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Brasília, 24 de julho de 2014 às 09h24Seleção de Notícias

CNINEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS

Clipping Nacional

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Valor Econômico | BRTemas de Interesse | Pronatec

Presidente manterá pilares, diz Falcão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4ELEIÇÕES 2014

Temas de Interesse | Colunas e Editoriais

Um ponto de inflexão para Putin? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6OPINIÃO

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Recessão ronda indústria argentina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9EMPRESAS

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Xisto dos EUA reduz ameaça de nova crise no petróleo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10EMPRESAS

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Acidentes ampliam desafio da Malaysia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14EMPRESAS

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Argentina retém dólares e preocupa importador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16EMPRESAS

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Com baixo crescimento, Brasil deixa de ser opção ao vizinho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18EMPRESAS

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Conflitos armados em Israel e Ucrânia devem elevar frete . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19EMPRESAS

Temas de Interesse | Comércio Internacional

Sob críticas, Índia resiste a referendar acordo na OMC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21INTERNACIONAL

Temas de Interesse | Indústria

Sozinho, PIB baixo não explica pouca produtividade no país . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23BRASIL

O Estado de S. Paulo | BRTemas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Brasil quer acordo com Aliança do Pacífico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26ECONOMIA

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Folha de S. Paulo | BRCNI | Presidente | Robson Braga de Andrade

Governança para a competitividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28TENDÊNCIAS/DEBATES

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Economia mais fria aquece os fundos de participação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30MERCADO

Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Risco do Brasil descola do de emergentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32MERCADO

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24 de julho de 2014Temas de Interesse | Pronatec

Valor Econômico

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Presidente manterá pilares, diz FalcãoELEIÇÕES 2014

Por Raymundo Costa e Andrea Jubé | De BrasíliaFalcão: "Problema não é aumentar nível de emprego.É qualificação profissional"

Em eventual segundo mandato, a presidente DilmaRousseff deve manter os "dois pilares" nos quais seassenta a atual política econômica do governo, se-gundo o chefe da campanha à reeleição, o deputadoestadual e presidente nacional do PT, Rui Falcão.

"A presidente vai manter os pilares que temos ga-rantido até hoje", disse Falcão em entrevista aoValor. "Por um lado consumo, emprego, salário edistribuição de renda, e de outro prioridade aos pro-gramas sociais. São os dois pilares da nossa políticaeconômica."

Ressalvando que não é economista, Falcão falou aoser questionado sobre a baixa atividade econômica,às vésperasdaeleição presidencial, o quepoderia dei-xar o país às portas da recessão. Antes de se dar ou-vidos a previsões pessimistas que em geral não se

cumpriram, Falcão acha que o governo merece umcrédito de confiança.

"São 12 anos com o Brasil relativamente imune àmaior crise que o mundo já viveu", afirmou. "Quan-do falamos que a Europa queimou 60 milhões de em-pregos, enquanto nós geramos emprego aqui comcarteira assinada, isso não é propaganda, isso é dadoreal", disse.

Falcão enumera o que considera feitos dos governosdo PT: "Mesmo com picos eventuais, nós estamos há12 anos com inflação sob controle, coisa que não eracomum no Brasil, mesmo considerando o Plano Real- o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso en-tregou o país para nós com inflação de 12,5% aoano." Isso"semcontar as outrascoisas,nãotinha cres-cimento, não tinha investimento, não tinha dis-tribuição de renda. Era uma economia voltada para30% da população".

O presidente do PT e chefe do comitê eleitoral da pre-sidente Dilma reivindica: "Essas coisas têm que darcrédito para a nossa gestão econômica."

Questionado se o governo não tinha autocrítica a fa-zer, em relação à gestão econômica, Rui Falcão res-pondeu: "Seria muita arrogância, muita pretensãonossa, achar que nós já fizemos tudo. Não. E por issoé que nós estamos com 'Mais Mudanças' [o slogan dacampanha de Dilma]. É bom que a população queiramudança. Com a gente. Quem fez - e está fazendo há12 anos - pode mudar mais do que quem fala que vaimudar".

Falcão é deputado estadual em São Paulo e deve pe-dir licença à Assembleia Legislativa, nos próximosdias, para se dedicar em tempo integral à campanhadeDilma. Comopresidentedo PT éo chefe do comitêeleitoral e tem assento na mesa do seleto grupo decoordenadores encarregados de traçar a estratégia

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Continuação: Presidente manterá pilares, diz Falcão

eleitoral da presidente, ao lado do ex-presidente LuizInácio Lula da Silva, do publicitário João Santana,dos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ri-cardo Berzoini (Relações Institucionais), do ex-mi-nistro Franklin Martins e do ex-chefe de gabinete deDilma, Giles Azevedo.

Falcão não se aprofundou sobre a extensão da au-tocríticadeumgovernoquenão tem a"arrogância"desaber tudo,masatacouo posicionamento daoposiçãono que se refere à política econômica. "Eles estão fa-lando que o mês passado foi o menor índice de ge-ração de empregos desde não sei quando", disse."Agora, até quando nós teremos capacidade de geraremprego? Estamos com quase pleno emprego nopaís", argumentou.

"A oposição quer reduzir o nível de emprego paraconter o consumo e deter a inflação. E ficam nos co-brando que caiu o nível de emprego", disse. "Nuncase criou tanto emprego. Hoje o problema não é maisaumentar o nível de emprego. Hoje o problema é dequalificação profissional, por isso que o Pronatec[programa de ensino profissionalizante] tem meta depassar de 6 para 8 milhões de vagas".

Segundo Falcão, o projeto econômico do governoDilma é de "competitividade produtiva" para re-duzir o risco Brasil. "Como é que se faz isso?", per-

gunta, para em seguida responder: "Não como fazemos liberais e pelo que estão fazendo na Europa. Nãovamos revogar direitos, deprimir salários, promoverdesemprego". É exatamente o contrário, diz Falcão:"Nós vamos continuar investindo na capacitação damão de obra, na liberação de crédito, no pros-seguimentodos investimentos em infraestrutura e lo-gística, na simplificação tributária e nadesburocratização. Isso garante competitividade".

Sobre as críticas ao fraco desempenho do Produto In-terno Bruto (PIB), Falcão disse "o PIB que conta é oPIB do salário e do emprego". Destacou também queos investimentos externos diretos no país não ti-veram queda e que agora, no contexto dos Brics, "oschineses vão fazer um investimento grande em fer-rovias, estão se candidatando a isso, pra gente ter aferrovia Leste-Oeste, com os dois ganchos do Pa-cífico e do Atlântico".

"Tudo isso está acontecendo no país,gente", disse, aorelativizar o desempenho do PIB. "A queda do PIBchinês - embora eles estejam num patamar bom - émais acentuada do que a queda do PIB brasileiro.Cresceu 7,5%. Mas o zero deles lá é 7. Para as ne-cessidades que eles tem, para incorporar regiões ur-banas, para elevar o consumo, é muito mais difícil doque aqui a gente conviver com o PIB de um ou dois".

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Um ponto de inflexão para Putin?OPINIÃO

Por Nina L. Kruschova

Episódio traz à lembrança o caso do avião da KoreanAir Lines, há 31 anos

Quando a incompetência no Kremlin torna-se as-sassina é melhor seus ocupantes começarem a tre-mer. À medida que as notícias sobre a derrubada dovoo 17 da Malaysia Airlines na Ucrânia começam achegar à Rússia, aqueles com mais memória lem-bram-se do ataque da antiga União Soviética ao voo007 da Korean Air Lines (KAL), que em setembrocompleta 31 anos, e de suas consequências.

Na época, de início,o Kremlin mentiuao mundo, sus-tentando que não tinha nada a ver com o sumiço doavião da KAL. Depois, argumentou que o aviãosul-coreano estava em missãodeespionagemdos Es-tados Unidos. Dentro da liderança russa, no entanto,o incidente foi um ponto de inflexão. Acabou com acarreira do marechal Nikolai Ogarkov, chefe do Es-tado-Maior e linha-dura do tipo mais inflexível, cu-jas tentativas inconsistentes e nada convincentes

para justificar a derrubada do avião mostraram-seprofundamente embaraçosas para o Kremlin.

A ineptidão de Ogarkov (e sua inepta mendacidade),somada ao acúmulo de erros desde a guerra da UniãoSoviética no Afeganistão, em 1979, expuseram o es-tado avançado de decrepitude do sistema. A es-tagnação, que havia começado durante o governo deLeonid Brejnev, se agravou após sua morte em 1982.Seus sucessores, primeiro, Yuri Andropov, da KGB,e,depois,Konstantin Tchernenko,do ComitêCentraldo Partido Comunista, não apenas tinham um pé nacova quando chegaram ao poder, mas também es-tavamcompletamentemal equipados para reformar aUnião Soviética.

