Buzz # 22 dezembro

20

description

Entrevista com Marici Accioly e reportagem da folia de reis

Transcript of Buzz # 22 dezembro

Page 1: Buzz # 22 dezembro
Page 2: Buzz # 22 dezembro

BUZZ PÁgInA 2

2 Buzz - Dezembro de 2011

Siga-nos na grande rede. Dê sua opinião!

BUZZ. Nada mais que o necessário! Anuncie (12) 9146-9591

Ano III I Edição 22 I Dezembro 2011

CARTA AO LEITOR

A revista Buzz é uma publicação mensal da Voz Ativa Comunicações - Diretor Geral: Mauro San Martín - Diretora Comercial: Silvia Regina Evaristo Teixeira - Editor-chefe: Mauro San Martín - DRT 24.180/SP - Repórteres: Mauro San Martín, Paulo Aparecido e Sandro Possidonio. Foto da capa: Kiko Sanches - Revisão: Antonia Vassique - Tiragem: 5 mil exemplares - Impressão: Jac Gráfi ca e Editora - Email: [email protected] - Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam necessariamente a opinião da revista ou da editora. Não é permitida a reprodução de anúncio publicitário deste número como também das edições anteriores, exceto com autorização por escrito. POR FAVOR, RECICLE ESTA REVISTA!

Fotos: Kiko Sanches

O ano está terminando. Ain-da teremos a comemoração do Natal e do Ano Novo. A cidade foi tomada pelo espírito natali-no. O ser humano criou datas e dias e lhes atribuiu poderes mágicos. A maioria de nós con-corda que o ano termina em 31 de dezembro. No entanto, so-

mos nós que passamos. O tempo fi ca. Ano novo, vida nova. Sempre realimentamos velhas metas: emagre-cer, parar de fumar, arrumar um novo amor, etc.etc.

Quando o ano começar para valer, na Semana Santa, voltaremos ao batente para um novo ano, que esperamos seja mais feliz que o velho. Infelizmente, não dá para acreditar muito nisso. Em 2012, teremos eleições municipais, com as velhas promessas e pou-cos resultados. Outra questão é a crise européia. Como não existe almoço de graça, alguém terá que pagar a conta. O Brasil faz parte do sistema e não deveremos fi car de fora dessa dieta destinada aos “parceiros”. Fica aqui a torcida para que o tranco seja leve. Uma marolinha! Afi nal, como disse Benjamin Franklin: há duas certezas na vida - a morte e os impostos.

Datas mágicas

10 Marici Accioly

A coordenadora da Fraternida-de Batuíra, Marici Accioly, é a entrevistada desta edição. Ela fala dos desafi os necessários à manutenção de projetos desti-nados às gestantes em situação de vulnerabilidade, casamento comunitário e espiritismo. Para Marici, não basta ser um espe-cialista em espiritismo, “é pre-ciso ter Deus no coração”.

13 Zezinho

Um dos mais populares sapateiros de Jacareí, José Benedito, de 79 anos, o popular Zezinho, pensa em se aposentar ao completar 80 anos. Ele trabalha há 57 anos na rua Flo-riano Peixoto, 369, no centro de Ja-careí. Além do domínio do ofício, Zezinho é conhecido por nunca ter faltado ao serviço. Com a aposen-tadoria do pai, o fi lho Célio substi-turá o conhecido sapateiro.

8 Sede própria

A Apeoesp (Sindicato dos Pro-fessores do Ensino Ofi cial do Estado de São Paulo) de Jacareí inaugurou dia 12 de novembro último sua subsede própria na Avenida Major Acácio Ferrei-ra, sem a presença da oposição sindical, que desde o início foi contra a aquisição do imóvel.

14 Folia de Reis

BuzzImagens

Trazida pelos portugueses no período colonial, a Folia de Reis ocorre entre 25 de de-zembro e 6 de janeiro - dia de Santos Reis. Em Jacareí, o grupo “Caminhos de Belém”, do bairro Bandeira Branca, mantém viva essa tradição ao visitar aproximadamente 500 famílias entre os meses de no-vembro e dezembro.

Page 3: Buzz # 22 dezembro
Page 4: Buzz # 22 dezembro

RADAR

Ciesp Jacareí comemora 25 anosNo dia 10 de dezembro, a Diretoria Regional do CIESP em Ja-

careí promoveu sua tradicional Reunião Festiva, momento em que são reunidos os associados, parceiros e empresários para um momen-to de confraternização; comemorando o sucesso obtido ao longo de 2011. Este ano, em especial, a entidade promoveu um jantar dedicado aos diretores eméritos, responsáveis pela condução dos trabalhos do CIESP em Jacareí ao longo desses 25 anos. O evento contou com a participação de aproximadamente 170 pessoas. Antes de iniciar as homenagens, foi transmitida a mensagem de Natal do presidente da FIESP/CIESP, Paulo Skaf, que fez questão de agradecer o apoio dos associados e de todos os empresários que ajudaram no fortalecimento das entidades da indústria paulista, Segundo o diretor titular, Ricardo de Souza Esper, os 25 anos de Ciesp não poderiam deixar de ser come-morados. “Há exatos 25 anos, nossas empresas manifestaram o desejo de instalar uma Di-retoria Regional do Centro das Indús-trias do Estado de São, em Jacareí. Não há dúvidas que a re-presentatividade e os serviços oferecidos pela entidade foram de suma importância para o desenvolvi-mento do nosso par-que industrial. Aliás, essa trajetória de sucesso seria impos-sível sem a partici-pação dos meus an-tecessores”, comenta

Page 5: Buzz # 22 dezembro

Um grupo de jovens aprendizes da JAM (Jacareí Ampara Menores) visitou a Câmara Municipal de Jacareí, na quinta-feira, dia 3, nos períodos da manhã e tar-de. A visita faz parte do projeto Câmara de Portas Abertas, que permite visitas monito-radas ao Poder Legislativo mediante agen-damento. A JAM desenvolve, por meio de um trabalho social e educativo, o conheci-mento sobre o mundo do trabalho e compe-tência específi ca básica para inserção dos adolescentes no mercado, através da Lei de Aprendizagem (Lei 10.097/00). O Pro-jeto Aprendiz, cujo acesso é permitido aos 15 anos, é contínuo e atende turmas de 32 adolescentes por um período de 24 meses, totalizando 260 atendimentos mensais.

