Buzz # 25 junho 2012

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Dia dos namorados, entrevista com tecelã Helena Araujo, adeus ao jornalista Paulo Aparecido da Silva, ciclista em 2012, entre outros assuntos

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A revista Buzz é uma publicação mensal da Voz Ativa Comunicações - Diretor Geral: Mauro San Martín - Diretora Comercial: Silvia Regina Evaristo Teixeira - Editor-chefe: Mauro San Martín - DRT 24.180/SP - Repórteres: Mauro San Martín e Paulo Aparecido.Modelo foto capa: João Antônio e Isabela - Revisão: Renata Melo - Tiragem: 5 mil exemplares - Impressão: Jac Gráfica e Editora - Email: [email protected] - Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam necessariamente a opinião da revista ou da editora. Não é permitida a reprodução de anúncio publicitário deste número como também das edições anteriores, exceto com autorização por escrito. Por favor, recicle esta revista!

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2 Buzz - Junho de 2012

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cartas ao leitor

Combate à violência

Edição 25|Ano III|Junho de 2012

Aviso - Além do muro alto e da cerca eletrificada, moradores da rua Abdo Daher, na Cidade Jardim, monitoram as casas com câmeras

Alguns políticos creditam o aumento da violência em Ja-careí à falta de policiais nas ruas. Na passeata pela paz realizada no dia 25 de abril, todos cobravam mais po-

liciais do governo estadual. Mas não bastam mais policiais. Todos precisam fazer o dever de casa e conhecer o porquê do aumento da criminalidade.

Há uma linha de pensamento a respeito do infrator e criminoso chamado de “teoria das janelas quebradas”. Esse estudo aponta que basta um vidro quebrado na janela de uma casa vazia que em pouco tempo outros também serão quebrados. Desordem visível como vidros quebrados, lixo nas ruas, pichações, terrenos baldios, carros sobre calçadas e flanelinhas são sinais de que ninguém – nem as autoridades locais – estão se importando com o mal feito.

Em contextos como os descritos acima, os freios que contém o potencial transgressor das pessoas acabam sendo relaxados. O assunto é vasto, mas em síntese o estudo da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, é isso. O prefeito tem o poder de fiscalizar, aplicar multas, legislar, interditar ou mesmo fechar es-tabelecimento. Por que não utilizar esse poder em vez de apenas achar que a solução dos crimes está no aumento do efeito policial?

Estudos apontam que menos da metade das vítimas de assalto não registram queixas nas delegacias. Não confiam na polícia para reaver seus bens e não desejam se submeter à burocracia das de-legacias. A polícia trabalha com informações. O morador é o prin-cipal informante através das ocorrências. Se a polícia conhecer os tipos de crimes e os locais vulneráveis das cidades, poderá intensi-ficar o patrulhamento. A grande maioria dos criminosos (uns 90%) é recorrente e, por isso previsível em relação ao tipo de vítima, lo-cal, horário e modos de executar o crime. Pasmem! 10% a 20% da área de cada cidade concentram de 80% a 90% dos crimes (bairros nobres como Santa Maria, Cidade Jardim e Flórida). O cidadão

que ajuda com suas informações pode poupar novas vítimas. Por outro lado, a polícia precisa mais que cursinhos de boas

maneiras como está ocorrendo com policiais do Vale do Paraíba. Ele precisa de uma ampla reforma. As delegacias precisam estar equipadas, com mais gente e equipamento básico. A baixa remune-ração abre perigosas brechas para corrupção e para o desvio ético. Às vezes, descobre-se, outras não. A baixa remuneração também é responsável pela baixa produtividade.

É fácil notar que a diminuição da violência está longe do au-mento do efetivo policial como pleiteiam políticos desinformados. Está mais que na hora de a polícia racionar seus sempre insufi-cientes recursos e direcionar o combate ao crime aonde ele ocorre. Para tanto, a parceria com a administração municipal e a popula-ção é imprescindível. Caso contrário, sairemos às ruas como já fi-zemos no passado pela morte da adolescente Izildinha, da chacina do Jardim do Vale e agora da morte da gerente da drogaria. Os homens de bem precisam ter a mesma ousadia dos desordeiros.BuzzImagem

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radar O mês em revista

548%

O presidente da Câmara de Vereadores de Jacareí, Itamar Alves (PDT), conseguiu que o Banco do Brasil invista na implantação de uma cooperativa leiteira na cidade. Segundo Alves, ele pediu a contrapartida do banco porque a Câmara realiza suas transações financeiras naquela instituição. A Buzz tentou conversar com o ge-rente André Ferreira para obter detalhes da cooperativa, mas ele não atendeu ou retornou os telefonemas da revista.