O grande número de vidas perdidas no Afeganistão(igual ao dos Estados Unidos no Vietnã, mas em umperíodo de tempo menor) já indicava a muitos que oKremlin estava se tornando um perigo para si mes-mo; o ataque a um avião civil parecia confirmar esseponto de vista que começava a surgir. Foi essa per-cepção que estimulou a ascensão de Mikhail Gor-batchov ao poder, assim como o apoio entre aliderança soviética a suas políticas reformistas da"perestroika" e da "glasnost".

É claro, a história não se trata de destino, mas po-demos ter certeza de que pelo menos alguns na en-tourage do presidente russo Vladimir Putin, se não opróprio Putin, tenham pensado sobre o erro deOgarkov e seu impacto na elite soviética. Afinal, oslíderes do Kremlin, Putin incluído, se definem1 peloque aconteceu e não pelo que poderia ter acontecido.

De fato, a lógica de Putin para anexar a Crimeia foimuito parecida à de Brejnev quando invadiu o Afe-ganistão: frustrar os inimigos que tentavam cercar opaís. Em 2004, falando para veteranos russos sobre ainvasão do Afeganistão, Putin explicou que haviamotivos geopolíticos legítimos para proteger a fron-

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Continuação: Um ponto de inflexão para Putin?

teira da Ásia Central Soviética, assim como em mar-ço justificou a tomada de terra ucraniana citandopreocupações com a segurança.

Na era Brejnev, políticas expansionistas refletiam anova riqueza do país, derivada das fontes de energia.A modernização e expansão militar promovida porPutin nos últimos dez anos também foi alimentadapelas exportações de energia. A recente chuva de re-cursos com as fontes de energia, no entanto, mascaraa incompetência de Putin na gestão econômica, comas receitas do governoeo crescimento agora tendo fi-cado inteiramente dependentes do setor de hi-drocarbonetos.

Além disso, a incompetência dePutinse estende mui-to além da economia. Suas forças de segurança con-tinuam brutais e sem prestar contas2; em algumaspartes do país, elas se fundiram com gangues de cri-minosos. Seu Judiciário, submisso, não satisfaz aspessoas comuns; e as instalações militares, sub-marinos, plataformas, minas, hospitais e asilos paraidosos no país explodem, desabam ou afundam3 re-gularmente, em meio à impunidade total enegligência.

Quando o apoio público à anexação da Crimeia porPutin se esvaecer - como vai acontecer - seus errosvão ficar mais evidentes à luz da catástrofe do MH17.Se o Estado russo funcionasse bem, Putin poderiacontinuar suportando a pressão dos líderes de opo-sição. Mas as acusações feitas pela oposição, de queo regime de Putin é composto por "trapaceiros e la-drões", vai reverberar mais forte, porque os russosagora podem ver os resultados4 ao seu redor.

Ao converter-se,defato, no próprioEstado, Putin,as-sim como a gerontocracia que ruiu com a ascensão deGorbatchov, é cada vez mais visto como responsávelpor todos os erros do Estado. E embora os russosmais ponderados possam ser reféns da arrogância edos erros crassos de Putin, o resto do mundo não o é.De fato, agora é improvável que seus parceiros - em

particular, os outros países dos Brics (Brasil, Índia,China e África do Sul) - possam fazer vista grossa aseu desdém pela lei internacional epela soberania na-cional dos vizinhos, como o fizeram em seu recenteencontro de cúpula no Brasil5. E os últimos esforçosde moderação da Europa nas relações com Putin pa-recem ter caído por terra e o resultado são as sériassanções que quase certamente serão impostas.

Putin tem apenas 61 anos, cerca de dez anos a menosdo que os líderes que levaram a União Soviética aoprecipício, e a Constituição lhe permite ficar no po-der por pelo menos mais dez anos. Com o PIB6 tendocrescido apenas 1,3% em 2013 - e com a pro-babilidade de as sanções acelerarem o declínio daeconomia - oorgulhopatriótico nãoserácapazdepro-tegê-lo por muito mais tempo.

Ao ter exagerado na dose no Afeganistão e mentidoao mundo inteiro sobre a queda do KAL 007, o re-gime soviético expôs e acelerou o crescimento dasraízes que tornaram seu colapso inevitável. Não hámotivo para acreditar em um destino diferente paraas tentativas de Putin de restabelecer a Rússia comopotência imperial. (Tradução de Sabino Ahumada).

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Agora é improvável que seus parceiros, em par-ticular, os outros países dos Brics (Brasil, Índia, Chi-na e África do Sul), possam fazer vista grossa a seudesdém pela lei internacional e pela soberania na-cional dos vizinhos como fizeram na recente reuniãode cúpula

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1 - www.bit.ly/1z4afUq

2 -www.huff.to/1odC6y6

3 - www.bit.ly/1pclK5a

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Continuação: Um ponto de inflexão para Putin?

4 - www.huff.to/1ugm9vB

5 - www.bit.ly/1oUMAzR

6 - www.bit.ly/1lRakVX

Nina L. Khruschova é autora de "Imagining Na-bokov: Russia Between Art and Politics" (i-maginando Nabokov: a Rússia entre a arte e a

política, em inglês), ensina relações internacionaisna The New Schoole é pesquisadora sênior no WorldPolicy Institute, em Nova York. Copyright: ProjectSyndicate, 2014.

www.project-syndicate.org

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Recessão ronda indústria argentinaEMPRESAS

Conjuntura Setor produtivo sofre com isolamento dopaís e ameaça de calote piora a situação

Por Marli Olmos | De Buenos Aires

Mesmo que consiga um desfecho positivo na ne-gociação com os credores que não participam da dí-vida reestruturada e evite o "default", o governoargentino dificilmente conseguirá reverter o pro-cesso recessivo que já castiga as empresas. O setorprodutivo já é vítima de regras que isolaram o país.Por isso, as empresas nãoprecisamesperar o prazo fi-nal das negociações, daqui a uma semana, para pla-nejar a redução no ritmo da atividade.

Mas um eventual calote tornaria o quadro ainda maiscatastrófico, na visão de analistas e empresários. "Opaís já entrou em recessão e, por isso, espera-se per-da salarial, redução no consumo e aumento na taxa dedesemprego", afirma o economista Daniel Marx, quefoi chefe de negociação da dívida argentina entre ofim dos anos 80 e início dos 90.

Entre as principais preocupações das empresas apa-rece o temor dequeo ritmo deliberação dedólares pa-ra importações, já bastante controlado pelo BancoCentral, diminua ainda mais. O aumento no custo docapital é outro receio. São raros, no entanto, os di-

rigentes de empresas que falam sobre esse ou qual-quer outro assunto que possa provocar algum tipo deretaliação por parte do Poder Público.

O ritmo da atividade industrial já começou a dar si-nais de desaceleração e foi o setor que mais puxou acontração da economia. No primeiro trimestre o Pro-duto Interno Bruto (PIB) caiu 0,8% na comparaçãocom os três últimos meses do ano passado. Numa ati-tude inédita, o governo de Cristina Kirchner re-conheceu a contração econômica. Mas tem culpadoas empresas por provocar os aumentos de preços queresultaram em uma inflação quechegou a15% nopri-meiro semestre edeve alcançar algo entre 35% e40%no ano, segundo analistas independentes.

A taxa oficial de desemprego é de 7%. Mas eco-nomistas apostam que passou de 10% e seria aindamaior não fossem os programas sociais, que tiram domercado aqueles que não procuram emprego porquerecebem benefícios do Estado.

No compasso de espera e com programas de in-vestimentos parados, os empresários assistem, de-sanimados, o governo lutar contra o relógio nasnegociações. No dia 30 termina o prazo para a ne-gociação. Se não houver acordo, o país entra em"default" oficialmente.

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Xisto dos EUA reduz ameaça de nova crise nopetróleo

EMPRESAS

Energia País se torna indispensável para equilibraroferta e consumo

Por Ed Crooks e Anjli Raval | Financial Times

Na modorrenta área agrícola do sul do Texas, pertoda cidade-fantasma de Helena, as 18 reluzentes tor-res da usina de estabilização de petróleo da Co-nocoPhillips são uma paisagem dissonante. Há trêsanos, havia apenas campos aqui, mas brotaram usi-nas para processar a enxurrada de petróleo que jorradaregião dexistodeEagleFord, aosul ea leste deSanAntonio. Estes são tempos empolgantes no setor pe-trolífero americano - e as novas unidades de pro-cessamento são a prova disso.

As perspectivas são brilhantes aqui e em uns poucosoutros países, como o Canadá. Com o fortalecimentoda oferta de petróleo bruto da América do Norte, osanalistas previram que os preços despencariam einaugurariam uma nova era de combustível barato.Mas isso não aconteceu.

