BUZZ # 19 AGOSTO

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Matérias sobre Desafio Jovem Ebenezer, Afogado, CAC da Camara, Doutores da Alegria e entrevista com Ulisses Guedes

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2 Buzz - Agosto de 2011

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Ano 2 I Edição 19 I Agosto 2011

CarTa aO LEITOr

A revista Buzz é uma publicação mensal da Voz Ativa Comunicações - Diretora Geral: Silvia Regina Evaristo Teixeira - Conselho Editorial: Silvia Regina Teixeira e Mauro San Martín - Diretora Comercial: Silvia Regina Evaristo Teixeira - Editor-chefe: Mauro San Martín - DRT 24.180/SP - Repórteres: Mauro San Martín e Sandro Possidonio. Foto da capa: Kiko Sanches - Revisão: Renata Melo - Tiragem: 5 mil exemplares - Impressão: Jac Gráfi ca e Editora - Email: [email protected] - Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam necessariamente a opinião da revista ou da editora. Não é permitida a reprodução de anúncio publicitário deste número como também das edições anteriores, exceto com autorização por escrito. Por favor, recicle esta revista!

Melhor remédioSorrir ainda é o melhor remédio. Mes-

mo que poucos se deem conta, esta receita simples tem efi cácia. Uma das matérias da edição aborda o tratamento através de um sorriso no rosto. No Projeto Doutores Co-loridos, que ocorre no Hospital São Fran-cisco de Assis e também na Santa Casa de Jacareí, os palhaços invadem com suas cores e alegria os quartos cinzentos para amenizar a dor e o sofrimento de crianças e adultos. Um trabalho realizado em Jacareí

há dois anos voluntariamente, com grande sucesso. Outro remédio importante para um dos maiores males do século é o tratamento para usuários de droga, proporcionado pelo Desafi o Jovem Ebenezer, outro destaque da edição. Conversamos com o presidente da entidade, que nos revelou como é possível tratar um dependente em álcool, maconha e cocaína. Esse serviço fundamental é rea-lizado pelas igrejas evangélicas de Jacareí. Aliás, para minha surpresa, esse programa nasceu aqui e está espalhado por diversos pontos do país. A entrevista do mês é com o jornalista e advogado Ulisses Guedes, um dos pioneiros no comércio e do jornalismo em Jacareí. Ele fala das difi culdades da profi ssão na cidade. Boa leitura!

14 I Gastronomia Regional

A revista Buzz destaca mais uma re-ceita de nossa gastronomia valeparai-bana - o afogado. Na edição anterior, foi o bolinho caipira. Os pratos regio-nais serão estrelas na revista desde a edição de junho.12 I Dependentes químicos

O presidente nacional do Desafi o Jo-vem Ebenezer, Adelmi Gomes de Pai-

va, fala com exclusividade sobre como é realizado o tratamento para usuários de drogas na entidade, que atende 1500 pacientes por ano.

08 I Ulisses Guedes

Na entrevista do mês, Ulisses Guedes, advogado, um dos pioneiros no jorna-lismo jacareiense, conta a história de como fundou o primeiro jornal diário do município.

10 I Alegria que contagia

Na reportagem especial, o assunto é o projeto Doutores Coloridos, iniciativa do publicitário Edimilson Moraes, o Doutor Pipoca, e do ator João Gonçal-ves, o Doutor Tim Tim, que voluntaria-mente há dois anos alegram crianças e adultos nos hospitais, escolas, creches e asilos de Jacareí. Eles pretendem criar uma escola de palhaço para for-mar multiplicadores.

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JaCarEÍ QUE PENSa

Conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), as familias brasileiras estão encolhen-do. A taxa média de fecundidade no Brasil caiu 68,3% nos ultimos 40 anos e está proxima de 1,9 fi lho por mulher. Na sua opinião, por que isso está ocorrendo?

