Nunca fez muito sentido isso para mim, mas eu sei que tenho pouca experiência, e

o fato dela não tocar no nome do Peter novamente, até que foi um alívio. Um alívio

estranho, mas um alívio.

Fui tateando até a minha escrivaninha, e procurei a gaveta, e quando senti o

desenho diferente da maçaneta, eu puxei, coloquei as mãos dentro da gaveta e peguei

automaticamente a papelada, aquela papelada era os papéis da faculdade, tudo escrito,

em braile e normal, assim, Victor podia ler e eu também. Estava começando a aderir e a

praticar esta forma de leitura. Levantei da cadeira, e fui devagar caminhando até o

guarda roupa, peguei o prendedor e prendi o cabelo, devagar e tateei tentando imaginar

o meu cabelo preso. E parecia pelo meu tato que estava tudo em ordem, coloquei uma

rasteirinha, e fechei a porta do guarda-roupa. Fui devagar a procura da maçaneta e senti

a presença da luz vindo da porta.

-Mãe! Estou pronta! Onde que a Sra está?- Falei confusa.

-Filha! Já vou! Ele interfonou? - gritou minha mãe perguntando.

-Não mãe, ainda não. Mas deve estar próximo. Como demoro para me arrumar,

achei melhor já estar pronta. Mãe! Onde que a Sra está? Porque está tão esquisita? -

perguntei curiosa.

-Estou quarto filha, me trocando. Mas calma, não se preocupa. Está tudo bem! -

gritou ela.

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-a Sra está muito….. - o interfone tocou nos interrompendo.

Seguindo o som encontrei, fui tateando a procura do som e do interfone e quando

finalmente encontrei o interfone e coloquei na orelha eu falei:

-Alo? - falei feliz.

-Olivia? Sou eu Victor. Vamos? - falou ele gentilmente.

-Oi. Vamos sim. Já estou descendo - falei animada.

E coloquei o telefone no gancho e fui a procura da chave, minha mãe veio em minha

direção, pude ouvir os seus passos e ela então disse:

-Avisou a Wendy? - perguntou ela.

-não quero falar com ela no momento, vou resolver. Posso resolver. A propósito,

Victor está lá baixo. Sabe onde está a chave? - Perguntei.

-aqui filha. - ela colocou a chave nas minhas mãos.

-Cuide-se filha. - e ela me beijou na testa.

E eu procurei a maçaneta e saí do apartamento, já sabendo o caminho do elevador

e como proceder.

Após sair do prédio, Victor me deu um beijo na bochecha, e eu achei bem estranho

aquilo.

-Vamos? - falou ele.

Ele abriu a porta do carro, mas não como antes, algo havia acontecido, algo estava

de errado. Alguma coisa, não rolava bem.

Entrei no carro com uma certa dificuldade, e quando chegamos no restaurante, ele

também não me ajudou muito, e tive que fazer as coisas sozinhas.

-Então Olívia, o que você quer?- falou ele meio estranho.

O aroma dele era de madeira, mas daquelas bem secas e velhas.

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-ah bem, aqui estão as papeladas da faculdade, será que podia me ajudar? - falei

bem formal.

Ele pegou os papéis e então começou a folhear e por fim, disse:

-Posso, posso sim. Olha, o erro está na matemática de vocês, espaço e largura não

batem com o terreno e na maquete, bem, tudo estava errado, não condiz com as normas

da engenharia. Mas posso ajustar para você. - falou Victor sério. - não vou cobrar nada,

não se preocupe - falou ele firme.

-o que há de errado com você? - falei séria.

-bem, nada. Você ama outro, só isso. - falou Victor ainda sério.

-Não podia te amar, acabei de te conhecer ontem. Não faz sentido. - falei sem

entender.

-Bem, ótimo. Eu também não posso ficar com compromisso com alguém que não

conheço. Mas mesmo assim, sua causa é nobre, e amigos não falham com as promessas -

falou Victor sério. - vou te ajudar na construção dessa faculdade.

-Obrigada, e por favor, me desculpe - falei rapidamente.

Victor respirou fundo, e então, falou:

-tudo bem, sem problemas. - falou ele. - quando o projeto estiver pronto eu te ligo

está bem? - falou ele.

-Tudo bem, está bem. - falei séria.

-Vamos? - falou ele totalmente diferente daquilo que eu o conheci.

-Vamos. - falei chateada.

Ele me deu o seu braço, e saímos do restaurante.

Victor me levou até o meu prédio, ele respirou fundo e ele disse:

-Tem alguém querendo falar com você. - falou Victor.

-O que? Quem?- falei ainda meia chateada.

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-Peter. - falou ele.

E a porta se destravou.

Meu coração acelerou, o que Peter estava fazendo aqui?.

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Capitulo Dezenove : "Uma Surpresa"

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Eu desci do carro de Victor, e veio de encontro ao meu olfato um perfume conhecido, forte,

amadeirado, um perfume que eu reconheceria de qualquer forma.

-Olivia! - falou uma voz doce e amável.

-Peter? - falei carinhosamente e me desmanchei quando ele falou o meu nome.

Que falta que eu sentia dele.

-Sou eu Liv, sou eu. - ele falou carinhosamente.

-O que aconteceu? Peter? O que houve?- falei preocupada.

-Eu precisava de você, eu precisava de você Liv. Eu sinto tanto a sua falta. - falou ele

ainda com voz emocionada.

-Por favor, me conte o que houve? - falei preocupada.

-Tudo deu errado Olívia, tudo. Andressa…ela...ela me abandonou no altar. Disse que

não iria ser babá de um cadeirante. - falou ele com voz de choro.

-Ela falou isso? Eu não estou acreditando Peter. Como ela pode? Como…...Ah Peter!

Eu sinto muito! - falei docemente com olhos cheios de lágrimas.

-Eu não acreditei quando vi, ela me abandonou no altar. E me deixou no altar e foi

correndo aos braços de outro. Eu me senti o pior cara, eu estou me sentindo o pior cara, o

mais burro de todos - falou Peter e um barulho de soco na cadeira.

-Ei.. ..calma…..não precisa ficar assim. - falei tentando manter a calma. - ficará tudo

bem Peter, você vai ver. Não se sinta assim por favor. - falei com o máximo de amor que eu

podia passar na voz.

-Me desculpe Olívia, me desculpe. Eu, não deveria ter me afastado de você. Eu senti

tanto a sua falta. - falou ele com carinho.

-Eu também senti a sua, eu também. Fui ao seu casamento mas passei mal e tive que

ir embora. - falei como justificativa.

-Que bom que não viu o fiasco que foi. Eu vi você com um cara, e achei que não

deveria atrapalhar. - falou ele com voz amarga.

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-Peter, vamos entrar. Você precisa se acalmar. - falei para ele e segurei em sua mão.

-Vamos, precisava disso - falou ele retribuindo o aperto.

Eu não acreditei quando ouvi, Andressa abandonou Peter no altar!, E por um

momento, gostaria de estar com ele nesse momento doloroso, e estava aliviada em saber que,

agora, ele estaria aqui comigo e não fez nenhuma bobagem. A raiva que eu sentia por

Andressa, o ódio que eu sentia dela, ela tinha o cara mais perfeito do mundo em suas mãos,

para cuidar, amar, proteger, estar do lado dele e ela simplesmente prefere fazer a pior

escolha da vida dela.

