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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA TERCEIRA VARA CÍVEL DA COMARCA DE RIO GRANDE/RS

Clarel da Cruz Riet, infra-assinado, engenheirocivil, perito judicial nomeado nos autos da AÇÃOORDINÁRIA, processo n.º 023/1.07.0010975-4, emque é AUTOR Bradesco S/A e RÉUS S. F. Ltda e K.

E. Ltda, tendo procedido aos estudos e diligênciasque se fizeram necessários, vem apresentar a V.Exa. as conclusões a que chegou, consubstanciadono seguinte:

LAUDO DE ENGENHARIA

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ÍNDICE

1. OBJETIVO DA PERÍCIA .................................................................................................. 03

2. PRELIMINARES ............................................................................................................. 03

2.1. EXPOSIÇÃO DA AUTORA ............................................................................................... 03

2.2. CONTESTAÇÃO DA RÉ S. F. LTDA .................................................................................. 03

2.3. CONTESTAÇÃO DA RÉ K. E. LTDA .................................................................................. 03

3. VISTORIA E CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO ................................................................... 04

3.1. REGISTRO FOTOGRÁFICO ............................................................................................. 054. METODOLOGIA ............................................................................................................ 06

5. SUBSÍDIOS ESCLARECEDORES ...................................................................................... 06

5.1. INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO ....................................................................................... 06

5.2. SOLOS DE COMPORTAMENTO ESPECIAL ........................................................................ 06

5.3. A DEFORMABILIDADE DOS SOLOS ................................................................................ 06

5.4. RECALQUES ADMISSÍVEIS ............................................................................................ 07

5.5. FUNDAÇÕES PROFUNDAS ............................................................................................. 08

5.6. PROBLEMAS NA EXECUÇÃO DE ESTACAS CRAVADAS ...................................................... 09

5.7. ESTACAS TIPO FRANKI ................................................................................................. 09

5.8. A CAPACIDADE DE CARGA DOS SOLOS E O CONTROLE DE NEGA DAS ESTACAS .............. 10

5.9. PROBLEMAS ESPECÍFICOS DO SISTEMA DE EXECUÇÃO EM ESTACAS FRANKI .................. 12

5.10. VERIFICAÇÃO DA INTEGRIDADE DAS FUNDAÇÕES ......................................................... 13

5.10.1 EXTRAÇÃO DE TESTEMUNHOS COM SONDAGEM ROTATIVA ........................................... 13

5.10.2. ENSAIO TIPO PIT ......................................................................................................... 13

5.11. PROVAS DE CARGA ....................................................................................................... 136. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ........................................................................................ 14

7. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 15

8. QUESITOS ................................................................................................................... 15

8.1. QUESITOS DO AUTOR .................................................................................................. 15

8.2. QUESITOS DA RÉ K. E. Ltda .......................................................................................... 19

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1. OBJETIVO DA PERÍCIA

Consiste na determinação da origem dos recalques excessivos durante o testehidrostático, provocando o afundamento da base civil em limite superior ao aceitável e,conseqüentemente, ocasionando sérios danos no Tanque 65, com capacidade para 30.000m3de petróleo.

2. PRELIMINARES

Com a finalidade de melhor esclarecer o ocorrido no período, colocamos a seguir, deforma resumida e em ordem cronológica, os tópicos dos acontecimentos mais importantescontidos no processo, que antecederam o sinistro que provocou o afundamento da base do

tanque 65.

2.1. EXPOSIÇÃO DA AUTORA

 A Autora relata que em 16/02/2003, nas dependências da Refinaria Ipiranga em RioGrande, durante o enchimento do TQ-65 para realização do teste hidrostático, constatou-se oafundamento da base civil em limite superior ao tolerável pelas normas aplicáveis.

 Aduz que o sinistro deu-se em decorrência do erro de execução do estaqueamento tipoFranki, ao encargo da Ré S. F. Ltda, sendo que a fiscalização da obra era de responsabilidade dasegunda Ré K. E. Ltda.

Diante disto, por força do contrato de seguro havido, a Autora indenizou a empresasegurada Intecnial, inclusive pagando as despesas com a regulação do sinistro e a realização deperícia.

2.2. CONTESTAÇÃO DA RÉ S. F. LTDA

 A Serki impugna as alegações de que teria responsabilidade por erro de execução doprojeto, causando recalques em determinado ponto do tanque 65, atribuindo o sinistro apossíveis causas como:

a) Existência de solo fraco, tipo arenoso, associado a erro no teste hidrostático que não teriasido realizado em conformidade com a NBR 7821 da ABNT e N-1807 da Contec;

b) Erro de projeto em razão de contaminação com óleo e informações desconhecidas sobre osolo como bolsões de argila ou parte mais arenosa.

2.3. CONTESTAÇÃO DA RÉ K. E. LTDA

 A Kemp informa que no início de 2001, a Intecnial foi consultada pela Refinaria dePetróleo Ipiranga para apresentar proposta para a construção de um tanque (TQ-65), paraestocagem de petróleo. A Intecnial, por sua vez, consultou a Kemp para fornecer o orçamento

para executar a obra civil do tanque compreendendo a base de concreto armado eestaqueamento com estacas pré-moldadas de concreto protendido com 12 (doze) metros decomprimento.

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Lembra que na ata de reunião SIB-279-01, do dia 03/08/2001, de fls. 654/663, foilevantado pela Contratante (Refinaria Ipiranga) a questão de ser extremamente ácido o solo

onde seriam cravadas as estacas pré-moldadas, situação que poderia comprometer aintegridade das estacas ao longo do tempo, sendo então, solicitado a Intecnial S/A a soluçãopara o problema.

 Assim, a Intecnial, encarregou seu projetista, Eng. Moacir Muniz da Silva, para analisar asituação, tendo este apresentado uma solução a qual foi aceita pela Ipiranga. Esta solução paraas fundações previa estacas mais curtas de custo unitário bem maior e exigia o uso de tubosplásticos e técnica de cravação e concretagem não usual.

Segundo o relato da Ré, uma vez que esta nova solução requeria a cravação de umaestaca especial e, portanto teria que ser escolhida uma empresa especializada, ficou acertadoque o estaqueamento sairia do rol dos serviços a serem realizados pela Kemp, ficando a seuencargo somente o serviço topográfico, ou seja, a locação da posição de cravação das estavas.

Mesmo assim, em 11/10/2001, a Kemp assinou um contrato de empreitada global (SMO144-01 de fls. 664/671), com a Sul Montagens Industriais Ltda, firma que foi absorvida pelaempresa Intecnial, ficando estipulado para a Kemp apenas os serviços de obras civis constantesna cláusula 'A' que não abrangia a cravação das estacas especiais.