“Eu acho que as pessoas estão tendo menos fi lhos porque está complicado conseguir serviço. E difícil cuidar deles. Está muito difícil educação hoje em dia também. Por esses motivos, acredito que está difícil ter mais um ou dois fi lhos”. Nilvana da Silva Victor, atendente

“As mulheres trabalham mais e não têm tem-po para criar os fi lhos. Elas não têm tempo para criar mais que um fi lho. Elas trabalham mais. A responsabilidade é maior. Ter fi lho fi ca em se-gundo plano; primeiro, vem o trabalho”.Silvia de Santana Sanches, cabeleireira

“Acho que é por causa das condições fi nan-ceiras atuais, difi culdade para arrumar tra-balho, locomoção e os preços que sobem, e tudo isso torna difícil criar um fi lho hoje em dia”. Acsa Sanches, atendente

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A Promotoria de Justiça do Consumidor de Jacareí está con-vocando todas as pessoas que compraram lotes nos bairros Vila Ita II, Vila Tâmara e Vila Tamarinha de 2008 em diante para que compareçam à rua Três de Abril, nº. 32, Jardim Leonídia, Jacareí, para prestarem esclarecimentos.

A Promotoria de Habitação e Urbanismo constatou que o res-ponsável pelo loteamento, o presidente da Câmara Municipal, vereador Itamar Alves, está adotando providências para “regula-rizar” o loteamento Vila Ita II. Em junho de 2008, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo confirmou a decisão e transitou em julgado para não fazer ou realizar qualquer negócio jurídico que manifeste a intenção de vender ou alienar lotes nos três bairros.

Como Alves estaria descumprindo uma decisão judicial, a Pro-motoria do Consumidor precisa ouvir os moradores desses bairros para instalação de inquérito civil. O vereador e empreendedor dos loteamentos poderá pagar multa de R$1000,00 para cada ato em desacordo com a sentença caso o MP prove que ele fornece me-lhorias nesses locais.

Outro lado - O presidente da Câmara disse à Buzz que o pivô disso foi uma matéria de jornal, em que ele apenas conversava sobre a possibilidade de conseguir recursos para os bairros Vila Ita II e III. Ele adiantou que nada será realizado nesses locais, sem consentimento do Ministério Púbico. Segundo Alves, os condomí-nios Vila Ita II e III estão com autorizações da Prefeitura de Jacareí e do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto). Os bairros Vila Tâmara e Tamarinhas não existem mais, afirmou. Alves falou ain-da que agendou uma reunião com o Ministério Público para o dia 29 de julho.

Promotoria convoca moradores

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O livro “Meu Quintal” de Luciane Ri-cieri, Cissa Regina e Edna Cassal, cujo lançamento ocorreu dia 22 de julho, é uma tentativa de despertar o olhar das pessoas para a ecologia a partir do Viveiro Muni-cipal. As autoras optaram pela poesia, crô-

nica e pintura para falar de um velho e tão debatido tema.

O livro é uma das etapas do projeto que já teve uma exposição e possui ofici-nas gratuitas de desenho, pinturas e poesias programadas para julho e agosto deste ano.

A exposição ocorreu de abril a julho de 2010, na Secretaria Municipal de Educa-ção, e recebeu mais de 1700 visitas. Lucia-ne diz que as pinturas tinham o objetivo de chamar a atenção do público para imagens que não notaríamos em nosso dia a dia.

“Ir ao encontro da natureza, respirar, observar, o resgate do sagrado dentro de si. É tudo isso que está aí e o homem não vê. Ele se afastou da natureza porque deixou o sentir para trás. As pinturas têm a ver com isso, o close mais aproximado, para as pes-soas observarem mais”.

O quintal das artistas foi o Viveiro Mu-nicipal, que muitos sequer sabem da exis-tência, conforme ressalta Luciane. Lá, as autoras buscaram inspiração para realizar o projeto aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC) de Jacareí, com incentivo da Fibria. O livro de 72 páginas foi distribuí-do gratuitamente aos presentes na noite de lançamento e será também nas escolas da cidade. A tiragem inicial é de 1500 exem-plares.

Com o livro, elas confessam que pre-tendem eternizar as reflexões iniciadas com a exposição das pinturas no ano pas-sado. Luciane se espanta com tanto retorno dos visitantes, com os mais diversos graus de formação. Segundo ela, teve gente até que relacionou as pinturas com as questões da Amazônia.