Novas frentes de trabalho do Turi

Jacareí implantou uma linha de ônibus, que funciona das 4h10 às 0h25, de segunda a sexta-feira, e das 5h10 às 0h25, aos sábados, domingos e feriados, para transportar usuários do centro ao Ter-minal Rodoviário. O objetivo é ligar bairros e a rodoviária, sem a necessidade de pagar duas passagens. O embarque e desembarque são na Rua Rui Barbosa, em períodos de 30 a 60 minutos.

foi quanto aumentou o número de pessoas que concluíram a graduação entre 2000 e 2009 em Jacareí, segun-do o IBGE. A cidade passou 206 para 1335 universitários que terminaram a faculdade.

A volta da cooperativa de leite

O projeto Turi Limpo, que irá elevar de 20% para 70% o índice de tratamento de esgoto em Jacareí, abriu três novas frentes, totali-zando 14 locais de trabalho. As frentes foram abertas no dia 23 de maio, na Avenida Major Acácio Ferreira, nas proximidades da rua dos Ferroviários e na avenida Santos Dumont, todas no centro da cidade. O projeto, que está em fase final, atingiu 100% de mobili-zação no último mês, com mais de 300 trabalhadores contratados.

Ônibus liga centro à rodoviária

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dIA dosNAmorAdos

Cesta para namorados, da Espaço Vi, A partir de R$ 35,00. Fone (12) 3952-1096

Celulares a partir de R$99,00, na ProjeSom Games, Fones (12) 3961-4225/3951-1926

X-Salada, fritas e refrigerante dos Namorados, R$10,80, Big Lanches. Fones (12)3951-7721

O Brasil comemora o Dia dos Namorados em 12 de junho, por ser a véspera do 13 de ju-nho, dia de Santo Antônio, o santo casamen-teiro. A data ganhou impulso no país com uma campanha publicitária de João Dória, em 1949, que tinha como slogan: “Não é só de beijos que se prova o amor”. Com ou sem presentes, os ja-careienses aproveitam a data para declarar seu amor à pessoa amada.

Os motéis de Jacareí lotam no Dia dos Namorados. Segundo o encarregado do Tops Motel, Paulo Antonio de Souza, há 23 anos no cargo, o 12 de junho é a data mais procurada no motel. “Se tivesse 500 quartos, encheria to-dos”, diz Souza, que explicou ainda que todos os motéis de Jacareí faturam muito com o Dia dos Namorados.

No Tops, os clientes recebem pequenos mimos como chocolates e flores no dia 12 de junho. O Motel Flowers é outro que tem grande procura no dia e também oferece lembrancinhas aos clientes como bombom e rosas. No dia 12, o Flowers mantém períodos normais de três horas para conseguir atender a todos.

Diferente – Que tal reinventar no Dia dos Namorados e realizar um passeio romântico num carro antigo? A empresa Bello Carro aluga Ford Tudor 29, Ford Cabriolet 33, Chevrolet 36

e os Bell Air 51 e 55. Há ainda os modernos Mercedes e Chrysler 306. O dono da Bello Car-ro, José Aparecido de Souza, realiza casamen-tos, festas de 15 anos, bodas de prata, figuração em novela, mas ainda não fez nenhum passeio romântico com namorados.

Por ser inédito, ele não tem como falar em valores. Souza cita o caso de casamento que sai por R$ 600,00, porém explica que teria calcular o percurso de um passeio romântico para infor-mar quanto cobraria do casal apaixonado. Se você gostou da ideia, o telefone da Bello Carro para informações é (12) 3951-0741 ou 7850-8410.

Promoções – As lojas de Jacareí aprovei-tam para realizar promoções no Dia dos Na-morados. A Ilha do Mel, no Jacareí Shopping, sorteará R$ 1.000,00 para quem curtir sua pági-na no Facebook ou R$ 3 mil aos que passarem pela loja enquanto valer a promoção e preen-cher um cupom. Também no Jacareí Shopping, a CacauShow, realiza a promoção “Coleção Na-morados Cacau Show”. O cliente que comprar R$ 30,00 em mercadoria participa do sorteio de uma viagem a Paris. O frio do inverno, as fes-tas juninas e o Dia dos Namorados. O clima de amor está no ar e você escolhe a melhor maneira aproveitar esses momentos.

