BREVE ABORDAGEM SOBRE O CRIME DE FOGO ...comparação com o período homólogo do ano anterior houve...

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OPINIÃO 60 I. INTRODUÇÃO O crime de fogo posto é um problema de segurança pública muito grave, um ditado chinês diz que uma faísca pode queimar uma campina inteira, sugere que não se deve subestimar a força destrutiva potencial que um problema aparentemente menor pode causar. Uma pequena chama pode causar consequências muito graves, um pequeno foco de fogo não só pode causar prejuízos aos bens materiais e patrimoniais como também constitui uma grande ameaça para a segurança, capaz de pôr a vida dos cidadãos em perigo. O fogo posto é considerado um crime grave, porque pode criar grandes perigos e danos para as pessoas, especialmente perigo para a vida, danos para a integridade física e danos vários à propriedade. Para combater este tipo de crime, de acordo com o conceito de prevenção criminal, deve-se realizar uma análise casuística. Obtidos os resultados dessa análise procura-se estudar cada tipo de fogo posto ocorrido durante determinado período de tempo e as características psicológicas dos autores deste tipo de crime, bem como estudar a situação ambiental do local de ocorrência etc. A Polícia Judiciária de Macau, para prosseguir na concretização dos três conceitos de “policiamento activo”, “policiamento comunitário” e “policiamento nas relações públicas” e para poder prevenir com eficácia este tipo de crime, destacando no contexto do envolvimento da comunidade na acção de prevenção, a importância da ideia de que “as forças policiais são limitadas, mas as da comunidade são enormes”, tem procurado fazer a prevenção criminal com a ajuda da força comunitária, a par disso, tem estudado a legislação vigente para verificar se produz suficientes efeitos dissuasivos, tem também melhorado os conhecimentos e a técnica dos seus investigadores em relação à recolha de provas no local de crime, com vista a resolver os casos com celeridade. Para além disso, tem intensificado as acções de sensibilização, através de campanhas ao ar livre, de divulgação feita pelos órgãos de comunicação social e de realização de palestras destinadas a diferentes instituições escolares e à população, dando a conhecer ao público as consequências graves que resultam do crime de fogo posto, chamando a atenção dos cidadãos, principalmente os que fumam, para os riscos envolvidos. A PJ tem igualmente promovido a educação cívica junto das escolas, avisando os estudantes para não brincarem com o fogo e para não incendiarem, por brincadeira, materiais inflamáveis. Tem afixado panfletos publicitários nos postos fronteiriços, espaços públicos e edifícios, sobretudo nos locais mais frequentados. Na esperança que, através de diferentes medidas, seja possível sensibilizar a população, evitando a ocorrência de fogo posto, para proteger a vida e a segurança das propriedades das pessoas. Subinspectora da PJ BREVE ABORDAGEM SOBRE O CRIME DE FOGO POSTO E AS RESPECTIVAS MEDIDAS PREVENTIVAS Che Ion Fong

Transcript of BREVE ABORDAGEM SOBRE O CRIME DE FOGO ...comparação com o período homólogo do ano anterior houve...

  • OPINIÃO

    60

    I. INTRODUÇÃO

    O cr ime de fogo posto é um problema

    de segurança pública muito grave, um ditado

    ch i nê s d i z q ue u m a f a í s c a p o d e q ue i m a r

    uma campina inteira, sugere que não se deve

    subest imar a força dest r ut iva potencial que

    u m p r oble m a a p a r e n t e m e n t e m e no r p o d e

    cau sa r. Um a p e que n a ch a m a p o de cau s a r

    consequência s mu i to g r aves , u m pequeno

    foco de fogo não só pode causar prejuízos aos

    bens mater iais e pat r imoniais como também

    constitui uma grande ameaça para a segurança,

    capaz de pôr a vida dos cidadãos em perigo.

    O fogo posto é considerado u m cr ime

    grave, porque pode cr iar g randes per igos e

    danos para as pessoas, especialmente perigo

    para a vida, danos para a integr idade f ísica

    e danos vários à propriedade. Para combater

    este tipo de crime, de acordo com o conceito

    de prevenção cr iminal, deve-se realizar uma

    análise casuística. Obtidos os resultados dessa

    análise procura-se estudar cada tipo de fogo

    posto ocor r ido durante determinado per íodo

    de tempo e as características psicológicas dos

    autores deste tipo de crime, bem como estudar

    a situação ambiental do local de ocor rência

    e t c . A Pol íc i a Ju d ic i á r i a de Ma c au , p a r a

    prosseguir na concretização dos três conceitos

    d e “ p ol i c i a m e n t o a c t ivo”, “ p ol i c i a m e n t o

    comunitá r io” e “pol iciamento nas relações

    públicas” e para poder prevenir com ef icácia

    este t ipo de cr ime, destacando no contexto

    do envolv i mento d a comu n id ade na acção

    de prevenção, a impor tância da ideia de que

    “as forças policiais são limitadas, mas as da

    comu n id ade são enor mes”, t em procu rado

    fazer a prevenção cr iminal com a ajuda da

    força comunitária, a par disso, tem estudado

    a legislação vigente para verif icar se produz

    suf icientes efeitos dissuasivos, tem também

    melhorado os conhecimentos e a técnica dos

    seus invest igadores em relação à recolha de

    provas no local de crime, com vista a resolver

    os casos com cele r idade. Pa ra a lém d isso,

    tem intensif icado as acções de sensibilização,

    através de campanhas ao ar livre, de divulgação

    feita pelos órgãos de comunicação social e de

    realização de palestras destinadas a diferentes

    instituições escolares e à população, dando a

    conhecer ao público as consequências graves

    que resultam do crime de fogo posto, chamando

    a atenção dos cidadãos, principalmente os que

    fumam, para os r iscos envolvidos. A PJ tem

    igualmente promovido a educação cívica junto

    das escolas, avisando os estudantes para não

    brincarem com o fogo e para não incendiarem,

    por br incadeira, mater iais inf lamáveis. Tem

    af ixado panf le tos publ icit á r ios nos postos

    f rontei r iços , espaços públ icos e ed i f íc ios ,

    sobretudo nos locais mais f requentados. Na

    esperança que, através de diferentes medidas,

    seja possível sensibilizar a população, evitando

    a ocorrência de fogo posto, para proteger a vida

    e a segurança das propriedades das pessoas.

