Brake Noise - Repositório Aberto...na SAKTHI de dois componentes do sistema de travagem de disco...
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INÊS JOANA MOREIRA PEREIRA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA
À FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO EM
ENGENHARIA METALÚRGICA E DE MATERIAIS
9
ORIENTADOR: Prof. Luís Filipe Malheiros de Freitas Ferreira
ORIENTADOR EMPRESARIAL: Eng.ª Cristina Monteiro
Brake Noise
M 2016
CANDIDATO Inês Joana Moreira Pereira Código 201105626
TÍTULO Brake Noise
DATA 26 de julho de 2016
LOCAL Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto –
Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais –
Sala F103 - 9 h
JÚRI Presidente Professor Doutor
Fernando Jorge Mendes
Monteiro
DEMM/FEUP
Arguente Professor Doutor José
Fernando Dias Rodrigues
DEMec/FEUP
Orientador Professor Doutor Luís
Filipe Malheiros de
Freitas Ferreira
DEMM/FEUP
“Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.”
Ricardo Reis
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iv
Agradecimentos
Primeiramente gostaria de agradecer ao meu orientador o Professor Doutor
Luís Filipe Malheiros pelo apoio, orientação e disponibilidade.
Queria agradecer à SAKTHI, Portugal, S.A. e ao IK4-Azterlan pela
oportunidade que me concederam para a integração neste projeto. Um
agradecimento particular vai para a Eng.ª Cristina Monteiro, o Sr. Fernando
Vilela, o Eng.º António Pinto e para toda a equipa envolvida no projeto Brake
Noise, bem como para toda a equipa da serralharia da SAKTHI, Portugal, S.A.,
principalmente ao Sr. Jaime Moreira pelo apoio demonstrado.
Quero agradecer a todos os meus professores, em particular ao Professor
Doutor Manuel Viera pelo apoio em seguir o desafio desta dissertação e ao
Professor Doutor Carlos Silva Ribeiro pelo auxílio em variadas questões no
decorrer deste trabalho. Também gostaria de agradecer ao Professor Doutor
José Dias Rodrigues, do Departamento de Engenharia Mecânica, pela
disponibilidade e ajuda na compreensão da área científica envolvida nesta
dissertação. Quero agradecer também ao Sr. Ramiro Soares, Sra. Cândida Silva
e à Eng.ª Cláudia Lopes pela ajuda sempre que solicitada.
A todos os meus colegas e amigos da faculdade por um percurso académico
com espírito de equipa, troca de ideias e imensas e excelentes histórias na
memória. Em especial, à Beatriz Moreira e Luísa Carvalho que me ensinaram o
verdadeiro valor de “amigos da faculdade são para a vida”.
Queria demonstrar a minha imensa gratidão a todos os meus amigos que,
muitos mesmo estando longe, sempre me acompanharam e apoiaram.
Por fim, mas sempre em primeiro, à minha família, em especial aos meus
Pais e Irmãos e Afilhada, aos quais tudo devo por me proporcionarem um apoio
incondicional durante o meu percurso académico e crescimento pessoal. De um
modo especial, aos meus três amigos de quatro patas pelos longos anos de
companheirismo, alegria e carinho partilhado.
v
Resumo
Este trabalho foi desenvolvido no âmbito da unidade curricular Dissertação
do Mestrado Integrado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Faculdade
de Engenharia da Universidade do Porto, sendo um estudo primordial para um
projeto denominado Brake Noise que envolve as seguintes entidades: SAKTHI,
Portugal, S.A., IK4-Azterlan, Centro de Inovação e Tecnologia N. MAHALINGAM
e Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Este trabalho visou a determinação experimental de propriedades físicas,
mecânicas e caracterização microestrutural do material utilizado na produção
na SAKTHI de dois componentes do sistema de travagem de disco (ponte e
corpo) com vista a estabelecer a sua potencial relação com as frequências
naturais de cada componente. Os parâmetros registados para cada componente
foram: massa e dimensões da peça, posição prévia do fundido na cavidade de
moldação, propriedades mecânicas e microestrutura do metal, e sanidade
interna.
Concluiu-se que os valores das frequências naturais aumentam com a massa
do fundido e diminuem com a percentagem de perlite na sua microestrutura.
Admite-se que este aumento das frequências naturais é resultante da massa
adicional se localizar em zonas da peça que promoveram um aumento da rigidez
global do componente.
Uma prévia seleção de materiais, com propriedades mecânicas compatíveis
com as especificadas para o componente corpo, e visando a minimização da
amplitude da resposta na ressonância, apontou o ferro fundido nodular EN GJS
450 10 como solução mais adequada.
Verificou-se ainda que o aumento do módulo de Young, módulo de
cisalhamento e teor de magnésio, nos ferros fundidos, promove um incremento
do valor das frequências naturais.
Palavras-chave: Sistema de travagem de disco, Ferro fundido nodular,
Frequências naturais, Ruído.
vi
Abstract
This work was developed under the scope of the Dissertation course in the
Integrated Master on Metallurgical and Materials Engineering of the Faculty of
Engineering of the University of Porto. The thesis is a preliminary study for the
Brake Noise project which involves the following entities: SAKTHI, Portugal,
S.A., IK4-Azterlan, Center for Innovation and Technology N. MAHALINGAM and
Faculty of Engineering of the University of Porto.
This work focuses on the determination of the physical and mechanical
properties and microstructural characterization of the material used by SAKTHI
in the production of two disc brake system components (caliper housing and
anchor) in order to establish their potential correlation with natural frequencies
for each component. The parameters recorded for each component were: mass
and casting dimensions, previous position of the casting in the mould cavity,
microstructure and mechanical properties of the metal, and casting’s internal
sanity.
It was observed that the values of natural frequencies increase with mass
and decrease with the microstructure’s perlite content of castings. This
increase of natural frequencies results in principle from the extra mass located
in certain casting’s areas that promoted the increase of its rigidity.
A prior material’s selection, with mechanical properties in accordance with
those specified for caliper housing component, and in order to minimize the
displacement at resonance, pointed the nodular cast iron EN GJS 450 10 as the
best solution.
It was also observed that the increase of the Young’s modulus, shear
modulus and magnesium content of cast iron promotes the increase of the value
of the natural frequencies.
Keywords: Disc brake system, Nodular cast iron, Natural Frequencies, Noise.
vii
Índice de conteúdos
Agradecimentos ......................................................................... iv
Resumo .................................................................................... v
Abstract .................................................................................. vi
Índice de conteúdos ................................................................... vii
Índice de figuras ......................................................................... x
Índice de tabelas ....................................................................... xiv
Glossário ............................................................................... xvii
Capítulo 1. Introdução ................................................................ 1
1.1. Enquadramento e descrição do problema ................................. 1
1.1.1. Apresentação das entidades envolvidas .............................. 2
1.2. Objetivos ....................................................................... 3
1.3. Estrutura da dissertação ..................................................... 3
Capítulo 2. Fundamentos teóricos................................................... 4
2.1. Sistema de travagem de automóvel ........................................ 4
2.2. Vibrações ....................................................................... 5
2.2.1. Classificação das vibrações ............................................. 6
2.2.1.1. Vibrações de baixa frequência ..................................... 6
2.2.1.2. Vibrações de alta frequência ...................................... 7
2.2.2. Medição de vibrações e caracterização dinâmica .................. 7
2.2.2.1. Análise Modal ......................................................... 8
2.2.2.1.1. Princípio ......................................................... 8
2.2.2.1.2. Métodos de análise modal ..................................... 9
2.2.2.1.2.1. Métodos analíticos....................................... 10
2.2.2.1.2.1.1. Abordagem analítico-numérica ................... 11
2.2.2.1.2.2. Métodos experimentais ................................. 11
2.2.2.1.2.2.1. Procedimento ....................................... 12
2.2.2.2. Determinação do módulo de Young dinâmico ................. 13
2.2.3. Controlo de vibrações ................................................. 14
2.2.3.1. Seleção do material ............................................... 15
2.2.3.2. Modificação estrutural ............................................ 16
2.3. Influência das propriedades do material nas vibrações ............... 18
viii
2.3.1. Capacidade de amortecimento, Módulo de Young, Resistência à
Tração, Dureza, Coeficiente de atrito, Porosidade e Microestrutura..... 18
Capítulo 3. Materiais e Métodos experimentais ................................. 22
3.1. Materiais utilizados ......................................................... 22
3.2. Metodologia .................................................................. 23
3.2.1. Pesagem ................................................................. 23
3.2.2. Determinação de cotas ............................................... 23
3.2.3. Caracterização microestrutural ..................................... 23
3.2.4. Avaliação das propriedades mecânicas ............................. 23
3.2.4.1. Dureza ............................................................... 23
3.2.4.2. Resistência à tração (Rm), Alongamento (A) e Tensão limite
convencional de proporcionalidade a 0,2% (Rp0,2) ....................... 24
3.2.5. Avaliação da sanidade interna da peça ............................. 24
3.2.6. Identificação das frequências de ressonância ..................... 24
3.2.6.1. Equipamento da Sakthi, Portugal, S.A. ........................ 24
3.2.6.2. Equipamento do Departamento de Engenharia Metalúrgica e
de Materiais .................................................................... 25
3.2.7. Seleção de materiais recorrendo ao software CES EduPack 2016
25
Capítulo 4. Resultados e discussão ................................................ 26
4.1. Identificação das frequências naturais .................................. 27
4.1.1. Influência dos parâmetros ............................................ 27
4.1.1.1. Massa das peças .................................................... 27
4.1.1.1.1. Posição das cavidades de moldação ....................... 30
4.1.1.1.1.1. Correlação entre as frequências naturais e massa das
peças e sua posição na moldação ...................................... 32
4.1.1.1.2. Dimensionamento ............................................ 35
4.1.1.2. Propriedades mecânicas .......................................... 38
4.1.1.2.1. Dureza .......................................................... 38
4.1.1.2.2. Resistência à tração .......................................... 40
4.1.1.2.3. Alongamento .................................................. 41
4.1.1.2.4. Tensão limite convencional de proporcionalidade a 0,2%
42
ix
4.1.1.3. Microestrutura ..................................................... 43
4.1.1.3.1. % Perlite ....................................................... 43
4.1.1.3.2. Nodularidade e número de nódulos ........................ 44
4.1.1.4. Sanidade da peça .................................................. 45
4.2. Estudos complementares .................................................. 45
4.2.1. Substituição da placa molde ......................................... 45
4.2.2. Seleção de materiais recorrendo ao software CES EduPack 2016
47
4.2.3. Identificação das frequências naturais ............................. 51
4.2.3.1. Módulo de Young e Módulo de Cisalhamento .................. 51
4.2.3.2. Composição química .............................................. 54
Capítulo 5. Conclusão ............................................................... 55
Referências bibliográficas ............................................................ 58
Anexo A .................................................................................. A1
Anexo B .................................................................................. B1
Anexo C .................................................................................. C1
Anexo D .................................................................................. D1
Anexo E .................................................................................. E1
Anexo F .................................................................................. F1
Anexo G ................................................................................. G1
Anexo H ................................................................................. H1
Anexo I ................................................................................... I1
Anexo J ................................................................................... J1
x
Índice de figuras
Figura 2-1. Esquema de uma assemblagem de um sistema de travagem de disco
típico (Adaptado de [6]). ............................................................... 5
Figura 2-2. Representação esquemática da análise modal por métodos analíticos
e experimentais (Adaptado de [15]). ................................................. 9
Figura 2-3. Configuração básica de um ensaio experimental (Adaptado de [21]).
........................................................................................... 12
Figura 2-4. Funções de resposta em frequência que exibem o efeito do aumento
da rigidez e da massa no deslocamento da frequência natural (representada por
2) relativamente à frequência de excitação (representada por ωp) (Adaptado
de [14]). ................................................................................. 17
Figura 4-1. Magnitude da FRF, para o componente corpo, obtida num ensaio em
que o local de impulso se situava próximo do da captação da resposta. ...... 26
Figura 4-2. Representação esquemática das posições das cavidades de moldação
do componente ponte. ................................................................ 30
Figura 4-3. Linha de tendência resultante do valor médio das massas das peças
por cada cavidade de moldação. .................................................... 31
Figura 4-4. Representação esquemática das posições das cavidades de moldação
do componente corpo. ................................................................ 31
Figura 4-5. Variação dos valores das frequências naturais (de cada número de
frequência natural) das peças ponte para cada cavidade de moldação. ...... 33
Figura 4-6. Variação dos valores das frequências naturais (de cada número de
frequência natural) das peças corpo para cada cavidade de moldação. ...... 34
Figura 4-7. Linha de tendência dos valores da dureza das peças ponte versus
sua prévia localização na moldação. ................................................ 39
Figura 4-8. Linha de tendência dos valores da dureza das peças corpo versus sua
prévia localização na moldação. .................................................... 39
Figura 4-9. Linha de tendência dos valores da resistência à tração das peças
ponte versus sua prévia localização na moldação. ............................... 40
Figura 4-10. Linha de tendência dos valores da resistência à tração das peças
corpo de cada cavidade versus sua prévia localização na moldação. .......... 41
xi
Figura 4-11. Linha de tendência dos valores de Rp0,2 das peças ponte de cada
cavidade versus sua prévia localização na moldação. ............................ 43
Figura 4-12. Linha de tendência dos valores da % perlite das peças ponte versus
sua prévia localização na moldação. ................................................ 44
Figura 4-13. Resultados obtidos com o software CES EduPack 2016 visando a
maximização do módulo de perda; a solução alumínio 357.0 afigura-se como a
mais adequada. ........................................................................ 47
Figura 4-14. Esquema do corpo de um sistema de travagem, assumindo-o como
a junção de duas vigas em flexão (Adaptado de [29]). ........................... 48
Figura 4-15. Resultados obtidos com o software CES EduPack 2016 visando a
maximização de (𝜂𝐸)𝜌; a solução alumínio 357.0 afigura-se como a mais
adequada. ............................................................................... 49
Figura 4-16. Resultados obtidos com o software CES EduPack 2016 visando a
maximização de (ηE)ρ, impondo valores mínimos para as propriedades
mecânicas do componente corpo; a solução ferro fundido nodular EN GJS 450
10 afigura-se como a mais adequada. .............................................. 50
Figura 4-17. Resultados obtidos com o software CES EduPack 2016 visando a
maximização de Eρ. ................................................................... 51
Figura 4-18. Variação das frequências naturais versus módulo de Young nas 23
amostras dos ensaios complementares. ............................................ 52
Figura 4-19. Variação das frequências naturais versus módulo de cisalhamento
nas 20 amostras de ferro fundido nodular e compacto e 1 de alumínio dos
ensaios complementares. ............................................................. 52
Figura 4-20. Variação dos módulos de Young versus módulo de cisalhamento nas
20 amostras de ferro fundido nodular e compacto e 1 de alumínio dos ensaios
complementares. ...................................................................... 53
Figura 4-21. Variação das frequências naturais versus % Mg nas 22 amostras de
ferro fundido dos ensaios complementares. ....................................... 54
Figura A - 1. Componente ponte produzido na SAKTHI Portugal, S.A.. ........ A1
Figura A - 2. Componente corpo produzido na SAKTHI Portugal, S.A.. ........ A2
xii
Figura C - 1. Localização da cota referente à dimensão 11 do componente
ponte, representada pelo ponto P11. ............................................... C1
Figura C - 2. Localização da cota referente à dimensão 2 do componente corpo,
representada pelo ponto P2. ......................................................... C2
Figura C - 3. Localização da cota referente à dimensão 1 do componente corpo,
representada pelo ponto P1. ......................................................... C2
Figura D - 1. Localização das zonas de onde foram retiradas as amostras para
ensaios de dureza, caracterização microestrutural, e ensaios de tração,
representadas respetivamente pelos números 1, 2 e 3, do componente ponte.
........................................................................................... D1
Figura D - 2. Localização das zonas de onde foram retiradas as amostras para
ensaios de dureza, caracterização microestrutural, e ensaios de tração,
representadas respetivamente pelos números 1, 2 e 3, do componente corpo.
