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0 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ DÊNIS DE LIMA GREBOGGY RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS DE DESENVOLVIMENTO MOTOR E INTELIGÊNCIA TÁTICA DE CRIANÇAS PRATICANTES DE FUTSAL CURITIBA 2007

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

DÊNIS DE LIMA GREBOGGY

RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS DE DESENVOLVIMENTO MOTOR E INTELIGÊNCIA TÁTICA DE CRIANÇAS PRATICANTES DE FUTSAL

CURITIBA 2007

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DÊNIS DE LIMA GREBOGGY

RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS DE DESENVOLVIMENTO MOTOR E INTELIGÊNCIA TÁTICA DE CRIANÇAS PRATICANTES DE FUTSAL

Monografia apresentada ao Curso de Bacharelado em Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como requisito à obtenção ao título de Graduado em Educação Física.

Orientador: Prof. Ms. Claudio Marcelo Tkac

CURITIBA 2007

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__________________________________________

__________________________________________

DÊNIS DE LIMA GREBOGGY

RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS DE DESENVOLVIMENTO MOTOR E INTELIGÊNCIA TÁTICA DE CRIANÇAS PRATICANTES DE FUTSAL

PUCPR – CAMPUS CURITIBA

Monografia apresentada ao Curso de Bacharelado em Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como requisito à obtenção do titulo de Graduado em Educação Física.

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Ms. Claudio Marcelo Tkac Pontifícia Universidade Católica do Paraná. (Orientador)

Prof. Mestrando Fernando Richardi da Fonseca Universidade Estadual do Estado de Santa Catarina. (Co-orientador)

Prof. Dr. Rodrigo Siqueira Reis Pontifícia Universidade Católica do Paraná. (Examinador)

Curitiba, _______de___________________de 2007.

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Dedico este trabalho a todos aqueles que

acreditam no seu potencial e nos seus

ideais, sejam eles utópicos ou não. Que

dedicam sua vida na busca por um mundo

mais digno de se viver, mais humano, e

que não medem esforços para alcançar

seus objetivos e ajudar outras pessoas a

fazerem o mesmo.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro, à Deus, por me colocar no mundo através de meus pais, avós, bisavós,

e assim sucessivamente. Obrigado meu Pai.

Aos meus pais Reinaldo Greboggy e Selma Maria de Lima Greboggy que tanto eu

amo, parentes que estão presentes em minha vida, e os que já partiram para melhor,

e que souberam me dar toda a educação que esteve ao alcance deles.

Ao meu irmão Deiver, que tantas vezes brigamos quando crianças, e que agora nos

compreendemos como pessoas adultas, jovens, e também como eternas crianças.

Ao meu grande amigo, pai, professor, orientador, “mestres dos mestres” Claudio

Marcelo Tkac, pelas horas dedicadas a mim. Obrigado por tudo. Me espelho e ti.

Ao meu segundo irmão, professor e co-orientador Fernando Richardi, pelo

conhecimento que possui e que me transmitiu, pela experiência de vida, pela garra,

sem dúvida outro espelho para mim. Obrigado irmão.

Ao meus colegas de laboratório, Elton, Luciano, Hugo, Kanitz, Carla, Luciana, pela

motivação oportunidades e apoio que sempre me deram.

A minha avó Inês que sempre acreditou no meu potencial, desde pequenino até os

dias de hoje. Te amo vó.

A Doutora Fátima Schultz e ao Doutor Élcio Piovesan, por sempre estarem me

apoiando, me tratando, me motivando, entusiasmando, e acima de tudo, estando em

momentos felizes e infelizes, alegres e tristes de minha vida. Esta é sem dúvida

minha maior conquista. Obrigado à vocês.

Ao amigo Odacir, por tantos galhos quebrados, pela confiança e credibilidade, pela

compreensão e parceria, pelas risadas e tudo mais. Valeu amigão.

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Noemia, Gisele e Marilda, obrigado por me aturar pedindo mais de 10 vezes por dia

a chave da sala 6 e 2, agradeço muito a compreensão de vocês e admiro por

trabalhar com uma pessoa que se preocupa muito com os alunos e tudo dentro da

Educação Física.

Rodrigo, Sidnei, Márcio, aos colegas de turma, as tias da limpeza, e a todos do

Curso de Educação Física da PUC, obrigado pelo grande apoio, credibilidade e

confiança que me deram, amo todos vocês.

Ao Diretor do SESC Portão Adalberto Carneiro, obrigado pela oportunidade de me

deixar colocar meus conhecimentos em prática, e claro, sempre aprendendo mais.

Ao coordenador, professor, amigo Julio Cesar Alves, pelos momentos agradáveis

que me proporcionou, à bertura dos meus pensamentos sobre a Educação Física e

sobre minha própria vida. Valeu parceiro.

Ao professor Hélio Vendramini, que me deu a oportunidade da minha primeira

vivência prática como professor, me ensinando muito. Meus humildes

agradecimentos.

Ao professor João Eloir, pelo primeiro incentivo e apoio que me deu já na primeira

semana de aula quando calouro. Jamais esquecerei nossa conversa. Obrigado.

Ao professor que se dedica de corpo e alma à Educação Física da PUCPR, e que

muito me incentivou e me incentiva a estudar sempre. Carlos Alberto Afonso, meus

eternos agradecimentos.

Ao amigo e agora companheiro de profissão Juliano Xavier Nagornni, que sempre

me motivou para a Educação Física. Valeu amigo.

À esta vida maravilhosa. Obrigado.

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“Não interessa, repito, o que os outros possam pensar, dizer ou fazer. Nós

precisamos buscar nossos limites máximos, não apenas boiar à deriva, ao

sabor da correnteza, ou de má vontade apanhar uma onda e deixar-nos levar à

praia. Não. Devemos voar.”

Charles R. Swindoll

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RESUMO

Este estudo teve como objetivo verificar o nível de desenvolvimento motor e inteligência tática, de crianças praticantes de futsal, da entidade SESC Paraná, (bairro portão) da cidade de Curitiba, assim como verificar se existe correlação entre eles. Este estudo está baseado nas proposições de Rosa Neto (2002), Gallahue e Ozmun (2005), Palalia e Olds (2000), Haywood e Getchell (2004) e Bee (2003), que abordam o tema desenvolvimento cognitivo, psicomotor e motor. Com relação à inteligência tática, esse estudo foi baseado nas proposições de Tkac (2004) que toma como referência o modelo de inteligência motora de Krebs, em Garganta (2002) e Bayer (1994), que abordam estudos dos princípios operacionais de defesa e de ataque para o futebol e futsal. O presente estudo foi de cunho descritivo correlacional, que teve como objetivo, apresentar dados quantitativos sobre os participantes, e correlacionar variáveis. Participaram do estudo 18 crianças do sexo masculino, com idade de 8 a 11 anos, praticantes de futsal na entidade SESC Paraná, da cidade de Curitiba do bairro Portão. Esses participantes foram escolhidos de maneira intencional, sendo convidados os que apenas procuraram os serviços prestados pela entidade, no período de Janeiro a Junho de 2006, das 8:00 às 12:00 horas. Para a coleta de dados foi utilizada a E.D.M. de Rosa Neto (2002), e para a avaliação da inteligência tática no futsal, foi utilizado o Instrumento de Avaliação de Competência Percepto Cognitiva em Ações Táticas do Futebol de Tkac (2004). Adotou-se a estatística não-paramétrica descritiva, com o teste de correlação de Spearman, freqüência, percentual, mediana, moda, média e desvio padrão. Foram utilizados os softwares Excel 2003 e SPSS 11.0. Os resultados demostraram que para o desenvolvimento motor, as crianças apresentaram as medianas das variáveis acima da mediana da idade cronológica que foi de 118 meses. Para a competência percepto-cognitiva, os resultados apontaram para dificuldades dos sujeitos em discernir as ações mais eficientes para as situações problema, sempre que aumentada a organização da tarefa. Na correlação, foi verificado que a idade cronológica e a componente de desenvolvimento esquema corporal/rapidez se corralacionaram negativamente com valores de r= -0,495 e (p= 0,037), e r= -0,540 (p= 0,021) respetivamente. Esses dados podem ter relação com a capacidade de processamento de informções em situações simples (teste de esquema corpora/rapidez) e situações com progressão nos graus de dificuldade (situações de ataque e defesa). Pode-se concluir que as crianças deste estudo estão com um desenvolvimento motor elevado. No entanto, para a competência percepto cognitiva, os sujeitos não têm graus de eficiência altos quando o grau de dificuldade dessa competência se eleva.

Palavras-chave: Desenvolvimento motor; Inteligência tática; criança.

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ABSTRACT

This study had as objective verifies the level of motor development and tactical intelligence, of practicing children of futsal, of the entity SESC Paraná, (neighborhood Portão) of the city of Curitiba, as well as verifying if correlation exists among them. This study is based on Rosa Neto's propositions (2002), Gallahue and Ozmun (2005), Palalia and Olds (2000), Haywood and Getchell (2004) and Bee (2003), that approach the theme cognitive development, psicomotor and motor. With relationship to the tactical intelligence, that study was based on the propositions of Tkac (2004) that takes as reference the model of motive intelligence of Krebs, in Throat (2002) and Bayer (1994), that approach studies of the operational beginnings of defense and of attack for the soccer and futsal. The present study was of stamp descriptive correlacional, that had as objective, to present quantitative data on the participants, and to correlate variables. They participated in the study 18 children of the masculine sex, with age from 8 to 11 years, futsal apprentices in the entity SESC Paraná, of the city of Curitiba of the neighborhood Portão. Those participants were chosen in an intentional way, being invited the ones that they just sought the services rendered by the entity, in the period of January to June of 2006, of the 8:00 to the 12:00 hours. For the collection of data E.D.M was used. of Rosa Neto (2002), and for the evaluation of the tactical intelligence in the futsal, the Instrument of Evaluation of Competence was used Cognitive Percepto in Tactical Actions of the Soccer of Tkac (2004). The descriptive no-parametric statistics was Adopted, with the test of correlation of Spearman, frequency, percentile, medium, fashion, average and standard deviation. The softwares were used Excel 2003 and SPSS 11.0. The results demostraram that for the motor development, the children presented the medium of the variables above the medium of the chronological age that was of 118 months. For the percepto-cognitive competence, the results appeared for difficulties of the subjects in discerning the most efficient actions for the situations problem, whenever increased the organization of the task. In the correlation, it was verified that the chronological age and to component of development outline corporal/rapidez if corralacionaram negatively with values of r = -0,495 and (p = 0,037), and r = -0,540 (p = 0,021) respetivamente. Those data can have relationship with the capacity of informções processing in simple situations (test of outline corpora/rapidez) and situations with progression in the degrees of difficulty (attack situations and defense). it can be concluded that the children of this study are with a high motor development. However, for the competence cognitive percepto, the subjects don't have high efficiency degrees when the degree of difficulty of that competence rises.

Key-words: Motor development; Tactical intelligence; child.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Análise transacional da causa do desenvolvimento motor. ........................26

Figura 8 - Cadeia acontecimental do comportamento táctico-técnico do jogador no

Figura 9 - A dimensão estratégico-táctica enquanto território de sentido das tarefas

Figura 11 - Paradigma de Inteligência Motora em Contexto: resultado da associação

Figura 2 - Ampulheta do desenvolvimento motor .......................................................27

Figura 3 - Esquema do Paradigma da Inteligência Motora ........................................47

Figura 4 - Esquema das demandas de antecipação nas MEC...................................52

Figura 5 - Modelação das fases da ação tática .........................................................52

Figura 6 - Classificação dos objetivos percebidos nas MEC ......................................53

Figura 7 - Esquema dos conteúdos do conhecimento em desportos coletivos ..........59

jogo ............................................................................................................................ 62

dos jogadores no decurso do jogo .............................................................................62

Figura 10 - Software Escala de Desenvolvimento Motor - E.D.M ...............................68

entre as competências físico-cinestésica, percepto-cognitiva e sócio-emocional ......89

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Abordagens conceituais ao estudo do desenvolvimento humano. ...........20

Quadro 2 - Fios do desenvolvimento durante a meninice intermediária. ....................22

Quadro 3 - Aspectos selecionados do desenvolvimento da percepção visual infantil 36

Quadro 4 - Regras de ação para melhorar a ação ofensiva .......................................63

Quadro 5 - Regras de ação para melhorar a ação defensiva .....................................64

Quadro 6 - Distribuição dos graus de eficiência em todas as situações ....................70

Quadro 7 - Escala Likert para opções de ação tática .................................................70

Quadro 8 - Exemplo de marcação dos resultados na folha de testes da E.D.M. .......72

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO A - Matriz analítica para a construção do instrumento para a identificação

da competência percepto-cognitiva em ações táticas do futebol .............................104

ANEXO B - Instrumento para avaliação de competência percepto-cognitiva em ações

ANEXO C - Atribuição de graus de eficiência pelos especialistas para a situação de

ANEXO D - Atribuição de graus de eficiência pelos especialistas para a situação de

ANEXO E - Atribuição de graus de eficiência pelos especialistas para a situação de

ANEXO F - Atribuição de graus de eficiência pelos especialistas para a situação de

ANEXO G - Atribuição de graus de eficiência por especialistas para as opções do

instrumento de avaliação de competência percepto-cognitiva em ações táticas do

táticas do futebol ......................................................................................................105

defesa 1. ..................................................................................................................112

defesa 2. ..................................................................................................................113

ataque 1. ..................................................................................................................114

ataque 2. ..................................................................................................................115

futebol . ....................................................................................................................116

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................14

1.1 Introdução ............................................................................................................14

1.2 Justificativa ...........................................................................................................15

1.3 Problema ..............................................................................................................15

1.4 Objetivo geral .......................................................................................................16

1.5 Objetivos específicos ...........................................................................................16

1.6 Definição de termos .............................................................................................16

2. REFERENCIAL TEÓRICO .....................................................................................18

2.1 Desenvolvimento humano ....................................................................................18

2.2 Competência humana ..........................................................................................22

2.2.1 Competência Motriz ..........................................................................................24

2.3 Desenvolvimento motor........................................................................................24

2.4 Desenvolvimento psicomotor ...............................................................................29

2.4.1 Desenvolvimento perceptivo na Infância ...........................................................35

2.5 As variáveis de desenvolvimento motor propostas por Rosa Neto (2002) ...........37

2.5.1 Motricidade fina .................................................................................................37

2.5.2 Motricidade global .............................................................................................37

2.5.3 Equilíbrio ...........................................................................................................37

2.5.4 Esquema corporal .............................................................................................38

2.5.5 Organização espacial ........................................................................................38

2.5.6 Organização temporal .......................................................................................38

2.5.7 Lateralidade.......................................................................................................38

2.6 Desenvolvimento cognitivo ...................................................................................39

2.6.1 Estágio pré-operatório .......................................................................................41

2.6.2 Estágio das operações concretas .....................................................................41

2.7 Inteligência ...........................................................................................................43

2.7.1 Inteligência motora ............................................................................................45

2.7.2 Teorias do processamento de informação sobre a natureza da inteligência

humana ......................................................................................................................47

2.7.3 Enfoques à imagem mental ...............................................................................50

2.8 Os jogos desportivos coletivos .............................................................................51

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2.9 Inteligência tática, futebol de campo e futebol de salão .......................................54

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................66

3.1 Tipo de pesquisa ..................................................................................................66

3.2 Participantes.........................................................................................................66

3.3 Instrumentos.........................................................................................................66

3.3.1 Escala de desenvolvimento motor .....................................................................66

3.3.2 Instrumento de avaliação de competência percepto cognitiva em ações táticas

do futebol....................................................................................................................68

3.4 Procedimento para coleta de dados .....................................................................71

3.5 Tratamento estatístico ..........................................................................................72

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...............................................................................74

4.1 Resultados referentes à idade cronológica ..........................................................74

4.2 Resultados referentes à motricidade fina .............................................................74

4.3 Resultados referentes à motricidade global .........................................................75

4.4 Resultados referentes à equilíbrio ........................................................................76

4.5 Resultados referentes à esquema corporal ..........................................................78

4.6 Resultados referentes à organização espacial .....................................................79

4.7 Resultados referentes à organização temporal ....................................................80

4.8 Resultados referentes à situação de defesa 1 .....................................................81

4.9 Resultados referentes à situação de defesa 2 .....................................................82

4.10 Resultados referentes à situação de ataque 1 ...................................................83

4.11 Resultados referentes à situação de ataque 2 ...................................................85

4.12 Resultados referentes à correlação entre as varáveis motoras e táticas ...........87

5 CONCLUSÃO..........................................................................................................90

5.1 Conclusão ............................................................................................................90

5.2 Considerações .....................................................................................................91

5.3 Recomendações ..................................................................................................92

REFERÊNCIAS ..........................................................................................................93

APÊNDICES ...............................................................................................................99

ANEXOS ..................................................................................................................103

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Introdução

O homem com sua curiosidade de descobrir os mistérios da própria

existência, a cada dia fica mais ousado em suas pesquisas. Neste sentido, o

desenvolvimento humano nos últimos anos evoluiu em suas pesquisas, tanto no

âmbito quantitativo como no qualitativo, sendo feitas inúmeras descobertas na área.

O desenvolvimento humano, tem como conceito, as modificações físicas e mentais

que acontecem desde o nascimento até o final da vida (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

Tem também gerado grandes estudos nas áreas do desenvolvimento motor e

cognitivo, aprendizagem motora, comportamento motor, controle motor, crescimento

físico, maturação e envelhecimento, sendo que todos estes tem grandes ligações

entre si, e são importantíssimos no ensino e aprendizado de esportes coletivos e

individuais, e para o presente estudo, referenciando a modalidade esportiva futebol

de salão. Neste sentido, Flavell, Miller e Miller (1999), afirmam que a imagem

tradicional da cognição tem tendência de limitá-la, aos processos mais chamativos e

inequivocamente “inteligentes” da mente humana, e incluem entidades psicológicas

do tipo definido como processos mentais superiores tais como o conhecimento, a

consciência, a inteligência, o pensamento, a imaginação, a criatividade, a geração

de planos e estratégias, o raciocínio, as inferências, a solução de problemas, a

conceitualização, a classificação e a formação de relações, a simbolização e, talvez

a fantasia e sonhos. Todavia para a prática esportiva em si, é importante saber-se

das “qualidades” e “deficiências” de seus atletas e assim poder gerar possíveis

métodos de ensino e treinamento para se aperfeiçoar a qualidade destes para a

criança. Sendo assim, para esta pesquisa será investigada se há alguma relação

das variáveis de desenvolvimento motor e inteligência tática de crianças que

praticam futsal, e assim poder gerar hipóteses, dúvidas, sugestões, para técnicos,

professores, treinadores, diretores esportivos, pais, e outros, no que se refere à

qualidade de aulas e treinamento que as crianças de modo geral participam.