-Sabe Peter, você não é o cara mais burro do mundo. - falei sendo muito sincera.

-Não? Claro que sou Liv. Me deixei me iludir por aquela…...aquela….vadia. - falou

Peter nervoso.

-Claro que não é, Peter, você é o cara mais incrível, que eu já conheci. Burra foi ela

por perder a chance de amar alguém tão especial como você. Você é incrível Peter. - falei

fazendo carinho em sua mão.

E ele riu para mim.

-Eu sabia que você iria me fazer sorrir, sabia que era a única que não me veria como

um totalmente idiota. - falou Peter

-porque você não é. Já sofri esse tipo de preconceito Peter, já fui abandonada por ser

cega e doeu muito e quase tive vontade de desistir de tudo. - falei eu.

E era verdade, até pensei em parar de comer.

-E o que te curou? - perguntou ele curioso.

-Você. - falei e depois percebi o que eu estava dizendo e refiz a minha frase. - a sua

amizade me fez prosseguir. Receberemos qualquer tipo de preconceito e julgamentos Peter,

mas nenhum deles tem que nos parar, receber essas coisas nós vamos receber mesmo e vai

ser duro e difícil. Mas não significa que temos que deixar de fazer ou prosseguir. A

Faculdade também me ajudou. - falei sendo doce.

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-É mesmo! A faculdade! Quando será a inauguração? - perguntou ele.

Eu sorri ao ouvir aquilo.

-Não vai ser inaugurada, a obra está parada Peter. A prefeitura parou ela. - falei

abaixando a cabeça.

-O que? A prefeitura fez o que? Isso está errado! - falou ele indignado. - mas não se

preocupe, nós vamos dar a volta por cima disso, desse problema - falou ele sendo otimista

como sempre.

Como eu estava com saudades disso, com saudades daquilo, da presença dele, do

cheiro dele.

-Então, sobre isso, aquele moço que entrou na igreja comigo, ele, é engenheiro falou

que vai refazer o projeto, e assim, podemos construir a faculdade. - falei fazendo carinho em

sua mão.

-Ja decidiu o nome? - perguntou ele.

-Infinity - sorri.

-Então vamos conquistar esse infinito - falou ele ainda segurando a minha mão.

Eu sorri, era esse o objetivo do nome, conquistar o infinito através do amor, da

compaixão, da graciosidade das pessoas, do bem, da esperança, os deficientes precisavam

conquistar os seus próprios infinitos, seja internos ou externos, sejam nas profissões, ou

sejam nos amores. O amor, faz com que enfrentamos qualquer infinito, qualquer barreira e

nos mostra a verdadeira força nossa.

-Vamos entrar?- falei amando estar com ele.

-Vamos sim. Claro que vamos. - o porteiro abriu a porta, e então, subimos para o

apartamento, quando fui abrir a porta, houve uma gritaria, e muita risada, sem entender

nada, Peter falou sorrindo:

-Liv, elas fizeram uma festa. Na parede está escrito: Seja bem vindo de volta Peter -

ele riu.

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E eu também sorri.

Ver o apoio e o carinho que minha mãe e Wendy fizeram por ele, foi a coisa mais bela

que eu fiquei sabendo, o aroma de bolo de chocolate com o doce cheiro de morangos do

amor e felicidade estavam exalando por toda a minha casa. Eu surpresa coloquei a mão na

boca e então falei:

-O que está acontecendo aqui? - falei ainda surpresa.

-Peter nos ligou logo quando tudo aconteceu, ele disse que precisava falar com você,

e que, estava com vergonha depois de Cair naquela emboscada daquela naja - falou Wendy

-Então, decidimos fazer uma festinha para animar, quando vimos que Peter estava aqui

embaixo, não resistimos. - falou Wendy animada e estourando uma bexiga.

-É Liv, eu tentei te ligar ontem, várias e várias vezes, mas você não me atendeu. Tentei

ligar depois do casamento também, e nada. Pedi para a Sra Cooper e a Wendy te ligar e te

falar o que houve, mas elas me disseram que você não queria tocar no assunto. - ele falou

meio sem entender.

Eu engoli a seco.

-Então decidimos fazer um festa para vocês dois. Afinal, são amigos e prezamos por

amizade - falou minha mãe com doce tom de voz. - e agora, entrem, não fiquem parados aí

igual umas estátuas. - falou minha mãe.

-É! isso ai! Entrem! entrem! - falou Wendy ansiosa e animada e bem agitada.

-amor, calma. assim vai infartar. - falou James.

-James! Você também está envolvido na bagunça? - falei colocando a mão na cintura

e dei risada.

-Pois é ne? Não soube resistir ao pedido de Wendy - Falou James com um tom de

culpa na voz.

Todos nós sorrimos.

-diz se esse gostosão não é pra se casar? - falou Wendy toda empolgada.

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-Wendy! - falou James com vergonha.

Novamente a sala se encheu de risos.

-Vou servir vocês por isso, assentem - falou minha mãe.

Peter ainda segurando a minha mão, me conduziu até o sofá e baixinho em meio a voz alta

e desengonçada de Wendy falou:

-Você não faz ideia de o quanto eu estava com saudades disso aqui, não faz ideia de o

quanto vocês significam para mim. De o quanto você se significa para mim Liv. - falou Peter

baixinho no meu ouvido e eu me arrepiei.

-E nem você Peter, não faz ideia de o quanto significa para mim. E não se preocupa,

fico ficará bem. Tudo dará bem, estou com você agora. Vamos superar essa juntos. - falei

sendo otimista.

-Eu sei que vamos - ele pegou minha mão e beijou ela.

E eu sorri.

A festa foi realmente animada, e agitada, Wendy animava por si só, e quando ela

comeu doce piorou ainda mais, ficou incontrolável e quando estava gritando e comendo o

bolo sem parar, James decidiu levar Wendy embora.

-Acho que quando vocês se casarem James, terão que excluir doce da casa de vocês -

brincou Peter.

E todos nós rimos.

-Vou deixar isso anotado - falou James que parecia estar tendo dificuldades. -

obrigada por tudo Sra Cooper, vou levar essa criança de volta. - falou James se referindo a

Wendy com certeza.

-Leve um pedaço de bolo para sua casa James, só não dou para Wendy, porque, bom,

não é um boa opção. - falou minha mãe sorrindo.

-Obrigada Sra Cooper. Olívia,, Peter, boa noite para vocês. - falou James me beijando

na bochecha e um barulho de cumprimento vindo do meu lado.

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-Valeu cara, até a próxima. - falou Peter.

-até Cara. - falou James.

-Obrigada por ter vindo - falei rapidamente.

-Imagina, faria o possível por vocês dois. Até mais. - falou James e a porta se fechou.

-Wendy é uma comédia - falou Peter.

-Nem me fale, ela devia estar muito ansiosa para isso acontecer. Tenho certeza. - falei

sorrindo.