........................................................................................... D2
Figura E - 1. Localização das zonas onde se procedeu à análise por raios-X do
componente ponte. .................................................................... E1
Figura E - 2. Localização das zonas onde se procedeu à análise por raios-X do
componente corpo. .................................................................... E2
Figura F - 1. Imagem da amostra tipo utilizada nos ensaios complementares de
identificação das frequências naturais, e respetivas dimensões. .............. F2
Figura G - 1. Variação dos valores das frequências naturais versus massa; os
gráficos a), b), c), d), e), f) são referentes, respetivamente, às frequências
naturais 1, 2, 3, 4, 5 e 6 das peças do componente ponte. ..................... G1
Figura G - 2. Variação dos valores das frequências naturais versus massa; os
gráficos g), h), i), j), k), l), m) são referentes, respetivamente, às frequências
naturais 7, 8, 9, 10, 11,12 e 13 das peças do componente ponte. ............. G2
Figura G - 3. Variação dos valores das frequências naturais versus massa; os
gráficos a), b), c), d), e), f) são referentes, respetivamente, às frequências
naturais 1, 2, 3, 4, 5 e 6 das peças do componente corpo. ..................... G3
xiii
Figura G - 4. Variação dos valores das frequências naturais versus massa; os
gráficos g), h), i), j), k), l) são referentes, respetivamente, às frequências
naturais 7, 8, 9, 10, 11 e 12 das peças do componente corpo. ................. G4
Figura H - 1. Variação dos valores das frequências naturais versus valores das
cotas referentes à dimensão 11; os gráficos a), b), c), d), e), f) são referentes,
respetivamente, às frequências naturais 1, 2, 3, 4, 5 e 6 das peças do
componente ponte. .................................................................... H1
Figura H - 2. Variação dos valores das frequências naturais versus valores das
cotas referentes à dimensão 11; os gráficos g), h), i), j), k), l), m) são
referentes, respetivamente, às frequências naturais 7, 8, 9, 10, 11, 12 e 13 das
peças do componente ponte. ........................................................ H2
Figura H - 3. Variação dos valores das frequências naturais versus valores das
cotas referentes à dimensão 1; os gráficos a), b), c), d), e), f) são referentes,
respetivamente, às frequências naturais 1, 2, 3, 4, 5 e 6 das peças do
componente corpo. .................................................................... H3
Figura H - 4. Variação dos valores das frequências naturais versus valores das
cotas referentes à dimensão 1; os gráficos g), h), i), j), k), l) são referentes,
respetivamente, às frequências naturais 7, 8, 9, 10, 11, e 12 das peças do
componente corpo. .................................................................... H4
Figura I - 1. Gráficos obtidos nos ensaios complementares de identificação das
frequências naturais, no modo de flexão e torsional, para uma amostra de ferro
fundido nodular. ........................................................................ I1
Figura I - 2. Gráficos obtidos nos ensaios complementares de identificação das
frequências naturais, no modo de flexão, para uma amostra de ferro fundido
lamelar. .................................................................................. I1
xiv
Índice de tabelas
Tabela 3-1. Composições químicas do ferro fundido nodular utilizado para
produzir os componentes ponte e corpo da SAKTHI Portugal, S.A.. ........... 22
Tabela 4-1. Médias dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e das massas das peças dos componentes ponte e corpo.
........................................................................................... 27
Tabela 4-2. Variações dos valores das cotas referentes às medidas das peças
dos componentes ponte e corpo. .................................................... 29
Tabela 4-3. Variações dos valores das massas e das frequências naturais das
peças dos componentes ponte e corpo. ............................................ 29
Tabela 4-4. Valor médio das massas das peças provenientes de cada cavidade
da moldação das 17 séries do componente ponte, e respetivo desvio padrão.30
Tabela 4-5. Valor médio das massas das peças resultantes de cada cavidade de
moldação das 14 séries do componente corpo, e respetivo desvio padrão. .. 32
Tabela 4-6. Variação dos valores das frequências naturais de cada número de
frequência natural relativamente às cavidades onde foram produzidas as peças
do componente ponte. ................................................................ 33
Tabela 4-7. Variação dos valores das frequências naturais de cada número de
frequência natural relativamente às cavidades de onde foram produzidas as
peças do componente corpo. ........................................................ 34
Tabela 4-8. Coeficientes de correlação e de determinação das curvas de
regressão entre os valores das massas e os valores das cotas referentes às 13
dimensões medidas nas peças do componente ponte. ........................... 35
Tabela 4-9. Média dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e das cotas referentes à dimensão 11 das peças do
componente ponte. .................................................................... 36
Tabela 4-10. Coeficientes de correlação e de determinação das curvas de
regressão entre os valores das massas das peças e das cotas referentes às 7
dimensões medidas no componente corpo. ........................................ 37
xv
Tabela 4-11. Média dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e das cotas referentes à dimensão 1 das peças do
componente corpo. .................................................................... 37
Tabela 4-12. Média dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e das durezas das peças dos componentes ponte e corpo.
........................................................................................... 38
Tabela 4-13. Média dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e da resistência à tração das peças dos componentes ponte
e corpo. ................................................................................. 40
Tabela 4-14. Média dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e do alongamento das peças dos componentes ponte e
corpo. .................................................................................... 41
Tabela 4-15. Média dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e do Rp0,2 das peças dos componentes ponte e corpo. 42
Tabela 4-16. Média dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e da % perlite das peças dos componentes ponte e corpo.
........................................................................................... 43
Tabela 4-17. Valor médio das massas das peças do componente ponte oriundas
da PMiv e da PMfv, e respetivos desvios padrão. ................................. 45
Tabela 4-18. Média dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e a massa, dimensionamento, dureza, Rm, A, Rp0,2 e %
perlite das peças do componente ponte oriundas da PMiv. ..................... 46
Tabela B - 1. Composições químicas parciais das 21 amostras de ferro fundido
produzidas pelo IK4-Azterlan. ....................................................... B1
xvi
Tabela B - 2. Composição química parcial da amostra de alumínio, A, produzida
pelo IK4-Azterlan. ..................................................................... B2
Tabela F - 1. Valores da massa, altura, comprimento, espessura, com respetivos
desvios padrão e coeficiente de Poisson estimado das amostras. .............. F1
Tabela J - 1. Valores do coeficiente de Poisson das amostras, determinados
experimentalmente..................................................................... J1
xvii
Glossário
A – Alongamento
E – Módulo de Young
FEM – Finite Element Method (Método de Elementos Finitos)
FFT - Fast Fourier Transform (Transformada rápida de Fourier)
FRF – Frequency Response Function (Função Resposta em Frequência)
FRI - Impulse Response Function (Função Resposta ao Impulso)
G – Módulo de cisalhamento
PMfv - Placa molde em fim de vida
PMiv - Placa molde em início de vida
R - Coeficiente de correlação
𝐑𝟐 - Coeficiente de determinação
𝐑𝐩𝟎,𝟐 – Tensão limite convencional de proporcionalidade a 0,2%
𝐑𝐦 - Resistência à tração
𝛚𝐧 - Frequência natural
𝛚𝐩 - Frequência de excitação
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1
1.1. Enquadramento e descrição do problema
O interesse no tema Brake Noise advém da pressão da indústria automóvel
em compreender o mecanismo que origina o ruído no sistema de travagem,
sendo este uma das maiores incidências de reclamações por parte de clientes,
trazendo problemas como insatisfação do passageiro e custos de garantia.
Estudos com o intuito de prever e eliminar este ruído têm vindo a ser conduzidos
desde a primeira conceção deste sistema. Apesar do seu avanço, a previsão do
ruído de travão continua num impasse pois nem todos os mecanismos e
interações são conhecidos devido à sua natureza altamente efusiva, transiente
e muitas vezes não repetível. Tal é causado pela natureza complexa da
interação (linear e não linear) dos componentes do sistema de travagem (disco,
pastilhas, corpo, ponte, etc.) e da interdependência dos parâmetros (como
condições operacionais e de contato, propriedades dos materiais, desgaste,
etc.). Daí a pertinência na compreensão dos parâmetros mais influentes (alguns
já conhecidos) com o propósito de estudar a sua potencial influência na
redução, ou até mesmo eliminação, do ruído proveniente do sistema de
travagem [1, 2].
Os estudos já realizados sobre esta área científica estão focalizados em
sistemas de travagem específicos ou nos mecanismos de origem do ruído. O
desafio reside no desenvolvimento de técnicas generalizadas e guias para
reduzir e/ou eliminar este ruído na etapa de desenvolvimento dos componentes
que integram este sistema [1].
Surge, assim, a ambição de compreensão total sobre o tema Brake Noise
desde o(s) mecanismo(s) que lhe dá(ão) origem e seus parâmetros mais
influentes até à potencial implementação de ações (tanto no produto como no
processo) de prevenção/redução deste fenómeno.
Capítulo 1. Introdução O presente capítulo introduz a dissertação, com o intuito de descrever o seu
âmbito, assim como esclarecer o plano de trabalho realizado; apresenta as
entidades envolvidas no trabalho.
2
1.1.1. Apresentação das entidades envolvidas
O estudo desenvolvido durante esta dissertação é de índole primário,
estando enquadrado numa abordagem inicial do trabalho a desenvolver no
âmbito do projeto Brake Noise que tem como parceiros as seguintes entidades:
SAKTHI, Portugal, S.A., IK4-Azterlan, Centro de Inovação e Tecnologia – N.
MAHALINGAM e a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
A SAKTHI, Portugal, S.A. é uma empresa situada na Maia, Porto,
pertencente ao Grupo SAKTHI, Coimbatore India. A SAKTHI Portugal, S.A.
desenvolve e produz componentes de segurança crítica para a indústria
automóvel em ferro fundido nodular. A capacidade de produção instalada é de
cerca de 75.000 toneladas/ano, e das famílias de componentes produzidos pela
empresa apresenta-se a seguinte distribuição de vendas: 61% travões, 28%
caixas diferenciais e steering knuckles, 7% componentes de motor e transmissão
e 4% braços de controlo da suspensão. Os principais clientes são a Mercedes,
Volvo, PSA, AMG, e Ford. A empresa possui o seu sistema de gestão da qualidade
segundo a norma ISO/TS 16949:2009 – Quality management systems – Particular
requirements for the application of ISO 9001:2008 for automotive production
and relevant service part organizations; o seu sistema de gestão ambiental
assenta nas normas ISO-14001:2004 – Environmental management systems.
Requirements with guidance for use e EMAS - Registered Environmental
Management System [3, 4].
O IK4-Azterlan é um centro tecnológico privado, sem fins lucrativos, situado
em Durango, Espanha. Está integrado na aliança IK4, composta por nove centros
tecnológicos com mais de 1400 investigadores. As principais atividades do
centro são a investigação especializada e orientada na área da metalurgia em
cooperação com a indústria metalomecânica e com unidades de I&D de
empresas. Oferece suporte tecnológico a mais de 1500 clientes de diversas
áreas, tais como: indústria automóvel, aeronáutica, ferroviária e naval, assim
como o sector eólico, entre outros [5].
3
1.2. Objetivos
Este estudo teve como principais objetivos a determinação dos valores das
frequências naturais de duas peças fundidas do sistema de travagem,
nomeadamente o corpo e a ponte, e identificar o nível de influência de diversos
parâmetros, tais como massa, propriedades mecânicas e características
microestruturais do material, na variação das frequências naturais.
Vislumbrava-se assim poder identificar as potenciais ações a realizar caso os
produtos apresentem valores de frequências naturais fora da gama das
especificações do cliente. Complementarmente, pretendeu-se promover a
seleção do(s) material(ais) que permitisse(m) minimizar a amplitude da
resposta na ressonância. Promoveu-se ainda a determinação de frequências
naturais em amostras produzidas com diferentes tipos de materiais pelo IK4-
Azterlan, e numa amostra do material utilizado pela SAKTHI, Portugal, S.A.
para produzir o componente ponte.
1.3. Estrutura da dissertação
A presente dissertação está dividida em 5 capítulos.
O capítulo 1 introduz a dissertação, com o intuito de apresentar o seu
âmbito, assim como esclarecer o plano de trabalho realizado. Apresenta todos
os parceiros envolvidos (SAKTHI, Portugal, S.A. e IK4-Azterlan) no trabalho.
No capítulo 2 foi realizada uma pesquisa bibliográfica com o intuito de
descrever fundamentos teóricos sobre a área científica aplicada.
Relativamente ao capítulo 3, são discriminados os materiais e métodos
experimentais utilizados para a realização do estudo proposto.
No capítulo 4 analisam-se os resultados alcançados e a sua discussão.
Conclui-se a estrutura desta dissertação com o capítulo 5, em que se
sumarizam as principais conclusões e perspetivas de estudos futuros.
4
2.1. Sistema de travagem de automóvel
Os travões são um dos mecanismos mais importantes em qualquer veículo
pois a segurança dos ocupantes depende da adequada performance do sistema
de travagem [6, 7].
As principais funções do sistema de travagem são: desacelerar o veículo até
determinada velocidade, inclusive parar; manter a velocidade constante, por
exemplo durante uma descida e suportar o veículo parado numa subida.
Qualquer uma destas operações envolve a conversão de energia cinética e/ou
potencial em calor. Caso parte desta energia seja transformada em energia
sonora, regista-se a criação de ruído. Um travão de disco pode ainda vibrar e
originar ruído devido a processos transientes nas zonas de fricção [8-10].
Desde o desenvolvimento do primeiro automóvel, o desenvolvimento do
sistema de travagem está focalizado no aumento da performance do travão e
segurança. Contudo, com a melhoria do conforto e da insonorização do
automóvel, o contributo do ruído do sistema de travagem aumentou
drasticamente as preocupações ambientais e estéticas. Esta ocorrência provoca
no consumidor descontentamento e desconfiança, fazendo-o acreditar que é
um defeito do travão (podendo levar à reclamação), apesar de em todos os
outros aspetos o componente estar a cumprir as suas funções [10, 11].
Estudos de Park et al. identificaram os componentes mais influentes para a
geração de squeal, sendo estes o disco e o corpo com uma contribuição de 53,8%
e 17,5%, respetivamente, sendo estes os componentes mais dominantes nos
modos instáveis. Neste mesmo estudo, a contribuição do componente ponte
encontrou-se ser de 6,6% (citado em [12]).
Estudos de diversos autores [13], em que se procedeu ao cálculo dos fatores
de participação modal que poderiam avaliar os mecanismos de acoplamento
modal, evidenciaram que 29% do movimento do sistema é originado pela ponte,
24% pelo corpo e 16% pelas pastilhas, com contribuição de diversos modos. Este
Capítulo 2. Fundamentos teóricos
Neste capítulo encontram-se descritos os fundamentos teóricos sobre a área
científica aplicada no estudo.
5
envolvimento significativo de vários modos fez acreditar que o acoplamento
pode ocorrer devido à interação entre o disco e a ponte, em oposição à ideia
de que seria devido à interação disco e corpo pois este tem movimento
maioritariamente rígido.
O estudo deste trabalho teve como foco o corpo e a ponte em ferro fundido
nodular, sendo ambos os componentes do sistema de travagem de automóvel
produzidos na SAKTHI Portugal, S.A.. Poder-se-á observar na Figura 2-1 um
esquema de uma assemblagem de um sistema de travagem de disco típico,
evidenciando os componentes disco, corpo, ponte e pastilha supramencionados.
Figura 2-1. Esquema de uma assemblagem de um sistema de travagem de disco
típico (Adaptado de [6]).
2.2. Vibrações
O fenómeno de vibração envolve a geração e propagação de distúrbios,
dependentes do tempo, na forma de ondas que atravessam a estrutura. Quando
esta não possui alto amortecimento, as ondas irão atravessá-la imensas vezes,
sendo parcialmente refletidas, difratadas e dispersadas por diferenças na
geometria e/ou pelas propriedades dinâmicas do meio. Por fim, a energia
vibracional é dissipada sob a forma de calor por forças de fricção ou transmitida
para estruturas conectadas; assim, estes sistemas são chamados de
reverberantes. Um sistema em regime de vibração livre vai vibrar com uma ou
mais das suas frequências naturais. Estas são as “impressões digitais
6
vibracionais” de um corpo, sendo propriedades dinâmicas intrínsecas. Cada
frequência natural está associada a um padrão de interferência espacial
diferente (ou onda estacionária), denominado de modo. Os modos naturais de
vibração (frequências e formas naturais) são a forma como a estrutura vibra.
As frequências naturais e os modos de vibração são característicos da estrutura
e das suas condições de fronteira, e independentes da forma de excitação [8,
14-16].
2.2.1. Classificação das vibrações
As frequências naturais e modos de vibração dos componentes dos travões
de disco (disco, corpo, ponte e pastilhas) são alterados assim que são montados
no veículo. Assim, quando o sistema de travagem é acionado, os componentes
como estão dinamicamente ligados, ocorrem diversos modos de vibração que
são diferentes dos alcançados pelos componentes individuais. Esta ligação, do
ponto de vista de estabilidade, é considerada a causa do ruído, podendo ser até
80 os modos audíveis pelo ouvido humano [1].
As vibrações do sistema de travagem são, normalmente, denominadas de
acordo com o modo como são ouvidas (ou sentidas). Existe uma vasta gama de
terminologias na literatura sobre fenómenos de vibração e ruído do sistema de
travagem; contudo, existem dois tipos de classificações de vibrações mais
comumente utilizadas: vibrações de baixa e alta frequência [7, 10, 11].
2.2.1.1. Vibrações de baixa frequência
Têm as suas frequências usualmente na gama 5-150 Hz, podendo ser
denominadas de Judder. Ocorre a sua propagação através da estrutura do
veículo e normalmente são mais sentidas pelos ocupantes do veículo do que
ouvidas. A frequência da vibração é proporcional à velocidade da roda e
normalmente a amplitude da vibração é variável. Ocorre uma ampliação das
vibrações para determinadas velocidades críticas, provocando a ressonância de
componentes estruturais do veículo [7, 10, 17].