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1.2 Justificativa

O desenvolvimento humano, sendo compreendido como processos

de constantes modificações e estabilizações, rápido e em várias dimensões, se

apresenta como motivo para vários pesquisadores ficarem interessados em estudá­

lo. Neste sentido, estudos feitos neste ramo devem visar as possíveis avaliações das

transformações que ocorrem com os seres humanos (TKAC, 2004). A ênfase dos

pesquisadores nos últimos anos tem sido em avaliar as interações entre os

processos cognitivos e motores e a sua influência para o desenvolvimento de

“especialistas” nos esportes. Neste contexto, o desenvolvimento da cognição

(percepção, base do conhecimento, tomada de decisão, etc.) e desenvolvimento de

habilidades motoras básicas estão intimamente interligados e ambos são

necessários tanto para a criança se desenvolver, como também para atingir altos

níveis de performance motora (CAMPOS; BRUM, 2004). Nesta perspectiva, o

presente estudo tenta gerar novas hipóteses para a criação de aulas, treinamentos,

que possam desenvolver de maneira adequada a criança, sendo no aspecto motor

como no aspecto cognitivo (tomada de decisão, inteligência tática, etc.) e que

também possam fornecer informações e levantamentos de uma determinada

comunidade assim como aproximação da pesquisa, contribuindo para a melhoria e

fortalecer relações com a universidade.

1.3 Problema

Dentro do desenvolvimento humano o desenvolvimento motor é um

componente que está inserido de forma fundamental para qualquer ser vivo, e é

definido como qualquer alteração no comportamento motor durante o ciclo vital, e

que para Gallahue e Ozmun (2005), Papalia e Olds (2000), Rosa Neto (2002) é um

processo de mudanças no movimento humano como resultado de interações entre

variáveis genéticas e também ambientais. Neste sentido, vale ressaltar que o

desenvolvimento refere-se também às mudanças motoras progressivas, ocorrendo

uma melhoria linear na performance motora, que acaba se desfragmentando quando

chega à velhice.

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Relacionando o desenvolvimento motor com determinados esportes,

e no presente estudo especificamente o futsal, para Júlio e Araújo (2005), o futebol é

um jogo, em que há julgamentos e tomadas de decisões, em uma dinâmica de

relação coletiva. Então nesse contexto, as decisões e ações tomadas são

funcionais, e estão inerentes a resolução de tarefas, que são significativas, pois

informam quem quer que seja, em vista ao cumprimento de objetivos de uma equipe.

Tendo como base os conceitos resumidos acima, o presente estudo apresenta o

seguinte problema: Existe relação entre as variáveis do desenvolvimento motor,

e a inteligência tática, de crianças entre 8 e 11 anos do sexo masculino,

praticantes de futsal da cidade Curitiba, da entidade SESC Paraná – bairro

Portão?

1.4 Objetivo geral

Identificar as relações entre variáveis do desenvolvimento motor e

inteligência tática, de crianças entre 8 e 11 anos do sexo masculino, praticantes de

futsal da cidade de Curitiba, da entidade SESC Paraná – bairro Portão.

1.5 Objetivos específicos

- Verificar o nível de desenvolvimento motor de crianças praticantes de futsal entre 8

e 11 anos, da entidade SESC Paraná, (bairro portão) da cidade de Curitiba.

- Verificar o nível de inteligência tática de crianças praticantes de futsal entre 8 e 11

anos, da entidade SESC Paraná, (bairro portão) da cidade de Curitiba.

- Correlacionar os níveis de desenvolvimento motor e inteligência tática, de crianças

praticantes de futsal entre 8 e 11, da entidade SESC Paraná, (bairro portão) da

cidade de Curitiba.

1.6 Definição de termos

Desenvolvimento Humano: Modificações físicas e mentais que acontecem desde o

nascimento até o final da vida (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

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Desenvolvimento Motor: Qualquer alteração no comportamento motor durante o ciclo

vital, um processo de mudanças no movimento humano como resultado de

interações entre variáveis genéticas e também ambientais (PAPALIA; OLDS, 2000).

Inteligência: Potencial biopsicológico para processar informações que pode ser

ativado num cenário cultural para solucionar problemas ou criar produtos que sejam

valorizados numa cultura (GARDNER, 2001).

Tática: Ação do jogador em campo ou quadra com o objetivo de cumprir os deveres

estratégicos eleitos pelo treinador (GARGANTA, 1997, 2002).

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Desenvolvimento humano

Dando início aos assuntos a serem abordados nesse referencial

teórico, ressalta-se em primeiro plano o tópico desenvolvimento humano. “O campo

do desenvolvimento humano focaliza o estudo científico de como as pessoas

mudam, e também de como ficam iguais, desde a concepção até a morte”

(PAPALIA; OLDS, 2000 p.25). Existem dois tipos de mudanças de desenvolvimento:

a mudança quantitativa e a mudança qualitativa. A primeira é uma mudança no

número ou quantidade como afirma Papalia e Olds (2000). A segunda é uma

mudança no tipo de estrutura ou organização como o crescimento de um bebê, que

a tempos atrás não falava e não andava e que agora fala uma língua e compreende-

a, e também se locomove, corre, salta, etc.

Quando o campo do desenvolvimento humano tornou-se uma

disciplina científica, seus objetivos passaram a incluir a descrição, explicação,

previsão e modificação do comportamento. Neste sentido o presente estudo está

caracterizado em descrever e explicar fenômenos que estão acontecendo na terceira

infância (6 aos 12 anos) o qual o crescimento físico diminui, a força e as habilidades

físicas se desenvolvem com mais facilidade, o egocentrismo diminui, as crianças

passam a pensar com lógica embora predominantemente concreta, memória e

habilidades da linguagem aumentam, ganhos cognitivos melhoram a capacidade de

tirar proveito da educação formal, a auto imagem se desenvolve e acaba afetando a

auto estima, e os amigos assumem uma importância fundamental (PAPALIA; OLDS,

2000).

Uma maneira importante de classificar as influencias é pela

proximidade que os impactos causados na criança as afetam. A abordagem

ecológica do desenvolvimento humano de Urie Bronfenbrenner identifica cinco

variáveis (microssistema, mesossistema, exossistema, macrossistema e

cronossistema) de influência ambiental, desde as mais intimas até as mais amplas.

Bronfenbrenner descreve um conjunto de estruturas que são “aninhadas” uma

dentro da outra. Para o autor, para se compreender o desenvolvimento humano é

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necessário estudar cada pessoa no contexto dentro de cada uma das estruturas

(BEE, 2003). A teoria ecológica ou teoria contextual, como é as vezes chamada, é

tanto descritiva como explicativa. Primordialmente é levado em consideração o

desenvolvimento através do contexto que o indivíduo está inserido. O estudo dos

contextos aliados ao desenvolvimento humano é relacionado às relações dos

indivíduos com o sei meio ambiente e uns com os outros. Para o presente estudo

que visa o desenvolvimento motor e cognitivo, duas teorias ou abordagens

ecológicas populares têm que ser priorizadas, a teoria dos sistemas dinâmicos e a

teoria do ambiente comportamental (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

A teoria dos sistemas dinâmicos (do fisiologista Russo Nicholas

Bernstein (1967)) é estudada nos dias de hoje por Alexander et al 1993, Caldwell e

Clark 1990 entre outros. A palavra sistema transmite o conceito de que o organismo

humano é auto organizado e é composto por vários subsistemas. A palavra dinâmico

significa que a alteração do ser humano é não linear e descontínua. As alterações

ao longo do tempo não são lineares. De acordo com os autores, os indivíduos

possuem padrões que somente eles têm, e que na linguagem popular, ninguém é

igual a ninguém. Não existe um padrão a ser definido quando criança, quando

adolescente, quando adulto e quando velho. Cada pessoa possui sua particularidade

de acordo com inúmeros fatores críticos. Esses fatores são denominados recursos e

limitadores de desempenho. Os recursos tendem a promover ou a encorajar a

alteração desenvolvimentista. Os limitadores de desempenho são obstáculos que

impedem ou retardam o desenvolvimento. Para as crianças com paralisia cerebral,

por exemplo, esses obstáculos são de natureza neurológica e biomecânica. É pela

“auto-organização” que os seres humanos por sua própria natureza tendem a lutar

pelo controle motor e pela competência motora (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

O estudo sobre o ser humano tem também como alicerce teorias

embasadas tanto da filosofia, biológica, quanto da psicologia, para definir o corpo

teórico e assumir responsabilidades nas pesquisas do desenvolvimento (TKAC,

2004). Sendo assim, é uma área de estudos, enquanto disciplina acadêmica,

relativamente nova, mais os estudos que estão sendo desenvolvidos nessa área que

envolve a natureza e existência do ser humano, possui uma dimensão

historicamente que remete-nos aos primórdios da antiguidade (KREBS, 2006).

O estudo do desenvolvimento humano, seja relacionado aos

aspectos motores, cognitivos, lingüísticos, afetivos, emocionais ou sociais, é

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considerado um fenômeno complexo e globalizado. Com relação aos primeiros

níveis de desenvolvimento, Rosa Neto (2002) atribui a complexidade de estudos

relacionados ao desenvolvimento humano, principalmente no que se refere à

fundamentação científica, à existência de múltiplos pontos de vista teóricos; à

multiplicidade de abordagens e linhas de investigação; à dificuldade no

estabelecimento de relações lógicas entre áreas do desenvolvimento humano

(compreensão do fenômeno da maturação biológica e psicológica e do efeito da

experiência); à compreensão das modificações e transformações ocorridas ao longo

da idade, considerando a estrutura e significado, juntamente com alterações nos

contextos cultural e social que servem como referência.

Vários teóricos têm estudado os fenômenos do desenvolvimento

humano; dentre os mais influentes encontram-se Sigmund Freud, Erik Erikson,

Arnold Gesell, Urie Bronfenbrenner, Robert Havighurst, Jean Piaget entre outros

(quadro 1).

Abordagem

Conceitual

Teóricos

Representantes Foco da pesquisa

Sigmund Freud Estudo do desenvolvimento psicossexual a partir do nascimento e ao longo da infância.

Teoria Fase – Erik Erikson

Estudo do desenvolvimento psicossocial ao longo da vida.

Estágio

Arnold Gesell

Estudo dos processos maturacionais no desenvolvimento do sistema nervoso central a partir do nascimento a ao longo da infância (a ontogenia recapitula a filogenia).

Teoria da Tarefa Desenvolvimentista

Robert Havighurst

Estudo da interação da biologia e da sociedade sobre a maturação desenvolvimentista a partir da 1ª infância até a velhice.

Teoria do Marco Desenvolvimentista

Jean Piaget

Estudo do desenvolvimento cognitivo como um processo interativo entre a biologia e o meio ambiente a partir do período neonatal até a infância.

Teoria Ecológica (Ramos dos

Sistemas Dinâmicos)

Nicholas Bernstein,

Kigler, Kelso e Turvey

Estudo do desenvolvimento como um processo descontinuado, auto-organizado e transacional entre a tarefa, o indivíduo e o meio ambiente ao longo da vida.

Teoria Ecológica (Ramo do ambiente

comportamental)

Roger Barker e Urie

Bronfenbrenner

Estudo do desenvolvimento como uma função da interpretação do indivíduo de cenários ambientais específicos em transação com o meio sociocultural e histórico.

Quadro 1 - Abordagens conceituais ao estudo do desenvolvimento humano. Fonte: Gallahue e Ozmun (2005, p.32).

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21

Cada modelo de desenvolvimento proposto por estes teóricos, reflete

suas inclinações filosóficas e interesses particulares no estudo do desenvolvimento,

o que faz com que nenhuma teoria esteja totalmente completa ou precisa ao

descrever ou explicar o desenvolvimento humano e, como resultado, todas falham

em algum ponto (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

O ser humano desenvolve-se em um processo contínuo, ao longo da

vida, relacionando-se de maneira dinâmica com o meio no qual está inserido. O

desenvolvimento, embora nos dê a idéia de um todo, pode ser dividido em alguns

episódios para dar um sentido temporal ao desenvolvimento dos indivíduos. Esses

episódios temporais simbolizam as diferentes épocas de desenvolvimento, e são

comuns a todo ser humano.

Dentre esses episódios do desenvolvimento, a infância tem sido

compreendida como um período em que as mudanças físicas, cognitivas, afetivas e

sociais manifestam-se com grande intensidade. As vivências experienciadas pela

criança nesse período, principalmente aquelas relacionadas ao ato de brincar e jogar

e outras consolidam as características físicas, os traços de personalidade e

temperamento, a potencialidade para aptidões e certas condutas sociais e afetivas

(quadro 2), características estas que irão repercutir durante todo o ciclo de vida.

Devido a toda essa complexidade e importância, o período que

compreende a infância tem sido objeto de investigação em todas as dimensões que

integram a área do desenvolvimento humano (BELTRAME 2000). Os aspectos do

desenvolvimento humano durante os anos da meninice intermediária (6 a 12 anos)

são identificados por Bee (2003) através de um conjunto formado pelo

desenvolvimento físico, cognitivo e da personalidade (quadro 2). O desenvolvimento

humano aborda as mudanças ocorridas com o ser humano desde o nascimento até

a morte, possuindo inter-relação direta com os domínios do comportamento, dentre

os quais, são enfatizados no presente estudo o desenvolvimento motor e o

desenvolvimento cognitivo, caracterizando, enquanto processo, uma relação

temporal que inclui o passado, o presente, e o futuro do ser em desenvolvimento. O

desenvolver da cognição infantil assim como o desenvolver psicomotor e motor

neste sentido, constitui a dimensão do presente, entendido como uma resposta, um

produto, ou uma ação que esteja ocorrendo em um determinado momento,

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22

influenciado pelas experiências vivenciadas também no passado do indivíduo

(FONSECA, 2005).

Aspectos do

desenvolvi mento

Idade em anos

6 7 8 9 10 11 12

Desenvolvi mento físico

Pula corda; pode andar de bicicleta.

Anda de bicicleta

Anda bem de bicicleta

de duas rodas

Puberdade começa para

algumas garotas

Puberdade começa para

alguns garotos

Desenvolvi mento

cognitivo

Constância de gênero; várias habilidades para operações concretas;

inclusive alguma conservação, inclusão de classe, várias estratégias mnemônicas, processos

executivos (metacognição)

Lógica indutiva; cada vez melhor uso de habilidades para

operações concretas; conservação de peso

Conservação de volume

Conceito de self cada vez mais abstrato, menos ligado à aparência; Descrições dos outros focalizando cada vez mais qualidades internas e

duradouras

Desenvolvi mento da

personalida de

Senso global de autovalia Amizade

baseada na confiança recíproca

Segregação de gênero no brinquedo e nas amizades é quase total. Aparecem as amizades mais duradouras, continuam ao longo desses anos.

Quadro 2 - Fios do desenvolvimento durante a meninice intermediária. Fonte: Bee (2003).

O tópico a seguir abordará as competências humanas que estão

inseridas dentro do desenvolvimento humano.

2.2 Competência humana

Tão complexo como definir a inteligência é definir a competência. A

inteligência, assim como a competência, pode ser vista sob diferentes enfoques. A

importância da distinção entre o conhecimento e as habilidades, muitas vezes

chamadas de competências, e a demonstração de conhecimento e habilidade em

situação real observável de resolução de problemas, muitas vezes denominado de

desempenho, é ressaltada por Newcombe (1999). Ao conceituar competência, para

Peralta (2002), somos confrontados com a poissemia da palavra, onde de acordo

com diferentes escolas e autores, são atribuídos diversos significados ao termo

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23

competência, que se apresentam desde uma visão atomística, behaviorista, do

conceito, tomado em sentido restrito com a especificação precisa das capacidades

necessárias para desempenhar determinada função ou tarefa, traduzidas pela

identificação de um grupo de comportamentos observáveis, capazes de evidenciar

uma ação competente.

Não existe um acordo na hora de definir o conceito de competência,

provavelmente porque não é um conceito unitário, assim podem-se encontrar

expressões como competência ambiental referida na forma eficaz de tratar com

ambientes imediatos. Outro conceito, o de competência relacional, definido por

Hanson et al (1978 apud TKAC, 2004) como a habilidade para construir, ascender e

manter relações de apoio importantes. Uma das definições mais antigas do construto

de competência foi a emitida por Whiteen (1959 apud TKAC, 2004), que fazia

referência para a capacidade de um organismo para interatuar com o seu meio de

maneira eficaz, ressaltando que nos seres humanos se manifesta uma constante

incitação para ser competentes no seu meio. Ser competente em um âmbito supõe

possuir um repertório de resposta pertinentes para situações que em uma elevada

freqüência são novas, possuem, em definitivo um conjunto de conhecimentos,

procedimentos e atitudes que lhe permitam uma prática autônoma (RUIZ, 1895,

apud TKAC, 2004).

Autores como Perrenoud (1999), expõe que não há uma definição

clara e partilhada das competências, podendo haver muitos significados. O autor

apresenta três versões da noção de competência que podem ser aceitáveis, mas

que, no entanto, para ele, não acrescentam muita coisa. A primeira noção é que

competência por vezes é mencionada apenas para insistir na necessidade de

expressar objetivos de um ensino em termos de condutas ou práticas observáveis.

Sob essa ótica, a assimilação de uma competência a um objetivo de aprendizado

pode sugerir, erroneamente, que cada aquisição verificável seja uma competência. A

segunda noção é a de competência e desempenho, onde o desempenho observado

seria um indicador aproximado de uma competência. A terceira concepção considera

a competência como uma faculdade genérica, uma potencialidade de qualquer

mente humana. Perrenoud (1999) rebate essa idéia de competência, pois acredita

que os seres humanos possuem uma faculdade de construir competências ancorada

em seu patrimônio genético. No entanto, as potencialidades do sujeito só se

transformam em competências efetivas por meio de aprendizados que não intervêm

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24

espontaneamente junto com a maturação do sistema nervoso e também não se

realizam igualmente em cada indivíduo. Os praticantes de esportes aprendem a ser

competentes porque aprendem a interpretar melhor as situações que pedem uma

atuação eficaz e porque desenvolvem os recursos necessários para responder, de

forma ajustada, às demandas da situação, isto vai supor o desenvolvimento de um

sentimento de capacidade para atuar, de sentir confiança para poder sair facilmente

das situações-problema apresentadas e manifestar a alegria de ser causa de

transformações no seu meio (RUIZ, 1895, apud TKAC, 2004).