A causa dessa reversão de expectativas é o fato de osgrandes avanços do xisto americano terem coin-cidido com as convulsões políticas ocorridas emgrandes países produtores de petróleo. A ins-tabilidade política observada na Líbia, no Iraque e naVenezuela alimentou preocupações com cortes defornecimento e com ameaças à oferta futura do pro-duto. As sanções internacionais impostas ao Irã, alémdisso, reduziram a oferta mundial de petróleo, e o se-tor petrolífero da Nigéria está atormentado por epi-sódios de roubo.

Não fosse a nova produção dos Estados Unidos, quereduziu significativamente as importações do país,estaríamos ouvindo falar de mais uma crise mundialde petróleo. Como fornecedor mundial de produtos

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Continuação: Xisto dos EUA reduz ameaça de nova crise no petróleo

energéticos, os EUA são, nas palavras da ex-se-cretária de Estado Madeleine Albright, "o país in-dispensável".

A ascensão de Eagle Ford foi espetacular. Os avan-ços da prospecção horizontal e da técnica da fraturahidráulica, ou "fracking" como é conhecida em in-glês, empregadas inicialmente para extrair gás na-tural do xisto, foram aplicados no país nos últimosquatro anos para produzir petróleo, com resultadosnotáveis. Eagle Ford produziu apenas 15 mil barrisde petróleo bruto ao dia em 2010, ante 838 mil barrisdia nos quatro primeiros meses deste ano, segundo oórgão regulador estadual Railroad Commission ofTexas.

Juntamente com a formação de Bakken do Estado deDakota do Norte, Eagle Ford é um dos centros do re-nascimento petrolífero americano, o responsável poruma altademais de60% daprodução depetróleobru-to do país desde 2008.

"Na década de 1970, os EUA alcançaram o que foichamado de o 'Pico do Petróleo'. Mas esse pico se re-sumiu ao petróleo convencional", diz Greg Leveille,diretor técnico da Conoco dos chamados recursosnão convencionais, entre os quais se inclui o xisto."Se examinarmos a queda que vimos na época, foi ra-dical.E todomundoprevia quecontinuaria. Mas ago-ra mudamos a trajetória da produção de petróleo dosEUA."

Apesar do surto de crescimento da produção pe-trolífera do Estado, os texanos não estão vi-venciando uma grande queda dos custos docombustível. O preço médio da gasolina no Texasera deUS$3,56 por galão (US$0,94 por litro) háduassemanas, segundo o Departamento de InformaçõesEnergéticas dos Estados Unidos, tão alto quanto opraticado no terceiro trimestre de 2011. O com-bustível só tinha sido mais caro do que isso em 2008,quando o petróleo bruto americano alcançou sua altarecorde de US$ 147 o barril. Toda vez em que en-

chem o tanque do carro, os americanos são lem-brados de que o petróleo é parte de um mercadomundial, e não local.

As exportações de petróleo bruto americano são ri-gidamente limitadas por uma legislação que remontaà crise energética da década de 1970, quando foi im-posta uma proibição a fim de sustentar as re-gulamentações de preços. As exportações dederivados de petróleo como gasolina e óleo dieselnão sofrem, no entanto, as mesmas restrições, o quesignifica que as refinarias podem vendê-los aos pre-ços mundiais. O petróleo tipo Brent, o referencialmundial de preços do produto, determina o valor pa-go pelosconsumidores americanos, eaolongodos úl-timos dois meses o Brent viveu um período deturbulência.

Em junho, o petróleo tipo Brent disparou para maisde US$ 115 o barril, uma vez que militantes do Es-tado Islâmico do Iraque e da Síria, conhecido comoIsis, na sigla em inglês, assumiram o controle de boaparte do Iraque e pareciam estar prestes a tomar a ca-pital, Bagdá. O Iraque é o segundo maior produtor daOrganização dos Países Produtores de Petróleo (O-pep), o cartel do petróleo, com uma produção de cer-ca de 3,3 milhões de barris/dia. A perda, pelosmercados mundiais, do petróleo exportado pelo Ira-que faria os preços disparar. Desde essa época, oavanço do Isis parece ter estacionado e a produção depetróleo do Iraque se manteve, em grande medida, amesma. Interessado em exportar maiores volumes depetróleo bruto, o Governo Regional do Curdistão, to-mou dois campos de petróleo próximos da cidade deKirkuk, no norte do país, e declarou que pretendia de-fender a infraestrutura do lugar. Em decorrência dis-so, o alarme do mercado em torno de um potencialcorte do fornecimento do produto originário do Ira-que perdeu força. O Brent caiu para pouco mais deUS$ 104 o barril - sua baixa recorde de três meses -em julho, neutralizando todas as altas que registrouquando o Isis varreu o norte do Iraque.

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Continuação: Xisto dos EUA reduz ameaça de nova crise no petróleo

A ideia de que os consumidores agora podem relaxarcom relação ao Iraque representa um perigoso ex-cesso de autoconfiança, no entanto. As condiçõescontinuam voláteis, e a fragilidade das forças mi-litares do país sugere que a segurança de suas ex-portações de petróleo está longe de estar garantida.Mesmo se não houver corte imediato do for-necimento, o mais recente surto de instabilidaderepresenta uma ameaça de longoprazo àprodução doIraque. A Agência Internacional de Energia (AIE), oórgão de vigilância mundial do setor, prevê que o Ira-que será o país que mais contribuirá para o aumentoda oferta de petróleo nos próximos cinco anos. O paísdeverá responderpor cercade60% do crescimento dacapacidade da Opep entre este ano e 2019. Para de-sempenhar esse papel, no entanto, ele precisa de in-vestimentos externos sustentados para desenvolverseus campos petrolíferos.

Ed Morse, diretor mundial de pesquisa emcommodities do Citibank, argumenta que, emboramuitas empresas estrangeiras operem atualmente noIraque, a recente violência tornará mais difícil atrairmais capital. Isso apesar da grande magnitude das re-servas do país e da facilidade, do ponto de vista téc-nico, de aumentar sua produção. "Quando aumentouo grau de segurança da Colômbia, as empresas vol-taram a correr ao país e a produção duplicou.Portanto, [o fator segurança] é impactante. É um im-pedimento real", diz ele.

A turbulência no Iraque teria sido menos alarmantese outros países tivessem capacidade de aumentar aoferta de petróleo para preencher qualquer lacuna.Mas os mercados mundiais de petróleo já são aper-tados.

Na Líbia a produção caiu e só agora começa a voltar asubir, após as exportações terem caído quase 90%,quandoos rebeldes bloquearam os portos, háumano.As sanções contra o Irã, motivadas por seu programanuclear, reduziram as exportações do país, e a cri-minalidade que aflige a produção da Nigéria dá pou-

cos sinais de arrefecer.

Poppy Allonby, codiretora de energia da gestora defundos BlackRock, diz que as suspensões im-previstas da produção de petróleo aumentaram sig-nificativamente nos últimos três anos. "Nos cincoprimeiros meses de 2014, 3,8 milhões de barris/diadeixaram deser extraídos, comparados àmédiaanualde 850 mil barris/dia entre 2008 e 2010", diz ela. "Oi-tenta por cento das suspensões de produção re-gistradas até esta altura do ano ocorreram em Líbia,Irã, Síria, Iraque e Nigéria e, como tais, estão ligadasà instabilidade e à segurança regionais."

As agências e analistas especializados de previsõesestão subestimando significativamente o potencialdecorte do fornecimento, mesmo no âmbitodaOpep,durante os próximos doze meses, aproximadamente.Nos últimos 15 anos, a segurança se tornou problemacada vez maior para as petrolíferas no mundo inteiro,segundo Andrew Gould, ex-principal executivo daempresa de serviços petrolíferos Schlumberger eatual presidente do conselho de administração daBG.

Antes de 2001, a Schlumberger adotou medidas desegurança em apenas dois países, Colômbia e Ni-géria, disse ele em conferência do "Financial Times"em maio. Atualmente a empresa tem de realizar ope-rações de segurança em pelo menos 20 países. "Eupessoalmente sinto que, no momento, os órgãos e osanalistas especializados em previsões estão su-bestimando significativamente o potencial de cortedo fornecimento, mesmo no âmbito da Opep, ao lon-go dos próximos doze meses, aproximadamente",diz Gould.

Em seu mais recente relatório sobre o mercado de pe-tróleo, divulgado este mês, a AIE defendeu ar-gumento semelhante, ao advertir que "o risco queenvolve a oferta da Opep continua alto".

