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    2a edio

    Tadeu Cruz

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    BRASPORT Livros e Multimdia Ltda.Rua Pardal Mallet, 23 Tijuca20270-280 Rio de Janeiro-RJTels. Fax: (21) 2568.1415/2568.1507e-mails: [email protected] [email protected] [email protected] site: www.brasport.com.br Filial Av. Paulista, 807 conj. 91501311-100 So Paulo-SPTel. Fax (11): 3287.1752e-mail: [email protected]

    Copyright 2010 por Brasport Livros e Multimdia Ltda.Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poder ser reproduzida, sob qualquermeio, especialmente em fotocpia (xerox), sem a permisso, por escrito, da Editora.

    1a edio: 20082a edio: 2010

    Editor: Sergio Martins de OliveiraDiretora Editorial: Rosa Maria Oliveira de Queiroz

    Assistente de Produo: Marina dos Anjos Martins de OliveiraReviso: Maria Helena A. M. OliveiraEditorao Eletrnica: Abreus System Ltda.Capa: Trama Criaes

    Tcnica e muita ateno foram empregadas na produo deste livro. Porm, erros de digitao e/ou impresso podemocorrer. Qualquer dvida, inclusive de conceito, solicitamos enviar mensagem para [email protected] ,para que nossa equipe, juntamente com o autor, possa esclarecer. A Brasport e o(s) autor(es) no assumem qualquerresponsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas ou bens, originados do uso deste livro.

    Marcas Registradas Todos os nomes, todas as marcas registradas e todos os direitos de uso, de produtos e deservios, citados neste livro pertencem aos seus respectivos proprietrios. Todos os Direitos Autorais foram citados,todas as fontes de dados e informaes foram referenciadas e todos os crditos foram dados. Se houver algumaomisso ela no ter sido intencional.

    ndices para catlogo sistemtico:1. BPM & BPMS : Processos de produo : Reengenharia : Administrao de empresas

    658.4063

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Cruz, Tadeu

    BPM & BPMS : Business Process Management & Business Process ManagementSystems / Tadeu Cruz. -- 2. ed. -- Rio de Janeiro : Brasport, 2010.Bibliogra a.ISBN 978-85-7452-439-9

    1. Administrao - Avaliao 2. Controle de processos - Processamento de dados - Administrao 3. Mudana organizacional - Estudo de casos 4. Negcios - Processamentode dados 5. Reengenharia (Administrao) 6. Tecnologia de informao 7. Work ow- Administrao I. Ttulo.10-02363 CDD-658.4063

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    Para Wanda, eterna companheira! Aonde quer que v e para sempre, muito ama

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    O Autor

    Tadeu Cruz , Prof. M.Sc, Administrador de Empresas e Filsofo. Especia-lista em Engenharia de Sistemas e em Anlise e Melhoria de Processos deNegcio. Mestre em Engenharia de Produo COPPE-UFRJ. Auditor certi-

    cado pelo IRCA (International Register of Certi cated Auditors), Inglaterra,para implantao de sistemas da qualidade baseados nas normas ISO 9000.Participou de mais de 100 cursos de extenso e especializao na Itlia,Frana, Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Argentina e Mxico. Possui34 anos de experincia em Tecnologia da Informao e 22 anos em Qualida-de e Desenvolvimento Organizacional. Trabalhou em empresas nacionais emultinacionais e como consultor de Tecnologia de Informao e de Gernciade Processos e Projetos no Uruguai, Chile, Argentina, Alemanha e Esta-dos Unidos. Autor de 16 livros. Professor de cursos de ps-graduao dediversas universidades, entre elas: SOCIESC de Joinville, Santa Catarina;

    SENAC So Paulo; PUC-Minas; UNIVEM - Marlia e Academia de Polcia doEstado de So Paulo - ACADEPOL. consultor de anlise, desenho, rede-senho, modelagem, organizao, implantao, gerenciamento e melhoria deprocessos de negcio e ministra os seguintes cursos: Gesto de Processos,Gesto de Processos Industriais, Mapeamento de Processos, Modelagemde Processo, Simulao de Processos, Gesto de Negcios, Gesto Estra-tgica de Processos de Negcio, Desenvolvimento Organizacional, Estats-tica para Processos de Negcio, Logstica, Business Process Outsourcing,Knowledge Process Outsourcing e Gerncia do Conhecimento. membro-pesquisador do Grupo de Estudo dos Aspectos Culturais, Tecnolgicos e

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    VIII BPM & BPMS

    Estruturais das Organizaes para Implantao da Gesto por Processos -FEA-USP e do Laboratrio de Sistemas Avanados de Gesto da Produo(SAGE) COPPE-UFRJ. coautor do Work ow Handbook 2006, editado porLayna Fischer - Work ow Management Coalition (WfMC - USA).

    Currculo completo em http://lattes.cnpq.br/0266993615909643

    Contatos: www.trcr.com.br - [email protected]

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    Prefcio da 1 a edio

    Provocante, proveitoso, delicioso: assim o novo livro de Tadeu Cruz. Coma segurana de quem tem muita experincia no tema e j publicou vriasoutras obras, o autor no perde tempo com concesses a formalismos deestilo: vai direto ao ponto.

    A nal, quantos livros arriscam-se a assumir uma postura crtica diante das ino-vaes em TI aplicada s organizaes? Pouqussimos. Tadeu no hesita emenumerar restries e di culdades que levam a fracassos, mas ainda assimdemonstra sua con ana na contribuio do BPMS para as organizaes.

    Comea, acertadamente, pelo essencial: o que importa no esta ou aquelatcnica, mas a mudana organizacional . Leia-se: a mudana organizacionalfavorvel! Pois, como o autor acentua, inmeras vezes ela vem, mas numadireo inteiramente indesejvel... o que o Tadeu chama de Desorganiza-

    o Informacional.Outro aspecto notvel do livro: os conceitos mais tcnicos de TI aparecemapenas na medida do necessrio. Isto permite que o livro seja apreciadomesmo por pro ssionais ou pesquisadores que no possuem formaoem software.

    De fato, o importante entender que o Business Process Management uma novidade e no o . Sem dvida, d continuidade a tendncias que sur-

    giram j h mais de 20 anos, como o modelo japons ou, depois dele, a reen-genharia. Mas ao mesmo tempo renova a viso de processos, aprofundando

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    X BPM & BPMS

    a maneabilidade dos sistemas de gesto e usando de forma mais sensata asTI. neste ponto que o livro de Tadeu pode contribuir fortemente.

    O leitor ter uma abordagem da gesto de processos que a literatura dedivulgao, acrtica, no pode oferecer, mas que, com toda certeza, a quemelhor convm obteno de bons resultados prticos. Quando a isto sesoma uma leitura leve e agradvel, no h mais o que pedir.

    Rogerio ValleCoordenador SAGE (COPPE/UFRJ)

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    Apresentao 2 a edio

    Durante esses quase 18 meses em que o livro esgotou sua 1 a. edio re-cebi muitos e-mails. Foram de consultas, tanto de pro ssionais quanto deestudantes dos mais diversos cursos e disciplinas, de congratulaes, decrticas positivas, que me ajudaram a aprimorar minhas ideias e a resolverminhas dvidas, e nenhum de reclamaes, embora tenham existido algu-mas num grupo de relacionamento na Internet sobre a abordagem genera-lista do livro.

    Quero agradecer a todas e todos. Tanto aos leitores que me escreveram do Amazonas, ao Rio Grande do Sul, como s criticas. Foram e sero semprebem-vindas!

    Eu conclu que o livro cumpriu seu principal objetivo: o de desmisti car BPM& BPMS.

    Quis que ele fosse uma viso geral sobre esses dois ambientes, BPM &BPMS, sem ser supr uo. Quis que ele tratasse de mapeamento, anlise,modelagem e gerenciamento de processos como nica forma de controle dadesorganizao informacional e que enfatizasse que nenhuma tecnologia,por melhor e mais avanada que seja, tem capacidade de organizar o caosinformacional em que todos ns nos encontramos.

    Confesso que esperava de fabricantes e fornecedores que leram o livro (eu

    sei que sim), uma postura mais atual e preocupada com a desorganizaoinformacional, mas infelizmente todos sem (ou quase) exceo continuam

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    XII BPM & BPMS

    vendendo TI com falsas promessas de melhoria de produtividade (e cincia+ e ccia) sem a devida preocupao com processos de negcio.

    Confesso, tambm, que as organizaes, aqui sim, salvo raras excees,continuam se preocupando muito pouco com o tema desorganizao infor-macional e acreditando que TI as redimir de todos os males da desorga-nizao informacional, que para falar a verdade elas nem sabem que destaenfermidade padecem.

    Por m, pelas inmeras notcias que me chegam, constato que h aindamuito fracasso e dinheiro sendo jogado fora em projetos de anlise, modela-gem e gerenciamento de processos realizados com base EXCLUSIVAMEN-

    TE em uxogramas. E todos que me conhecem sabem que uxograma nodocumenta processos. Fazer o qu?

    Por tudo isso, aqui est a 2. edio, e a minha renovada crena de que possvel trabalharmos sem estresse, com qualidade e alta produtividade,basta querermos enfrentar a desorganizao informacional sem pirotecnia esem acreditarmos em falsas promessas.

    Muito obrigado!

