brucelose bovina

download brucelose bovina

of 55

Transcript of brucelose bovina

BRUCELOSE BOVINA

MSc. Sandro Patroca da Silva Mdico VeterinrioBelm-PA 2011

OBJETIVO GERAL:

Discutir os principais epidemiolgicos e clnicos da bovina.

aspectos brucelose

OBJETIVOS ESPECFICOS:

Conceituar brucelose bovina; Destacar os principais fatores que contribuam para a instalao, manuteno e disseminao da Brucella abortus em criatrios de bovinos;

OBJETIVOS ESPECFICOS:

Identificar as principais alteraes clnicopatolgicas de bovinos com brucelose; Comentar a importncia zoontica da Brucella abortus.

A brucelose uma doena contagiosa provocada por bactrias do gnero Brucella. Produz infeco caracterstica nos animais, podendo infectar o homem. Sendo uma zoonose de distribuio mundial, acarreta problemas sanitrios importantes e prejuzos econmicos vultosos.

Sir David Bruce 1886 Estudou a doena em soldados acometidos na ilha de Malta; Sir David Bruce 1887 Isolou em meios de cultura (Micrococcus melitenses); Bang e Stribolt 1897 Cultivaram e isolaram o agente de abortos bovinos;

Wright 1896 Idealizou uma soro-aglutinao lenta; Zammit 1905 Identificou o soro de cabras em Malta com reao positiva ao teste de Wright, e isolou o agente no leite destes animais; Traum 1914 Isolou o agente em sunos; Evans 1918 Prosps o nome genrico Brucella;

Buddle e Boyes 1953 Isolaram em ovinos na Austrlia; Stoenner e Lachman 1957 Isolaram nos EUA, o agente em um rato do deserto; Carmichael 1966 Isolou o agente em ces dos EUA. Ross et al. 1994 Isolaram na Esccia a Brucella em mamferos marinhos.

Tabela 1: Espcies de Brucella, seus hospedeiros e o significado clnico da infeco. Espcies de Brucella B. abortus Hospedeiros comum/importncia clnica Bovinos/aborto e orquite Espcies ocasionalmente infectadas/importncia clnica - Ovinos, caprinos e sunos/abortos espordicos - Equinos/bursite - Humanos/febre intermitente e doena sistmica - Bovinos/aborto espordicos e brucelas no leite - Humanos/febre de Malta e doenas sistmicas graves - Humanos/febre intermitente e doenas sistmica

B. melitensis

Caprinos e ovinos/aborto, orquite e artrite

B. suis

Sunos/aborto, orquite, artrite, espondilite e infertilidade

Fonte: QUINN et al, 2005.

Tabela 1: Espcies de Brucella, seus hospedeiros e o significado clnico da infeco. (continuao slide anterior) Espcies de Brucella B. ovis Hospedeiros comum/importncia clnica Ovinos/epididimite em carneiros, abortos espordicos em ovelhas Ces/aborto, epididimite, discoespondilite e esterilidade em ces machos Ratos do deserto/no isolado de animais domsticos - Humanos/doenas sistmicas moderadas Espcies ocasionalmente infectadas/importncia clnica

B. canis

B. neotomae

Fonte: QUINN et al, 2005.

Gnero: Brucella Espcie: Brucella abortus2

1

Figura 1: Colnias de Brucella abortus em gar sangue. Fonte: http://www.cbwinfo.com/Biological/Pathogens/BM.html Figura 2: Brucella corada pela tcnica de gram, presena de cocobacilus gram negativos. Fonte: http://emedicine.medscape.com/article/962194-overview

Tabela 2: Crescimento de espcies de Brucella de importncia veterinria.Espcie de Brucella Nmero de biotipos 7 3 5 1 1 Requerim ento para CO2 V + Produo de H2S Atividade de Urease + V + + Crescimento em meios contendo Tionina 20 g/mL V + + + + Fucsina bsica 20 g/mL V + V -

B. abortus B. melitensis B. suis B. ovis B. canis

V V -

V: reaes variveis a diferentes biotipos. Fonte: QUINN et al, 2005.

A brucelose est amplamente disseminada por todo o mundo, ainda que haja pases que j a erradicaram, tem grande importncia econmica em muitos partas do mundo, particularmente entre os bovinos leiteiros.

No Brasil diferentes trabalhos vem demonstrando a presena da Brucella abortus.Tabela 1: Prevalncia de Brucelose bovina nas diferentes regies do Brasil. Regies do Brasil Norte Nordeste Centro-oeste Sudeste SulFonte: COSTA, 2001.

Prevalncia (%) 8,45 4,53 2,69 1,51 1,19

No estado do Par diferentes trabalhos vem demonstrando a presena deste agente:

Figura 1: Progresso da infeco por Brucella abortus em bovinos adultos susceptveis. Fonte: QUINN et al, 2005.