Esses temores foram enfatizados no casodaLíbiape-

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Continuação: Xisto dos EUA reduz ameaça de nova crise no petróleo

lo Departamento de Estado dos EUA, que emitiu co-municado, este mês, em que dizia que Washingtonestava "profundamente preocupado com a per-manente violência e as atitudes de alto risco na Líbia,que poderão levar a um conflito generalizado nopaís". Embora a produção de petróleo da Líbia tenhavoltado aoperar eaprevisão équeo país retomeas ex-portações, o risco de novas suspensões continua.Muitos países do Oriente Médio e da África têm con-figuração geológica mais favorável que a dos Es-tados Unidos, ou seja, são dotados de petróleofisicamente mais acessível, diz Amrita Sen, da con-sultoria Energy Aspects, mas a segurança tem sidoseu calcanhar de aquiles.

"Vimos todo um grupo desses países, como o Iraque,que se abriram nos últimos anos, ao precisar das re-ceitas de petróleo. Mas esses país não conseguiramgarantir a segurança", diz ela.

A produção de petróleo em algumas áreas maduras,como a área do Mar do Norte ao largo do litoral bri-tânico, está em queda vertical. No mundo inteiro,muitas companhias petrolíferas sofrem com as que-das de retornos sobre o capital, uma vez que a dis-parada dos custos restringiu a lucratividade.

O Barclays detectou queos gastos das petrolíferas domundo inteiro em exploração deverão subir 6% esteano, para US$ 712 bilhões. No entanto, os grandesgrupos internacionais de petróleo dos EUA e da Eu-ropa, entre os quais o ExxonMobil, o Royal DutchShell e o Total, têm relatado queda das taxas de re-torno sobre seus investimentos. Em resposta a pres-sões de seus acionistas, eles diminuíramligeiramente seus aportes este ano. Os analistas doBarclays argumentam que este "momento de menor

investimento... levará a um período de subprodução epoderá causar um aumento estrutural dos preços in-ternacionais do petróleo".

A produção a partir do xisto nos Estados Unidos é umrecurso relativamente caro devido ao esforço ne-cessário para tirar o petróleo do solo. Mas as em-presas têm conseguido baixar esses custos, e osinvestimentos ainda estão crescendo. Poppy, doBlackRock, diz que, apesar de o aumento da pro-dução americana ser resultado das tentativas das em-presas privadas de maximizar os lucros, e não umadecisão estratégica do governo, ele teve efeito se-melhante ao compensar as perdas de produção emoutros países e ao estabilizar os preços.

"Em vista do volume do petróleo que deixou de serproduzido, o preço do petróleo seria provavelmentemuito maior se não fossem os Estados Unidos", dizPoppy.

De 2005 a 2013, todo o aumento líquido da produçãomundialdepetróleoprovém dos EUA. A perspectivados preços sempre é imprevisível, e um fator comouma significativadesaceleração daeconomia daChi-napode reduzi-los por algum tempo. No longoprazo,no entanto, a demanda dos emergentes por petróleosó vai crescer, o que exercerá pressão sobre a oferta epuxará preços para cima.

Semo aumento da produção dos EUA, a pressão teriasido enorme. A revolução do xisto já teve um im-pacto dramático. Os países consumidores de petróleodo mundo inteiro fazem votos de que ela possa con-tinuar. (Tradução de Rachel Warszawski)

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Acidentes ampliam desafio da MalaysiaEMPRESAS

Malaysia Airlines, que integra a aliança aérea Oneworld, transportou noano passado 17 milhões de pessoas para 63 destinos, com uma frota de 90

aeronaves

Malaysia Airlines, que integra a aliança aérea Oneworld, transportou noano passado 17 milhões de pessoas para 63 destinos, com uma frota de 90

aeronaves

Aviação No prejuízo há três anos, aérea estatal tentamanter clientela

Por João José Oliveira | De São Paulo

A Malaysia Airlines ainda atravessa a pior tur-bulência que uma companhia aérea pode enfrentar -uma de suas aeronaves, um Boeing 777 foi abatidopor um míssil, provocando a morte de todos os 298ocupantes. Executivos e os 20 mil funcionários daempresa têm desde o dia do acidente, em 17 de julho,amissãodeconciliar investigação, atendimentoàs fa-mílias das vítimas com a operação diária, que con-tinua.

Afinal, são 340 voos diários realizados por quase 90aeronaves, que atendem 63 destinos em todo o mun-do - nenhum no Brasil. Umamalhaqueem 2013 aten-deu 17 milhões de clientes.

Mas na mesma medida em que empresa e go-vernantes buscam culpados - russos e ucranianos seacusam pelo disparo do míssil -, uma nuvem de in-certeza se forma no radar da Malaysia Airlines.

Nunca na história da aviação civil uma companhiaaérea perdeu dois aviões, lotados de passageiros, emum período tão curto: menos de cinco meses. Emmarço último, o voo 370 da Malaysia Airlines entreKuala Lumpur e Pequim desapareceu com 239 pes-

soas a bordo.

"Aviação é antes de tudo segurança. Por isso esse é ofator mais importante em todas as companhias", dis-se um executivo de primeiro escalão de uma aéreabrasileira. "O que aconteceu com a Malaysia em ju-lho poderia ter acontecido com qualquer outra em-presa.O tempo diminuio receio,adesconfiança. Maso agravante nesse caso é que a Malaysia perdeu doisaviões em um semestre", disse o executivo, sob con-dição de não ser identificado.

Na bolsa de valores da Malásia, onde tem ações co-tadas, o valor da companhia caiu 23% desde o pri-meiro acidente, em março. No pior momento, em 19de maio, chegou a registrar 50% de desvalorizaçãoacumulada.

A Malaysia disse ontem não ter registrado uma ondade cancelamentos de reservas. A companhia ofe-receu reembolso total aos passageiros com bilhetespara todos seus voos ao longo deste ano após a quedado voo na Ucrânia na quinta-feira passada. Os pas-sageiros têm até hoje para decidir se querem manterou cancelar suas reservas.

A Malaysia Airlines garantiu ainda que "não tem ex-perimentado nenhum aumento fora do normal noscancelamentos, nem qualquer aumento perceptívelem pedidos de reembolso". Em termos financeiros,esse cenário precisa se confirmar para que sejam eli-minados maiores riscos para seu futuro.

A Malaysia fechou o primeiro trimestre com pre-juízo líquido de US$139,5 milhões. Mais que a perdano mesmo período de 2013, de US$ 87,7 milhões.

A companhia tinha em 31 de março US$ 1,1 bilhãoem caixa,ante umendividamentodeUS$3,7 bilhões,conforme dados levantados pelo diário "The WallStreet Journal" junto à empresa S&P Capital IQ. Em

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Continuação: Acidentes ampliam desafio da Malaysia

2013, a aérea estatal da Malásia perdeu US$ 368 mi-lhões e chegou ao terceiro ano consecutivo de pre-juízo líquido.

Analistas do setor aéreo apontam que uma com-binação formada por prejuízo líquido e alta ala-vancagem exige da administração foco em corte decustos e geração de receitas. Mas essa fórmula podenão ser aplicada à Malaysia Airlines.

Para esses especialistas, o governo malaio, dono de63% da aérea, deve ser chamado a aportar capital eresgatar a operação em algum momento até 2015.

Dados da Oneworld - aliança aérea global formadapor 16 companhias incluindo a Malaysia - mostramque em junho a empresa malaia tinha uma boa taxa deocupação em seus voos, de 81,9%. Esta é a quartamaior taxa de ocupação dessa aliança.

Em nota logoapós o acidente naUcrânia, aOneworldinformou que as companhias aéreas do grupo es-tavamoferecendo àMalaysia Airlines tudoo que fos-se necessário para ajudá-la.

Oneworld eTAM, companhia aéreabrasileira quein-tegra amesma aliança daMalaysia, nãoregistramref-lexos comerciais da tragédia ucraniana no Brasil.

"Uma pena", disse sobre a situação da Malaysia umexecutivo do setor aéreo brasileiro que lembrou osprêmios queaMalaysia já ganhoupelo padrão deser-viços. Em 2013, a Malaysia foi classificada como amelhor aérea da Ásia segundo o World Travel Awar-ds (WTA) e recebeu prêmios da Skytrax World Air-line Awards nos quesitos The World's 5-Star Airlinee Best Airline Signature Dish.

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Argentina retém dólares e preocupa importadorEMPRESAS

Indústria Volume diário liberado pelo Banco Centraljá caiu 25%

Por Marli Olmos | De Buenos Aires

Quem passeia pela Avenida de Mayo percebe na be-leza arquitetônica a pujança de um passado distante.Inaugurada em 1894, a via que une a Casa Rosadacom o Congresso, as maiores instituições públicasdo país, foi entregue numa época em que Buenos Ai-res recebia, junto com os imigrantes, as melhores téc-nicas de construção europeias. O emblemáticoedifício que pertence à União Industrial Argentina(UIA) conserva o estilo herdado da escola de BelasArtes da França. Mas o período de prosperidade fi-cou para trás.