    Subinspectora da PJ

    BREVE ABORDAGEM SOBRE O CRIME DE FOGO POSTO E AS RESPECTIVAS MEDIDAS PREVENTIVAS

    Che Ion Fong

  • OPINIÃO

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    II . ANÁLISE DOS CASOS DE FOGO POSTO OCORRIDOS EM MACAU

    Todos os a c t os c r i m i n a i s i mpl ica m a

    existência de inf ractor. Qualquer inf ractor

    antes de actuar deve ter sido impulsionado por

    um factor de motivação, que o leva a reagir

    e, em seguida, a ter um acto consequente ─

    cometimento do crime. Este trabalho tenta, de

    acordo com os casos de fogo posto ocorridos

    nos últimos anos em Macau, fazer uma análise

    comparat iva dos factores fundamentais que

    impulsionam à prática deste acto delituoso, por

    exemplo relativamente aos autores deste tipo

    de crime e aos motivos da actuação, resumindo

    as estratégias para combater este crime.

    (I) ANÁLISE DOS CASOS DE FOGO

    POSTO OCORRIDOS NOS ÚLTIMOS ANOS

    C o n f o r m e o s d a d o s d i v u l g a d o s n o

    “Encont ro A nual do A no Novo Lunar com

    a Pol í c i a Ju d ic i á r i a” r e a l i z a d o e m 2 017,

    em 2016 foram instau rados ao todo 12.340

    processos (inquéritos, investigações sumárias,

    d i l igê n c i a s s o l i c i t a d a s e d e nú n c i a s) , e m

    comparação com o per íodo homólogo

    do ano anterior houve um aumento de

    1.035 processos, representando uma

    subida de 9,2%, entre os quais 24 estão

    associados ao crime de fogo posto.

    De acordo com o g ráf ico 1 que

    most ra os dados relat ivos aos casos

    de fogo pos to ocor r idos em Macau

    e n t r e 2011 e 2016 , e m 2011 fo r a m

    3 8 , 2 3 e m 2 01 2 , 19 e m 2 013 , 13

    em 2014, 25 em 2015 e 24 em 2016

    (número semelhante ao registado em

    2015, mas em comparação com 2014

    houve um aumento signif icat ivo, um

    aumento super ior a 90%). Confor me

    o s d a do s e s t a t í s t i c o s r e l a t ivo s a o s c a s o s

    de i ncênd ios resu l t antes dos c iga r ros mal

    apagados, não houve nenhum em 2014, 2 casos

    ocor r idos em 2015 e 6 em 2016, registou-se

    um aumento sign if icat ivo. Dos casos 1 e 2

    que seg uem pode - se ve r que , os ca sos de

    incêndio prat icados por negligência também

    podem afectar g ravemente a vida e os bens

    patrimoniais da população.

    Caso 1

    O c o r r e u e m 3 d e Fe ve r e i r o d e 2 015,

    pelas 4h00 da madr ugada , na Travessa dos

    Poços, da zona da Rua da Barca, o incêndio

    danif icou 15 motociclos, comprometendo três

    lojas e duas moradias. Recebida a queixa, os

    investigadores da PJ iniciaram a investigação,

    no cur to espaço de seis horas, conseguiram

    localizar o autor deste cr ime, que foi detido

    na sua residência , na zona da Areia Preta .

    Tr a t a - se de u m re s ide nt e , que t r aba l hava

    no sec tor de t r a n spor t e . P rel i m i na r mente

    apu rou-se que o det ido es t ava , pelas 4h30

    da madr ugada, a fumar na varanda da casa

    dos pais e at i rou para a rua, tal como fazia

    habitualmente, beatas acesas, causando assim

    o início do incêndio.

    Gráfico 1: Dados relativos aos casos de fogo posto ocorridos entre 2011 e 2016

    38

    23

    19

    13

    25 24

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    2011 2012 2013 2014 2015 2016

    Núm

    ero de Casos

  • OPINIÃO

    62

    Caso 2

    Ocor r ido em 27 de Dezembro de 2016,

    pelas 4h00 da madr ugada , per to da Escola

    Hoi Fa i d a Aven id a Nor t e do H ipód romo,

    ne le fo r a m d e s t r u íd o s 9 0 mot o c ic lo s e 4

    bicicletas, envolvendo também algumas lojas.

    Os invest igadores da PJ, recebida a queixa,

    efectuaram a inspecção ao local do cr ime e

    analisaram as imagens gravadas no sistema de

    câmaras instaladas naquele lugar, foi excluída

    a hipótese de ter sido provocado dolosamente.

    Pouco depois foi conf irmado que um cigarro

    aceso de i t a do por u m homem no loca l d a

    ocorrência esteve na origem do incêndio, que

    dev ido ao vento t i n ha quei mado pr i mei ro

    diferentes objectos que al i se encont ravam.

    Esse homem, autor do descuido acabou por ser

    detido no dia 28 de Dezembro.