-Bom pessoal, eu já vou me recolher, estou exausta, Liv, deixei o bolo tampado, Peter

se ela quiser mais você a ajuda? - falou minha mãe fazendo um pedido.

-Claro Sra Cooper, não se preocupa. - falou Peter.

-otimo. Boa noite para vocês queridos. - falou minha mãe dando um beijo em nós dois.

-Boa noite mãe, obrigada por tudo - falei sorrindo.

Realmente valeu mãe, a Sra é incrível!

Quando a porta da minha mãe se fechou, houve um silêncio entre a gente mas logo

Peter quebrou.

-O que vamos fazer? - perguntou Peter rindo.

Nós beijar?

-Definitivamente eu não sei….o que tem em mente? - perguntei curiosa.

E instintivamente deitei no seu ombro e Peter encostou a sua cabeça na minha cabeça.

-Você vai ficar bem não é?- perguntei para ele.

-Vou, agora eu vou. - falou ele com carinho -Com todo esse carinho, e amor, eu não

poderia ficar ruim né? - sorriu ele.

-Aqui com a gente, você sempre terá isso. - falei baixinho.

-Agora eu posso ver, e me arrependo por não ter aproveitado isso - falou ele baixinho.

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-Ainda dá tempo, sabe disso não sabe? Nós ainda estamos aqui, eu ainda estava aqui.

- falei e corri a mão pelo seu braço e encontrei a sua mão e peguei nela.

Ele retribuiu o aperto, e começou a acariciar a minha mão novamente.

Era tão bom estar com ele, era tão bom estar aqui, ouvir a sua respiração, ouvir as

batidas do seu coração, era bom ouvir ele dizer que precisava de mim, que queria estar

comigo, e que, ele sentia uma admiração por mim e por minha família.

-Obrigada por estar comigo Olívia, por nunca ter desistido de mim - falou ele.

Ele pegou no meu rosto me tirando do seu ombro, e eu respirei fundo e prendi a

respiração.

"Agora vai."

Eu pensei.

"agora vai."

E quando eu senti a sua respiração próxima da minha, eu soube que ele iria me beijar,

e quando ia acontecer, o meu telefone tocou.

"Victor está ligando."

"Victor está ligando."

"Victor está ligando."

-Droga! Me desculpe Peter, eu….eu sinto muito. - falei procurando o meu celular e

Peter riu e entregou na minha mão o aparelho.

-atender Victor.

-Olivia! Oi! -falou Victor.

-Oi Victor, tudo bem? Aconteceu algo?-perguntei querendo desligar

-Seu projeto está pronto. -falou ele secamente.

-Otimo….nossa tão rápido!-sorri

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-Eu levo na sua casa amanhã às 10:00 horas tudo bem? -falou ele

-Você vai querer seguir adiante com o projeto?-perguntei curiosa

-Claro, claro. Só me informe direitinho. -falou Victor meio no automático.

-Esta bem, obrigada. -falei sendo educada

O telefone desligou.

-Victor refez o projeto, vai ser entregue amanhã às 10,vamos na prefeitura, você quer

ir conosco?-perguntei.

-Claro. Não perderia por nada. -falou ele e segurou na minha mão -Nossa que horas

são? -falou ele preocupado.

-não sei. -sorri

-São 00:00 -falou Peter doce.

-Puxa que tarde! -falei surpresa

-É…..a gente se vê amanhã então?-perguntou ele carinhosamente.

-Com Certeza, não perderia por nada. -sorri.

-Nem eu -ele me deu um beijo no canto da boca e faltou pouco para não beija-la.

Eu levantei e fui até a porta devagar.

-Adeus Olívia. -falou ele com um sentimento de quem não queria ir.

-Tchau Peter -eu também não queria que ele fosse.

E a porta se fechou.

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Capitulo Vinte: "Um Momento

Inusitado"

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Era 9:30 quando Peter chegou na minha casa, mesmo sabendo que ele viria eu estava um

pouco tensa e nervosa, eu sabia que o Victor iria fazer um bom trabalho, devido ao fato dele

ter me ligado no mesmo dia dizendo que o projeto estava feito. Mas mesmo assim, não

conseguia manter a calma, Peter chegou me dando um beijo no rosto, perguntou se eu estava

bem e eu respirei um pouco antes de responder é parecia que ele saiba exatamente o que eu

estava sentindo:

-Nervosa né? - ele falou com um tom divertido.

-Nem me fale, demais da conta! - sorri fraquinho.

Ele pegou na minha mão, estava gelada e então disse:

-Calma! Vai dar tudo certo. Eu estou aqui com você - falou ele fazendo carinho na

minha mão.

Eu respirei fundo, e levantei.

-Vamos? - falei me sentindo confiante do lado dele.

-Vamos Sim. Tudo bem de fomos de Táxi? - Perguntou Peter.

-Porque? O que porque o que houve com o seu carro? - perguntei curiosa.

-conserto. - falou ele meio desanimado.

-Ah não, tudo bem, vamos de táxi Então. - falei descontraída.

-Então beleza. - falou ele segurando na minha mão.

Peter ligou para o táxi, Minha mãe não estava, ela havia conseguido arranjar um

emprego o que no caso era ótimo porque ela precisava daquilo, depois comeu acidente ela

nunca mais pensou em si própria.

Estar de mãos dadas com Peter era uma sensação maravilhosa, eu nunca imaginei

que isso seria possível, até porque, para mim ele estaria casado, o interfone tocou e ele me

ajudou até chegarmos no táxi, fomos no local combinado, e eu estava suando frio. Uma

sensação se apoderou de mim, era como se eu estivesse recebendo uma mensagem do destino

para não ir nesse encontro, e eu não estava entendendo exatamente o porquê daquilo.

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Após entramos no shopping, eu entendi o porquê, o clima estava totalmente pesado, e

desconfortável, e quando me aproximei de Victor, o cheiro da mais pura raiva veio de

encontro ao meu nariz.

-achei que tínhamos combinado somente eu e você Olívia. - falou ele meio furioso.

-ah, e era. Mas Peter me encontrou e então eu convidei. - falei sem entender.

-Tem algum problema pra você camarada?- perguntou Peter meio receoso.

-Bem, claro que não. Mas seria melhor que ela viesse sozinha, assim quem sabe

poderíamos nos pegar.- falou Victor totalmente transtornado.

Ah não…..essa não….isso não…..

-Parou vocês dois! Victor me dá o papel e vamos encerrar isso logo. - falei impaciente.

O que diabos estava acontecendo aqui?

-Você me trocou por isso?! Não! Só me responde Olívia! Você me trocou por esse

cara? - falou Victor totalmente fora de si.

-eu troquei? Do que diabos você está falando Victor? Eu nunca falei que iria ficar

com você! - falei ficando nervosa.

-Ah….mas e aquele beijo lá na praia hein?! Não significou nada para você! - falou

ele cuspindo.

-O que? Liv o que ele está falando? - falou Peter confuso.

Ah não….que merda.!

-Isso foi o momento! E você não negou não é mesmo? - falei com um tom de raiva.

-Então você acha que só porque é cega pode zoar com a cara de qualquer otário? -

falou Victor vociferando.