A elegância do homem que dirige a UIA orna com oimponente saguão que dá acesso a sua sala, cercadapor colunas de influência romana. Nesse cenário,nãoé difícil remeter-se à época em que se comparava aAvenida de Mayo a um bulevar de Paris. Mas o pen-samento de Héctor Méndez, presidente da entidadequerepresentaaindústria argentina, concentra-se nu-ma realidade econômica sem exuberâncias. Faltampoucos dias para o governo argentino evitar novo ca-lote e isso deixa em dificuldades maiores um setorque já enfrenta os efeitos nocivos de uma recessão.

Para Mendez, mesmo com poder de negociação re-duzido, um acordo do governo com os credores quenão participam da dívida reestruturada representaria"um custo menor" para o país porque o recolocaria nocaminho que tentava abrir para voltar ao mercado in-ternacional. "Com a indenização da Repsol e acordocom o Clube de Paris parecia que estávamos em boadireção", afirma Méndez, um dirigente muito re-quisitado em reuniões empresariais.

Uma das maiores preocupações das empresas é queas restrições às importações fiquem ainda mais ri-gorosas. Se a Argentina não voltar ao mercado in-ternacional o controle da saída de divisas tende a sermais rígido. Com nível baixo de reservas de moedaestrangeira, a liberação de dólares pelo Banco Cen-tral para importadores tende a ficar cada vez mais di-fícil.

Nos últimos dias, segundo importadores, o volumediário liberado caiu 25% na comparação com o de al-gumas semanas atrás, já bem abaixo do valor so-licitado pelas empresas. "As próprias empresas jáentraram em 'default' porque não conseguem pagaros fornecedores. Em muitos casos vendemos no mer-cado argentino produtos pelos quais ainda não pa-gamos. Essa exposição é um grande risco porque nãosabemos qual será o valor do dólar quando pudermosquitar nossas dívidas. Se o peso desvalorizar vamosarcar com grandes prejuízos", afirma o executivo daárea de comércio exterior de uma empresa, que pre-fere não se identificar.

O efeito das restrições às importações afeta di-retamente as empresas brasileiras. A participaçãodos produtos brasileiros soma 17% do que o setor in-dustrial do país vizinho gasta com importação, se-gundo dados da consultoria Abeceb.

Mas existem muitas outras preocupações no meioempresarial em relação às consequências de um pos-

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Continuação: Argentina retém dólares e preocupa importador

sível calote. E até nas grandes companhias se nota opeso da ansiedade em relação aos dias que restam pa-ra o governo negociar.

"Um dos maiores problemas será o aumento do custodo capital", afirma Amancio Oneto, principal exe-cutivo da Molinos Rio de la Plata, uma das gigantesdo setor de alimentos e agronegócio, dona de marcascomo a linha de azeites "El Cocinero" e os vinhosNieto Senetiner.

"Outro problemaéquenumquadrode 'default', o con-sumo vai cair", diz Oneto. Depois de dois anos con-secutivos de crescimento, de 4%, em média, por ano,todos os analistas concordam que o país registraráquedas de consumo de pelo menos 1% este ano.

"O que não falta na Argentina é a oportunidade de ne-gócios", diz Mendez, daUIA."Mas os investimentosestão todos parados", destaca.O riscodedesempregotambém assusta os empresários, diz, que tentam evi-tar o custo de dispensar mão de obra qualificada. Res-ponsável por 20% do PIB, a indústria dá emprego a2,8 milhões de argentinos.

A indústria automobilística, aprimeira aser atingida,

tentou até aqui compensar a ociosidade com pro-gramas de licenças aos funcionários. "Mas é lógicoque num cenário de crise a população se concentra nacompra dos itens de primeira necessidade", diz.

Contexto

Quem trabalhou na Argentina na época do calote de2001 não quer voltar a viver o pesadelo. É justamentepor causa da dívida daquela época que o país está no-vamente em apuros. Um grupo minoritário de cre-dores, que não aceitou trocar os títulos nasreestruturações de 2005 e 2010, ganhou na Justiçaamericana o direito de receber a sua parte in-tegralmente.

Liderado pelo fundo NML Capital, do bilionárioPaul Singer, o grupo tem direito a US$ 1,5 bilhão.Mas o pagamento dessa dívida abre precedente paraque todoo restante - 94% dos credores -, queaceitou areestruturação, receba também a parte integral, o quedaria, nos cálculosdo governo,US$120 bilhões. Issoé quatro vezes mais do que o país tem em reservas demoeda estrangeira.

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Com baixo crescimento, Brasil deixa de ser opção aovizinho

EMPRESAS

Por Marli Olmos | De Buenos Aires

Numapalestradirigidaaempresários do agronegóciodurante a feira que o setor promove em Buenos Aireseste mês, o economista Eduardo Levy Yeyati der-rubou as esperanças de quem ainda pensava em seapoiar no principal parceiro da Argentina para fecharnegócios. "Não contem com o Brasil", disse, de for-ma direta, Yeyati, professor das Universidade deBuenos Aires edaTorcuatodiTella, duas das mais re-nomadas do país.

"Se o Brasil não cresce isso muda as políticas in-ternas do país, que tende a aumentar seu pro-tecionismo", disse Yeyati. Na Argentina, onde hápouco diálogo do setor produtivo com o governo, osempresários costumam se apoiar nas análises doseconomistas. Por isso, o cenário traçado por Yeyati,que também dirige a consultoria Elypsis, eliminou apossibilidade de, ao contrário de outras vezes, as em-presas compensarem nas exportações para o Brasil aqueda de demanda no mercado interno.

Para ele, o crescimento da economia brasileira fi-cará abaixo de 1% este ano. Na Argentina, em si-tuação pior, os analistas esperam uma contração do

Produto Interno Bruto em torno de 1,5%. Para Yeya-ti, a perspectiva de redução no ritmo de crescimentoda economia brasileira foi "dissimulado" por fatoresexternos durante a crise de 2008. O melhor remédio,nasua análise,queviria por meio dereformas, nãose-rá mais usado.

Yeyati diz que para a economia argentina, o cres-cimento do mercado brasileiro conta muito mais doque o câmbio real. O intercâmbio comercial entre osdois países soma mais de US$ 20 bilhões, o que sig-nifica que eventual calote argentino afetará di-retamente seu parceiro.

No sentido contrário, os problemas econômicos noBrasil também afetam a atividade no país vizinho.No entanto, alerta Yeyati, o quadro muda em caso decalote argentino. "Se a Argentina entrar em "de-fault", problemas no restodomundopassarãoater pe-so menor. "Na Argentina, a própria volatilidadesempre domina e apresenta o maior risco", diz.

"Mas se houver acordo com os credores haverá umrebote imediato. Conseguiremos nos aproximar dorestodo mundoe,com isso, poderemos reduzir o cus-to financeiro", destaca.

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Conflitos armados em Israel e Ucrânia devem elevarfrete

EMPRESAS

Por Fernanda Pires | De Santos

Exportadores brasileiros já contam como certo o au-mentodos fretes marítimos para embarques com des-tino a zonas de conflito armado, como Israel eUcrânia. Por enquanto, os armadores que fazem otransporte internacional brasileiro não repassaramcustos adicionais para exportar para esses países.Mas é comum a indústria da navegação adotar umataxa de "risco guerra" para trafegar seus navios poráreas conflagradas militarmente.

"A estrutura tarifária das empresas denavegação ten-de a ser revista nessas situações. Se isso não acon-teceu, acredito que seja iminente", afirma JoséCândido Senna, coordenador do Comitê de Usuáriosdos Portos e Aeroportos do Estado de São Paulo (Co-mus), ligado à Associação Comercial de São Paulo.

Pensamento similar tem José Augusto deCastro,pre-sidente da Associação de Comércio Exterior do Bra-sil (AEB). "Zona de conflito tem atraso, demora,congestionamento, o que significa que os navios fi-cam parados. É um custo extra", afirma.

Recentemente, o porto israelense de Ashdod, maispróximo da faixa de Gaza, teve suas operações in-terrompidas intermitentemente devido aos conflitos.Em geral, os armadores que transportam cargas bra-sileiras para essas regiões não sentiram o reflexo."Não houve nenhum impacto nos negócios bra-

sileiros", informou a Maersk Line, maior empresa denavegação do mundo no nicho de contêineres.

Não existem hoje serviços diretos de navegação doBrasil para Israel ou Ucrânia - o que pode ser jus-tificado pelos baixos volumes brasileiros exportadospara esses locais. Os armadores que vendem o fretepara transportar do Brasil até esses destinos realizamum transbordo da carga em um porto concentrador,geralmente no Mediterrâneo. De lá as mercadoriassão transferidas para um outro navio que segue até odestino final. É por esse segundo trecho que seria co-brado um valor extra.