Continuando seu relato, a Kemp alega que a pedido da proprietária da obra (RefinariaIpiranga), o Eng. Moacir da Intecnial indicou algumas empresas aptas a execução das estacasencamisadas, onde a Ipiranga escolheu e contratou a S. F. Ltda.

Completa afirmando que esta contratação, bem como a responsabilidade pela execuçãodo estaqueamento foi registrada através da ART B01536687, datada de 07/12/2001, à fl. 652. 

3. VISTORIA E CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO

No dia 02/01/12, foi comunicada a data da vistoria a qual foi realizada no dia 06/01/12,às 14:00 horas, contando além deste perito com a presença da Ré Kemp Engenharia Ltda,representada pelo Eng. Roberto Kemp Ubatuba de Faria, não comparecendo os representantesda Autora e da Ré S. F..

Trata-se de uma região urbana litorânea com predominância de habitações residenciaisunifamiliares, clima ameno, superfície plana, padrão sócio econômico cultural médio, topografiaem nível e solo predominantemente arenoso permeável da classe das areias quartzosasmarinhas distróficas, com algumas zonas constituídas de relativa parcela de argila de Atividade Alta1.

 A Infra estrutura urbana possui sistema viário, transporte coletivo, coleta de resíduossólidos, água potável, energia elétrica, telefone, comunicação e televisão, esgotamento sanitárioe águas pluviais.

 As atividades existentes incluem redes bancárias, indústrias, comércio e atividades deprofissionais liberais, sendo médio como um todo o nível do mercado de trabalho.

Os serviços comunitários disponíveis compreendem escolas (municipal e estadual),segurança, hospitais e centros de saúde, igrejas, clubes de recreação e teatro.

Para efeito de melhor entendimento e precisão dos trabalhos periciais, junta-se adocumentação fotográfica comentada a seguir, obtida no ato da inspeção.

1 Projeto RADAM (IBGE,1986) e Cunha e Silveira (FURG, 1995)

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3.1. REGISTRO FOTOGRÁFICO

Foto 1- Na chegada ao local, acompanhado do assistente técnico da Ré Kemp, Eng. Roberto

Ubatuba de Faria.

Foto 2- Após o contato inicial, foi procedida a vistoria do tanque 65.

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4. METODOLOGIA

 A presente perícia atendeu todos os requisitos necessários e exigidos pela NBR 13752/96(norma que fixa os critérios e procedimentos relativos às perícias de engenharia na construçãocivil), em seu item 4.3.2 – Requisitos essenciais. Todos foram condicionados tanto quanto àabrangência das investigações, confiabilidade e adequação das informações obtidas quanto àqualidade das análises técnicas e ao menor grau de subjetividade emprestado pelo perito.

5. SUBSÍDIOS ESCLARECEDORES5.1. INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO

 A investigação do solo é a causa mais freqüente de problemas de fundações. Na medidaem que o solo é o meio que vai suportar as cargas, sua identificação e a caracterização de seu

comportamento são essenciais à solução de qualquer problema, sendo no Brasil, o programapreliminar, normalmente desenvolvido com base em ensaios a percussão SPT (NBR 6484/2001).O programa complementar depende das condições geotécnicas e estruturais do projeto,

podendo envolver tanto ensaios de campo (cone, piezocone, pressiômetro, palheta, sísmicasuperficial, etc.) como de laboratório (adensamento, triaxiais, cisalhamento direto, entre outros).

5.2. SOLOS DE COMPORTAMENTO ESPECIAL

Os solos de comportamento especial podem ter sua ocorrência prevista ainda em fasepreliminar, definindo os ensaios especiais necessários à caracterização de seu comportamento esua influência nas fundações.

 Assim, ocorrências localizadas, como zonas de mineração (problema pouco comum noBrasil), zonas cársticas, influência da vegetação, colapsibilidade, expansibilidade e ocorrência dematacões, se não identificados, podem provocar subsidência ou problemas construtivossensíveis com o surgimento de patologias importantes e custos significativos de reparo.

Dentre os solos colapsíveis, os quais possuem uma estrutura sujeita a grande variação(redução) volumétrica, encontram-se os solos porosos tropicais, especialmente os originados derochas graníticas, tendo sido encontrando no Rio Grande do Sul, somente nas cidades de Santo Ângelo, Carazinho e Vacaria2.

Já os solos expansivos, onde a presença de argilo-minerais em solos argilosos éresponsável por grandes variações de volume, decorrentes de mudanças do teor de umidade,provocando problemas especialmente em fundações superficiais, foram encontrados no RioGrande do Sul somente nas cidades de Encantado, São Jerônimo, Santa Maria, Rosário do Sul,Santa Cruz do Sul, Cachoeirinha e ao norte de Porto Alegre3.

5.3. A DEFORMABILIDADE DOS SOLOS

 Até bem pouco tempo as fundações dos edifícios eram dimensionadas pelo critério deruptura do solo, apresentando as construções cargas que geralmente não excediam a 500Tf,bem inferior a 20.000TF que certas obras nos dias de hoje chegam a atingir, tornando-seimprescindível uma mudança de postura para o cálculo e dimensionamento das fundações dosedifícios.

2 Localização de solos colapsíveis no Brasil (Ferreira et al, 1989), com inclusões de dados de Milititskyet Dias(1986)

3 Vargas et al. (1989)

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De acordo com Vitor Mello4, apenas em argilas de baixa plasticidade o critério de cálculocondicionante é o de ruptura; já em argilas de alta plasticidade os recalques acentuam-se

passando em geral a ser condicionante o critério de recalques admissíveis.Em siltes e areias (observando que em Rio Grande o solo é predominantemente arenosocom algumas zonas constituídas de argila), que são solos com significativos coeficientes deatrito interno, o critério de ruptura só pode ser condicionante para sapatas muito pequenas deforma que em construções de maior porte passa a ser condicionante o critério de recalques.

 A capacidade de carga e a deformabilidade dos solos não é constante, sendo funçãodos seguintes fatores mais importantes:5 

a)  Tipo e estado do solo (areia nos vários estados de compacidade ou argilas nos váriosestados de consistência);

b)  Disposição do lençol freático;

c)  Intensidade da carga, tipo de fundação (direta ou profunda) e cota de apoio dafundação;

d)  Dimensões e formato da placa carregada (placas quadradas, retangulares ou circulares);

e)  Interferência de fundações vizinhas.

5.4. RECALQUES ADMISSÍVEISPode-se afirmar que todas as fundações sob carga apresentam recalques, uma vez que

os solos são materiais deformáveis que, ao serem carregados, apresentam variações de volume,entretanto, a definição de comportamento inadequado na fase de projeto, quando são feitasprevisões de deslocamentos sob o ponto de vista de recalques é de suma importância e não étarefa simples.