Além da noite de amor, a Buzz aproveita para sugerir opções de presentes aos casais de apaixonados

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A voltA dosconsumidoresDepois de perder 50% de seu movimento, os comerciantes do Centro Comercial Presidente Kennedy registram aumento de 15% nas vendas

Brindes e música ao vivo no sábado foram maneiras criativas para atrair novos consumidores

O Centro Comercial Presidente Ken-nedy, que abrigava a antiga rodoviária de Jacareí, recupera parte da clientela desa-parecida com a transferência do terminal de passageiros para o Parque dos Sinos. O sindico do Centro Comercial, Joaquim Lú-cio Purcino, informa que o movimento teve um pequeno aumento de 15% depois que os comerciantes perderam a metade de seus fregueses em fevereiro deste ano.

A receita para melhoria foi a união dos condôminos. Eles se reuniram para pensar como melhorar o local e atrair tanto no-vas lojas como também os clientes fujões. Purcino diz que o local é estratégico em Jacareí porque está no centro da cidade – esquina das Ruas Rui Barbosa e Floriano Peixoto. Animados, eles esperam que che-gada de um hotel nas proximidades atraia ainda mais consumidores.

A primeira solução adotada foi o sor-teio de brindes. Neste ano, ocorreu sorteio no Dia das Mães e eles pretendem sortear

brindes em outras datas especiais como Dia dos Namorados, Dia dos Pais e Natal. Para participar, basta o usuário consumir algum produto ou utilizar serviço do Centro Co-mercial. O sorteio não depende do valor ou de resposta a perguntas.

Todo sábado ocorre apresentação de

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Joaquim Purcino: teve loja que demitiu 10

Elenice Pires: precipitação de alguns lojistas

música ao vivo na antiga plataforma de embarque e desembarque. Segundo Purci-no, é mais uma medida para atrair os con-sumidores. O Centro Comercial Presidente Kennedy possui 90 lojas e média de 8 mil pessoas transitando todos os dias.

Caos – O cenário melhor em nada se compara com a saída da rodoviária do Cen-tro Comercial. Os clientes sumiram de um dia para outro e as vendas despencaram. Muitos abandonaram o local.

Purcino cita o caso do proprietário do restaurante que demitiu dez funcionários. Em seu próprio comércio, o sindico dis-pensou outros cinco. Outras lojas como uma bomboniere ao lado, o cabeleireiro e uma casa de suco baixaram suas portas porque perderam clientes. A loteria mudou de endereço.

Os comerciantes acreditavam que o Centro Comercial funcionaria como uma conexão entre a nova e antiga rodoviária, lembra Purcino.

Claudilene Aparecida Silva, da Pães, Biscoito e Cia, é taxativa: “ficamos sem chão”, com a saída da rodoviária. De seis funcionários contratados, ela dispensou cinco e conta com apenas um para continu-ar em funcionamento.

O sindico recorda que sitiantes de cida-des vizinhas como Santa Branca, Igaratá e Guararema faziam suas compras em mer-cados ao redor e pegavam o ônibus na ro-doviária. Com o fechamento da rodoviária no centro, esses consumidores desaparece-

ram. Num cenário de caos e incertezas, a co-

merciante Elenice Pires, dona de um dos boxes, diz que muitos se precipitaram e fecharam suas lojas no Centro Comercial. Agora, segundo ela, como a situação come-ça a mudar, alguns querem voltar, mas os espaços já foram alugados.

Reivindicação – Elenice explicou que os comerciantes reivindicaram ao prefeito Hamilton Ribeiro Mota (PT) a manutenção de pelo menos um ponto de ônibus inter-municipal no Centro Comercial ou uma conexão de ônibus entre a nova e velha ro-doviária. Segundo elas, comerciantes pre-pararam um abaixo-assinado com 11.090 nomes para sensibilizar o prefeito, porém não obtiveram êxito.

Lojas – A Mei-Mei Presentes e Aces-sórios é uma das novas lojas do Centro Co-mercial Presidente Kennedy. Sua inaugura-ção foi em 5 de maio último. A proprietária Simone Hu disse que está muito contente em abrir uma loja no local. Ela soube que o box estava para ser alugado e não pensou duas vezes. Segundo ela, o movimento é grande desde cedo.