Um olhar poéticosobre a natureza

Da esq. para dir: Luciane, Edna e Cissa, autoras do livro

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Os jacareienses passaram a contar, desde o último dia 16 de maio, com o Centro de Apoio ao Cidadão (CAC), na Câmara Municipal, com serviços gratuitos como elaboração de currícu-los, xerox, assessoria habitacional, homologa-ção, orientação trabalhista, recurso do seguro desemprego, assessoria jurídica e previdência. Pelo menos 1530 pessoas já foram atendidas desde a inauguração do CAC.

Algumas cidades da região já dispõem des-se tipo de atendimento e o presidente da Câma-ra Municipal, Itamar Alves, trouxe o benefício também para Jacareí. Além de desafogar órgãos públicos, Alves entende que os moradores serão beneficiados com os serviços mais procurados no dia a dia. “O objetivo é promover a inclusão social, democratização e atendimento ao inte-resse público”, afirma.

O posto de atendimento do Ministério do Trabalho estava sendo transferido para São José dos Campos, mas uma parceria com o CAC per-mitiu que ele permanecesse na cidade. O supe-rintendente do Ministério do Trabalho e Empre-go, José Roberto de Melo, falou que o convênio é uma parceria que vai contribuir para o bom atendimento aos munícipes.

Os serviços oferecidos pelo Ministério se-rão: homologação, orientação trabalhista, pro-cesso de registro, processos encaminhados à Justiça, recurso do seguro desemprego e pro-tocolo geral. O posto funcionará de segunda a sexta-feira, das 8h00 às 16h00 , sem intervalo.

Outra boa parceria que deverá atrair muitas pessoas é o atendimento da Caixa Econômica Federal. Um representante da Caixa estará to-das as quintas-feiras, das 9h00 às 12h00 e das 13h30 às 17h , para esclarecer dúvidas sobre

encUrtandodistâncias

empréstimos de conta e financiamentos habi-tacionais. Na sexta-feira, será a vez do atendi-mento voltado a questões da Previdência So-cial. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), subseção de Jacareí, também firmou parceria para atender no CAC assuntos das áreas cíveis e trabalhistas, toda terça-feira das 9 às 11 horas.

O pontapé inicial do CAC no auxílio à co-munidade foi a campanha do agasalho deste ano. O local funcionou como um dos postos de arrecadação. A nova central de serviço receberá reforços de estagiários do Centro de Apoio Em-presa-Escola (CIEE), cujo convênio para con-

tratação de 38 estudantes para a administração municipal em geral foi assinado pelo prefeito Hamilton Robeiro Mota.

Serviço: O CAC funciona de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17h00, na rua Capitão João José de Macedo, Praça dos Três Poderes (nas dependências da Câmara Municipal de Jacareí). O local de atendimento é provisório, mas Itamar Alves garantiu que o processo para a reforma de salas para abrigar o CAC está em licitação. Mais informações pelo telefone (12) 3955-2215.

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ENTREVISTA / Ulisses Guedes, jornalista e advogado

“A vida é o bem viver. O que é o bem viver? Depende de nós”.O advogado e jornalista Ulisses Guedes, de 74 anos, nasceu no bairro da Penha, em São Paulo, mas mudou-se

para Jacareí aos oito anos. Ele se considera mais jacareiense que paulistano. Tanto amor pela cidade fez com que fundasse aqui o primeiro jornal diário do município – Diário de Jacareí. Estudou jornalismo na Faculdade

Cásper Líbero, a única com curso de jornalismo reconhecido na época em que estudou. Já Direito, Guedes cursou na Universidade de Taubaté. Trabalhou por três anos na Gazeta Esportiva, pouco mais de um ano na Folha de S. Paulo. Mas seu ideal de vida estava mesmo ligado a Jacareí. Aposentado, Ulisses ainda é procurado para falar de jornalismo. Na entrevista a seguir, ele reclama da dificuldade de fazer jornalismo no interior, entre outros assuntos. Septuagenário, reconhece que teria mais sucesso na carreira de jornalista se tivesse ficado na capital, mas se apressa em dizer também que não se arrependeu da escolha que fez.