7
2.2.1.2. Vibrações de alta frequência
Estas vibrações são geralmente denominadas como Squeal. O de baixa
frequência está compreendido entre 1 kHz e 3 kHz, enquanto o Squeal de alta
frequência na gama 3 a 20 kHz. Como neste tipo de vibrações os componentes
do sistema de travão entram em ressonância e as vibrações geradas não se
propagam através do eixo, o ruído gerado é transmitido através do ar, sendo
audível tanto pelos ocupantes como por peões [1, 7, 10, 11].
A complicação mais significativa nos estudos relacionados com o Squeal
advém da sua natureza transiente e de apenas ocorrer para certas pressões de
travagem. Pequenas variações na temperatura em serviço, pressão de
travagem, velocidade do eixo de rotação da roda ou coeficiente de fricção
poderão resultar em diferentes frequências (modos instáveis) que
potencialmente originam ruído Squeal [1, 11, 17].
2.2.2. Medição de vibrações e caracterização dinâmica
O principal fenómeno em análise de vibração é a ressonância. A vibração
em ressonância é causada pela interação entre propriedades elásticas e de
inércia do material de uma estrutura. A vibração em ressonância possui elevada
amplitude de resposta, sendo as ressonâncias determinadas por propriedades
do material como massa, rigidez, propriedades de amortecimento e condições
de fronteira da estrutura [18].
Existem dois tipos de métodos de medição das vibrações; no primeiro as
forças de vibração ou, usualmente, as respostas são medidas durante uma
operação em serviço da estrutura em estudo. No segundo tipo, Análise Modal,
onde se inclui a aquisição de dados e subsequente análise, a estrutura é
estimulada por um equipamento experimental, maioritariamente fora do seu
ambiente normal de serviço. As condições de ensaio são mais controladas,
fornecendo uma informação mais precisa e detalhada [19].
Em geral, as técnicas de medição de vibrações usadas em análises modais
compreendem [19]:
A medição de apenas um parâmetro, normalmente níveis de resposta;
A medição de parâmetros de entrada e de resposta de saída.
8
Relativamente aos ensaios complementares a este trabalho, em que se
recorre a um equipamento em que não há medição dos parâmetros de entrada,
i.e., não há medição do estímulo de resposta, poderão ser enquadrados no
primeiro tipo de técnica supramencionada.
Neste trabalho, o procedimento experimental enquadra-se no segundo tipo
supramencionado; contudo, realizou-se apenas a identificação das frequências
naturais dos componentes em estudo através de funções de resposta em
frequência. Porém, será apresentada uma síntese bibliográfica da análise
modal, pois o seu princípio básico foi aplicado neste trabalho, e inclui-se numa
das perspetivas de trabalhos futuros, em que se pretende a continuação desta
análise para posterior obtenção do modelo modal que melhor caracteriza os
dois componentes em estudo.
2.2.2.1. Análise Modal
A análise modal é um processo de caracterização dinâmica que pode ser
abordada por técnicas analíticas ou experimentais. Estas são utilizadas para
obter o modelo matemático (modelo modal) representativo do comportamento
dinâmico de um determinado componente através das suas frequências
naturais, razões de amortecimento e formas naturais de vibração, i.e., os seus
parâmetros modais. Esta análise poderá ser realizada tanto numa gama de
frequências audível ou não audível. Na primeira, a análise é denominada teste
de ressonância/som, apesar de serem as frequências de ressonância a serem
consideradas e não o som. Na gama não audível, o ensaio é denominado teste
de ressonância ultrassónico [8, 9, 15].
2.2.2.1.1. Princípio
A análise modal é baseada no facto de que a resposta de vibração de um
sistema dinâmico, quando sujeito a um estímulo, pode ser expressa como a
combinação linear de um conjunto de movimentos harmónicos simples. Estes
podem ser designados como modos de vibração naturais que ocorrem nas
respetivas frequências naturais. Com a aplicação de uma força, a amplitude
varia consoante a taxa de oscilação da força exercida. A resposta é amplificada
9
quando é aplicada uma força com uma frequência próxima de uma das
frequências naturais do sistema, atingindo-se uma oscilação máxima quando se
igualam (frequência de ressonância) [9, 15, 16, 20].
2.2.2.1.2. Métodos de análise modal
A análise dinâmica de um sistema pode ser realizada com base nos seguintes
modelos:
Modelo Espacial: Descrição das características físicas da estrutura
(massa, propriedades de amortecimento e rigidez);
Modelo Modal: Parâmetros modais (frequências naturais, razões de
amortecimento modal e formas naturais de vibração);
Modelo de Resposta: Níveis de resposta (Função de Resposta em
Frequência (FRF) e Função de Resposta ao Impulso (FRI)) [15].
Note-se que o modelo modal descreve o modo como a estrutura vibra
naturalmente, i.e., sem nenhum estímulo externo, enquanto o modelo de
resposta descreve como a estrutura responde a dado estímulo e,
especialmente, com que amplitudes (dependendo não só das propriedades da
estrutura como também da natureza do estímulo) [15].
Nos métodos analíticos, realiza-se o cálculo do modelo modal, sendo as
funções de resposta obtidas por sintetização. Relativamente aos métodos
experimentais, o modelo modal é identificado a partir de funções de resposta
obtidas experimentalmente. A Figura 2-2 apresenta um resumo da análise
modal analítica e experimental [9, 19].
Figura 2-2. Representação esquemática da análise modal por métodos analíticos
e experimentais (Adaptado de [15]).
Modelo espacial Modelo ModalModelo de Resposta
Métodos analíticos
Métodos experimentais
10
A identificação dos parâmetros modais (efetuando a medição dos dados de
entrada e de saída) pode ser realizada no domínio da frequência ou do tempo.
Para o primeiro, usa a função de resposta em frequência. Porém, os métodos
neste domínio não permitem identificar parâmetros fora da gama de
frequências em análise, sendo utilizados ambos os métodos em alguns casos.
Apresenta como vantagem que nenhuma informação é perdida pois não há a
conversão do domínio de tempo para o da frequência e o espectro de frequência
define completamente o sinal de vibração, sendo atualmente utilizada na
maioria dos processadores de dados [15].
Para o domínio do tempo, as técnicas baseiam-se na utilização de funções
de resposta ao impulso (FRI). Estas técnicas são especialmente aplicadas em
casos de estruturas com frequências naturais muito baixas [15].
2.2.2.1.2.1. Métodos analíticos
Já foram realizadas diversas tentativas visando a compreensão deste
fenómeno; contudo, a conclusão retirada da maioria das publicações é
semelhante, reconhecendo-se que não existe ainda teoria que explique todos
os mecanismos que originam o ruído do sistema de travagem devido à
complexidade dos mecanismos envolvidos. Tal não deverá limitar o
desenvolvimento de modelos simplificados que poderão levar ao ganho de
informação valiosa que, conjuntamente com a interpretação de resultados
experimentais, poderá acarretar melhorarias nas ferramentas computacionais.
Os resultados analíticos são essenciais para interpretar os efeitos medidos na
análise experimental [1, 9, 10, 17].
A teoria que aparenta melhor adaptar-se à explicação de fenómenos de
ruído de alta frequência, assim como permitir um modelo teórico mais amplo,
é a Teoria do Acoplamento Modal. O princípio baseia-se na hipótese do ruído
ocorrer quando os componentes apresentam valores de frequências naturais
bastante próximos e modos de vibração de forma geométrica similares,
originando o seu “acoplamento” e vibração em condições de frequência e forma
modal similares. Tal gera instabilidade e, consequentemente, ruído. Por ser
uma teoria que requer bastante recurso ao cálculo, a modelação física passou
11
a ter milhares de graus de liberdade, sendo necessário o uso da abordagem
numérica de análise por elementos finitos [10].
2.2.2.1.2.1.1. Abordagem analítico-numérica
A informação retirada de uma análise modal de abordagem analítico-
numérica é bastante útil para servir de apoio ao projeto de qualquer
componente ou estrutura. Recorrendo por exemplo à modelação por elementos
finitos (FEM), pode-se modificar a dinâmica estrutural e, conjuntamente com
as informações modais alcançadas no ensaio experimental, determinar os
efeitos nas características de um sistema e avaliar a sua resposta. As
modificações físicas só serão aplicadas depois de encontrada uma solução
adequada [15].
Recorrendo a FEM, tem-se, então, como base um modelo espacial; o modelo
modal pode ser calculado, e as consequências de alterações e perturbações
podem ser simuladas. Os defeitos podem ser introduzidos no modelo em pontos
específicos para ser possível a observação das potenciais alterações das
frequências. O método de elementos finitos pode prever, efetivamente,
parâmetros modais dos componentes que são bastante semelhantes a
componentes reais. É, então, uma ferramenta de predição e não uma
ferramenta de diagnóstico [9, 17].
2.2.2.1.2.2. Métodos experimentais
A razão para recorrer a este tipo de métodos é a validação ou correção dos
resultados dos métodos analíticos/analítico-numéricos. A análise modal
experimental é um processo de determinação dos parâmetros modais de um
sistema linear, invariante no tempo, recorrendo a procedimentos
experimentais. Existem vários fatores que influenciam os valores obtidos por
este tipo de métodos, tais como: estímulo (localização, tipo, direção e
velocidade), posição da peça, sensor (localização, tipo, distância, direção,
etc.) e o equipamento (filtragem, taxa de registo, algoritmos, etc.) [1, 9, 15].
12
2.2.2.1.2.2.1. Procedimento
Estimula-se a peça através de um instrumento de estímulo cuja ação é
medida através de um sensor de força, recolhendo-se os sinais de resposta
através de um transdutor de resposta. Estes sinais são enviados para um
analisador de sinais que combina os dois sinais e estima as funções de resposta
de frequência (FRF) que relaciona, em termos do seu valor e fase, a resposta
(deslocamento, velocidade, aceleração) com a excitação. Esta função é
seguidamente identificada, obtendo-se de forma direta as frequências naturais.
As razões de amortecimento e formas naturais de vibração são alcançadas por
um algoritmo de identificação, por exemplo, através de múltiplas FRF
(originadas variando o local de estímulo ou de captação do sinal), sendo possível
identificar as amplitudes de vibração dos múltiplos locais analisados e, assim,
obter as formas naturais de vibração para cada frequência natural. Obtidos os
parâmetros modais, podem ser comparados com um modelo teórico
desenvolvido previamente, permitindo a validação deste e o seu ajuste à
realidade física para utilização em modificações estruturais. O modelo modal
matemático obtido descreve com boa aproximação o comportamento dinâmico
de uma estrutura. Apresenta-se na Figura 2-3 a configuração básica de um
ensaio experimental [1, 9, 15, 19, 21].
Figura 2-3. Configuração básica de um ensaio experimental (Adaptado de [21]).
13
Os componentes principais para a realização de um ensaio são: mecanismo
de aquisição e processador de sinal (analisador de sinal dinâmico), instrumento
de estímulo e transdutores [15].
O analisador de sinal dinâmico é um equipamento de aquisição e
processamento de sinal baseado na transformada de Fourier (FFT) onde ocorre
a amplificação, filtragem e conversão do sinal elétrico na grandeza física
pretendida, já se obtendo de forma direta o gráfico da FRF. Os analisadores
mais conhecidos que trabalham com este tipo de ferramentas mais rápidas
(FFT) são os Analisadores de Espectro ou FFT [15, 21].
O instrumento de estímulo induz uma solicitação dinâmica. Os instrumentos
de estímulo dividem-se, então, em dois tipos: contínuo e de impacto. Estes
dispositivos podem ser mecânicos, hidráulicos ou eletromecânicos, sendo os
mais frequentemente utilizados os eletromagnéticos. Para a medição em
estruturas simples, o instrumento de estímulo pode ser tão básico como um
simples martelo instrumentalizado; no caso de estruturas mais complexas,
haverá a necessidade de recorrer a mecanismos como excitadores
eletromagnéticos [8, 15, 21].
São utilizados dois tipos de transdutores: um transforma o sinal da força do
estímulo, e o outro o sinal da resposta, em sinais elétricos, que são
posteriormente enviados para o analisador de sinal. São utilizados transdutores
de resposta que permitem a medição de sinais mecânicos como acelerómetros
e vibrómetros laser, ou a medição de sinais acústicos através de microfones [8,
9, 15, 21].
2.2.2.2. Determinação do módulo de Young dinâmico
O módulo de Young, assim como outras propriedades como o módulo de
cisalhamento, pode ser calculado a partir da determinação das frequências
naturais através de testes de vibrações; este foi o princípio utilizado nos
cálculos desenvolvidos com o software RFDA MF-basic do equipamento de
medição de frequências naturais utilizado na realização dos ensaios
complementares deste trabalho [22-25].
14
Neste equipamento promove-se a excitação dinâmica de um provete, por
um impulso provocado por um martelo manual, induzindo a vibração no modo
de vibração de flexão ou longitudinal, para determinar o módulo de Young, e
no modo de vibração torsional para determinação do módulo de cisalhamento.
Estes dois módulos permitem, em conjunto, determinar o coeficiente de
Poisson. Este método não destrutivo assume que a amostra vibra em regime
livre, sem qualquer tipo de amortecimento significativo por parte dos suportes
do equipamento. Assume ainda que as medidas obtidas são independentes da
força do impulso, sendo então captados apenas os sinais de resposta livre ou
natural pelo microfone (transdutor), ocorrendo a sua transdução em sinais
elétricos a utilizar pelo software para a análise e determinação dos valores das
frequências naturais, etc. [24, 26-28].
2.2.3. Controlo de vibrações
Em geral, as soluções que podem ser implementadas para controlar as
vibrações são classificadas da seguinte forma [14]:
Modificação da origem da vibração;
Isolamento da vibração;
Amortecimento da vibração;
Adição de absorvedores/neutralizadores de vibração;
Seleção do material;
Modificação estrutural.
As forças refletoras e de dispersão (redistribuição da energia das ondas em
várias direções) das ondas vibracionais pelas descontinuidades da estrutura ou
propriedades do material aumentam geralmente com a diminuição da
amplitude, i.e., com o aumento da frequência. Assim, pequenas variações da
geometria e do material com estrutura complexa influenciam as frequências
naturais e, muito embora em menor extensão, os modos de vibração,
aumentando essa extensão com o aumento da ordem do modo de vibração [14].
Atendendo a que, no âmbito do trabalho desenvolvido, a abordagem
realizada assenta, pura e simplesmente nos parâmetros de influência da seleção
15
do material e modificação estrutural, estes serão os únicos parâmetros
sucintamente abordados de seguida.
2.2.3.1. Seleção do material
A resposta da estrutura depende da massa, da rigidez e do amortecimento.
A resposta durante a ressonância é proporcional à força modal e inversamente
proporcional à rigidez complexa. Como esta última é proporcional ao módulo
de Young do material, a resposta em deslocamento é inversamente
proporcional ao ηE (módulo de perda), sendo E o módulo de Young e η o fator
de perda que caracteriza a capacidade de amortecimento de um material
(quanto o material dissipa energia vibracional). Assim, um material com
elevado valor de módulo de perda proporciona o menor valor de amplitude de
resposta na ressonância, X. Por sua vez, como a tensão de ressonância é
proporcional a XE, um material que possua um fator de perda mais elevado
proporciona uma menor tensão de ressonância. Entre os ferros fundidos, o
lamelar possui alta capacidade de amortecimento, e elevado valor de fator de
perda devido à morfologia lamelar da grafite, concentrando as tensões nas
extremidades das suas lamelas durante a vibração. A título de exemplo, um
metal de elevada dureza intrínseca possui baixo fator de perda e,
consequentemente, não tem elevada capacidade de dissipar energia quando
vibra [14, 29].
Em estudos de seleção de materiais que se pretende obter designs com
limitação de vibração, procede-se à maximização do produto (η√𝐸)/ρ. O
aumento deste índice de material permite o alcance de materiais que
aumentam o desempenho do componente à vibração; contudo, há a imposição
de restrições como a especificação da rigidez [29].
Na seleção de materiais realizada nos estudos complementares a este
trabalho é efetuada uma análise limitada aos ferros fundidos e ao alumínio. Tal
escolha advém do objetivo de compreender como designs limitados a vibração
variam consoante o tipo de material dos componentes, sendo, em fases
diferentes do estudo incluídos parâmetros como índice de material em função
da sua densidade, assim como as propriedades mecânicas especificadas para o
componente corpo em estudo.
16
2.2.3.2. Modificação estrutural
Poder-se-á solucionar o problema da vibração através de transformação
estrutural, modificando as frequências naturais do sistema para evitar a
ressonância devido à excitação das frequências naturais dos componentes [14].