Existem regras empíricas, usualmente conhecidas, relativas a recalques admissíveis, asquais foram obtidas através de coleta de dados e casos entre 1975 e 1995, considerandoestruturas correntes e cargas relativamente uniformes, devendo, portanto ser utilizadas com adevida cautela, dado a mudança de padrões construtivos ocorridos desde então, devendo noscasos complexos serem utilizadas análises mais sofisticadas que permitam estabelecerconsiderações quanto a interação Solo x Estrutura. 

 A) Fundações assentes em solos granulares (areias), Burland et al. (1977) em seu relato doEstado do Conhecimento, indicam os seguintes valores: 

Fundações Isoladas: 20mm para recalques diferenciais entre pilares adjacentes, o quecorresponde a pelo menos, os 25mm de recalque máximo de indicação de Terzaghi e Peck(1948); ou conforme Skempton e MacDonald (1956), 25mm para recalque diferencial e 40mmpara recalque total;

4 Mello, V. F. B. Deformação como base fundamental de escolha da fundação. Revista Geotécnica n.º12, Lisboa. 1975.

5 Mello, V. F. B.; Teixeira, A. H. Fundações e obras de terra. Escola de Engenharia de São Carlos,Universidade de São Paulo, 1971.

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Radiers: Recalques máximos da ordem de 50mm de acordo com Terzaghi e Peck (1948) e 40 a60mm segundo Skempton e MacDonald (1956).

B) Fundações assentes em solos argilosos6 

Fundações Isoladas: Skempton e MacDonald (1956) propõem 40mm como máximo recalquediferencial e 65mm como limite para recalque total.

Radiers: Skempton e MacDonald (1956) propõem entre 65 a 100mm como limite para recalquetotal.

5.5. FUNDAÇÕES PROFUNDAS

 As fundações profundas apresentam peculiaridades que as tornam diferentes dos demaiselementos das edificações. A elaboração do projeto está diretamente relacionada àscaracterísticas de execução de cada sistema de fundações profundas, não envolvendo apenas aadoção de perfil típico do solo e a análise de teoria ou método específico de cálculo.

Uma estaca nem sempre é executada conforme os requisitos definidos no projeto, poisdepende da variabilidade das condições de campo. Além da possibilidade de variação dascaracterísticas do subsolo identificadas na etapa de investigação, existem limitações decapacidade de equipamento e de geometria (comprimentos e diâmetros, por exemplo), e ascondições de campo, muitas vezes, obrigam a mudanças substanciais no projeto original.

 As falhas de execução constituem o segundo maior responsável pelos problemas decomportamento das fundações.

Mesmo no caso de contratação de empresas especializadas, é sempre necessáriofiscalizar a execução, com registro de todos os dados relevantes, para informar ao projetista dasreais condições executivas, verificar a conformidade com as especificações de normas vigentes eda boa prática, além de preservar as informações das fundações efetivamente construídas paraeventuais necessidades futuras.

 Vários são os problemas que ocorrem nas fundações profundas relacionados a mais deum tipo de procedimento construtivo, sendo os mais comuns os listados a seguir:

a) Erros de locação;b) Erros ou desvios de execução (comuns em casos de presença de matacões);

c) Erro de diâmetro (estaca com seção inferior ao projetado);d) Inclinação final executada em desacordo com o projeto;e) Falta de limpeza adequada da cabeça da estaca para vinculação ao bloco;f) Ausência ou posição incorreta de armadura de fretagem de projeto;g) Cota de arrasamento diferente do essencial;h) Posicionamento indevido de armadura;i) Características do concreto inadequadas.

6 Skempton e MacDonald (1956)

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5.6. PROBLEMAS NA EXECUÇÃO DE ESTACAS CRAVADAS

Nas estacas executadas por cravação de elementos na massa de solo, podem ocorrer osseguintes problemas mais comuns:

I- A NBR 6122/2010 especifica o peso mínimo de martelo relacionado com o peso daestaca sendo cravada e energia especificada nas estacas tipo Franki.

Martelos leves em relação ao peso da estaca produzem nega ou impossibilidade depenetração, sem que o comprimento atingido seja suficiente para a transmissão de carga aosolo.

 Assim, sendo a energia de cravação ineficiente para ultrapassar eventuais obstruçõesou horizontes intermediários resistentes, mas de pouca espessura, pode resultar emelementos cravados em posição incorreta.

II- Compactação do solo7, especialmente os granulares nas estacas cravadas comdeslocamento de solo, como as pré-moldadas de concreto armado e tipo Franki. Isto podeinduzir a comprimentos diferenciados em blocos com grande número de estacas e atéimpossibilitar a execução com o espaçamento inicial de projeto. Observar que o efeito ébenéfico do ponto de vista de resistência individual da estaca.

III- Levantamento de elementos já cravados pela execução de novos elementos, típico deblocos com várias estacas que provocam deslocamento do solo na cravação (Franki, pré-moldadas, tubulares de ponta fechada). Dependendo da magnitude do levantamento, podehaver prejuízo no desempenho das fundações.

IV- Falsa nega. Após se obter a nega na cravação, ao verificar-se a penetração narecravação, a estaca penetra facilmente. Esse fenômeno pode ter origem em váriosmecanismos de comportamento do solo, tais como a geração de poropressões negativasdurante a cravação ou relaxação do solo. Quando a falsa nega não é identificada, a estacaapresenta reduzida capacidade de carga.

 V- Amolgamento de solos argilosos saturados e conseqüente redução de resistência.

5.7. ESTACAS TIPO FRANKI

 As estacas tipo Franki são executadas enchendo-se de concreto perfuraçõespreviamente executadas no terreno, através da cravação de tubo de ponta fechada, recuperadoe possuindo base alargada. Este fechamento pode ser feito no início da cravação do tubo ou emetapa intermediária, por meio de material granular ou peça pré-fabricada de aço ou de concreto.

Na confecção da base alargada, é necessário que os últimos 0,15 m3 de concreto sejamintroduzidos com uma energia mínima de 2,5 MNm, para as estacas de diâmetro inferior ouigual a 450 mm, e 5 MNm, para as estacas de diâmetro superior a 450 mm. No caso do uso devolume diferente, a energia deve ser proporcional ao volume.

7 Meyerhof, 1963, Nataraja e Cook, 1983.

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a) Energia de cravação do tubo Franki:

Durante a cravação do tubo a maior ou menor resistência do solo ao avanço é

determinada pela energia mecânica dispensada na cravação do tubo. Esta energia é dada pelaexpressão:

E = n.w.h

E = energia de cravação do tubon = número de golpes dados para a cravação de 50 cm do tubow = peso do pilãoh = altura de queda do pilão

Na obra obtém-se um diagrama chamado – Diagrama de Cravação, onde é determinadoo número de golpes (n) necessário à cravação de 50 cm do tubo para um pilão (w) caindo deuma mesma altura (h).