Divulgação/Giovana de Paula

Com dois anos de atraso, a Prefeitura de Jacareí inaugurou o novo Terminal Ro-doviário no dia 27 de novembro. O custo da obra foi de R$10 milhões. Ela está loca-lizada no Jardim Marcondes, em um terre-no de 28,7 mil m2, com 2,8 mil m2 de área construída. O terminal possui nove plata-formas, oito guichês e cinco lojas.

Com a desistência do vereador Diobel Fernandes de candidatar-se a prefeito de Jacareí pelo PSDB, o escolhido numa pes-quisa interna do partido, Izaías Santana, será o postulante tucano nas eleições de 2012. Santana derrotou outro pretenden-te ao Paço Municipal, o médico Joaquim Ferreira Neto, por 26 a 13. Além de Izaías Santana, o prefeito Hamilton Mota (PT) é candidato à reeleição.

Casal lembrado no Prêmio Arco-Ìris

O casal de Jacareí, Luiz André Sousa Moresi e José Sergio Sousa Moresi, re-cebeu o 10º Prêmio Arco-Íris de Direitos Humanos no dia 12 de dezembro no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. A honra-ria é entregue às pessoas que se destacam na defesa e promoção da cidadania de lés-bicas, gays, bissexuais, travestis e transe-xuais nas mais diversas áreas de atuação

Aprendizes visitam Câmara Municipal

Inauguração da nova RodoviáriaPSDB defi ne candidatura a prefeito

Page 6: Buzz # 22 dezembro

Divulgação/Giovana de Paula

Maestro Mauro Messias recebe título de Cidadão Benemérito

(A partir da esq.) Presidente da Câmara Municipal de Jacareí, Itamar Alves, o homenageado Mauro Messias e o vereador Edinho Guedes

O maestro Mauro Messias Bueno, fundador da Orquestra Sinfônica Jovem de Jacareí, que tem a participação de 120 jovens, recebeu o Título de Cidadão Benemérito no dia 6 de dezembro. O vereador Edinho Guedes (PMDB), autor da homenagem, disse que a entrega do título é uma me-recida homenagem ao idealizador do “maior projeto de inclusão social que Jacareí possui”. Guedes disse que a primeira vez que viu a Orquestra Jovem ficou “encantado” e procurou conhecer o responsável pelo proje-to, o maestro Messias. Regida pelo filho do homenageado, Mauro Junior, a Orquestra Jovem, que completou 10 anos em 2011, apresentou várias peças durante a cerimônia. Mauro Messias começou sua carreira musical na Banda Marcial do Colégio Olavo Bilac. Também foi instrutor musical do exército por oito anos. Até que em 1998 desenvolveu o projeto que deu origem à fanfarra municipal Professor Tito Máximo, que atualmente tem o nome de Orquestra Sinfônica Jovem de Jacareí.

Cerveja Heineken apresentou reposicionamento da Kaiser

A Cervejaria Heineken reuniu a imprensa regional para apre-sentar o reposicionamento da marca Kaiser para o mercado brasileiro. A cerimônia ocorreu simultaneamente no Brasil e na Holanda, sede da empresa, em novembro. Segundo a indústria, a Kaiser passa ser produzida com os mais de 145 anos de experi-ência da holandesa Heineken, com inacreditáveis 850 análises do produto antes de chegar ao consumidor. O relançamento traz uma nova identidade visual e uma campanha que a apresenta como a “cerveja bem cervejada”, disposta a agradar o paladar de mi-lhões de consumidores exigentes, oferecendo aos brasileiros um produto cuidadosamente elaborado. “Tudo nesta vida pode ser bem cervejado! Com esta expressão nos referimos às coisas bem feitas, bem elaboradas, momentos bem vividos. É o caso do fute-bol bem futebolzado, de um abraço bem abraçado ou mesmo de uma explicação bem explicada.” comenta Mariana Stanisci, dire-tora de Marcas Mainstream da Cervejaria Heineken.

Page 7: Buzz # 22 dezembro
Page 8: Buzz # 22 dezembro

Paulo Aparecido A Apeoesp (Sindicato dos Professores

do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) de Jacareí inaugurou dia 12 de novembro último sua subsede própria na Avenida Major Acácio Ferreira, sem a presença da oposição sindical, que desde o início foi contra a aquisição do imóvel. Ao lado da presidenta estadual, Maria Izabel Azevedo Noronha, o diretor do sindicato, professor Roberto Mendes, descerrou a placa inaugu-rando o novo espaço de reunião do profes-sorado jacareiense. O casarão foi adquirido por R$ 185 mil, sendo R$ 35 mil à vista e R$ 150 mil financiados. A reportagem da BUZZ tentou localizar a líder da oposição sindical, professora Vera Lourenço, mas foi informada de que ela não comparecera ao evento.

A compra da nova subsede sempre foi muito criticada pelos professores que fa-zem oposição à atual diretoria. Eles ale-gavam que tudo não passava de uma farsa montada pela chapa ArtSind (Articulação Sindical), que acabou vencendo as elei-ções. Outra reclamação da oposição, na

APEOESP

InAugurAçãO dE SubSEdE isola oposição sindical

Roberto Mendes e Maria Izabel inauguram subsede

época, era sobre a localização do imóvel, que diziam ser contramão para os filiados moradores de outros bairros de Jacareí. Para Mendes, a discussão sobre a localiza-ção da subsede não se sustenta, “porque ela fica na região central da cidade, perto da Praça dos Três Poderes (Prefeitura, Câmara e Fórum), portanto, todo tipo de encami-nhamento de documentação que a Apeo-esp tem que fazer junto à Justiça – como é o caso das reclamações trabalhistas dos

BuzzImagens

Page 9: Buzz # 22 dezembro

professores – é agilizado. E os professores moram em todo canto da cidade. Alguns são beneficiados por isso e outros, não”. Para Mendes, a oposição fez “politicagem” em relação ao assunto. “Eles tentaram mi-nar uma conquista que a corrente majori-tária estava tendo em nossa cidade”, argu-mentou.