Quando a frequência de excitação se aproxima de alguma das frequências
naturais do componente, i.e., ωp ~ ωn, em que ωp é a frequências de excitação
e ωn a frequência natural, a amplitude da vibração resultante aumenta. Este
aumento significativo de amplitude caracteriza o fenómeno de ressonância,
sendo o conceito mais importante na análise de vibrações. Poder-se-á tentar
deslocar a frequência natural para uma frequência superior ou inferior à da
frequência de excitação, o que poderá ser conseguido aumentando a massa que
normalmente reduz as frequências naturais; tal facto é válido se não ocorrer
nenhum incremento da rigidez (ver Figura 2-4). Outra alternativa consiste em
aumentar a rigidez, o que resulta num aumento das frequências naturais caso
não se verifique nenhum incremento de massa (ver Figura 2-4). Este princípio
está baseado na equação ( 2-1 ), para um sistema com um grau de liberdade,
em que ωn representa a frequência natural (em rad/s), k a rigidez (em N/m),
e m a massa (em kg) [14, 30].
ωn = √k
m ( 2-1 )
A frequência natural é uma função direta da rigidez e inversa da massa. A
rigidez, por sua vez, é proporcional ao módulo de Young da estrutura [9, 14].
Outras variáveis influentes são: dimensões do fundido, módulo de Young,
densidade, dureza, e microestrutura do material, etc.. Estes efeitos dependem
do processo de produção e dos materiais; são independentes do tempo e
determinam a posição das frequências naturais. Existem variáveis influentes
nas frequências naturais de carácter temporário, como a temperatura, cujo
aumento promove o deslocamento dos valores das frequências naturais para
valores mais baixos [9].
17
Figura 2-4. Funções de resposta em frequência que exibem o efeito do aumento
da rigidez e da massa no deslocamento da frequência natural (representada por
2) relativamente à frequência de excitação (representada por ωp) (Adaptado
de [14]).
O número de graus de liberdade de um sistema é determinado pelo número
de partes em movimento e pelo número de direções em que cada parte se pode
mover. Nos sistemas com múltiplos graus de liberdade, onde existem múltiplas
frequências naturais, denotadas por ωi, observa-se um aumento substancial da
possibilidade de ocorrência de ressonância pois a possibilidade da frequência
da força externa corresponder a uma das frequências naturais é
substancialmente superior. Este facto leva a que o design dos componentes
apresente um nível de dificuldade superior quando comparado a sistemas com
um único grau de liberdade [30].
Como mencionado, a frequência natural é dada pela Equação ( 2-1 ); por
sua vez, considerando uma viga, a rigidez é proporcional ao produto EI, sendo
E o módulo de Young e I o segundo momento da área. Assim, a frequência
natural (em Hz) pode ser descrita pela Equação ( 2-2 ) [31].
18
fn =C2
2π√
EI
m0L4 ( 2-2 )
onde C2 depende da restrição nas pontas da viga (considerando o componente
como uma viga, tal como será assumido na seleção de materiais dos estudos
complementares a este trabalho), mo é a massa por unidade de comprimento,
podendo ser considerada a Aρ; assim a frequência natural (em Hz) poderá ser
descrita pela Equação ( 2-3 ) [31].
fn =C2
2π√
I
AL4√
E
ρ ( 2-3 )
Com isto, as frequências naturais de vibração poderão ser descritas pelo
índice de material √E ρ⁄ , sendo os seus valores proporcionais ao valor deste
índice [31].
Este índice de material será utilizado na seleção de materiais dos estudos
complementares a este trabalho, tendo como intuito conhecer quais os
materiais que possuem maiores frequências naturais, assumindo-se o
componente como uma viga.
2.3. Influência das propriedades do material nas vibrações
2.3.1. Capacidade de amortecimento, Módulo de Young, Resistência à
Tração, Dureza, Coeficiente de atrito, Porosidade e
Microestrutura
Quando o material é sujeito a variações cíclicas de tensão interna, a
propagação desta variação de tensão causa vibração. Caso possua capacidade
de dissipar parte dessa energia ao invés de propagá-la, poderá minimizar
problemas de ruído de alta frequência como no sistema de travagem [10].
A capacidade de amortecimento é, então, a propriedade que caracteriza a
capacidade do material em dissipar tensões vibracionais. Na prática, alguma
energia é dissipada, em cada ciclo de vibração, pelo material do corpo e pela
sua transformação em calor. A quantidade de energia dissipada por oscilação,
19
expressa sob a forma de percentagem da energia inicial, é a medida da
capacidade de amortecimento do material [23].
A análise comparativa entre o comportamento dos ferros fundidos
nodulares e lamelares evidencia que os primeiros possuem menor capacidade
de amortecimento que os lamelares pois apresentam menor energia dissipada
por ciclo. Um componente que se encontre a vibrar nas suas frequências
naturais pode aumentar a amplitude das vibrações até ocorrer a sua rotura caso
não haja uma dissipação adequada; contudo, tal poderá ser evitado se esta
energia das vibrações for dissipada ou caso se observe uma interrupção do
processo que origina a vibração do componente. Os componentes fabricados a
partir de materiais que apresentam elevada capacidade de amortecimento
podem reduzir o ruído de squealing [22, 32].
A capacidade de amortecimento é ligeiramente superior em ferros fundidos
nodulares com teor de carbono mais elevado. Este, por sua vez, com o seu
aumento, induz a diminuição da resistência à tração e do módulo de Young.
Assim, em condições em que a geração de vibração origina ruído e se procura
uma elevada capacidade de amortecimento, é preferível utilizar ferros fundidos
com teores de carbono elevados [22, 23].
Existem fatores que promovem um decréscimo do módulo de Young de um
ferro fundido, tais como: irregularidades dos precipitados de grafite, aumento
da percentagem de grafite; e ainda, uma diminuição da nodularidade [23, 32].
Sendo conhecido o módulo de Young de um dado material, é possível
calcular, a partir da Equação ( 2-4 ), o módulo de cisalhamento, G, sendo E o
módulo de Young, G o módulo de cisalhamento e ν o coeficiente de Poisson
[32].
A capacidade de amortecimento diminui com o aumento da velocidade de
arrefecimento do fundido pois ocorre um refinamento da matriz e das
lamelas/nódulos de grafite, aumentando a resistência do material [23].
Estudos de Plenard et al. (citado em [33]) evidenciaram que um aumento
da resistência do material promove uma diminuição da sua capacidade de
amortecimento.
𝐸 = 2 G (1 + ν) ( 2-4 )
20
Estudos desenvolvidos por Canali [10] relacionam propriedades, como
coeficiente de atrito, dureza, porosidade, resistência à tração e módulo de
Young de diferentes materiais utilizados no fabrico de discos de travão e
pastilhas, com o ruído gerado por esses componentes. Numa primeira análise
variou o tipo de material da pastilha, mantendo constante o do disco do travão.
Constatou uma tendência para o aumento de ocorrência de ruído com o
aumento do coeficiente de atrito, resistência à tração, e módulo de Young.
Relativamente à dureza e à porosidade, observou que a sua diminuição origina
uma diminuição do número de ocorrências de ruído. Verificou ainda que,
mantendo a geometria e o material do suporte metálico (plaqueta), alterando
apenas o material de atrito, se regista um incremento, na ordem de 1 kHz, na
frequência fundamental de ressonância das pastilhas. Considera que tal
variação pode ser bastante relevante em sistemas de travagem onde se constate
que a pastilha tem grande influência na geração de ruído ou quando a
frequência de ressonância da pastilha é semelhante a uma do sistema de
travagem. Não encontrou nenhuma correlação entre a frequência fundamental
da pastilha e a propensão ao ruído do travão [10].
Nesse estudo, e com o intuito de determinar estas mesmas propriedades a
temperaturas coincidentes às do teste de avaliação do ruído de travão,
procedeu a uma nova análise da dureza, resistência à compressão, à tração e
ao cisalhamento, assim como da frequência fundamental de ressonância.
Constatou um aumento da dureza a 100ºC, coincidente com o aumento de
ocorrência de ruído àquela temperatura. Tal facto apresentou-se semelhante
relativamente à resistência à tração e de cisalhamento. Relativamente à
resistência à compressão, verificou a estabilidade dos valores na gama de
temperaturas do estudo. Quanto à frequência fundamental, observou que a
frequência de ressonância das pastilhas diminui com o incremento de
temperatura. Tal seria expectável uma vez que a frequência de ressonância é
proporcional ao quociente entre a raiz da rigidez do material e a massa, com a
primeira a diminuir com a temperatura enquanto a massa permanece
constante. Verificou então que há uma tendência para um aumento de
ocorrência de ruído a 100ºC, relativamente à temperatura ambiente e que, para
temperaturas superiores, ocorre uma diminuição progressiva (em termos
21
percentuais) da ocorrência de ruído. Com base na análise dos resultados dos
testes de ruído verificou que as frequências de ocorrência de ruído estão
próximas de algumas das frequências naturais do disco, mas não das frequências
naturais da pastilha, o que indica que, mesmo o ruído estando a ser gerado pelo
mecanismo de atrito disco-pastilha, o disco constitui o principal meio de
propagação [10].
Estudos desenvolvidos por Belhocine et al. (citados em [34]), recorrendo à
análise por elementos finitos, evidenciaram que a instabilidade do travão de
disco é influenciada por variações do módulo de Young dos seus componentes,
tendo verificado que algumas destas variações reduziram o número de
frequências instáveis e, daí, ter-se verificado uma melhoria de performance. A
redução do número de frequências instáveis foi alcançada, em particular, com
o incremento do módulo de Young dos materiais do disco e da ponte e de atrito
da pastilha. Concluíram ainda que variações do módulo de Young do material
do steering knuckle têm reduzida influência na tendência de geração do ruído
squeal.
Finalmente, diversos autores (citados em [33]) chegaram à conclusão que
diferenças na microestrutura da matriz de ferros fundidos nodulares têm pouca
influência nas frequências naturais.
22
3.1. Materiais utilizados
Com o intuito de estudar os parâmetros mais influentes na variação das
frequências naturais foram utilizadas duas peças produzidas pela SAKTHI
Portugal, S.A., sendo estas a ponte (anchor) e o corpo (caliper housing) (ver
Figura A - 1 e Figura A - 2 do Anexo A).
No estudo foram analisados dados referentes a 164 peças, sendo estas
resultantes, respetivamente, de 18 e 14 séries da ponte (6 peças por cada
moldação) e do corpo (4 peças por cada moldação), tendo uma das séries da
ponte sido produzida a partir duma placa molde em início de vida.
Os componentes ponte e corpo são produzidos em ferro fundido nodular
graus 50 e 55; a Tabela 3-1 apresenta as composições químicas dos materiais.
Tabela 3-1. Composições químicas do ferro fundido nodular utilizado para
produzir os componentes ponte e corpo da SAKTHI Portugal, S.A..
Com o intuito de verificar qual a influência que tem o tipo de material, sua
composição química, módulo de Young e de cisalhamento nas frequências
naturais, procedeu-se ao desenvolvimento de um estudo sobre diferentes
amostras: uma amostra de ferro fundido nodular utilizado pela SAKTHI
Capítulo 3. Materiais e Métodos experimentais
Neste capítulo encontram-se discriminados os materiais e métodos
experimentais utilizados para a realização do estudo proposto.
% C % Si % Cu % Mn
Ponte Corpo Ponte Corpo Ponte Corpo Ponte Corpo
3,80 2,40 2,30 0,35 0,30 0,30
% Mg % P % S
Ponte Corpo Ponte Corpo Ponte Corpo
0,035 0,037 0,016 0,008
% Cequivalente
Ponte Corpo
4,61 4,57
23
Portugal, S.A. para produzir o componente ponte, 22 amostras produzidas no
IK4-Azterlan (2 de ferro fundido lamelar, 3 de compacto, 16 de nodular e 1 de
alumínio). A composição química parcial das 22 amostras produzidas pelo IK4-
Azterlan é apresentada na Tabela B - 1 e Tabela B - 2 do Anexo B.
3.2. Metodologia
3.2.1. Pesagem
Todas as peças foram pesadas individualmente recorrendo a uma balança,
Mettler Toledo, com uma precisão de ± 1g.
3.2.2. Determinação de cotas
O registo das cotas dos componentes foi obtido através de uma máquina de
medição por coordenadas tridimensionais, Brown & Sharpe Dea – Mistral –
071007 que, por recurso a um programa concebido especificamente para cada
componente, permite a determinação de 13 cotas do componente ponte, e 7
cotas do componente corpo (ver Anexo C: Figura C - 1, Figura C - 2 e Figura C -
3).
3.2.3. Caracterização microestrutural
A análise microestrutural foi realizada qualitativamente, sendo os valores
de nodularidade, número de nódulos e percentagem de perlite determinados
por comparação com imagens padrão (ampliação de 100x).
Os locais de onde são retiradas as amostras para a realização desta análise
sobre os componentes ponte e corpo estão representados pelo número 2 na
Figura D - 1 e Figura D - 2 do Anexo D, respetivamente. Note-se que, no caso
das peças do componente ponte, são retiradas duas amostras e, como tal, os
valores corresponderão a uma média das medidas então obtidas.
3.2.4. Avaliação das propriedades mecânicas
3.2.4.1. Dureza
Os ensaios de dureza Brinell foram realizados no equipamento Instron
Testor 971, segundo a norma ISO 6506-1, com um indentador esférico, com um
24
diâmetro de 5 mm, e para uma carga de 750 kg. Os locais de onde foram
retiradas as amostras para a realização deste ensaio sobre os componentes
ponte e corpo estão representados pelo número 1 na Figura D - 1 e Figura D - 2
do Anexo D, respetivamente.
3.2.4.2. Resistência à tração (Rm), Alongamento (A) e Tensão limite
convencional de proporcionalidade a 0,2% (Rp0,2)
Foi utilizada a máquina de ensaios universal Instron 5584, com capacidade
de carga de 150 kN, para determinar os valores de Rm, A e Rp0,2. Os provetes
ensaiados foram maquinados segundo a norma DIN 50125 (Forma B), por
torneamento, com um L0 de 40 mm e um diâmetro da secção transversal de 6
mm. Os locais de onde são retirados as amostras para maquinagem destes
provetes para os componentes ponte e corpo estão representados pelo número
3 na Figura D - 1 e Figura D - 2 do Anexo D, respetivamente.
3.2.5. Avaliação da sanidade interna da peça
Foi utilizado o método não destrutivo de análise por raios X para avaliar a
sanidade interna das peças. Esta análise permite avaliar a gravidade dos
defeitos observados, medida em mm, assim como a respetiva área, em mm2.
Os locais analisados para os componentes ponte e corpo estão representados na
Figura E - 1 e Figura E - 2 do Anexo E, respetivamente.
3.2.6. Identificação das frequências de ressonância
3.2.6.1. Equipamento da Sakthi, Portugal, S.A.
Para a determinação das frequências de ressonância das peças dos
componentes ponte e corpo recorreu-se ao equipamento CEP 104 – SN 100 005
TFS. Este permite a excitação da peça através de um martelo automático,
recorrendo-se a um microfone para captação do sinal sonoro emitido. Ocorre a
transformação do sinal sonoro, captado pelo microfone, em elétrico, sendo
posteriormente tratado pelo software Profound TFS que. baseado na
Transformada Rápida de Fourier, processa o sinal de resposta e força,
25
permitindo a obtenção de funções de resposta em frequência para aquisição
direta das frequências naturais captadas.
3.2.6.2. Equipamento do Departamento de Engenharia Metalúrgica e
de Materiais
O equipamento RFDA basic é utilizado para determinar a frequência natural
no modo de vibração de flexão ou longitudinal para calcular o módulo de Young,
assim como no modo de vibração torsional para medir o módulo de
cisalhamento; permite ainda a determinação do coeficiente de Poisson a partir
desses dois módulos. Os ensaios foram realizados, segundo a norma ASTM E 1876
– 01 [28], sobre a amostra fornecida pela SAKTHI, Portugal, S.A. e as 22
amostras produzidas pelo IK4-Azterlan. O método assume que a amostra,
quando estimulada por um impulso, vibra em regime livre. Os parâmetros
iniciais exigidos pelo software RFDA MFbasic são: massa (m), largura (l),
comprimento (c), espessura (e) (e respetivos desvios padrão), e o coeficiente
de Poisson () estimado da amostra. Os valores utilizados são apresentados na
Tabela F - 1 do Anexo F, e correspondem à média aritmética de cinco registos
de cada um dos parâmetros. A Figura F - 1 do Anexo F apresenta a imagem de
um dos provetes ensaiados, com indicação das respetivas dimensões.
Relativamente ao coeficiente de Poisson, foi estimado com base na composição
química das amostras, recorrendo ao software CES EduPack 2016. Este software
compreende uma base de dados sobre materiais e processos, assim como
ferramentas para resolução de problemas de seleção de materiais, e recursos
de suporte como manuais [35].