Para a Kuehne + Nagel, um dos maiores agentes lo-gísticos de carga marítima do mundo, possivelmentehaverá aumentodefretes para essas áreas. "Em zonasde guerra aplicam-se taxas para compensar o riscoque o armador assume em transportar cargas para edesta origem", afirma a empresa, em nota.

"Em princípio não pretendemos aplicar nenhum adi-cional para essas áreas porque a navegação não estásendo afetada. Mas isso pode mudar caso a situaçãose agrave", diz Julian Thomas, di-retor-superintendentedaHamburgSüd, armador ale-mão líder nos tráfegos marítimos brasileiros delongocurso. Thomas não enxerga risco de que umna-vio seja afundado propositadamente, a exemplo dojato da Malaysia Airline, derrubado na Ucrânia. "Éprovável que o abatimento do avião tenha sido maisum erro do que de propósito. É pouco provável issoacontecer com um navio comercial."

Para Leandro Barreto, diretor de análise da DatamarConsulting, a queda de quase 60% nas exportaçõesbrasileiras para a Ucrânia entre janeiro e maio desteano, na comparação com a mesma base de 2013, nãopode ser explicada pelos conflitos armados no país.

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24 de julho de 2014Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

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Continuação: Conflitos armados em Israel e Ucrânia devem elevar frete

"Os volumes que vão para lá não são tão expressivosassim", afirma. Na média dos últimos oito anos aUcrânia recebeu 0,5% das exportações brasileiras eIsrael foiodestino de0,4% dos embarques nacionais.

Se por um lado a crise no Oriente Médio e no Leste

Europeu ainda não chegou aos fretes, já afeta o se-guro das exportações. "As seguradoras não estão co-brindo o risco Ucrânia. O exportador não estáconseguindo seguro de crédito para suas ex-portações", afirma Senna, do Comus.

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24 de julho de 2014Temas de Interesse | Comércio Internacional

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Sob críticas, Índia resiste a referendar acordo naOMC

INTERNACIONAL

Por Assis Moreira | De Genebra

A Índia está sendo acusada de não honrar com-promisso com os parceiros na Organização Mun-dial do Comércio (OMC ), acertados em Bali(Indonésia), em dezembro de 2013, quando o acordode facilitação de comércio foi aprovado em troca deconcessão aos indianos.

O governo indiano mantém agora a ameaça de blo-quear esse acordo, que, segundo estimativas, poderdar impulso de US$ 1 trilhão na economia mundial.

Em Bali, a Índia arrancou dos outros países uma"cláusula de paz", isto é, o compromisso de que nãoseria denunciada na OMC no caso de ultrapassar oslimites para dar subsídios destinados a formar es-toques de alimentos por razão de segurança ali-mentar.

Ficou acertado que os países teriam até 2017 para ne-gociar uma solução permanente para essa questão.Pelas regras atuais, o limite para subsídios nesse casoé de 10% do valor da produção agrícola. Mas há fle-xibilidades para programas já existentes de estoquespara segurança alimentar.

Mas também na OMC o passado às vezes é incerto.Agora, o acordo de facilitação de comércio, o únicoacordo alcançado na OMC nos últimos 20 anos, en-frenta seu primeiro prazo no dia 31. Até lá os paísesdevem dizer se aprovam ou não o protocolo desseacordo, para ser incorporado aos outros en-tendimentos da OMC e, a partir de então, ser ra-

tificado pelos países.

A Índia, porém, já tendo embolsado a sua "cláusulade paz", protegendo seus subsídios de US$ 12 bi-lhões por ano, quer adiar a aprovação do protocolo defacilitação de comércio para 31 de dezembro. Quercondicionar asua aprovaçãoaté lá auma solução per-manente para os subsídios para alimentos, ao invésde esperar quatro anos.

Na prática, o novo governo,do premiêNarendra Mo-di, se sente descompromissado com o que foi acer-tado em Bali pelo governo anterior e não honra o queficou acertado com os parceiros.

Isso vem causando irritação entre várias delegaçõesna OMC. Os subsídios indianos tornaram o país omaior exportador mundial de arroz. Em Bali, o Pa-quistão se opôs fortemente a concessões aos in-dianos, alegando que seus exportadores estavamperdendo fatias de mercado. A Índia tornou-se aindaum grande exportador de trigo, que é comprado peloprograma de segurança alimentar.

Em meio à expectativa enorme nos meios co-merciais, o governo indiano adiou uma reunião mi-nisterial de ontem para hoje cedo, para tomar umadecisão final. A imprensa indiana publicou ontemque a posição é realmente de bloquear o acordo de fa-cilitação de comércio enquanto não houver soluçãopermanente para a questão de segurança alimentar.No entanto, a notícia de que a ministra indiana do Co-mércio teria telefonado ao diretor-geral da OMC pa-ra oficializar essa posição foi desmentida por fontes

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24 de julho de 2014Temas de Interesse | Comércio Internacional

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Continuação: Sob críticas, Índia resiste a referendar acordo na OMC

em Genebra.

Se a Índia mantiver o bloqueio hoje no Conselho Ge-ral da OMC, como é a expectativa geral, o risco é queos outros membros também considerarem que nãosão obrigados a respeitar a "cláusula de paz" pro-metida aos indianos. Isso gera mais confusão na cena

comercial global. O impacto sobre a agenda para re-tomada da Rodada Doha também pode ser sig-nificativo.

A Índia está isolada, tendo apoio apenas da Alba, aaliança bolivariana, liderada pela Venezuela.

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24 de julho de 2014Temas de Interesse | Indústria

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Sozinho, PIB baixo não explica pouca produtividadeno país

BRASIL

Para Nassif, investimentos apenas em infraestrutura não ajudamprodutividade

Para Nassif, investimentos apenas em infraestrutura não ajudamprodutividade

Conjuntura Investir em setor de pouca tecnologiabarra eficiência da indústria

Por Flavia Lima | De São Paulo

Diversos estudos têm apontado as baixas taxas decrescimento da produtividade do trabalho no Brasilcomo um dos principais fatores a explicar o baixocrescimento da economia, especialmente em pe-ríodos mais recentes.Em trabalhosobre os principaisdeterminantes da produtividade, os economistas An-dré Nassif, Carmem Feijó e Eliane Araújo ampliam adiscussão ao mostrar que a recíproca também podeser verdadeira: baixa produtividade pode ser con-sequência de baixo crescimento. E vão além ao mos-trar que outros fatores - como taxa de investimentopor setor e inovações tecnológicas - também têm im-pacto importante sobre a eficiência na indústria.

As duas variáveis nem sempre andam juntas. A pro-dutividade do trabalhona indústria caiu 0,95% aoanoenquanto o PIB cresceu 3,72% no período englobadopela pesquisa (entre 2000 e 2008). A despeito da va-riação positiva da atividade econômica no período, oestudo indica que a produtividade ligada à indústriaderrapou, porque os investimentos foram con-centrados em setores de baixa tecnologia e ca-pacidade de inovação.

Segundo os autores, o PIB é a variável mais sig-nificativa para explicar os ganhos de produtividade,mas sozinho ele não explica tudo. Por meio de di-versos modelos econométricos, eles associam as ta-xas de crescimento da produtividade de 21 setores daindústria de transformação local como dependentesnão só do PIB real, como também da taxa de in-vestimento e de inovações tecnológicas.

O estudo apresenta a decomposição do investimento

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24 de julho de 2014Temas de Interesse | Indústria

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Continuação: Sozinho, PIB baixo não explica pouca produtividade no país

em cinco segmentos: infraestrutura, habitação, re-cursos naturais, bens de consumo de massa e bens decapital, segundo divisão feita por outros pes-quisadores, Ricardo Bielschowski, Gabriel Squeff eLucas Vasconcelos. Entre 2000 e 2008, os in-vestimentos em setores de maior produtividade - co-mobens decapital (máquinas eequipamentos) ebensde consumo - cresceram a uma taxa de 3,5% e 3,1%,respectivamente, bem abaixo da taxa de in-vestimento da economia como um todo, de 4,8% aoano no período. Já os investimentos em in-fraestrutura foram os que mais cresceram entre 2000e 2008, com alta de 7,8%, justamente um setor que re-gistra baixa produtividade e baixa capacidade de dis-seminá-la para outros segmentos da economia(conhecido como 'spill-over').

Para Nassif, professor de economia internacional daUniversidade Federal Fluminense (UFF) e eco-nomista da área de planejamento do BNDES, as con-clusõesdo estudo- quenãofoialémde2008 em razãoda indisponibilidade de alguns dados - podem ser jo-gadas para frente. Diante de taxas pífias de expansãoda economia, e da não reação da taxa de investimentoagregada, é possível suspeitar que o crescimentoatual é mais forte em setores de mais baixa pro-dutividade e capacidade de inovação, como serviços,em detrimento da indústria. E, dentro do setor de ser-viços, o avanço se dá em segmentos que são, por na-tureza, considerados de baixa produtividade, comocomércio e varejo.