2.2.1 Competência motriz

Nos últimos vinte anos os estudos sobre competência motriz tem

tomado uma orientação cognitiva, centrada em decifrar o papel dos mecanismos de

organização e controle das habilidades motoras desde uma perspectiva evolutiva

(RUIZ, 1895, apud TKAC, 2004). São numerosos os investigadores, de acordo com

Perez (1995), que destacam o papel dos diferentes mecanismos de processamento

de informações assim como das operações e processos cognitivos implicados na

aquisição e realização de habilidades motoras, dos quais destaca-se Hauert (1987

apud TKAC, 2004), e que para esse autor, as operações de planificação, execução e

controle da totalidade das atividades percepto-motoras implicam na intervenção

sistemática, consciente ou não, de mecanismos cognitivos. O interesse por estes

mecanismos e processos obteve como resultado que numerosos estudiosos da

aprendizagem motora tenham se preocupado por questões evolutivas, como no

caso de (LAZSLO E BAIRSTOW, 1985) apud TKAC, 2004).

O tópico a seguir aborda o tema desenvolvimento motor como base

da competência motriz.

2.3 Desenvolvimento motor

O desenvolvimento motor na atualidade dirige ou gerencia a maioria

das pesquisas com seres humanos, assim como pesquisas do contexto esportivo,

seja este de alto rendimento ou de ensino-aprendizado. O mesmo está relacionado

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25

com aspecto físicos como desenvolvimento das capacidades motoras (força,

velocidade, agilidade e etc.) No caso do presente estudo, tem-se a necessidade de

abordar-se o desenvolvimento motor com mais detalhes.

O estudo do desenvolvimento motor no passado foi ofuscado pelo

interesse nos processos cognitivos e afetivos do desenvolvimento. Visto que o

impulso primário do desenvolvimento motor veio da psicologia, é natural que tenha

sido frequentemente visto em termos de suas influências potenciais sobre outras

áreas do comportamento como meio conveniente e prontamente observável de

estudo do comportamento, em vez de um fenômeno digno de estudo por sua própria

causa. É um campo de estudo legitimo que disseca áreas de fisiologia do exercício,

biomecânica, aprendizado motor e controle motor, e também áreas da psicologia.

A busca pela compreensão do desenvolvimento motor progrediu a

passos lentos, mas firmes, nos anos 60, e então começou a progredir velozmente

nos anos 70, quando cinesiologistas e psicólogos desenvolvimentistas mudaram seu

foco da abordagem normativo-descritiva para o estudo dos processos

desenvolvimentistas subjacentes. Nos anos 80, um corpo de pesquisa em expansão,

composto por uma nova geração de estudiosos, intensificou o interesse pelo estudo

do desenvolvimento motor. Uma quantidade precedentes de pesquisas, baseadas

em teorias, foi realizada desde a década de 1980 até a de 1990, com

desenvolvimentistas de varias áreas confrontando-se com os estudiosos do

desenvolvimento motor.

O estudo o desenvolvimento motor ocupou seu lugar como área

legitima de pesquisa científica nos campos da cinesiologia e da psicologia

desenvolvimentista. Atualmente, os especialistas estão estudando tanto os

processos subjacentes de desenvolvimento quanto seus muitos e variados produtos

e estes, reconhecem que as exigências de uma tarefa motora integram com o

indivíduo (fatores biológicos) e o ambiente (fatores de experiência ou aprendizagem)

(figura 1).

Estudos concluem que os fatores relativos à tarefa, ao indivíduo e ao

ambiente não são apenas influenciados (interação), mas também podem ser

modificados, (transformação) um pelo outro (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Rosa

Neto (2002) advoga que desde o momento da concepção, o organismo tem uma

lógica biológica, uma organização, um calendário maturativo e evolutivo, uma porta

em que a interação e a estimulação se abrem. As possibilidades que essas portas

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26

abertas promovem à criança são enormes, dando oportunidade para o crescimento

das mesmas, sendo estes em amplos contextos.

INDIDUAL

Hereditariedade, Biologia, Natureza e Fatores intrísecos

AMBIENTE

Experiência, Aprendizado,

Encorajamento e Fatores intrínsecos

TAREFA

Fatores físicos e macânicos

Figura 1 - Análise transacional da causa do desenvolvimento motor. Fonte: Gallahue e Ozmun (2005, p. 4).

Durante a gravidez, o feto começa a dar sinais de vida ao mundo em

que estará por vir, por meio fundamentalmente de uma atividade motora. Desde o

nascimento, é observável o amadurecimento, as mudanças maturativas da criança,

a qual a cada instante surpreende-nos. A integração sucessiva da mortricidade

implica a constante e permanente maturação orgânica (ROSA NETO, 2002).

O movimento contém em si mesmo sua verdade, tem sempre uma orientação significativa em função da satisfação das necessidades que o meio suscita. O movimento e o seu fim são uma unidade e, desde a motricidade fetal até a maturidade plena, passando pelo momento do parto e pelas sucessivas evoluções, o movimento se projeta sempre frente à satisfação de uma necessidade relacional. A relação entre o movimento e o seu fim se aperfeiçoa cada vez mais como resultado de uma diferenciaçãoprogressiva das estruturas integradas do ser humano (ROSA NETO, 2002, p.11).

Gallahue e Ozmun (2005) ainda apresentam a ampulheta, que

define o desenvolvimento motor e seus aspectos de influência e determinação,

assim como suas fases (figura 2).

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27

Os sujeitos estudados nesta pesquisa estariam classificados entre a

fase motora fundamental e a fase motora especializada, onde os movimentos, as

habilidades motoras de base, começam a ser aplicados em ambientes de prática

desportiva e recreacional. Estas habilidades apesar de serem fundamentais, são na

idade de 7 a 11 anos, aplicadas com maior controle, maior precisão e demais

componentes. Nesta idade os padrões motores são aplicados, manipulando as

habilidades motorss básicas desenvolvidas no estágio rudimentar e fundamental

(correr, saltar, lançar, rolar, etc.) (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

Figura 2 - Ampulheta do desenvolvimento motor. Fonte: Gallahue e Ozmun (2005 p. 65)

Dentro da ampulheta, foi colocado o “recheio da vida”, ou seja, a

areia. A areia que entra na ampulheta vem de dois recipientes diferentes. Um é o

recipiente hereditário e outro é o recipiente ambiental. O recipiente hereditário tem

uma tampa. No momento da concepção a estrutura genética é determinada e a

quantidade de areia no recipiente é fixa. Entretanto o recipiente ambiental não tem

tampa. A areia pode ser acrescentada ao recipiente e à sua ampulheta. Os dois

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28

baldes de areia significam que tanto a hereditariedade quanto o ambiente

influenciam o processo de desenvolvimento. As contribuições relativas de cada um

têm sido alvo de debate há anos. Na análise final, não importa realmente se a

ampulheta das pessoas está preenchida com areia hereditária ou ambiental. O que

importa é que, de alguma forma, esta areia entra na ampulheta e esse recheio da

vida é produto, tanto da hereditariedade como do ambiente (GALLAHUE; OZMUN,

2005).

O indivíduo está sempre passando por mudanças relacionadas à

idade e que frequentemente se alteram através da interação com o ambiente e com

a tarefa. Como já dito, o movimento se apresenta e se aproxima nessa interação.

Ocorrem mudanças de ordem qualitativa, como aumento da estatura, do peso

corporal, que costumam ser denominadas de crescimento físico, e ainda, ocorrem

mudanças de ordem qualitativa como a aquisição e melhoria de funções

denominadas de desenvolvimento (HAYWOOD; GETCHELL, 2004).

O desenvolvimento motor é um processo de mudanças nos

processos internos do indivíduo que o deixa capaz de controlar movimentos, e é

adquirido com o passar do tempo. No decorrer da vida é necessário ajustar,

compensar ou mudar, afim de obter, melhorar ou manter determinadas habilidades

que o indivíduo aprende ou já possui em seu acervo motor. Esses fenômenos são

observados no período da infância, onde essa maior capacidade de controlar

movimentos, traz como conseqüência, várias mudanças comportamentais (BEE,

2003; GALLAHUE; OZMUN, 2005).

A idade que se tem um pico de desenvolvimento significativo, é a

idade pré-escolar, onde se caracteriza por ser uma fase de aquisição e

aperfeiçoamento das habilidades motoras, formas de movimento e primeiras

combinações de movimentos, que possibilitam a criança dominar seu corpo em

diferentes posturas (estáticas e dinâmicas) e locomover-se pelo meio ambiente de

várias formas (andar, correr, saltar, etc.) A base para habilidades motoras globais e

finas é estabelecida nesse período, sendo que as crianças aumentam

consideravelmente seu repertorio motor e adquirem os modelos de coordenação do

movimento essenciais para posteriores performances habilidosas (PAPALIA; OLDS,

2000; GALLAHEU; OZMUN, 2005).

Um estudo realizado por Caetano et al (2005), cujo objetivo foi

verificar diferenças no desenvolvimento motor de crianças pré-escolares de 4 a 7

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29

anos, com o instrumento E.D.M. proposto para a avaliação motora do presente

estudo, demonstrou que por volta dos 5 anos de idade, a criança passa por

instabilidades no desempenho de tarefas motoras finas. De acordo com o mesmo

estudo, dos 4 aos 7 anos, segundo os autores, as crianças estão sendo preparadas

para a alfabetização, com intensas atividades relacionadas à motricidade fina. Estes

períodos de instabilidade do comportamento são característicos do processo de

desenvolvimento, sendo essencial os momentos de desorganização para posterior

melhora no desempenho (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

O estudo citado, também trouxe a informação de que nos anos da

infância (entre 3 e 7 anos) das crianças avaliadas, houve um desenvolvimento não

homogêneo, que não ocorreu igualmente para todos os componentes da

motricidade, num período de tempo de 13 meses. O que houve foi um diferente ritmo

de desenvolvimento dos componentes da motricidade (CAETANO et al, 2005). Neste

sentido as autoras advogaram que é necessário que a ocorra, novamente a

validação das tarefas que avaliam cada componente da motricidade, propostas pela

E.D.M., porque segundo elas, poderá assim ser verificada, se há ou não, a não

linearidade do desenvolvimento, que ocorreu com os sujeitos avaliados no estudo.

Elas ainda afirmaram que novos estudos sejam feitos, verificando ainda a qualidade

das atividades motoras realizadas por crianças de diferentes contextos, idades,

sexo, região geográfica, etc.

O próximo tópico abordara o desenvolvimento psicomotor, o qual

serve de base para o desenvolvimento motor.

2.4 Desenvolvimento psicomotor

Tempos atrás, os temas sobre psicomotricidade eram abordados

principalmente em pesquisas cientificas teóricas e, com ênfase apenas no

desenvolvimento motor da criança. Ao longo to tempo o intelecto da criança passou

a ganhar mais espaços, surgindo então estudos relacionados ao desenvolvimento

de habilidades manuais e de aptidão física em função da idade do indivíduo.

Atualmente os estudos que estão sendo feitos, ultrapassam o âmbito dos problemas

motores. Pesquisam-se as ligações de como se estrutura a relação espaço-tempo,

lateralidade, dificuldades de aprender em crianças consideradas com inteligência

dita “normal”, etc (MOLINARI; SENS, 2003).

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30

A psicomotricidade segundo Molinari e Sens (2003), contribui para a

formação da estruturação do esquema corporal expressivamente (conhecimento do

corpo), o que facilitará para a criança ter uma boa orientação no espaço. Neste

sentido então se questiona: O que é Psicomotricidade? Na realidade a

psicomotricidade é poder, um ser se relacionar através de uma ação, com um meio

de tomada de consciência que une o ser corpo, o ser mente, o ser espírito, o ser

natureza e o ser sociedade (MOLINARI; SENS, 2003).

Fonseca (1998 apud MOLINARI; SENS, 2003), defende que a

psicomotricidade é nos dias de hoje, concebida com uma integridade superior da

motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio. É um

instrumento que possui privilégios e que com isso, a consciência humana se

materializa. Outros autores defendem a tese de que a psicomotricidade é a

educação pelos movimentos corporais, levando em consideração aspectos

cognitivos, ambientais e motrizes, poupando energia.

Fonseca (1998 apud MOLINARI; SENS, 2003) refere que o

movimento humano é construído em função de um objeto. A partir de uma intenção

como expressividade intima, o movimento se transforma em comportamento

significante.

O cérebro e a medula espinhal enviam aos músculos pelos seus mecanismos cerebrais ordens para o controle da contínua atividade de movimento com específica finalidade e dentro das condições ambientais. Essas desordens sofrem as influencias do meio e do estado emocional do ser humano (BARROS; NEDIALCOVA, 1999, apud MOLINARI; SENS, 2003, p.87).

Para Barros (1972 apud MOLINARI; SENS, 2003), a unidade básica

do movimento humano, que abrange a capacidade de equilíbrio e assegura posições

estáticas, são as estruturas psicomotoras. Essas estruturas são básicas e definidas

como: locomoções, manipulações, e tônus do corpo, que interagem com a

organização espaço-temporal, a motricidade fina e global, a coordenação óculo-

segmentar, o equilíbrio, a lateralidade, o ritmo e o relaxamento. Elas são

decodificadas pelos esquemas de postura e de movimentos, como: andar, correr,

saltar, arremessar, rolar, abaixar, levantar, flexionar, suspender, inclinar, e demais

movimentos que estão relacionados com os movimentos da cabeça, pescoço, mãos

e pés.

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31

Movimentos de ordem involuntária estão na maioria das vezes

presentes em determinadas ações sem que a criança ou o executante perceba, e

são desencadeados pelo executante, quando o mesmo, realizada atos voluntários.

Os automatismos adquiridos são os reflexos condicionados, que ocorrem devido à

aprendizagem e que formam os hábitos, os quais, quando bons, poupam o tempo e

o esforço, porém, se exagerados, eliminam a criatividade. Para a execução do ato

voluntário, exige-se certo nível de consciência e de reflexão sobre finalidades,

porém, a maior parte dos atos executados na vida cotidiana são relativamente

automáticos (MOLINARI; SENS, 2003).

Para Molinari e Sens (2003, p.88):

Associada à psicomotricidade, está a afetividade. A criança utiliza seu corpo para demonstrar o que ela sente. Desde o nascimento, a criança passa por diferentes fases nas quais adquire conhecimentos e passa por diversas experiências até então chegar a sua vida adulta. As primeiras reações afetivas da criança envolvem a satisfação de suas necessidade e o equilíbrio fisiológico. Segundo Lapierre e Aucouturier (1984), durante o seu desenvolvimento, aparecem os fantasmas corporais que limitam suas expressões devido à falta de contato corporal dos pais com os filhos. A afetividade é indispensável para o desenvolvimento da criança e ao equilíbrio psicossomático. Como esse contato tende a diminuir com o passar do tempo, cria-se um grande problema para o desenvolvimento da criança. É então recomendado que os pais mantenham sempre o contato corporal com os filhos através do toque durante roda a vida da criança (CHICON, 1999). Pois isso certamente levará a uma evolução psicomotora e cognitiva da criança. É necessário que toda a criança passe por todas as etapas em seu desenvolvimento.

Assunto de grande importância dentro da psicomotricidade é a

questão da educação psicomotora. A educação psicomotora com crianças deve

prever uma formação de base que seja indispensável para o desenvolvimento motor,

psicológico e etc. Assim, devem-se dar oportunidades para que, por meio de jogos,

de atividades lúdicas, se conscientize sobre seu corpo. É com a educação física que

a criança desenvolve suas aptidões perceptivas com o meio e o ajustamento do

comportamento psicomotor (MOLINARI; SENS, 2003).

Para Barreto (2000 apud MOLINARI; SENS, 2003, p.91):

O desenvolvimento psicomotor é de suma importância na prevenção de problemas de aprendizagem e na reeducação do tônus, da postura, da direcional idade, da lateralidade e do ritmo. A educação da criança deve evidenciar a relação através do movimento de seu corpo, levando em consideração sua idade, a cultura corporal e os interesses. Essa abordagem constitui o interesse da educação psicomotora. A educação psicomotora para ser trabalhada necessita que sejam utilizadas funções motoras, cognitivas, perceptivas, afetivas e sociomotoras.

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32

O desenvolvimento global da criança se dá através de movimentos,

ações, da criatividade e experiência que a própria criança adquiriu, levando ela a

conseguir conhecimento e consciência de si própria: da sua realidade corporal que

sente, pensa, se movimenta nos espaços, encontra-se com os objetos e

gradativamente difere suas formas, e que se conscientiza das relações de si mesma

com o espaço e tempo, chegando na realidade própria (MOLINARI; SENS, 2003).

Uma criança cujo esquema corporal é mal formado não coordena bem os movimentos. Suas habilidades manuais tornam-se limitadas, o ato de vestir-se e de despir-se se torna difícil, a leitura perde a harmonia, o gesto vem após a palavra e o ritmo de leitura não é mantido ou, então, é paralisado no meio de uma palavra. As noções de esquema corporal – tempo, espaço, ritmo – devem partir de situações concretas, nas quais a criança possa formar um esquema mental que anteceda a aprendizagem de leitura, do ritmo, dos cálculos. Se sua lateralidade não esta bem definida ela encontra problemas de ordem espacial, não percebe diferença entre seu lado dominante e o outro lado, não é capaz de seguir uma direção gráfica, ou seja, iniciar a leitura pela esquerda. Muitos fracassos em matemática, por exemplo, são produzidos pela má organização espacial ou temporal. Para efetuar cálculos, a criança necessita ter pontos de referencia, colocar números corretamente, possuir no caso de coluna e fileira, combinar formas para fazer construções geométricas (MOLINARI; SENS, 2003, p.90).

A criança é vista na sua totalidade e nas possibilidades que se

apresenta em relação com ambiente em que a mesma está inserida. Através da

educação psicomotora, ela explora o ambiente, passa por experiências concretas,

indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual, e é capaz de tomar consciência

de si mesma e do mundo que a cerca. O desenvolvimento psicomotor caracteriza-se

por uma maturação que integra o movimento, o ritmo, a construção espacial, e,

também, o reconhecimento dos objetos, das posições, da imagem e do esquema

corporal. A educação física neste sentido, possui um positivo impacto no

pensamento, no conhecimento e ação, nos domínios cognitivos, na vida de crianças

e jovens e crianças e jovens fisicamente educados vão para uma vida ativa,

saudável e produtiva, criando uma integração segura e adequado desenvolvimento

de corpo, mente e espírito. Assim a educação física por suas possibilidades, deve

desenvolver a dimensão psicomotora das pessoas, principalmente nas crianças e

adolescentes, conjuntamente com os domínios cognitivos (MOLINARI; SENS, 2003).