3.2.7. Seleção de materiais recorrendo ao software CES EduPack
2016
O software CES EduPack implementa métodos desenvolvidos em Materials
Selection in Mechanical Design [29], onde se desenvolvem estudos de seleção
de materiais, do processo e design. O intuito é saber como melhorar o
desempenho de um dado componente, cumprindo os seus requisitos funcionais,
geométricos e propriedades do material.
26
Os resultados apresentados no ponto 4.1 são relativos a estudos realizados
sobre 102 peças do componente ponte e 56 do componente corpo. Procurou-se
assim fazer incidir o estudo sobre várias peças do mesmo componente, muito
embora de lotes diferentes, de modo a tentar alargar ao máximo a potencial
oscilação dos parâmetros em estudo e analisar a sua consequente influência nas
frequências naturais.
A identificação dos valores das frequências naturais processou-se através
da FRF de que se apresenta um exemplo na Figura 4-1.
Figura 4-1. Magnitude da FRF, para o componente corpo, obtida num ensaio em
que o local de impulso se situava próximo do da captação da resposta.
Capítulo 4. Resultados e discussão
No presente capítulo analisam-se os resultados alcançados e a sua
discussão.
27
4.1. Identificação das frequências naturais
4.1.1. Influência dos parâmetros
4.1.1.1. Massa das peças
Nos ensaios das peças do componente ponte obteve-se o registo de 13
frequências naturais; no caso das peças do componente corpo, esse número
passou para 12. Procedeu-se à análise da correlação entre cada uma destas
frequências e a massa das peças. Os resultados dos coeficientes de correlação
e de determinação obtidos e respetivos desvios padrão estão compilados na
Tabela 4-1. Os gráficos obtidos podem ser observados em detalhe no Anexo G:
Figura G - 1 e Figura G - 2, no caso das pontes, e Figura G - 3 e Figura G - 4 no
caso dos corpos.
Tabela 4-1. Médias dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e das massas das peças dos componentes ponte e corpo.
O coeficiente de correlação (R) permite parametrizar o grau da relação
entre as variáveis e a forma como se relacionam (direta ou inversamente). Da
análise da tabela anterior constata-se que as frequências naturais e a massa
das peças apresentam uma correlação linear forte positiva, i.e., em média,
quanto maior é a massa das peças mais elevados são os valores das frequências
naturais.
Por sua vez, o coeficiente de determinação (R2) permite avaliar a qualidade
do ajuste entre uma determinada curva de regressão e os dados; quanto mais
próximo de 1, mais perfeito o ajuste. Este coeficiente representa a proporção
(ou percentagem) da variação da variável dependente (frequências naturais)
que é explicada pelas variações da variável independente (massa das peças).
Verifica-se que variações das massas das peças ponte influenciam mais as
frequências naturais do que no caso do componente corpo, pois, em média, 82%
χ̅ (R) s χ̅ (R2) s
Ponte 0,90 0,04 0,82 0,06
Corpo 0,81 0,08 0,67 0,12
28
das variações das frequências naturais são devidas às variações da massa, sendo
os restantes 18% explicados por outras causas, enquanto esses valores são, em
média, de 67% e 33%, respetivamente, para as peças corpo.
O coeficiente de determinação é inferior no componente corpo; este facto
poderá ser potencialmente devido a este ser produzido com macho, estando
sujeito a variáveis que, no caso do componente ponte, não influenciam a massa
das peças, pois a ponte é produzida sem macho.
Apesar de não se ter procedido à determinação da rigidez do componente,
admite-se que o aumento das frequências naturais alcançado com a massa será
resultante de um incremento da rigidez global do componente, podendo este,
por sua vez, ser consequência de uma distribuição da massa em locais das peças
de mais elevada rigidez, reduzindo a deflexão.
Observando a Tabela 4-2, verifica-se que as dimensões 11 e 2
(representadas pelas cotas P11 e P2 respetivamente, nas Figura C - 1 e Figura
C - 2 do Anexo C), respetivamente da ponte e do corpo, apresentam maior
variação dos valores registados. Estas variações de cotas poderão ser explicadas
por uma variação da massa, como será visto posteriormente. Caso se verificasse
que os locais referentes a estas cotas apresentavam menor propensão à
deflexão com o aumento da massa das peças, poder-se-ia assumir que, nestes
mesmos locais, teria ocorrido uma maior distribuição de massa (relativamente
a outros locais), resultando num incremento da rigidez. Esta, por sua vez,
aumentaria os valores das frequências naturais. Contudo, esta hipótese teria
que ser corroborada com a análise das formas naturais de vibração do sistema
para observar se realmente os locais em estudo apresentariam menor deflexão.
Tal só seria conseguido, por exemplo, através de múltiplas FRF (alcançadas com
o impulso a variar de localização e o microfone estático, ou vice-versa) que
permitiram caracterizar o modelo modal (frequências naturais, razões de
amortecimento e formas naturais de vibração) – métodos experimentais de
análise modal.
29
Tabela 4-2. Variações dos valores das cotas referentes às medidas das peças
dos componentes ponte e corpo.
Ponte
Dimensão 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Δ (%) 2,4 2,3 2,0 2,5 2,6 2,2 2,1 2,2 3,2 2,2 9,5 1,0 1,0
Corpo
Dimensão 1 2 3 4 5 6 7
Δ (%) 1,6 5,4 1,1 0,9 1,9 0,7 1,2
* Δ (%) = ((Valor máximo – Valor mínimo) / Média) x 100
Observando os dados da Tabela 4-3, verifica-se que o componente corpo
apresenta menores variações de massa e, consequentemente, menores
variações dos valores das frequências naturais. Acredita-se que o corpo
apresentará locais com menor amplitude de deflexão devido à aparente
robustez da sua geometria quando comparada com a do componente ponte;
assim, a menor influência da variação da massa das peças nas frequências
naturais deste componente (menor coeficiente de determinação), será
potencialmente devido à sua maior rigidez que diminui a influência da variação
da massa nos valores das frequências naturais.
Tabela 4-3. Variações dos valores das massas e das frequências naturais das
peças dos componentes ponte e corpo.
Ponte
Δ (%)
Massa 3,9
Freq.
natural 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Δ (%) 6,1 4,2 3,5 4,8 3,0 2,4 3,3 2,9 2,8 2,2 4,0 2,1 1,8
Corpo
Δ (%)
Massa 3,5
Freq.
natural 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 12 12
Δ (%) 3,1 3,2 2,6 3,0 2,5 3,7 2,1 2,9 2,3 2,7 3,0 2,7
30
4.1.1.1.1. Posição das cavidades de moldação
Com o intuito de verificar se a posição das cavidades da moldação, que
deram origem às diferentes peças, poderá originar variação da sua massa e,
consequentemente, variação nas frequências naturais, procedeu-se à análise
da média de massas por cavidade de todas as séries em estudo do componente
ponte. A designação de cavidade A, B, C, D, E e F corresponde às posições das
cavidades na moldação apresentadas na Figura 4-2. Sendo uma moldação com
linha de apartação vertical, a distância à bacia de vazamento aumenta das
cavidades A e D até C e F.
Figura 4-2. Representação esquemática das posições das cavidades de moldação
do componente ponte.
Procedeu-se ao cálculo do valor médio das massas das peças provenientes
de cada cavidade da moldação de todas as séries em estudo; os resultados
alcançados, e respetivos desvios padrão podem ser analisados na Tabela 4-4.
Tabela 4-4. Valor médio das massas das peças provenientes de cada cavidade
da moldação das 17 séries do componente ponte, e respetivo desvio padrão.
Cavidade A Cavidade D
χ̅ (g) 1710 1708
s (g) 9 10
Cavidade B Cavidade E
χ̅ (g) 1724 1724
s (g) 11 11
Cavidade C Cavidade F
χ̅ (g) 1740 1741
s (g) 13 13
Da análise dos valores descritos na Tabela 4-4 verifica-se uma diminuição
do valor médio da massa das peças com a aproximação das cavidades à bacia
de vazamento; tal é comprovado na Figura 4-3 através da linha de tendência.
31
Figura 4-3. Linha de tendência resultante do valor médio das massas das peças
por cada cavidade de moldação.
Esta variação de massa é de 1,9% (Δ (%) = ((Valor máximo – Valor mínimo) /
Média) x 100), podendo ser explicada pela pressão metalostática neste tipo de
moldação. Esta pressão aumenta com o aumento da altura do gito de descida,
sendo maior nas cavidades F e C (mais distantes da bacia de vazamento). Tal
levará a que ocorra um ligeiro alargamento das cavidades mais distantes da
bacia de vazamento, originando peças com massas em média ligeiramente
superiores.
Relativamente ao componente corpo, as designações de cavidade A, B, C e
D correspondem às posições das cavidades de moldação representadas na Figura
4-4. Sendo uma moldação com linha de apartação vertical, a distância à bacia
de vazamento aumenta das cavidades A e C até B e D.
Figura 4-4. Representação esquemática das posições das cavidades de moldação
do componente corpo.
A Tabela 4-5 apresenta os resultados obtidos, e respetivos desvios padrão,
da análise do valor médio das massas por cavidade de todas as séries em estudo
do componente corpo.
16801690170017101720173017401750
F C E B D A
Mass
a (
g)
Cavidades
32
Tabela 4-5. Valor médio das massas das peças resultantes de cada cavidade de
moldação das 14 séries do componente corpo, e respetivo desvio padrão.
Cavidade A Cavidade C
�̅� (g) 4179 4179
s (g) 31 31
Cavidade B Cavidade D
�̅� (g) 4179 4179
s (g) 31 31
A Tabela 4-5 evidencia que não há alteração no valor médio das massas das
peças com a aproximação das cavidades à bacia de vazamento, como se
verificou para o componente ponte. Acredita-se que a pressão metalostática
originada não é significativa neste componente, não ocorrendo variação
significativa de massa das peças em função da sua posição; tal poderá ser
explicado pelo facto da distância das cavidades mais afastadas da bacia de
vazamento no corpo (representadas por B e D) ser inferior à que se regista para
o componente ponte (representadas por E e F).
4.1.1.1.1.1. Correlação entre as frequências naturais e massa das peças e
sua posição na moldação
Foi realizada uma análise das médias dos valores das frequências naturais
de cada número de frequência natural consoante a cavidade da moldação, i.e.,
para cada frequência natural averiguou-se a ocorrência de variação dos valores
das frequências naturais consoante a cavidade da moldação de origem das
peças. O propósito desta análise consistiu em verificar se fatores que originam
variação da massa (neste caso a localização da cavidade da moldação) resulta,
por consequência, numa alteração das frequências naturais. Os resultados
obtidos são apresentados na Figura 4-5 para o componente ponte. Note-se que
cada cor representa o número da frequência natural, com ordem crescente de
1 (frequências mais baixas) até 13 (frequências mais altas). Os valores das
variações encontram-se na Tabela 4-6.
33
Figura 4-5. Variação dos valores das frequências naturais (de cada número de
frequência natural) das peças ponte para cada cavidade de moldação.
Tabela 4-6. Variação dos valores das frequências naturais de cada número de
frequência natural relativamente às cavidades onde foram produzidas as peças
do componente ponte.
Freq.
natural 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Δ (%) 2,7 1,8 1,3 1,8 1,3 1,1 1,7 1,4 1,2 1,1 2,0 1,1 1,0
Analisando em conjunto os dados anteriormente descritos, verifica-se que
ocorre uma variação dos valores de frequências naturais consoante a posição
da cavidade de moldação. Com base nas linhas ilustradas (correspondente a
cada número das frequências naturais) na Figura 4-5 este facto não é notório,
já que aparentemente são constantes. Porém, quando se procede à análise das
variações das frequências naturais de cada linha (ver Tabela 4-6), verifica-se
que as linhas aparentemente constantes efetivamente possuem variação;
apresentam um declive ligeiramente negativo, pois os valores mais baixos das
frequências naturais de cada número de frequência natural verificaram-se
serem sempre de peças oriundas de cavidades mais próximas da bacia de
vazamento. Tal era expectável pois, como estas cavidades produzem peças com
massas tenuemente inferiores, as frequências naturais são mais baixas; assim,
acredita-se que esta massa inferior devido à posição da cavidade de moldação
34
poderá ter originado uma rigidez inferior do componente e, consequentemente,
a diminuição das frequências naturais.
Relativamente ao componente corpo, os resultados obtidos podem ser
observados na Figura 4-6. Os valores das variações para as 12 frequências
naturais são apresentados na Tabela 4-7.
Figura 4-6. Variação dos valores das frequências naturais (de cada número de
frequência natural) das peças corpo para cada cavidade de moldação.
Tabela 4-7. Variação dos valores das frequências naturais de cada número de
frequência natural relativamente às cavidades de onde foram produzidas as
peças do componente corpo.
Frequência
natural 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Δ (%) 1,2 1,1 1,4 1,1 1,2 0,7 0,5 0,8 0,6 1,2 1,1 1,1
Analisando em conjunto os dados anteriormente descritos, verifica-se um
comportamento semelhante ao observado para a ponte; porém, as menores
variações verificadas na Tabela 4-7 (comparativamente às da ponte) poderão
ser explicadas pelos valores da Tabela 4-5 em que não se verifica variação de
massa das peças consoante as cavidades de origem e, consequentemente, estas
variações não resultam em variação significativa dos valores das frequências
naturais.
35
4.1.1.1.2. Dimensionamento
Primeiramente procedeu-se ao cálculo da correlação entre a massa das
peças obtidas com os valores das cotas de cada uma das 13 dimensões medidas
no componente ponte. O intuito foi verificar a influência da variação de uma
ou mais dimensões das peças na sua massa, o que, consequentemente, poderia
alterar os valores das frequências naturais. Os resultados alcançados para as
peças ponte podem ser analisados na Tabela 4-8.
Tabela 4-8. Coeficientes de correlação e de determinação das curvas de
regressão entre os valores das massas e os valores das cotas referentes às 13
dimensões medidas nas peças do componente ponte.
Dimensão R R2
1 0,50 0,25
2 0,48 0,23
3 0,56 0,32
4 0,57 0,32
5 0,40 0,16
6 0,42 0,18
7 0,52 0,27
8 0,48 0,23
9 0,05 0,003
10 0,01 0,00003
11 -0,91 0,83
12 -0,10 0,01
13 -0,17 0,03
Verifica-se que a cota referente à dimensão 11 (representada pela cota P11
da Figura C - 3 Anexo C) é a mais influente, pois apresenta um valor de
coeficiente de determinação consideravelmente superior, sendo 83% da
variação da massa explicada pela variação da cota referente à dimensão 11 da
ponte. De realçar que esta dimensão corresponde a uma cota indireta, sendo
dada pela diferença entre cotas. Quanto maior o seu valor absoluto, menor será
36
a folga entre a junção das duas meias moldações e, consequentemente, menor
a massa das peças. Assim, o grau do fecho de apartação poderá explicar a
variação de massa verificada, i.e., com graus de aperto diferentes há a variação
da cota desta dimensão, e consequentemente, variação da massa das peças
que, por sua vez, modifica as frequências naturais. Tal é comprovado pelos
resultados da Tabela 4-9 relativos ao cálculo da correlação dos valores das cotas
(referentes a esta dimensão) de todas as peças ponte com as 13 frequências
naturais. O intuito foi de averiguar se com a variação desta dimensão, verifica-
se, por consequência, uma variação das frequências naturais, já que esta
dimensão influência em 83% a variação da massa. No Anexo H, Figura H - 1 e
Figura H - 2, poderão ser analisados em detalhe os gráficos resultantes.
Tabela 4-9. Média dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e das cotas referentes à dimensão 11 das peças do
componente ponte.
R s R2 s
-0,85 0,04 0,73 0,07
Verifica-se que, com o aumento da cota referente à dimensão 11, há uma
diminuição das frequências naturais (coeficiente de correlação negativo). Tal
era expectável pois o aumento desta dimensão significa que há um maior grau
de aperto da moldação; assim a peça será ligeiramente mais leve. Tal já foi
igualmente comprovado pela análise da Tabela 4-8 em que o coeficiente de
correlação é negativo (-0,91); assim, com um aumento da cota referente à
dimensão 11 ocorre efetivamente uma diminuição da massa das peças e,
consequentemente, uma diminuição das frequências naturais.
Como verificado anteriormente na Tabela 4-2, esta dimensão apresenta
maior variação dos valores registados. Poder-se-á explicar que a diminuição das
frequências naturais com o aumento da dimensão é originada por uma potencial
diminuição da rigidez, resultante da diminuição da massa das peças.
37
Relativamente ao componente corpo, os resultados da análise da correlação
entre a massa das peças e as 7 dimensões medidas podem ser observados na
Tabela 4-10.
Tabela 4-10. Coeficientes de correlação e de determinação das curvas de
regressão entre os valores das massas das peças e das cotas referentes às 7
dimensões medidas no componente corpo.