    Tadeu Cruz

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    Sumrio

    Introduo ............................................................................................................. 1 Algumas Palavras sobre Cada Captulo ........................................................... 8

    1. As (R)Evolues de TI ................................................................................. 11

    As Ondas Chamadas Tecnologias da Informao ........................................ 11Histria Resumida dos Computadores ................................................... 11O Vai-e-vem das Ondas de TI .................................................................15

    A Evoluo do Hardware.................................................................................22Como as Ondas de TI se Formam .......................................................... 22

    A Segunda Fase da Segunda Gerao ..................................................29 A Terceira Gerao ................................................................................. 31Resumo das Duas Fases da Computao Comercial ............................ 32

    A Computao Distribuda ...............................................................................33O Mito Chamado Of ce Automation................................................................37

    Os Pacotes Of ce Automation ................................................................40O Papel dos Editores de Textos na DoI ..................................................41O Papel das Planilhas Eletrnicas na DoI .............................................. 44O Papel de Outras Tecnologias na DoI ................................................... 46

    2. A Desorganizao Informacional ..............................................................50 A Doena e seus Sintomas ............................................................................. 51

    Exemplos de Desorganizao Informacional .......................................... 52

    Efeitos da DoI .................................................................................................. 54Evoluo da Desorganizao Informacional ................................................... 60

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    XIV BPM & BPMS

    3. O Contexto Histrico CSCW ...................................................................... 63CSCW ou BPM? ..............................................................................................64Trabalho Cooperativo por Meio dos Processos de Negcio? ......................... 65O Que BPM? ................................................................................................66O Modelo Ainda Inexistente ............................................................................70

    Modelo Genrico do BPMS ..................................................................... 73 Algumas Palavras sobre Estes Modelos .................................................83

    BPMS, Um Novo Nome para Work ow? ......................................................... 84Facilitadores do Modelo BPMS ...............................................................86

    Para Escrever Este Livro .................................................................................87Softwares ................................................................................................87Livros ....................................................................................................... 88

    4. BPMS ................................................................................................................90BPMS e os Processos de Manufatura ............................................................ 92

    Processos de Manufatura Contnua ........................................................ 93Processos de Manufatura Discreta ......................................................... 93

    Integrando BPMS (Work ow) a um ERP......................................................... 96Work ow Embutido ou Autnomo? ......................................................... 97Exemplo 1 ............................................................................................. 103Exemplo 2 ............................................................................................. 103

    Integrando Work ow Manufatura Discreta ................................................. 103Preocupaes Essenciais ..................................................................... 106Exemplo Detalhado ............................................................................... 107

    A Descrio do Processo ...................................................................... 109Explicao Importante ........................................................................... 112

    Softwares para Processos de Negcio ......................................................... 113Computer-Supported Cooperative Work ............................................... 116

    O Surgimento do BPMS ................................................................................ 117Tecnologias Envolvidas com BPMS .............................................................. 121

    Ferramentas para Modelagem de Organizaes .................................. 123Ferramentas para Modelagem de Processos ....................................... 126Ferramentas para Estatstica ................................................................126Ferramentas para Simulao ................................................................129Ferramentas para Gerenciamento de Regras de Negcio ...................131

    Aplicaes de BPM ....................................................................................... 132Ferramentas para Monitorao de Processos ...................................... 134Ferramentas para Desenvolvimento de Software ................................. 134Ferramentas EAI (Enterprise Application Integration) ........................... 135Ferramentas SOA (Service-Oriented Architecture) ............................... 140

    Background & Foreground Processes .......................................................... 147Foreground Processes ..........................................................................149

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    Sumrio XV

    Background Processes .........................................................................151Ferramentas para Gerenciamento do Ambiente Work ow ........................... 153Servidores de Aplicaes .............................................................................. 154

    Linguagens BPMS ......................................................................................... 1541o Grupo. Linguagens generalistas ...................................................... 1542o Grupo. Linguagens especialistas ..................................................... 154

    ERP, CRM e Outros Softwares e Aplicaes ................................................ 155Data Warehouse e BI .................................................................................... 155Concluso ..................................................................................................... 155

    5. AMOP uma Sada? ...................................................................................156O Caso da Empresa de Manuteno Aeronutica ........................................ 158

    Nveis de Documentao de Processos ....................................................... 160Modelos de Processos de Negcio ...............................................................165O Modelo DOMP ...................................................................................165The MIT Process handbook ..................................................................167The Supply-Chain Operations Reference Model (SCOR) ..................... 168Modelo de Processo de Negcio do NP2TEC-UNIRIO ........................ 170Modelo Genrico de Processo de Negcio ........................................... 171

    Metodologias para Processos de Negcio .................................................... 172Metodologias para AMOP ..................................................................... 174DOMP ...................................................................................................178

    Sobre BPO e KPO ......................................................................................... 183Business Process Outsourcing - BPO ..................................................185Knowledge Process Outsourcing - KPO ............................................... 186

    Sobre a SOx e Governana Corporativa ....................................................... 188Principais Desa os da Lei Sarbanes-Oxley .......................................... 189Governana Corporativa ....................................................................... 190

    6. Ciclos de Vida BPM e BPMS .................................................................... 192Ciclo de Vida do BPM ................................................................................... 192Fases da Metodologia ...................................................................................194Ciclo de Vida do BPMS .................................................................................199

    7. Mudana Tudo que Existe ..................................................................... 205Gerenciando a Mudana ............................................................................... 207Pontos de Ateno ........................................................................................ 209

    Rejeio ................................................................................................209Boicote ..................................................................................................212

    Aceitao .............................................................................................. 213Cooperao ........................................................................................... 213

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    XVI BPM & BPMS

    8. Analistas ........................................................................................................ 215Os Trs Nveis de Detalhamento da Documentao do Processo ...............216

    1o Nvel ..................................................................................................2162o Nvel ..................................................................................................2173o Nvel ..................................................................................................217

    Exemplos de Nveis de Documentao de Processos .................................. 218O Analista de Processos ............................................................................... 219O Analista de Work ow .................................................................................222O Analista de BPMS ...................................................................................... 223O Arquiteto de SOA (SOA Architect) .............................................................223Conhecimentos e Competncias .................................................................. 225

    Palavras Finais .................................................................................................229

    Anexo I Principais Fabricantes de BPMS .............................................. 231

    Anexo II BPMS .............................................................................................. 235

    Anexo III Relao dos Vendedores de BPMS ........................................ 249

    Anexo IV Linguagens Generalistas BPMS ............................................. 251Elementos Business Process Diagram ......................................................... 253

    Referncias Bibliogr cas ............................................................................ 259

    ndice Remissivo ............................................................................................. 265

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    Introduo

    Os problemas provocados pelas constantes e aceleradas (r)evolues nase das Tecnologias da Informao e as provocadas por estas na sociedade,parecem (eu disse parecem) ser maiores do que os benefcios que estasmesmas (r)evolues nos trazem e trazem s organizaes e sociedadecomo um todo. Obviamente, para qual dos lados vo pender (para o lado doproblema ou para o lado da soluo) cada uma destas (r)evolues depen-der da escolha e do uso que cada um de ns zer das tecnologias advindascom estas (r)evolues. Ou seja, a princpio no existe tecnologia boa, nemtecnologia m, mas uma ou outra pelo uso que zermos delas.

    O certo que as (r)evolues de TI sempre desencadeiam uma srie defenmenos que afetam tanto nossa vida pro ssional quanto a particular.

    Alguns destes fenmenos so causas, outros so efeitos, e h tambmaqueles que so causa e efeito ao mesmo tempo. Cada um destes tipos defenmenos ligados s (r)evolues das Tecnologias da Informao serotratados por mim neste livro por meio de exemplos, casos, ideias, conceitose concluses com o precpuo objetivo de discutir o papel das tecnologiasGroupware e, em especial, a mais nova delas: o software chamado BPMS(Business Process Management System ).

    Em decorrncia das (r)evolues de TI fomos e, a cada nova (r)evoluo,somos acometidos de uma doena ainda pouco conhecida como enfermida-

    de, ainda mal explorada e qual dei o nome de Desorganizao Informacio-nal, cuja abreviatura DoI. Seus sintomas vo da insegurana que provoca

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    em ns por lidarmos com tantas e to novas e diferentes tecnologias aoestresse fsico-emocional (psicossomtico) causado pela superexposioa elas. Vo da perda de controle sobre a capacidade de discernir o que bom para nossa organizao e para ns mesmos ao desenvolvimento dainfobia (medo da informao), talvez o mais (in)visvel e perigoso de todosos sintomas denunciadores desta enfermidade. Os efeitos da Desorganiza-o Informacional podem ser visveis, invisveis e at mesmo podem estarmascarados, resultantes de outras enfermidades organizacionais, mas so,a cada dia, mais devastadores.

    A Desorganizao Informacional teve uma acentuada evoluo ao longodas ltimas quatro dcadas ou, para ser mais preciso, a partir do incio dacomputao comercial, entre os anos 50 e 60. Embora afete principalmen-te nossa vida pro ssional, seus tentculos tambm alcanam nossa vidaparticular, pois, salvo raras excees, da hora que acordamos hora quedormimos estamos em permanente contato com as Tecnologias da Informa-o e, por conseguinte, sendo afetados por elas.

    Alguns podem dizer que a globalizao que vivemos hoje a causa daSDoI1; ou seja, que ela a causa desta descontrolada quantidade de dadose informaes existentes hoje. Entretanto, para mim, a globalizao no o. No mximo a globalizao, de forma tautolgica, pode ser acusada deglobalizar a Desorganizao Informacional, numa espiral viciosa.

    Muitas empresas fabricantes de Tecnologias da Informao j reconheceme at parecem estar preocupadas em criar produtos que possam, em tese,minorar os efeitos da DoI. Tambm muitos especialistas j se preocupamou comeam a se preocupar com os efeitos nocivos que toda esta over-dose de TI, causadora de uma overdose de dados e informaes, temprovocado nas pessoas e por extenso nas organizaes nas quais aspessoas trabalham.Por exemplo, a IBM, depois de lanar e-business e a estratgia On Demand ,rendeu-se s evidncias e anunciou produtos para controlar o que ela mes-ma chama, nas suas propagandas em jornais e revistas do mundo todo, deInformation Anarchy !

    1. SDoI, Sndrome da Desorganizao Informacional.

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    Introduo 3

    Ainda que no soubssemos (voc e eu) ser a DoI uma realidade, apenaspor meio de propagandas como esta seria possvel imaginar o grau de De-sorganizao Informacional a que chegamos ao vermos por parte de umadas maiores fabricantes de Tecnologias da Informao to explcito reco-nhecimento desta descontrolada situao.

    Absurdamente paradoxal, no ? Eu penso que sim.

    As (r)evolues das Tecnologias da Informao contriburam para a Desor-ganizao Informacional porque, como nenhuma outra tecnologia criada pelohomem at ento, ela consegue operacionalizar uma espiral ascendente eautorregenerativa cujo propsito, inconfessvel, o de criar mais e mais De-

    sorganizao Informacional; num movimento onde mais tecnologia gera maisDesorganizao Informacional e mais Desorganizao Informacional gera (anecessidade de) mais tecnologia (e vendas crescentes), que pretensamenteforam criadas para ajudar a organizar a Desorganizao Informacional.