    No dia 29 de Dezembro, na parte da tarde,

    a PJ por in iciat iva própr ia , em colaboração

    com o Corpo de Polícia de Segurança Pública,

    Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais

    e Di recção dos Ser v iços pa ra os Assu ntos

    de Tráfego, lançou uma operação conjunta ,

    para remover os motociclos danif icados e os

    dest roços, pa ra retomar o aspecto or ig inal

    da área dos parques de estacionamento para

    motociclos. Foi feito o possível para que aquela

    zona vol t a s se ao e s t a do nor mal , ev i t a ndo

    inf luências à vida normal dos cidadãos. A par

    disso, foi pedido às lojas afectadas pelo incêndio

    que colaborassem na operação, que retirassem

    e reparassem os equipamentos danificados pelo

    incêndio, para garantir a segurança.

    (II) ANÁLISE DOS ENVOLVIDOS

    No â mbi to d a s med id a s de p revenção

    c r i m i n a l , q u e v i s a m e v i t a r a o c o r r ê n c i a

    d e c r i m e s , o s a u t o r e s s ã o v i s t o s c o m o

    u ma or ient ação cent ra l , a ssim, é possível ,

    estudando a sua situação f ísica e psicológica

    bem como a s i n f luênc ia s soc ia i s comu ns ,

    i m p l e m e n t a r u m c o n j u n t o d e m e d i d a s

    p revent iva s em f u nção des t a s i t u ação, do

    a m b i e n t e s o c i a l , b e m c o m o a c t u a r c o m

    medidas adaptadas ao regime sancionatór io.

    Segundo a cr iminologia , a desvantagem de

    um ambiente socia l ou onde se desen rolou

    o p r o c e s s o d e c r e s c i m e n t o , p o r e xe m plo

    uma situação de pobreza ou de desemprego,

    t e r c r e s c id o nu m a f a m í l i a p r o b le m á t i c a ,

    t e r t i d o u m e n s i n o e s c o l a r n ã o r ig o r o s o

    ou t e r v iv ido nu m meio ca rac te r i zado por

    escassa segurança , pode afecta r d i recta ou

    i n d i r e c t a m e n t e o e s t a d o

    p s i c o l ó g i c o e f í s i c o d a s

    pessoas. Relativamente aos

    mot ivos d a ocor rência de

    fogo posto acontecidos nos

    anos anter iores, a maior ia

    d o s a u t o r e s a d m i t i u t e r

    cometido intencionalmente

    e s s e a c t o c r i m i n a l p a r a

    a l i v i a r a t e n s ã o . Q u a n t o

    a o s c a s o s o c o r r i d o s p o r

    negligência, foram causados

    maioritariamente por beatas

    a i n d a a c e s a s , i s s o t e m a

    Gráfico 2: Comparação dos factores subjectivos dos infractores dos casos de fogo posto ocorridos entre 2012 e 2016

    Com Dolo54,29%

    Por Negligência0,52%

    Acidentalmente9%

    Em Situação de Deficiência Mental 2,86%

    Com Perturbações Mentais

    15,24%

    Sem Classificação9,52%

  • OPINIÃO

    63

    ver com a consciência cívica e a questão de

    descu ido g rave. Na prát ica , as pessoas em

    geral est ão bem cientes das consequências

    de um incêndio provocado por descuido, que

    pode pôr em risco a vida das pessoas e causar

    danos graves aos bens patrimoniais.

    De acordo com os dados relat ivos aos

    casos de fogo posto ocor r idos ent re 2012 e

    2016, destacam-se alguns aspectos, que podem

    ser comparados, como os factores subjectivos, a

    nacionalidade, o sexo e a idade dos infractores.

    Fa c t o r e s s u b j e c t i v o s : c o m e t i m e n t o

    d o c r i m e c o m d o l o , p o r n e g l i g ê n c i a ,

    acidentalmente, por def iciência mental e por

    doença mental. Os casos de fogo posto cometido

    com dolo ocupam 54,29%, por acidente 8,57%,

    em situação de deficiência mental 2,86%, com

    per turbações mentais na altura da actuação

    15,24% e por negligência 0,52%. (Gráfico 2)

    Nacionalidade dos infractores: predominam

    os residentes locais, com 87%, pessoas de Hong

    Kong 3%, das Filipinas 4%, da Austrália 1%, da

    China continental 2% e Vietname 2%. (Gráfico 3)

    Sexo dos infractores: a maioria dos autores

    de fogo posto é homem, 88%, mulheres 12%.

    (Gráfico 4)

    Idade dos inf ractores na altu ra da

    actuação: predominam os com 21 a 30

    anos , 31,9%, 31 a 40 anos 26,4%, 41

    a 50 anos 13,2%, 51 a 60 anos 4,4% e

    os com 61 a 70 anos 5,5%; indiv íduos

    inimputáveis 13,2% e 16 a 20 anos 5,5%.

    (Gráfico 5)

    A n á l i s e d a s i t u a ç ã o p s i c o lóg ic a

    comum nos infractores. Os motivos que

    levam à prát ica de um acto cr iminoso

    p o d e m s e r d i v i d i d o s e m d o i s t i p o s :

    internos e externos. Os motivos externos

    são as inf luências decorrentes do ambiente

    e da sociedade, por exemplo problemas

    financeiros, problemas com relações amorosas e

    pressão da sobrevivência são factores externos

    comuns, capazes de impulsionar à prática de um

    crime, destes fazem parte também as relações

    interpessoais e o ambiente social. A condição

    mental, psicológica e emocional das pessoas são

    exemplos de factores internos. Esses dois tipos

    não se excluem um ao outro e em certa situação

    até pode levar a uma mudança do outro.