-Ei! NÃO fala assim dela! - falou Peter ficando nervoso eu podia sentir, posso ver.

-E quem vai me impedir? Você? Essa vadia aí? - falou Victor totalmente revoltado.

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-Não me chama de vadia! - falei rapidamente com tom de defesa.

E de repente, tudo ficou turvo, eu só senti como se eu estivesse sendo empurrada para

o lado, e ouvi Peter falando:

-Liv cuidado! - e eu caí no chão.

Ouvi barulhos de socos, e briga, tumulto, mas não conseguia dizer ou saber o que

havia acontecido.

-Peter……? Peter…..? - Falei baixinho.

Silêncio! Nada além do silêncio.

Meu ouvido fez um som de apito….

-Peter…..? - falei tentando manter a calma.

Depois de um silêncio mortal uma voz no final do túnel.

-Liv? Liv? Você está bem? Você está bem? - era a voz de Peter.

-Peter….? O que aconteceu? O que houve?- falei perdida.

-Ele estava drogado Liv, totalmente drogado. Ele veio para te bater. Mas estou aqui

agora….estou aqui para te proteger - falou Peter respirando.

Eu coloquei as mãos no rosto dele e eu senti um líquido quente…… sangue.

-Peter….você está sangrando?!- perguntei com os olhos cheios de lágrimas.

Como eu queria ver. Como eu queria poder cuidar dele.

-Liv, está tudo bem. Não se preocupa. Eu estou bem…. Venha….vou te ajudar a ficar

de pé. Os seguranças já tiraram ele daqui. - falou Peter.

-Está se sentindo bem? Está doendo? - falei preocupada.

-Calma Liv, você precisa se acalmar. Venha, vou te levar para um lugar onde você

possa se sentar. - ele pegou na minha mão e então me conduziu devagar.

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-você se machucou muito?-perguntei ainda não entendendo direito o que havia

acontecido.

-Foi só um pouquinho, já passou. Já estou melhor. - falou ele mantendo a calma.

-Você precisa ver esse sangue…. Precisa ver esse machucado. - falei desesperada.

-Calma…. Calma… - falou Peter segurando no meu rosto.

E quando ele fez isso, caiu uma lágrima quente no meu rosto.

-Ei ....ei ....ei..... ei! Tá tudo bem. Não precisa chorar! Não chora não. - falou ele com

um tom meigo.

-Não dá. Não consigo não me achar culpada por isso….eu sinto muito Peter…..eu

realmente…..sinto…..muito. - falei com as lágrimas escorrendo no rosto.

-Tome….beba essa água….Liv a culpa não é sua. Que isso! Não é sua! - falou Peter

baixinho próximo a mim. - só toma cuidado com a pessoa que você vai beijar da próxima vez

está bem?- ele falou mudando o tom de voz engraçado.

E eu sorri com as lágrimas entre o rosto.

-Ele deixou os papéis, vamos na prefeitura? - perguntou Peter.

-Mas e você e o seu machucado?- falei persistente.

-Passamos na farmácia na volta. Não se preocupe. - falou ele calmamente.

-Você é incrível sabia? - falei suspirando.

-Não, eu sempre vou te proteger Liv. Independe de qualquer coisa. Eu sempre estarei

com você. - falou ele doce e me abraçou.

E naquele abraço quentinho eu me senti protegida e acolhida, e o perfume de Peter

foi como uma água com açúcar no meu sistema, acalmando o meu coração, e a minha alma.

E o desejo de beijá-lo foi ainda maior. Tudo ficava mais intenso próximo dele, e cada vez

mais, eu sentia o amor crescer, mas eu não sabia se ele sentia o mesmo. Mas como eu queria

que ele me olhasse e me dissesse que me amava, como eu queria que ele me beijasse nesse

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momento, bem agora, nesse exato momento. Como que eu queria que ele segurasse a minha

mão e dissesse que tudo ficaria bem.

Ele me segurou pela mão, e me entregou os papéis, chamou outro táxi que ficava no

estacionamento do shopping mesmo, e então, quando entramos no carro, no banco de trás,

ele colocou a mão na minha cabeça me empurrando para inclinar com ela no meu ombro,

e eu obedeci e com a mão dele fez carinho na minha. E aquilo me trouxe paz, me trouxe

calma, me trouxe calmaria. Quando descemos do táxi, Peter me conduziu até a prefeitura, e

como eu estava meia zonza, ele que resolveu todos os problemas e entregou a papelada, eu

só me lembro dele dizendo:

-Liv, vão te ligar avisando se foi aprovado, mas deu tudo certo - falou ele esperançoso.

-Acha que agora vai dar certo Peter? - perguntei a ele curiosa.

-bem, na verdade, eu acho que já deu certo Liv. Tem um moço vindo na nossa direção

- falou Peter baixinho.

-Olivia Cooper?!- falou o homem se aproximando.

-Sim?! Infinity é a sua faculdade?-perguntou ele.

-sim. É sim - Peter segurou na minha mão.

-é um projeto maravilhoso! Vamos construir! Sem dúvidas! Vocês tem

patrocinadores? - perguntou o moço.

-Temos. Mas poucos. - falei acanhada.

-Não se preocupe, o Estado vai cobrir o resto dos gastos. Meus parabéns! Infinity

acabou de ser aprovada. - falou o moço.

E Peter me abraçou e eu abracei ele.

Eu não estava acreditando, um projeto totalmente voltado para o bem da sociedade,

havia sido aceito, e o melhor, as pessoas poderiam mudar a sua vida através de estudo e

capacitação. O sonho de Peter, agora era o meu, e faltava pouco tempo para ele ser realizado,

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a pior parte já havia sido feita, e agora, com a aprovação do Estado, era questão de tempo

para que a faculdade crescesse e se tornasse grande e formosa.

Peter e eu fomos para casa naquele dia, e eu não consegui me conter, depois é claro

de passarmos a farmácia, Peter me levou até em casa, e na hora da despedida, aconteceu

algo….bem…..veja aí……

-Vou aproveitar o Taxi Liv. - Falou ele ainda animado.

-Tudo bem….. obrigada mesmo Peter….por tudo que você tem feito. - falei.

-Quando o meu carro consertar, vamos comemorar. - ele falou agitado.

-Com certeza….não tenha dúvidas! Wendy vai amar saber disso. - falei com o coração

acelerado.

-Até mais Liv. - falou Peter e eu pude sentir a presença dele se aproximando de mim.

-Até mais Peter. - falei baixinho e senti a sua respiração.

E de repente, por puro impulso ou não…….eu o beijei.

Depois do beijo houve um silêncio, nada muito animador e aquilo foi como um balde

de água fria jogada na minha cabeça.

-Ahm…..bem……- falou Peter ainda receoso e meio sem jeito…. - obrigada por me

fazer companhia hoje Liv…. - falou ele meio desconcertado. - boa noite. - falou ele.

E eu fiquei inerte em frente da minha casa, e ouvi o barulho do táxi indo embora.

-Palmas para você Olívia, a garota mais azarada do universo. Como eu sou idiota! -

falei colocando as mãos nos meus olhos.