    As (r)evolues de TI so boas ou so ruins? Depende...

    Alguns vo dizer que so boas, maravilhosas, porque propiciaram e pro-piciam cada vez mais a disseminao do conhecimento e popularizamas Tecnologias da Informao, possibilitando a milhes de pessoas teremseu prprio computador e acesso instantneo ao conhecimento gerado nomundo todo.

    Outros, entretanto, diro que as (r)evolues de TI so pssimas porquedesorganizaram e desorganizam os meios produtivos tradicionais (descen-dentes diretos da Revoluo Industrial) criando um novo tipo de trabalhador:o do conhecimento2 em detrimento do trabalhador do cho de fbrica, almde ter possibilitado o surgimento de crimes antes inimaginveis at mesmo

    por grandes romancistas do gnero.Como em todas as questes colocadas humanidade, h os que vo defen-der as (r)evolues de TI e h os que vo conden-las; o lado bom e o ladoruim; e h os que so e sero contra ( unabombers ) e os que so e sero

    2. Trabalhador do Conhecimento, termo criado por Peter Drucker para diferenciar os pro s-sionais que atuavam, ou ainda atuam, nas manufaturas tradicionais (produtos tangveis) dosque trabalham nas novas indstrias da informao (produtos intangveis) da Era do Conhe-cimento.

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    a favor, sem querer ser maniquesta, ou reconhecendo que a matria sejaintrinsecamente m. No me cabe emitir juzo de valor, at porque, atuandoh trinta (e muitos) anos na rea, eu estaria cuspindo no prato que comi,como e, penso, comerei.

    A notcia a seguir exempli ca meu ponto de vista, especialmente quando,hoje, o Negroponte do MIT tenta vender para o mundo todo seu notebookde US$ 100.

    So Paulo, domingo, 06 de maio de 2007

    Escolas questionam e ccia de laptops.

    Entidades de ensino norte-americanas desistem de programas queimplementam uso de computadores em sala de aula.

    Sem benefcios pedaggicos comprovados e com custo alto, usode informtica freado por instituies.

    WINNIE HUDO NEW YORK TIMES, EM LIVERPOOL

    Os estudantes da Liverpool High, uma escola de segundo grau nointerior do Estado de Nova York, usaram os laptops fornecidos aeles pela escola para divulgar gabaritos de provas, baixar porno-gra a e invadir computadores de empresas.

    Quando os dirigentes escolares adotaram medidas de seguranamais rgidas para a rede do colgio, um aluno da 10 srie nos encontrou maneira de superar essas barreiras como tambmpostou instrues na Web explicando aos colegas como fazer a

    mesma coisa.Dezenas dos laptops arrendados pelos alunos quebram a cadams, e de dois em dois dias, nos perodos reservados a estudoassistido por professores, a rede da Liverpool High termina caindo,devido ao alto nmero de alunos que preferem navegar pela inter-net a dirimir suas dvidas escolares.

    Assim, o distrito escolar de Liverpool, uma cidade localizada pertode Syracuse, decidiu que, a partir do quarto trimestre, os laptopsdevem ser devolvidos, o que aumenta o nmero de escolas em

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    Introduo 5

    todo o pas que adotaram programas de computao individual e,mais tarde, optaram por cancel-los, por terem sido consideradosinteis ou, pior, nocivos.

    O objetivo de muitas dessas escolas era remover a disparidade di-gital entre os alunos que tinham e os que no tinham computadoresem casa.

    Depois de sete anos, no h literalmente prova alguma deimpacto positivo sobre as realizaes acadmicas dos estudan-tes, disse Mark Lawson, presidente do conselho de educaode Liverpool - um dos primeiros distritos do Estado de Nova

    York a testar o sistema de oferecer aos alunos contato diretocom a tecnologia.

    Os professores nos informaram que, quando os alunos de-senvolvem forte vnculo com seu laptop, o computador passa arepresentar uma distrao no processo educacional , disse.

    A postura adotada em Liverpool surge no momento em que mais emais distritos escolares em todo o pas optam por levar laptops s

    suas salas de aula.Um estudo conduzido por duas consultorias educacionais nos 2.500maiores distritos escolares norte-americanos, no ano passado, mos-trou que um quarto dos respondentes j havia adotado um computa-dor por aluno, e que metade do grupo esperava faz-lo at 2011.

    Na cidade de Nova York, cerca de seis mil alunos de quinta a oitavasrie receberam laptops em 2005 como parte de um programa trie-nal de US$ 45 milhes, nanciado com verba municipal, estaduale federal.

    No entanto, funcionrios de diversas escolas a rmam que os estu -dantes cometeram abusos usando seus laptops, e que as mqui-nas no se enquadram nos planos de aula e demonstram pouco ounenhum efeito mensurvel sobre as notas e exames.

    H distritos que abandonaram seus programas de distribuio delaptops devido resistncia de parte dos professores, problemastcnicos e logsticos e custos elevados de manuteno.

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    Esse tipo de decepo s o mais recente exemplo de como a tec-nologia, muitas vezes alardeada por lantropos e lderes polticoscomo meio de solucionar problemas de forma instantnea, deixa osprofessores perplexos quanto ao que fazer para integrar os novosaparelhos aos seus currculos.

    No ms passado, o Departamento da Educao norte-americanopublicou um estudo que demonstrava no haver diferena em ter-mos de realizaes acadmicas entre alunos que usam softwareeducacional para aprender matemtica e desenvolver a capacida-de de leitura e alunos que no utilizam esse recurso.

    Por outro lado, muitos dirigentes escolares e professores dizemque o uso de laptops motivou at os mais relutantes dos alunos aaprender, resultando em frequncia mais elevada, ndices menoresde punies e abandono de estudos.

    Em um dos maiores estudos em curso, o Centro de PesquisaEducacional do Texas at agora no constatou diferena nos re-sultados de testes estaduais entre 21 escolas de quinta a oitavasrie, nas quais os alunos receberam laptops, e 21 que no re-

    ceberam. Mas alguns dados sugerem que os estudantes maisaptos podem se sair melhor em matemtica quando equipadoscom laptops.

    traduo de PAULO MIGLIACCI

    Vinda da maior e mais poderosa economia do planeta a notcia , no mni-mo, sintomtica de uma situao que em muitos casos j est fora de con-trole! Mas repito, no sou nem contra, de forma irracional, nem a favor, cegode paixo pelas Tecnologias da Informao. Estou aqui apenas colocandoos dois lados da situao.

    Intil esperar consenso, pois no cerne da discusso estar cada nova tecno-logia criada; seus benefcios, malefcios, vantagens e desvantagens. Haverorganizaes que iro defender as novas Tecnologias da Informao, maispor quererem acreditar nelas do que por terem efetivamente se bene ciadodelas. Outras organizaes, contudo, iro atac-las sem, muitas vezes, te-rem a mnima base para faz-lo.

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    Introduo 7

    normal. prprio do ser humano.

    Entretanto, sempre haver aqueles, entre os quais me incluo, que procura-

    ro estudar cada nova Tecnologia da Informao de forma a descobrir emcada uma sua essencialidade; por que e para qu fora criada, como deveriaser corretamente usada, como efetivamente est sendo usada, quais deve-riam ser os resultados esperados do seu uso e quais esto sendo obtidoscom a sua utilizao.

    No que diz respeito TI tambm existiro vrias verdades, principalmenteas adotadas pelos so stas modernos (chamados de gurus) que criam falsosargumentos para defend-las (ou mesmo para atac-las), convincentes para

    todos que necessitam acreditar, sem se darem ao trabalho (gurus e crentes)de uma anlise mais aprofundada e desapaixonada de todas elas. Para aquase esmagadora maioria destes gurus tudo que a indstria de TI produz maravilhoso e cada nova inveno realmente uma nova inveno!

    Na crista desta onda de paradoxos, BPM ( Business Process Management )e seu software BPMS so as bolas da vez! Mas o que mesmo BPM eBPMS? Para que servem? um conceito? Um software? Ambos? Qual o parentesco existente entre BPMS (Business Process Management Sys-

    tems) e Work ow? Onde, nesta histria, entram os princpios do TrabalhoCooperativo Suportado por Computador (CSCW3)? E como as tecnologiasGroupware se encaixam nesta confuso? Estas e outras questes me leva-ram a escrever este livro.

    Work ow foi a ideia que deu origem a este livro. No porque este softwareseja uma ideia xa para mim (ser que eu estou negando uma verdade?),mas, sim, pela necessidade de entender o porqu das organizaes noconseguirem sair da Desorganizao Informacional em que se afundam

    mais e mais todos os dias, mesmo existindo ferramentas que podem contri-buir para reduzir suas causas e minimizar seus efeitos. Para entender porque as organizaes so atropeladas pelo marketing da indstria de TI, quetenta de todas as formas faz-las acreditar que outras ferramentas muitomelhores que as existentes at ento foram criadas para resolver os mes-mos problemas existentes antes, e mais os novos problemas criados pelasltimas invenes que, por algum motivo, no deram certo, exacerbados pe-

    3. Computer-Supported Cooperative Work.

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    8 BPM & BPMS

    las tecnologias da gerao anterior, que foram introduzidas para resolveremproblemas criados pelas tecnologias anteriores, etc., etc., etc.

    No tenho a veleidade de pensar ser possuidor de qualquer verdade ab-soluta sobre os temas abordados aqui. O livro apenas a minha verdade,construda ao longo destes trinta e muitos anos de pro sso. Cada um doscaptulos possui intrinsecamente uma vastido imensurvel de desdobra-mentos, que eu jamais poderia abarcar mesmo se escrevesse um livro todoms. Entretanto, el ao princpio da busca constante do conhecimento espe-ro ter comeado um caminho que poder me render muitos outros livros.

    Algumas Palavras sobre Cada CaptuloNo primeiro captulo decidi contextualizar a Desorganizao Informacional,explicando, sob o meu ponto de vista, suas origens, causas e os efeitosmais prximos em todos ns. H, tambm, um pouco da histria dos compu-tadores. Coloquei-a aqui para poder explicar como, do meu ponto de vista,se originou a situao que vivemos hoje.