Bebel, como é chamada a presidenta da Apeoesp, disse que a compra do imóvel e a inauguração da subsede própria “coroaram os esforços da categoria, que se mobilizou para concretizar o seu sonho”. Ela elogiou o professor Mendes pela “persistência” na luta para conseguir comprar o imóvel. “Fo-ram inúmeros os contatos com a sede em São Paulo, o que culminou com a realiza-ção desse sonho”, explicou.

Aposentados

A Apeoesp conta com muitos profes-sores aposentados dentre os seus cerca de 1300 filiados em Jacareí. Eles ganharam um espaço próprio na nova subsede, onde vão poder se reunir para se inteirar sobre as novidades da categoria e se dedicar ao lazer e às tarefas que lhe são inerentes no dia a dia do sindicato. Por sugestão da pre-sidenta estadual, o espaço dos aposentados deverá receber o nome da professora e mi-litante sindical Darci Lopes, falecida há alguns anos.

Os professores aposentados têm sido extremamente prejudicados pela política salarial do governo estadual, garante Men-des. “Quando eles saem da ativa, deixam de receber essas gratificações, que não são

incorporadas aos salários. Com isso, seus rendimentos são ainda mais rebaixados. Justamente quando eles mais necessitam de atendimento”, finalizou.

Reivindicações

O sindicato está em campanha salarial e a categoria reivindica reajuste de 36,74%, não fracionamento das férias anuais em duas partes: 15 dias em julho e 15 dias em janeiro, revogação dos dispositivos que criaram professores categorias L e O, atribuição de aulas em dezembro e não em janeiro como ocorre hoje. A Apeoesp con-sidera a divisão das férias em dois blocos um “ataque” aos direitos dos professores. A palavra de ordem dessa campanha ame-aça: “Com férias repartidas, ano letivo não começa.”

Em relação à situação dos classificados em categorias L e O, o sindicato negocia

com o governo a proposta de que, em vez da chamada quarentena de 200 dias, haja redução para 30 dias. “Não é o que nós queríamos, mas isso reduz a possibilidade de desemprego”, disse a presidenta. Ape-sar de faltarem professores de diversas disciplinas, o governo estadual “insiste em promover o desligamento de milhares de profissionais das chamadas categorias O e L, o que é um contrassenso”, argumentou. Para o sindicato, isso poderia ser evitado alterando a lei complementar 1093/2009, o que permitiria a permanência dos profes-sores categoria L que estão em atividade atualmente. A direção do sindicato entende que isso poderia também evitar a dispensa em massa dos vinculados à categoria O. De acordo com a Apeoesp, esses assuntos já foram discutidos com o secretário da Edu-cação, Herman Voorwald, “sem qualquer retorno até o momento”.

Evento reúne professores e convidados; oposição não compareceu

Page 10: Buzz # 22 dezembro

10 Buzz - Dezembro de 2011

ENtREVIstA / Marici Accioly, coordenadora da fraternidade Batuíra

“O dia em que a humanidade se libertar do egoísmo, da vaidade e do orgulho, o mundo será melhor.”

Foto: Kiko Sanches

Marici: “Na caridade, tem que haver amor”.

A coordenadora do centro espírita Fraternidade Batuíra, Marici Accioly, afi rma ser uma “trabalhadora de Jesus” na entrevista a seguir. Responsável por um programa de assistência a gestantes em situação de risco, ela chegou em Jacareí no ano de 1966. Uma década depois fundou com o marido, Paulo Sérgio de Barros Accioly, o Batuíra. Sua luta em prol dos carentes

possui outras frentes como o casamento comunitário. Marici já realizou quatro eventos que reuniram 13 casais cada um. Para ela, trata-se de uma ação de cidadania e amor ao próximo. Seus projetos sociais recebem apoio de pessoas importantes de Jacareí como o ex-promotor de Justiça Nelson Garcia Rosado, o ex-prefeito Benedicto Sérgio Lencioni e o juiz Alexandre Pagan. Espírita fervorosa, nossa entrevistada é objetiva quanto a sua fé: “Não adianta ser um técnico em espiritismo e não ter amor no coração”.

Buzz – Marici por MariciMarici Accioly – Sou uma pessoa simples, mãe de família, esposa,

tenho cinco fi lhos e cinco netos. Sou uma trabalhadora de Jesus. Trabalho no Batuíra desde 1975, com a mediunidade. Recebo esse espírito mara-vilhoso. Fui professora por 30 anos e me aposentei como professora de 1ª à 4ª séries. Comecei lecionando em Bariri, minha terra natal, onde me formei. Depois, Mogi-Guacu, Jacareí e São Jose dos Campos. Fundei a Ofi cina Pedagógica da Diretoria de Ensino da Região de Jacareí.

Buzz – Como você lecionou por muito tempo, o que pensa da educa-ção atual?

Marici – A educação é o grande problema do Brasil antes mesmo dos problemas de saúde ou violência. Enquanto não resolver o problema da educação, não vamos consertar muita coisa neste país. Digo educação de uma maneira global, não somente a parte do desenvolvimento do intelec-to. Falo da moral e da ética.

Buzz – Quais trabalhos a senhora desenvolve no Batuíra?Marici – Eu e o Paulo Sergio de Barros Accioly (marido) fundamos

o Batuíra. Eu não posso me separar do Paulo. Ele era espírita e eu não. Tornei-me espírita depois. Apareceu uma mediunidade na minha vida e formou-se um grupo por causa dessa mediunidade. Daí, construímos o Fraternidade Batuíra. Em 1991, foi criado o Projeto Renascer. O Paulo é meu grande companheiro. Não posso me separar do Paulo em lugar ne-nhum. Nem na família e nem nesse trabalho de cunho espiritual.