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Capitulo Vinte e Um: "O Tempo Passou"

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Eu fiquei o dia inteiro com aquela sensação de "algo podre", parecia mesmo que eu havia

comido algo, ou feito algo de muito errado, e de fato fiz, minha precipitação iria colocar

tudo a perder, e quando digo tudo, era exatamente tudo. Peter não me ligou no dia

seguinte, não me mandou mensagem, não me respondeu, e eu achei cheguei a pensar que

ele simplesmente não queria mais falar comigo, e eu deduzi que Peter era um cara tímido,

e que raramente tomaria uma decisão precipitada. Wendy estava em casa, e eu não sabia

exatamente o que falar com ela, as palavras exatas, não sabia se ela iria me xingar ou iria

apesar me zoar, mas uma coisa era certa: eu havia ferrado com tudo. Se Peter tivesse

algum sentimento por mim, qualquer sentimento possível, ele certamente não

demonstraria mais.

Tudo porque, eu simplesmente na emoção da coisa toda, meti os pés pelas mãos, agi por

impulso, e se eu pudesse simplesmente mudar tudo, eu mudaria aquele finalzinho. Mas

agora, não dava mais para mudar não é mesmo?

Se existia alguma probabilidade de alguma coisa rolar, havia sido zerada, porquê, até

porque, eu simplesmente fui beijando o cara assim, sem mais nem menos, sem nenhum

motivo eminente, eu simplesmente o beijei.

E agora, analisando as atitudes de pessoas normais e sensatas: QUEM BEIJA ALGUÉM

DO NADA?

Alguém pergunta as horas para você na rua e você simplesmente responde com um beijo?

Não! Óbvio que não! Era totalmente equivocado e totalmente errado. Mas na cabeça de

Olívia Cooper, sim, beijar o cara que você gosta do nada e ainda por cima achar mesmo

que ele iria retornar o beijo ou simplesmente beijar de volta. O que obviamente, era uma

opção nula.

Bateram na minha porta, e somente na segunda batida eu tive coragem de pedir

para a pessoa entrar.

-Liv sua mãe me disse que você…….-era Wendy - Deus! Você está um caco mulher!

O que houve?!- falou Wendy com um tom de nojo na voz.

-O que? Você também pode ver a vergonha eminente? - falei reprimida.

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-Bem…..não. Liv o que você fez?!- falou ela como se eu fosse uma criança de 5 anos

e tinha feito algo de errado.

-Tudo de errado Wendy! Tudo! Fomos lá no shopping pegar as papeladas do

projeto, que no caso foi aceito, aí na euforia da coisa, na hora da despedida entre Peter e

eu, DO NADA, exatamente DO NADA. -Eu respirei fundo como se eu tivesse falando de

matar baratas – eu o beijei -falei rapidamente

-Você fez o que?- falou Wendy perdida.

-Eu……- falei respirando.

-Você - falou Wendy baixinho.

-o Beijei. - falei e por fim coloquei as mãos no rosto.

-Você beijou o cara do nada? - perguntou ela fingindo estar séria e depois começou

a dar risada.

-Não, tem graça Wendy….para de rir.- falei emburrada.

-Você beijou o cara do nada Liv? - falou ela em meio as gargalhadas.

-Olha não estou te conto pra você me zombar! - falei e ouvindo a sua gargalhada

comecei a rir também.

-Acha que eu fui precipitada?- falei ainda rindo.

-Qual é! Você está falando com a mulher que chamou um cara desconhecido de

gostosão! - falou Wendy rindo.

E eu sorri de volta.

-Ser descarada faz parte do meu D.N.A, mas sejamos francas, vocês parecem dois

adolescentes que nunca beijaram na vida! Alguém tinha que tomar a iniciativa. E o que

ele fez?- falou Wendy com um tom divertido.

-Bem, ele não fez nada. Não retribuiu, não fez nada. Parecia uma estátua e depois

entrou no carro e foi embora. - falei por fim - e é essa atitude dele que me deixou sem

saber se eu fiz certo ou errado. - falei limpando os olhos cheios de lágrimas.

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-Ah desencana Liv, Peter ama você, só que ele é muito tímido. E também, vale

ressaltar que ele acabou de chegar sendo solteiro, dê tempo ao coitado. Mas olha, você

simplesmente arrasou garota!- e ela sorriu.

O bom de ter uma amiga totalmente o oposto de você, era que, mesmo sendo

diferentes uma da outra, nós nos completávamos.

-Então acha que eu agi certo?- perguntei ainda receosa.

-Sim, acho sim. Esse beijo não iria sair nunca Liv, se depender de Peter. Não sairia

nunca. - falou Wendy.

-Mas, e o fato dele não me responder, ou, não me ligar, ou simplesmente não me

retornar. Não seria um péssimo sinal? - perguntei agora com medo.

-Bem, tecnicamente sim, mas deixe Peter pensar Liv, ele precisa pensar um pouco.

Olha, deixe ele um pouco com ele mesmo. Quando for a hora, ele tomará a sua própria

decisão - falou Wendy sendo muito sabia. - o que não pode acontecer, é você ficar aí desse

jeito parecendo um xuxu murcho. - falou Wendy rindo.

-Você tem razão, realmente não posso ficar assim. - falei respirando fundo - mas,

do mesmo jeito, o Peter é muito complicado, não sei exatamente o que ele quer. Não sei

exatamente o que ele sente wendy. - falei sendo muito sincera.

-Nenhum de vocês sabem ao certo, talvez, ele precise olhar para você com um outro

olhar. Talvez ele precisa despertar o sentimento por você, mas não tenha pressa minha

querida, ele vai retribuir. -, falou Wendy com um tom de certeza.

-como pode usar esse tom tão certeiro? - perguntei realmente curiosa.

-porque eu vejo a forma como ele te olhar, como ele te trata, ele quer te dizer que

te ama Liv, ele quer dizer para você que se importa com você. Ele quer dizer que te ama

e que vai te proteger. Mas deve ter alguma coisa que impede ele, por isso, deixe que esse

amor que ele tem por você cresça e aumente e se intensifique, ao ponto, dele não aguentar

guardar mais dentro dele e simplesmente falar. - falou Wendy com simplicidade.

-Você falando parece ser tão simples…..- falei e abaixei a cabeça.

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-Realmente parece mesmo….mas ei, eu trouxe pizza, vamos comer? É o seu sabor

favorito!- falou ela tentando me animar, eu sabia que ela estava tentando.

-Tudo bem….vamos comer pizza. - falei suspirando e Wendy me segurou nas

minhas mãos me ajudando a levantar

A pizza realmente foi uma boa saída, pelo menos, amenizou o sentimento de

verdadeiro fracasso na vida. Porém, eu ainda não conseguia deixar de repensar várias

vezes na cena vergonhosa, e só não ficou pior porque sou cega, porque se eu enxergasse,

certamente estaria me sentindo muito pior do que já estou me sentindo no momento. Após

a pizza, Wendy havia posto um filme, mas para variar, foi o tremendo tédio, ver filme

sendo cega era totalmente sem graça, por mais que eu tentasse imaginar e levar na boa,

era impossível ver, sentir a mesma sensação e por fim, acabei decidindo ir dormir e pensar

mais na culpa que estava sobre o meu ombro.