    Nestes trinta e muitos anos convivendo e aprendendo no meio deste am-

    biente tive a oportunidade de vivenciar praticamente todas as mudanastecnolgicas que nos trouxeram aos dias de hoje, at porque tive a sorte denos anos 70, 80 e 90 ter trabalhado em grandes fabricantes de Tecnologiasda Informao como, por exemplo, a Compagnie Internationale pour le Infor-mtique Honeywell Bull (CiiHB), uma das trs grandes fabricantes de main-frames poca, o que me permitiu acompanhar, muito de perto, a evoluode TI com constantes viagens de estudo e trabalho ao exterior, uma vez quepara ns brasileiros tudo era proibido por conta da lei de informtica, vigenteat meados da dcada de 90.

    No segundo captulo analiso como surgiu a Desorganizao Informacional,DoI, e as causas e os efeitos da doena que s faz crescer e alastrar-se nasorganizaes.

    No terceiro captulo descrevo os conceitos que procuraram e procuramdar ordenamento Desorganizao Informacional, desde o surgimento doCSCW e das ferramentas que foram desenvolvidas com alguma adernciaa este conceito. De no tambm o que Business Process Management e o

    que Business Process Management System . Descrevo as diferenas e asigualdades com o software de Work ow.

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    Introduo 9

    No quarto captulo descrevo e analiso o software Business Process Mana-gement System .

    No quinto captulo introduzo a discusso sobre se a anlise, o desenho, oredesenho, a modelagem, a organizao, a implantao, o gerenciamentoe a melhoria de processos de negcio podem ser, ou no, uma sada vivelpara a Desorganizao Informacional.

    No sexto captulo discuto os ciclos de vida do BPM e do BPMS.

    No stimo captulo falo sobre gerenciamento de mudanas.

    No oitavo captulo apresento novos papis funcionais, surgidos devido smais recentes (r)evolues de TI, o analista de processos, o analista deWork ow, oanalista de BPMS e o arquiteto de SOA.

    Creio ter conseguido abarcar todos os aspectos envolvidos com BPM eBPMS.

    Caso queira entrar em contato comigo, escreva para: [email protected]

    Tadeu Cruz

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    As Ondas Chamadas Tecnologias da InformaoHistria Resumida dos ComputadoresComputadores4 podem ter sido criados por volta de 3.000 AC, pois algumaspesquisas indicam que o baco 5 j existia na Babilnia por volta deste ano,antes dele ter sido adotado pelos chineses com o nome de suan pan , emportugus algo como mquina para clculo ou mquina para fazer conta.

    A se con rmar, esta informao coloca o baco como a mais antiga tecno-logia, a mais longeva e de vida til mais longa existente entre ns, pois ele usado at os dias de hoje.

    Os gregos tambm desenvolveram mquinas so sticadas, como a que foi

    encontrada na ilha de Antikythera em 1901 e que, quando reconstruda, re-velou aos pesquisadores ser uma mquina que servia para calcular os mo-vimentos dos planetas e das estrelas.

    4. Segundo o Houaiss eletrnico, substantivo masculino para designar o que computa; cal-culador, calculista. Em informtica, dispositivo capaz de obedecer a instrues que visamproduzir certas transformaes nos dados, com o objetivo de alcanar um m determinado.

    5.O baco , seguramente, a primeira Tecnologia da Informao de que se tem notcia eexiste at os nossos dias com o mesmo hardware e software, que somos ns.

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    A Renascena trouxe novos desdobramentos para a histria dos computa-dores, pois a Idade Mdia, perodo anterior, havia mergulhado a humani-dade em preocupaes e necessidades extremamente (e exclusivamente)religiosas; por isso no h registros sobre invenes tecnolgicas entre ossculos V e X, chamada de alta Idade Mdia, e entre os sculos XI e XV, de-nominada de baixa Idade Mdia. Entretanto, houve outras Idades Mdiasalm da que experimentou nossa civilizao ocidental. A Idade Mdia rabee a Idade Mdia asitica desenvolveram-se com caractersticas prprias ede forma independente da Idade Mdia europeia; o que, em tese, ainda podevir a surpreender-nos com algum artefato tecnolgico, bastando, para isto,que algum arquelogo descubra alguma inveno criada neste perodo noOriente Mdio ou na sia.

    A partir da Renascena, a chamada poca das luzes, tambm conhecidacomo a Idade Moderna, temos os seguintes inventores ligados ao mundodos computadores:

    John Napier (1550-1617), inventor dos logaritmos e da mquinaconhecida como Varas de Napier, criada para simpli car o tra-balho de multiplicao;

    Wilhelm Schickard (1592-1635), que criou uma mquina mec-nica para realizar as quatro operaes: adio, subtrao, multi-plicao e diviso;Blaise Pascal (1623-1662), criador de uma mquina para adioaritmtica;Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716), que inventou uma mqui-na capaz de realizar as quatro operaes aritmticas.

    Todos os inventos at aqui necessitavam da presena de um operador, oque signi ca dizer: as mquinas ainda no eram automatizadas, no po-diam fazer o trabalho sozinhas.

    No sculo IX, Joseph-Marie Jacquard (1752-1834) inventou o tear progra-mado com cartes perfurados. Praticamente foi esta inveno que marcou oincio da automatizao da indstria txtil e o aparecimento das tecnologiasautomticas; pois o equipamento dispensava o trabalho manual do tece-lo, uma vez que as padronagens eram programadas nos cartes perfurados

    que depois, inseridos nos teares, os faziam funcionar sozinhos. Cremosque a partir daqui estava criado o desemprego gerado pela tecnologia.

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    Tambm deste sculo so os inventos de:

    Charles Babbage (1791-1871), que criou duas mquinas, a de di-

    ferena e a analtica, uma para calcular e a outra para analisar; eWilliam Stranley Jevons (1835-1882), que inventou em 1869 umamquina para resolver problemas de lgica.

    A partir do sculo XX temos os seguintes inventores ligados s tecnologiasda informao:

    Herman Hollerith (1860-1929), que criou os famosos cartes per-furados e a correspondente mquina para l-los, o que possibili-

    tou ao governo americano tabular os dados do censo de 1890 emtempo recorde para a poca;Howard H. Aiken (1900-1973), que desenvolveu em 1944 o Mark1, primeiro computador eletrnico digital;John Vincent Atanasoff (1904-1995), que desenhou e construiu umcomputador eletrnico para resolver sistemas de equao lineares.John William Mauchly (1907-1980), e J. Presper Eckert (1919-

    1995), que desenvolveram na Universidade da Pensilvnia ocomputador ENIAC e, junto comJohn Von Neumann (1903-1957), criaram o primeiro computa-dor que podia carregar um programa, chamado de EDVAC,que continha, como inveno, ideias ainda hoje encontradas nosmodernos computadores. Tambm foram os mesmos Eckert eMauchly que construram o UNIVAC, que viria a dar origem fabricante de mainframes UNIVAC que na dcada de 70 foi ven-

    dida para a Burroughs, outro fabricante de mainframes.Depois vieram o EDSAC, computador baseado no EDVAC, construdo em1948 por Maurice Wilkes, e o Manchester Mark 1, construdo pelos pesqui-sadores da Universidade de Manchester.

    Entretanto, foi a partir da inveno do transistor em 1947, pelos cientistasBardeen, Brattain e Shockley, que os computadores ganharam o per l queconhecemos at os dias de hoje. Os transistores permitiram que o micropro-

    cessador fosse nalmente criado. Estes trs cientistas ganharam o Nobel deFsica de 1956 por essa descoberta.

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    Em 1949 John Forrester inventou a memria de ncleo magntico.

    A ttulo de curiosidade, o termo cincia da computao (computer science )

    foi criado pelo americano George Forsythe; o primeiro curso desta rea foicriado em 1962 na Universidade Purdue, Estados Unidos.

    Esta breve viagem pela histria das tecnologias da informao resume-sesomente aos acontecimentos e invenes do hardware dos computadores.Propositalmente deixei de fora a parte da histria ligada ao software, por sereste bem mais recente e voltil que o hardware, haja vista que, no compa -rativamente curto perodo de existncia, o software, salvo rarssimas exce -es, tem bem menos tradio e longevidade que o hardware, alm de serinstvel, imprevisvel e possuidor de caractersticas, como veremos maisadiante, que desorganizaram e desorganizam o universo informacional dasempresas, embora sempre tenha sido apresentado com o propsito de fazero inverso.

    Um exemplo do que digo?

    O baco que conhecemos hoje, utilizado normalmente por milhes de pes-soas ainda, o mesmo baco, presume-se, criado h cinco mil anos.

    Puro hardware!

    Isto quer dizer que o hardware mais perene que o software? No meu en -tender, sem dvida!

    Qual software teve vida to longa como o baco? Quantos computadoresantigos ns ainda temos ou vemos trabalhando por a?

    Eu mesmo troco meu notebook a cada trs anos (a menos que o roubem demim, como aconteceu em janeiro de 2007).

    Entretanto, cabe-me aqui fazer uma ressalva importante. O software pode -ria ter uma vida muito mais longa que o hardware, no fosse, por um lado,a necessidade que a indstria de TI tem de vender constantemente maishardware e, consequentemente, mais software, premida pelo instinto de so -brevivncia, e, por outro lado, a nossa nsia consumista, forando-nos a ter,ter, ter sempre a ltima verso de qualquer coisa.

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    O Vai-e-vem das Ondas de TIDesde o incio da sua vida nas organizaes, perodo que chamo de compu-tao comercial, as Tecnologias da Informao chegam at ns em ondas,da mesma forma como as do mar!

    As Tecnologias da Informao chegam s nossas vidas, e s das organi-zaes, em movimentos cclicos e, na maioria das vezes, regulares. Bastaque cada onda de TI se espraie sobre a nossa praia para que logo haja ummovimento de re uxo formando outraonda que continuar a nos atingir deforma continuada, sem nos dar tempo de absorver e utilizar corretamentecada tecnologia. Exatamente como as ondas do mar!