    A condição psicológ ica const it u i , sem

    dúvida, o factor determinante para a prática do

    Gráfico 3: Comparação da nacionalidade dos infractores dos casos de fogo posto ocorridos entre 2012 e 2016

    87%

    3%4% 1%

    2% 2% 1%

    MacauHong KongFilipinasAustráliaChina ContinentalVietnameOutros

    Gráfico 4: Comparação, por sexo, dos autores dos casos de fogo posto ocorridos entre 2012 e 2016

    Mulheres, 12%

    Homens, 88%

  • OPINIÃO

    64

    crime. Entre os casos de fogo posto, diferentes

    autores apresentavam diferentes razões que

    os levaram a prat icar esse acto, o alvo que

    intencionavam ofender era diferente, mas as

    consequências a enfrentar acabavam por ser

    indubitavelmente as mesmas, a punição que a

    justiça impõe. O problema económico e o stress

    da vida fazem parte dos factores externos, esses

    factores levam as pessoas a sentir dificuldades.

    S e e s s a s i t u a ç ã o d i f í c i l s e m a n t ive r p o r

    u m longo tempo sem melhoramento, essas

    d i f i c u l d a d e s p o u c o a p o u c o l e v a m a s

    pessoas a ter emoções e a tentar suprimi-las.

    Quando essas emoções negativas que se vão

    acumulando dentro do indivíduo atingirem um

    ponto crítico ou ultrapassam o limite máximo

    de resistência, dão lugar a um estado mental ou

    uma depressão forte e a uma atitude anti-social,

    o que pode provocar condutas extremas, ou até

    pode levar a pessoa a cometer um acto ilícito.

    Alguns autores de fogo posto com problemas

    f inanceiros, por não conseguirem encont rar

    emprego, cometem o acto num desequilíbr io

    emocional momentâneo.

    Caso 3

    Ocor r ido em 14 de Dezembro de 2016,

    envolvia uma residente local de 26 anos, devido

    a o d e s e m p r ego e d e s p r e z o p o r u m

    amigo, decidiu queimar ofertas rituais

    no corredor do edifício onde esse amigo

    mora para se vingar, os vizinhos viram

    e denunciaram à polícia. Por sorte, não

    provocou um incêndio.

    Caso 4

    O c o r r id o a 1 d e D e z e m b r o d e

    2016, cometido por um residente local

    de se mprega do de 63 a nos , a s s íduo

    frequentador de casino, devido a elevadas

    despesas a esposa dele não tinha dinheiro

    a mais para lhe dar, o homem de repente

    ficou furioso e pegou fogo a uns papéis com um

    isqueiro e atirou-os para a cama, num instante

    o fogo espalhou-se pelo lençol e atingiu a mão

    direita da esposa, o marido não ligou ao que

    estava a passar-se, deixou a casa e saiu de Macau.

    A PJ deteve-o quando voltava para Macau pelas

    Portas do Cerco. O detido admitiu ter cometido o

    crime por não ter emprego e por isso causaram-

    lhe depressão.

    C o n f o r m e a a n á l i s e d o e s t a d o

    psicológico dos autores dos casos cometidos

    intencionalmente, entre 2012 e 2016 (gráf ico

    6), a maioria deles cometeu o crime para aliviar

    a pressão, 49,1%, por curiosidade ou fascínio

    27,3%, por vingança 7,3%, por aborrecimento ou

    depressão ou em estado de ressaca ou por causa

    de emoções violentas incontroladas, 3,6%, para

    atrair ou chamar a atenção 1,8%. Pelos vistos,

    predominam os que prat icaram o cr ime em

    estado de perturbação mental e os que actuaram

    para aliviar a pressão, mas isso é uma conduta

    ir responsável, visto que pode causar bastante

    perigo e pode pôr em r isco a ordem pública,

    prejudicar os bens pat r imoniais alheios e a

    segurança das pessoas só por uma insatisfação

    momentânea. Perante a justiça isso é intolerável,

    e leva a enfrentar uma sanção rigorosa.

    Gráfico 5: Comparação da idade dos infractores dos casos de fogo posto ocorridos entre 2012 e 2016

    16-20 21-30 31-40 41-50 51-60 61-70

    % 13,2% 5,5% 31,9% 26,4% 13,2% 4,4% 5,5%

    0,0%

    5,0%

    10,0%

    15,0%

    20,0%

    25,0%

    30,0%

    35,0%

    Igual ou Inferior

    a 15 Anos

  • OPINIÃO

    65

    Pela análise atrás feita apura-se que entre

    2012 e 2016, predominam os casos praticados

    com dolo, ou seja os infractores atearam fogo

    com intenção, tinham o seu objectivo, seguem-

    se os casos que foram praticados por causa de

    per turbações mentais ou def iciência mental.

    Os que foram cometidos por negligência foram

    poucos , mas as consequências provocadas

    foram as maiores, segundo o caso 1 e caso 2,

    pessoas negligentes at i raram cigar ros ainda

    acesos e provocaram incêndios que danificaram

    muitos motociclos, comprometendo as lojas

    daquela zona. Segundo a anál ise dos dados

    r e la t ivos à nac iona l id a de , géne ro e id a de

    dos autores deste t ipo de cr ime, pode-se ver

    que ent re os i n f r ac tores , ocupa m a maior

    percentagem os residentes de Macau, há mais

    homens que mulheres e a maior ia deles tem

    idade compreendida entre 21 e 40 anos.

    (III) ANÁLISE DO AMBIENTE

    Para que haja um incêndio, é necessária a

    presença de combustível, calor e oxigénio que

    constituem o modelo chamado “tr iângulo do

    fogo” (gráfico 7).