Buzz – Quem é Ulisses Guedes?Ulisses Guedes – Uma pessoa que resolveu ser jornalista. Fiz a Cásper Líbero, a gran-de faculdade de jornalismo da época. Fiz um teste, com a grande dificuldade de uma pessoa do interior, e passei para ser em-pregado da Gazeta. O Padre Ramon Ortiz (professor da Cásper na época) dava carona para mim todos os dias para ir a São Paulo. Fiz um concurso para a Folha de S. Paulo e trabalhei lá um tempo. E um pouco no Estadão. Mas resolvi exercer a profissão em Jacareí. Mas, lógico, se tivesse ficado em São Paulo, teria crescido muito mais carreira porque há muito mais espaço. Eu tinha um ideal na vida de fazer algo meu em Jacareí. Não me arrependo de absolu-tamente de nada. O ideal de meu pai (José Antonio Guedes) era que eu fosse médico porque ele era enfermeiro. Mas eu não nas-ci para ser médico. Meu negócio era ser jornalista. Desde meus tempos de escola, eu já fazia um jornalzinho para os alunos. Buzz – O senhor também atuou no comér-cio?Ulisses – Eu fui proprietário junto com meu cunhado (Aloísio Karskauskas) da Padaria Paris, uma das mais importantes da cidade pela qualidade de seus produtos. Meu cunhado veio de São Paulo com mui-to conhecimento nessa área. Ele era muito bom na produção de pães e doces. Ele veio primeiro e eu participei do negócio depois. Quando havia missa, enchia a padaria. Também trabalhei com o Bruno Decaria no primeiro supermercado pegue-pague de Jacareí. Eu peguei uma época interessante aqui porque as coisas estavam no começo. Buzz – Qual foi seu papel na Polícia Rodo-viária Federal?Ulisses – Fui advogado da Polícia Rodo-viária Federal por alguns anos. Houve um decreto para que ela fosse extinta e o po-liciamento das estradas federais, inclusive, seria executado pelas polícias estaduais. Logicamente, ninguém aceitou isso. Re-solvemos ir a Brasília discutir o assunto. No Congresso Nacional, foi marcado um dia para alguém defender a manutenção da Polícia Rodoviária Federal no monito-

ramento das estradas federais. Eu fiz a de-fesa da corporação. Comecei lendo alguma coisa, depois me entusiasmei tanto que fiz de improviso. Fui aplaudido em pé pelos congressistas, que confessaram que desco-nheciam o trabalho da Polícia Rodoviária Federal. Faltava apoio do próprio governo. Fiquei por um longo tempo como advoga-do deles. Buzz – Qual é a história do Diário de Ja-careí?

Ulisses – Comecei meu interesse pelo jor-nalismo na Folha do Povo, com o senhor Porto. Fundei o Diário de Jacareí em 1968, que circulou quinzenalmente nas primeiras edições. Eu botei Diário para não perder o nome. Buzz – Como o senhor o vê o Diário de Jacareí hoje?Ulisses – Houve uma evolução. Só que in-felizmente Jacareí não dá o apoio que deve-ria dar à imprensa da cidade. Infelizmente,

Ulisses: “Mágoa não tenho porque não sou de guardar mágoa. Se teve alguma coisa, não chegou ferir porque estou inteirinho aqui”.