A loja de Simone é bastante diferente das demais. Ela informa que trocou o piso, pintou e decorou o box com cores chama-tivas. Simone pretende vender produtos que não se encontra em outros comércios. À reportagem de Buzz ela apresentou uma luminária solar que, segundo ela, ninguém comercializa em Jacareí.

Assim como a loja de Simone todos os boxes do Centro Comercial seguirão uma padronização. Todos terão vidros frontais e novos pisos. A revitalização geral do pré-dio ocorrerá gradativamente conforme par-cerias firmadas com eventuais interessados em explorar o local. O síndico revelou que o aluguel de uma sala custa R$ 600,00 e há poucos boxes para serem alugados.

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ENTREvisTA | Helena de Araújo, ex-funcionária da tapetes santa Helena

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O segredo dos famosos Tapetes Santa HelenaHelena de Araújo trabalhou 24 anos na Tapetes Santa Helena e lembra como eracansativo e “lindo” o processo de produção que movimentou o país a partir de 1950

“O tapete com fio 25 (o mais fino) ficava igual a

um quadro. Era tão fininho que até saia san-

gue dos dedos durante sua preparação”

Reconhecidos dentro e fora do país, os tapetes artesanais da Manufatura de Tapetes Santa Helena S.A esti-

mularam o comércio regional e nacional entre as décadas de 1950 a 1990. Eles eram feitos no sistema de nós, o mesmo dos ta-petes do oriente. A entrevista desta edição é com a tecelã Helena de Araújo, de 74 anos, que trabalhou por 24 anos na empre-sa fundada pelos irmãos húngaros Martim e Antonio Friedman. Helena lembrou como eram feitos os tapetes. “Os desenhos fica-vam em cima dos teares e passávamos para o tapete, de fio em fio”, explica a ex-fun-cionária que parou os estudos no primeiro grau e foi trabalhar para ajudar a família. Ela explicou que o serviço era muito can-sativo e feito por adolescentes, todas re-gistradas em carteira. Na época, não havia legislação proibindo o trabalho do menor de idade.

Buzz – A senhora sabe como começou a Manufatura de Tapetes Santa Helena?

Helena de Araújo – O dono, “Seu” An-tonio, trouxe um desenho e um tear da Tur-quia e conseguiu montar a empresa aqui. Ele era muito amigo dos operários. Ele brincava com a gente. Era muito bom.

Buzz – Quanto tempo a senhora traba-lhou na Tapetes Santa Helena?

Helena – Eu sai da escola e entrei lá. Fiquei 24 anos trabalhando direto, daí fi-quei com os olhos ruins e precisei encostar. Eu sempre trabalhei fazendo tapetes. (Nota da redação – Na carteira profissional dela, constam o início em 11 de fevereiro de 1954 e a demissão em 1º de maio de 1978).

Buzz – Qual foi a função que exerceu na empresa?

Helena – Teceleira a mão. A gente tra-balhava por produção. Quanto mais traba-lhava, mais ganhava. Eu trabalhava mesmo porque precisava. Sempre ganhei mais. Eu entrei ganhando CR$ 11,00 por mil nós produzidos. Em 26 de novembro de 1971, o valor pago passou a ser calculado por mil nós produzidos conforme os tipos de tapetes como liso, com desenho, rústico e oriental. Os tapetes orientais eram os que pagavam melhor. Era mais que um salário mínimo. A maioria fazia horas-extras.

Buzz – Como era o sistema de traba-lho?

Helena – A gente entrava às 6h00 e saía às 18h00. O horário certo de entrar era às 7h30, até as 17h30, mas quem desejava ganhar mais, entrava mais cedo, principal-mente quando tinha bastante serviço. Às vezes, até almoçávamos lá. Eu cheguei a trabalhar até as 22 horas.

Buzz – Quantos teares havia na Tapetes Santa Helena?

Helena – Eram muitos. Por volta de 100 teares de vários tamanhos.

Buzz – Qual era a produção semanal ou mensal?

Helena – O tapete ficava uma semana ou um mês, quando era grande, para ter-minar. Havia tapetes feitos por uma, duas, quatro ou seis moças ao mesmo tempo. Eu sempre trabalhei com mais três moças no tear. Um tapete grande demorava uns 20 dias para ficar pronto, com três pessoas tra-balhando nele. Quando eram seis moças, o tear era bem grande. Os tapetes de beira de cama demoravam uma semana para ficar pronto. Na média, uns 20 dias para ficarem prontos. O serviço era muito lindo.