Buzz – O que é o Projeto Renascer?Marici – É uma escola para mães gestantes que estão em situação de

risco e vulnerabilidade. Elas vêm de todas as partes de Jacareí. Ficam num curso de orientação maternal com duração de um ano. Oferecemos vários cursos profi ssionalizantes como culinária trivial, doces e salgados, tape-tes, bordados, pintura em tecido, bijuteria, manicure, tear, entre outros. De uns cinco anos para cá, a Unimed abriu para nós a possibilidade para fazer os exames de ultrassom das gestantes. Na saúde pública, demorava muito. O doutor Levi, nosso voluntário, foi quem intermediou essa parceria. A Unimed estendeu esse apoio para os fi lhos e exames de sangue. Há dois anos eles dão um curso de informática para as gestantes e seus fi lhos. Eles doaram os computadores e pagam o professor. Assistindo aula, elas levam uma cesta-básica para casa toda semana. Atendemos 114 gestantes. Elas podem trazer os bebês, que fi cam no berçário, e as crianças, que vão para a creche. O projeto Renascer possui 11 funcionários e 110 voluntá-rios. O escritor Benedicto Sérgio Lencioni é um dos nossos voluntários. O doutor Pagan e o doutor Nelson também são. Os professores são todos voluntários.

Buzz – Fale um pouco sobre o casamento comunitário promovido pela senhora?

Marici – É um ato de cidadania e de amor ao próximo. Percebemos que muitas meninas gostariam de ter regularizada sua situação e não ti-nham dinheiro. O ex-promotor de Justiça Nelson Rosado pediu autoriza-ção para realizarmos aqui o casamento. O cartório faz tudo gratuitamente. Geralmente, são 13 casais. Já realizamos quatro casamentos comunitá-rios. Fazemos uma festa. Não tem cunho religioso, mas eu nunca deixo de fazer uma prece. Elas recebem presentes e trazem os fi lhos, os padrinhos e os pais. A felicidade delas é muito grande.

Buzz – O político é insensível às causas sociais?Marici – Não, ele é sensível. Aqui, temos um prefeito maravilhoso.

Uma secretaria de Assistência Social fantástica. Vários vereadores se aproximam da gente e trazem apoio. Já conseguimos, através de vereado-res, verba de deputados para comprar uma perua Kombi. Com uma outra verba foi possível comprar equipamentos para o consultório odontológi-co. Se não fossem eles, como a gente iria tocar esse trabalho? Tem muitos políticos em Jacareí que ajudam da maneira que podem.

Buzz – É possível caridade sem fé?Marici – Não. Daí você fará fi lantropia só. Na caridade, tem que ha-

ver amor. Se não houvesse uma fé muito grande impulsionando a gente, por que a gente faria isso? A nossa busca é pela autoiluminação. A gente tem misericórdia daquele que sofre e pode estender as mãos. Todo mundo pode. Tem gente que doa um dia por semana. Outros doam uma hora. A nossa padaria é toda voluntária. É um trabalho totalmente desinteressado. Ninguém busca nada. Os nossos funcionários também fazem uma parte voluntária. É só o amor que faz com que as pessoas ajam desta maneira.

Buzz – O dinheiro traz felicidade?Marici – Não. Ele ajuda. O que Jesus disse: “Dai a César o que é de

César e a Deus o que é de Deus”. A gente não pode desprezar o dinheiro porque ele é muito útil. Quando vem muito dinheiro é porque tem muita coisa para fazer. Não em benefi cio próprio, mas em benefi cio de uma co-letividade. Faça para os outros aquilo que gostaria que fi zessem para você. O dinheiro não vem como uma premiação. Ele é uma tarefa.

Buzz – Fale-me de seus livros.Marici – São poemas que fi z durante a minha vida. Sempre tive uma

veia literária. Gosto muito de ler. Leio muitos livros espíritas e acho que até o fi m da minha vida não vou conseguir ler tudo. Os poemas brotam como pôr-do-sol e as pétalas de rosas que caem na sua mão. São coisas muito bonitas. O livro “A casa das minhas lembranças” é minha casa de menina na cidade de Bariri. Foram coisas que me tocaram profundamente

Page 11: Buzz # 22 dezembro

que coloquei no papel. Todo lucro desse livro veio para o projeto Renascer. O primeiro livro foi “Retratos”. Ele é bem intimista. Falo muito dos meus fi lhos, avós, mães, pai, sogra, sogro e irmãos. Tenho ainda cinco livros infantis que escrevi, ilustrei e ainda não publiquei. Um dia será publicado. Escrevi pensando nos meus fi -lhos e alunos.

Buzz – Qual é a opinião da senhora sobre a família brasileira?

Marici – Acho que ela está se movimen-tando de maneira esquisita. As coisas mudaram muito. Os valores estão diferentes. Acho que quando existe amor a família sobrevive mesmo com as separações. O ideal é que pai e mãe fi -quem juntos. Os fi lhos se sintam amparados e protegidos por aquela estrutura familiar, mas, se não for possível, que os ex-cônjuges sejam amigos. Eles não devem esquecer que são pais daqueles fi lhos.

Buzz – O casal Marici e Paulo completou 50 anos de casamento em 2011. Qual é a receita para completar 50 anos de casado?

Marici – A receita é muito amor, muita com-preensão, muita vontade que as coisas deem certo, muita paciência, muito entendimento, conservar a harmonia, muita religiosidade den-tro de casa (não fi car enfi ada dentro da igreja, mas ter Deus no coração). A família que ora uni-da permanece unida. Os meus fi lhos são espíri-tas. Passamos para ele nossa religião. Era boa para nós, achamos que será boa também para eles. Somos uma família muito unida. Eles mo-ram longe, mas estamos sempre juntos amando e querendo bem uns aos outros. A coisa mais importante da minha vida foi essa família estru-turada que tive.

Buzz – Então, o que falta nas famílias atu-ais?

Marici – Bastante coisa. Entendimento, amor, gentileza, generosidade, palavra boa que não seja de crítica. Acho que em algum momen-to algo acontecerá porque estamos numa situa-ção de caos em todos os setores da sociedade. Quando a família vai mal, a sociedade vai mal. Acho que os meios de comunicação, televisão e internet, prejudicam muito a família. Eles mos-tram um padrão diferente. As novelas são mara-vilhosas como os fi lmes de hollywood, mas não tem o melhor conteúdo. Às vezes, é imoral. As crianças assistem e acham que aquilo é natural.

Buzz – É possível unir religião e política?Marici – Seria o ideal. Quando eu falo em

religião, é no sentido da ligação com Deus. Não é no sentido da carolice ou do fanatismo. O anseio da transformação moral, de ser melhor, tratar melhor as pessoas, agir com honestidade, lealdade. Nesse sentido, seria maravilhoso. No entanto, no momento, são duas coisas que não coadunam. Infelizmente.