******Três dias depois********

Faz exatamente três dias que Peter não mande nenhuma mensagem, e isso está me

deixando angustiada, porém, decidi simplesmente respirar fundo, e controlar a vontade

de não ligar para ele, visando o conselho de Wendy me deu há alguns dias atrás.

"ele deve estar ocupado."

"Ele deve estar com vergonha."

" Carro quebrou de novo."

"Ele deve estar planejando algo."

"Ele deve…..Ah sei lá o que ele deve estar fazendo."

Com a minha mãe trabalhando, a solidão era iminente, por isso, para ocupar tempo

e mente, eu decidi fazer um tema de aulas e atividades para ajudar na faculdade, já que,

o projeto foi aceito. Quando o meu telefone tocou e eu tomei um susto:

"número desconhecido ligando."

"Número desconhecido ligando.

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-Alo? - falei meia decepcionada.

-Alo, Olivia Cooper? - falou uma voz masculina.

-Sim. É ela, quem fala?-falei meia tensa.

-Aqui é Robert Calls, e gostaria de saber quando poderíamos marcar a inauguração

da faculdade. - falou uma voz masculina que parecia estar em um lugar cheio de gente.

-Ah….veja bem...Sr Calls Você é da prefeitura?-perguntei intrigada.

-Sim, sou o engenheiro da obra. Vamos levantar as paredes quando?-perguntou ele

curioso.

-ah não sei, é realmente assim que funciona construção de lugares? O engenheiro

liga para quem a criou?-perguntei curiosa.

-Sim, a Sra vai acompanhar todo o procedimento de construção, tem que estar

exatamente igual a maquete, mas, poderá haver modificações conforme a construção do

prédio. A Sra já pensou em uma data prévia para a inauguração?-perguntou o Sr Calls.

-Me disseram que querem construída para ano que vem, o Sr acha possível?-

perguntei sem saber exatamente como fazer a frase.

-Bem, acho sim. O projeto é grande e bem detalhado mas, acho possível sim Sra

Cooper. Mas se fosse para ano que vem, a Sra tem que me dar duas datas, a data prévia,

e a data limite caso aconteça algum imprevisto, com a data prévia podemos estender até

a data limite. - falou o Sr Calls.

-Muito bem….então….a data prévia será para outubro e a data limite Janeiro.

Assim está bom?-perguntei meia desconcertada por estar dando ordem assim.

-Eu achei ótimo e também favorável Sra Cooper, por favor, salve esse número

porque vou ligar sempre que eu precisar está bem? - falou ele muito calmo.

-Está bem, está bem Sr Calls - falei respirando aliviada e tendo a certeza de que eu

estava fazendo a coisa certa.

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-Muito bom falar com a Sra, abraço Sra Cooper e até breve.- falou sendo muito

educado.

-Muito obrigada Sr Calls, e até Breve. - e Sr Calls desligou.

Eu respirei fundo, e então não sabia exatamente como agir depois daquela decisão

contaria para quem? Realmente não tinha com quem contar .

Os dias foram se passando rapidamente, semanas, e semanas, Peter havia me ligado

algumas vezes, mas ele não citou o fato ocorrido, por isso, achei melhor que não tocasse

no assunto até que se próprio tocasse. Sr Calls ligou várias outras vezes, dizendo que a

obra iria começar, e quando começou, começou com todo o vapor, Peter me levou até o

local de onde ficaria a faculdade, um ponto muito estratégico para os estudantes pois

qualquer carro, ônibus e meio de transporte passaria por lá, a meia estação se foi, e

estávamos no inverno, e os ventos frios nem mesmo eles atrapalharam a construção que

a cada momento estava crescendo e ficando forte e sólida.

Minha amizade com Peter foi crescendo a cada dia mais, porém, nem eu e nem tão

pouco ele tocamos no assunto de algo além, e eu cheguei a conclusão de que, esse

sentimento que eu tinha por ele, deveria ficar guardado e aos poucos, fomos focando na

construção da faculdade, e em escolher os profissionais na área. A seleção para tal função

era algo extremamente sério e importante e enquanto cuidávamos de escolher os melhores

profissionais, Wendy e James ficavam com a parte de carteiras e coisas para colocar a

faculdade, afinal, não existia faculdade sem nem ter carteira e mesas para tal coisa.

O trabalho estava ficando redobrado, e conforme o tempo passava, as coisas

ficavam mais difíceis e trabalhosas. E escolher professores e funcionários para fazer um

trabalho tão árduo com dedicação e paciência era realmente complicado.

-Então Liv, o que andou pensando em fazer para escolher professores capacitados?-

perguntou Peter meio confuso.

-Honestamente eu não sei ...precisamos de alguém que saiba como é lidar com

pessoas deficientes. - falei coçando a cabeça.

-E não consegue pensar em como né?- falou Peter.

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E como um estalo eu tive uma solução maravilhosa!

Sabia exatamente o que fazer.

-Peter, vem comigo. Tá com o carro aí né?- falei meia apressada.

-Estou! Claro que estou! -, falou Peter sem entender.

-Então vamos, precisamos ir em um lugar muito especial para nós. - falei e Peter

respirou sem saber ao certo o que estava acontecendo.

-Liv, onde vamos?-perguntou ele confuso entrando no carro.

-Vai saber…..eu tive um ideia. - falei sorrindo para ele.

-Você fica muito séria misteriosa. Mas preciso saber exatamente para onde nós

vamos senão fica complicado para irmos. - ele falou com um tom divertido

-ah é…..verdade ……. nós vamos ao hospital Peter. -falei animada.

-Hospital? Porque? Está com dor?- perguntou ele ligando o carro.

-não seu bobo! Claro que não! Você saberá quando chegamos lá. Por hora, vamos

ao hospital - sorri finalmente satisfeita com o meu cérebro estar trabalhando mesmo

estando perto de quem eu amava.

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Capitulo Vinte eDois:

"Uma Sintonia"

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Quando chegamos no hospital, não pude mais segurar a informação, eu tinha que falar e

foi exatamente isso que eu fiz.

-Peter nós vamos chamar a Elisa para dar aula na faculdade, e a equipe dela é claro.

Quem nesse mundo todinho sabe lidar melhor com deficientes do que ela? E o melhor, o

hospital cobre todo o custo. Fico me perguntando como que não pensamos nisso! Por favor,

diga para mim que essa ideia não é genial. - falei animada.

-Liv! Isso é maravilhoso! Esplêndido! Tomara que ela aceite, de verdade, tomara

mesmo. - falou ele me pegando pela mão e me levando para o andar de baixo onde ficava o

grupo de apoio.

Estar de volta no hospital, foi a prova de que eu havia crescido, e não somente aquilo

mas mudado também, quando eu estava aqui, eu me sentia tão pequena e frágil, e agora,

estando aqui e sentindo os cheiros desse lugar, posso ver o quanto eu me fortaleci, o quanto

estou grande e bem madura, o quanto a vida foi tão dura desde então, mas tão graciosa por

me proporcionar momentos como esse. E estar ali, eu finalmente vi a mulher que eu sempre

quis ser, forte, determinada, mas com o coração mole, cheia de sentimentos e um coração

enorme.