Buzz – Era possível produzir um tapete por dia?

Helena – Ninguém conseguia fazer um tapete por dia. Era produzido apenas pouco ou mais de meio metro por dia. Era tudo manual. Os caminhões vinham buscar toda semana para entregar aos clientes. O Brasil inteiro fazia pedido. A matéria-prima vinha de São Paulo.

Buzz – Havia muitos chefes na empre-sa?

Helena – Tinha o chefão Antonio, que morava em São Paulo, os gerentes, Ira-cema e Edmundo, e as contras-mestres. Havia três contras-mestres quando entrei. Tinha os homens para baixar os teares para a gente trabalhar. Toda semana “Seu” An-

tonio vinha na empresa. Os homens traba-lhavam ainda na fiação.

Buzz – A manufatura usava energia elé-trica?

Helena – Sim, para lavar os tapetes. As máquinas eram usadas somente no setor de fiação, onde fazia as rocas (rolos de linha) para formarmos a rede.

Buzz – O salário era suficiente para ter uma boa condição de vida na época?

Helena – Comprei minha casa com o dinheiro do tapete Santa Helena. Eu traba-lhei mesmo. Não brincava. Consegui tudo direitinho. Eu aposentei com dois salários mínimos, mas ganho só um porque o banco tirou o outro. Eu fiquei com os olhos ruins, tive que operar os dois e parei. Caso con-trário, ficaria lá até me aposentar por anos de casa. Quando o tapete era grande, eu não enxergava o desenho. Fiquei encostada por três anos e daí me aposentei por invalidez. Eu aposentei com 21 anos na empresa. En-trei com 16 anos na Tapetes Santa Helena.

Buzz – Ocorria greve na Tapetes Santa Helena?

Helena – Uma vez teve. Os funcioná-rios queriam aumento de salário, mas era a fábrica que pagava o melhor naquela épo-ca.

Buzz – Como eram produzidos os ta-petes?

Helena – Os desenhos ficavam em cima dos teares e nós passávamos para o tapete, de fio em fio. Era igual o bordado. Não po-dia errar um pontinho. Tinha que enxergar

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Junho de 2012 - Buzz 9

“Um tapete grande demorava uns 20 dias para ficar pronto, com três pessoas trabalhando nele”.

“Comprei minha casa com o dinheiro do tapete Santa Helena.

Eu trabalhei mesmo. Não brincava”.

bem, por isso que parei de trabalhar logo devido meu problema com a visão. Havia pessoal específico para desenhar. Tinha gente que pensava que eram tapetes persas, mas eram feitos aqui. O desenhista era um norte-americano, natural da Filadélfia, mas residia em Jacareí. Tinha um ajudante cha-mado Valtinho.

Buzz – Como era o processo de produ-ção no tear?

Helena – Primeiro de tudo, forma-se a rede no tear. Ficava uma moça na parte de cima, outra atrás e uma na frente. A da frente jogava a roca lá em cima, que jogava para a de trás que passava para frente até formar a rede. A rede ficava pronta con-forme a medida do tapete. Ela tinha que ficar retinha. Os homens subiam na parte alta do tear para deixar bem esticada. Daí, a gente puxava um barbante, a rede abria, a sece (uma pequena tábua com lã enrolada) entrava e a rede era fechada com ajuda de uma muleta. Batia um pente de ferro em cima. Fechava a rede, a sece voltava, a gen-te puxava um fio (uma tripa) para rede não ficar nem fechada. nem aberta. Ficava na posição para fazer o nó com a tesoura, for-mando o desenho e tapete. A gente pegava a lã, olhava o desenho e ia passando embai-xo. Os tapetes eram feitos com fios 10, 12, 14, 16, 20 e 25. O tapete com fio 25 (o mais fino) ficava igual a um quadro. Era tão fini-nho que até saia sangue dos dedos durante sua preparação. Eu não gostava de traba-lhar com o 25. O bom era trabalhar com 10, 12 e 14. A barra era feita também no tear. Saía prontinha. Eu fiz muito desenho de rosas, rio, gaivota, montanhas, flores, passarinhos. Havia todo tipo de desenho. Depois que tirava do tear, ele ia para seção de recorte. Outras moças faziam o recorte e seguia para o setor de embalagem.