Buzz – O que é a vida?Marici – É a maior oportunidade que temos

de aprender lições que ainda não sabemos. Tudo está em evolução e aprimoramento na Terra. Se pensarmos desde os primórdios até hoje, perce-bemos muita mudança.

Buzz – O que estraga o mundo: o dinheiro dos bancos, as drogas ou os políticos?

Marici – Acho que um pouco de cada coisa. O mau político estraga o mundo com a corrup-ção. O excesso do dinheiro traz a ambição. As drogas são problemas terríveis, fruto de uma so-ciedade mal formada. Drogas não são somente a maconha, a cocaína, o crack, o LSD, mas tam-bém a bebida, o cigarro e o jogo.

Buzz – Qual é o envolvimento da senhora com o movimento espírita em Jacareí?

Marici – Sou da coordenadoria de trabalho do Fraternidade Batuíra. Tanto nos trabalhos es-pirituais como aqui neste trabalho de assistência

social. Não adianta ser um técnico em espiritis-mo e não ter amor no coração. São 13 casas kar-decistas em Jacareí. Pessoal que estuda muita e procura viver o que esta aprendendo. A vivência é o que importa.

Buzz – Por ter uma vocação social de ori-gem, o espiritismo, nos dias de hoje, pode ofe-recer uma contribuição considerável?

Marici – Muito grande porque o espiritismo é uma doutrina muito consoladora. Ele nos en-sina que a morte não existe, assim como as de-mais religiões, mas nós damos uma visão muito parecida com o nosso mundo. Ele nos explica por que estamos aqui. De onde viemos. Para onde iremos. A reencarnação é uma das maio-res provas da bondade e da justiça de Deus. Isso é muito consolador. Todas as mensagens que recebo desde 1975 nos fornecem uma outra maneira de enxergar as coisas difíceis da vida. Aqui é passageiro. Somos eternos. Um dia esta-remos em mundos melhores, continuando nossa evolução, com menos sofrimento e dor.

Buzz - A senhora considera o ser humano evoluído?

Marici – O ser humano não é evoluído. Estamos aqui todos aprendendo. Estamos nes-te mundo ainda porque não somos evoluídos. Dentro de nós, quanto ciúme, inveja, raiva e vingança secreta. Isso mostra o egoísmo que predomina nas pessoas. Tudo isso mostra que não tivemos uma evolução ainda. Temos evo-lução intelectual, mas moralmente falta muito.

Buzz - Se alguém lhe perguntasse: qual é a religião ideal? Que conselhos daria a essa pes-soa?

Marici – Não tem religião ideal. Você preci-sa acreditar em Deus e seguir Jesus.

Buzz - O Espiritismo é criacionista ou evo-lucionista?

Marici – O espiritismo prima pela evolução das pessoas. Temos um livro maravilhoso cha-mado de “Darwin a Kardec – um possível dia-logo”. A espiritualidade utilizou dos primeiros seres humanos para encarnação dos primeiros espíritos. Por isso, fi cou essa dúvida. Não tem elo perdido. O problema se resolveu no mundo espiritual.

Buzz - A senhora acha que os espíritas hoje estão mais preocupados com as coisas da Terra ou do céu?

Marici – Do céu. Espero que todos os espí-ritas estejam preocupados com as coisas espiri-tuais. A matéria é importante, mas nossa grande preocupação é a autoiluminação. Queremos o reino de Deus, e para isso temos que ser melhor.

Buzz - Dizem que a sociedade ideal seria aquela formada pelos homens de Marx e Kar-dec. Uma síntese das duas doutrinas seria o ide-al? A senhora concorda com isso?

Marici – Kardec é a doutrina do amor, do crescimento espiritual, da socialização, do re-partir o que você tem, é contra o egoísmo, a vaidade, o orgulho. O dia em que a humanidade se libertar do egoísmo, da vaidade e do orgu-lho, o mundo será melhor. Eu fi co com Kardec e não abro. A doutrina de Marx era maravilhosa no papel e que não deu certo porque o homem deturpa tudo. Nós temos que ser bons hoje e não dá mais para esperar. O enfoque do amor, da bondade, da solidariedade e fraternidade é mui-to grande dentro do espiritismo.

Buzz - Por que o homem precisa ter a ilusão de que tudo será melhor numa vida posterior?

Marici – Na realidade, é isso que acontece. Se você não tiver isso, que esperança você vai ter. Você poderá me dizer: se roubar, vou en-riquecer, vou desfrutar a vida porque não tem nada depois mesmo. Não teria limites. Quando você sabe que existe uma vida depois da morte, uma vida de continuidade, de cidades, de veícu-

los, de evolução, de crescimento espiritual, de escolas, hospitais, lares, você acredita naquilo e passa a viver melhor. Passa a ter uma conduta mais reta e coerente com aquilo que você acre-dita.

Buzz - O que a senhora pensa de Jacareí?Marici – Jacareí é minha cidade do co-

ração. Bariri é minha cidade natal, que amo. Estou aqui desde 1966. Dei aula para muitas crianças. Aqui, tive meus últimos dois fi lhos. Moramos em São Paulo entre 1989 e 1991, mas não transferimos títulos de eleitor e os médicos continuam sendo os daqui. Tudo que tínhamos que fazer era em Jacareí. Quando me aposentei, voltamos para cá.

Buzz – Como a senhora analisa o estado lai-co no Brasil?

Marici – Acho que não pode existir esta-do católico, protestante ou espírita. Deixa isso para o tempo resolver. Um dia seremos um só rebanho e um só pastor. A cor religiosa não vai importar. Temos que ser cristãos e amar a Deus. Isso é o mais importante. É o primeiro manda-mento: “Amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a ti mesmo”. Acho que todas as religiões têm valor. Cada uma está num patamar de evolução e precisamos de respeito pelas reli-giões dos outros.

Buzz - O que representa o Natal para a se-nhora?

Marici – Jesus. As lições que Jesus trouxe e nos ensinou. É muito mais importante do que a ceia, a roupa nova, o sapato novo. O importan-te é a reunião da família. Nunca esquecendo da presença de Jesus.