Em um estudo realizado por Souza Neto et al (2003), com a

aplicação de um programa de educação física visando a trabalhar as variáveis

tratadas por Rosa Neto (2002), em uma escola de primeira até a quarta série,

observou-se que houve tanto uma melhora da maioria quanto perdas na idade

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33

motora das crianças, revelando que as aulas de Educação Física ministradas, são

importantes e necessárias. Mas também foi sublinhado que este programa necessita

da contribuição de estudiosos da área para que o mesmo seja mais eficaz e alcance

plenamente os resultados pretendidos pelo autor. No caso, o teste utilizado por

Souza Neto et al (2003) permitiu encontrar algumas lacunas em certas habilidades

que são facilmente associadas à escrita, e que demonstram que possivelmente este

conteúdo não foi muito abordado na instituição avaliada. A função da avaliação

,segundo Souza Neto et al (2003), foi dar subsídio para se verificar se o que está se

ensinando na escola possibilita o desenvolvimento pleno dessas crianças. Portanto,

não há dúvidas de que a falta de avaliações pode camuflar algumas perspectivas, no

que diz respeito aos fracassos e vitórias na alfabetização e na educação corporal.

Estudo descrito mostrou ser de fundamental importância trabalhar

com o corpo na escola. Que a Educação Física, ao trabalhar com o movimento

humano, ou com a cultura de movimento, tem uma grande contribuição a dar em

projetos integrados com outras disciplinas, interdisciplinares, mas que também se

torna necessário que este trabalho leve em consideração a necessidade de

avaliação motora para a elaboração do programa de ensino, visando à efetiva

promoção (integração) destes escolares.

Outros estudos científicos mostram que o cérebro humano está

continuamente fortificando ou enfraquecendo suas conexões conforme a

experiência, graças a uma propriedade que está permanentemente ativa em cada

neurônio. É a plasticidade neural, que confere ao cérebro a habilidade para assumir

funções específicas como resultado da experiência, ou seja, os neurônios podem

modificar suas conexões conforme o uso ou o desuso de determinados circuitos

neurais (PACHER; FISCHER, 2006). Para esses autores existem determinados

problemas de aprendizagem sérios que afetem a crianã: a dislexia, disortografia e

discalculia. A dislexia caracteriza-se por dificuldades de aprendizagem relacionadas

à identificação, compreensão, interpretação dos símbolos gráficos e por leitura

defeituosa, lenta e silabada. A dislexia consiste na dificuldade de aquisição da leitura

na idade habitual, executando toda debilidade ou deficiência sensorial; a ela se

associam dificuldades de ortografia e, em alguns casos, distúrbios psicomotores e

de linguagem (PACHER; FISCHER, 2006).

A avaliação motora e as aulas de Educação Física, mais que um

espaço em que se trabalha a motricidade humana, revela a necessidade de uma

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34

pedagogia do movimento humano que traga contribuições para os problemas não

solucionáveis, no âmbito da instituição, relacionados ao processo de alfabetização.

Segundo Pellegrini e Barela (1998 apud SOUZA NETO et al, 2003,

p.23-27):

Nos primeiros anos de escolarização, principalmente na educação infantil e nas primeiras séries do ensino fundamental, a atividade é muito importante no estabelecimento de relações entre o ser humano em desenvolvimento e o ambiente que o rodeia. É muito importante a aquisição de habilidades e também a tomada de consciência do corpo e de suas relações com o meio. Há um velho provérbio hindu que diz: o corpo é como uma cidade que tem cinco portas, referindo-se aos órgãos do sentido: olfato, tato, audição, visão e paladar. De modo que, por esses órgãos se desenvolve a inteligência prática (sensório-motora), a cognitiva, a afetiva, a social.

Com relação às diferenças de desempenho em habilidades

psicomotoras, em estudos recentemente realizados, ficou comprovado que existem

diferenças de desempenho entre crianças nascidas pré-termo e a termo, nos testes

de inteligência e função verbal, e as diferenças foram significativas, nas áreas de

coordenação motora, controle motor fino das mãos, percepção viso-espacial e

sensação tátil/cinestésica. As autoras deram atenção nesses resultados para

possíveis distúrbios sutis no planejamento motor, podendo estarem relacionados à

pobre precisão das percepções táteis e cinestésicas (MAGALHÃES et al, 2003).

Além de aspectos sensório-motores, a prematuridade parece também influenciar o

comportamento motor da criança. De acordo com pesquisas recentes, déficits de

atenção são mais freqüentes em crianças prematuras, o que pode resultar em pobre

desempenho percepto-motor e dificuldades escolares (MAGALHÃES et al, 2003).

Há evidências de que, especialmente os meninos, podem apresentar

um comportamento mais agressivo, hiperativo, ansioso e às vezes delinqüente.

Apesar de grande número de estudos apontarem para déficits perceptuais e

motores, associados com distúrbios de atenção e comportamento, na criança pré­

termo, alguns autores reafirmam, principalmente com relação ao desenvolvimento

cognitivo, que os fatores ambientais, em especial o baixo nível sócio-econômico,

seriam decisivos, sugerindo que à medida que a criança pré-termo cresce, fatores

ambientais teriam mais importância que os sinais neonatais de risco biológico.

Independentes da perspectiva adotada, sendo esta mais biológica ou social, são

muitas as evidências de que crianças pré-termo estão sob maior risco para

apresentaram atraso perceptual motor e cognitivo, associados ou não a problemas

de comportamento e déficit de atenção (MAGALHÃES et al, 2003).

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35

O próximo tópico abordará um componente fundamental da

psicomotricidade. O desenvolvimento da percepção infantil.

2.4.1 Desenvolvimento perceptivo na infância

Quando crianças atingem aproximadamente 2 anos de idade, o

aparato visual por exemplo, está maduro. O globo ocular está próximo de seus peso

e tamanho adultos. Todos os aspectos anatômicos e fisiológicos do olho estão

completos, porem as habilidade perceptivas de crianças pequenas ainda estão

incompletas. Embora seja capazes de fixar os olhos em objetos, acompanha-los com

o olhar e fazer avaliações precisas de tamanho e forma, numerosos refinamentos

ainda precisam ser feitos. A criança pequena é capaz de interceptar uma bola

arremessada, com qualquer grau de controle. A percepção da criança, por exemplo,

de objetos em movimento, é deficientemente desenvolvida, assim como as

habilidades perceptivas em nível plano, percepção de distância e o cálculo de tempo

antecipação. As habilidades motoras e perceptivas de crianças influenciam-se

reciprocamente, ainda que se desenvolvam em ritmos diferentes (GALLAHUE;

OZMUN, 2005).

A relação entre atividade motora, no presente estudo o futsal, e

desenvolvimento perceptivo, foi indiretamente apoiada pelo declínio do desempenho

em experiências de privação motora e perceptiva por Hebb et al (1949 apud

GALLAHEU; OZMUN, 2005) e em experiências de testes de ajustes perceptivo­

visuais modificados. O ponto principal dessas pesquisas levou ao que Payne e

Isaacs (2002 apud Gallahue e Ozmun, 2005) denominaram “hipótese motora”, cujo o

argumento é este: para desenvolver um repertório normal de habilidades visual-

espaciais, deve-se prestar atenção a objetos que se movimentam.

O movimento para Gallahue e Ozmun (2005), tem mostrado ser

condição suficiente, mas não necessária, para desenvolvimento de habilidades

perceptivo-visuais selecionadas. Permanece o fato, entretanto, de que os resultados

de cada uma dessas experiências são especulativos e duvidosos, ainda mais

tratando-se de habilidades desenvolvidas por crianças.

Para Gallahue e Ozmun (2005), é importante se familiarizar com as

habilidades perceptivas em desenvolvimento da criança e compreender o impacto da

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36

percepção sobre o aprendizado de habilidades motoras e seu refinamento. A

acuidade visual, a percepção de imagens em nível plano, a percepção de

profundidade e a coordenação vusual-motora são importantes qualidades

desenvolvimentistas que influenciam o desempenho motor.

A seguir estão descritos resumidamente os estágios do

desenvolvimento da percepção visual infantil (quadro 3).

ASPECTOS SELECIONADOS DO DESENVOLVIMENTO DA PERCEPÇÃO VISUAL INFANTIL

Qualidade visual Habilidades

selecionadas Idade aproximada

Acuidade visual Rápido desenvolvimento 5 – 7 Habilidade de distinguir Estabilidade 7 – 8 detalhes em situações Rápido desenvolvimento 9 – 10 estáticas e dinâmicas. Maturidade (estática) 10 – 11

Estabilidade (dinâmica) 10 – 11 Maturidade (dinâmica) 11 – 12

Percepção figura-fundo Habilidade de separar

um objeto do que está a sua volta

Desenvolvimento lento Desenvolvimento rápido

Pequena explosão Maturidade

3 – 4 4 – 6 7 – 8

8 – 12

Percepção de Erros de julgamento

freqüentes 3 – 4

profundidade Habilidade de julgar a

Poucos erros de julgamento

5 – 6

distancia relativa a si Desenvolvimento rápido 7 – 11 mesmo Maturidade Por volta dos 12

Coordenação visual- Desenvolvimento rápido 3 – 7 motora Desenvolvimento lento e 7 – 9

Habilidade de integrar o leve uso dos olhos e das Maturidade 10 – 12

mãos para acompanhar e interromper a

observação de um objeto

Quadro 3 - Aspectos selecionados do desenvolvimento da percepção visual infantil Fonte: Gallahue e Ozmun (2005, p.308)

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37

2.5 As variáveis de desenvolvimento motor propostas por Rosa Neto (2002)

2.5.1 Motricidade fina

É a coordenação visiomanual (atividade mais freqüente e mais

comum no homem), ela inclui a fase de transporte da mão, seguida de uma fase de

agarre e manipulação, o que dá um conjunto de objeto/mão/olho. Este processo

exige a participação de diferentes centros nervosos, motores e sensoriais, para que

na ação exista a coincidência entre o ato motor e uma estimulação visual percebida.

Em indivíduos não videntes transfere-se a percepção visual para outro tipo de

informação. Essa inclui uma fase de transporte da mão, seguida de uma fase de

agarre e manipulação, resultado em conjunto com três componentes objeto-mão­

olho (ROSA NETO, 2002).

2.5.2 Motricidade global

É a capacidade do indivíduo de, com seu ritmo, deslocamento,

compreender-se melhor e buscar novas informações. A perfeição progressiva do ato

motor implica num funcionamento global de seus mecanismos reguladores. O

movimento global é sempre sinestésico, tátil, labiríntico, etc. A criança passa grande

parte de sua vida na escola, e por isso, sua conduta está representada pela

atividade motora. As crianças correm imitando os caminhões, os carros, os animais;

põem-se a correr e rapidamente a saltar de diferentes formas, como o galopar, subir

em arvores, etc. Isso tudo é o relaxamento corporal, o bem estar da liberação física

(ROSA NETO, 2002).

2.5.3 Equilíbrio

Está vinculado à idéia do tônus postural, ou seja, postura corporal

que sejam corretas e economizem energia, para que não ocorra a fadiga corporal,

entre outros. O equilíbrio é o estado de um corpo quando forças distintas atuam

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38

sobre ele e se compensam e anulam mutuamente. Em tudo deve ter o equilíbrio,

para andar, para sentar, para ficar em pé, isto feito com dinâmica ou estática (ROSA

NETO, 2002).

2.5.4 Esquema corporal

É a imagem do corpo, o modelo postural que cada um tem, e a

construção desses esquemas, é feita através da organização das sensações

relativas a seu próprio corpo, em associação com os do mundo exterior. A

elaboração dos esquemas corporal segue as leis da maturidade céfalo-caudal e

próximo-distal. Juntamente com o esquema corporal, está a rapidez, onde é a

capacidade da criança atingir níveis rápidos de movimentos, seja de coordenação

óculo-manual, de motricidade ampla ou de coordenação óculo-pedal (ROSA NETO,

2002).

2.5.5 Organização espacial

É compreender as dimensões do corpo com o espaço que é finito e

com o infinito, ou seja, a organização espacial depende ao mesmo tempo da

estrutura do nosso corpo, como, da natureza do meio que nos rodeia e suas

características. A evolução da noção espacial destaca a existência de duas etapas:

uma ligada à percepção imediata do ambiente e outra baseada nas operações

mentais que saem do espaço representativo e intelectual (ROSA NETO, 2002).

2.5.6 Organização temporal

Existem duas vertentes desta definição: a ordem e a duração,

quando a primeira define a sucessão que existe entre os acontecimentos, uma

sendo continuação da outra em uma ordem física. A segunda permite a variação do

intervalo que separa o início e o fim do acontecimento. A organização temporal inclui

a dimensão lógica, a dimensão cultural e os aspectos de vivência.

2.5.7 Lateralidade

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39

É a preferência da utilização de uma das partes simétricas do corpo

(mão, olho, perna e ouvido). A lateralidade acontece em virtude de um predomínio

que outorga a um dos hemisférios a iniciativa da organização do ato motor.

Tópico seguinte irá abordar outro assunto do desenvolvimento

humano, e que é importante para o presente estudo, o desenvolvimento cognitivo.

2.6 Desenvolvimento cognitivo

Dentro do desenvolvimento humano, também é imprescindível citar-

se o conceito de inteligência, que envolve diversas características relacionadas aos

domínios: afetivo, motor, cognitivo, social e biológico, bem como de sua utilização

nas diversas situações cotidianas. O termo inteligente é definido de maneiras

diferentes entre as diversas culturas, ou seja, para alguns povos a inteligência pode

estar relacionada com o fato de seus integrantes desenvolverem habilidades com

relação à leitura e à escrita, enquanto que a capacidade de lidar sabiamente com os

outros é em geral considerada como um sinal de inteligência entre as culturas

tradicionais. Este foco faz sentido, porque essas culturas dependem dos esforços

cooperativos de muitas pessoas para assegurar suas necessidades básicas. A

construção da inteligência é sempre resultante da coordenação de ações realizadas

com o sentido de buscar formas e esquemas de adaptação a problemas gerados

pelo ambiente (TKAC, 2004).

O desenvolvimento cognitivo inicia-se logo no estágio neonatal. De

acordo com Papalia e Olds (2000), é dividido em quatro estágios: o estágio pré-natal

(da concepção até o nascimento), a primeira infância (do nascimento até os 3 anos),

a segunda infância (dos 3 aos 6 anos) e a terceira infância (dos 6 aos 12 anos de

idade). Segundo alguns estudiosos, para as crianças na fase da terceira infância,

seriam observadas melhoras gradativas em aspectos específicos do seu

desenvolvimento cognitivo, principalmente com relação ao conhecimento e perícia,

provavelmente devido ao aprendizado escolar. O aumento da capacidade de

armazenamento e velocidade do processamento de informações, também seriam

observáveis durante esta fase, o que afetaria o desenvolvimento cognitivo da

criança. O aumento da capacidade de armazenar e lidar com as informações, assim

como um raciocínio mais complexo, fariam com que as crianças melhorassem sua

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40

capacidade de compreender o que lêem, sua capacidade de se expressarem

verbalmente e de realizarem diversas tarefas (PAPALIA; OLDS, 2000).

A cognição e seu desenvolver, influencia o pensamento, os

sentimentos e o comportamento das crianças. Elas devem aprender pela

manipulação física dos materiais e integrar estas experiências àquelas da vida real

e, à medida que adquirem a linguagem, desenvolvem suas habilidades de

pensamento e raciocínio, permitindo converter as informações que recebem em

abstrações para que possam organizá-las em conceitos ou esquemas e armazená­

las para uso posterior, em uma variedade de situações (TKAC, 2004). De acordo

com as dimensões do desenvolvimento, todas as mudanças nos processos

intelectuais de pensamento, aprendizagem, memória, julgamento, solução de

problemas e comunicação, estariam incluídas no desenvolvimento cognitivo (TKAC,

2004). Para muitos teóricos, o núcleo do desenvolvimento se daria através de

alterações qualitativas na cognição. Desta forma, crianças de diferentes idades

teriam conceitos diferentes e pensariam de modos qualitativamente diferenciados

(ANDERSON, 1992).

Entre os 6 aos 12 anos, ocorrem mudanças consideráveis no

funcionamento cognitivo das crianças. A capacidade de realizar tarefas complexas,

principalmente aquelas relacionadas com a resolução de problemas simples e com o

aprendizado da leitura, faz com que no início deste período a criança possua uma

capacidade intelectual notável (MADRUGA; LACASA, 1995). Ao internalizar

instruções, as crianças podem modificar funções psicológicas como atenção;

percepção; memória e capacidade de resolução de problemas. Neste sentido, cabe

ao grupo cultural ao qual o indivíduo está inserido e se desenvolve, fornecer formas

de percepção e organização do real, que irão constituir os instrumentos psicológicos,

que por sua vez fazem a mediação entre o indivíduo e o mundo (RECKZIEGEL,

2000).

O desenvolvimento cognitivo influencia o pensamento, os

sentimentos e o comportamento das crianças. Elas devem aprender pela

manipulação física dos materiais e integrar estas experiências àquelas da vida real

e, à medida que adquirem a linguagem, desenvolvem suas habilidades de

pensamento e raciocínio, permitindo converter as informações que recebem em

abstrações para que possam organizá-las em conceitos ou esquemas e armazená­

las para uso posterior, em uma variedade de situações (TKAC, 2004).

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41

De acordo com as dimensões do desenvolvimento, todas as

mudanças nos processos intelectuais de pensamento, aprendizagem, memória,

julgamento, solução de problemas e comunicação, estariam incluídas no

desenvolvimento cognitivo (TKAC, 2004). Para muitos teóricos, o núcleo do

desenvolvimento se daria através de alterações qualitativas na cognição. Desta

forma, crianças de diferentes idades teriam conceitos diferentes e pensariam de

modos qualitativamente diferenciados (ANDERSON, 1992).

O maior determinante psicológico na habilidade para a programação

é a cognição. Existem os estágios do desenvolvimento cognitivo, que serão descritos

a seguir.

2.6.1 Estágio pré-operatório

Aproximadamente entre dois até os seis ou sete anos, inicia-se o

estágio pré-operatório, com as simbolizações grosseiras que se apresentam no final

do período sensório-motor e finaliza-se com as manifestações do pensamento

operatório-concreto durante os primeiros anos da iniciação escolar. Nesse período, o

indivíduo procura organizar suas operações com o objetivo de tomar contato com o

mundo dos símbolos. Caracteriza este pensamento uma forte dependência dos

elementos perceptivos sobre os lógicos na resolução de problemas com objetos

concretos, com acentuada presença do pensamento egocêntrico e a impossibilidade

de descentralização e reversibilidade cognitiva (GABBARD 1992 apud GONZÁLEZ,

2000).