Diferentemente do quemuitos imaginam, diz Nassif,a retomada do crescimento nãovai ser suficiente paraalavancar as taxas deprodutividade daeconomia. Pa-ra ele, é pouco provável que o PIB volte a crescer a ta-xas mais robustas - assim como a produtividade dotrabalho - se a retomada do investimento for liderada

por setores com baixa capacidade de gerar e difundirinovações, como infraestrutura e habitação, em opo-sição ao setor de bens de capital.

O estudo, diz Nassif, não está dizendo que o in-vestimento em geral não seja capaz de estimular aprodutividade, mas que, no caso brasileiro, esse in-vestimento ficou confinado a segmentos de baixaprodutividade - daí a queda da produtividade do tra-balho da indústria. "O modelo sugereque, se a taxa decrescimento do investimento se originar em setoresde média, média alta e alta tecnologia, a economiacresce mais e a produtividade acompanha", diz.

Segundo o economista, só assim o país vai se apro-ximar de países como a China e Índia, em que a pro-dutividade cresce a uma taxa anual em torno de 6%,ou do próprio Brasil na década de 70, quando a pro-dutividade da economia como um todo crescia ataxas de 5% ao ano.

O que fazer, então, se boa parte do investimento pre-visto para o país nos próximos anos vem justamenteda infraestrutura, setor menos conectado a ino-vações? Segundo Nassif, o fluxo gigante de in-vestimento em infraestrutura só conseguiráalavancar o PIB e a produtividade do trabalho se au-mentar seus vínculos com os setores de maiorprodutividade, em especial segmentos de maior ca-pacidade de inovação, como máquinas eequipamentos devariados tipos, eletrônicaesetorau-tomotivo.

Para tanto, diz Nassif, não bastam políticas in-dustriais específicas. Segundo ele, o Brasil tem feitoesforços enormes para implementar políticas in-dustriais e tecnológicas no período recente, como,por exemplo, o Plano Brasil Maior, adotando in-

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24 de julho de 2014Temas de Interesse | Indústria

Valor Econômico

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Continuação: Sozinho, PIB baixo não explica pouca produtividade no país

clusive instrumentos de fomento à inovação. "Mas oproblema principal é macroeconômico. Com juroselevados ecâmbioapreciado, os frutos dapolítica in-dustrial não são colhidos."

"Se o país não conseguir operar com taxas de juros

reais próximas ao padrão internacional e não con-seguir eliminar a tendência cíclica de apreciação damoeda brasileira não adianta", afirma Nassif. "Ne-nhuma economia em desenvolvimento consegue sercompetitiva com moeda apreciada."

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24 de julho de 2014Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

O Estado de S. Paulo

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Brasil quer acordo com Aliança do Pacífico ECONOMIA

Governo brasileiro vai levar ao Mercosul propostaqueantecipapara este ano o livre-comércio do blococom Chile, Colômbia e Peru

Lisandra Paraguassu

Brasil vai apresentar formalmente ao Mercosul, emreunião marcada para a próxima semana, em Ca-racas, a proposta de antecipar para o fim deste ano ocronograma do acordo de livre-comércio com os trêspaíses sul-americanos da chamada Aliança do Pa-cífico: Chile, Peru e Colômbia. O Brasil quer zerar astarifas entre o Mercosul e os vizinhos andinos nospróximos cinco meses, em vez de esperar até 2019,como prevê o acordo inicial.

A ideia já vinha sendo discutida no último ano, mas,como nesse período não houve reuniões pre-sidenciais, faltava o aval político para acelerar a pro-posta. O Brasil pretende obter isso agora, naVenezuela.

Diplomatas ouvidos pelo Estado avaliam que a pro-posta stá bem encaminhada, faltando apenas ajustestécnicos.

Mais do que uma diferença comercial importante, aantecipação do acordo é um recado político com vá-rias facetas. Uma delas: o Brasil, e o Mercosul, nãoplanejam ficar esperando por uma decisão da UniãoEuropeia sobre a troca de ofertas e a negociação delivre comércio que, mais uma vez, está parada, semdata para começar. Antecipar a abertura de mercadospara a Aliança do Pacífico seria uma forma de pres-sionar europeus, que dizem não estar prontos paraabrir as conversas agora.

O segundo recado é interno. Uma das maiores crí-ticas à política comercial da presidente Dilma Rous-seff é o fato de o Brasil, atrelado ao Mercosul, nãoconseguir ir além de alguns raros acordos comerciaispouco significativos, como os firmados com Egito,Israel e Palestina.

A negociação com a União Europeia seria a resposta.Sem avanços em um horizonte próximo com os eu-ropeus, a antecipação da tarifa zero com Chile, Peru eColômbia seria uma alternativa. Mas ainda é precisosaber se o outro lado concordará com a aceleração.

Conversas informais já foram feitas e o governo bra-sileiro vê com esperança o fato de, na última reuniãoda Aliança do Pacífico, ter sido aprovado um en-contro ministerial entre os dois blocos.

Além disso, Chile, Peru e Colômbia têm mercadosmais abertos do queo Mercosul.Os trêspaíses já pos-suem, por exemplo, acordos comerciais com os EUAe com a União Europeia e são grandes importadoresde manufaturados. Apesar dos temores iniciais deque a Aliança seria uma ameaça, o governo brasileiroavalia que o grupo trará mais oportunidades para oMercosul.

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24 de julho de 2014Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

O Estado de S. Paulo

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Continuação: Brasil quer acordo com Aliança do Pacífico

Para o Brasil, a mudança é mais fácil, admite o go-verno. O País tem tarifas zeradas ou sig-nificativamente reduzidas com os três países. Com oChile, hoje a redução tarifária já atinge quase 100%dos produtos, à exceção do trigo - em 88% dos pro-dutos, as tarifas estão em zero. ComoPeru, opaísofe-rece redução em 99% dos produtos e recebe, a partirdeste ano, redução em 83% do comércio bilateral. Asituação é mais difícil com a Colômbia, que aindaprotege 42% deseus produtos, embora tenha reduçãoem 92% dos produtos exportados ao Brasil.

Nos outros países do Mercosul, a situação difere umpouco, mas tanto Uruguai quanto Paraguai têm mer-cados mais abertos. Mesmo a Argentina, mais re-sistente a abrir seu mercado, não teria apresentadograndes resistências. Ajuda, neste caso, o fato de quea produção da Aliança do Pacífico e do Mercosul sermais complementar do que concorrente. A exceção é

o México, que, pelo menos neste início das ne-gociações, ficaria de fora.

Isso porque a proposta brasileira é simplesmente ace-lerar o cronograma de livre comércio aceitado na As-sociação Latino Americana de Comércio (Aladi),que inclui nove países sulamericanos, México, Cubae Panamá. O México, apesar de fazer parte da Aladi,ainda está muito longe de uma desgravação tarifária(diminuição progressiva das tarifas) consistente.

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Comércio

88% dos produtos comercializados entre Brasil eChile já estão hoje com a tarifa zerada

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24 de julho de 2014CNI | Presidente | Robson Braga de Andrade

Folha de S. Paulo

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Governança para a competitividadeTENDÊNCIAS/DEBATES

Robson Braga de Andrade

É essencial a criação de uma instância para discussãoe adoção de medidas capazes de estimular o cres-cimento num ritmo mais vigoroso

As estruturas existentes no setor público brasileirosão inadequadas aos desafios da economia con-temporânea, sobretudo no panorama de crise globalque ainda vivemos. Para nos desincumbir de maneirasatisfatória das tarefas urgentes postas ànossa frente,precisamos de uma nova governança em favor do au-mento da competitividade das empresas nacionais.

Os obstáculos tributários, trabalhistas e burocráticos,entre outros, que atrapalham os negócios e os in-vestimentos são bastante conhecidos. O problemanão é de diagnóstico. Sabemos o que é preciso fazer,mas avançar nessa agenda requer a superação de in-teresses divergentes, inovações no processo de-cisório, articulação, agilidade e foco na adoção demedidas.

Além do aperfeiçoamento da organização estatal emtodos os níveis de governo, o país necessita de novosarcabouços institucionais que assumam a res-ponsabilidade de implantar estratégias de curto, mé-dio e longo prazos que ampliem a capacidade daindústria brasileira de ganhar espaço nos mercados.Essa tarefa é urgente.

Historicamente, temos dificuldade de definir e seguirprioridades claras, o que redunda em iniciativas frag-mentadas, muitas vezes sem coordenação, pla-nejamento integrado ou objetivos específicos aserem perseguidos. Gastamos muita energia em pro-cedimentos burocráticos, em vez de nosconcentrarmos em resultados, e os mecanismos demonitoramento são insuficientes.