Buzz – Como está sua vida hoje?Marici – Muito boa. Eu envelheci. Dou gra-

ças a Deus por tudo. Não gostaria de ser jovem de novo. Nesta vida, está muito bom. Quero morrer trabalhando. Não sei se é sucesso, é vida para mim. Eu não estou atrás de sucesso.

Buzz – O que espera encontrar após a mor-te?

Marici – Espero encontrar trabalho. Vou pronta para continuar trabalhando. Eu trabalhei uma vida inteira e não posso conceber uma vida após a morte em que eu fi casse contemplando as estrelas, ociosa.

Buzz – Como está sua sucessora?Marici – Temos uma equipe maravilhosa.

Espero que alguém ocupe este posto. A pessoa que vier será muito melhor que eu. Tenho certe-za que alguém assumirá e dará conta do recado.

Buzz - O que a senhora sempre teve vontade de falar e nunca teve oportunidade ou espaço na mídia para se expressar?

Marici – Eu agradeço a Jacareí por ter-me recebido como fi lha. Eu agradeço a esse povo bom dessa cidade, que participa tanto desses trabalhos. Queria agradecer a todas as pessoas que trabalham no Fraternidade Batuíra. Quero agradecer a todos que trabalham no Projeto Re-nascer, fazendo que isto aqui funcione. Quero agradecer ao Paulo, meu companheiro desta vida e que me ajudou a ser melhor mãe, melhor esposa. Eu aprendi muito com ele nesta vida. Quero agradecer aos meus fi lhos pelas alegrias que eles me dão e pelo encaminhando que eles têm na vida. Quero agradecer aos meus netos, os maiores tesouros da minha alma. Quero agra-decer ao meu pai e minha mãe, que já se foram desta vida e me fi zeram como eu sou. Para todos aqueles estiveram comigo e ajudaram também a ser a pessoa que sou hoje. Quero agradecer a Deus pela grande oportunidade de viver e de aprender aquilo que eu ainda não sabia. Não sei tudo. A grande oportunidade de trabalhar ser-vindo ao meu semelhante, seja na minha família ou no Fraternidade Batuíra ou como professora.

Dezembro de 2011 - Buzz 11

Page 12: Buzz # 22 dezembro

fuJA dA TEMPOrAdAde desperdício Economizar água éEconomizar água é

esbanjar inteligênciaSaiba como mudança simples em nosso dia a dia poderá gerar grande economia

para seu bolso.

O período de maior consumo de água no ano ocorre entre novembro e março, me-ses mais quentes, segundo o Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) de Jacareí.

A autarquia calcula que nesses meses o “desperdício” tende a aumentar nas resi-dências, comércio e indústria.

O Saae não possui levantamento a res-peito da água desperdiçada, mas recebe cerca de 1000 pedidos de revisão do valor da conta de água por ser considerado muito elevado. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a maioria dos casos refere-se à existência de vazamento interno.

De acordo com o Saae, o vazamento atrapalha a vida dos moradores e ainda aumenta o custo operacional da autarquia, porque a solução do problema inclui aber-tura de processo interno, envio de mão-de-obra ao local e análise do setor competente.

Durante reportagens pela cidade, Buzz constatou diversos moradores desperdiçan-do água. A forma tradicional do prejuízo é sempre a mesma: lavar calçadas e veículos. Um desses locais foi a Rua Expedicioná-rio Paulo Oliveira Branco, no Jardim das

Indústrias. Como esse, inúmeros outros casos ocorrem em Jacareí todos os dias da semana.

O Saae não tem como detectar o proble-ma e a única solução é apelar para a cons-ciência do morador ou comerciante através de campanhas. A produção de água trata-da cresceu em Jacareí 31,6%, passando de 17,537 milhões de litros para 23,020 mi-lhões, nos últimos 10 anos. Nesse mesmo período, a autarquia aumentou suas liga-ções de água 36,6% - de 53715 para 73374 atendimentos.

Uma torneira gotejando desperdiça 46 litros de água tratada por dia, segundo a as-sessoria do Saae, que acrescenta ainda que ela, semi-aberta, joga fora mais de 4 mil li-tros por dia e, aberta totalmente,mais de 30 mil litros escoam pelo ralo. A maior parcela de consumidores do Saae, ou seja 25 mil, consome até o limite da tarifa básica men-sal – 10 metros cúbicos por mês.

No Brasil, o desperdício residencial é o campeão, chegando a 70%, sendo que 78% do consumo é gasto no banheiro. Econo-mizar e fi scalizar o desperdício de água é

um dever da sociedade. Fuja do desperdí-cio porque, se não economizar, a natureza apresentará a “conta” da água jogada fora, cuja principal motivação é pura preguiça.

Água

Evite tomar banhos demorados. Cinco mi-nutos no chuveiro são sufi cientes.

feche a torneira ao escovar os dentes ou fazer a barba. Mantenha sempre a válvula de descarga regulada para evitar desperdício.

Nunca use a mangueira para lavar a calça-da ou a rua. use sempre o balde.

feche a torneira enquanto ensaboa a lou-ça. deixe a louça de molho num balde com água e detergente. depois de ensaboar, en-cha a pia com água limpa e enxágue de uma vez.

No tanque, mantenha a torneira fechada enquanto ensaboa e esfrega a roupa. Utilize a água de ensaboar para lavar o quintal.

Para regar plantas, use sempre balde ou regador.

Page 13: Buzz # 22 dezembro

ZEZInHO SAPATEIrO“pendura as chuteiras” aos 80

Célio, o filho, deve manter a tradição da família

Um dos mais antigos sapateiros de Ja-careí, José Benedito, de 79 anos, o popular Zezinho, pensa em pendurar as chuteiras no próximo ano. Depois de 57 anos traba-lhando no mesmo ponto, Rua Floriano Pei-xoto, 369, centro, o quase octogenário sa-pateiro jacareiense passará o bastão para o fi lho Célio, e gozará de merecido descanso.

Todos os fi lhos de Zezinho passaram pela loja, porém Célio foi o único que to-mou gosto pelo ofi cio e pretende suceder o pai. O sapateiro famoso orgulha-se de ter criado seus cinco rebentos com o dinheiro da sapataria, formando psicóloga, analista fi scal e projetista. O lucrativo e longevo ne-gócio da família começou em 1954, quan-do Zezinho estava com apenas 22 anos.