-Vamos Liv, vamos entrar no elevador. - falou Peter segurando a minha mão e

entramos no elevador.

-Claro, vamos sim. - falei meia distraída.

-Muitos pensamentos né? - falou Peter e eu sabia que ele estava me olhando.

-Você não faz ideia de o quanto! Vindo aqui agora, eu percebi o quanto eu cresci e

mudei e amadureci. -falei sorrindo.

-Realmente, você realmente mudou, desceu, ficou mais forte. E os seus olhos, eles

brilham. - falou Peter e eu senti que ele queria me dizer algo.

-Meus olhos brilham?- perguntei curiosa.

-Demais! Os seus olhos azuis, eles brilham muito. - falou ele. - tem algum motivo

específico?-perguntou ele curioso.

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Eu sorri e sabia exatamente o que dizer.

-Tem. O meu motivo específico é você Peter. - falei devagar e com leveza.

Peter ficou em silêncio, e o sinal do elevador tocou, e a porta se abriu.

Peter segurou a minha mão e então ele foi me conduzindo até a porta do grupo de

apoio, e quando chegamos lá ouvimos vozes, mas não muitas, apenas o suficiente para duas

pessoas estarem conversando. E quando empurramos a porta, não houve silêncio e uma

manifestação de alegria, apenas uma respiração profunda e preocupada.

-Não sei como vamos fazer Elisa, o nosso grupo cresceu e não temos mais espaço,

porém, não sabemos onde colocar tantas pessoas. Tentei falar com o hospital mas eles não

têm outro espaço para ceder, não dá para fazer os exercícios e as palestras por aqui Elisa,

já pensou exatamente o que vai fazer?-era uma voz feminina que eu não conhecia.

-Olha sinceramente……...eu não sei. -falou ela e suspirou de um modo preocupado.

-Pois eu sei!-falei animada.

-Olivia! Peter! Oh que lindos ver vocês dois juntos! Felicidades ao casal - falou Elisa

melancólica.

Peter ainda de mãos dadas comigo, apenas seguro mais forte e entrelaçou os dedos

nos meus.

-Ah…...obrigada Elisa. Ouvi você falando que não tem mais espaço. E eu vim na hora

certa. Gostaria de fazer um convite a vocês, a todos vocês, equipe, produção, enfim, todos.

Estamos juntos criando uma instituição que vai ajudar e levar todos os deficientes para o

mercado de trabalho e formação. E o projeto foi aceito, porém, não temos equipe e logo

pensei em vocês. - falei sorrindo.

-ah meu deus! Olívia! Isso é maravilhoso! Topamos! Sem dúvidas topamos! - falou

Elisa cheia de emoção.

-Que bom! Por enquanto a instituição não está construída, mas até o ano que vem

estará. As construções começaram ainda nesta semana. E por enquanto, vocês terão que

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ficar aqui. Mas vou pedir para que eles constroem um alojamento enquanto isso. - falei

sorrindo.

-Será maravilhoso! Tudo que mais precisamos! E pode conter comigo, para o que der

e vier. - falou Elisa feliz. Dava para sentir a felicidade dela.

Saímos dali cheios de emoção, conversar com um grupo que nos ajudou tanto e agora

podermos ajudar de alguma forma era exatamente aquilo que mais queríamos.

********************************************

O tempo se passou mais rápido do que pensamos, e o inverno estava começando ao

fim, o alojamento no terreno foi construído, e foi um espaço bem útil e confortável para

todos, e o grupo de apoio cresceu a cada dia mais, foi então, que a faculdade começou enfim

a ser erguida, Peter fotografou todo o processo de construção, desde as sapatas até fazerem

o estacionamento, e mesmo que eu não pudesse ver fisicamente, eu conseguia enxergar

exatamente aquilo que estava sendo feito ali, o mais interessante e emocionante, era que, as

pessoas que construíram a faculdade, era metade deficientes e metades pessoas sãs, e isso

quando eu descobri foi a coisa mais bela que eu já vi.

*Depois de alguns meses *

Estávamos atarefados com muita coisa para resolver, e honestamente, minha cabeça

estava tão cheia que eu nem percebi que Peter havia mudado comigo, ele estava mais

carinhoso e atencioso, e quando eu menos imaginei, Peter fez algo inacreditável. Marcamos

de nos encontrar lá na construção, tínhamos um compromisso com os engenheiros, o mais

interessante é que eu não percebi absolutamente nada. E quando Peter sempre foi um pouco

mais reservado (põe reservado nisso),eu realmente não notei nenhuma diferença.

E quando todos estavam presentes para a reunião, Peter me surpreendeu, ele

pigarreou e então todos se calaram e falou algo que eu nunca esperava ouvir dele assim tão

de repente.

-Esse pessoa, com quem eu estou me dirigindo a palavra, é a pessoa mais incrível,

dedicada, e amorosa que eu já vi. Ela, me ensinou a ser forte, mas não somente isso, ela me

ensinou o poder do amor, não o amor entre duas pessoas apenas, mas o amor com a vida,

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com a superação, com a força de vontade. Ela podia ter se acomodado, ela podia receber a

sua situação, mas preferiu fazer alguma coisa com isso, unir o útil e o maravilhoso.

Essa pessoa, me arrancou um beijo há muito tempo atrás, e eu não correspondi, e quando

eu cheguei em casa, eu percebi o quanto eu queria receber um beijo dela, mas o fato de eu

me achar tão pequeno perto dela, e tão insignificante e tão simples e tão falho, me impediu

de retribuir.

Agora, posso ver o quanto eu fui estúpido e lento, essa pessoa sempre esteve comigo, até no

meu pior momento, essa pessoa nunca soltou a minha mão, ela nunca disse não, ela nunca

me olhou com um olhar de piedade, e, no dia que estávamos indo para o hospital, lá dentro

na verdade, ela disse que o motivo dos olhos dela brilharem era a minha presença, e aquilo

me preencheu. Aquilo me envolveu, aquilo me fez perceber o quanto eu a amo.

Eu já amava antes, e passei a amar dez, trinta, 100 vezes mais você Olívia Cooper. Você

Olívia faz os meus olhos brilharem, você Olívia, faz o meu coração acelerar. E você Olívia,

sempre honrou com os seus sentimentos, porque nunca os escondeu. E eu precisava disso.

Precisava alguém como você, e hoje eu entendo, que o meu infinito é estar ao seu lado. - e a

palmas se irradiaram por todo o lugar, Wendy gritava mais do que tudo e todos, e eu só

conseguia chorar.

As coisas não foram exatamente como eu planejei, e o bom de se viver era exatamente

isso, não ter o controle das coisas, não saber ao certo quando e onde elas acontecerão, mas

quando acontecem, te lagrimas de lágrimas e você percebe o quanto é gostoso viver e

aprender com a vida.