O chamado por alguns autores período de transição, observado por

Piaget et al apud González (2000), caracteriza-se por apresentar elementos do

estágio precedente, neste caso o pré-operatório, e do estágio ao qual o

desenvolvimento se dirige, o operatório.

2.6.2 Estágio das operações concretas

Aproximadamente aos 6-7 anos, parte dos indivíduos entra no

terceiro estágio de desenvolvimento cognitivo de Piaget apud González (2000), o

operatório-concreto. Neste nível de desenvolvimento, as crianças ganham a

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42

habilidade para conservar, colocando uma das maiores características deste estágio,

a capacidade de descentralizar a atenção de uma única variável numa situação

problema.

De maneira diferenciada ao estágio pré-operatório, esta habilidade

para descentralizar a atenção, própria do estágio operatório, pode ter uma

importante implicação para o desenvolvimento motor, particularmente com referência

aos jogos de situação (PAYNE; ISAACS, 1991 apud GONZÁLEZ, 2000). Também

neste estágio de desenvolvimento, as crianças gradualmente adquirem a habilidade

para mentalmente modificar, organizar ou reverter eventos em seus processos de

pensamento, o que permitiria o aparecimento da antecipação, com maior nível de

intervenção nas ações motoras.

Dos sete aos onze ou doze anos, é o período que, na criança,

aparecem as operações lógicas, os sentimentos morais e sociais de cooperação.

Este estágio, em relação ao anterior, se caracteriza pela obtenção da capacidade de

reversibilidade e descentralização, bem como uma marcada diminuição do

egocentrismo intelectual, que lhe permite organizar e estabilizar o mundo dos

objetos e dos fatores que estão em sua volta (GABBARD, 1992 apud GONZÁLEZ,

2006).

Em um estudo desenvolvido por González (2000), ficou comprovado

significativamente que crianças com níveis de desenvolvimento cognitivo diferentes,

possuem um desempenho na realização de determinadas habilidades motoras

usadas em jogos desportivos de situação, de cooperação e de oposição. No estudo,

ficou claro que as estruturas operacionais diferenciadas, identificadas para estes

estágios, ou ainda, diferentes inteligências, influenciam as possibilidades de análise,

reflexão e situação nos jogos de situação de tomada de decisão constante. A

incapacidade para considerar os múltiplos aspectos de um problema, inibe o esforço

da criança para participar de jogos ou atividades que envolvam complexas

estratégias ou múltiplos movimentos. Crianças pequenas que são envolvidas em um

jogo de futebol, por exemplo, tem sua atenção somente focalizada em seu objetivo

de marcar um gol, e no elemento que perceptivelmente lhe é mais relevante, a bola.

Nesse sentido as crianças são insensíveis à possibilidade de dar um passe a um

colega de jogo de equipe.

No próximo tópico a inteligência será abordada, à qual é outro

assunto importante deste estudo.

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43

2.7 Inteligência

Muitos autores escreveram sobre inteligência e algumas vezes, no

cotidiano do dia a dia menciona-se: tal sujeito é inteligente! O importante então é

definir: O que é inteligência? A palavra inteligência tem sua origem na junção de

duas palavras latinas: inter = entre e eligere = escolher. Em seu sentido mais amplo,

significa a capacidade cerebral pela qual conseguimos penetrar na compreensão

das coisas escolhendo o melhor caminho. A formação de idéias, o juízo e o

raciocínio são freqüentemente apontados como atos essenciais à inteligência

(ANTUNES, 2000).

Analisando as raízes biológicas da inteligência, descobriu-se que ela

é produto de uma operação cerebral e permite à pessoa resolver problemas e até

mesmo criar produtos que de alguma forma, venham a ter valor para a cultura da

humanidade. Dessa forma a inteligência retira os seres humanos, de problemas,

sugerindo opções que, em última forma, levam a escolha da melhor opção para a

solução de um problema gerado (ROSA NETO; TREMEA, TKAC, 2003).

A inteligência não constitui só os elementos neurológicos sozinhos,

independentes. De acordo com alguns estudos, desenvolveu-se a noção de ecologia

cognitiva, na qual, se avançou para promover avanços que fogem apenas do

conceito, mostrando que fora da coletividade, desprovido do ambiente, o individuo

não pensaria. Todas as inteligências humanas são um conjunto formado pelos

componentes de uma ecologia cognitiva que engloba o ser humano. O individuo não

seria então inteligente, sem sua língua, sua herança cultural, sua ideologia, sua

crença, sua escrita, seus métodos intelectuais e outros meios do ambiente (ROSA

NETO; TREMEA, TKAC, 2003).

A inteligência tem ligação direta com a felicidade, se a mesma for

analisada, fazendo-se uma associação das habilidades que compõe a inteligência. A

inteligência nas escolas está perdendo o foco, no ponto de vista desenvolvimentista.

A criança só reproduz coisas, e não ás cria. Os professores repassam informações

que as filtrou em suas mentes, e os alunos absorvem, fazendo assim uma espécie

de reprodução de coisas (ROSA NETO; TREMEA, TKAC, 2003). Na verdade o papel

do professor, numa visão das descobertas dos comportamentos cerebrais, é de

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44

estimular a criança à aprender a aprender. Criar, resolver, identificar, analisar,

sugerir, criticar, refletir. Deve haver uma produção de conhecimento e não uma

reprodução (ROSA NETO; TREMEA, TKAC, 2003).

A capacidade intelectual geral ou inteligência geral é um dos

conceitos mais vagos e evasivos. Com certeza poucos tipos de conceito foram

conceitualizados de modos tão diferentes. A perspectiva psicológica da psicologia do

processamento de informação começou a dominar as teorias e pesquisas

contemporâneas sobre capacidades humanas, em especial a intelectual. O estudo

mais famoso sobre inteligência foi feito em um simpósio chamado de Intelligence

and it’s Measurement (Inteligência e Sua Medição) em 1921. Nesse simpósio vários

autores discutiram e definiram inteligência:

A capacidade de dar respostas verdadeiras ou factuais (E. L. Thorndike)

A capacidade de aprender e adaptar-se ao ambiente (S. S. Colvin)

A capacidade de adquirir habilidades (H. Woodrow)

Sternberg com outros pesquisadores definiram inteligência como

sendo resumida em três fatores: inteligência verbal, solução de problemas e

inteligência pratica e foram tomados como caracterizando conceitos de especialistas

sobre inteligência. Siegler e Richards (1982 apud STERNBERG, 1992, p.19)

pediram a sujeitos que definissem inteligência em crianças de diferentes faixas

etárias, e ela foi definida como sendo menos perceptual-motora e como mais

cognitiva, com o aumento da idade. Segundo Sternberg (1992, p.20) para

especialistas e pessoas leigas, o conceito de inteligência era similar e até possuem

correlações estatísticas significativas, mais para os especialistas, a motivação é um

fator importante da inteligência “Acadêmica” o que não apareceu nas opiniões das

pessoas leigas. Em segundo plano os fatores sócio-culturais parecem ser mais

salientados pelas pessoas leigas do que para os especialistas em inteligência

(STERNBERG, 1992).

Os bebês recém nascidos, têm cerca de 100 bilhões de neurônios,

células localizadas em maior parte no cérebro, encarregadas de receber e transmitir

impulsos nervosos, prontos para serem requisitados e começar a trabalhar. Essa

rede neural deve ser exercitada por toda vida. É ela que está ligada a inteligência e

conduz a evolução da capacidade motora, sensitiva e cognitiva dos indivíduos. Até

oito meses, segundo Stringuetto et al (1999, apud ROSA NETO et al, 2003), esses

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neurônios estão no auge das suas atividades e criam cerca de 100 trilhões de

conexões (as sinapses) entre si. Por isso, os três primeiros anos de vida são cruciais

para estimular as aptidões. Nessa fase, o aprendizado, por causa da facilidade das

sinapses acontecem, é aceleradíssimo.

Durante o primeiro ano de vida, o cérebro triplica de tamanho

chegando à cerca de um quilo (no adulto, pesa 1,35). Por volta dos dois anos, o

cérebro da criança contém o dobro de sinapses e consome duas vezes mais energia

que o de um adulto. Após os três anos, o desafio é manter a grande rede de

sinapses que se formou. Isso porque até chegar aos cinco anos essas ligações, por

um processo natural do ser humano, podem ficar reduzidas à metade. Para tentar

minimizar essa perda é necessária a estimulação. Estimular é apresentar à criança

situações novas com as quais ela possa se relacionar, um ambiente rico e diverso,

que estimule os cinco sentidos e o aspecto emocional. Tudo o que a criança vê,

ouve, sente, cheira e come, vai esculpir áreas no cérebro que serão úteis para a vida

futura (ROSA NETO; TREMEA, TKAC, 2003).

Dentro dos assuntos sobre a inteligência, o tópico a seguir

descreverá os aspectos motores da mesma: a inteligência motora.

2.7.1 Inteligência motora

Terman (apud Gardner, 1998), via como "perturbado" qualquer um

que pensasse que uma pessoa capaz de "manejar ferramentas habilmente, ou jogar

beisebol", era tão inteligente quanto alguém "capaz de resolver equações

matemáticas". Entretanto, se for se pensar, nos significados criados pelos

coreógrafos e transmitidos pelos dançarinos, ou na tremenda habilidade dos

alpinistas suspensos em um penhasco, já não parece tão estranho defender essa

inteligência. Como esses exemplos indicam, a Inteligência Corporal-Cinestésica

envolve o uso de todo o corpo ou de parte do corpo para resolver problemas ou criar

produtos. Operações centrais associadas a essa inteligência são o controle sobre as

ações motoras amplas e finas, e a capacidade de manipular objetos externos.

Os fundamentos biológicos desta inteligência são complexos. Eles

incluem coordenação entre sistemas neurais, musculares e perceptuais. A existência

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46

de uma inteligência corporal-cinestésica é apoiada pelas apraxias (síndromes

neurológicas tipicamente relacionadas a lesão do hemisfério esquerdo). Pessoas

com apraxias são incapazes de realizar seqüências de movimentos apesar da

capacidade de compreender um pedido de que realizem uma seqüência de

movimentos e da capacidade física de executar cada movimento desta seqüência.

Gardner, especula que o desenvolvimento da inteligência corporal-cinestésica

avança de reflexos iniciais, como sugar, para atividades cada vez mais intencionais,

para a capacidade de imitar e criar, usando o movimento. Além de dançarinos e

alpinistas, malabaristas, ginastas e outros atletas exemplificam esta inteligência

(KREBS, apud TKAC, 2004).

É possível, segundo Krebs (2000, apud TKAC, 2004), delinear um

modelo conceitual que explique uma modalidade de inteligência, a inteligência

motora, como uma relação de interdependência entre três competências: (a) físico­

cinestésica, (b) percepto-cognitiva e (c) sócio-emocional. A proposição desta

modalidade de inteligência está inspirada nas idéias Sternberg (1992) e Gardner

(2001), que propõem modelos de inteligências múltiplas. Apoiado em premissas de

que o estímulo interno cria um relacionamento da criança consigo mesma,

caracterizando o que se entende que seja a consciência corporal, e que o estímulo

externo cria o relacionamento da criança com os outros e demais elementos do

mundo externo, caracterizando sua consciência espaço-temporal, o paradigma

Inteligência Motora em Contexto de Krebs (apud TKAC, 2004), (figura 3), busca

mostrar a indissociabilidade entre esses dois níveis de consciência, enfatizando a

suposição holística de que o todo não é somente a soma das partes, mas que cada

parte reflete também, além de suas características exclusivas, as característica

dominantes no todo.

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47

INTELIGÊNCIA MOTORA

CONSCIÊNCIA CORPORAL

ESPACIO­TEMPORAL

COMPETÊNCIA FÍSICO­

CINESTÉSICA

COMPETÊNCIA PERCEPTO­COGNITIVA

COMPETÊNCIA SÓCIO-AFETIVA

Figura 3 - Esquema do Paradigma da Inteligência Motora Fonte: Krebs (2000, p.21) apud Tkac (2004, p.100)

Enquanto as crianças se envolvem na importante e excitante tarefa

de aprenderem a motivar-se mais efetiva e eficientemente através de seus

contextos, elas estão desenvolvendo segundo Gallahue e Ozmun (2005), uma

variedade de destrezas motoras fundamentais e melhorando seus níveis de aptidão

física. Em outras palavras, elas estão aprendendo a movimentar-se com alegria,

eficiência e controle.

As crianças também aprendem através do movimento. Para elas, o

movimento é um veículo para a exploração de tudo o que esteja a seu redor

(exploração do seu mundo). Isso promove suas aprendizagens perceptivo-motoras e

de conceitos, além de promover um autoconceito positivo e uma socialização,

também positiva. A natureza indissociável dos aspectos físicos, cognitivos e afetivos

do desenvolvimento das crianças é o fio condutor de uma Educação Física

Desenvolvimentista (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

2.7.2 Teorias do processamento de informação sobre a natureza da inteligência

humana

As teorias de processamento de informação ou teorias cognitivas da

inteligência tentam compreender a inteligência humana em termos de processos

mentais que contribuem para o desempenho de tarefas cognitivas. Uma diferença

fundamental entre elas é o nível enfatizado do funcionamento cognitivo ao tentarem

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48

explicar a inteligência. Alguns pesquisadores tentaram compreender a inteligência

em termos de velocidade absoluta de processamento de informações, e usaram as

tarefas mais simples que podiam imaginar a fim de medirem a velocidade pura, não

contaminada por outras variáveis. Em outro extremo, investigadores estudaram

formas muito complexa de soluções de problemas, onde não era enfatizada a

velocidade do funcionamento no processamento mental. Em geral a velocidade do

processamento de informação foi salientada pelos pesquisadores que estudaram as

formas mais complexas de processamento (STERNBERG, 1992). O autor ainda cita

que, os resultados das pesquisas correlacionando inteligência e velocidade de

processamento de informação, possuem uma correlação enfraquecida e se existe

qualquer relacionamento entre as medições de velocidade absoluta e de inteligência

psicometricamente medida, o relacionamento, como citado acima, é fraco.

Existem três mecanismos envolvidos no tratamento das

informações: fase perceptiva, responsável pela síntese aferente das condições

externas e internas, a fase de tomada de decisão, encarregada de analisar a

situação e programar o movimento em relação ao objetivo respectivo da ação, e por

ultimo, a fase efetora responsável pela execução do movimento planejado

(MARTENUIK, 1976 et al apud GONZÁLEZ, 2000).

Hunt (1980 apud STERNBERG, 1992), propôs que as diferenças

individuais na inteligência verbal podiam ser compreendidas amplamente em termos

de diferenças entre a velocidade individual de acesso a informação léxica na

memória de longa duração. Sternberg (1992) propôs que a inteligência está baseada

em três faces: a primeira abrange metacomponentes, ou processos executivos, tais

como decidir sobre a natureza do problema e selecionar uma estratégia para a

solução. A segunda são os componentes de desempenho, ou processos não-

executivos, usados na execução real de uma estratégia de solução de problemas, e

por fim, os componentes de aquisição de conhecimentos, ou processos utilizados

para adquirirem-se novas informações. Foi proposta assim um conjunto de cada tipo

de processo que deveria explicar adequadamente o funcionamento na maioria das

tarefas intelectuais usadas em testes de laboratório e testes de QI.

Sternberg (1992) levanta uma questão interessante: em que ponto

da prática os três mecanismos envolvem mais o desempenho inteligente? O próprio

autor ressalta a suspeita que as tarefas e as situações medem mais

apropriadamente o desempenho de inteligente quando e as próprias tarefas são

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49

inéditas na experiência de uma pessoa ou então ao contrário, quando são tão

habituais que o seu desempenho está se tornando automático e, portanto,

essencialmente inconsciente. Então se pode afirmar que os componentes são

melhores medidos no início da experiência de um sujeito com uma tarefa, ou muito

mais tarde, quando então o processamento está se tornando automatizado

(STERNBERG, 1992).

Há uma relação entre inteligência e o mundo externo. O

comportamento inteligente é, em última análise, o comportamento que envolve a

adaptação aos ambientes no mundo real da pessoa, ou sua seleção ou modelagem.

A adaptação ocorre quando um sujeito tenta atingir um “bom ajuste” como ambiente

no qual se encontra. A Seleção ocorre quando uma pessoa decide encontrar um

novo ambiente, em vez de se adaptar ao ambiente no qual já está (esta decisão

poderia ser motivada por uma decisão de que o ambiente atual é moralmente

repreensível, ou inapropriado, ou inapropriado para talento ou interesses do

individuo, e assim por diante) (STERNBERG, 1992).

Na década de 60 vários estudiosos da areada inteligência

abandonaram a teoria da aprendizagem tradicional e se envolveram com o conceito

dos modelos de processamento de informações (STERNBERG, 1992). Em um

estudo conduzido com crianças de diferentes faixas etárias, a tarefa era identificar

figuras exibidas em uma variedade de contextos. Os resultados encontrados foram

de que na colocação de estratégias, as crianças mais velhas diferem das mais

novatas, e os indivíduos mais brilhantes diferem de seus companheiros menos

inteligentes (STERNEBRG, 1992).

Flavell (1970 apud STERNBERG, 1992) ofereceu uma proposta de

estudos com crianças e conseguiu demonstrar que as crianças tornam-se mais

propensas, à medida que crescem, a produzir espontaneamente estratégias,

visando facilitar a recordação subseqüente e também demonstrou que as crianças

pequenas podiam usar tais estratégias, embora não as produzissem

espontaneamente. Até mesmo estímulos mais simples, possibilitavam que as

crianças pequenas ensaiassem por exemplo, itens recordados durante um intervalo

de tempo (e como resultado), aumentando significativamente a capacidade de

memorizar as coisas. A maioria das crianças acima dos sete anos de idade, começa

a usar estratégias sem treiná-las e essas estratégias não são ensinadas

Page 51: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

50

explicitamente nas escolas. As crianças tendem a adquiri-las de um modo quase que

“sem querer” (STERNBERG, 1992).

Rohwer (apud STERNBERG, 1992) afirma que crianças mais

capazes possuem dominância de estratégias, e a instrução que é dada pelo

professor não tem a necessidade de ser tão detalhada. Rohwer investigou o uso de

processos de elaboração para a facilitação da aprendizagem e na sua investigação

descobriu que quanto mais jovem ou mais atrasado for um aluno ou aprendiz, será

necessário um estímulo de maior quantidade e qualidade que faz surgir um

desempenho melhor em suas atividades.