 A cravação é concluída quando, atingida a profundidade prevista para a estaca, seobtém, no mínimo em dois trechos consecutivos de 50 cm, a energia mínima.

b) Negas do tubo

São tiradas duas negas: nega para dez golpes de 1,00 m e nega para um golpe de cincometros.

c) Energia da abertura da base

 A energia obtida para a abertura de base mede a resistência do solo na profundidade daboca do tubo Franki.

5.8. A CAPACIDADE DE CARGA DOS SOLOS E O CONTROLE DE NEGA DAS ESTACAS

Prever e/ou determinar a capacidade da estaca em atender às necessidades do projeto éum desafio que podemos resolver pelo uso dos dados das sondagens com SPT em fórmulas dedimensionamento, entre as quais a Decourt-Quaresma (fórmula estática).

F = (Fat + Fp) / k

Onde:

F= Capacidade de carga da estaca, ou seja, é resistência oferecida pelo solo à penetraçãoda estaca 8 

Fat= Resistência de atrito lateralFp= Resistência de pontaK= Coeficiente de segurança, adotado igual a 2

8 Não confundir capacidade de carga de um elemento de fundação, como uma estaca, com resistênciado elemento estrutural estaca, este último devendo atender as prescrições da NBR 8681.

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Para o cálculo de Fat, devemos conhecer o comprimento da estaca que pode sercalculado com base no ensaio de sondagem a percussão, no caso com o SPT. Assim, devemos

ter um comprimento de estaca tal que atravesse camadas de solos cujos SPT's somados(número de golpes para descer 30cm), atinjam de 70 a 80 golpes, estando a ponta da estacaapoiada em uma camada com SPT >=20.

 A previsão acima deve ser comprovada pela "nega", ou seja, pela penetração da estacano solo pela ação de 10 pancadas sucessivas do martelo do bate-estacas, que em condiçõesusuais fica entre 10 a 15mm.

Desta forma, o conceito a "nega de estaca" constitui-se em um elemento de decisão ouseja, como o solo recusa (nega) a continuação de uma cravação pela penetração da estaca,recebendo o efeito do martelo do bate estaca, caindo de certa altura.

Com os dados da sondagem e a visita ao local da obra, o projetista de fundações fixa umcritério de nega do seguinte tipo, como exemplo: "- parar a cravação da estaca depois que esta

só avançar 'um centímetro', depois de dez pancadas sucessivas." Algumas especificações dizem que realmente a nega só se configura quando por trêstentativas de dez golpes (cada tentativa com dez golpes), a estaca não penetra mais que umcentímetro.

 A causa da dificuldade da estaca penetrar é a resistência de ponta e o atrito lateral que éfunção do comprimento da estaca no solo e do tipo de solo.

Existem fórmulas que tendem a determinar a capacidade de carga de uma estaca(concreto armado ou aço), em função de se ter alcançado a nega e como foi alcançada essanega.

Essas fórmulas, usadas no mundo inteiro, por usarem os dados da cravação dinâmica,são chamadas de fórmulas dinâmicas, existindo em paralelo, as chamadas fórmulas estáticas,

como a de Decourt-Quaresma.Entre as dinâmicas podemos citar a de Brix, Engineering News Records, Gates e a

Fórmula dos Holandeses, esta última, a mais simples e muito usada, conforme a seguir:

E = A2.h / 10.R.(A+P)

onde:

E= Penetração da estaca por pancada (nega)9  A= Peso do pilão (martelo) em (t) e que deve ser igual ao peso da estacah= Altura de queda do pilão (martelo) do bate estacas em (m), entre 0,70 a 1,0mR= Capacidade de carga da estaca em (t), ou seja, é a resistência oferecida pelo solo à

penetração da estacaP= Peso da estaca em (t)10= Coeficiente de segurança

9 A previsão da nega, caracterizada pela baixa penetração no solo, gira entorno de 1mm por pancada

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5.10. VERIFICAÇÃO DA INTEGRIDADE DAS FUNDAÇÕES

Existem procedimentos técnicos disponíveis para verificação da integridade estrutural defundações profundas, cujo uso elimina dúvidas sobre as condições obtidas no processoconstrutivo.

5.10.1 EXTRAÇÃO DE TESTEMUNHOS COM SONDAGEM ROTATIVA

 A extração de testemunhos consiste em retirar amostras de concreto da estrutura a fimde medir as propriedades do mesmo. Os testemunhos são geralmente de formato cilíndrico, poisna operação utiliza-se uma extratora rotativa com broca diamantada, sob refrigeração de água.

É de suma importância salientar a importância da habilidade do operador, a fim deminimizar os danos causados ao testemunho pela vibração causada pela extratora.

Desta forma, a extração de testemunhos através de sondagem rotativa é por si só umprocesso traumático, podendo gerar um pré-fissuramento dos corpos de prova.

5.10.2. ENSAIO TIPO PIT 

Os ensaios tipo PIT10  (File Integrity Testing), tornaram-se rotineiros em obras deresponsabilidade. O baixo custo e a facilidade de execução do ensaio permitem testar qualquerquantidade de elementos, inclusive todas as estacas executadas, e detectar padrões deanomalias ou conformidades.

 As estacas pré-moldadas de concreto são as de maior facilidade de interpretação dosresultados obtidos, pela condição de constância de geometria e propriedade do material.

 A análise de ensaios de integridade em estacas moldadas in situ   (Franki), requer boaqualificação e muita experiência, uma vez que as variações na seção e/ou nas características domaterial da estaca podem não se constituir em comprometimento dos elementos de fundação,mas serem considerados como "elementos com falha" ou não qualificados.

Um bom programa de avaliação de qualidade do estaqueamento além do controleconstrutivo minucioso deve iniciar com a execução de controle de integridade, inclusive paraescolha dos elementos a serem inspecionados por escavação, ou testados em provas de cargaestáticas e ensaios dinâmicos.

5.11. PROVAS DE CARGA

Quando ocorrem dúvidas sobre a real condição das fundações profundas no que serefere a sua capacidade de transferência de carga ao solo, podem ser realizadas provas decarga através de Ensaios Estáticos (NBR 12131/1991), ou Ensaios Dinâmicos (NBR 13208/1994).Sua interpretação permite determinar a condição real de execução dessas fundações.

O baixo custo dos ensaios dinâmicos e seu reduzido prazo de execução quandocomparados ao das provas de carga estática resultou num aumento significativo de uso,constituindo-se em ferramenta valiosa no processo de verificação de qualidade de fundaçõesprofundas.

 A literatura especializada apresenta inúmeras formas de interpretação dos resultados deprovas de carga estática11  que se somam ao padrão recomendado pela norma brasileira defundações (NBR 6122/2010).