Dimensão 1 2 3 4 5 6 7
R 0,76 0,12 -0,14 0,24 -0,05 -0,09 0,16
R2 0,58 0,01 0,02 0,06 0,002 0,01 0,03
Verifica-se que a dimensão que apresenta maior influência, muito embora
sem grande notoriedade, é a dimensão 1 (representada pela cota P1 da Figura
C - 3 do Anexo C). Procedeu-se ao cálculo da correlação dos valores das cotas
(referentes a esta dimensão) de todas as peças corpo com as 12 frequências
naturais; os resultados podem ser analisados na Tabela 4-11. No Anexo G, Figura
G - 3 e Figura G - 4, poderão ser analisados em detalhe os gráficos resultantes.
Tabela 4-11. Média dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e das cotas referentes à dimensão 1 das peças do
componente corpo.
R S R2 s
0,56 0,07 0,32 0,07
A influência da variação desta dimensão verifica-se ser inferior à
encontrada para o componente ponte (coeficiente de determinação, em média,
de apenas 32%). Tal poderá advir de que esta dimensão não se localiza na zona
de apartação, não tendo influência o grau de fecho das duas meias moldações.
Contudo, verifica-se que o aumento desta dimensão origina um aumento
das frequências naturais (analisando o coeficiente de correlação); tal era
expectável pois esta dimensão implica um aumento de massa da peça.
38
Acredita-se que a influência desta dimensão é inferior pois, como o
componente é aparentemente mais robusto e rígido, haverá uma compensação
do aumento da sua massa, não havendo uma influência notória na variação das
frequências naturais. Tal já foi constatado na Tabela 4-3 em que se verifica que
o corpo possui menor variação de massa e de frequências naturais.
4.1.1.2. Propriedades mecânicas
4.1.1.2.1. Dureza
Os resultados dos coeficientes de correlação e de determinação da análise
realizada entre os valores das frequências naturais e os de dureza das peças dos
componentes ponte e corpo estão descritos na Tabela 4-12.
Tabela 4-12. Média dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e das durezas das peças dos componentes ponte e corpo.
Apenas o coeficiente de correlação referente ao componente ponte é
significativo (superior, em valor absoluto, ao valor crítico do coeficiente de
correlação, 0,256, para uma amostra com um grau de confiança de 99%); assim,
apenas neste se poderá assumir a correlação. Poder-se-á então considerar que
as frequências naturais do componente ponte estão correlacionadas com a
dureza, sendo então 11% das variações das frequências naturais explicadas pela
variação da dureza. No entanto, tal como será posteriormente visto, estes 11%
são essencialmente explicados pela variação da % perlite da matriz.
Analisando a linha de tendência das durezas alcançadas pelas peças
oriundas de cada cavidade (ver Figura 4-7) verifica-se que a dureza aumenta
com a proximidade da cavidade à bacia de vazamento, i.e., cavidades mais
próximas dessa bacia originam peças com durezas mais elevadas. Assim,
analisando estes resultados conjuntamente com os da Tabela 4-12, haverá uma
χ̅ (R) s χ̅ (R2) s
Ponte -0,32 0,06 0,11 0,03
Corpo -0,12 0,06 0,02 0,02
39
diminuição das frequências naturais. Poder-se-á explicar o aumento da dureza
das peças oriundas de cavidades mais próximas à bacia de vazamento
eventualmente pela maior velocidade do seu arrefecimento (por serem mais
leves e, assim, possivelmente com cotas inferiores); porém, acredita-se que
esta alteração de velocidade não seja notoriamente diferente.
Figura 4-7. Linha de tendência dos valores da dureza das peças ponte versus
sua prévia localização na moldação.
Relativamente ao componente corpo, a linha de tendência alcançada pode
ser observada na Figura 4-8. Verifica-se que o comportamento é menos regular
do que o observado para o componente ponte, o que pode ser explicado, tal
como observado anteriormente, pelo facto de não existirem variações de massa
entre peças oriundas de diferentes cavidades da moldação do componente
corpo.
Figura 4-8. Linha de tendência dos valores da dureza das peças corpo versus sua
prévia localização na moldação.
215220225230235240
F C E B D A
Dure
za (
HB 5
/750 )
Cavidades
200
205
210
215
220
D B C A
Dure
za (
HB 5
/750)
Cavidades
40
4.1.1.2.2. Resistência à tração
Os resultados dos coeficientes de correlação e de determinação das curvas
de regressão entre os valores das frequências naturais e os valores de
resistência à tração das peças dos componentes ponte e corpo são apresentados
na Tabela 4-13.
Tabela 4-13. Média dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e da resistência à tração das peças dos componentes ponte
e corpo.
Verifica-se que o coeficiente de correlação é baixo e muito pouco
significativo pois os coeficientes de correlação alcançados (-0,05 e 0,15,
respetivamente para a ponte e o corpo) são inferiores ao valor crítico do
coeficiente de correlação (0,256 e 0,346, respetivamente para a ponte e o
corpo), para uma amostra com um grau de confiança de 99%.
Contudo, observa-se na Figura 4-9 que peças oriundas de cavidades mais
próximas da bacia de vazamento apresentam maior resistência à tração; este
aumento não é percentualmente significativo para as peças ponte e ainda muito
menos para as peças corpo (ver Figura 4-10).
Figura 4-9. Linha de tendência dos valores da resistência à tração das peças
ponte versus sua prévia localização na moldação.
χ̅ (R) s χ̅ (R2) s
Ponte -0,05 0,02 0,003 0,002
Corpo 0,15 0,09 0,03 0,02
620
630
640
650
660
F C E B D A
Resi
stência
à t
ração (
MPa)
Cavidades
41
Figura 4-10. Linha de tendência dos valores da resistência à tração das peças
corpo de cada cavidade versus sua prévia localização na moldação.
4.1.1.2.3. Alongamento
Os resultados dos coeficientes de correlação e de determinação das curvas
de regressão entre os valores das frequências naturais e os de alongamento das
peças dos componentes ponte e corpo são apresentados na Tabela 4-14.
Tabela 4-14. Média dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e do alongamento das peças dos componentes ponte e
corpo.
Verifica-se que são alcançados coeficientes de correlação linear diminutos
e mais uma vez não significativos pois os coeficientes de correlação alcançados
(-0,06 e -0,07, respetivamente para ponte e corpo) são inferiores ao valor
crítico do coeficiente de correlação (0,346 e 0,256, respetivamente para a
ponte e o corpo), para uma amostra com um grau de confiança de 99%.
Quando se procede à análise da linha de tendência dos valores do
alongamento das peças ponte e corpo de cada cavidade versus sua prévia
localização na moldação verifica-se que esta é constante, i.e., o alongamento
χ̅ (R) s χ̅ (R2) s
Ponte -0,06 0,04 0,004 0,004
Corpo -0,07 0,04 0,01 0,01
640
645
650
655
660
665
D B C AResi
stência
à t
ração (
MPa)
Cavidades
42
apresentou-se em média igual em todas as peças, independentemente da
cavidade de origem.
4.1.1.2.4. Tensão limite convencional de proporcionalidade a 0,2%
Os resultados dos coeficientes de correlação e de determinação das curvas
de regressão entre os valores das frequências naturais e os de Rp0,2 das peças
dos componentes ponte e corpo estão patentes na Tabela 4-15.
Tabela 4-15. Média dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e do Rp0,2 das peças dos componentes ponte e corpo.
Observa-se que os coeficientes de correlação são novamente baixos, não se
podendo adiantar uma justificação para a variação das frequências naturais pois
os coeficientes de correlação alcançados (-0,17 e 0,19, respetivamente para a
ponte e o corpo) são inferiores ao valor crítico do coeficiente de correlação
(0,256 e 0,346, respetivamente para a ponte e o corpo) para uma amostra com
um grau de confiança de 99%. Observando a Figura 4-11, onde se encontra a
linha de tendência dos valores de Rp0,2 de cada peça versus sua localização na
moldação. regista-se um aumento do Rp0,2 nas peças cujas cavidades estão mais
próximas da bacia de vazamento.
Quando se procede ao mesmo estudo, mas relativamente ao componente
corpo, verifica-se que esta é constante, i.e., o Rp0,2 apresentou-se em média
igual em todas as peças, independentemente da cavidade de origem.
χ̅ (R) s χ̅ (R2) s
Ponte -0,17 0,02 0,03 0,01
Corpo 0,19 0,09 0,04 0,03
43
Figura 4-11. Linha de tendência dos valores de Rp0,2 das peças ponte de cada
cavidade versus sua prévia localização na moldação.
4.1.1.3. Microestrutura
4.1.1.3.1. % Perlite
Os resultados dos coeficientes de correlação e de determinação das curvas
de regressão entre os valores das frequências naturais e das percentagens de
perlite das peças dos componentes ponte e corpo estão patentes na Tabela
4-16.
Tabela 4-16. Média dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e da % perlite das peças dos componentes ponte e corpo.
Apenas o coeficiente de correlação referente ao componente ponte é
significativo (-0,33) pois é superior, em valor absoluto, ao valor crítico do
coeficiente de correlação (0,256) para uma amostra com um grau de confiança
de 99%. Verifica-se que, aumentando a percentagem de perlite, há uma
diminuição das frequências naturais, obtendo-se um coeficiente de
determinação de 11%. Observando a Figura 4-12, em que é apresentada a linha
de tendência dos valores de % perlite na microestrutura das peças do
componente ponte de cada cavidade versus a cavidade a que corresponde,
χ̅ (R) s χ̅ (R2) s
Ponte -0,33 0,05 0,11 0,03
Corpo 0,002 0,07 0,004 0,01
410
420
430
440
450
F C E B D A
Rp0,2
(MPa)
Cavidades
44
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
F C E B D A
Perl
ite (
%)
Cavidades
verifica-se que a percentagem de fase perlítica é praticamente independente
da posição da cavidade de onde são oriundas as peças, não se tendo registado
essa tendência relativamente à dureza.
Quando se procede ao mesmo estudo, mas relativamente ao componente
corpo, verifica-se que esta é constante, i.e., a % perlite apresentou-se em
média igual em todas as peças, independentemente da cavidade de origem.
Figura 4-12. Linha de tendência dos valores da % perlite das peças ponte versus
sua prévia localização na moldação.
A multicolinearidade das variáveis dureza e % perlite esclarece que
efetivamente a % perlite explica a variação de dureza das peças pois o
coeficiente de correlação alcançado (0,53) é superior ao valor crítico do
coeficiente de correlação (0,256), para uma amostra com um grau de confiança
de 99%. Assim, os 11% de influência da dureza nas frequências naturais
efetivamente está explicada pela % perlite e, como tal, não será considerada
como fator de influência nas frequências naturais. Tal era expectável pois, em
matrizes essencialmente perlíticas, a dureza advém dos carbonetos de ferro -
cementite.
4.1.1.3.2. Nodularidade e número de nódulos
Verificou-se que, para os componentes ponte e corpo, todos os valores da
nodularidade foram de 100% e o número de nódulos de 300; assim, estes
parâmetros não foram considerados como influentes na variação dos valores das
frequências naturais.
45
4.1.1.4. Sanidade da peça
Verificou-se que, para os componentes ponte e corpo, todos os valores da
gravidade dos defeitos, e consequentemente a sua área foi de 0 mm e 0 mm2,
respetivamente; assim, estes parâmetros não foram considerados como
influentes na variação dos valores das frequências naturais.
4.2. Estudos complementares
4.2.1. Substituição da placa molde
As placas molde vão sendo sujeitas a um desgaste natural desde que são
colocadas na linha da moldação até ao seu fim de vida, sendo esse desgaste
primordialmente resultante do efeito da erosão da areia durante a sua injeção.
Desta forma, as placas novas são produzidas com a maioria das cotas
dimensionais próximas dos limites superiores; a sua utilização contínua
promove uma aproximação dos valores dessas cotas aos limites inferiores até
surgir a necessidade da sua substituição. É expectável que a média das massas
das peças oriundas de uma placa nova em início de vida (PMiv) seja superior à
alcançada numa placa molde em fim de vida (PMfv). Na Tabela 4-17 verifica-se
que o valor médio das massas de 6 peças do componente ponte, oriundas de
uma PMiv, é superior ao valor médio das massas das 102 peças do componente
ponte estudadas neste trabalho, sendo estas oriundas de uma PMfv.
Tabela 4-17. Valor médio das massas das peças do componente ponte oriundas
da PMiv e da PMfv, e respetivos desvios padrão.
Apesar com pouco significado estatístico, pois os valores registados são
referentes a apenas 6 peças, foi realizada uma análise semelhante à
desenvolvida no ponto 4.1., i.e., análise da correlação dos valores das
frequências naturais e os parâmetros seguintes: massa, dimensionamento,
PMiv PMfv
�̅� (g) 1732 1725
s (g) 10,9 16,8
46
dureza, resistência à tração, alongamento, Rp0,2 e % perlite. Os resultados dos
coeficientes de correlação e de determinação, e respetivos desvios padrão, são
apresentados na Tabela 4-18. De notar que a correlação realizada das
frequências naturais e dimensionamento é referente aos valores das cotas
referentes à dimensão 11 dos componentes ponte produzidos com uma PMiv
pois, como verificado anteriormente, mostrou ser a dimensão de maior
influência na variação da massa das peças do componente ponte.
Tabela 4-18. Média dos coeficientes de correlação e de determinação, e
respetivos desvios padrão, das curvas de regressão entre os valores das
frequências naturais e a massa, dimensionamento, dureza, Rm, A, Rp0,2 e %
perlite das peças do componente ponte oriundas da PMiv.
De notar que os valores dos coeficientes de correlação e de determinação
são superiores aos encontrados no estudo da ponte descrito no ponto 4.1.;
porém, sendo apenas 6 medições por parâmetro (referentes a 6 peças) é
expectável que os valores dos coeficientes diminuam com o aumento do número
de medições, como se verificou no ponto 4.1. em que se procedeu à análise de
102 medições por parâmetro (referentes a 102 peças), como já mencionado.
A variação de massa das peças induzida pela sua posição na moldação é de
1,5%, valor inferior ao encontrado para a análise realizada na PMfv (1,9%). Tal
seria de esperar pois, sendo uma placa nova, o fator desgaste é descartado
como hipótese de parâmetro influente nas variações de massa; contudo,
verifica-se igualmente uma variação de massa devido à posição prévia da peça
na moldação potencialmente explicada pela pressão metalostática.
Massa Dimensionamento Dureza Rm A Rp0,2 %
Perlite
χ̅ (R) 0,97 -0,95 -0,92 -0,77 -0,50 -0,45 -0,14
s 0,04 0,03 0,09 0,09 0,14 0,12 0,11
χ̅ (R2) 0,94 0,91 0,86 0,61 0,26 0,22 0,03
s 0,08 0,05 0,15 0,13 0,12 0,10 0,03
47
4.2.2. Seleção de materiais recorrendo ao software CES EduPack 2016
Neste estudo pretende-se efetuar a seleção de materiais, com recurso a
índices de material descritos na bibliografia, que permitem o melhor
desempenho do componente. Neste trabalho, o estudo incidiu, única e
simplesmente, sobre o componente corpo.
Com o intuito de analisar o material que melhor satisfaz o design de
limitação da vibração dos componentes, recorreu-se a um índice de material
ηE (módulo de perda), utilizando-o no software CES EduPack 2016 de forma a
obter o material com melhor desempenho. A escolha deste índice advém da sua
maximização permitir a seleção de materiais que proporcionam um menor valor
da amplitude da resposta na ressonância, tal como descrito na bibliografia.
Os resultados alcançados pela introdução do índice de material na
ferramenta de seleção de materiais no software CES EduPack 2016,
exclusivamente para ferros fundidos (lamelares e nodulares) e alumínio, são
apresentados na Figura 4-13.
Figura 4-13. Resultados obtidos com o software CES EduPack 2016 visando a
maximização do módulo de perda; a solução alumínio 357.0 afigura-se como a
mais adequada.
48
Verifica-se que o material que melhor satisfaz o objetivo proposto é
efetivamente o alumínio 357.0, sendo o valor do produto ηE substancialmente
superior (máximo de 4,09 GPa) ao valor do material de referência ferro fundido
nodular EN GJS 500 7 (máximo de 0,241 GPa). É de notar que os ferros fundidos
lamelares se localizam na zona dos materiais que maximiza o índice do
material. Tal era expectável pois, de acordo com a bibliografia, possuem alto
valor de fator de perda, η, devido à morfologia da grafite que permite a
concentração das tensões nas extremidades das lamelas durante a vibração.
Com o intuito de analisar o material que melhor satisfaz o design de
limitação da vibração dos componentes, porém com o recurso a um índice de
material que incorpora a propriedade densidade, (𝜂√𝐸) 𝜌⁄ , utilizou-se
novamente o software CES EduPack 2016. A escolha deste índice advém da sua
maximização permitir a seleção de materiais que proporcionam um design com
limite da vibração dos componentes, como descrito na bibliografia.