Segundo alguns estudiosos, e interessando ao presente estudo, para

as crianças na fase da terceira infância, seriam observadas melhoras gradativas em

aspectos específicos do seu desenvolvimento cognitivo, principalmente com relação

ao conhecimento e perícia, provavelmente devido ao aprendizado escolar. O

aumento da capacidade de armazenamento, e velocidade do processamento de

informações, também seriam observáveis durante esta fase, o que afetaria o

desenvolvimento cognitivo da criança. O aumento da capacidade de armazenar e

lidar com as informações, assim como um raciocínio mais complexo, faria com que

as crianças melhorassem sua capacidade de compreender o que lêem, sua

capacidade de se expressar verbalmente e de realizarem diversas tarefas

(PAPALIA; OLDS, 2000).

O próximo assunto, abordará a imagem mental como requisito e

aumento da inteligência.

2.7.3 Enfoques à imagem mental

Pode-se dizer que a imagem mental foi identificada com a percepção

da coisas. As imagens visuais são como as representações produzidas nas partes

centrais do cérebro, quando ainda não se sabe muito sobre qualquer espécie de

representação. A imagem que as pessoas adquirem com a experiência parece

compartilhar muita das propriedades das fotografias. Seja o que for que esteja

acontecendo no cérebro quando se imagina algo, isso produz uma representação

que possui certas propriedades funcionais ou seja, as imagens mentais podem agir

como se fossem objetos espaciais rígidos que pudessem ser observados e assim

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51

por diante, mais isso não é garantido nem obviamente verdadeiro. O que é provado

por Sternberg (1992) é que quando por exemplo, se você se imagina fazendo algo

que nunca foi realizado (por exemplo, uma rebatida no beisebol) e pratica essa

tarefa, ela será produzida com um melhor desempenho do que se você não tivesse

imaginado nada daquilo.

Junto com os assuntos relacionados à inteligência e processamento

de informações, o próximo conteúdo explicará e fará uma ponde de ligação dos

jogos desportivos coletivos.

2.8 Os jogos desportivos coletivos

O desporto é um fenômeno que está inserido na sociedade. É uma

criação do homem, que apareceu e se desenvolveu conjuntamente com a

civilização. O conhecimento e a prática do desporto constituem atos de cultura que,

são no Brasil, relevantes. Ao mesmo tempo, o desporto constitui um excelente meio

da educação física , componente também importante e inseparável da educação

geral e multilateral, característica no mundo contemporâneo (TEODORESCU, 2003).

A necessidade de intensificar a atividade de educação física

desportiva, segundo Teodorescu (2003), impõe-se tanto mais quanto hoje é

unanimemente reconhecido como a vida moderna, a civilização, para além das

consideráveis vantagens que criou e continua a criar, trás consigo o período de uma

involução das capacidades físicas do homem.

Os investimentos no desporto são de sempre compensadores,

obtendo-se: reduções nas despesas com medicamentos, lugares em hospitais,

diminuição das percentagens de falta ao trabalho e aumento da produtividade

(TEODORESCU, 2003).

O seu tão apreciado caráter formativo, deve-se ao fato da prática dos

jogos desportivos coletivos, acumular as influências e os efeitos positivos do

desporto e do exercício físico, com as influencias e efeitos educativos do jogo

(TEODORESCU, 2003).

Os jogos desportivos coletivos, segundo Teodorescu (2003), podem

ser considerados de diversos postos de vista: sendo estes psicológicos, sociais,

cognitivos, psicomotores e pedagógicos. Caracterizam-se pela aciclicidade técnica,

Page 53: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

52

por solicitações e efeitos acumulativos (globais e não seletivos), tomadas de

decisões simples e complexas, processamento de informações, imagem mental para

a solução de tarefas, capacidade de antecipação, morfológico-funcionais e motores,

intensa participação psíquica, dentre outros (figura 4) (TEODORESCU, 2003,

GARGANTA, 2002).

Figura 4 - Esquema das demandas de antecipação nas MEC (SCHELLENBERGER, 1990) Fonte: Silva e Rose Junior (2005, p.80)

A figura 5 demonstra a relação entre o desporto coletivo e as

capacidades táticas que o praticante desenvolve com o passar do temo de prática

(SILVA; ROSE JUNIOR, 2005).

Figura 5 - Modelação das fases da ação tática (MAHLO, 1970) Fonte: Silva e Rose Junior (2005, p.78)

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53

Já a Figura 6 representa um esquema dos objetivos táticos a serem

percebidos e processados pelos praticantes (SILVA; ROSE JUNIOR, 2005).

Figura 6 - Classificação dos objetivos percebidos nas MEC (SCHELLENBERGER, 1990) Fonte: Silva e Junior (2005, p.79)

Teodorescu (2003) afirma que com a prática dos jogos desportivos,

se obtém, igualmente, uma evidente e benéfica influência sobre as grandes funções

do organismo: circulação, respiração, etc. A prática sistemática dos jogos

desportivos asseguram níveis funcionais ótimos, determinados pelos graus de treino,

o qual se obtém e depois mantém, se a atividade não for interrompida. Também é

muito importante a influencia positiva exercida do âmbito da motricidade, assunto

que foi abordado anteriormente.

O autor ainda faz referencia a algumas variáveis que os jogos

desenvolvem:

Destreza

Velocidade

Potencia

Resistência

Motricidade fina e Global

Espírito coletivo

Espírito de organização

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54

Habilidades motoras específicas para o desporto

Habilidades cognitivas (raciocínio)

Habilidade estratégico-táticas

A seguir, como o tópico presente assinalou uma abordagem

resumida das características do desporto coletivo, o tópico seguinte abordará os dois

jogos desportivos coletivos específicos e importantes para este trabalho, o futebol e

o futsal.

2.9 Inteligência tática, futebol de campo e futebol de salão

Atualmente o futsal é considerado um dos esportes mais praticados

no Brasil principalmente no meio escolar. Pode-se facilmente verificar isto pelo

grande número de escolinhas e pelo destaque que é dado ao esporte pelos

professores na escola, e também pela facilidade com que pode ser jogado e a

grande divulgação pelos meios de comunicação, atraindo cada vez mais adeptos

(ETCHEPARE et al, 2004).

Em todos os esportes, especificamente no futsal, para um processo

de formação adequado deve-se buscar o desenvolvimento geral das capacidades

técnicas e táticas. Desta forma no aluno de futsal, o desenvolvimento das

capacidades estratégico-taticas, cognitivas de percepção, antecipação e tomada e

decisões, são imprescindíveis. A educação psicomotora é à base do processo de

aprendizagem para que assim a criança aprenda gestos técnicos. Então é

necessário que antes ela aprenda movimentos básicos como correr, saltar e rolar.,

para após ela se especializar. No futsal, as capacidades psicomotoras equilíbrio,

ritmo, coordenação e noções de espaço e tempo são fundamentais para o

aprendizado da técnica individual, e também de aspectos referentes a tomada de

decisão, ações táticas que dão fluência ao desporto (SAAD, 1997 apud

ETCHEPARE et al, 2004).

Segundo Isaia (1995 apud ETCHEPARE et al, 2004) o ser humano

possui distintas capacidades, ou competências intelectuais que operam de acordo

com seus próprios procedimentos, possuindo uma história de desenvolvimento

própria e um específico sistema de regras de funcionamento. Estas competências

incorporam habilidades diversificadas, sendo consideradas, a partir disto,

inteligências múltiplas ou estruturas da mente. Neste sentido, o estudo de González

Page 56: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

55

(2000) permite novamente estabelecer uma aparente relação entre o pensamento

operatório e maior capacidade de elaborar estratégias para operar no jogo de

situação e, desta maneira, o caráter de pensamento em transição permitiria

apresentar características tanto do nível pré-operatório como do operatório.

Meinel e Schnabel (1988 apud GONZÁLEZ, 2000) descreveram que,

por volta dos sete anos, as crianças manifestam um aumento em sua capacidade de

antecipação, que pode ser percebida, através de uma maior capacidade para

combinar, por exemplo padrões motores básicos.

Há evidencia de que o desenvolvimento cognitivo seja um fator

importante para resolver os problemas do jogo de situação, sendo capaz de

influenciar na possibilidade de seleção dos recursos táticos no decorrer do mesmo

(MEINEL; SCHNABEL, 1998 apud GONZÁLEZ, 2000).

Nos jogos com bola, quanto maior a inteligência da criança, melhor

serão tomadas as decisões durante o jogo. Uma das inteligências que mais se

destaca é a cinestésico-corporal, porque se trata da habilidade de usar a

coordenação motora (grossa ou fina) no controle dos movimentos do corpo e na

manipulação de objetos com controle, agilidade. A inteligência cinestésico-corporal é

considerada uma das mais importantes para os aprendizes em fase de ensino-

aprendizado, pois permite a resolução de problemas, ou a criação de movimentos

através do uso de determinadas partes do corpo, ou dele inteiro. Essa inteligência

pode ser percebida quando os alunos ou atletas de futsal e futebol, têm total domínio

da bola em movimento (COTRIN, 2001 apud ETCHEPARE et al, 2004).

Os trabalhos de Gardner apontam como núcleo central o caráter

múltiplo que a inteligência apresenta, e a possibilidade de se poder olhar para as

suas manifestações, não mais sob a perspectiva de uma grandeza a ser medida, ou

como um conjunto de habilidades isoladas, mas como uma teia de relações formada

por todas as dimensões estabelecidas. Nepicc/Geaih (apud Piccolo, 2004),

compreendem inteligência, como um comportamento observável do indivíduo que se

manifesta de formas múltiplas, indicando uma integração dos sistemas internos com

os estímulos externos, visando solucionar problemas que tenham relação com o

contexto cultural em que esse indivíduo está inserido. A partir desse comportamento

podem surgir outros, fundamentados na experiência anterior, buscando outros níveis

de integração entre o homem e o ambiente. A partir do conceito de que a inteligência

envolve, entre outros aspectos, a capacidade de resolver problemas, admitir essa

Page 57: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

56

habilidade no caso da inteligência corporal-cinestésica, pode, a princípio, não ser tão

claro e evidente. Entretanto, ao observar-se a sutileza e a criatividade utilizadas na

expressão corporal, desempenhada por exemplo numa dança, na habilidade de um

jogador em campo, ou ainda na apresentação de uma ginasta, é possível concluir

que o corpo em movimento se defronta com desafios que podem ser superados e

desenvolvidos de diferentes maneiras. Acredita-se que os professores de Educação

Física podem estimular essa potencialidade humana, no espaço e tempo das aulas

escolares, ou nas aulas de escolinhas de futsal. Para isto, devem oferecer e

propiciar problemas corporais (ETCHEPARE et al, 2004).

Um estudo apresentado por Piccolo et al (2004) sobre interferência

do professor em decisões tomadas, influenciando crianças durante situações de

jogo, ficou claro dois pontos importantes que aparecem no aspecto decisão-

professor: num aspecto positivo, a mediação de um professor dada no decorrer do

jogo, interferiu como uma ação interessante, porque permitiu que jogadores não

desviassem da meta principal a ser atingida, que era de recuperar a bola antes dela

cair no chão. Mais em um aspecto negativo, nesse estudo ficou possível analisar

que, ações de professores, impedem que os alunos obtenham plena possibilidade

de tomar decisões para resolver os problemas com autonomia, pois a ação dos

participantes ficam centradas nas instruções do professor.

Piccolo et al (2004) afirmam que, em momentos de execução de um

receber, por exemplo, componentes do desenvolvimento perceptivo-motor entram

em ação, como percepção temporal e espacial, além de velocidade de reação e

coordenação da própria ação. Neste sentido, concorda-se com Gardner (apud

Piccolo et al, 2004), sobre a questão de que, as situações problema, estimulam o

potencial intelectual das pessoas e deve-se acreditar na grande possibilidade de

alcance dos jogos, em apresentarem essas situações.

Segundo Gallardo et al (apud PICCOLO et al, 2004), na aulas de

Educação Física Escolar e escolinhas esportivas, as estratégias de ensino no

trabalho com jogos devem ser designadas por ações problematizadoras (ou como

comumente são chamadas de situações- problema). Afirmam os autores que, desta

maneira, é possível ensinar “sem dar tudo pronto”, pois, atitudes imediatistas por

parte do professor, impedem que se dê à criança oportunidade de pensar, se auto-

organizar para buscar a sua resposta à situação-problema que lhe foi proposta.

Sendo assim, entende-se que o princípio da problematização se estabelece quando

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57

a ação do professor deixa de ser diretiva e passa a ser investigadora, quando deixa

de ser imediatista e passa a ser mediadora, quando proporciona ao aluno a

possibilidade de tomar decisões, de pensar e agir reflexivamente, de assumir

posições diante de situações de conflitos, enfim, quando deixa de reforçar o

exercício da heteronomia e passa a se constituir no caminho para a construção da

autonomia.

Nos dias de hoje ainda é grande a preocupação com os jogos

desportivos coletivos e seus métodos de ensino. Observa-se ainda a estagnação da

didática do jogos desportivos coletivos através dos mesmos meios reproduzidos

desde a década de 60. Não é raro verificar-se métodos de ensino ainda com

maneiras fragmentadas do jogo em seus elementos técnicos (passe, drible,

lançamento, arremesso, etc.) esse método de ensino, não o desmerecendo, dificulta

muito a tomada de decisão que o desporto exige no seu todo. Ele dá ênfase no

aspecto técnico fechado, ou seja, a habilidade sem interferência do meio (opositor e

companheiro), o qual, para as modalidades desportivas coletivas, na maioria das

vezes, é classificado como sendo aberto, fazendo com que o praticante enfrente

situações que exijam componentes técnicos, mais acima de tudo, que esses

componentes técnicos seja adaptáveis a quaisquer situações que jogo desportivo

exija. O que não ocorre em praticas parciais, fragmentadas (VELEIRINHO, 1999).

O que ocorre na maioria das vezes, é a falta de motivação do aluno

com a prática fragmentada. Realizar um passe, um chute, uma cortada, uma

bandeja, parcialmente, facilitará o desenvolvimento do gesto técnico, mais ocultará o

aspecto tático, de como realizar determinada ação em situação de jogo real. Neste

sentido, nos últimos anos, se tem dado atenção por alguns pesquisadores

pedagogos desportistas, à pratica dos aspectos técnicos em situações de jogo, de

maneira adaptada, com campos menores, bolas de acordo como tamanho da

criança, regras mínimas, etc. Esse método é chamado de Jogos Reduzido ou Jogos

Condicionados, pois os mesmos facilitam e possibilitam o aprendizado dos jogos

desportivos coletivos mais significativamente. É uma espécie de jogo formal

transformado para as necessidades da criança. Com essa maneira de ensino, pode-

se concretizar vários objetivos, como: o jogo estar sempre presente, os elementos

estruturais do jogo estarem sempre presentes, conservados, as ações de ataque e

defesa e vice-versa estarem sempre possíveis, e as tarefas dos jogadores não

Page 59: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

58

estarem totalmente determinadas, mantendo, em determinadas situações de jogo o

praticante escolher diferentes formas de soluções cabíveis (VELEIRINHO, 1999).

O futebol assim como também o futsal, pertencem a um grupo de

modalidades com características próprias e comuns, habitualmente designadas por

jogos desportivos coletivos (JDC). Caracterizam-se por exigirem do participante

relações de oposição, por causa do adversário com quem se defronta, e

cooperação, devido a relação que existe com os demais companheiros de equipe.

Os jogadores devem assim, coordenar suas ações com a finalidade de recuperação,

conservação e progressão da bola no terreno do jogo, tendo como objetivo principal,

a criação de situações de finalização e assim marcar o gol (GARGANTA, 2002).

Descrevendo as características táticas do futsal, o problema que

aparece em primeiro escalão é de o praticante saber o que fazer, para poder

resolver o problema subseqüente, e o como fazer, selecionando e usando a

resposta motora mais adequada. Esse desporto então, exige que os praticantes

possuam uma adequada capacidade de decisão, que decorre de uma ajustada

leitura de jogo, para poderem materializar a ação, através de recursos de ordem

motora específicos, genericamente chamados de técnica (conjunto de atividades

humanas, ou habilidades humanas que são usadas em determinados momentos,

para a solução de problemas, obtendo um resultado positivo, com um menos gasto

energético) (GARGANTA, 2002).

Desde a década de 60, o ensino dos jogos desportivos, tem se

fixado em grande parte no ensino da técnica em si, com um ambiente que não gera

os constrangimentos que o futsal gera realmente. Pouco se ensinava taticamente a

anos atrás. É sabido então que a técnica quando ensinada, através de situações

que ocorrem à margem dos requisitos táticos, ela adquire um transferência suprema

para o jogo (GARGANTA, 2002). Um jogador de futsal ou futebol, cientificamente

considerado bom, é antes de mais, aquele que é capaz de selecionar as técnicas

mais adequadas para responder as sucessivas exigências do jogo. Por isso o ensino

da técnica no futebol e futsal, não deve restringir-se aos aspectos biomecânicos,

mais, atender sobretudo às imposições da sua adaptação inteligente às situações de

jogo (GARGANTA, 2002).

De acordo com as idéias de Garganta (2002), a técnica aprendida da

maneira correta, é um dos fatores que levam o executante a resolver os problemas

que o jogo coloca. Além disso, também é necessário que os praticantes assimilem

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59

um conjunto de princípios que vão do modo como cada um se relaciona com o móbil

do jogo (bola), até à forma de comunica com os colegas e contra-comunicar com os

adversários, passando pela noção de ocupação racional do espaço de jogo.

Existe assim um sistema de conhecimento, nos desportos coletivos

(figura 7), que decorre de regras de ação, regras de organização e capacidades

motoras, como mostra Gréhaigne et al (1995, apud GARGANTA, 2002).

REGRAS DE AÇÃO REGRAS DE GESTÃO

E ORGANIZAÇÃO

CAPACIDADES MOTORAS

ORGANIZAÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL

Figura 7 - Esquema dos conteúdos do conhecimento em desportos coletivos (adap. Gréhaigne e Godbout, 1995) Fonte: Garganta (1997, p.91).

Na opinião de Garganta (2002), atualmente, existem especialistas

que defendem a utilização de uma pedagogia de situações-problema, que

representam uma continuidade lógica dos modelos de ação motora inesperados nas

ciências cognitivas e nos modelos sistêmicos. Assim, diz-se que se há uma transição

dos modelos analíticos para modelos sistêmicos, no qual os pressupostos cognitivos

do praticante de futsal e a equipe são elementos fundamentais.

Existe assim, uma importância grande na identificação dos traços

que constituem indicadores de qualidade nesse grupo de desportos coletivos onde o

futsal está inserido (RINK et al, 1996 apud GARGANTA, 2002).