    Geralmente , o processo de combust ão

    r efe re - se a ocor rênc ia

    de reacção de oxidação

    de subs t âncias , subida

    d e t e m p e r a t u r a ,

    e vo l u ç ã o d o c a l o r o u

    da luz. À medida que a

    tecnologia se desenvolve,

    é p o s s í v e l e n c o n t r a r

    r e s í d u o s c o m pl e xo s e

    diversificados, nos locais

    onde houve fogo posto,

    com a ajuda de aparelhos

    avançados , ent re t anto,

    v e r i f i c o u - s e q u e é

    muito apropr iado de expl icar o signif icado

    de “combustão sem chama v isível” at ravés

    do t r iângulo de combustão. Por “combustão

    com chama” entende-se que no processo de

    combustão, verificou-se a presença do produto

    de decomposição não inibido (radical l ivre)

    como inte r med iá r io, que desencadeia u ma

    reacção em cadeia , a combustão resultante

    das substâncias surgidas no tetraedro do fogo

    (g ráf ico 7). Daí conclu i-se que pa ra haver

    combustão é necessária determinada condição,

    exceptuando o oxigénio, apenas com a chama,

    (fonte de calor) e sem mater ial combust ível

    é impossível formar o tal tet raedro do fogo,

    por outras palavras, não pode faltar nenhum

    elemento para este efeito.

    Da análise dos dados sobre os casos de

    fogo posto (à excepção dos casos ocor r idos

    em apartamento) ocorridos entre 2012 e 2016,

    predominam as motas, 27,5%, objectos pouco

    utilizados 25%, viaturas 12,5% e lixo 12,5%,

    pap elã o aba ndon a do n a v ia públ ica 10% ,

    móvel para sapatos 5% e vestuário 5% e, sofás

    abandonados 2,5% (gráfico 8). A par disso, os

    casos de fogo posto por negligência ocorridos

    no período homólogo, deram origem apenas a

    Gráfico 6: Estado psicológico dos indivíduos que praticaram dolosamente fogo posto entre 2012 e 2016

    27,3%

    49,1%

    3,6% 1,8%

    7,3%3,6% 3,6% 3,6%

    PorFascínio

    Por Aliviar a Pressão

    PorAborrecimento

    Para Chamara Atenção

    Por Vingança

    Por Depressão

    Em Estado de Ressaca

    Com Emoções Fortes

    Incontroladas

  • OPINIÃO

    66

    duas situações, beatas acesas e papéis votivos

    mal apagados , o que cor responde a 82% e

    18%, respectivamente (gráfico 9). Daí nota-se

    que, as beatas acesas são a principal causa de

    incêndio em motas, objectos pouco utilizados,

    papelão etc. Sabendo-se que as beatas acesas

    são produtos t raz idos de fora pelo homem,

    e n q u a n t o q u e o p a p e l ã o , ob je c t o s p o u c o

    utilizados e motas são objectos existentes no

    local, deste modo, o factor ambiental é muito

    importante, para além disso, a acumulação de

    papelão e lixo no espaço público pode originar

    muito facilmente um incêndio. Por outro lado,

    se eventualmente houvesse chamas num grande

    espaço de estacionamento de motas, seria muito

    per igoso, uma vez que estas têm o depósito

    d a ga sol i n a , s e def l ag r a r u m i ncê nd io , é

    possível que o calor faça subir a temperatura da

    gasolina, desencadeando a reacção em cadeia, o

    mais grave que poderia acontecer é desencadear

    uma enorme explosão.

    De acordo com os factos acima referidos

    e m c o n j u g a ç ã o c o m o f a c t o r t e ó r i c o d a

    c o m b u s t ã o , s u p o n d o q u e n i n g u é m t e n h a

    deitado chama, por exemplo uma beata acesa,

    mesmo com oxigénio, papelão, outros objectos

    ou motas, não i r ia haver incêndio, por falta

    do obje c t o de ig n içã o. Em cont r apa r t id a ,

    s e a lg ué m de i t a s se u ma bea t a a ce sa , i s t o

    provocar ia facilmente um incêndio, seja que

    ca ia pe r t o do papelã o, de obje c t os pouco

    utilizados ou de motas.

    III.PREVENÇÃO DE ACORDO COM A CRIMINOLOGIA

    Um dos temas do estudo da criminologia

    Gráfico 7: Tetraedro do fogo padrão que constitui um incêndio (fonte: internet)

    Líquidos inflamáveis e

    explosivos

    Calor

    Combustível

    Oxigénio

    Reacção em cadeia

    Aumento datemperatura

    Produção de vapor

    Produção dechamas

    Combustão contínua

  • OPINIÃO

    67

    é a prevenção do crime, que é considerado o

    objectivo final. Dado que a prevenção é criada

    pelo estudo e teoria da criminologia, por um

    lado, consiste na aplicação da criminologia, por

    outro, na conclusão da prática do controlo da

    criminalidade. As medidas preventivas viáveis

    desse tipo de crime, com base nos dados e na

    análise acima referidos, são:

    ( I ) R E F O R Ç O D A I N T E R A C Ç Ã O POLÍCIA-POPUL AÇÃO E CRIAÇÃO DE MALHAS DE JUSTIÇA NA COMUNIDADE

    Para a prossecução dos novos conceitos de

    governação na área da segurança,

    de s t a ca m- se o “ p ol ic i a me nt o

    activo”, “policiamento comunitário”

    e “ p ol ic ia me nt o n a s r e l a çõe s

    públicas”, os quais são os novos

    m o d e l o s o r i e n t a d o r e s q u e

    funcionam conjuntamente. Por

    outro lado, temos colaborado de

    forma activa com a comunidade,

    com v is t a a aprox imar mo-nos

    d a p o p u l a ç ã o , p r o c u r a n d o

    responder as suas necessidades

    reais , desencadeando d iversas

    act ividades de policiamento de

    proximidade para que a força policial se alargue

    no seio da comunidade, procurar o apoio dessa

    camada no t rabalho pol icial , concret izando

    deste modo o conceito das l inhas de acção

    governat ivas, “ ter por base as necessidades

    da população, colocando esta acima de tudo”,

    esta iniciativa não só intensif ica as relações

    entre polícia e população, como ainda promove

    a interacção, o que cont r ibu i muito para a

    prevenção e combate à criminalidade e para a

    salvaguarda da ordem. O método que devemos

    u t i l i z a r pa r a e n f r e n t a r a p opu la çã o deve

    ser t ransparente, interact ivo e pró-act ivo, e

    ainda, procura dar ajuda àqueles que foram

    per tu rbados por um cr ime para que f iquem

    aliviados do medo e do sofrimento psicológico,

    eliminando rapidamente os inconvenientes para

    a população quer em termos ambientais, quer

    em termos situacionais provocados por este tipo

    de crime.