Fregueses e amigos destacam a assidui-dade de Zezinho. Com chuva ou sol, Ze-zinho abre o comércio que leva seu nome, a Sapataria do Zezinho, impreterivelmente todos os dias, às 7 horas. O hábito de acor-dar cedo foi uma herança da mãe, Maria Eugênia da Conceição, que o acostumou desde criança. No dia em que a reportagem esteve em sua pequena loja, ele quase não teve tempo para falar de seu trabalho. Era um cliente atrás do outro. Muitos o con-sideram um verdadeiro “médico dos pés” porque resolve todos os problemas que aparecem na loja. A reportagem constatou até pessoas com receita de ortopedista pro-curando pelas mãos hábeis do sapateiro.

A professora Marisa Helena de Paulo Costa Moraes é cliente há mais de 10 anos. Ela diz que Zezinho recebe todos com bom humor, educação e faz um “serviço per-

feito”. “Não tem outro igual ao Zezinho”, ressaltou. Pessoas ouvidas durante a repor-tagem falaram que o procuraram por indi-cação dos pais que já tiveram seus calçados consertados na sapataria.

Ao completar 55 anos de atividade, Ze-zinho ganhou uma faixa na frente da loja, exaltando seu profi ssionalismo. Ele tam-bém recebeu diploma do Rotary Interna-cional em reconhecimento ao seu trabalho.

Ofício - Zezinho nasceu no bairro Va-

radouro, divisa entre Jacareí e São José dos Campos, e possui apenas o ensino funda-mental. Veio com 15 anos tentar a vida em Jacareí. Depois de passar um curto período na Fábrica de Fogos Caramuru, trabalhou com o irmão, Reinaldo Souza, numa fá-brica de sapatos da família Scherma, onde aprendeu o ofi cio em que pretende se apo-sentar ao completar os 80 anos.

Ele é casado com Rosinha Aquino e possui três netos.

Foto

: Kik

o Sa

nche

s

Page 14: Buzz # 22 dezembro

fOlIA dE rEIS espetáculo de fé e devoçãoUm dos poucos grupos de Folia de Reis de Jacareí, o Caminhos de Belém, visita cerca de 500 famílias entre novembro e janeiro

Fotos: Kiko Sanches

O grupo de Folia de Reis, Caminhos de Belém, da família Serra, mantém viva uma das mais belas tradições natalinas em Ja-careí. Eles visitam aproximadamente 500 famílias entre novembro e janeiro. O cor-tejo de caráter religioso ocorre entre o Na-tal, 25 de dezembro, e a Festa de Reis, 6 de Janeiro. Para atender os inúmeros pedidos de visita, o Caminhos de Belém começa a temporada bem mais cedo e termina bem depois, com uma grande festa em louvor a Santos Reis.

A Folia de Reis é um auto popular, uma espécie de teatro religioso e ao mes-mo tempo folclórico. Ela conta a história oficial da Igreja Católica à luz da cultura popular tradicional. Por isso é tão cheia

de nuances e crenças próprias. A Folia re-presenta a história da viagem dos três Reis Magos à gruta de Belém. Para representar esse rito, os grupos vão de casa em casa adorar o menino Deus no presépio. Eles recebem donativos que usam na festa ou repassam à paróquia.

O coordenador do Caminhos de Belém, Hélvio Serra, de 37 anos, começou nessa tradição com o pai, José da Silva Serra, há pelo 40 anos, na cidade de Nepomuceno, em Minas Gerais. Com a morte do pai, ele deu sequência ao cortejo religioso com o apoio do irmão, José Maria Serra, de 44 anos, e demais integrantes da família. José Maria é uns dos malungos (palhaços) da folia. A sede do grupo é no bairro Bandeira

Branca.Trazida pelos portugueses no Brasil co-

lonial, as folias são compostas por um nú-mero variado de participantes ou foliões. À frente do grupo caminha o (a) bandeireiro (a), responsável por carregar o símbolo que representa o grupo. Há ainda os palhaços, o embaixador (folião-mestre), músicos, cantadores ou foliões divididos em vozes como quinta, contratala, tala e requinta.

Segundo Hélvio, a cantoria é uma ora-ção em versos, pedindo bênçãos para os moradores que recebem a visita. Se tiver presépio, saúdam o presépio. Caso con-trário, a visita ocorre do mesmo jeito. O grupo recebe várias fitas pedindo graças a Santos Reis ou simplesmente agradecendo pela bênção alcançada. O grupo da família Serra é o único com cadastro na Fundação Cultural de Jacareí, o que autoriza a visita-ção de casa em casa.

Os participantes do Caminhos de Be-lém são de uma faixa etária eclética. O pe-queno Kelvin, de 5 anos, filho de Hélvio, é o mais jovem do grupo e deverá dar sequ-

14 Buzz - Dezembro de 2011

Page 15: Buzz # 22 dezembro

Ex-morador da zona rural, Olímpio acha que visita traz graças importantes durante o ano

Geralda de Fátima acredita que folia representa o verdadeiro espírito do Natal

ência ao trabalho do pai. Ele, no entanto, não é o único jovem. O estudante Fernando Peachiai, de 18 anos, resolveu acompanhar a Folia de Reis a convite da namorada, Da-niella. Peachiai disse que gostou e já parti-cipa do grupo há um ano.

O mais experiente do Caminhos de Belém é o aposentado Bernardes Noguei-ra Neto, de 73 anos, que participa há pelo menos cinco anos com a família Serra. Ele toca violão durante o cortejo.

Cortejo - A reportagem da revista Buzz teve a oportunidade de acompanhar o gru-po Caminhos de Belém na visita aos mo-radores do Parque Santo Antonio e Maria Amélia I. Uma da primeiras a ser visitada foi a família de Marlene Fernandes e Gil-son Chagas, na rua Bruno Galatti, no Maria Amélia.

Marlene é entusiasta da Folia de Reis. Seu pai, José Fernandes, o mestre Bega, também participou de um grupo. Todo ano recebe o Caminhos de Belém em sua casa. Ela afirmou que o recebe por tradição fami-liar e também pela fé em Santos Reis. Seu pai, diz Marlene, testemunhou uma pessoa curada graças à devoção a Santos Reis.