Esses traços estão descritos a seguir:

Quanto à cognição:

a) Conhecimento declarativo e processual organizado e estruturado

b) Processo de captação da informação

c) Processo de decisão rápido e com precisão

d) Rápido e preciso reconhecimento dos padrões de jogo (sinais pertinentes)

e) Superior conhecimento tático

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60

f) Elevada capacidade de antecipação dos eventos do jogo e das respostas do

oponente

g) Superior conhecimento das probabilidades situacionais (evolução do jogo)

Ao nível da execução motora:

a) Elevada taxa de sucesso na execução das técnicas durante o jogo

b) Elevada consistência e adaptabilidade nos padrões de movimento

c) Movimentos automatizados, executados com superior economia de esforço

d) Superior capacidade de detecção dos erros e de correção da execução

Garganta (2002) advoga a seguir, alguns aspectos táticos do futebol

e do futsal que são interessantes para o presente estudo.

Quanto maior for o espaço de jogo mais elevada terá de ser a

capacidade para cobrir, mental e fisicamente o tal. Nesse sentido, o

desenvolvimento da progressiva extensão do campo perceptivo (da visão centrada

na bola, no jogo, no adversário, no companheiro de equipe, etc.), é um dos aspectos

mais importantes a que se deve atender na formação desportiva, na medida em que

os jogos de futebol e futsal reclamam uma atitude tática permanente. Quando na

posse da bola, o praticante então, deverá possuir um grande controle cinestésico

corporal sobre a execução do movimento, para poder utilizar a visão nas funções de

leitura do jogo (jogar de cabeça levantada) (GARGANTA, 2002).

O futebol, fugindo dos demais desportos, é um dos esportes em que

acontecem demasiadas ações de ataque, mais acontecendo poucos gols, o que já

não é visto no futsal. A média da relação entre finalizações e gols concluídos é de a

cada 50 chutes para acontecer 1 gol. Essa média é muito menor em desportos como

o handebol, onde se consegue um gol a cada minuto. Já no voleibol e basquetebol

consegue-se concretizar pontos a cada minuto, onde a média é de 2 ações de

ataque para cada 1 gol ou ponto. Esse argumento permite que, não raramente no

futebol, equipes de níveis inferiores consigam bons resultados frente a equipes de

elevado nível, o que dificilmente acontece em outras modalidades de desportos

coletivos (GARGANTA, 2002).

O que influencia as decisões no handebol, como no futebol e futsal,

também, é a colocação dos alvos, onde dependendo do posicionamento do

praticantes, as ações serão completamente diferentes, devido as possibilidades de

visualização do mesmo. O praticante terá que se adaptar a cada situação, a cada

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61

movimento que acontece com o próprio corpo e o posicionamento relativo a meta

(GARGANTA, 2002).

No ensino do futebol, futsal, voleibol, handebol, basquetebol e

outros, é importante haver uma definição dos traços das estruturas e funções que

traduzem o jogo em si, no sentido de definir os seus conteúdos, melhor orientar a

definição dos objetivos e adequar a seleção dos respectivos meios. Existem assim

dois fatores que se sobressaem em termos de relevância para o ensino-

aprendizagem, o terreno de jogo, e os princípios específicos do jogo (GARGANTA,

2002).

Para Garganta (2002) na fase da construção da presença do

adversário, deve-se então no plano ofensivo: melhorar o controle da bola,

aumentando o campo de percepção do jogador, do espaço próximo ao espaço

afastado. No plano de defensivo: adotar atitudes básicas de defesa, aprender a

orientar os apoios e a enquadrar-se defensivamente, primeiramente marcando

homem a homem, depois para a marcação por setores.

Na fase de cooperação deve-se, de acordo com alguns princípios de

jogo: No plano de ataque: depois do ensino do jogo solitário, fazer com que o

praticante tenha oponentes e colaboradores, onde o mesmo poderá criar situações

de coberturas ofensivas (apoios), linhas de passe, equilíbrio, penetrações,

mobilidade, passando para um grau maior de complexidade, criando jogos curtos e

longos (GARGANTA, 2002).

No plano de defesa: passar pelo ensino de atitudes defensivas

longas, para atitudes defensivas de curtos espaços, onde o espaço do adversário

reduzirá, os defensores poderão compor um sistema de coberturas, dobras de

marcação e outros, fazendo com que ocorra uma eficiência maior nessas situações

(GARGANTA, 2002).

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62

Figura 8 - Cadeia acontecimental do comportamento táctico-técnico do jogador no jogo (adap. Bunker e Thorpe, 1982) Fonte: Garganta (1997).

Face à cadeia acontecimental experimentada por um jogador nas

situações de jogo (figura 8), Garganta (2002) justifica a definição dos modelos

tácticos que funcionam como complexos de referência, que orientam a construção

de situações e exercícios nos processos de ensino e treino. A figura 9 representa um

complemento da cadeica acontecimental tático técnico do jogador de futebol e futsal.

Ambas as figuras, se referem que tipo de pensamento que o jogador ou praticante

deve ter, quando se pratica um desporto coletivo complexo, como são classificados

por Garganta (1997, 2002) o futebol de campo e o futebol de salão.

Figura 9 - A dimensão estratégico-táctica enquanto território de sentido das tarefas dos jogadores no decurso do jogo Fonte: Garganta (1997).

Nos Quadros 4 e 5 adaptados de Gréhaigne (1992, apud Garganta,

2002), exemplificam-se algumas regras de ação que se afiguram importantes para

que os jogadores e as equipas assegurem o cumprimento das finalidades e dos

objetivos do jogo, nas suas diferentes fases. Essas fases para Bayer (1994), são

conhecidas como princípios operacionais, de defesa e ataque.

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63

NÍVEL EQUIPE

Dispor o número máximo de recebedores potenciais

Canalizar o ataque pelos espaços mais vulneráveis do adversário

Alternar jogo direto/indireto e jogo curto/jogo longo

Variar o ritmo de jogo

NÍVEL JOGADOR

Criar linhas de passe ao portador da bola

Movimentar-se afastando-se dos adversários

Mascarar a direção do passe

Quadro 4 - Regras de ação para melhorar a ação ofensiva Fonte: Garganta (2002)

Em síntese, Garganta (2002) afirma que é necessário um conjunto

de orientações para o ensino do futsal e futebol.

A componente tática ocupa uma posição nuclear no quadro das

exigências do futsal e futebol. Os demais fatores (técnicos, físicos ou psíquicos),

devem ser abordados de forma a poderem cooperar para facultarem o acesso a

níveis táticos cada vez mais elevados. Deve assim, ser cultivado no praticante de

tanto de futsal como de futebol, desde os primeiros momentos, uma atitude tática

permanente. Quando na posse da bola, o jogador deverá utilizar as funcões

duperiores para ter uma boa leitura de jogo. O desenvolvimento da capacidade de

controle da bola, exige a criação de condições de exercitação que passam pela

necessidade do praticante efetuar contatos freqüentes e diversificados com a

mesma, para que se verifique uma melhoria do nível de execução (GARGANTA,

1997).

Page 65: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

64

NÍVEL EQUIPE

Possuir o número ideal de jogadores entre a bola e a baliza a defender

Cobrir e reforçar permanentemente o eixo central do terreno (baliza-baliza)

Enviar o ataque para a periferia (corredores laterais)

Recuperar a bola nas zonas que nos garantam um ataque eficaz

NÍVEL JOGADOR

Defender atrás da linha da bola

Pressionar o portador da bola

Fechar a linha de progressão do portador da bola para a baliza

Demorar o ataque do adversário, particularmente quando se é o último defensor

Obrigar o adversário a cometer erros, reduzindo-lhe o espaço e o tempo para jogar

Anular as linhas de passe mais importantes

Quadro 5 - Regras de ação para melhorar a ação defensiva Fonte: Garganta (2002)

O desenvolvimento da extensão do campo perceptivo é um dos

aspectos mais importantes na formação do jogador. Este deve saber jogar nos

espaços próprios, próximo e afastado. Se o número de jogadores a referenciar num

jogo, for elevado, e se a isso adicionar-se um terreno de jogo com grandes

dimensões, a percepção das linhas de força do jogo tornam-se mais complexas,

dificultando o acesso a níveis de jogo superiores. Ao nível do processo ofensivo, no

caso dos principiantes, se as situações de ensino e treino do futsal não propiciarem

a criação de várias ocasiões de finalização, o jogador perde de vista o objetivo

central do jogo (o gol), e fixa a sua atuação quase exclusivamente ao nível do jogo

de transição, o que conduz a um uso e abuso do jogo indireto (jogo com toque de

bola) em detrimento do jogo direto (jogo sem objetivo, com ênfase na velocidade de

condução da bola e arremate ao gol) (GARGANTA, 2002). Ao nível do processo

Page 66: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

65

defensivo, Garganta (2002) sugere-se que nas fases iniciais da prática do futsal, se

utilize a defesa individual nominal. Nesta situação, cada jogador tem única e

exclusivamente a responsabilidade de marcar o seu adversário direto. Quando o

jogador já domina os princípios da marcação individual, o autor defende que a

criança passaráa aprender a marcar, do tipo individual não nominal ou de transição

(individual-zonal). Esta situação é já mais complexa e requer que o defensor saiba

regular a sua marcação tendo como referência não apenas o seu oponente direto

mas também a posição da bola, dos colegas e dos adversários. Dentro deste tipo de

defesa surgem às situações e noções de cobertura, dobra e compensação, tão

importantes para o desenvolvimento do pensamento e atitude tática do praticante

(GARGANTA, 1997).

Garganta (2002) afirma que a situação de jogo 3x3, revela-se como

a estrutura mínima que garante a essência do jogo, na medida em que reúne o

portador da bola e dois recebedores potenciais, permitindo passar de uma escolha

binária, para uma escolha múltipla, preservando assim a noção importante de jogo

sem bola. Do ponto de vista defensivo, reúne um defensor direto ao portador da bola

para realizar a contenção, e dois defensores, relativamente mais afastados do

portador da bola, para concretizarem eventuais coberturas, dobras e compensações,

respeitando os restantes princípios defensivos, equilíbrio, compactação e

concentração (GARGANTA, 1997, 2002).

No ensino do futsal, o praticante que inicia deve ter acesso, à um

jogo fácil, isto é, com regras ajustadas, com número de jogadores e espaços

adequados, de modo a permitir a continuidade das ações, o domínio perceptivo do

espaço, uma freqüente participação e variadas possibilidades de chutar ao gol

(GARGANTA, 2002).

Page 67: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

66

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Tipo de pesquisa

O tipo de pesquisa utilizado para este estudo foi descritiva

correlacional, que segundo Thomas e Nelson (2002), tem como objetivo apresentar

dados quantitativos e qualitativos sobre as pessoas ou situações. Esse tipo de

pesquisa também determina e analisa relações entre variáveis. Neste sentido, para o

presente estudo, foi pretendido descrever as característica de crianças praticantes

de futsal, da cidade de Curitiba, com idade entre 8 e 11 anos, do sexo masculinio,

pertencentes à entidade SESC Paraná (bairro Portão), e tembém analisar as

relações que essas características têm entre si (THOMAS; NELSON, 2002).

3.2 Participantes

Participaram do estudo 18 crianças do sexo masculino, com idade de

8 a 11 anos, praticantes de futsal na entidade SESC Paraná, da cidade de Curitiba

do bairro Portão. Esses participantes foram escolhidos de maneira intencional,

sendo convidados os que apenas procuraram os serviços prestados pela entidade,

no período de Janeiro a Junho de 2006, das 8:00 às 12:00 horas.

3.3 Instrumentos

3.3.1 Escala de desenvolvimento motor

O primeiro instrumento utilizado no presente estudo foi a E.D.M.

que será descrita a seguir.

Para a coleta de dados foi utilizada, a Escala de Desenvolvimento

Motor – E.D.M. (ROSA NETO, 2002). Esta, é um conjunto de provas muito

diversificadas e de dificuldade graduada, conduzindo a uma exploração minuciosa

de diferentes aspectos do desenvolvimento motor da criança. A aplicação em um

Page 68: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

67

sujeito, permite avaliar seu nível de desenvolvimento motor, considerando êxitos e

fracassos, levando em conta as normas estabelecidas pelo autor. O instrumento

identifica o desenvolvimento motor de crianças de 2 a 11 anos e tem como variáveis:

Idade Cronológica (IC): é a idade ordenada de acordo com a idade do

nascimento.

Motricidade Fina (IM1): é a habilidade na qual são utilizados pequenos grupos

musculares, envolvendo movimentos precisos, temos como exemplo:

costurar, escrever, digitar, etc.

Motricidade Global (IM2): é a habilidade na qual são utilizados grandes

grupos musculares, envolvendo movimentos naturais, temos como exemplo:

saltar, correr, nadar, etc.

Equilíbrio (IM3): qualidade física conseguida através de uma combinação de

ações musculares a fim de manter o corpo sobre uma base, contra a lei da

gravidade, sendo de maneira estática ou dinâmica.

Esquema Corporal (IM4): é a organização das sensações relativas ao seu

próprio corpo em associação com os dados do mundo exterior.

Organização Espacial (IM5): é percepção que temos do espaço que nos

rodeia e das relações entre os elementos que o compõem evolui e modifica-

se com a idade e a experiência.

Organização Temporal (IM6): é a ordem e a duração que o ritmo reúne. A

ordem define a sucessão que existe entre os acontecimentos que se

produzem, uns sendo a continuação de outros, em uma ordem física e

reversível.

O instrumento avalia a idade motora geral em relação a idade

cronológica, (índice de desenvolvimento motor geral) que é o resultado da soma dos

valores em meses das variáveis, gerados pelo software EDM (figura 10), divididos

pelo número 6.

Page 69: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

68

Figura 10 - Software Escala de Desenvolvimento Motor - E.D.M

O segundo instrumento utilizado neste estudo foi o material para

avaliação de competências percepto cognitivas em ações táticas do futebol, descrito

a seguir.

3.3.2 Instrumento de avaliação de competência percepto cognitiva em ações

táticas do futebol

Para a avaliação da inteligência tática no futsal foi utilizado o

instrumento de avaliação de competência percepto cognitiva em ações táticas do

futebol. Este instrumento tem como objetivo identificar o nível de percepção de

praticantes de futebol no âmbito do Esporte Escolar, sobre ações táticas de ataque e

defesa. A identificação desta competência foi realizada a partir de um instrumento

construído por Tkac (2004), com a finalidade de verificar o nível de conhecimento

declarativo, compreensão, aplicação, análise e síntese, de praticantes de futebol,

com relação à ações táticas utilizadas no futebol em determinadas situações de

jogo. Este instrumento foi elaborado por Tkac (2004) baseando-se nas estratégias

Page 70: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

69

propostas por Metzler apud Graça e Oliveira, para o ensino de jogos desportivos

coletivos e, nas fases do processamento de informações de uma ação tática

complexa de Mahlo citado por Graça e Oliveira. A estratégia utilizada pelo autor foi a

de chalk-talk que, vem a ser a representação gráfica da colocação e movimentação

dos jogadores e da bola.

As fases de “Mahlo” do processamento de informação utilizadas por

TKAC (2004) para o construto foram: (1) identificar o problema que é apresentado

(percepção e análise da situação); (2) elaborar a solução que se pensa ser a mais

adequada para resolver o problema (solução mental do problema); (3) Executar

eficazmente, do ponto de vista motor, essa solução (solução motora do problema)

(TKAC, 2004). Este instrumento foi dividido por Tkac (2004) em duas partes: a)

organização, representação gráfica, descrição, apresentação da situação problema

e opções de resposta de duas ações táticas de ataque, b) organização,

representação gráfica, descrição, apresentação da situação problema e opções de

resposta de duas ações táticas de defesa. Tkac (2004) construiu o instrumento

seguindo as seguintes etapas:

1) Construção da matriz analítica – Foi construída uma matriz analítica, com a

finalidade de determinar os objetivos, identificar as variáveis, dimensões, fatores,

indicadores, questões geradoras e opções para a construção do instrumento;

2) Criação da organização das ações táticas – Nesta etapa, juntamente com um

especialista em futebol, foram criadas duas situações de jogo, uma para cada tipo de

sistema (ataque e defesa). As posições dos jogadores, da bola e as movimentações

dos mesmos foram apresentadas graficamente, em vista superior direita do campo e

filmadas com a finalidade de verificar a movimentação dos jogadores. Cores

diferentes foram atribuídas entre os jogadores de ataque e de defesa, que também

foram numerados. As ações táticas também são descritas detalhadamente logo

abaixo da representação gráfica.

3) Filmagem das ações táticas – Após a criação da organização das ações táticas

foi realizada a filmagem das situações propostas, para constituir o instrumento.

4) Determinação da situação problema – Baseando-se nas situações de ação tática

foi determinada uma situação problema a ser analisada pelo avaliado, uma para

cada situação, a partir dos quais foram determinadas as opções, como apresentadas

na etapa seguinte.

Page 71: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

GRAU DE EFICIÊNCIA VALOR

1 – Muito eficiente 11

2 – Bem eficiente 9

3 – Eficiente 7

4– Razoavelmente eficiente 5

5 – Pouco eficiente 3

Quadro 7 - Escala Likert para opções de ação tática Fonte: Tkac (2004, p.106)

70

5) Determinação das opções para ações táticas – para cada situação de sistema

tático foram criadas, juntamente com um especialista em futebol, 5 opções de ação

para serem analisadas pelo avaliado.

6) Graduação das opções de ação tática – Todas as opções de ação tática

determinadas para cada um dos sistemas, são viáveis, ou seja, não existe a opção

certa ou errada, mas sim a mais eficiente. Para isso as opções foram analisadas e

escalonadas em ordem, da mais eficiente para a menos eficiente, por 15

especialistas em futebol, sendo estes: 5 técnicos de futebol de equipes profissionais,

3 técnicos de equipes amadoras, 2 técnicos de equipes universitárias, 3 professores

de escolinhas de futebol, 1 professor da disciplina de futebol no curso de Educação

Física e 1 ex-árbitro da liga profissional. Abaixo, na tabela 2 estão demonstrados os

resultados finais da atribuição de graus de eficiência por especialistas.

SITUAÇÕES OPÇÕES

ia

Opção A Opção B Opção C Opção D Opção E

Situação de defesa 1

ciên

c

2 3 1 4 5

Situação de defesa 2

de e

fi 2 3 1 5 4

Situação de ataque 1

Gra

us 3 5 1 2 4

Situação de ataque 2 4 1 2 5 3

Quadro 6 - Distribuição dos graus de eficiência em todas as situações Fonte: Tkac (2004, p.106)

7) Atribuição de escores para as opções de ação tática – Após a graduação de

opções de ação tática, foi construída uma escala do tipo Likert (quadro 7) onde

foram atribuídos valores, de 11 a 3, com intervalos iguais, para cada grau.