Foto: Kiko Sanches

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tais publicados. Isto serve de documento. Até para uma empresa há necessidade do jornal como prova. A imprensa escrita tem tudo para cada vez crescer mais.Buzz – O que é melhor para um jornal do interior: trabalhar junto com uma adminis-tração ou ser autônomo em relação ao po-der vigente?Ulisses – Ser independente, mas é compli-cado. O jornal do interior infelizmente pre-cisa do apoio do poder público, através dos atos oficiais, comunicados e editais. Isso não quer dizer que ele fique escravo. Buzz – Qual foi a manchete que o senhor mais gostaria de ter publicado?Ulisses – “Jacareí é a primeira cidade do Vale do Paraíba”. Em tudo, hospedagem, administração, as indústrias, o comércio, para viver e povo bom.Buzz – Como o senhor se informa – rádio, jornal ou televisão?Buzz – Hoje, a televisão tomou conta. Eu não deixo de ler o jornal, inclusive o Diário de Jacareí. Buzz – O que o senhor acha do fim da obri-gatoriedade do diploma para exercício do jornalismo?Ulisses – O diploma é importante para o jornalista. É a maneira de ele mostrar que fez um curso, que tem conhecimento e que não é uma pessoa qualquer. A faculdade de Jornalismo é tão fundamental como a de Direito, Filosofia, Medicina. Foi uma luta muito grande para ter uma faculdade de jornalismo no Brasil. A primeira foi a Cásper Líbero.Buzz – Se o senhor pudesse dar um conse-lho para fazer algo por Jacareí, qual seria?Ulisses – A nossa cidade deveria ter cresci-do bem mais. Estamos um pouco parados ainda. Ela tem um potencial muito grande e falta muita coisa. Levando-se em conta as necessidades e as dificuldades, acho até que está indo bem agora. Está tomando um ritmo. O problema de Jacareí foi político. Os políticos daquela época faziam questão de cuidar deles. Arrumar coisas para eles. Interesses deles. Esqueciam da cidade. Hoje, essa filosofia mudou bastante. Temos que lutar pelo desenvolvimento da cidade, mas que ela se beneficie disso. Buzz – Defina Jacareí.Ulisses – Jacareí é uma cidade muito boa para viver. Povo bom e simpático. Falta um pouco de idealismo em certas situações. Nós, moradores de Jacareí, deveríamos apoiar mais aqueles que têm interesse em fazer algo pela cidade. Buzz – O que é a vida?Ulisses – A vida é o bem viver. Se ela não for o bem viver, não interessa a vida. Fazer o que com a vida. O que é o bem viver? De-pende de nós. Todos nós juntos. Eu posso ver uma pessoa com algo e dizer que não posso ter algo tão bonito quanto o que ela está usando. Temos que pensar que posso ter um igual a esse ou melhor.Buzz – O que o senhor espera encontrar após a morte?Ulisses – Espero encontrar aquilo que es-tou construindo aqui. Anjos maravilhosos me recebendo e que me arrumem um lu-

garzinho onde eu possa fazer mais do que pude fazer até aqui. Buzz – Qual é a relação do senhor com a fé?Ulisses – Fui batizado na igreja católica, mas minha família era evangélica. Eu leio a minha Bíblia Sagrada todos os dias. Gos-to de participar das missas. Continuo com aquilo que meus pais me ensinaram que é ler a Bíblia todos os dias e praticar alguma coisa que tenha nela. Religião para mim é isso. Na igreja católica, há excelentes pes-soas, na espírita também, todas têm. De-pende de cada um praticar a sua crença.Buzz – O senhor acredita em democracia?Ulisses – É uma liberdade que nem todos entendem. Não é fazer o que bem enten-dem. Democracia deve ser entendida como a minha liberdade termina quando começa a sua. Quando é a história que só você tem liberdade, não tem mais democracia. Preci-sa que todos soubessem o que é democra-cia para conviver pacificamente. Não cada um ser dono do seu nariz e esquecer que o outro também tem nariz. Buzz – Qual é sua opinião sobre a família?Ulisses – Acho que a família jamais será extinta. Algumas pessoas retrógradas ten-tam acabar com a família. Família é um conjunto de pessoas que se ajudam mutu-amente. Que bom seria se o mundo todo fosse formado por família. Seria ideal. Não sei que tipo de evolução estão pretendendo. Buzz – Qual sua opinião sobre o cresci-mento imobiliário de Jacareí?Ulisses – Nessa área, no meu tempo foi pior. Se todos participarem um pouco com publicidade para jornal seria muito bom para a imprensa da cidade. Buzz – A última pergunta é um espaço que abrimos para nosso entrevistado falar o que sempre quis e não teve oportunidade.Ulisses – Eu acho que a gente nunca está satisfeito. Na minha época de jornalista, muita coisa fui obrigado a engolir e não publicar. Como advogado também. A lei não permite essa liberdade toda. A própria lei considera errado tudo o que a gente quer fazer ou falar. Mas a gente não considera errado. Necessitamos de mais liberdade para falar o que quisermos. Quando você quer falar e muitas vezes não pode porque é tangido pela lei. E a lei não é divulgada e você pode ferir um princípio de lei.