Para a utilização deste índice assume-se o corpo como duas vigas unidas pelas
pelas suas extremidades, encontrando-se em flexão durante a operação de
travagem, e com especificação da rigidez, como observado na Figura 4-14.
.
Figura 4-14. Esquema do corpo de um sistema de travagem, assumindo-o como
a junção de duas vigas em flexão (Adaptado de [29]).
Os resultados alcançados pela introdução do índice de material na
ferramenta de seleção de materiais no software CES EduPack 2016,
49
exclusivamente para ferros fundidos (lamelares e nodulares) e alumínio, são
apresentados na Figura 4-15.
Figura 4-15. Resultados obtidos com o software CES EduPack 2016 visando a
maximização de (𝜂√𝐸) 𝜌⁄ ; a solução alumínio 357.0 afigura-se como a mais
adequada.
Observa-se que o material que melhor satisfaz o objetivo proposto é
novamente o alumínio 357.0, sendo o valor de (𝜂√𝐸) 𝜌⁄ substancialmente
superior (máximo de 1,78x10−4) ao valor do material de referência ferro
fundido nodular EN GJS 500 7 (máximo de 2,57x10−6). É de notar que os ferros
fundidos lamelares já não se localizam tão próximos da zona dos materiais que
maximiza o índice do material, como se verificou na Figura 4-13. Tal poderá ser
explicado por este índice incorporar a densidade do material; sendo esta
superior neste material, há uma redução dos valores do índice do material.
Ao proceder ao estudo do índice do material (𝜂√𝐸) 𝜌⁄ , com limitação dos
valores mínimos de propriedades mecânicas exigidas para este componente
(resistência à tração de 500 MPa, Rp0,2 de 320 MPa e alongamento de 7%),
obtêm-se os resultados patentes na Figura 4-16.
50
Figura 4-16. Resultados obtidos com o software CES EduPack 2016 visando a
maximização de (η√E) ρ⁄ , impondo valores mínimos para as propriedades
mecânicas do componente corpo; a solução ferro fundido nodular EN GJS 450
10 afigura-se como a mais adequada.
Verifica-se que o material que melhor satisfaz o objetivo proposto é o ferro
fundido nodular EN GJS 450 10. É de notar que o ferro fundido nodular EN GJS
500 7, sendo o material de referência, apresenta-se como o segundo material
que melhor se adequa ao estudo em causa.
Finaliza-se o estudo de seleção de materiais com a maximização do índice
de material √E ρ⁄ com o intuito de conhecer que materiais apresentam maiores
frequências naturais, assumindo-se a amostra como uma viga.
Os resultados alcançados pela introdução do índice de material na
ferramenta de seleção de materiais no software CES EduPack 2016,
exclusivamente para ferros fundidos (lamelares e nodulares) e alumínio, são
apresentados na Figura 4-17.
51
Figura 4-17. Resultados obtidos com o software CES EduPack 2016 visando a
maximização de √E ρ⁄ .
Verifica-se que, ao maximizar o índice de material, i.e., alcançando
materiais com frequências naturais superiores, os alumínios possuem maiores
frequências naturais, seguindo-se os ferros fundidos nodulares e por fim os
lamelares.
4.2.3. Identificação das frequências naturais
O objetivo fulcral deste ensaio complementar foi estabelecer a relação
entre as frequências naturais obtidas em 23 amostras (1 de alumínio, 2 de ferro
fundido lamelar, 3 de ferro fundido compacto e 17 de ferro fundido nodular)
com a sua composição química, módulo de Young (E) e módulo de cisalhamento
(G). Os resultados obtidos são seguidamente apresentados.
4.2.3.1. Módulo de Young e Módulo de Cisalhamento
Foram analisadas as relações entre as frequências naturais, no modo de
flexão, com os módulos de Young e, no modo torsional, com os módulos de
cisalhamento; os resultados obtidos são apresentados na Figura 4-18 e Figura
4-19, respetivamente. A identificação dos valores das frequências naturais
52
processou-se através de uma função como a apresentada no exemplo patente
na Figura I - 1 do Anexo I, as amostras apresentaram gráficos com
comportamento semelhante ao exemplo apresentado, com exceção da amostra
de ferro fundido lamelar como será visto posteriormente.
Figura 4-18. Variação das frequências naturais versus módulo de Young nas 23
amostras dos ensaios complementares.
Figura 4-19. Variação das frequências naturais versus módulo de cisalhamento
nas 20 amostras de ferro fundido nodular e compacto e 1 de alumínio dos
ensaios complementares.
Analisando ambos os resultados, verifica-se um aumento das frequências
naturais com o aumento do módulo de Young e de cisalhamento. Nas amostras
de ferro fundido, 99% e 81% da variação das frequências naturais é explicada,
respetivamente, pelo módulo de Young e de cisalhamento, como se observa
53
pela análise dos coeficientes de determinação. Tal era expectável pois, como
visto na Equação ( 2-1 ), as frequências naturais aumentam com a rigidez e
esta, por sua vez, é proporcional ao módulo de Young. Por sua vez, o módulo
de Young aumenta com o módulo de cisalhamento (ver Equação ( 2-4)). Tal é
comprovado experimentalmente como se observa na Figura 4-20, onde se
regista a obtenção dum coeficiente de determinação muito elevado e
significativo (99%) entre o módulo de Young e de cisalhamento, para ferro
fundidos nodular e compacto.
Observando a Figura 4-19 repara-se que não foi possível calcular o módulo
de cisalhamento das amostras de ferro fundido lamelar devido a erros de leitura
pelo software no cálculo deste módulo. Tal será potencialmente devido a uma
menor homogeneidade do material que, segundo a norma com que este ensaio
é realizado, poderá influenciar consideravelmente as propriedades alcançadas.
A dificuldade de leitura pelo software foi também observada no modo de flexão
(ver Figura I - 2 do Anexo I), mas com menor evidência, permitindo o cálculo
do módulo de Young.
Figura 4-20. Variação dos módulos de Young versus módulo de cisalhamento nas
20 amostras de ferro fundido nodular e compacto e 1 de alumínio dos ensaios
complementares.
É de notar que, sendo necessário para o cálculo do coeficiente de Poisson
o módulo de cisalhamento, não foi possível alcançar os valores deste nas duas
54
amostras de ferro fundido lamelar. Os valores obtidos para o coeficiente de
Poisson das restantes amostras encontram-se na Tabela J - 1 do Anexo J.
Em suma, quanto maiores os módulo de Young e de cisalhamento, maiores
as frequências naturais, sendo estas no modo de flexão superiores no alumínio,
seguindo-se os ferros fundidos nodulares e por fim os lamelares. Tal é verificado
também nas frequências naturais no modo torsional, muito embora não tenha
sido possível obter registo destas frequências nas amostras de ferro fundido
lamelar; sendo, também, alcançado, como já verificado, pela seleção de
materiais que maximizam as frequências naturais com os resultados descritos
na Figura 4-17.
4.2.3.2. Composição química
Foram analisadas as relações entre as frequências naturais no modo de
flexão com a composição química (% C, % Si, % Mg e % CE) dos ferros fundidos
lamelares e nodulares utilizados na produção das amostras. Observou-se que
apenas a % Mg apresenta uma influência significativa, 49%, com as frequências
naturais (ver Figura 4-21).
Figura 4-21. Variação das frequências naturais versus % Mg nas 22 amostras de
ferro fundido dos ensaios complementares.
É expectável que, com o aumento da % Mg, ocorra um aumento das
frequências naturais, pois a nodularidade aumenta com a % Mg [36] e, de acordo
com a bibliografia, o aumento da nodularidade origina um aumento do módulo
de Young que, por sua vez, promove um aumento das frequências naturais.
55
A massa é um parâmetro influente na variação das frequências naturais,
tendo um coeficiente de determinação de 82% e 67% para peças ponte e corpo,
respetivamente. O aumento verificado das frequências naturais com o aumento
da massa deve-se a um incremento da rigidez dos componentes resultante da
massa adicional se distribuir em locais de mais elevada rigidez das peças,
reduzindo a deflexão. Tal não é tão notório no componente corpo pois acredita-
se que este já possua uma rigidez elevada (devido à aparente robustez da
geometria do componente) que permitirá compensar a variação de massa das
peças.
A influência da posição das peças na moldação e a variação das suas
dimensões na variação da massa é significativa e notória apenas no caso do
componente ponte. Estes dois fatores influenciam a massa que, por sua vez,
altera os valores das frequências naturais. A variação de massa é explicada em
1,9% pela variação da posição da cavidade da moldação de onde são oriundas
as peças do componente ponte (a variação é resultante da pressão
metalostática), e em 83% pela variação da cota referente à dimensão 11 deste
componente, estando esta dependente do grau de fecho da moldação.
Outro fator encontrado como influente, embora segundo um grau
substancialmente inferior, na variação das frequências naturais foi a % perlite,
com um coeficiente de determinação de 11% para o componente ponte. Este
valor é bastante baixo no caso do componente corpo.
Relativamente aos ensaios complementares, e começando pela análise da
substituição da placa molde, verificou-se que os valores dos coeficientes de
correlação e de determinação das diferentes curvas de regressão analisadas são
superiores para o parâmetro massa relativamente aos encontrados no caso da
placa molde em fim de vida. Porém, estes valores não são estatisticamente
significativos pois incidem apenas num universo de 6 peças.
No estudo da seleção de materiais para o componente corpo, com recurso
a índices de material descritos na bibliografia, em que se pretendia o melhor
Capítulo 5. Conclusão
Neste capítulo são descritas as principais conclusões do presente estudo,
assim como são apresentadas sugestões de estudos futuros.
56
desempenho na minimização da amplitude da resposta na ressonância, foi
encontrado como material mais adequado o alumínio 375.0, seguindo-se os
ferros fundidos lamelares e só posteriormente os ferros fundidos nodulares.
Contudo, quando impostos valores mínimos para as propriedades mecânicas
especificadas para o componente corpo, o ferro fundido nodular EN GJS 450 10
apresenta-se como material mais adequado, figurando o ferro fundido nodular
EN GJS 500 7 (material de referência) em segundo lugar para o estudo em causa.
Nos ensaios complementares, que tinham como intuito analisar a influência
de parâmetros como a composição química, módulo de Young e de cisalhamento
nas frequências naturais de diferentes tipos de material, concluiu-se que
quanto maior o módulo de Young e de cisalhamento maior as frequências
naturais. As frequências naturais, no modo de flexão, apresentaram-se
superiores no alumínio, seguindo-se os ferros fundidos nodulares e por fim os
lamelares; em modo torsional, apresentaram-se igualmente superiores no
alumínio, seguindo-se os ferros fundidos nodulares (não tendo sido possível a
obtenção de valores para os ferros fundidos lamelares). Conclui-se também que
ferros fundidos nodulares com teores de magnésio superiores possuem maior
nodularidade, originando um aumento do módulo de Young que, por sua vez, e
de acordo com a bibliografia, incrementa os valores das frequências naturais.
Na eventualidade das peças apresentarem valores de frequências naturais
fora da gama de especificações, acredita-se que a seguinte proposta seria uma
tentativa de resolução do problema: caso se verificasse a diminuição das
frequências naturais para valores inferiores aos especificados, poder-se-ia
optar por aumentar o teor de magnésio (sem que este incremento resultasse no
prejuízo de outras propriedades especificadas).
Contudo, a melhor solução para manter as frequências naturais constantes,
passaria por manter a variação da massa destes dois componentes igualmente
constante; tal seria apenas conseguido se fosse garantida uma pressão
metalostática uniforme em todas as cavidades da moldação, assim como um
fecho da moldação idêntico para todas as moldações.
57
À medida que estudamos uma determinada área científica é habitual
surgirem novos caminhos de investigação.
Após a realização deste trabalho, em que se visou primordialmente
encontrar a relação entre parâmetros dos componentes ponte e corpo com as
suas frequências naturais, seria de extrema importância caracterizar o modelo
modal (frequências naturais, razões de amortecimento e formas naturais de
vibração) de cada componente.
Posteriormente, dever-se-ia modificar algumas propriedades do material
(como percentagem de perlite, teor de magnésio, etc.) de cada componente
visando avaliar a sua influência na propensão ao ruído do sistema de travagem.
Com os resultados alcançados, seria importante avaliar qual o componente que
possui frequências naturais próximas às frequências em que o ruído ocorre de
forma a saber de entre estes (ponte e corpo) qual é o meio principal de
propagação de ruído, focalizando os esforços supramencionados em apenas um
dos componentes, ou eventualmente em ambos caso se verifique igual
influência.
Em estudos mais avançados, todos os componentes do sistema de travagem
deveriam ter igual tratamento por forma a ser possível a diminuição das
ocorrências de ruído no sistema total.
58
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A1
Figura A - 1. Componente ponte produzido na SAKTHI Portugal, S.A..
Anexo A
Neste anexo são apresentadas imagens dos dois componentes estudados no
decorrer desta dissertação: a ponte e o corpo.
A2
Figura A - 2. Componente corpo produzido na SAKTHI Portugal, S.A..
B1
Tabela B - 1. Composições químicas parciais das 21 amostras de ferro fundido
produzidas pelo IK4-Azterlan.
Anexo B
Neste anexo são apresentadas as composições químicas parciais das 21
amostras de ferro fundido e 1 de alumínio produzidas pelo IK4-Azterlan.
Inoculação % C % Mg % Si % 𝐶𝑒𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎𝑙𝑒𝑛𝑡𝑒
Ferr
o f
undid
o
1 Lamelar
3,74 0,013 1,96 4,39
2 -
3 Compacto - 3,81 0,020 2,06 4,50
4 Compacto
3,66 0,018 1,97 4,32
5 -
6 Nodular
3,97 0,048 1,88 4,60
7 -
8 Nodular
3,28 0,053 2,07 3,97
9 -
10 Nodular
3,81 0,045 2,07 4,50
11 -
12 Nodular
4,07 0,044 2,06 4,76
13 -
14 Nodular
3,75 0,048 1,96 4,40
15 -
16 Nodular
3,73 0,037 2,00 4,40
17 -
18 Nodular
3,69 0,036 2,10 4,39
19 -
20 Nodular
3,79 0,043 3,08 4,82
21 -
B2
Tabela B - 2. Composição química parcial da amostra de alumínio, A, produzida
pelo IK4-Azterlan.
% Si % Mg % Ti % Fe % Cu
6,39 0,49 0,17 0,13 0,12
%Sn % Mn % Cr % Zn % V
0,013 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01
C1
Figura C - 1. Localização da cota referente à dimensão 11 do componente
ponte, representada pelo ponto P11.
Anexo C
Neste anexo são apresentadas imagens com a localização das zonas onde
foram medidas as cotas dos componentes ponte e corpo.
C2
Figura C - 2. Localização da cota referente à dimensão 2 do componente corpo,
representada pelo ponto P2.
Figura C - 3. Localização da cota referente à dimensão 1 do componente corpo,
representada pelo ponto P1.
D1
Figura D - 1. Localização das zonas de onde foram retiradas as amostras para
ensaios de dureza, caracterização microestrutural, e ensaios de tração,
representadas respetivamente pelos números 1, 2 e 3, do componente ponte.
Anexo D
Neste anexo são apresentadas imagens com a localização das zonas de onde
foram retiradas as amostras para ensaios de dureza, caracterização
microestrutural, e ensaios de tração dos componentes ponte e corpo.
D2
Figura D - 2. Localização das zonas de onde foram retiradas as amostras para
ensaios de dureza, caracterização microestrutural, e ensaios de tração,
representadas respetivamente pelos números 1, 2 e 3, do componente corpo.
E1
Figura E - 1. Localização das zonas onde se procedeu à análise por raios-X do
componente ponte.
Anexo E
Neste anexo são apresentadas imagens com a localização das zonas onde se
procedeu à avaliação da sanidade interna dos componentes ponte e corpo.
E2
Figura E - 2. Localização das zonas onde se procedeu à análise por raios-X do
componente corpo.