Buzz – Quem comprava os tapetes San-ta Helena?

Helena – Eram esses homens ricos e fazendeiros. O tapete era caro. Infelizmen-te, não tenho nenhuma lembrança daquela época. Para nós, operários, era muito difícil comprar devido ao preço alto.

Buzz – Para quem nunca viu um tapete Santa Helena, como eram?

Helena – Tudo colorido. Havia tona-lidades de cores. A gente tinha que saber

tudo isso. A gente pisava nele e até afunda-va. Era bem fofo.

Buzz – Quantos setores existiam na fá-brica?

Helena – Quatro setores, salão dos te-ares, recorte dos tapetes, lavagem e tingi-mento das lãs. A fábrica sempre recebia gente importante da cidade e também sol-dados do exército. Eles ficavam bobos de ver a gente trabalhando tão rápido, com a tesourinha na mão. Lembro de uma vez que encheu de soldados para ver a gente traba-lhar.

Buzz – Como foi a produção de tapetes

para Brasília?Helena – Os tapetes foram produzidos

para a inauguração de Brasília. Nós tra-balhamos a noite inteira para dar conta da produção. Ganhamos três dias de descanso após esse serviço. Era muito bonito, nas cores amarelo e bege. Tinha liso, sem ne-nhum desenho. Havia os tapetes orientais e eram grandes.

Buzz – Por que acabou a Tapetes Santa Helena?

Helena – Ele (o dono) ficou doente e passou a empresa para os filhos. Daí, aca-bou a empresa.

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o AdEUs Ao jorNAlIstAPaulo Aparecido

A última reportagem (Jardim do Vale, 11/05/2012): Paulo prepara a personagem de sua matéria que não foi concluída

Foto: Mauro San Martín

Por Mauro San Martín eJoaquim Caetano Filho (Jocafi)

Aprendemos muito com você. Não ti-vemos medo de ser de esquerda, socialistas ou comunistas. Com infinita ternura, você não foi qualquer um que passou por essa terra de Deus. O povo, a história, o evan-gelho, a luta de classes, a CUT, o MST, o povo da esperança, o Reino, o sonho e Je-sus de Nazaré. Infelizmente, no dia 13 de maio, Deus recolheu para seu lado, deixan-do uma grande saudade em seus amigos e familiares, o jornalista, educador e intelec-tual de esquerda jacareiense, Paulo Apare-cido da Silva, aos 62 anos.

Paulo, você sempre seguiu com enorme convicção sua ideologia pelos esperança-dos, excluídos, contra toda discriminação e exclusão em nossa cidade. No início da fundação do Partido dos Trabalhadores, em Jacareí, você não se escondeu, não se omi-

No dia 13 de maio, Jacareí perdeu um de seus melhores jornalista, educador e intelectual de esquerda – Paulo Aparecido da Silva

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tiu e nem ficou em cima do muro. Vimos você empunhando a bandeira vermelha do partido em manifestações importantes como no tempo das Diretas. Aumentou a nossa admiração e o respeito por você. Certamente, discordamos em muitos mo-mentos, mas convivemos com mais acertos em toda sua trajetória.

Você foi um dirigente da executiva do PT várias vezes e candidato a vereador em 1988 para consolidar o partido na cidade. Sempre militando pela causa nobre dos tra-balhadores. Era um guerrilheiro pela causa da esquerda. Ajudou muito na construção do PT. Tivemos o privilégio de conviver próximo dessa grande figura humana, ge-nerosa, parceira e fiel.

No jornalismo, você foi um dos pio-neiros. Fundou o jornal Novo Vale quando existia apenas um jornal na cidade. Além dos primeiros boletins do PT, trabalhou no O Vale, Radio Mensagem, Tribuna da Ci-dade, Folha da Cidade e Gazeta de Jacareí. Paulo era dono de um texto refinado e mui-to elaborado. Defendeu até os últimos dias de sua vida a necessidade de sempre ouvir os vários lados de uma informação. Ele não suportava o partidarismo da imprensa de maneira geral. Acreditava na força do jornalismo para mudanças na sociedade.

Paulo colaborou de maneira intensa nos primeiros números da revista Buzz. Suas entrevistas e reportagens trouxeram mais credibilidade para a publicação. Nesta edi-ção, estava preparando uma reportagem a respeito da saúde em Jacareí. Infelizmente, não concluiu a tempo de ser veiculada.