as pessoas daqui não dão a publicidade que deveriam dar aos veículos locais. Só eu sei como foi difícil manter o Diário de Jacareí. Eu não me desliguei de uma vez do jornal. Fui continuando. No entanto, a idade vai chegando, a gente vai deixando tudo de lado. Hoje, não temos nenhum relaciona-mento profissional com o jornal. Mudou o dono e a gente perde o contato. Pelo tama-nho de Jacareí, ela deveria ter dois jornais diários. Têm grandes indústrias e não tem grandes jornais diários. Parece que não se prestigia o que é de Jacareí e as pessoas de fora ainda levam anúncios do comércio da cidade. No meu tempo, a gente fazia mi-lagre.Buzz – O senhor se arrependeu de algo que desejava ter feito no Diário de Jacareí?UIisses – Eu não me arrependo de nada porque tudo que era possível fazer sem ne-nhum apoio foi feito. Eu sinto é a falta de apoio da cidade e das autoridades na época. As pessoas queriam ser elogiadas. Se você quisesse fazer criticas, ou qualquer coisa, não ajudavam. Apoio do próprio comércio e da indústria era muito pequeno. Agora, não sei. Eu respondo aqui pelas coisas que ocorreram na minha época. Atualmente, não posso falar nada porque estou fora da imprensa.Buzz – Que notícias que o senhor gostou de publicar?Ulisses – Difícil. O jornal era diário. Você me pega de surpresa. De modo geral, o Di-ário de Jacareí sempre procurou dar as boas notícias. Gostávamos de mostrar a cidade. O nosso grande amor é a nossa cidade, em-bora eu não seja filho [de Jacareí], tenho uma dedicação especial por esse municí-pio.Buzz – Por que é tão difícil fazer jornalis-mo no interior?Ulisses – No interior, é difícil. Em Jacareí, é pior ainda. O primeiro que deu esse passo aqui fui eu. Mas não foi fácil, foi bastante difícil. O comércio e a indústria não inte-ressam muito. Até entenderem que preci-sam divulgar o que têm demorou bastante. O básico é a falta de apoio. Havia algumas autoridades que desejavam pagar para falar bem delas. Porém, não era esse o objetivo do jornal.Buzz – O senhor tem mágoa de alguma coi-sa quando comandou o jornal?Ulisses – Mágoa não tenho porque não sou de guardar mágoa. Se teve alguma coisa, não chegou ferir porque estou inteirinho aqui. Buzz – De que o senhor se orgulha em sua trajetória como jornalista?Ulisses – O jornal Diário de Jacareí é im-portante por ter sido o primeiro diário da cidade. Acreditamos na cidade que não es-tava acostumada com imprensa local todo dia nas bancas. O que havia na época eram periódicos mensais, semanários e quinze-nais. Buzz – O senhor acredita que a imprensa escrita está com seus dias contados?Ulisses – Não acredito em hipótese alguma que a imprensa escrita acabe. O papel tem uma função muito importante como os edi-

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os doUtores da

felicidadeHá dois anos promovendo alegria junto a crianças hospitalizadas, seus familiares e os profissionais da saúde, o Projeto Douto-res Coloridos amplia suas visitas a partir de agosto. Eles estarão duas vezes por semana na Santa Casa de Jacareí, além de outras duas no Hospital São Francisco de Assis. O publicitário Edimilson Moraes, o Dr. Pipo-ca, e o ator João Gonçalves, o Dr. Tim Tim, já “atenderam” mais de 10 mil pessoas, en-tre crianças e adultos, nesses dois anos.

A história da dupla começou separada-mente. Morais teve câncer e passou por um tratamento difícil no Hospital São Francis-co. Ele acreditava que jamais poderia ter filhos em função da doença. Porém, conse-guiu se curar e hoje tem dois filhos. Duran-te seu tratamento, ele observou que faltava alegria nos quartos de hospitais. Foi aí que nasceu o palhaço Pipoca como uma espécie de dívida com o São Francisco. Ele primei-ramente realizou visitas sozinho, mas fal-tava algo para aquele trabalho deslanchar de vez.

Gonçalves, o Dr. Tim Tim, contava his-

tórias nos asilos e creches da cidade. Ele lembra à reportagem da Buzz que precisa-va de um palhaço quando soube do traba-lho de Moraes. Eles acabaram se reunindo e formaram os Doutores Coloridos. O pro-jeto começou primeiramente no São Fran-cisco. Desde então, fizeram cursos de espe-cialização para aprimorar no atendimento às pessoas hospitalizadas.