    As ondas de TI tm nomes variados, vo de Mainframes a Grid Computing, de Of ce Automation a SOHO6, de Groupware a Business Process Mana-gement Systems , mas seus movimentos so sempre iguais, pois surgem,suposta e pretensamente, para resolverem problemas, muitos dos quaiscriados por outras ondas de TI alm de outros que nem sequer imagin-vamos serem problemas. As ondas de TI arrebentam sobre ns (muitasvezes literalmente), na praia e nas organizaes (quando no arrebentamas prprias organizaes), para logo em seguida re urem a m de formarnovas ondas.

    Assim como os sur stas das ondas do mar, a maioria dos pro ssionais darea de TI adora pegar estas ondas; adoram surfar nas buzzwords7 quebatizam cada uma delas, da mesma forma como so batizados os furaces.Outros, mais descon ados, preferem assistir da areia aos movimentos dealtos e baixos que estas (r)evolues provocam nas organizaes antes dese decidirem se vo ou no surf-las.

    No meu livro Sistemas, Organizao & Mtodos, de 19988, classi quei asondas de TI como ciclos, e as reproduzo aqui na gura 1.1 a seguir para po -der explicar o desenvolvimento dos movimentos das ondas de TI at os dias

    6. SOHO, Small Of ce - Home Of ce . Respectivamente pequeno escritrio escritrio emcasa.7. Buzzword , palavra sonora, jargo, geralmente sem qualquer signi cado.

    8. Sistemas, Organizao & Mtodos. Editora Atlas, atualmente na terceira reimpresso daterceira edio.

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    atuais e, consequentemente, explicar o pretendido papel com que foi criadoo conceito que embasou o desenvolvimento das tecnologias Groupware.

    Preferi classi car as ondas de TI comeando na dcada de 60 porque foi apartir deste momento que TI efetivamente comeou a ser usada pelas em-presas. Antes dos anos 60 somente os laboratrios de pesquisas, as institui-es militares e as universidades (poucas) tinham acesso a computadores.

    Figura 1.1 Ciclos evolutivos de TI.

    A gura 1.1 mostra que entre os anos 60 e 70 a ligao dos usurios com asTecnologias da Informao dava-se apenas por meio de suporte de papel.Os usurios levavam pilhas de formulrios preenchidos at um local chama-do de CPD, que eram digitados por um setor chamado digitao, e temposdepois voltavam para pegar os resultados, que invariavelmente eram pilhasde listagens impressas em formulrio contnuo. A partir dos anos 70 come-aram a surgir os primeiros terminais de computador. Na aparncia eram se-melhantes aos microcomputadores de hoje mas no tinham capacidade deprocessamento local e por isso eram ligados a um mainframe central (nsos chamvamos de terminais burros). Na dcada de 80 surgiram os micro-

    computadores que, embora fossem limitados, transferiram dos mainframes para o usurio nal o poder de processamento dos seus dados, ainda que

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    elementar. A partir da dcada de 90 a globalizao, baseada no avanodos meios de comunicao e nas novas Tecnologias da Informao, trans-formou completamente os usurios e eles passaram de passivos a ativosrapidamente; o que viria a exacerbar-se com a liberao da Internet para asociedade em geral a partir do incio dos anos 90.

    Dertouzos (2001) divide as Eras de TI da seguinte forma:

    A Revoluo da Informao comeou de maneira inocentenos anos 50 com um punhado de curiosidades de laboratriodedicadas a clculos matemticos. Os anos 60 trouxeram oscomputadores de tempo compartilhado, usados sequencial-

    mente por dezenas de pessoas para distribuir o alto custo damquina. As universidades e outras organizaes logo desco-briram que o verdadeiro benefcio no era o dinheiro economi-zado, mas as informaes compartilhadas por meio do correioeletrnico e das transferncias de documentos dentro de cadagrupo que dividia a mquina. Os anos 70 trouxeram a Arpanet,que interligou dezenas de mquinas de tempo compartilhado, principalmente em universidades; novamente, isso foi feito paradispersar os custos de computao e, outra vez, o benefcioreal mostrou ser a expanso da comunidade que compartilhavainformaes, dessa vez alguns milhares de pessoas. A chega-da do computador pessoal na dcada de 80 tornou o poder dainformtica acessvel a milhes de pessoas, que usavam suasmquinas para trabalho de escritrio e para brincar em casa. A Ethernet, que chegou na mesma poca, possibilitou a inter-conexo de centenas de PCs em redes locais, principalmentedentro de organizaes. A Internet, j desenvolvida como ummtodo de interconexo de redes de computadores, voltou-se para a demanda crescente de interligao dessas milhares deredes locais. Tais mudanas aumentaram a comunidade de pessoas que podiam partilhar informaes por meio do correioeletrnico e da transferncia de arquivos para alguns milhesde pessoas. Ento, nos anos 90, quando os avanos da inter-ligao em rede estavam se estabilizando e no parecia pos-svel nada muito grande acontecer, houve a maior mudana

    de todas: chegou a World Wide Web como uma aplicao desoftwares para computadores ligados pela Internet. Ela atingiu

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    a comunidade sempre crescente de usurios interconectadoscom um salto quantitativo e qualitativo. A criao e a navega-o de Web sites cativou o mundo de tal maneira que o n-mero de usurios interconectados subiu rapidamente at 300milhes no m do sculo XX, conforme eles e o restante domundo comearam a experimentar o impressionante potencialsocioeconmico do mercado de informaes.

    Muitas Tecnologias da Informao fracassaram ou fracassam antes de com-pletar um ano de vida. Algumas fracassam mais, outras menos, principal-mente em se tratando de softwares. Cada tecnologia criada e colocada disposio do mercado, em cada um dos ciclos evolutivos de TI, tem umacurva de vida como a que apresento na gura 1.2. Ou seja, cada um dosciclos representados na gura 1.1 carrega dentro de si centenas, milhares,de curvas iguais da gura 1.2.

    As tecnologias compradas pelas organizaes so representadas pela cur-va das tecnologias que foram adotadas pelo mercado; e as que no foramcompradas ou tiveram vida muito curta so representadas pela outra curva,a curva das tecnologias que no foram adotadas pelo mercado.

    A porcentagem de tecnologias hardware aceita pelo mercado , pelas nos -sas pesquisas, dois teros maior do que a porcentagem das tecnologiassoftware aceitas. Entre outras causas, a explicao pode estar na palavraamigvel. Inmeras foram as tecnologias hardware que permaneceramiguais desde seu nascimento, enquanto os softwares, que as fazem fun -cionar, mudaram, s vezes radicalmente, a cada nova verso colocada nomercado. Exemplos? Quantos programas voc usa para gravar CDs? Aopasso que os gravadores de CDs permaneceram os mesmos com peque-nas melhorias, como o aumento da velocidade de gravao e leitura. Alis,CD uma mdia que est rapidamente caindo em desuso, o que vamos usarde agora em diante o DVD, pelo menos enquanto as novas mdias noganham espao no mercado.

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    Figura 1.2 - Curvas de introduo e aceitao de inovaes tecnolgicas.

    Nestes mais de trinta anos, como assduo frequentador destas praias, por ve-zes sofrendo os efeitos da arrebentao das ondas de TI, noutras participando

    diretamente das suas causas e efeitos, acostumei-me s mars tecnolgicasassumindo-as como inevitveis. Entretanto, mesmo considerando-as inevi-tveis, tambm aprendi a defender-me das arrebentaes das suas ondas eaprendi tambm, sempre que possvel, a defender os que, de alguma forma,dependiam ou dependem das minhas atitudes frente a (r)evolues de TI.

    Embora a metfora das ondas j tenha sido usada por outros autores, uso-apor adequar-se perfeitamente nossa rea de atuao, pois, como as domar, as ondas de Tecnologia da Informao tambm so recorrentes. O efei-

    to deste movimento anlogo ao das ondas do mar, que leva embora o queencontra pela frente para tempos depois trazer tudo de volta, depositandona areia tanto coisas novas como refugo que o mar rejeita de outras ondas,das quais, na maioria das vezes, nem nos lembramos mais.

    H um grande nmero de tecnologias que as ondas de TI trouxeram e leva-ram embora e que, de uma hora para outra, foram ou esto sendo trazidasde volta at nossas praias. So tecnologias da informao que no deramcerto no passado por diversos motivos, ou porque no cumpriram com o

    prometido ou porque prometeram, por elas, mais do que elas poderiam fa-zer. Aqui esto algumas:

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    EIS , Executive Information System . Este software, que nos pri-mrdios dos microcomputadores, por volta dos anos 80 e 90,prometia aos executivos possibilitar a criao de relatrios ge-renciais que lhes permitissem tomar rpidas decises, no deucerto. Como a organizao informacional (bancos de dados, inte-grao de sistemas etc.) no era ainda su cientemente madurapara permitir a gerao das bases de dados necessrias ao seuperfeito funcionamento, o EIS no vingou. Hoje oEIS ressur-giu das cinzas e transformou-se. Agora ele atende pelo nome deBIS, Business Intelligence System, mais popularmente conheci-do como BI.

    DW, Data Warehouse . outra tecnologia que veio, foi e voltou.Foi e voltou inmeras vezes. Hoje ainda mantm o mesmo nomede Data Warehouse e trabalha em conjunto com o Business In-telligence System. Enquanto os mdulos de DW organizam eexecutam a estrati cao e a extrao dos dados existentes nosbancos de dados corporativos, o BI trabalha sobre os dados ex-trados resultantes destas rotinas, isto , sobre os bancos de da-dos estrati cados, para gerar os relatrios gerenciais.

    MRP , Material Requirement Plan , j foi e voltou inmeras vezesat os dias atuais, transformado no fantstico ERP , Enterpri-se Resource Planning, que, agora travestido de repositrio dasmelhores prticas organizacionais e administrativas do universo,impinge s organizaes sofrimentos at ento inimaginveispor ns.CRM , Customer Relationship Management , cuja onda foi, li-teralmente, devastadora para algumas organizaes, com pro-

    jetos que devoraram milhes de Dlares e Reais por terem sidoimplantados sem anlise, desenho, redesenho, modelagem emelhoria dos processos de negcio que capturam informaesde clientes e que volta agora com cuidados redobrados por partedas organizaes que pretendem utiliz-la.A Armageddon da virada do sculo XX. Todas as soluesprometidas para enfrentar a Armageddon que ameaava as or-ganizaes na data de 1 de janeiro de 2000 e que atendia pelonome de BUG do milnio. Este fatdico dia prometia as trevaspara todas as organizaes que no se preparassem correta-

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    mente para a virada do sculo XX para o sculo XXI. Claro quecorretamente deve-se entender por comprar mais tecnologias dainformao e muita, muita consultoria.