10 Weltman, 1977; Baker, 1985; Baker et. al., 1991; Turner, 1997.11 Milititsky, 1991; Kyfor et al., 1992.

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Diferentes métodos de interpretação resultam em valores diferentes de capacidade decarga, devendo ser objeto de análise de profissional especialista no tema quando da solução de

problema específico.Importante ressaltar que a NBR 6122/2010- Projeto e Execução de Fundações, no item9.2.2.1. estabelece como critério obrigatório, a execução de provas de carga estática em obrasque tiverem um número de estacas superior ao valor especificado na coluna (B) da tabela 6,sempre no início da obra, sendo no caso de estacas Franki, estabelecido o número total de 100estacas, a partir do qual serão obrigatórias provas de carga estática.

6. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO

Do exame e análise do material constante no processo, contata-se o seguinte:

   Alguns testemunhos extraídos com sondagem rotativa demonstram a ocorrênciade fuste integro ao passo que outros denotam segregação do concreto;

   As sondagens da Solmec e Tecnosolo são concordantes quanto as posições dascotas de assentamento das estacas e apresentam perfis de subsolo comvariabilidade e camadas de baixa resistência em profundidades diferentes;

   As memórias de cálculo previam variações nos comprimentos das estacas de 5,0

a 10,0m enquanto que na execução, a maioria ficou entre 7,2 a 7,8m. Assim, oscomprimentos e as negas fornecidas pelos Relatórios de Campo apresentaramuma pequena variação, indicando um perfil geotécnico uniforme, o que édesconexo com as sondagens e com o próprio comportamento das estacas, queapresentaram recalques além do admissível nos testes de carregamento;

   As estacas foram executadas com o volume da base de 270 litros,independentemente das pontas estarem assentadas em argilas, onde o volumeindicado em projeto era de 360litros;

  Não foram realizados ensaios de prova de carga estática, conforme a NBR 12131(Ver item 5.11. PROVAS DE CARGA, do Laudo) e, tampouco foram recolhidoscorpos de prova para ensaios de ruptura a compressão do concreto, na execuçãodas 437 estacas;

  Observa-se que estas incoerências ocorridas durante a execução dos serviços, ouseja, a diferença entre os comprimentos esperados das estacas e os efetivamenteatingidos, não foram discutidos entre o executante, a fiscalização e o projetista.

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7. CONCLUSÃO

 As estacas tipo Franki, com diâmetro nominal de 400mm, foram encamisadas com tubode proteção de polipropileno, para evitar a ação de agentes químicos agressivos presentes nosolo.

Devido o emprego deste revestimento plástico, o atrito lateral foi desconsiderado, ouseja, as estacas foram calculadas para absorverem as cargas exclusivamente através do efeitode ponta, salientando que algumas estacas, assentes sobre argila, foram executadas com ovolume da base inferior ao previsto no projeto.

Dos ensaios, com a extração dos testemunhos pelo método de sondagem rotativa,observa-se que alguns elementos apresentaram segregação do concreto, entretanto, não podemser desconsiderados os efeitos destrutivos da vibração causada pelo extrator. Ver item 5.10.1EXTRAÇÃO DE TESTEMUNHOS COM SONDAGEM ROTATIVA, do Laudo;

Uma vez que as sondagens apontavam perfil geológico com variações significativas,tanto a empresa executante como a fiscalização tinham conhecimento que as estacas ficariamcom cotas de assentamento sujeitas a estas variações e, portanto, deveriam apresentarprofundidades diversas.

Nosso entendimento é que a energia de cravação empregada não foi adequada paraatingir o 'impenetrável', e as medidas de nega obtidas durante o estaqueamento, nãoreproduziram a real situação. Assim, as estacas ficaram curtas, assentadas em uma lenterelativamente resistente, mas com pouca espessura, sobre uma camada com baixacompacidade, atingível pelo bulbo de tensões gerado pelo carregamento imposto, semcapacidade de suporte para receber a carga de serviço.

Tal fato ficou evidenciado durante o teste hidrostático, com a manifestação de recalques

além do admissível, os quais seriam bem maiores caso não fosse interrompido a tempo.

8. QUESITOS8.1. QUESITOS DO AUTOR

1. Queria o Sr. Perito identificar quem executou os projetos de fundação.

R: O projeto das fundações foi realizado pelo Eng. Moacir Muniz da Silva, contratado pelaIntecnial, atendendo o acertado no item 3.2. da ata de reunião de fls. 654/663, datada de03/08/2001.

2. De acordo com as sondagens executas no terreno, qual a profundidade máxima e mínimaesperada para o estaqueamento a ser executado em função das cargas previstas naestrutura do local?

R: De acordo com as memórias de cálculo da Engeservice Engenharia Ltda, à fl. 368, haviauma previsão de estacas com comprimentos variando de 5 a 10m, conforme cópia abaixo.

Furo Comprimento(metros)

Base(litros)

SP. 01 5,00 270SP. 02 6,50 270SP. 03 8,50 360

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SP. 04 9,00 270SP. 05 5,00 180SP. 06 10,0 270

Tabela 1- Retirada da memória de cálculo da Engeservice, à fl. 368.

3. Queira o Sr. Perito informar quem executou as fundações identificando as empresas em cadaetapa.

R: O estaqueamento foi executado pela Serki Engenharia, conforme ART (Anotação deResponsabilidade Técnica) n.º B01536687, à fl. 652, registrada no CREA em 07/12/2001.

4. Informe o Sr. Perito se, por ocasião da execução das fundações, em todas as suas etapas,houve alguma observação/alerta, por escrito, em relação aos projetos por parte das

empresas executoras.

R: Não existe nenhum registro com observação, alerta ou comentário sobre o projeto doestaqueamento feito pela empresa executora Serki.

5. De acordo com o memorial de execução do estaqueamento informe o Sr. Perito aprofundidade efetiva de execução de cada estaca. Informe o Sr. Perito se o estaqueamentoobservou as nuances do solo.

R: As características das estacas tipo Franki foram descritas no item 5.7. ESTACAS TIPOFRANKI, do Laudo, mas de forma resumida, estas são executas da seguinte maneira:

a) Crava-se o tubulão da estaca até a profundidade prevista em projeto avaliando aresistência do solo pela dificuldade de penetração do tubulão;b) Daí em diante, segue-se executando a cravação observando com mais rigor a resistênciaa penetração da estaca por meio do ensaio de 'nega';c) Quando por três vezes consecutivas o ensaio de 'nega' for satisfeito para a capacidade decarga especificada, chega-se ao final da cravação;d) Executa-se a base da estaca, controlando o volume de concreto para atingir o tamanhodo bulbo desejado e, em seqüência, concreta-se o fuste da estaca.

Para cada estaca cravada o executante registra todos os dados de execução em umdocumento denominado "Relatório de Campo" onde estão assinaladas as profundidades e asmedidas de resistência à penetração (nega) das estacas.