    “A força policial tem limites, mas a da

    população é ilimitada”, portanto, considera-se

    q u e a fo r ç a d a c omu n id a d e é a ex t e n s ã o

    d a força pol ic ia l e é u m suplemento ú t i l .

    Relativamente aos casos de fogo posto, a polícia

    pode, at ravés de ajustamentos na segurança

    e na gestão, mobil izar todos os recursos da

    Gráfico 8: Tipos de objectos incendiários nos casos de fogo posto entre 2012 e 2016 (casos ocorridos ao ar livre)

    10,0%

    27,5%

    12,5%

    5,0% 5,0%

    25,0%

    12,5%

    2,5%

    Sofás Abandonados

    Papelão Motas Viaturas Móvel para

    Sapatos

    Vestuário Objectospouco

    Utilizados

    Lixo

    Gráfico 9: Comparação da origem dos casos de fogo posto por negligência (à excepção dos casos

    ocorridos em apartamento) entre 2012 e 2016

    82%

    18%

    Pedaços de papéisvotivos a arder

    Beatas acesas

  • OPINIÃO

    68

    comunidade e métodos leg ít imos, e lança r

    depois da ocorrência de um crime, um apelo ao

    público, para que este proporcione informações

    eficazes e reais acerca do incidente, com vista

    a facilitar a investigação. Se a polícia tiver o

    apoio da população em termos de prevenção

    c r iminal , descober t a do c r ime, recolha de

    provas, detenção de indivíduos etc., cria-se uma

    malha de justiça, que cobre todo o território,

    que não dá possibilidades aos criminosos de se

    esconderem. Sempre que polícia e população

    tenham o mesmo objectivo, haverá, de facto,

    capacidade de prevenir a cr iminalidade com

    eficácia e fazer diminuir a ocorrência de crimes.

    Para a população ter uma noção mais clara

    de como ar t icular com a polícia, deve haver

    orientação do policiamento de proximidade e

    da intensif icação das ligações, t ransmitindo

    informações úteis para a população, para que os

    três elementos básicos das relações públicas da

    polícia, ou seja, polícia, população e divulgação

    de informações estejam totalmente integrados.

    Para além disso, a polícia efectua visitas na

    comunidade, realiza palestras sobre a prevenção

    criminal, divulga informações policiais, tudo

    isto é indispensável para melhorar a consciência

    da população e do pessoal de administração dos

    prédios nesta matéria.

    No c a s o d e fogo p o s t o (c a s o 2) , q u e

    provocou o incêndio de 90 motas, ocorrido em

    27 de Dezembro de 2016, na Avenida Norte do

    Hipódromo, o t rabalho de acompanhamento

    destacou-se pela importância atribuída por esta

    instituição ao policiamento de proximidade e

    ainda pela estreita cooperação com os outros

    serviços públicos, no sentido de “servir melhor

    a população, e preocuparmo-nos com aquilo que

    preocupa o cidadão”, tentarmos fazer o melhor

    possível para diminuir o impacto provocado

    pelos crimes que poderão perturbar a vida da

    população.

    (II) UMA LEGISLAÇÃO DISSUASORA

    E EFICA Z PAR A A EFECTIVAÇÃO DA

    RESPONSABILIDADE PELO FOGO POSTO

    POR NEGLIGÊNCIA

    A prát ica de fogo posto pode impl ica r

    consequências muito g raves, e em Macau é

    considerado como cr ime de per igo comum,

    rege-se pelo cr ime de “Incêndios, explosões

    e out ras condutas especialmente per igosas”.

    Quem, provocar com dolo qualquer incêndio,

    criando perda de vida humana ou causando um

    prejuízo de bens superior a trinta mil patacas,

    nos termos da alínea a) do número 1 do artigo

    264.º do Código Penal, é punido com pena de

    prisão até 10 anos. Por outro lado, quanto ao

    fogo posto por negl igência , o número 2 do

    mesmo diploma, dispõe de forma expressa, que

    é punível, ou seja, se o incêndio for provocado

    por negligência e causar per igo para a vida

    ou ben s pa t r i mon ia i s , como por exemplo,

    incêndios provocados por ter lançado beatas

    de cigar ro, ter deixado incensos e pedaços

    de papéis votivos a arder, é punido com pena

    de pr isão até 8 anos e será responsável pelo

    ressarcimento civil.

    De acordo com a análise dos processos

    que deram entrada na PJ em 2016 sobre fogo

    posto, em que, de ent re 24, 25% tinha a ver

    com beat as mal apagadas , embora a causa

    do acto cr iminoso seja a negligência , a sua

    punição deve ter um cer to efeito ameaçador,

    por isso de acordo com o disposto no número

    2 do artigo 264.º do Código Penal, o agente é

    punido com pena de prisão de 1 a 8 anos. Isto

    devido às consequências muito graves destes

    incêndios, se não se aplicarem penas severas

    às pessoas descuidadas e desatentas, poderá

    haver prejuízos graves para a população por

    negl igência de out ros ou a té mesmo haver

    perda de vidas. Por isso, as penas aplicadas

  • OPINIÃO

    69

    em Macau, nesse tipo de crime, quer que seja

    praticado por negligência quer por dolo, são

    relativamente severas.