Ele dedicou grande parte de sua vida à educação. Estava prestes a se aposentar. Lecionou geografia por vários anos. Acreditava nessa matéria como forma de propor um senso critico aos alunos. Após as salas de aula, passou pela direção de vários estabelecimentos escolares em Jacareí – Lamanna, Igarapés, Pagador Andrade, José Eboli e estava na direção do Cene Silva Prado.

É muito difícil para duas pessoas que aprenderam a admirá-lo traçar uma pequena biografia de sua passa-gem pela Terra. No entanto, temos a convicção de que você tentou fazer deste mundo um lugar melhor para se viver e fomos agraciados por termos vividos ao lado de um grande homem de conduta exemplar e digna de ad-miração. Adeus, jornalista e educador Paulo Aparecido.

Fundação do PT em Jacareí: (A partir da esquerda), Vicente, João Ramos, Lorival, Ernesto Gradela, filha do Lorival, Chico Beltramini, Jocafi, Paulo Aparecido e Ana; Abaixo, santinho da campanha de 1988

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o ANIvErsÁrIo da igreja evangélica central Uma das mais antigas de Jacareí, a Cristã Evangélica Central, completará 105 anos no dia 14 de julho

Fieis preparam coralcom 30 vozes para comemorar

A Igreja Cristã Evangélica Central de Jacareí comemora 105 anos em julho deste ano. Os preparativos para festejar a data já começaram. O presidente da Central, Val-deci Bonifácio Rosa, ensaia um coral com 30 vozes e ainda aguarda confirmação de convidados especiais para o grande dia. Embora o aniversário de fato seja no dia 14 de julho, o bolo será entregue no dia 28 de julho.

O começo das atividades da Cristã Evangélica Central na Rui Barbosa foi em 18 de fevereiro de 1961. Antes, ela abriu suas portas na Rua Coronel Carlos Porto e Antonio Afonso, ambas no centro de Jaca-reí. A sede nacional fica em Anápolis, Goi-ás. Além de Jacareí, ela está presente em outras 11 cidades valeparaibanas.

Menos ruidosa e mediática que outras evangélicas, a igreja segue no ramo funda-mentalista histórico. “Nosso foco é pregar um Cristo Salvador dentro da graça e não somente aumentar o número de templos. Aqui é mais bíblico mesmo”, atesta seu pastor presidente.

A diretriz é tão rígida que obrigou fieis dissidentes a saírem e fundar outras deno-minações religiosas em bairros como Cida-de Salvador e Jardim das Indústrias.

Os cultos ocorrem nas quartas-feiras, às 19h30, e no domingo, às 19h00. A igreja possui também grupos de orações nos la-res. A diretoria é composta de nove pes-soas. A média de pessoas que frequentam regularmente os cultos é de aproximada-mente 250 pessoas.

Foto: Kiko Sanches

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QUENtÃoIngredientes 1 1/2 xícara (chá) de açúcar, 1 1/2 xícara (chá) de água, 50g de gengibre cortado em fatias finas, 1 limão cortado em rodelas, 4 xícaras (chá) de cachaça, 3 cravos da índia, 2 pedaços pequenos de canela em pau

Modo de preparo - Aqueça o açúcar em fogo alto, mexendo de vez em quando até caramelizar. Junte todos os ingredientes menos a cachaça e ferva mexendo até dissolver o açúcar. Junte a cachaça, com cuidado, de preferência fora do fogo para não incendiar, mis-ture e deixe ferver em fogo baixo por 3 minutos. Sirva em caneca de barro ou louça, para não tirar o sabor do quentão.

Curau caipiraIngredientes4 espigas de milho verde (ou duas latas de milho verde escorridas), 1 lata de leite condensado, 1 xícara de chá de leite de coco, 1 xíca-ra de chá de água, 2 xícaras de chá de leite, 1 colher de sobremesa de manteiga e Canela em pó para polvilhar

Modo de Preparo - Retire o milho das espigas e bata no liquidi-ficador junto com a água. Bata bem até ficar homogêneo. Passe por uma peneira e despeje em uma panela. Acrescente o leite de coco, o leite e a manteiga e leve ao fogo, mexendo até obter um creme grosso. Junte o leite condensado e mexa por mais 5 minu-tos. Transfira para um refratário, polvilhe com a canela. Leve à geladeira até a hora de servir