Figura 1: Progresso da infeco por Brucella abortus em bovinos adultos susceptveis. Fonte: QUINN et al, 2005. (continuao slide anterior)

Em fmeas bovinas o principal sintoma observado o abortamento:2

1

Figura 1: Feto abortado no tero final da gestao. Figura 2: Placenta bovina, necrose em placentomas. Fonte figura 1 e 2: http://www.mcguido.vet.br/brucelose.htm

No h nenhuma leso caracterstica da brucelose no feto abortado, mas, com frequncia, observa-se broncopneumonia supurativa.

Mastite:2

1

Figura 1: Mastite bovina. Fonte figura 1: http://www.minerthal.com.br/home/doencas.asp?ar=7 Figura 2: Presena de grumos no teste da caneca de fundo escuro. Fonte figura 2: http://www.rehagro.com.br/siterehagro/publicacao.do?cdnoticia=1879

Nos machos geralmente pode causar epididimite e orquite:

Figura 2: Orquite buclica em touro. Fonte: http://www.mcguido.vet.br/brucelose.htm

Em machos e fmeas podem surgir higromas e bursites interescapular geralmente observados em matadourosfrigorficos:

Figura 2: Presena de abscesso na musculatura. Fonte: Prof. Dr. Alexandre do Rosrio Casseb.

Achados de matadouro-frigorfico:2

1

Figura 1 e 2: Presena de abscesso na musculatura. Fonte figuras 1 e 2: Prof. Dr. Alexandre do Rosrio Casseb.

Direto: identificao do agente ou material gentico.

Cultural em meios especficos Imunohistoqumica Reao em cadeia mediada pela polimerase (PCR)

Indireto: deteco de anticorpos (IgM, IgG, IgA, IgD e IgE)

Sorologia

Imunoglobulinas

Figura 2: As cinco classes de anticorpos. Fonte: http://www.emc.maricopa.edu/faculty/farabee/biobk/biobookimmun.html

Quando realizar os testes de diagnstico para brucelose?

Em fmeas vacinadas (3-8 meses de idade). Em fmeas no vacinados e machos.

Provas de triagem:

Teste de Soroaglutinao com Antgeno Acidificado Tamponado (AAT) Teste do Anel em Leite (TAL)

Provas confirmatrias:

Teste de soroaglutinao lenta em tubos (SALT) Teste do 2-Mercaptoetanol (2-ME) Fixao de Complemento (FC)

Outros testes:

Teste de Elisa Indireto (I-Elisa) Teste de Elisa Competitivo (C-Elisa) Teste de Polarizao de Fluorescncia (FPA)

Teste do Antgeno Acidificado Tamponado (AAT)

Adicionar 30 L do soro a ser testado para cada 30 L do antgeno para AAT; Homogeneizar por 4 minutos

Figura 3: Antgeno para a prova do AAT.

Teste do Antgeno Acidificado Tamponado (AAT)

Qualquer reao visvel considerado como animal reagente.Soro reagente Soro no reagente

Figura 4: Teste do antgeno acidificado tamponado.

Teste do Antgeno Acidificado Tamponado (AAT)

Vantagens Desvantagens

Teste do Anel em Leite (TAL)

Em tubos de 10mm x 100mm adicionar 1 mL (em rebanhos maiores pode usar 2 ou 3 mL) de leite + 30 L de antgeno, depois homogeneizar bem; Incubar por 1 h em estufa a 37C.

Teste do Anel em Leite (TAL)1 2

Reao negativa

Reao positiva

Figura 5 e 6: Teste do anel do leite.

Teste do Anel em Leite (TAL)Vantagens Desvantagens

Teste de soroaglutinao lenta em tubos (SALT) e Teste do 2-Mercaptoetanol (2ME): 12

Figura 7: Antgeno preparados para a prova do 2-Mercpatoetanol. Figura 8: Antgeno para a prova do 2-Mercpatoetanol.

Teste de soroaglutinao lenta em tubos (SALT) e Teste do 2-Mercaptoetanol (2-ME)1 21:25 1:50 1:100 1:200

Figura 9 e 10: 2-Mercaptoetanol.

Teste de soroaglutinao lenta em tubos (SALT) e Teste do 2-Mercaptoetanol (2ME)

Vantagens Desvantagens

Quadro 1: Interpretao da prova do 2-ME para fmeas com idade igual ou superior a 24 meses e vacinadas entre 3 e 8 meses de idade. Teste de soroaglutinao lenta (UI/mL) 50 100 25 Teste do 2-ME (UI/mL) < 25 < 25 25 Interpretao negativo inconclusivo positivo

Fonte: MAPA - PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE E ERRADICAO DA BRUCELOSE E DA TUBERCULOSE ANIMAL (PNCEBT) MANUAL TCNICO, 2006.