    ( I I I ) D A I N T R O D U Ç Ã O D E

    E Q U I PA M E N T O S I N O VA D O R E S D E

    INVESTIGAÇÃO À INTENSIFICAÇÃO DA

    FORMAÇÃO

    A investigação criminal tem por objectivo

    r e c o n s t r u i r a c e n a d o c r i m e , a p u r a r a s

    circunstâncias da sua or igem e identif icar o

    autor, isto é feito através de vários meios, entre

    os quais, as provas, testemunhas, verif icação

    das g ravações captadas pelas câmaras , em

    simultâneo, tendo por base o local do crime,

    com a utilização de equipamentos e métodos

    científicos, efectuam-se inspecções minuciosas

    e investigações, estudo e análise profundos,

    descoberta de pistas, recolha de provas, e ainda

    se recorre a técnicas de peritagem científ ica

    para provar a construção do crime e determinar

    os su spei tos . A con f i r mação dos fac tos é

    feita mediante provas, neste sentido, a função

    principal de um investigador é a recolha dessas

    provas. O apuramento da origem do fogo posto

    é sempre a prioridade da análise no local do

    crime, desde que se saiba a sua origem, pode-se

    determinar a sua natureza e em seguida decidir

    a instauração do processo. Há uma enor me

    dificuldade no apuramento do facto, tendo em

    conta que por um lado, as marcas provocadas

    pelo incêndio são fáceis de serem destruídas

    por causa da combustão, ou danif icadas no

    momento do salvamento das pessoas ou do

    combate ao incêndio, a mudança de posição dos

    objectos, por outro, à medida que rapidamente

    se desenvolvem a tecnologia, as ferramentas de

    ignição, os materiais combustíveis são cada vez

    mais diversif icados fazendo com que aumente

    a dif iculdade em determinar a causa de um

    incêndio.

    De acordo com a t eor ia d a prevenção

    situacional do cr ime, para os indivíduos que

    manifestam uma mot ivação óbvia do cr ime

    podemos, mediante a gestão e a concepção,

    e n t r e ou t r a s ma ne i r a s , concebe r mé t odos

    de p r eve nçã o c r i m i n a l e m z on a s onde os

    criminosos eventual ou habitualmente actuam,

    criando deste modo um ambiente de prevenção

    cr iminal especí f ico, ou seja , min imizando

    as opor tunidades para a ocorrência do crime

    em zonas com maior t endência ou t axa de

    criminalidade, com vista a prevenir esse crime.

    1. A instalação do “TeleEye”O Sistema de Monitor ização Digital da

    Cidade, também conhecido por “TeleEye”, é

    muito importante tanto no âmbito da segurança,

    c o m o n o d a i nve s t ig a ç ã o , m a s , a n t e s d e

    t udo, deve obedecer à Lei n.º 8/2005 – Lei

    da Protecção de Dados Pessoais e à Lei n.º

    2/2012 – Regime jur ídico da videovigilância

    em espaços públicos, ent re out ras leis, e no

    sent ido de proteger a pr ivacidade, devendo

    ser colocadas, com prioridade, em locais com

    maior ocorrência de crime, tais como em zonas

    de estacionamento de motas, no que concerne

    ao problema do fogo posto.

    A o s S e r v i ç o s d e P o l í c i a U n i t á r i o s

    competem a organização e coordenação do

    planeamento e disposição da instalação das

    câmaras de videovigilâncias no ter ritório, de

    acordo com o projecto, prevê-se a instalação

    de mais de 1.600 câmaras, nos próximos cinco

    anos, a qual é processada em quatro fases. A

    primeira fase de instalação consiste em colocar

    219 câmaras nos postos f rontei r iços e seus

    ar redores, as 263 e 338 câmaras da segunda

    e tercei ra fases serão instaladas nos pontos

    nevrálgicos, centro modal de transporte, pontos

    tur íst icos e algumas instalações cr ít icas; na

    últ ima fase serão colocadas 800 em lugares

    mais isolados e com r isco de segurança. A

  • OPINIÃO

    70

    primeira fase já estava concluída e em plena

    utilização, em Setembro de 2016.

    2. Mais formação no âmbito da recolha

    de provas no local e no das ciências forenses

    R e c o r r e - s e a m é t o d o s a v a n ç a d o s d e

    ext racção para efectuar testes e anál ise de

    resíduos encont rados no local onde ocor reu

    um incêndio o que facil ita o apuramento de

    acendal has , mate r ia l i n f lamável , focos de

    incêndio entre outras pistas importantes. Isto

    mostra que o conhecimento e as técnicas são

    muito importantes para a inspecção no local,

    não devendo esquecer que ter muita experiência

    é sempre indispensável para efectuar este tipo

    de inspecção. Para além disso, deve haver um

    mecanismo de comunicação entre os bombeiros

    e os investigadores encarregados para melhorar

    o t rabalho de ambas as pa r tes . Em ter mos

    gerais, os métodos técnicos para a investigação

    d e s s e t i p o d e c r i m e e a e x p e r i ê n c i a s ã o

    obtidos mediante a prática ou aprendizagem,

    d e s t e m o d o , a s a c ç õ e s d e fo r m a ç ã o s ã o

    imprescindíveis para os investigadores. Além

    disso, deve haver uma melhor ia permanente

    nos equipamentos laboratoriais e nos métodos

    usados, ao mesmo tempo, adquirir experiência

    na i nves t igação desse t ipo de ca sos ent re

    os ser v iços congéneres de out ros países , é

    igualmente indispensável para a equipa policial

    com vista a melhorar a própria eficácia.