Pelos dados registrados na execução das estacas, a Serki seguiu este ritual, mas comonos relatórios de perícia do sinistro, na região onde ocorreram os recalques inadmissíveis, ascravações das estacas estavam com comprimento (profundidade) e volume de concreto paraa execução do bulbo, aquém do especificado no projeto.

6. Informe o Sr. Perito os locais onde ocorreram os maiores sedimentos da estrutura e, se estecomportamento é compatível com os ensaios de sondagens dos terrenos.

R: Nos croquis de fls. 325/327 do relatório de A.H. Teixeira Consultoria e Projetos S/C

Ltda, mais precisamente à fl. 326, observa-se as curvas de nível dos recalques da laje defundo, que informam um recalque máximo de 15cm e claramente está demarcada a zona demaiores sedimentos.

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 Analisando este croqui, o qual reproduzimos abaixo, observa-se que a área de maioresrecalques é de aproximadamente 1/4 (um quarto) da laje de fundo.

Considerando que as estacas nesta região não atingiram a profundidade especificada

no projeto e que também o bulbo estava deficiente, restou comprometida a capacidade decarga das mesmas, ficando assim sujeitas ao sinistro ocorrido.

Figura 1- Cópia do croqui de fl. 326. Observa-se recalques de até 15cm.

7. Informe o Sr. Perito, se o estaqueamento observou as nuances do terreno.

R: Ver resposta ao quesito 05.

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8. De acordo com o respondido no quesito de n.º 5, informe o Sr. Perito se a execução da obraestá compatível com o esperado nos ensaios de sondagem.

R: A perícia realizada pela A. H. Teixeira, à fls. 319 e 323, conclui:

"(...) as estacas foram executadas com comprimentos inferioresaqueles previstos no projeto e, na área da sondagem SP.03, ondeas pontas das estacas estão em argilas, o volume das basesexecutadas (270 litros) foi menor do que o indicado no projeto(360 litros)."

"(...) verifica-se que os maiores recalques do tanque ocorreramna área onde as estacas foram executadas com comprimentos

menores do que os comprimentos de projeto."

"(...) Verifica-se que na área da sondagem SP.04 as estacas sãocurtas, ou seja, próximo a área onde os recalques forammáximos."

O Laudo emitido pela ETA Tecnologia de Materiais, à fls. 308, afirma:

"(...) Um problema de recalques é tipicamente um problema defundação, ficando descartadas possíveis causas na supraestrutura."

E, em seguida, à fl. 309, conclui que:

"(...) Pelo estudo das sondagens observa-se que os comprimentosdas estacas foram insuficientes para atingir o 'impenetrável' naregião dos furos SP.04, SP.108 e SP.112. Estas sondagens,encontram-se localizadas no quadrante entre os eixos 1-12 e A'-L', a mesma região que apresentou os maiores recalques da obra"

Também não é diferente o entendimento da LAB Engenharia que em seu relatóriotécnico sobre o sinistro, a fl. 349, infere que:

"(...) Estacas executas com profundidade aquém do necessário evolumes de base insuficientes para suportar as cargas a queseriam submetidas."

 Analisando os laudos acima mencionados e examinando os perfis de sondagem daSolmec e tecnosolo, conclui-se que a execução das estacas não foi compatível com asmemórias de cálculo.

9. Identifique o Sr. Perito, qual a razão do sedimento ocorrido nas fundações da estruturapericiada, quando do carregamento da mesma.

R: Respondido no item 7. CONCLUSÃO, do Laudo.

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10. Considerando as respostas dos quesitos anteriores, a origem do problema deu-se por qualfalha e responsabilidade.

R: Constata-se a ocorrência de duas falhas importantes na realização do estaqueamento.Em primeiro lugar, a Serki errou quando executou o estaqueamento na medida em que

não atendeu a profundidade prevista em projeto e executou o bulbo de várias estacas comvolume inferior ao especificado.

Quanto a empresa Intecnial, esta falhou por omissão em sua obrigação contratual defiscalizar a execução do estaqueamento, onde poderia ter orientado a empresa executora(Serki), no sentido de corrigir as deficiências, prejudicando desta maneira a garantia daqualidade do trabalho e expondo a obra ao sinistro ocorrido.

11. Queira o Sr. Perito manifestar o que mais entender pertinente ao deslinde do feito eestabelecimento de responsabilidade.

R: Nada a acrescentar.

8.2. QUESITOS DA RÉ KEMP

1. Examinando os relatórios de perícia realizados em 2003 quantas vezes é citada a falta defiscalização do estaqueamento realizado como motivo importante para a ocorrência dosinistro?

R: No relatório de regulação do sinistro, a respeito de fiscalização, à fls. 280, 282, 283 e 286,consta:

"(...) Ao ser questionado sobre a realização de prova de cargadurante a execução das 437 estacas, informou não ter sidorealizado". Grifo nosso.

"(...) Tendo o concreto sido realizado na própria obra sem orecolhimento de corpo de prova para ensaios de ruptura, tais

testemunhos da sondagem rotativa podem ser indicativos deFiscalização inadequada das estacas executas." Grifo nosso.

"(...) Quanto aos relatórios das Estacas: (...) em nenhum delesverificamos a assinatura do Engenheiro. Tal fato pode serindicativo de Fiscalização inadequada ou inexistente das estacasexecutadas." Grifo nosso.

"(...) Os aspectos acima abordados, de nosso ponto de vista,constituem-se indicativos de fiscalização inadequada ouinexistente dos serviços realizados pela Serki." Grifo nosso.

"(...) os relatórios da Serki não estão assinados por engenheiroque tenha fiscalizado a execução do estaqueamento." Grifo nosso.

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Nos relatórios da ETA Tecnologia de Materiais e A. H. Teixeira não são feitoscomentários a respeito de fiscalização.

No Relatório da LAB Engenharia e Consultoria consta:

"(...) se a fiscalização técnica não for assídua e eficaz, permiteque se suspeite da real grandeza das informações de campo."

"(...) Torna-se evidente que não houve fiscalização adequada àexecução das estacas."

"(...) A boa prática recomenda que para obras desta envergadura,cravadas as primeiras estacas e tão logo fosse possível, deveriamter sido executadas provas de carga em algumas estacas, por

amostragem. Desta forma estaria se testando a estacaria antesde construir sobre ela o restante da obra."

No capítulo VI Conclusões, à fl. 349, a LAB inferiu:

"(...) Face ao acima exposto, concluímos que os danos ocorridosdevem ser atribuídos aos vários fatores listados que contribuíramem intensidade distinta, mas de maior a menor de acordo com aseqüência abaixo:

1. (...)5. Fiscalização técnica do estaqueamento negligente. Os controles

de campo foram descurados.6. As estacas não foram testadas na ocasião certa, com provas decarga."

 Assim, encontramos por nove vezes referência a fiscalização, qualificando-a comodeficiente, inadequada, não assídua ou não eficaz.