Um outro morador que recebeu a Folia de Reis foi Olímpio Rodrigues, de 73 anos, também na rua Bruno Gallati. Ex-morador da zona rural, Rodrigues explica que sem-pre gostou da folia. Segundo ele, a visita sempre traz importantes graças, como saú-de, por onde passa.

O casal Jaime Amaral e Geralda de Fá-tima, do Maria Amélia, gosta de manter a tradição do evento. Segundo Geralda, a folia é o resgate do sentido verdadeiro do Natal.

No Parque Santo Antonio, o grupo Ca-minho de Belém visitou a dona de casa Do-roty da Silva Prado, de 73 anos, moradora da Rua das Dálias. Ela falou que sempre gostou da folia, principalmente pelo as-pecto religioso. Doroty acompanha essa tradição desde os 10 anos de idade. Para o aposentado Marcos do Prado, a visita do grupo traz um ano novo ano repleto de muita saúde e união familiar.

A festa do grupo Caminhos de Belém ocorrerá no dia 28 de janeiro e deve reu-nir por volta de 800 pessoas. Todos que receberam a visita da Folia de Reis foram convidados para o encerramento dessa ma-nifestação religiosa e folclórica.

Os foliões cantam diante do dono da casa, pedindo licença para adentrar ou pousar. Entregam a bandeira para os anfitriões. Eles cantam pedindo bênçãos aos moradores diante do presépio. Pedem ofertas e pedem licença para se retirar da casa e, então, se preparam para a partida. Geralmente, os donos da casa visitada oferecem pinga da boa, café com biscoito ou até jantar. Nas visitas realizadas em Jacareí, os donos ofereceram lanches, refri-gerantes e vinho aos integrantes da folia.

O RItuAl dA fOlIA dE REIs

Dezembro de 2011 - Buzz 15

Page 16: Buzz # 22 dezembro

Ingredientes1 leitão de 5 quilos2 copos de vinho tinto ou brancoSalsa, cebolinha, manjericão, alecrim e louro à vontadePimenta do reino em grão a gostoSal a gostoModo de preparar – Vinad´alha (misturar todos os temperos com dois copos de vinho, co-locando sal). Limpar o leitão. Fazer pequenos furos no leitão para penetrar a vinad´alha. Num saco especial para tempero ou vasilhame gran-de, colocar o leitão juntamente com o tempero. Virar o leitão para melhor absorção do tempe-ro. Deixar por 12 horas. Assar em forno ou na brasa.

Ingredientes300 gramas de bacalhau ½ quilo de grão de bico½ pimentão verde, amarelo e vermelho ½ quilo de mussarela 4 tomates Cebola a gostoAzeitona a gostoVinagre Azeite extra-virgem à vontadeSalsinha a gosto

Modo de preparar – Cozinhar o grão de bico. Esfregue para retirar a casca e reser-ve. Lavar o bacalhau com água corrente. Colocar o bacalhau numa bacia com gelo e deixar de um dia para o outro na geladeira. Trocar a água pelo menos umas três ve-zes. Tirar a água salgada e colocar um 1,5 copo de leite. Conserve. Cortar os demais ingredientes em pedaços pequenos. Retire o bacalhau do leite, passe água fervendo e depois coloque azeite. Montagem do pra-to – colocar todos os ingredientes picados numa tigela. Separar uns pedaços de baca-lhau para o enfeite. Colocar o restante na tigela. Tempere a gosto e mexa. Coloque os pedaços separados em cima da salada e sirva-se.

Ingredientes

1 garrafa de champanhe gelado1 garrafa de 2 L de guaraná gelado1 lata de abacaxi em conserva 2 maçãs4 ameixas 3 laranjas picadas 2 cachos de uva (um com casca e outro sem)4 pedaços de pêssego em conserva

Modo de preparar –Picar as frutas. Co-locar numa poncheira e juntar as bebidas. (para criança, retire o champanhe). Adoce a gosto. Dica – ao cortar a maçã, polvilhe com açúcar para não pretejar.

Salada de Bacalhau

e grão de bicoPonche de frutas

lEITãO À PururuCA

Page 17: Buzz # 22 dezembro
Page 18: Buzz # 22 dezembro

Associação dos Diabéticos foideclarada de utilidade pùblicaVereadores de Jacareí aprovaram projeto de lei que declarou a Associação Jacareien-se de Diabéticos (AJD) como entidade de interesse público. Criada em 23 de outubro de 2006, a associação presidida por Ma-ristela Prilips tem como objetivo prestar orientação nutricional aos portadores de diabetes.

Justiça proibe revista emsupermercado de JacareíO juiz da 2ª Vara Cível de Jacareí proibiu o supermercado Tenda de revistar as com-pras dos clientes na saída do estabeleci-mento. A ação foi proposta pela Promotoria de Justiça do Consumidor de Jacareí, que acolheu a tese de que a revista é abusiva quando realizada depois do pagamento das mercadorias.

Taxistas discordam de mudançaspropostas pela prefeituraA Câmara Municipal de Jacareí realizou dia 30 de novembro reunião com o Sindi-cato dos Taxistas de São José dos Campos para discutir a exploração desse serviço em Jacareí. Os taxistas discordam das mudan-ças propostas pela prefeitura como amplia-ção do número de permissionários.

O Rotary Clube Jacareí Florida 3 de Abril (distrito 4600) conseguiu a quantia necessária para comprar uma autoclave hospitalar e doar ao asilo Amor e Ca-ridade. O equipamento custou R$2,5 mil. Os rotarianos doaram R$ 1,75 mil através do programa de Subsídios Distritais Simplificados (SDS) e o restante, R$750,00, foi doado por parceiros. O presidente do RC 3 de Abril, Alexandre Alves Moraes, entregou o cheque dia 26 de novembro. A autoclave é um equi-pamento usado para esterilizar lençóis e roupas. O programa de subsídios dá ao líder distrital a oportunidade de gerir o subsídio no distrito.

Rotary conseguiu verba para compra de autoclave

Page 19: Buzz # 22 dezembro

n

BUZZ IN Show Beneficente em prol do Asilo São Vicente de Paulo 21/10/2011 - Organização Rosangela Kato

Page 20: Buzz # 22 dezembro