Gonçalves recorda que teve um sonho em que um médico palhaço levava um co-lorido aos quartos de hospitais. Daí a ba-tizar o projeto foi fácil. Segundo ele, isso ocorre de fato porque todos sorriem ao notar a presença dos palhaços pelos cor-redores e quartos hospitalares. “A alegria contagia”, diz.

Além de ampliar o número de visitas - atualmente eles dedicam 16 horas ao proje-

Doutores Coloridos atenderam mais de 10 mil pessoas em dois anos

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to - Tim Tim e Pipoca recebem o apoio de um músico convidado uma vez por mês.Gonçalves ressalta que o projeto possui identidade própria em relação a outros tra-balhos, como os “Doutores da Alegria”. Pipoca, músico profissional, toca violão nas visitas. Tim Tim é contador de histó-rias, num trabalho paralelo ao desempenho de palhaço. Eles também visitam escolas, creches e asilos, não somente hospitais.

As visitas são um roteiro certo de mui-ta emoção tanto para as pessoas hospitali-zadas, profissionais da saúde e os próprios palhaços. Nesses dois anos, os empreen-dedores do projeto colecionam histórias de muita emoção. Gonçalves se lembra de uma criança na UTI que precisou en-contrar com a dupla para regularizar a es-tabilidade cardíaca necessária para entrar numa sala de cirurgia. O palhaço Pipoca, devidamente trajado como tal, já partici-pou do velório de uma senhora de 50 anos que conheceu no setor oncológico do hos-pital. Os próprios familiares da paciente o chamaram para fazer a última homena-gem. Um senhor de 60 ouviu as músicas que mais gostava dos palhaços coloridos antes de morrer.

Tanto Morais como Gonçalves dese-jam ir muito além com seu projeto. Inte-gram suas metas ensinar mais pessoas a trabalhar como palhaço de hospital, aten-der todos os hospitais de Jacareí e ter um espaço definitivo para dar cursos às crian-ças. A disposição dos Doutores Pipoca e Tim Tim parece ter colocado um colorido para sempre nas salas cinzentas dos hospi-tais da cidade.

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Fotos: Divulgação

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Vencer a dependência pela reeducação

A palavra Ebenezer quer dizer “pedra de auxilio” segundo a Bíblia. O Desafio ao Jovem Ebenezer (DJE), de Jacareí (Rodo-via Dom Pedro I, km 10, Parateí), é um dos poucos locais para tratamento de usuários de drogas, cujas famílias não dispõem de recursos para internação em clínicas de de-sintoxicação particular. Criada há 29 anos por José Conceição Barreiros, atende 1500 pessoas por ano e possui unidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Norte.

Na sede nacional da entidade em Ja-careí, há atualmente 104 pessoas, entre internos e voluntários. No país inteiro são cerca de 600. Os recursos para manter essa estrutura vêm do incentivo das famílias que podem fazer doações ao internar um paciente. No entanto, a entidade também aceita quem não tem condições de fazer uma doação. Há ainda a verba que chega das igrejas evangélicas e empresários.

O presidente nacional do Desafio Jo-vem Ebenezer, Aldemi Gomes de Paiva, diz que necessita de recursos para aplicar em estrutura e transporte. Segundo ele, a

dificuldade é com a frota, que é muito ve-lha e apresenta problemas constantes. O Desafio Jovem criou uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Os-cip) para permitir que os doadores possam abater suas doações no Imposto de Renda. Paiva comemora uma resolução baixada pela Presidência da República, a de nº 29, que deverá beneficiar entidades terapêuti-cas como o Desafio Jovem Ebenzer.

Tratamento – O foco do tratamento é a espiritualidade, mas sem desprezar a parte médica que é realizada em parceria com a rede pública de saúde. Paiva ressalta que a entidade atende pessoas de todas as reli-giões. Para exemplificar o tratamento, ele cita o texto bíblico que diz: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João, capítulo 8, versículo 22). “O usuário chega aqui vivendo no mundo falso e nós propo-mos uma mudança de vida fundamentada em Cristo, diz. “Ele é reeducado”.