2. É possível afirmar que a estaca adotada, encamisada com tubo plástico, é uma estacaespecial, portanto classificável como não convencional?

R: A Refinaria Ipiranga constatou que o solo onde o tanque foi implantado estavacontaminado com resíduos ácidos agressivos ao concreto. Por esta razão descartou o usodas estacas pré-moldadas inicialmente previstas.

O Eng. Moacir Muniz da Silva propôs como solução o uso de uma estaca semelhante aestaca tipo Franki, protegida do ataque químico do solo ao longo do seu fuste por umacamisa plástica (tubo de polipropileno).

 A adoção desta proteção a acidez do solo modifica o funcionamento mecânico da estacana transferência das cargas suportadas para o solo. Por estes motivos, ela é uma estacaespecial, não convencional.

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3. Queira o Sr. Perito informar se é fato que ao revestir o fuste  da estaca com tubo plástico elaperde uma importante componente de sua resistência ao suporte de carga? Queira o Sr.Perito explicar a sua informação.

R: Sim. As estacas Franki transferem as cargas que suportam ao solo parte pela ponta eparte pelo atrito lateral com o solo.

 A estaca não convencional escolhida perde a componente de resistência por atrito lateralporque a camisa plástica, com a qual foi revestida, tem atrito desprezível com o solo.

Este fato foi considerado pelo projetista que nos seus cálculos que desprezou o atritolateral.

 A desconsideração do atrito lateral esta citada no Relatório de Regulação do Sinistro noitem f1, à fl. 276 e no item 3.3.6., à fl. 279.

O relatório da ETA também faz menção explicita sobre a perda do atrito lateral, à fl. 310,

dizendo:"(...) como as estacas foram projetadas para atuar basicamentecom resistência de ponta..."

 Assim como a LAB, à fl. 348, que afirma:

"(...) o atrito lateral dos fustes onde revestidos com tubo perdido,foi corretamente desconsiderado."

4. Dada a situação da perda do atrito lateral da estaca com o solo é correto afirmar que acapacidade de suporte de carga da estaca fica restrita a resistência de ponta da estaca?

R: Sim.

5. Queira o Sr. Perito informar se é fato que, dada a grande dificuldade em identificar emextensão e detalhe os parâmetros da geologia dos solos onde se executam fundações, sãorelativamente comuns as discrepâncias entre os cálculos de capacidade de carga e asverificadas in loco , através de ensaios de carga?

R: Para solos mais heterogêneos o desvio entre cálculos de carga e os efetivamente

verificados in loco , através de ensaios, tendem a ter estatisticamente maior dispersão, ouseja, maior incerteza.

6. É possível afirmar que, neste caso em especial, onde foram utilizadas estacas nãoconvencionais, seria de suma importância a verificação da capacidade de carga das estacasvia ensaio para certificar se a capacidade de carga das mesmas atendia as exigências deprojeto? Queira o Sr. Perito explicar a sua resposta.

R: No relatório de cravação, a anotação das 'negas', que avalia a resistência que o soloopõe a penetração da estaca, fornece uma primeira informação da capacidade de carga daestaca. Assim, o relatório de cravação avalia as somas das duas componentes de resistência,

ou seja, a resistência de ponta e a de atrito lateral com o solo.Com o perfil do solo e o diagrama de cravação do mostrador feito durante assondagens podemos através de fórmulas matemáticas com a estática de Decourt-Quaresmae a dinâmica muito usada e conhecida de nome Fórmula dos Holandeses (Ver item 5.8. A

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CAPACIDADE DE CARGA DOS SOLOS E O CONTROLE DE NEGA DAS ESTACAS, do Laudo),avaliar a componente da resistência de ponta.

Estes procedimentos de cálculo, considerando coeficientes de segurança adequados,

fornecem uma avaliação tecnicamente aceitável, mas é evidente que a incerteza aumentadado o fato de tratar-se de uma estaca especial. A única maneira de ter uma certificação da capacidade de carga é a realização de

ensaio de carga. Estes procedimentos dão uma margem de certeza tanto maior quantomaior for o número de ensaios realizados e existem estabelecidas orientações técnicas paratal. Não temos dúvida em afirmar que realmente teria sido da maior importância acertificação da capacidade de carga destas estacas.

 Aliás, a NBR 6122/2010, em seu item 9.2.2.1., considera obrigatória a realização deprovas de carga, tendo como critério o número total de estacas previsto para a obra. Nacoluna 'B', da tabela 6, desta norma, é apresentado o número mínimo de estacas na obraque torna obrigatório a realização de prova de carga.

Conforme já explicitado no item 5.11. PROVAS DE CARGA, do Laudo, para a obra emquestão, o número limite era de 100 estacas, número este bastante inferior ao total deestacas executado, configurando o desatendimento a norma.

7. Pela leitura do relatório do teste hidrostático realizado um ano depois de executado oestaqueamento é possível afirmar que aconteceu o sinistro quando o carregamento estavacom valores entre 85% e 90% da carga?

R: Após montado o tanque foi realizado um teste hidrostático. Este teste é realizadoenchendo o tanque com água e observando-se e medindo os assentamentos da base dotanque ao longo do seu perímetro.

 Ao enchimento chegar à ordem de 85% do total é que foi constatado assentamentomuito pronunciado, sendo suspenso o ensaio. Sendo a densidade da água um pouco maiorque a densidade do petróleo, podemos dizer que o carregamento neste ensaio esteve naordem de 90% da carga de trabalho.

8. Pode o Sr. Perito informar se o sinistro ocorreu porque parte das estacas tiveram recalquemuito além do admissível?

R: Sim. O que ocorreu foi um recalque bastante além do admissível. Conforme informadono relatório da A. H. Teixeira, seriam normais recalques de 2 a 3cm no costado do tanque ede 6 a 7cm no centro, no entanto, foram constatados recalques de 15cm perto do costado e14cm na borda do tanque.

 As curvas de nível do croqui elaborado por Teixeira (Ver Figura 1., do Laudo),indicamque o tanque adernou.

9. Queira o Sr. Perito informar se as normas técnicas específicas provas de carga indicam paraa certificação da capacidade das estacas uma carga de trabalho na ordem de 150% de cargade trabalho?

R: Sim. As provas de carga realizadas para certificar a capacidade de carga de estacaslevam o carregamento de ensaio até 150% da carga de trabalho. Ver item 5.11. PROVAS DECARGA, do Laudo.

10. Quantas estacas tipo Franki encamisadas foram cravadas?

R: Foram cravadas 437 estacas.

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11. Queira o Sr. Perito informar se é fato que a Norma Brasileira NBR 6122 recomenda aexecução de PROVA DE CARGA para obras com mais de 100 estacas?

R: Sim. Ver item o quinto parágrafo do item 5.11. PROVAS DE CARGA, do Laudo.