    Mas os fracassos no cam restritos ao software. O hardware tambm parti -cipa ativamente destes movimentos de uxo e re uxo das ondas de TI. Aquiesto alguns exemplos:

    Tecnologias da Informao que substituiro o papel vo evoltam na crista das suas prprias ondas e algumas vezes sosurfadas por gurus que no se cansam de decretar a morte dapasta, mistura de celulose, pinus ou eucalipto, que chamamos de

    PAPEL. A mais recente promessa vem da Amazon, a ex-maiorlivraria eletrnica do planeta, agora a maior vendedora eletrnicade bugigangas ( gadgets ), que acaba de lanar um dispositivochamado de Kindle: The Amazons New Wireless Reading De-vice, que entre outras funcionalidades permite que se compremlivros e jornais eletrnicos pela Internet e que se possam baix-los e l-los no Kindle. O aparelhinho custa mais de US$ 400.00e detalhe: NO L ARQUIVOS PDF, ou seja: compre e voc secasar, para sempre, com a Amazon, sua nica fornecedora decontedo.Grid Computing. Promete o compartilhamento da capacidadede processamento ociosa da rede mundial de computadores, aInternet, mas que ainda no realizou suas promessas por ques-tes como segurana e, paradoxalmente, direitos de uso de com-partilhamento desta mesma capacidade ociosa.Network Computer. Este o nome da promessa! Um PC debaixa capacidade de processamento, pouca memria e quaseque exclusivamente dedicado Internet e muito barato, a mde permitir, entre outras coisas, a to falada incluso digital.Bom, a promessa jamais se concretizou, embora hoje o Nicho-las Negroponte esteja reinventando a roda com seu notebookde US$ 100.00.

    A mais nova destas ondas chama-se Business Process Management Sys- tem . Este o novo nome que deram para os sistemas de Work ow. A rigor,esta a onda que me motivou a escrever este livro.

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    Algumas destas tecnologias so to novas quanto, por exemplo, um sandwich9, mas os fabricantes, (alguns) usurios, analistas de mercado, institutos de pes-quisa, formadores de opinio e expertos em geral esforam-se para nosfazerem acreditar que so realmente novas, embora muitas sejam apenastecnologias recicladas.Muitas vezes as ondas de TI aparecem trazendo no somente tecnologias,mas o modus operandi destas. o caso do antigo bureau (l-se bir) de processamento de dados, desco-nhecido pelos que no viveram as ondas de TI dos anos 60 e 70. Os birseram centros de processamento de dados terceirizados, que trabalhavampara vrios clientes sem recursos para comprar ou alugar um computador.Eles praticamente sumiram quando as mquinas baixaram de preo e sepopularizaram, permitindo que um nmero cada vez maior de empresas pu-desse adquirir seus prprios computadores. Pois bem, os birs esto de vol-ta e so chamados agora de centrais de operao, centrais de outsourcing e de data centers . Mesmo o outsourcing (terceirizao) j passou por vriasidas e vindas; foi operacionalizado fora de casa, dentro de casa, comple-to, seletivo, quarteirizado, em movimentos de uxo e re uxo caractersticosdo mundo de TI at chegar aos dias atuais com o nome de Busines Process

    Outsourcing (BPO) e Knowledge Process Outsourcing (KPO).

    A Evoluo doHardwareComo as Ondas de TI se FormamExistem diversos fatores que contribuem para criar as ondas de TI, mas in-dubitavelmente um dos mais importantes a prpria indstria de TI, emboradeva reconhecer que pesquisadores ligados ou no Academia tambmtm sua parcela de responsabilidade pela formao de alguns tsunamis.

    Em 1996, Nicholas Negroponte, do MIT, numa entrevista revista Isto ,nos mostrou um destes fatores e de como as ondas de TI so formadas porsua prpria indstria10.

    9. Grafado assim mesmo, como o nome do seu criador, Lord Sandwich, para reforar a ideia

    de tempo de existncia.10. Reproduo de parte do meu livro Manual de Sobrevivncia Empresarial, de 1996, esgotado.

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    Isto preciso microcomputadores cada vez mais rpi-dos como o Pentium Pro?

    NN No. Mas a coisa funciona assim. Andy Grove ( po-ca), o dono da Intel, lana um processador mais rpido. Emseguida Bill Gates, o da Microsoft, faz programas que precisamde mais capacidade. Ento, Grove faz um chip mais potente,a Bill Gates usa toda a velocidade disponvel e pede mais. Eassim por diante. O que se ganha com esses PCs e softwarescada vez mais poderosos? Quase nada! Cada atualizao deum programa traz dezenas de aplicativos que ningum usa,nem precisa.

    Isto Por que as empresas continuam lanando estes produtos e no micros mais baratos?

    NN Os micros, mesmos os de ltima gerao, poderiamcustar US$ 200 11. Mas seus preos so mantidos arti cialmenteem US$ 1,500, que um preo acessvel ao consumidor ameri-cano. Assim os fabricantes vendem dez milhes de micros porano nos Estados Unidos com enorme lucro. Com o aumento

    da produo do 386, seu preo caiu abaixo de US$ 1,500 e aindstria lanou o 486. Quando a produo deste explodiu veioo Pentium. E agora a vez do Pentium Pro, como daqui a trsanos acontecer o mesmo com o Pentium 4, 5, 6, 7...

    necessrio entendermos a evoluo do hardware e de como esta(r)evoluo in uenciou e continua in uenciando a formao das ondas deTI. Por ordem cronolgica o hardware o primeiro a ser criado para s entoo software ser desenvolvido.

    Resumidamente podemos dividir a histria da vida dos computadores dentrodas organizaes, que chamo de Computao Comercial, em duas fases dis-tintas, representadas pela capacidade de processamento dos computadores:

    mquinas monoprocessamento, cuja capacidade de tratamen-to da informao era compartilhada de forma cronolgica e se-

    11. Recentemente (2005) Negroponte, que continua no Media Lab do MIT, veio ao Brasilapresentar ao governo seu projeto de computador de US$ 100.

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    quencial por dezenas de usurios para distribuir o alto custo doequipamento. Estes computadores eram centralizados num localchamado Centro de Processamento de Dados (CPD), para ondetodos os usurios enviavam ou levavam seus dados por meio deformulrios e planilhas preenchidas mo para serem digitadose gravados em uma mdia (carto perfurado, disquetes etc.) quepudesse ser lida pelos computadores para serem processados;mquinas multiprocessamento, cuja capacidade de tratamen-to da informao passou a ser compartilhada em tempo real porcentenas de usurios e cujos primeiros modelos ainda cavamcentralizados no CPD. Com o surgimento da computao distri-

    buda no nal dos anos 80, estas mquinas passaram a no maisestar centralizadas no CPD, e cada usurio pde en m se libertar,at certo ponto, do domnio do pessoal da rea de informtica.

    Embora existam inmeras outras classi caes, pois cada autor faz a clas -si cao que melhor se ajuste aos seus propsitos de escritor, eu pre rodividir as mquinas em mono e multiprocessamento porque foi esta carac-terstica que, a meu ver, mudou o comportamento dos usurios de TI, as or-ganizaes e a prpria computao comercial. Alm disto, para o propsito

    deste livro, nos interessa caracterizar a histria dos computadores pelo usoque as organizaes zeram e fazem deles.

    Figura 1.3 - As duas fases da histria dos computadores nas organizaes.

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    As mquinas monoprocessamento foram os computadores que existiam nosprimrdios da computao comercial. Aqueles computadores executavamsistemas operacionais monotask e com pipeline (execuo da sequncia deinstrues bsicas do sistema operacional) horizontalizado e sem sobreposi-o ou recorrncia. Nestas mquinas cada sistema tinha que ser processadoem ordem estritamente cronolgica, o que obrigava os analistas de sistemasa cri-los de forma lgica e cronolgica, uns aps outros.

    Quem dominava o mercado naquela poca eram os assim chamados quatrograndes fabricantes de mainframes (dcadas de 60 e 70): a IBM, a Burroughs,a UNIVAC, todas americanas, e a CII Honeywell Bull, francesa, mas que ti-nha participao do grupo americano Honeywell InformationSystems (HIS).Hoje a Honeywell Controllers, remanescente do grupo Honeywell, a nicaempresa, das duas que existiam naquela poca no grupo Honeywell, que semanteve e virou lder do mercado de automao.

    Por serem computadores tipo monoprocessamento eles eram, tambm, mo-nousurios. Estas mquinas tinham sistemas de arquivamento de dadossimples; eram sequenciais ou, tempos depois, no mximo com indexaodireta atravs do endereamento fsico dos arquivos nos discos magnti-cos (por meio da referncia espacial cilindro e trilha de cada disco). Estasmquinas, embora monoprocessassem os trabalhos a elas submetidos, po-diam ser e eram usadas sequencialmente por vrios usurios.

    As mquinas multiprocessamento foram os computadores que vieram nasondas de TI posteriores. Mquinas com sistema operacional multitask , pi- peline mltiplo; alm de processarem separadamente supervisores de redesde comunicao de dados, possibilitando que centenas, em alguns casosmilhares, de terminais fossem conectados a elas, permitiram com isto que in-contveis usurios usassem os sistemas de informaes ao mesmo tempo.

    Os sistemas de informaes, por sua vez, chamavam-se sistemas transa-cionais; isto : processavam transaes e tinham por base sistemas de ar-quivamento de dados bem mais so sticados, como os bancos de dados quea princpio foram estruturais, hierarquizados, e depois evoluram para osbancos de dados relacionais.

    Por serem multiprocessamento os computadores eram tambm mquinasmultiusurios, concomitantes. Algumas das mquinas que iniciaram esta ge-rao foram, entre outros, os sistemas 370 da IBM; a srie 60/64 e 60/66 da

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    HoneywellBull; e a srie B6000 da Burroughs (no inclu aqui os sistemasda UNIVAC por ter sido ela comprada pela Burroughs nos anos 70).