F1
Amostra m
(g) s
l
(mm) s
c
(mm) s
e
(mm) s ν*
Sakthi 197,36 0,01 45,01 0,03 65,04 0,02 9,53 0,03 0,275
1 197,97 0,01 45,12 0,01 65,12 0,02 9,61 0,03 0,260
2 197,97 0,01 45,08 0,01 65,11 0,01 9,54 0,02 0,260
3 198,81 0,01 45,10 0,01 65,10 0,02 9,58 0,06 0,268
4 198,94 0,01 45,08 0,01 65,08 0,01 9,60 0,02 0,268
5 199,82 0,01 45,12 0,01 65,10 0,02 9,54 0,03 0,268
6 200,14 0,01 45,08 0,01 65,07 0,02 9,56 0,04 0,275
7 200,31 0,01 45,02 0,01 65,08 0,02 9,53 0,03 0,275
8 198,19 0,01 45,06 0,02 65,11 0,01 9,55 0,03 0,275
9 198,62 0,01 45,09 0,01 65,10 0,02 9,55 0,02 0,275
10 197,62 0,01 45,06 0,03 65,10 0,03 9,54 0,03 0,275
11 199,32 0,01 45,11 0,01 65,09 0,01 9,60 0,03 0,275
12 197,57 0,01 45,03 0,02 65,07 0,04 9,63 0,01 0,275
13 198,58 0,01 45,10 0,02 65,11 0,01 9,60 0,02 0,275
14 199,29 0,01 45,12 0,01 65,10 0,01 9,57 0,03 0,275
15 198,71 0,01 45,07 0,01 65,07 0,02 9,52 0,02 0,275
16 197,91 0,01 45,06 0,02 65,08 0,01 9,61 0,01 0,275
17 198,16 0,01 45,04 0,01 65,09 0,02 9,54 0,04 0,275
18 199,08 0,01 45,01 0,01 65,10 0,01 9,54 0,02 0,275
19 200,23 0,01 45,04 0,01 65,08 0,01 9,63 0,01 0,275
20 196,56 0,01 45,05 0,02 65,08 0,03 9,59 0,02 0,275
21 197,80 0,01 45,09 0,01 65,10 0,01 9,57 0,02 0,275
A 74,23 0,01 45,08 0,02 64,68 0,03 9,62 0,02 0,340
*valor estimado.
Anexo F
Neste anexo são apresentados os parâmetros iniciais exigidos pelo software
RFDA MFbasic, e a imagem da amostra utilizada na realização dos ensaios
complementares de identificação das frequências naturais.
Tabela F - 1. Valores da massa, altura, comprimento, espessura, com
respetivos desvios padrão e coeficiente de Poisson estimado das amostras.
F2
Figura F - 1. Imagem da amostra tipo utilizada nos ensaios complementares de
identificação das frequências naturais, e respetivas dimensões.
G1
Figura G - 1. Variação dos valores das frequências naturais versus massa; os
gráficos a), b), c), d), e), f) são referentes, respetivamente, às frequências
naturais 1, 2, 3, 4, 5 e 6 das peças do componente ponte.
Anexo G
Neste anexo são apresentados os gráficos relativos à variação das
frequências naturais versus massa das peças dos componentes ponte e
corpo.
y = 0,9211x + 110,56R² = 0,875
1650
1670
1690
1710
1730
1750
1770
1680 1700 1720 1740 1760 1780
Fre
quência
Natu
ral
4
(Hz)
Massa (g)
y = 0,5246x + 179,93R² = 0,8225
1060
1070
1080
1090
1100
1110
1120
1680 1700 1720 1740 1760 1780
Fre
quência
Natu
ral 2 (
Hz)
Massa (g)
y = 0,4499x - 206,42R² = 0,9011
550555560565570575580585590595
1680 1700 1720 1740 1760 1780
Fre
quência
Natu
ral 1 (
Hz)
Massa (g)b) a)
y = 0,4804x + 402,03R² = 0,8722
1210
1220
1230
1240
1250
1260
1270
1680 1700 1720 1740 1760 1780
Fre
quência
Natu
ral 3 (
Hz)
Massa (g)c) d)
y = 0,7974x + 705,75R² = 0,7782
2040
2060
2080
2100
2120
1680 1700 1720 1740 1760 1780
Fre
quência
Natu
ral 5 (
Hz)
Massa (g)
y = 1,1059x + 1836,4R² = 0,8016
3655
3705
3755
3805
1680 1700 1720 1740 1760 1780
Fre
quência
Natu
ral 6 (
Hz)
Massa (g)e) f)
G2
Figura G - 2. Variação dos valores das frequências naturais versus massa; os
gráficos g), h), i), j), k), l), m) são referentes, respetivamente, às frequências
naturais 7, 8, 9, 10, 11,12 e 13 das peças do componente ponte.
y = 2,0275x + 3598,2R² = 0,8235
7005
7055
7105
7155
7205
1680 1700 1720 1740 1760 1780
Fre
quência
Natu
ral 10 (
Hz)
Massa (g)
y = 1,7863x + 1154,7R² = 0,8172
4150
4200
4250
4300
4350
1680 1700 1720 1740 1760 1780
Fre
quência
Natu
ral 7 (
Hz)
Massa (g)
y = 1,4764x + 1778,6R² = 0,7489
4260
4310
4360
4410
1680 1700 1720 1740 1760 1780
Fre
quência
Natu
ral 8 (
Hz)
Massa (g)g) h)
y = 1,4284x + 1999,7R² = 0,8697
4410
4460
4510
4560
1680 1700 1720 1740 1760 1780
Fre
quência
Natu
ral 9 (
Hz)
Massa (g)j) i)
y = 3,8843x + 1059,5R² = 0,8809
7605
7705
7805
7905
8005
1680 1700 1720 1740 1760 1780
Fre
quência
Natu
ral 11 (
Hz)
Massa (g)k)
y = 2,1536x + 4402,4R² = 0,7903
8020
8070
8120
8170
8220
8270
1680 1700 1720 1740 1760 1780
Fre
quência
Natu
ral 12 (
Hz)
Massa (g)
y = 1,8371x + 5056,7R² = 0,6659
8130
8180
8230
8280
8330
1680 1700 1720 1740 1760 1780
Fre
quência
Natu
ral 13 (
Hz)
Massa (g)m)
l)
G3
y = 0,4303x + 485,92R² = 0,7723
2240
2260
2280
2300
2320
2340
4080 4130 4180 4230
Fre
quência
Natu
ral 2 (
Hz)
Massa (g)
y = 0,4076x + 505,02R² = 0,7725
2160
2180
2200
2220
2240
2260
4050 4100 4150 4200 4250
Fre
quência
Natu
ral 1 (
Hz)
Massa (g)
y = 0,7712x + 1156,5R² = 0,6954
4310
4360
4410
4460
4080 4130 4180 4230
Fre
quência
Natu
ral 3 (
Hz)
Massa (g)
y = 0,7841x + 1450,9R² = 0,7546
4650
4700
4750
4800
4850
4080 4130 4180 4230
Fre
quência
Natu
ral 4 (
Hz)
Massa (g)
y = 0,8374x + 1662,6R² = 0,6869
5080
5130
5180
5230
5280
4080 4130 4180 4230
Fre
quência
Natu
ral 5 (
Hz)
Massa (g)
y = 0,8286x + 2111,5R² = 0,5013
5455
5505
5555
5605
5655
5705
4080 4130 4180 4230
Fre
quência
Natu
ral 6 (
Hz)
Massa (g)
b) a)
c) d)
e) f)
Figura G - 3. Variação dos valores das frequências naturais versus massa; os
gráficos a), b), c), d), e), f) são referentes, respetivamente, às frequências
naturais 1, 2, 3, 4, 5 e 6 das peças do componente corpo.
G4
Figura G - 4. Variação dos valores das frequências naturais versus massa; os
gráficos g), h), i), j), k), l) são referentes, respetivamente, às frequências
naturais 7, 8, 9, 10, 11 e 12 das peças do componente corpo.
y = 0,937x + 3640,4R² = 0,4095
7410
7460
7510
7560
7610
7660
7710
4080 4130 4180 4230
Fre
quência
Natu
ral 8 (
Hz)
Massa (g)
y = 0,7628x + 4203,7R² = 0,5547
7280
7330
7380
7430
7480
4080 4130 4180 4230
Fre
quência
Natu
ral 7 (
Hz)
Massa (g)
y = 0,9133x + 4531,8R² = 0,6177
8210
8260
8310
8360
8410
8460
4080 4130 4180 4230
Fre
quência
Natu
ral 9 (
Hz)
Massa (g)
y = 1,556x + 2604,2R² = 0,7488
8955
9005
9055
9105
9155
9205
9255
4080 4130 4180 4230
Fre
quência
Natu
ral 10 (
Hz)
Massa (g)
y = 1,5705x + 2892,1R² = 0,751
9290
9390
9490
9590
9690
4080 4130 4180 4230
Fre
quência
Natu
ral 11 (
Hz)
Massa (g)
y = 1,6091x + 3165,1R² = 0,7261
9730
9830
9930
10030
10130
4080 4130 4180 4230
Fre
quência
Natu
ral 13 (
Hz)
Massa (g)
g) h)
j) i)
k) l)
H1
y = -50,532x + 874,09R² = 0,7767
550
560
570
580
590
600
5,60 5,80 6,00 6,20 6,40
Fre
quência
natu
ral 1 (
Hz)
Dimensão 11 (mm)
y = -63,027x + 1464,6R² = 0,8111
1060
1070
1080
1090
1100
1110
1120
5,60 5,80 6,00 6,20 6,40
Fre
quência
natu
ral 2 (
Hz)
Dimensão 11 (mm)
y = -54,53x + 1559,2R² = 0,7679
1210
1220
1230
1240
1250
1260
1270
5,60 5,80 6,00 6,20 6,40
Fre
quência
natu
ral 3 (
Hz)
Dimensão 11 (mm)
y = -105,91x + 2337,4R² = 0,7904
1660
1680
1700
1720
1740
1760
5,60 5,80 6,00 6,20 6,40
Fre
quência
natu
ral 4 (
Hz)
Dimensão 11 (mm)
y = -91,739x + 2633,9R² = 0,7037
2040
2060
2080
2100
2120
5,60 5,80 6,00 6,20 6,40
Fre
quência
natu
ral 5 (
Hz)
Dimensão 11 (mm)
y = -125,41x + 4499,5R² = 0,7043
3700
3720
3740
3760
3780
3800
3820
5,60 5,80 6,00 6,20 6,40
Fre
quência
natu
ral 6 (
Hz)
Dimensão 11 (mm)
b) a)
c) d)
e) f)
Figura H - 1. Variação dos valores das frequências naturais versus valores das
cotas referentes à dimensão 11; os gráficos a), b), c), d), e), f) são referentes,
respetivamente, às frequências naturais 1, 2, 3, 4, 5 e 6 das peças do
componente ponte.
Anexo H
Neste anexo são apresentados os gráficos relativos à variação das
frequências naturais versus os valores das cotas referentes à dimensão 11 e
1 das peças dos componentes ponte e corpo.
H2
y = -204,38x + 5467,4R² = 0,7309
4150
4200
4250
4300
4350
5,60 5,80 6,00 6,20 6,40
Fre
quência
natu
ral 7 (
Hz)
Dimensão 11 (mm)
y = -169,11x + 5344,1R² = 0,6714
4250
4300
4350
4400
4450
5,60 5,80 6,00 6,20 6,40
Fre
quência
natu
ral 8 (
Hz)
Dimensão 11 (mm)
y = -160,78x + 5432,3R² = 0,7529
4400
4450
4500
4550
5,60 5,80 6,00 6,20 6,40
Fre
quência
natu
ral 9 (
Hz)
Dimensão 11 (mm)
y = -226,36x + 8459,4R² = 0,7013
7000
7050
7100
7150
7200
5,60 5,80 6,00 6,20 6,40
Fre
quência
natu
ral 10 (
Hz)
Dimensão 11 (mm)
y = -438,17x + 10400R² = 0,7658
7600
7700
7800
7900
8000
5,60 5,80 6,00 6,20 6,40
Fre
quência
natu
ral 11 (
Hz)
Dimensão 11 (mm)
y = -244,02x + 9587,4R² = 0,6933
8000
8050
8100
8150
8200
8250
5,60 5,80 6,00 6,20 6,40
Fre
quência
natu
ral 12 (
Hz)
Dimensão 11 (mm)
y = -203,69x + 9452,9R² = 0,5593
8100
8150
8200
8250
8300
8350
5,60 5,80 6,00 6,20 6,40
Fre
quência
natu
ral 13 (
Hz)
Dimensão 11 (mm)
g) h)
j) i)
k)
m)
l)
Figura H - 2. Variação dos valores das frequências naturais versus valores das
cotas referentes à dimensão 11; os gráficos g), h), i), j), k), l), m) são
referentes, respetivamente, às frequências naturais 7, 8, 9, 10, 11, 12 e 13 das
peças do componente ponte.
H3
y = 45,065x - 359,49R² = 0,3942
2160
2180
2200
2220
2240
2260
56,4056,6056,8057,0057,2057,4057,60
Fre
quência
natu
ral 1 (
Hz)
Dimensão 1 (mm)
y = 48,929x - 503,72R² = 0,4167
2240
2260
2280
2300
2320
2340
56,4056,6056,8057,0057,2057,4057,60
Fre
quência
natu
ral 2 (
Hz)
Dimensão 1 (mm)
y = 84,606x - 441,57R² = 0,3493
4300
4350
4400
4450
56,4056,6056,8057,0057,2057,4057,60
Fre
quência
natu
ral 3 (
Hz)
Dimensão 1 (mm)
y = 81,872x + 62,485R² = 0,3434
4600
4650
4700
4750
4800
4850
56,4056,6056,8057,0057,2057,4057,60
Fre
quência
natu
ral 4 (
Hz)
Dimensão 1 (mm)
y = 76,582x + 798,52R² = 0,2398
5050
5100
5150
5200
5250
56,4056,6056,8057,0057,2057,4057,60
Fre
quência
natu
ral 5 (
Hz)
Dimensão 1 (mm)
y = 111,89x - 801,18R² = 0,3815
5450
5500
5550
5600
5650
5700
56,4056,6056,8057,0057,2057,4057,60
Fre
quência
natu
ral 6 (
Hz)
Dimensão 1 (mm)
b) a)
c) d)
e) f)
Figura H - 3. Variação dos valores das frequências naturais versus valores das
cotas referentes à dimensão 1; os gráficos a), b), c), d), e), f) são referentes,
respetivamente, às frequências naturais 1, 2, 3, 4, 5 e 6 das peças do
componente corpo.
H4
y = 83,634x + 2625,8R² = 0,2783
7250
7300
7350
7400
7450
7500
56,4056,6056,8057,0057,2057,4057,60
Fre
quência
natu
ral 7 (
Hz)
Dimensão 1 (mm)
y = 97,94x + 1975,7R² = 0,1867
7400
7450
7500
7550
7600
7650
7700
56,4056,6056,8057,0057,2057,4057,60
Fre
quência
natu
ral 8 (
Hz)
Dimensão 1 (mm)
y = 87,614x + 3356,4R² = 0,2372
8200
8250
8300
8350
8400
8450
56,4056,6056,8057,0057,2057,4057,60
Fre
quência
natu
ral 9 (
Hz)
Dimensão 1 (mm)
y = 165,66x - 332,35R² = 0,3542
8950
9000
9050
9100
9150
9200
9250
56,4056,6056,8057,0057,2057,4057,60
Fre
quência
natu
ral 10 (
Hz)
Dimensão 1 (mm)
y = 162,39x + 202,35R² = 0,3351
9200
9300
9400
9500
9600
9700
56,4056,6056,8057,0057,2057,4057,60
Fre
quência
natu
ral 11 (
Hz)
Dimensão 1 (mm)
y = 155,66x + 1020,1R² = 0,2836
9700
9750
9800
9850
9900
9950
10000
10050
56,4056,6056,8057,0057,2057,4057,60
Fre
quência
natu
ral 12 (
Hz)
Dimensão 1 (mm)
g) h
j) i)
k) l)
Figura H - 4. Variação dos valores das frequências naturais versus valores das
cotas referentes à dimensão 1; os gráficos g), h), i), j), k), l) são referentes,
respetivamente, às frequências naturais 7, 8, 9, 10, 11, e 12 das peças do
componente corpo.
I1
Neste anexo são apresentadas imagens dos gráficos obtidos com o software
RFDA-MFbasic numa amostra de ferro fundido nodular, para o modo de flexão
e torsional, e de ferro fundido lamelar para o modo de flexão.
Figura I - 1. Gráficos obtidos nos ensaios complementares de identificação das
frequências naturais, no modo de flexão e torsional, para uma amostra de ferro
fundido nodular.
Figura I - 2. Gráficos obtidos nos ensaios complementares de identificação das
frequências naturais, no modo de flexão, para uma amostra de ferro fundido
lamelar.
Anexo I
J1
Anexo J
Neste anexo são apresentados os valores do coeficiente de Poisson
determinados para as 23 amostras utilizadas nos ensaios complementares.
Coeficiente de Poisson ( ν)
Ferr
o f
undid
o
1 Lamelar
-
2 -
3 Compacto 0,274
4 Compacto
0,272
5 0,269
Amostra
SAKTHI Nodular 0,267
6 Nodular
0,267
7 0,275
8 Nodular
0,274
9 0,273
10 Nodular
0,275
11 0,274
12 Nodular
0,275
13 0,275
14 Nodular
0,274
15 0,274
16 Nodular
0,274
17 0,273
18 Nodular
0,276
19 0,276
20
Nodular
0,275
21 0,267
21 0,267
Alumínio A 0,326
Tabela J - 1. Valores do coeficiente de Poisson das amostras, determinados
experimentalmente.