Quadro 2: Interpretao da prova do 2-ME para fmeas no vacinadas e machos com idade superior a 8 meses. Teste de soroaglutinao lenta (UI/mL) 25 50 25 Teste do 2-ME (UI/mL) < 25 < 25 25 Interpretao negativo inconclusivo positivo

Fonte: MAPA - PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE E ERRADICAO DA BRUCELOSE E DA TUBERCULOSE ANIMAL (PNCEBT) MANUAL TCNICO, 2006.

Figura 12: Esquema do diagnstico da brucelose. Fonte: MAPA - PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE E ERRADICAO DA BRUCELOSE E DA TUBERCULOSE ANIMAL (PNCEBT) MANUAL TCNICO, 2006. (Adaptado)

Animais reagentes

Abate sanitrio ou destruio.

Figura 11: Bovino com marcao reagente para brucelose. Fonte: http://www.cptcursospresenciais.com.br/bovinos/? pagina=noticias.

Diagnstico diferencial:Diarria viral bovina (BVD) Leptospirose Rinotraqueite viral bovina (BVR) Mastite por outros microrganismos

Alguns trabalhos demonstrarem a possibilidade de cura com o uso de estreptomicina e terramicina, porm o tratamento prolongado e caro; No entanto, o MAPA determinou sacrifcio de animais reagentes. o

Vacinao

Deve ser realizada somente por Mdicos Veterinrios cadastrados na Agncia de Defesa Agropecuria da estado do Par (ADEPARA) Apenas fmeas com idade entre 3 - 8 meses.Vacina B19 Vacina RB51

Marcao de fmeas vacinadas:

13 mm

Figura 1: Padro da marcao em animais vacinados contra brucelose. Fonte: Fonte: MAPA - PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE E ERRADICAO DA BRUCELOSE E DA TUBERCULOSE ANIMAL (PNCEBT) MANUAL TCNICO, 2006. Figura 11: Marcao com ferro incandescente no lado esquerdo da face . Fonte: http://www.camda.com.br/index.php?op=noticia&jr=2007_05&nt=797

1

Ano de Vacinao

2

4 cm

Higienizao (limpeza + desinfeco)

Das instalaes e utenslios; Retirada e destino adequado de materiais orgnicos (placenta e membranas fetais); Fazer o vazio sanitrio.

Propriedades livres de brucelose:AAT ou 2-ME ou FC AAT ou 2-ME ou FCLEGENDA AAT Teste do Antgeno Acidificado Tamponado

AAT ou 2-ME ou FC

-

90 - 120 dias

Acompanhamento oficial da colheita de sangue e teste realizado em Laboratrio Oficial Credenciado

-

180 - 240 dias

-

Livre

2-ME Teste do 2Mercaptoetanol FC Teste de Fixao do Complemento

Resultado negativo em 100% dos animaisFigura 12: Esquema para obteno de propriedade livre de brucelose. Fonte: MAPA - PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE E ERRADICAO DA BRUCELOSE E DA TUBERCULOSE ANIMAL (PNCEBT) MANUAL TCNICO, 2006. (Adaptado)

A forma mais comum de transmisso da brucelose para a populao em geral o consumo de leite contaminado nopasteurizado e de queijos preparados com leite in natura.

Figura 11: Ingesto de leite bovino sem qualquer tratamento trmico. Fonte: http://veganaporamoraosanimais.blog.ter ra.com.br/files/2009/08/leite2.jpg

Doena ocupacional:

Figura 11: Palpao retal de bovino. Fonte: http://www.cptcursospresenciais.com.br/?pagina=18&album=52

Doena ocupacional:2

1

Figura 1 e 2: Trabalhadores de frigorfico-abatedouro. Fonte figura 1: http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/pag/animais.htm Fonte figura 2: http://www.acontecebahia.com.br/noticia.php? id=2654&barra+ganha+matadouro+frigorifico

Sinais clnicos no homem:Mal-estar com sensao de fraqueza; Febre ondulante; Cefalia; Dores pelo corpo; Tosse; Diarria; Orquite e epididimite.

A brucelose uma zoonose importante requerendo cuidados principalmente na orientao de pessoas que trabalhem diretamente no manuseio de bovinos, alm de adoo de medidas que previnam a contaminao de animais, podendo levar a prejuzos na produo.

BESSA, M. C.; COSTA, M. e CARDOSO, M. Prevalncia de Salmonella sp em sunos abatidos em frigorficos do Rio Grande do Sul. Pesq. Vet. Bras. v. 24, p. 8084, 2004. QUINN, P.J.; MARKEY, B.K.; CARTER, M.E.; DONNELLY, W.J.C. LEONARD, F.C.; MAGUIRE, D. Microbiologia Veterinria e Doenas Infecciosas. So Paulo: ARTMED, 2005, 512 p.