Uma agenda ambiciosa, mas factível, para estimulara economia nacional pressupõe o aprimoramento daparceria entre o setor público e a iniciativa privada.Por isso, entre as 42 propostas que a CNI(Confederação Nacional da Indústria) está apre-sentando aos candidatos à Presidência da República,incluímos um novo modelo de gestão em prol dacomp etitividade.

Nessa estratégia, seria essencialacriação deuma ins-tância própria para a discussão e a adoção de medidascapazes de retirar os entraves à melhora do ambientede negócios e de estimular o crescimento num ritmomais vigoroso. Não se trata, porém, de um órgão me-ramente consultivo, mas de um agente decisório,com força para acelerar as ações necessárias.

Essa organização poderia ser abrigada na Casa Civil,no Ministério do Planejamento ou no Ministério doDesenvolvimento, Indústria eComércioExterior,de-pendendo das inclinações do governante e de seu es-tilo de gerir. Outra hipótese seria a criação de umaentidade enxuta, com a finalidade única de planejar eexecutar a agenda da competitividade.

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24 de julho de 2014CNI | Presidente | Robson Braga de Andrade

Folha de S. Paulo

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Continuação: Governança para a competitividade

O importante é que esse trabalho seja feito de ma-neira integrada, por representantes do governo e dasempresas. Também é preciso garantir que ele passe aorientar os rumos das iniciativas econômicas, ace-lerando sua adoção. O êxito dessa empreitada de-pende da participação do setor privado, que deve serenvolvido no esforço comum desde o início.

Os empresários precisam ser não apenas ouvidos,mas incitados a formular propostas e a formar par-cerias em busca de soluções que sejam consistentes eduráveis. Por conhecerem as vicissitudes da eco-nomia naprática, sentindo os efeitos das políticas emsua atividade cotidiana, eles são os mais aptosaapon-tar eventuais descaminhos e formas de corrigi-los.

A governança para a competitividade exige uma re-

formulação na maneira de pensar e agir. Precisamosde mais capacidade técnica, agilidade, transparência,coordenação, definição de prioridades e acom-panhamento deresultados. Devemos,o quanto antes,refinar o processo decisório das medidas com po-tencial de garantir o pleno desenvolvimento eco-nômico e social brasileiro. O país tem pressa.

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ROBSON BRAGA DE ANDRADE, 65, é em-presário e presidente da Confederação Nacional daIndústria

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24 de julho de 2014Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

Folha de S. Paulo

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Economia mais fria aquece os fundos de participaçãoMERCADO

TONI SCIARRETTA DE SÃO PAULO

Carlyle e Gávea levantam US$ 1,2 bi para comprarempresas de potencial

Momento econômico debaixa facilitacompra deem-presas em dificuldade por um valor considerado bai-xo

A desaceleração da economia brasileira neste anocriou oportunidades de investimento para fundos es-pecializados em socorrer e em impulsionar os ne-gócios de empresas em dificuldades.

Desde asemana passada,após o fim daCopado Mun-do, aGávea Investimentoseo americano Carlylecon-seguiram levantar nos mercados brasileiro einternacional, respectivamente, cerca de US$ 1 bi-lhão e US$ 200 milhões para investir no país.

Também estão em fase adiantada de captação de re-cursos novos fundos da americana Advent e dos bra-sileiros Pátria eBTG Pactual.A estimativaéquecadaum deles levante entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões.

São os chamados fundos de "private equity" (par-

ticipação em empresas fechadas), que procuramcomprar companhias de potencial, em setores es-tratégicos, por um valor considerado baixo.

Depois, promovem mudanças na gestão, arrumam acontabilidade e vendem a empresa (ou participação)por um valor substancialmente maior --mais do queganhariam aplicando em ações na Bolsa.

Isso porque o risco dessas empresas (muitas fa-miliares, em dificuldades etc.) é maior do que o deaplicar em companhias supervisionadas pelo mer-cado de capitais.

Com a instabilidade nas Bolsas brasileira e in-ternacionais, investidores como os fundos de pensãose voltam para aplicações de maturidade mais longa,como esses fundos. O ciclo de investimento varia emmédiadedois acinco anos, prazo suficiente para rees-truturar o negócio e conseguir achar um compradorna Bolsa (abertura de capital) ou estratégico, comoum concorrente.

No ano passado, esses fundos falavam em investirem obras de infraestrutura, empresas deenergia,óleoe gás e concessionárias.

Com a desaceleração, surgiram também opor-tunidades nas indústrias alimentícia, de máquinas,construtoras, varejistas regionais, de tecnologia e li-gadas à saúde.

O BTG Pactual captou US$ 1,8 bilhão no ano pas-sado para investir em infraestrutura. Para este ano, aprevisão é conclua, após as eleições, um fundo comvalor similar.

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Folha de S. Paulo

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Continuação: Economia mais fria aquece os fundos de participação

O Carlyle foi um dos últimos dos grandes fundos es-trangeiros a chegar ao Brasil. Tem investimentos nasvarejistas Ri Happy (brinquedos), na Tok Stok (mó-veis) e na agência de viagens CVC.

No anopassado, chegou aopaíso KKR,quecomprouneste ano a Aceco, administradora de data centers.

Por restrições regulatórias, os fundos não podem se

pronunciar em momento de captação. Procurados,Carlyle e Gávea não comentaram.

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24 de julho de 2014Temas de Interesse | Seção Economia - mídia nacional

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Risco do Brasil descola do de emergentesMERCADO

MARIANA CARNEIRO DE SÃO PAULO

Inflação alta e PIB fraco estão levando investidoresestrangeiros a terempercepção pior do país, diz ban-co JPMorgan

Diferentemente depaíses como México,a percepçãode risco do Brasil não voltou ao nível do início de2013

A combinação de inflação elevada e crescimentoeconômico fraco, com risco de recessão, está afe-tando a percepção de investidores estrangeiros sobreo Brasil.

Análise feita por economistas do banco americanoJPMorgan mostra que o Brasil está sendo mais malavaliado, em comparação a outros países, desde quepassou a turbulência acionada pela retirada dos es-tímulos do banco central dos EUA, em 2013.

Para Júlio Callegari, diretor-executivo da gestora doJPMorgan, isso tem relação com a "relativa es-tagflação" pela qual passa o país, ou seja, atividadeestagnada com inflação alta.

Em apresentação a clientes, o economista ressaltouqueo crescimento anêmico do Brasil "nãoépontual".É resultado de uma atividade industrial parada desdea crise global de 2009.

"O quadro agora se agravou. Não só a gente não cres-cia, masagora agente vêuma certacontração [daeco-nomia]", disse.

Segundo ele, o primeiro semestre foi "ruim" e o se-gundo foi piorado, em junho, com os feriados da Co-pa.

"Isso reforçou a tendência de queda da produção in-dustrial, que deve ter levado a uma contração do PIBno segundo trimestre, com o risco de uma recessão",afirmou.

Além disso, diz ele, a inflação tem se mostrado "tei-mosa e resistente", apesar do represamento de preçosadministrados, como combustíveis e tarifas de ôni-bus.

"O mercado espera uma normalização da inflação,para 6% [hoje, ela está em 6,51% em 12 meses]. Masainda assim, para um país que não registra cres-cimento relevante, é preocupante", afirmou.

O JPMorgan administra US$ 1,7 trilhão em in-vestimentos. No Brasil, são R$ 20 bilhões sob suagestão.

A análise do banco de que o mercado está de mau hu-mor com o Brasil se baseia na avaliação do ris-co-país, medido pelo CDS (Credit Default Swaps),um seguro contra calote que tem cotação negociadano mercado financeiro.

Passado o susto inicial com a mudança da economiaglobal e a provável migração de recursos para osEUA, na esteira da recuperação americana, os in-vestidores voltaram aos emergentes, atrás de re-tornos mais polpudos.

Também retornaram ao Brasil, com aplicações tantoem títulos quanto em ações.

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Folha de S. Paulo

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Continuação: Risco do Brasil descola do de emergentes

Mas o risco de aplicar no país ficou mais alto. Se-gundo o JPMorgan, o Brasil não recuperou o mesmopatamar de risco que havia antes da turbulência. Mé-xico, Colômbia e até a Itália, que tem uma dívida pú-blica bem maior do que a brasileira, viram seu riscorecuar aos níveis de 2013. No Brasil e na Rússia, elepermaneceu mais alto.

Na Rússia, houve questões geopolíticas, em razão dacrise militar com a Ucrânia. No Brasil, os fatores sãolocais.

Além da economia, entra na conta o risco eleitoral.Para Callegari, a disputa está acirrada, e o resultado,imprevisível, apesar de o mercado "ver com bonsolhos a eleição da oposição".

"Qualquer recuperação da candidatura de Dilma du-rante a campanha pode voltar a trazer estresse para omercado", observa, acrescentando que a proteção àoscilação política está em aplicações ligadas aodólare à inflação.