    Na computao comercial a transio de uma fase para outra se deu de for-ma abrupta, pois as mquinas da fase monousurio foram substitudas pe-las mquinas multiusurios quando a vida til das primeiras expirou-se. Foiesta (r)evoluo do hardware que a meu ver deu origem situao em quenos encontramos hoje que eu chamo de Desorganizao Informacional!Primeiro vieram os computadores construdos com milhares de vlvulas,que faziam as vezes dos atuais circuitos impressos na funo de computardados. Desta gerao os mais famosos representantes foram o ENIAC e

    o EDVAC. No era uma computao disseminada por grande nmero deorganizaes, pois eram mquinas muito caras e apenas os organismosmilitares e os institutos de pesquisa universitrios e governamentais as uti-lizavam. Embora tenha sido uma gerao de computadores de importn-cia fundamental para os nossos dias, no provocou nenhuma revoluo naadministrao e na operao das organizaes simplesmente porque noforam usadas pelas organizaes. Consequentemente, tambm no contri-buram para a Desorganizao Informacional dos nossos dias.

    A segunda gerao de computadores trouxe algumas (r)evolues tecno-lgicas, pois passaram a possuir memria de ncleo magntico em vez devlvulas. Esta gerao foi a primeira a ser usada por organizaes, indepen-dentemente do tipo deles, embora a quantidade de computadores existentenas organizaes fosse muito reduzida, uma vez que as mquinas eramcaras, complexas e de operao e manuteno extremamente delicadas.

    Logo que surgiram, algumas destas mquinas eram programadas na prpriaplaca12 da CPU13, por meio de pinos que ao serem espetados conectavam

    ou desconectavam os circuitos que processavam os dados contidos nasmassas de cartes com as quais as mquinas eram alimentadas para o tra-balho. Eram mquinas que engoliam conjuntos de instrues e dados paraprocessamento num mesmo lote (processamento batch) de cartes e o mxi-mo que faziam eram clculos bsicos, alm de intercalar e classi car dados,para depois imprimirem grandes listagens resultantes destas operaes.

    12. Como o GAMA 10 da GE Bull.13. Central Processor Unit.

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    No incio da vida dos computadores dentro das organizaes eles eram cha-mados pelos usurios de crebros eletrnicos. O local onde os tais cre-bros cavam era construdo com especi caes rigorosas de temperaturae umidade. A temperatura s podia variar entre 18C e 22C e a umidaderelativa do ar devia ser de no mximo 60%. Este tipo de mquina fazia muitopouco em comparao com os equipamentos atuais, mas foi responsvelpor uma das primeiras (r)evolues que as organizaes viriam a sofrer naforma de operacionalizar alguns processos administrativos.

    Por exemplo, antes destes crebros eletrnicos a folha de pagamento dequalquer organizao era feita mo! Assim como esta, algumas outras ta-refas foram paulatinamente sendo assumidas por tais mquinas. A entradade dados nestes computadores dava-se por meio de um dispositivo chama-do leitora de cartes perfurados, que eram de dois tipos: os de 96 colunas(usados pela IBM) e os de 80 colunas usados pelos outros fabricantes demainframes.

    Lembro-me que no incio os cartes perfurados no tinham traduo literaldos furos contidos neles e que uma das incrveis novidades daqueles tem-pos foi o aparecimento de uma mquina, apelidada por ns de sorveteira,pela caracterstica do seu tamanho e formato, que tinha a funo de lera massa de cartes e imprimir na borda superior de cada um a traduoliteral dos furos contidos neles. Ah! Voc no imagine que avano, e quealvio, para ns analistas e programadores daquela poca o que signi couter todos os cartes traduzidos, pois quando uma massa de cartes (quepodia chegar a centenas) caa no cho e embaralhava-se era um suplciocolocar tudo na ordem novamente sem a impresso do signi cado dos furosem cada carto. Se bem que existia um dispositivo, chamado de intercala-dora-classi cadora, que fazia este trabalho, mas tais mquinas eram caras

    e s se justi cavam economicamente em clientes com grandes volumes decartes e de processamento.

    Computadores desta poca tambm monoprocessavam os sistemas deinformaes (que a rigor eram colees de programas que apenas enca-deavam clculos simples e operaes lgicas; alm de classi cao e in -tercalao dos dados neles contidos) que neles eram introduzidos por meiodas massas de cartes. Alm disso, todo o processamento era centralizadono CPD, que, tambm, era o responsvel pelo correto sequenciamento dos

    programas que faziam parte dos sistemas. A gura 1.4 mostra a computaocentralizada (monoprocessamento).

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    Figura 1.4 Computao centralizada monoprocessamento.

    Com o surgimento deste tipo de computador foram plantadas as primeirassementes do caos informacional que vivemos hoje. Os usurios comea-ram a abrir mo de uma parte do seu conhecimento, e do domnio sobreele, em favor do processamento dos dados que realimentava este mesmoconhecimento aps os dados terem sido processados. Assim, aquelesusurios que processavam dados enclausurados em suas escrivaninhaspouco a pouco passaram a prepar-los para serem processados pelosCentros de Processamento de Dados (CPD) da organizao. Como con-sequncia houve o surgimento de dois tipos de dados e informaes: osque cavam na posse dos seus donos e os que eram enviados paraprocessamento no CPD; isto : dados que a partir da caam em domniopblico nas organizaes. O problema que muitas vezes o usurio so-

    negava informaes, com medo de perder o emprego e com isto criava

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    vrias situaes de estresse. Alis, nada muito diferente do que vemosexistir ainda hoje na maioria das organizaes.

    Muitas pessoas ainda no entenderam que tem poder quem sabe usar oconhecimento, no quem o esconde.

    A Segunda Fase da Segunda Gerao A segunda fase da segunda gerao de computadores, na computaocomercial, foi construda em cima de ideias avanadas, uma das quaispossibilitou o processamento transacional dentro das organizaes; dis-

    ponibilizou alguns perifricos que facilitaram a vida dos programadorese operadores de computadores, como consoles centrais interativas e osdiscos magnticos xos e removveis de grande capacidade para aquelapoca. A memria principal aumentou de tamanho e comearam a apare-cer mquinas com arquiteturas so sticadas, com CPU s14 modularizadas,o que possibilitava que fossem expandidas sem a necessidade de trocartodo o computador.

    Os principais mdulos daqueles computadores eram a prpria Unidade

    Central de Processamento, chamada de Central Processor Unit (da otermo CPU usado at hoje), a Unidade de Processamento Aritmtico eLgico ( Arithmetic and Logic Unit (ALU)), a Unidade de Tratamento deEntradas e Sadas ( I/O Unit ) e em pouco tempo apareceram as memriascache, que agilizaram o processamento dos dados por permitir que elesfossem carregados dos discos para esta rea de acesso muito mais rapi-damente e da fossem transferidos para a memria central ( CMU 15 ) paraserem processados pelas instrues dos programas carregados na CPU .

    A partir desta arquitetura so sticada apareceram tambm os cdigos cha -mados Firmware, que so instrues gravadas em memrias no-volteisde acesso rapidssimo cuja nalidade processar outras instrues como,por exemplo, as de superviso e integrao dos diversos perifricos do

    14. CPU, Central Processor Unit , ou Unidade de Processamento Central. Embora o termoCPU seja usado para designar genericamente o mvel central de qualquer computador, ago-ra popularizado com o advento dos micros, esta unidade a responsvel por executar as

    instrues de software que devem processar os dados de qualquer programa.15. CMU, Central Memory Unit , ou Unidade Central de Memria.

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    computador. O rmware , ainda hoje utilizado, um tipo de memria pr-gravada com instrues que se encarregam de ordenar o ambiente geraldo computador. Por exemplo, controlar as entradas e sadas de dados einstrues de programas de/e para os perifricos de entrada e sada, paraa memria central e a unidade central de processamento. A gura 1.5 mos -tra a computao centralizada (multiprocessamento).

    Estes computadores introduziram sistemas operacionais recorrentes (pro-cessamento repetitivo de instrues) que permitiam o multiprocessamentode sistemas de informaes de forma paralela, possibilitando que vriosusurios usassem ao mesmo tempo a capacidade de processamento damquina.

    A partir da introduo destes computadores a Desorganizao Informacionalacentuou-se progressivamente, pois foram eles que possibilitaram a criaodas networks, as redes de terminais burros 16 que, como tentculos, es-tendiam-se por toda a organizao. Ento, o universo informacional exis-tente nas empresas, que era naturalmente organizado, uma vez que osdados eram preparados pelos funcionrios para serem digitados e proces-sados pelo CPD (Centro de Processamento de Dados), foi gradativamente

    se desorganizando na mesma velocidade e proporo com que os dadospassaram a ser introduzidos (isto : preparados, digitados) e processadossob a superviso direta dos prprios usurios, isto , sem qualquer controleda organizao, a no ser as programadas nos sistemas de informaes.Entretanto, por serem centralizadores, isto , porque os dados cavam emdiscos compartilhados por todos os sistemas, tais computadores ainda pos-sibilitavam alguma coerncia informacional entre todos os usurios de ummesmo sistema, e at mesmo entre usurios e sistemas diferentes, masmutuamente complementares.

    16. Os processadores destes terminais, conhecidos como z80 e z8080, s processavaminstrues pertinentes s suas prprias funcionalidades. No Brasil estes terminais eram fabri-cados pela Scopus e depois tambm pela TDA.

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    Figura 1.5 Computao centralizada multiprocessamento.

    A Terceira GeraoEsta gerao de computadores introduziu dois novos tipos de mquinas: oscomputadores superminis e os microcomputadores.

    Os computadores chamados superminis introduziram duas variveis at en-to inexistentes no mundo de TI: a possibilidade concreta de mais e maisempresas possurem um computador general purpose 17 e o processamentodistribudo, possibilitado pela arquitetura desoftware que cou conhecidacomo cliente-servidor (client-server ). O surgimento deste tipo de arquiteturaaliado popularizao dos microcomputadores expandiu as fronteiras da

    17. Assim chamados porque podiam ser usados para qualquer propsito.

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    indstria de software, que antes era restrita aos produtos dos fabricantesde mainframes e/ou aos produtos desenvolvidos sob estrito controle destespara serem executados nos mainframes, uma vez que os sistemas opera-cionais (SO) das grandes mquinas eram proprietrios, ou seja, eram exclu-sivamente feitos por cada fabricante, para cada tipo de mquina, diferente-mente do que o Windows hoje, que pode ser executado em mquinas dequalquer fabricante, at porque a arquitetura bsica destas mquinas, osmicrocomputadores, a mesma (salvo rarssimas excees) para todos osfabricantes de micros.