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BUZZ iN

O Espaço Vi, das empresárias Vicentina Roveri (esq.) e Simone Amaral, foi inaugurada dia 21 de abril no bairro do Jardim Santa Maria

Simone Siqueira, da Bonitah Modas, de olho nas tendências Primavera-Verão 2012/2013

A Hideki Auto Elétrica, de Lauro Hideki Tukiyama, está em novo endereço para melhor atender

A festa de 15 anos de Karolaine Fontenele Alencar registrada por Kiko Sanches

O Parque dos Eucaliptos foi reinaugurado pela Prefeitura de Jacareí no dia 26 de maio

Silas Soares, o prefeito Hamilton Ribeiro Mota e o fotógrafo Kiko Sanches

Atleta de Jacareí está na Olimpiada

O atleta Rubens Valeriano, da equipe Mé-rida/Fox/TMP/Clube Jacareí de Ciclismo/Prefeitura Municipal de Jacareí, garantiu sua vaga para as Olimpíadas de Londres 2012. Ele é o ciclista brasileiro com melhor colocação no ranking internacional da UCI (União Ciclística Internacional). Valeriano se destacou em várias conquistas como: bronze no Pan-Americano, do México, e esteve no pódio em provas na Costa Rica, Portugal e Chile. O fato é inédito para o ciclismo jacareiense. O Clube Jacareí de Ciclismo está orgulhoso deste que é um de seus principais atletas. O clube conta com apoio da Prefeitura de Jacareí. Valeriano parte para sua segunda Olimpíada, pois re-presentou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.

Ary Rodrigues recebe amigos e parentes para comemorar 80 felizes anos de vida.Parabéns!

A EMEI da Vila Formosa passará ser chamada de Thiago Silva Santos, morto há cinco anos num acidente de moto.

Nanci Contarini (comunicação da Fibria), e Fernan-da Turco (Perfoma ) e Fabiana Vitti (comunicação da Fibria) visitaram a Voz Ativa Comunicações em maio

Familiares do educador Hugo Del Monaco durante homenagem na Câmara de Vereadores de Jacareí

14 Buzz - Junho de 2012

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Page 15: Buzz # 25 junho 2012

Jacareí, cidade com tradicional cultura ciclística, conta anual-mente com diversos eventos, que vão desde passeios ciclísticos a importantes competições como o Campeonato Brasileiro de Bici-cross, que ocorreu em março passado.

Para o mês de junho, os ciclistas jacareienses participarão da primeira etapa do Campeonato Jacareiense de Mountain Bike, marcado para o dia 10, com circuito de 41 km tendo sua saída e chegada no bairro Jardim do Vale. Os interessados podem realizar suas inscrições nas principais bicicletarias da cidade. Realizado pela Prefeitura Municipal de Jacareí e pelo Clube Jacareí de Ci-clismo, o evento tem foco no ciclista amador e iniciante.

Já no dia 17 de junho, a Policia Militar em parceria com a Prefeitura Municipal e com a Paróquia de São João Batista, orga-nizam o segundo passeio ciclístico daquela região. A expectativa é a participação de mais de três mil ciclistas. O evento será ideal para as famílias e terá sorteio de diversos brindes.

cIclIstIcos

03 de junho - Cicloturismo de Travessia da Serra da Mantiqueira / Marques Bike03 de junho- Campeonato Vale de Ciclismo/ Taubaté é LIDER 10 de junho - Abertura Campeonato Jacareienese de MTB / PMJ e CJC 17 de junho - Passeio Ciclístico do bairro São João / Policia Militar e PMJ 22 de junho - Passeio e festa Bike Junina / Movimento Bicicleta da 24 de junho- Abertura Duathlon do Vale / São José dos Campos e HL eventos

AGENDA

Os mecânicos jacareienses, Francis Leonardo e Rodrigo Ma-canoni participaram nos dias 08 e 09 de maio dos cursos de espe-cialização das marcas Shimano (componentes) e Scott (bicicletas). Os cursos com foco na qualidade do serviço prestado ao cliente e na atualização dos profissionais para as novidades do mercado serviram para abrir horizontes aos mecânicos, relata Francis Le-onardo. A dupla faz parte da equipe de funcionários da Marques Bike, tradicional loja de bicicletas de Jacareí, que é especializada em produtos das marcas Scott e Shimano, dentre outras.

em Jacareí

ESPECIALIZADOS EM BICICLETA

O

Informe Publicitário

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