    (IV) AS ACÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO

    DEVEM SER REALIZ ADAS DE FORMA

    ABRANGENTE PARA QUE A POPULAÇÃO

    SE ARTICULE COM AS AUTORIDADES

    POLICIAIS

    A s a c ç õ e s d e s e n s i b i l i z a ç ã o s o b r e

    a p r e ve n ç ã o c r i m i n a l d e s e m p e n h a m u m

    p a p e l m u i t o i m p o r t a n t e n o s e n t i d o d e

    proporcionar métodos ef icazes à população a

    nível da prevenção desse t ipo de cr imes. As

    formas de sensibil ização diversif icadas são

    imprescindíveis, face ao desenvolvimento da

    sociedade, e essas acções de sensibil ização

    p o d e m s e r f e i t a s a t r a v é s d o s m e i o s d e

    comunicação de massa, usando a informação

    electrónica, televisiva, a rádio ou os jornais,

    n o s a u t o c a r r o s , e m p a l e s t r a s , c a r t a z e s ,

    pa n f le tos , porém, os a r t igos publ ic i t á r ios

    c o n vé m q u e s e j a m c o n c e b i d o s d e fo r m a

    at raente para chamar a atenção do públ ico,

    simples e fáceis na explicação, para at ingi r

    desta forma o seu objectivo. A tecnologia está

    a evoluir continuamente, o desenvolvimento

    dos ar t igos elect rónicos cr ia também novas

    a p l i c a ç õ e s p a r a t e l e m ó v e i s , t a i s c o m o:

    WeChat , In s tag ram , YouTube e Facebook ,

    ent re out ras plataformas sociais, que podem

    t ransfor mar-se nu m meio de i nte racção de

    a l t a e f icá c ia e n t r e a p ol íc i a mode r n a e o

    público, vale a pena aproveitá-las. Para melhor

    implementar o modelo policial de “ t rabalho

    policial orientado para resolver os problemas

    d a c omu n id a de e o ap oio d a c omu n id a de

    a o t r a b a l h o p o l i c i a l ”, d e v e m - s e t e r e m

    consideração as expectat ivas da população,

    dinamizar os métodos de sensibilização, para

    que mais informações cheguem à população,

    coordenando o t rabalho policial. No entanto,

    no trabalho deve haver transparência, divulgar

    atempadamente os cr imes ocor r idos, lançar

    investigações e procedimentos posteriores com

    vista a esclarecer estes acontecimentos, para

    conquistar a confiança e o apoio da população,

    ob t e ndo, c omo d i z o d i t a do , “o dob ro do

    resultado com metade do esforço”.

    Por e s t a s r a z õ e s , e mb or a o s f a c t o r e s

    ambientais para a constituição de fogo posto

    s e j a m m u i t o s i m p l e s , d e a c o r d o c o m o s

    modelos do “t r iângulo do fogo” e “ tet raedro

    do fogo”, desde que falte qualquer um destes

  • OPINIÃO

    71

    factores, a ocorrência de fogo posto, sobretudo

    p o r n e g l ig ê n c i a é d i f í c i l d e s u c e d e r , d e

    qualquer modo, a população deve ter sempre

    a noção da segurança, nunca deitar focos de

    i ncênd io, sobre t udo os f u madores , devem

    ter mais civ ismo, evitando at i rar beatas de

    cigar ro para o chão, caso cont rá r io poderá

    haver consequências imprevistas, mesmo sem

    a presença de dolo, esta acção ou erro poderá

    afectar a sociedade ou a população, e o autor

    terá que ser punido.

    Para implementar o conceito de governação

    “com maior p r ior id ade na popu lação” e o

    modelo policial de “policiamento act ivo”, o

    pessoal da PJ põe, com o seu conhecimento

    p rof i s s iona l , t odo o poss ível empen ho na

    prevenção e investigação criminal, para servir

    a população, es t ando sempre à procu ra de

    fazer melhor no âmbito da invest igação dos

    casos de fogo posto e do trabalho a posteriori,

    p o r f o r m a a t e n t a r r e d u z i r o s i m p a c t o s

    causados por este tipo de crime que poderão

    afec t a r a v id a quot id iana d a popu lação e ,

    at ravés das act iv idades de pol iciamento de

    prox imidade, or ient a r a força comu nit á r ia

    n o s e n t i d o d e m e l h o r a r t i c u l a r o n o s s o

    t rabalho. É nossa opinião que, com a união

    dos serviços públicos, mais a colaboração da

    população, não haverá aumento do número

    de crimes, ao mesmo tempo, que o sistema de

    videovigilância, pode desempenhar um papel

    relevante não só no âmbito da segurança da

    comu nidade como t ambém na prevenção e

    combate à cr iminalidade, o que merece uma

    optimização permanente.

    1.2.3.

    4.

    5.6.7.

    Tsai Tung-Min, “Psicologia Criminal” (I) e (II), pela Li Ming Cultural Enterprise Co. Ltd., 1979.John N. Cardoulis. The Art and Science of FIRE investigation, 1990.Li Chunlei e Jin Gaofeng, “Teor ia e Prát ica da Prevenção da Criminalidade” pela Editora da Universidade de Beijing, 2007.Zhao Guoqiang, “Estudos do Direito Cr iminal (cont.)” da Associação de Estudo de Direito Criminal de Macau, 2014.Hu Xiangyang, “Análise do Local do Crime” pela Editora de Sistema Jurídico da China, 2010.Liu Wei-Hsiang, “Investigação criminal” pela Editora Chien Hua Publishing Company, 2001.Fonte internet: http://140.122.142.231/~chem/oldWWW/antiFire/02.htm

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