    Resumo das Duas Fases da Computao ComercialFase monoprocessamento:

    baixa capacidade de processamento;sistemas construdos com mdulos encadeados por dependn-cia lgica;baixa utilizao de meios magnticos para arquivamento de da-dos;

    usurios ligados indiretamente aos computadores;entrada e sada de dados e informaes por meio dos centros deprocessamento de dados (CPDs);baixo volume de dados e informaes processadas.

    Fase multiprocessamento:

    alta capacidade de processamento;

    sistemas construdos com mdulos encadeados por dependn-cia lgica, cronolgica e funcional;alta utilizao de meios magnticos para arquivamento de dados;usurios ligados diretamente aos computadores;centros de processamento de dados passaram a ser respons-veis apenas pela operao e manuteno dos recursos compu-tacionais;

    alto volume de dados e informaes processadas.

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    A Computao DistribudaEsta foi uma das causas que mais contriburam para o agravamento da De-sorganizao Informacional (DoI) tanto nas organizaes como na nossa vidaparticular. Sem outras anlises possvel atribuir computao distribuda aexacerbada proliferao de dados e informaes que nos a ige nos dias dehoje (sem falarmos na Internet, que criou novos paradigmas para a DoI).

    fcil entender o porqu desta minha a rmao. Pense, de forma anlo -ga, no que acontece com qualquer um de ns, dentro de nossas casas,quando no somos organizados o bastante ou como deveramos ser para

    colocarmos tudo em ordem. O que que acontece? Nunca sabemos ondeest a chave do carro simplesmente porque h muitos lugares onde pode-mos coloc-la. E as gavetas ento? Quantas temos e quantas usamos paraespalhar tudo que queremos, ou necessitamos guardar? E todos aquelesdocumentos importantes, como as certides, os diplomas, as cpias repro-gr cas do CPF, do RG, o ttulo de eleitor etc? Onde esto eles quando osnecessitamos? Pois .

    No mundo das organizaes acontece a mesma coisa, mas com um agra-

    vante: no conseguimos procurar a olho nu tudo que queremos ou neces-sitamos encontrar nos computadores, e isto torna a nossa busca extrema-mente difcil, muitas vezes complexa, demorada e por isso cara.

    A computao distribuda, gura 1.6, foi desenvolvida por fabricantes comoa Hewlett Packard, HP, a Digital Equipment Corporation, DEC (que foi com-prada pela Compaq; que depois foi comprada pela HP) para fazer frente,entre outros objetivos, hegemonia da IBM, praticamente a ltima dos gran-des fabricantes de mainframes que existiram no passado 18.

    Foi a computao distribuda que proporcionou aos usurios nais de TI ocompleto domnio (?) sobre seus dados, informaes e conhecimentos fun-cionais (e pessoais), mas, em contrapartida, acelerou a Desorganizao In-formacional, provocando o maior caos documental de que a raa humana temnotcia at hoje. Entretanto, alm de possibilitar aos usurios o domnio sobre

    18. Sem nos esquecermos dos fabricantes japoneses que continuaram a construir mquinasdeste porte, mas que no tinham presena signi cativa junto ao mercado de computaocomercial.

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    seus dados e informaes, a computao distribuda, por descentralizar osrecursos computacionais, foi uma das responsveis por revelar prpria or-ganizao seu modus operandi , ou seja, foi a partir dela que os processos denegcio passaram a ser vistos, reconhecidos, entendidos e gerenciados.No foi por acaso que Michael Hammer lanou em 1990 o libelo em favor dareengenharia e, pouco tempo depois, junto com James Champy, escreveu ofamoso livro sobre o tema. E nem foi por acaso que Davenport embarcou napregao em favor da organizao e da melhoria dos processos de negcio.Todos so oriundos da rea de TI e se basearam na computao distribudapara reforarem as ideias que j haviam sido defendidas por outros; principal-mente por Deming com o ciclo PDCA e Juran com a espiral da qualidade.

    Convm relembrar que na computao centralizada todos os usurios esta-vam ligados a um computador central; dependiam dos analistas de sistemase dos programadores para desenvolverem e para programarem seus sis-temas de informaes, mesmo os mais simples; e o CPD tinha total domniosobre os recursos computacionais disponveis na organizao. Este modus operandi impedia que as organizaes enxergassem a si mesmas como umtodo, pois cada funcionrio em cada rea enxergava somente o seu pedao.Salvo, claro, raras excees, como a rea de produo nas manufaturase de transformao, que desde a Revoluo Industrial j havia entendidoque sem processos, mesmo que informalmente organizados, no h comoproduzir nenhum produto.

    Entre as dcadas de 60 e 70 surge uma ideia que podia ter dado certo e atmesmo ter contribudo para organizar os processos, primrios e secund-rios, e ter, quem sabe, evitado o descontrole que se seguiu a partir da com-putao comercial, mas aquela ideia no conseguiu, por inmeros motivos,cumprir corretamente sua nalidade. Seu nome: O&M.

    Ento, enquanto os processos fabris se organizavam mais e mais a cadadia, os processos administrativos se desorganizavam, muitas vezes, numaproporo maior.

    No incio da computao distribuda no havia softwares que permitissems organizaes colocarem os conceitos de of ce automation em prtica.Se por um lado este fato retardou a proliferao de um tipo de ocorrnciaque hoje se encontra espalhada por toda a organizao e uma das pioresmanifestaes da Desorganizao Informacional, os chamados arquivos-

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    do-usurio, por outro fez com que o conceito cliente-servidor demorasse aser adotado pelas organizaes. Entretanto, a partir do surgimento dos apli-cativos que permitiram a criao dos arquivos-do-usurio, manifestaoimportante da DoI, vrios estudiosos e pesquisadores comearam a tratarde um tema bastante atual: as informaes desestruturadas, alis estudosligados ao surgimento do BPM.

    A computao centralizada com mquinas multiprocessamento introduziu ocontato direto dos usurios com os mainframes por meio de terminais cha-mados de burros porque no tinham capacidade de processamento; masfoi somente com o surgimento da computao distribuda que os usuriospassaram a ter maior liberdade em relao ao domnio do CPD para assu-mirem de vez o controle sobre os recursos computacionais que as organiza-es passaram a possuir.

    Figura 1.6 Computao distribuda.

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    Claro, os grandes fabricantes de Tecnologias da Informao no somente fo-mentaram e incrementaram como pressionaram as organizaes para queelas adotassem o modelo computacional computao distribuda arquiteturacliente-servidor, pois isto possibilitou indstria de TI a venda de milhes decomputadores em todo o mundo. Para tanto, os grandes fabricantes de tecno-logias criaram, desenvolveram e encorajaram o surgimento de formadoresde opinio que pregavam que a computao distribuda era A revoluo, Asoluo que possibilitaria s organizaes quebrarem paradigmas, estarem frente dos seus concorrentes, serem inovadoras. E todos ns sabemos queno nada disso; que nenhuma tecnologia servir para alguma coisa se notivermos, alm de uma ideia na cabea e um computador na mo 19, planeja-mento e soubermos nos organizar para implantar e utilizar a tecnologia.

    Tambm no foi por acaso que empresas como a HP investiram em especia-listas que escreveram livros nos quais pregavam as maravilhas deste novo( poca) tipo de computao e chamavam a ateno das organizaespara a quebra de paradigma que a computao distribuda arquiteturacliente-servidor iria proporcionar.

    Lembro-me, pois ainda trabalhava na HP, quando a computao distribudafoi lanada em escala comercial, na dcada de 80, e comearam a surgirtambm diversos softwares que exploravam o conceito de cliente-servidor,ou computao em trs camadas ( three tier computing ). Esta diviso nautilizao dos computadores por tipos diferentes de processamento exigianovos e constantes investimentos em hardware e em software, o que poralgum tempo salvou muitos resultados nanceiros e operacionais dos fabri-cantes de tecnologias da informao, alm de ter alavancado a carreira demuito executivo da rea.

    Ns no Brasil, na dcada de 80, ainda soframos os efeitos de uma polticade informtica que premiava uns poucos em detrimento da maioria e princi-palmente do desenvolvimento do pas. Por isso entramos muito lentamentena era da computao distribuda; o que de certa forma deixou vrios eimportantes segmentos industriais defasados em relao aos concorrentesestrangeiros. Este tipo de proteo que o Brasil deu indstria nacionalde computadores foi determinante para a falncia de muitas empresas, em

    19. Parafraseando o cineasta Glauber Rocha, expoente do cinema novo, que dizia que fazercinema era fcil, bastava ter uma ideia na cabea e uma cmera na mo!

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    vrios segmentos industriais, e perdurou at no incio de 1990, quando Fer-nando Collor de Melo decidiu abrir os portos s importaes.

    Voltando aos efeitos que a computao distribuda provocou nas organiza-es, chegamos era da automao de escritrios ( Of ce Automation ) e dosurgimento dos pacotes genericamente chamados de Of ce .

    O Mito ChamadoOffice AutomationO primeiro livro publicado sobreOf ce Automation (OA) foiThe Of ce of theFuture, escrito por P. Ronald Uhlig, David Farber e James H. Bair em 1979.

    Assim sendo, este mito surgiu muito antes que outros at mais importantescomo, por exemplo, os mitos ligados ao Computer-Supported CooperativeWork . O conceito de Of ce Automation foi criado buscando fazer as pessoasacreditarem que seria possvel transferir as funes antes existentes nosgrandes sistemas de informaes para softwares ditos amigveis por esta-rem ao alcance das mos de qualquer funcionrio dentro das organizaes,alm de prometer um mundo no qual o aumento da produtividade diminuiriao nmero de horas efetivamente trabalhadas.

    Nenhuma das duas promessas se cumpriram!Nem foi possvel transferir funes antes existentes nos grandes sistemasde informaes para softwares ditos amigveis e nem, muito menos, oaumento da produtividade diminuiu o nmero