E enquanto eu caminhava lentamente até Peter, meu coração acelerou, e a minha mão

suou frio, esse era o momento, estaríamos juntos agora, estaríamos batalhando juntos,

depois de tanto tempo, depois de tanta coisa, estaríamos em uma mesma sintonia. E quando

Peter passou a mão na minha cintura e eu sentei em seu colo, e toquei o seu rosto e limpou

a minhas lágrimas ele fez aquilo que eu sempre quis que ele fizesse.

-Olivia Cooper, você aceita namorar comigo?- e a lágrima escorreu.

-Peter While, EU aceito. - e em volta das palmas tudo ficou rodando, e em meio aos

gritos de Wendy, tudo rodava, e então nos beijamos, mas dessa vez, para valer.

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O meu momento finalmente havia chegado!

Eu estou tão feliz!

O homem da minha vida me ama!

Azaração no amor 0 X Olívia Cooper 10!

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Capitulo Vinte eTrês:

"Conquistei o meuInfinito"

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Após longos meses, a Faculdade estava pronta, com muito esforço e dedicação,

finalmente o dia da inauguração havia chegado. Havia se passado desde o dia do pedido

de namoro,5 meses, era Janeiro do outro ano, e graças a Deus a faculdade estava pronta

para a inauguração, até bem mais da data prévia.

Meu coração estava tremendo, Wendy havia sido pedida em casamento, e era óbvio

que ela aceitou. Minha mãe, por incrível que pareça, começou a namorar com um

empresário da empresa onde ela trabalhava, e tudo parecia perfeitamente bem, a vida é

cheia de altos e baixos. E tudo era incrível quando as coisas caminham exatamente no

tempo delas de acontecer.

-Amor? Está pronta?- perguntou Peter.

-Estou amor, nervosa mas feliz.- falei respirando fundo.

-Hoje será um dia especial, vai dar tudo certo meu amor. -e beijou a minha mão.

Eu sorri.

Saímos do meu quarto junto, Peter me conduzindo e eu conduzindo-o. Era tudo de

mais especial fazer aquilo ao lado dele, tudo mais emocionante e surpreendente, eu amava

estar perto dele. Amava fazer as coisas mais básicas com ele e o nosso amor ia crescendo.

Entramos no carro, e então, fomos em direção a faculdade, Peter havia falado que

a faculdade estava exatamente como eu havia descrevido para Wendy desenhar, prédios

colunas de prédios, espelhadas na frente, e também, luzes e tudo que havia direito. Dois

prédios altos e brilhosos, era exatamente aquilo que eu queria que tivesse na minha

faculdade. Eu estava feliz, e esperançosa, estava grata por tudo que havia me acontecido.

E hoje sou a pessoa mais feliz do mundo!

O clima mudou assim que eu desci do carro de Peter, eu não sabia o que estava

acontecendo, mas eu sabia que ali naquele lugar estava cheio de pessoas, eu posso sentir

o peso dos olhares, falas, gestos, eu não podia ver, mas eu posso sentir cada um deles. E

essa era a vantagem de ser cega, tudo estava aguçado, eu podia ouvir coisas de longe, eu

podia sentir de longe, podia ver as emoções das pessoas como se fossem nuvens em cima

de nós.

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-Pronta amor? - falou Peter segurando a minha mão.

-Pronta meu amor. - retribui o aperto da mão dele.

-Eu te amo! - falou ele.

-Eu te amo. - falei sorrindo.

Eu pude ouvir palmas assim que subimos em uma espécie de palco, Peter narrava

tudo, até mesmo cada rostinho de cada pessoa que via a gente, e eu só conseguia sorrir. E

antes de cortarmos a fita vermelha, foi dado a mim a oportunidade de falar algumas

coisas e eu já estava pronta para aquele momento desde de quando eu aceitei o projeto.

-Algumas pessoas não vão conseguir compreender o motivo do nome Infinity, e tão

pouco compreender o fato de que, o infinito é o nosso lar. Porém, hoje ficará marcado

para sempre nos corações das pessoas, e na sociedade como a primeira faculdade

totalmente voltada para os deficientes, aqui, eles terão educação, saúde, firmeza, aqui ele

não vão sofrer preconceito e terão acompanhamento psicológico para saber lidar com

Isso também. O Estado está nos cobrindo e levou a sério o propósito nosso compromisso,

por isso, peço que vocês estejam confiantes. O infinito é apenas o nosso começo, estou

grata a todos que enfrentaram todas as barreiras comigo,

Obrigada ao meu querido namorado por este sempre do meu lado, e minha mãe e

minha amiga. A Cegueira me trouxe coisas que eu nunca imaginei que eu teria, e vai

proporcionar às pessoas a mesma realização da minha vida. Que o nosso foco seja o nosso

infinito e que o amor e a paz nunca faltem para nós - falei e as palmas irradiaram a nossa

presença.

-Mor pegue a tesoura vamos cortar a fita vermelha agora. - falou Peter

carinhosamente.

-Você me ajuda? - perguntei tensa.

-Claro que ajudo vida. - falou ele e juntos segurou a tesoura e juntos cortamos a fita

vermelha.

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Ouvi barulhos de câmeras fotográficas, e palmas, muito nervosismo e muita

ansiedade, todos muitos felizes.

E essa é a minha história, tão longa, tão boa, tão simples.

Essa história não é apenas um relato de uma moça cega por um acidente, nem tão

pouco, sobre um casal de deficientes que juntos decidem simplesmente mudar alguma

coisa na sociedade, mas essa história, é tão uma história onde você pode se identificar,

mesmo sendo deficiente ou não. Essa história te faz chorar, emocionar, gritar, te faz ler

cada frase com anseio de saber o final, e esse era o meu objetivo, motivar você, para que

você entenda que mesmo sendo deficiente eu ainda posso fazer você chorar e se

emocionar, que não depende da minha visão 100% para isso.

Vim aqui para dizer para você que é deficiente, que você é capaz, capaz de realizar

aquilo que você queira realizar, e mesmo parecendo estar em uma onda de azar, quando

se ama, tudo vale a pena. Quando se acredita no impossível, o infinito é apenas um mero

detalhe.

Vim para dizer a você que mesmo tudo dando errado, e tudo dizendo que não é

possível, eu te digo: é possível. Porque o infinito é só um detalhe.

Conquiste o seu Infinito, porque o meu, eu já consegui. Conquiste os seus planos,

porque eu sou a pessoa mais realizada que existe no mundo, sonhe, conquiste, realize,

mesmo quando todos dizem que não será possível. Lute pelo seu Infinito que eu sei que

você vai conquistar até o fim. Sonhe, seja, veja, acredite, e quando tudo estiver difícil para

você, continue tentando, continue lutando, continue batalhando, continue sendo você,

continue com os seus ideais, continue com a sua essência, tudo dará certo, tudo ficará bem

O infinito é só questão da forma como você vê e nada te atrapalhará, e quando a

vida pegar pesado com você, acredite, ela também pegou pesado comigo e mesmo sendo

tão difícil assim, não deixe de acreditar, não deixe de batalhar. A doença ficará sempre,

mas a sua força vencerá ela.

Você é incrível

É essencial.

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É especial!

Pelos seus sonhos vale a pena enfrentar e conquistar o seu Infinito.

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CONQUISTANDOO

INFINITO

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