Para obter o sucesso esperado no trata-mento, o interno é submetido a uma disci-plina rígida, que começa às 6h30 e termina somente às 21h30. Ele participa de ativi-

dades na agricultura, artesanato e estudos diversos.

No na unidade carioca, Paiva cita uma parceria de sucesso com a Petrobras. A es-tatal viabiliza cursos profissionais para os internos do Desafio Jovem, visando sua reinserção no mercado de trabalho após o tratamento. Ele diz que gostaria de ver essa parceria também em Jacareí.

Segundo Paiva, o interno passa por quatro fases para ser reinserido na socieda-de e no mercado de trabalho. Na primeira, com duração de 30 dias, ele não tem conta-to com a família. Na segunda fase, de 30 a 60 dias, ocorre a visita dos parentes. Na ter-ceira fase, 60 a 90 dias, há a possibilidade de ligar para casa. A quarta fase, 90 a 150 dias, ele é reinserido na família progressi-vamente. O objetivo, segundo Paiva, é que o interno conquiste cada etapa.

O presidente da entidade diz que a fa-mília é muito importante na recuperação de um usuário de drogas. Por isso, é realizado almoço com as famílias e palestras com técnicos do Desafio Jovem Ebenezer para ocorrer uma reinserção com sucesso.

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Responsabilidade – O ex-militar da aeronáutica Luis Carlos Imediato, de 43 anos, atua hoje como coordenador geral da unidade de São Jose dos Campos e Apoio Regional. Imediato é um dos recuperados pelo Desafio Jovem Ebenezer. Ele conta que primeiro começou com o álcool – a porta de entrada de todos os vícios. Depois, relata que usou maconha e cocaína. O ex-militar foi internado em 2007, voltou para a sociedade, mas teve uma recaída e retornou à entidade em 2008.

Segundo ele, o processo de recupera-ção foi muito difícil e o afastou da família. Hoje, Imediato conta que possui família restaurada e reestruturada graças ao tempo que ficou no Desafio Jovem Ebenezer. Por isso, decidiu participar do projeto junta-mente com a esposa e os filhos.

Paiva lembra que a entidade se preocu-pa também com o pós-tratamento. Ao sair definitivamente, o interno é obrigado a vol-tar de 15 em 15 dias para atividades e pre-enchimento de relatórios. Depois, o retorno passa para uma vez por mês até a pessoa ser novamente inserida na sociedade e no mercado de trabalho.

Para saber mais:www.dje.org.brFone (12) 3956-3506

Entidade atende média de 1500 pessoas por ano

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Aldemi Gomes de Paiva (detalhe) diz que necessita de recursos para aplicar em estrutura e transporte

Ex-militar Luis Carlos Imediato que passou pelo DJE em 2007 e 2008; no detalhe, o presidente da Igreja Javé Nissi, Robinson Guedes, um dos apoiadores da entidade

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aFOGadOEsta receita é originária do Vale do Paraíba e foi elaborada pelos tropeiros em busca do ouro de Minas Gerais

Ingredientes:

- ¼ de xícara de azeite ou óleo- 2 colheres de sopa de alfavaca (manjeri-cão grande) picada- 2 colheres de sopa de cebolinha picada- 2 colheres de sopa de hortelã picada- 2 colheres de sopa de salsa picada- 1 colher de chá de sal- 1 kg de acém cortado em cubos peque-nos- 100 g de toucinho fresco cortado em cubos- 3 litros de água- 2 dentes de alho- 1 cebola grande picada- 2 folhas de louro- 1 pitada de colorau

Modo de Preparo:

Frite a carne no azeite ou óleo até dourar. Acrescente o toucinho, a ce-

bola, o colorau, o sal, o alho, o lou-ro e a água. Deixe cozinhar em fogo alto por 1h30 ou até a carne ficar macia e desfiando. Se necessário,

junte mais água (sempre quente). Quando estiver no ponto, prove o sal, adicione a alfavaca, a cebolinha, a hortelã e a salsa. Mexa e sirva.

Foto: Arquivo

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Noite de Queijos e Vinhos da Associação Médica de Jacareí

Evento ocorreu na Delma Buffet para comemorar 31 anos da AMJ e o lançamento do site

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