12. Queira o Sr. Perito indicar se as seguintes atribuições são típicas de fiscalização da execuçãodo serviço de estaqueamento:

 A) Controle da qualidade do concreto e do cimento utilizado nas estacas;B) Certificação fornecida para cimento e estacas;C) Certificação das estacas com dimensões e carga de trabalho;D) Utilização de técnico para controle de nega do estaqueamento.

R: Sim. Os controles, as certificações e o uso de técnico, são atribuição de fiscalização.13. Com base na Ata de reunião que ocorreu em 03 de agosto de 2001, a que empresa

competia a realização dos serviços de fiscalização do estaqueamento?

R: De acordo com os itens 3.2.7. e 3.2.8. da Ata de Reunião SIB 279/01, de 03/08/2001, de fls.654/663, foi designada a Intecnial como responsável em cumprir as tarefas relacionadas afiscalização do estaqueamento.

14. A Intecnial, segurada da Autora, estava presente nesta reunião de 03/08/2001? Os seusrepresentantes assinaram esta ATA DE REUNIÃO?

R: Prejudicado, por extrapolar a matéria técnica da perícia.

15. O que a Intecnial declarou na audiência ocorrida em 06/05/2009 na Comarca de Erechimcom respeito a sua obrigação contratual de fiscalizar o estaqueamento executado pela Serki?

R: Prejudicado, por extrapolar a matéria técnica da perícia.

16. Segundo o laudo de Regulação do Sinistro efetuado pela Bradesco Seguros, ora Autora, porque motivo foi contratado o engenheiro Miguel Ângelo Fogaça Thormann (empresa Álamo)para fiscalização das obras civis de reparo do Sinistro, inclusive para fiscalização doestaqueamento de reforço?

R: Prejudicado, por extrapolar a matéria técnica da perícia.

17. É fato que da centena de estacas de reforço foram refeitas três estacas para as quais afiscalização detectou deficiências?

R: Nas obras de reparo do sinistro foram cravadas 158 estacas de reforço. Destas, duasforam condenadas devido a fiscalização ter informado o comprimento e o calculista tercertificado a insuficiência de cota. Uma terceira estaca, a E22, que estava com problemas,observado pela fiscalização, foi também descartada.

18. O fato acima apontado comprova a enorme eficácia que tem a fiscalização para a segurançade uma obra?

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R: Não existe a menor dúvida da importância de uma fiscalização eficiente, na execução deuma obra.

19. É possível afirmar que as únicas empresas, contratualmente envolvidas no estaqueamentoinicial são a Serki (que executou o estaqueamento) e a Intecnial que assumiu a obrigação defiscalizar a execução?

R: Conforme a ART n.º B01536687, de 07/12/2001, de fl. 652, o estaqueamento foirealizado pela Serki, contratada pela Refinaria Ipiranga.

Já a Intecnial, de acordo com a ata de reunião SIB-279/01, de fls. 654/663, foidesignada para controlar a qualidade do concreto e do cimento a ser utilizado noestaqueamento e também para certificar as dimensões, carga de trabalho e manter técnicopara controle de 'nega' (acompanhamento da cravação) das estacas.

20. A fiscalização da execução do estaqueamento é atividade que dá a garantia, que certificaque o estaqueamento atende as exigências do projeto?

R: A fiscalização da execução de um estaqueamento, verificando a qualidade do concreto edo cimento utilizado no estaqueamento é necessária e importante para atestar a qualidadedo material utilizado e se este cumpre as prerrogativas exigidas.

O mesmo acontece no que se refere às dimensões (secção e comprimento), volume dobulbo e capacidade de carga das estacas, através de ensaio, onde a fiscalizaçãodesempenha importante função no sentido de certificar o atendimento ou não, do exigidoem projeto.

21. Sr. Perito, é fato incontroverso nos autos que a Intecnial não executou qualquerprocedimento de fiscalização do estaqueamento executado pela Serki. Daí é importanteperquirir ao técnico:

21.1. A omissão nesse dever de fiscalização potencializou expressivamente a ocorrência dosinistro ao passo que retirou qualquer possibilidade de prévia detecção do problemaexistente?

R: A falta de fiscalização em qualquer obra, sempre potencializa a possibilidade deocorrência de sinistro.

21.2. Pergunta ao Sr. Perito se ao não realizar estes procedimentos, subtraiu da executora apossibilidade de correção dos serviços que apresentaram deficiência?

R: A empresa responsável pela fiscalização, ao não realizar esta tarefa, não contribuiu nosentido de detectar deficiências que poderiam ter sido sanadas em tempo de execução.

21.3. Esta sua omissão não expôs todo o empreendimento ao risco concretizado?

R: Respondido nos quesito 21.1. e 21.2.

22. Pergunta-se ao Sr. Perito se a locação da posição de cravação das estacas é exclusivamenteum serviço topográfico?

R: É um serviço topográfico de locação.

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23. Queira o Sr. Perito indicar se as "obras civis" de responsabilidade da Kemp se restringiam amarcação da posição de cravação das estacas e execução de base de concreto armado queserviu de berço do tanque da obra, segundo os termos dos contratos mantidos nos autos.

R: De acordo com o contrato de fls. 664/671, realizado entre a Kemp e a Sul MontagensIndustriais Ltda, datado de 11/10/2001, denominado Contrato de Empreitada Global SMO-144-01, a Kemp foi incumbida de executar a base de concreto armado e marcar a posiçãode cravação das estacas.

24. Queira o Sr. Perito indicar se é fato que a marcação da posição de cravação das estacas érealizada antes da execução do estaqueamento?

R: A execução de um estaqueamento só pode ser iniciada após a marcação topográfica dasposições das estacas.

25. É fato que a execução da base de concreto armado, berço do tanque em questão, só podeser executada após estar o estaqueamento pronto?

R: Sim. A base de concreto, que é berço do tanque, somente pode ser executada após otérmino do estaqueamento, uma vez que se apóia sobre as estacas.

26. Esta base de concreto armado estava apoiada neste estaqueamento?

R: Respondido no quesito anterior.

27. Diante da documentação constante nos autos, queira o Sr. Perito identificar se existiaqualquer obrigação da Ré Kemp, com a execução propriamente dita dos serviços deestaqueamento.

R: Conforme a resposta ao quesito 23, da Ré Kemp, de acordo com o contrato com a SulMontagens, cabia a Kemp exclusivamente a tarefa de executar a base de concreto armado emarcar a posição de cravação das estacas.

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 Vai o presente Laudo, desenvolvido em 25 (Vinte e cinco) folhas impressas em um sólado, todas rubricadas, sendo a última datada e assinada.

 À disposição de Vossa Excelência para outras informações que forem julgadasnecessárias.

Rio Grande, 29 de fevereiro de 2012.

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Clarel da Cruz Riet

Eng. Civil – CREA 66.891-D 

Perito - IBAPE 1.047/99