Page 72: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

71

8) Determinação do grau de eficiência das opções: Após a avaliação dos

especialistas o grau de eficiência, bem como os valores correspondentes estão

demonstrados nos anexos C, D, E, F.

9) Sistema de pontuação - Os escores obtidos com a aplicação do instrumento,

serão determinados pela escolha dos avaliados em relação à tática. Tem-se como

exemplo um avaliado que assinale uma opção tática de grau 4, que corresponde a

um valor de 9, na primeira situação de defesa e uma opção de grau 2, que

corresponde a um valor 5, na segunda situação de defesa. Neste caso o avaliado

obterá um escore final 14 para a competência percepto-cognitiva, em relação à ação

tática de defesa. O mesmo procedimento será adotado para a obtenção dos escores

de ação de ataque.

Após a realização de todas as etapas para construção do

instrumento, Tkac (2004) submeteu-o aos processos de validação de construto (I=1),

conteúdo (I=0,996), e clareza (I=0,827), de acordo com os critérios de Melo (2002).

Para a determinação do índice de fidedignidade e consistência interna, Tkac (2004

utilizou o teste de Alpha-Grombach, obtendo α =0,173.

3.4 Procedimento para coleta de dados

Após a apreciação e aprovação do Comitê de Ética local para esta

pesquisa (CEP: 1090) e a devolução do termo de consentimento livre e esclarecido

preenchido corretamente pelos pais dos participantes, esta pôde acontecer. Os

procedimentos estão descritos a seguir.

Para a aplicação da Escala de Desenvolvimento Motor, que foi feita

por primeiro, foi utilizada a própria entidade SESC-Paraná-Curitiba, localizada no

bairro do Portão. Foi usada uma sala bem arejada, aonde os testes foram separados

por estações, e cada estação conteve uma das variáveis do desenvolvimento motor.

Cada criança passou por todas elas uma a uma, onde estavam 5 avaliadores, sendo

que 4 se dividiram nas estações avaliando apenas 1 variável, e um deles avaliou 2

variáveis. O teste de lateralidade foi realizado.

Para a avaliação foram tomados alguns cuidados para que os

resultados pudessem ser de maior confiabilidade possível:

Os testes foram aplicados de acordo com a idade cronológica da criança;

Page 73: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

72

As crianças foram testadas a partir de sua idade cronológica ou inferior;

O exame motor foi iniciado pela seqüência de provas motoras: motricidade

fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e

organização temporal;

Se a criança obteve êxito em uma prova, o resultado foi positivo e foi

registrado com o símbolo 1;

Se a prova exigiu habilidade com o lado direito e esquerdo do corpo, foi

registrado 1, quando houve êxito com os dois membros;

Se a prova teve resultado positivo apenas com um dos membros (direito ou

esquerdo), o resultado foi registrado ½;

Se a prova teve resultado negativo, foi registrado 0;

Quadro 8 - Exemplo de marcação dos resultados na folha de testes da E.D.M. Fonte: Rosa Neto (2002, p.41).

Após a primeira avaliação (aplicação da E.D.M), os sujeitos tiveram

um tempo de pausa para descançar. Em torno de aproximadamente 30 minutos.

Após isso os sujeitos receberam uma explicação sobre o objetivo e preenchimento

do instrumento de competência percepto cognitiva do futebol. A seguir cada um

recebeu um formulário com a representação gráfica, descrição da jogada, situação

problema e opções de resposta. Em seguida foi apresentado o vídeo com a primeira

situação, seguido da avaliação das respostas onde cada sujeito deveria assinalar

apenas uma opção, aquela que julgasse a mais eficiente. O mesmo procedimento foi

adotado para as outras situações. A descrição das jogadas, situação problema e

opções de resposta, foram explicadas pelo próprio pesquisador, em linguagem

simples e coloquial, para facilitar a compreensão.

3.5 Tratamento estatístico

Foi utilizada a análise estatística não paramétrica para descrever a

distribuição das freqüências nas ações táticas de defesa e ataque, com os valores

Page 74: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

73

brutos (n=) e percentagens (%), e, devido os dados das variáveis de

desenvolvimento motor não apresentarem normalidade após passarem pelo teste de

Kolmogorov-Smirnov, sendo então usadas como apresentação principal destes

resultados a mediana, moda, média e desvio padrão. Foi feita uma correlação de

Spearman, que teve como objetivo verificar se houve alguma relação entre as

medidas de desenvolvimento motor e as medidas das ações táticas. Essa correlação

se justificou pelo fato das variáveis serem de escalas de razão (desenvolvimento

motor= meses) e ordinais (ações táticas= pouco eficiente= 3, razoavelmente

eficiente= 5, eficiente= 7, bem eficiente= 9, muito eficiente= 11) (BARROS; REIS;

2003). Para a tabulação dos dados foi usado o software da Microsoft Office Excel

2003 e para as análises dos dados o SPSS 11.0.

Page 75: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

74

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A apresentação e discussão dos resultados serão realizadas,

buscando contemplar os objetivos específicos propostos para este estudo, sendo

então elaborados gráficos e tabelas. Neste sentido os objetivos do trabalho foram de

Identificar as relações entre variáveis do desenvolvimento motor e inteligência tática

de crianças entre 8 e 11 anos do sexo masculino, que praticam o desporto futsal na

entidade SESC-Paraná-Curitiba, verificando juntamente o nível de desenvolvimento

motor e o nível de inteligência tática.

Cumprindo o primeiro objetivo, que foi de verificar o nível de

desenvolvimento motor de crianças entre 8 e 11 anos do sexo masculino, praticantes

de futsal da entidade SESC Paraná da cidade de Curitiba, do bairro Portão, a seguir

serão apresentados os resultados.

4.1 Resultados referentes à idade cronológica

A idade cronológica apresentou um valor mediano de 118 meses,

moda 132 meses e média X 118 meses (±11,7) (tabela 1). Esses dados, apesar de

apresentarem uma normalidade de acordo com o valor de K-S e p (tabela 1), servem

apenas de parâmentros para comparação com os valores das demais variáveis

descritas a seguir, não necessitando de discussão.

4.2 Resultados referentes à motricidade fina

A motricidade fina teve valor da mediana de 126 meses, moda 132

meses, média X 119 meses (±13,1) (tabela 1).

A coordenação óculo manual que envolve diretamente a motricidade

fina representa a atividade que o homem possui de mais comum em sua vida, o qual

atua para pegar um objeto e lança-lo, para escrever, pintar, recortar, etc. Essa fase

do desenvolvimento da praxologia motora fina, inclui o transporte da mão, seguida

de uma fase de agarre e manipulação, resultando em um conjunto com três

componentes: objeto/mão/olho. Neste sentido o resultado obtido par a variável deste

Page 76: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

75

tópico pode estar relacionado devido os praticantes estarem no seu ciclo estudantil,

e nas atividades de classe, assim como também nas atividades realizadas nas aulas

da modalidade praticada, estarem desenvolvendo atividades manipulativas como

pintar, desenhar, escrever, etc., o que é de fundamental importância para o

desenvolvimento motor e óculo-manual da criança (ROSA NETO, 2002).

Essa variável não converge com os valores de Rosa Neto (2002) que

em avaliação de crianças com a mesma idade, apresentou uma mediana de 108

meses. Apesar da diferença numérica, não é possível afirmar que as crianças

avaliadas no presente estudo estão em um nível de desenvolvimento motor acima

das crianças avaliadas pelo autor, mesmo porque ele não descreve as atividades

que essas crianças fazem nem o ambiente em que elas estão inseridas, o que pode

ter influência.

Ainda é importante ressaltar que para acontecer um

desenvolvimento normal da motricidade fina a criança tem de ter uma fixação visual.

Esta necessita sucessivamente da visão periférica e em seguida das sacudidas

oculares que restabelecem o olho em uma visão central que os movimentos de

perseguição tendem a manter quando o alvo se movimenta (ROSA NETO, 2002). O

córtex pré-central, de acordo com as perspectivas do mesmo autor, tem um papel

fundamental no controle dos movimentos isolados dos mesmos. A importância das

áreas córtico-sensomotoras das mãos e dos dedos faz priorizar a fineza extrema dos

controles táteis e motores, o que pode explicar tais resultados.

4.3 Resultados referentes à motricidade global

Para a variável motricidade global, foi detectada uma mediana de

132 meses, moda 132 meses e média de X 123 (±12,2) meses (tabela 1). Esse

fenômeno pode ser considerado normal, devido o fato dos praticantes realizarem

movimentos locomotores variados, onde segundo Gallahue e Ozmun (2005)

desenvolvem plenamente a criança. Esse valor foi maior, quando comparado com o

de Rosa Neto (2002), que foi de 96 meses.

A criança como advoga Rosa Neto (2002), passa uma parcela do

seu tempo na escola, onde é estimulada com jogos, brincadeiras e etc. Ela busca

imitar os movimentos dos carros, caminhões, animais, aviões e outros, correndo,

Page 77: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

76

saltando, rolando, o que ressalta a alegria da criança, a relação positiva com o

ambiente em que esta está inserida. Esse fenômeno pode dar e explicação para o

resultado encontrado, já que o qual não corroborou com a idade cronológica

A criança pequena na visão de Gallahue e Ozmun (2005), está

envolvida no processo de desenvolvimento e de refinamento das habilidades

motoras fundamentais adquiridas nos primeiros anos de vida. Uma grande variedade

de movimentos estabilizadores, locomotores e manipulativos estão sendo realizados

pelas mesmas. Isso significa que, elas possivelmente se envolvem em muitas

experiências coordenadas e efetivas, em termos de desenvolvimento, projetadas

para aumentar o conhecimento do corpo e do seu potencial para o movimento. As

crianças possuem um potencial de desenvolvimento para atingir o estágio maduro

da maior parte das habilidades motoras fundamentais, ocorrendo aos 6 anos, o que

possivelmente explica um resultado tão superior da variável descrita, em relação à

idade cronológica.

Tabela 1: Perfil das variáveis de desenvolvimento motor dado em meses (n=18)

Mediana Moda Média DP Mín Máx K-S p

Idade cronológica 118,0 132 118,1 11,7 99 132 0,168 0,195 Motricidade fina 126,0 132 119,8 13,1 96 132 0,236 0,009

Motricidade global 132,0 132 123,0 12,2 102 132 0,380 0,000 Equilíbrio 126,0 132 115,3 22,3 60 132 0,239 0,008

Esquema corporal 96,0 96 104,0 20,1 72 132 0,210 0,035 Organização espacial 126,0 132 117,0 17,4 84 132 0,252 0,004

Organização Temporal 132,0 132 127,3 9,3 108 132 0,469 0,000

4.4 Resultados referentes à equilíbrio

Para o resultado da variável equilíbrio, o grupo apresentou uma

mediana de 126 meses, moda de 132 meses e média de 115 (±22,3) meses (tabela

1 e gráfico 1). Tal valor pode ter relação com o ambiente que os sujeitos estão

interagindo, devido a possível prática de atividades que exigem equilíbrio estático e

dinâmico. Outro fator que pode ter relação a tal resultado, é que o equilíbrio se

desenvolve na fase dos 2 aos 12 anos de idade, onde as crianças obtém um acervo

motor enorme (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Esses resultados estão de acordo com

os de Gallahue e Ozmun (2005) que citam um pico do desenvolvimento do equilíbrio

por volta dos 8 anos de idade. Os praticantes de acordo com Rosa Neto (2002)

Page 78: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

118 126

132 126

96

126 132

0

20

40

60

80

100

120

140

Idade Motricidade Motricidade Equilíbrio Esquema Organização Organização cronológica fina global corporal espacial temporal

77

devem desenvolver o equilíbrio devido ser a base primordial de toda a ação

diferenciada dos segmentos corporais, o que se relaciona diretamente com os

valores apresentados pela motricidade global.

Para Gallahue e Ozmun (2005) a estabilidade é o aspecto mais

fundamental do aprendizado de movimentar-se. Por ela, as crianças obtém e

mantém um ponto de partida para as explorações que fazem ao espaço. A

estabilidade envolve a capacidade do individuo equilibrar-se em diversos ambientes,

sobre objetos e outros.

Gráfico 1 - Valores de mediana para componentes do desenvolvimento motor

As crianças avaliadas podem estar passando por um processo de

experiências motoras planejadas em suas aulas de educação física escolar, como

em suas aulas de futsal. Essas experiências possibilitam à criança à um maior

desenvolvimento de uma flexibilidade nos ajustes da postura enquanto se

movimentam (equilíbrio dinâmico).

Ainda Gallahue e Ozmun (2005) citam que, a estabilidade é o

aspecto que tem maior fundamentação no aprendizado dos movimentos porque todo

movimento envolve um elemento e estabilidade. Para um indivíduo ter a capacidade

de estabilização eficiente, este deve perceber determinada mudança na relação

entre as partes do corpo que altera seu equilíbrio. A habilidade de compensar essas

mudanças de modo rápido e preciso, com movimentos apropriados, também é

essencial.

Page 79: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

78

4.5 Resultados referentes à esquema corporal

Para esta variável, à qual apresentou uma mediana de 96 meses,

moda 96 meses e média de X 104 (±20,1) meses, (tabela e gráfico 1), comparando

com o valor mediano da idade cronológica, apresentou-se abaixo. Esse resultado diz

respeito ao nível de conhecimento das partes do corpo como também como controle

e velocidade das partes do mesmo. Um argumento de Gallahue e Ozmun (2005)

para justificar tal fato, é que o tempo de reação nessa faixa etária ainda é lento, o

que causa dificuldades com a coordenação visuo-manual.

Tal resultado não era esperado, pois segundo Gallahue e Ozmun

(2005) a criança nessa faixa de idade estaria teoricamente mais desenvolvida com

relação as habilidade motoras manipulativas. Porém, o mesmo autor coloca que

nesse período, está acontecendo a fase de transição, chamada de fase motora

transitória. Nesta fase ocorre uma lapidação de tais habilidades motoras.

Tal lapidação acontecerá, se o desenvolvimento fundamental estiver

bem concretizado, e assim a criança apenas começará a combinar as habilidades

motoras que as fundamentaram, com gestos específicos de algum desporto

(GALLAHUE E OZMUN, 2005).

No caso do presente estudo, o fator especificidade da tarefa tem que

ser levado em consideração, pois para a avaliação do esquema corporal, o teste

proposto por Rosa Neto (2002) é o de Rapidez (aplicado a partir dos 6 anos), o qual

o indivíduo que realiza mais riscos em 1 minuto, dentro de um papel quadriculado,

obtém maior pontuação. Neste sentido, tal resultado, se for comparado com a

variável motricidade fina, que obteve valores superiores à média idade cronológica,

está em níveis bem inferiores, o que mais uma vez justifica-se o argumento da

especificidade da tarefa (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Na motricidade fina, o

indivíduo realiza testes que não envolvem uma velocidade dos movimentos de

punho aguçada. Já para o teste de rapidez a velocidade é essencial.

Estudiosos do desenvolvimento motor reconhecem que a as

exigências físicas e motoras especificas de uma tarefa motora, interagem com o

indivíduo (fatores biológicos) e o ambiente (fatores de experiência). Tal afirmação

pode justificar o resultado da variável deste tópico, pois o indivíduo e o ambiente não

são apenas influenciados (interação), mais também podem ser modificados

Page 80: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

79

(transformação) um pelo outro. Talvez a tarefa do teste nunca tivesse sido

vivenciada pelos sujeitos, havendo então um certo tipo de desconforto para a

realização da mesma (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

Para ser encerrado esse tópico, a anormalidade dos resultados, de

acordo com os valors de K-S (tabela1), deve ser levada em consideração, levando a

crer que o grupo é muito diferente, diferenciando nos resultados.

4.6 Resultados referentes à organização espacial

A componente Organização Espacial apresentou uma mediana com

valor de 126 meses, moda 132 meses e média de X 117,0 (±17,4) meses. Esse

dado, comparando-se com a mediana da idade cronológica, foi maior. Fato esse,

pode ter relação com as atividades realizadas em ambientes distintos como do

presente estudo, durante as aulas de futsal (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

Todo ato voluntário envolve um lastro de percepção. Neste sentido, a

organização espacial assim como a percepção da ordem, só é possível se as

estimulações sucessivas forem suscetíveis de se organizarem entre si. O mundo

espacial da criança constrói-se paralelamente ao seu desenvolvimento psicomotor, à

medida da crescente eficácia de sua gestualidade e da crescente importância dos

fatores relacionais, que criam o espaço da comunicação (COSTE, 1992;

GALLAHUE; OZMUN, 2005).

Aproximadamente aos 6 e 7 anos em diante, parte dos indivíduos

entra no terceiro estágio de desenvolvimento cognitivo de Piaget, apud González

(2006), o operatório-concreto. Neste nível de desenvolvimento, as crianças ganham

a habilidade para conservar, colocando uma das maiores características deste

estágio, a capacidade de descentralizar a atenção de uma única variável numa

situação problema. De maneira diferenciada ao estágio pré-operatório, esta

habilidade para descentralizar a atenção, pode ter uma importante implicação para o

desenvolvimento motor, particularmente com referência aos jogos de situação

(PAYNE; ISAACS, 1991 apud GONZÁLEZ, 2000).

Também neste estágio de desenvolvimento, as crianças

gradualmente adquirem a habilidade para mentalmente modificar, organizar ou

reverter eventos em seus processos de pensamento, o que permitiria o

Page 81: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

80

aparecimento da antecipação, com maior nível de intervenção nas ações motoras e

uma maior organização temporal (COSTE, 1992).

A partir dos 9 e 10 anos, a criança é finalmente capaz de dar ao

espaço uma dimensão homogênea e de projetar no espaço formas (geométricas)

que o organizam (COSTE, 1992).

Segundo Gallahue e Ozmun (2005), as crianças na faixa etária do

presente estudo, estão em desenvolvimento estável da acuidade visual (habilidade

de distinguir detalhes em situações estáticas e dinâmicas). A percepção de figura-

fundo está totalmente madura (habilidade de julgar a distancia relativa a si mesmo) e

a coordenação visual-motora (habilidade de integrar o uso dos olhos e mãos para

acompanhar e interromper a observação de um objeto) em desenvolvimento lento e

leve. Essas afirmações amparam os resultados da variável deste tópico, pois as

mesmas como já dito, estão acima dos resultados da idade cronológica, o que indica

possivelmente um desenvolvimento da organização espacial alto.

4.7 Resultados referentes à organização temporal

Para a Organização Temporal, foi apresentada uma mediana de 132

meses, moda de 132 meses e média de X 127,3 (±9,3) meses. Novamente

comparando-se com o valor mediano de idade cronológica, a organização temporal

encontrou-se maior.Este dado pode ser justificado devido novamente as diferenças

dos sujeitos do estudo.

A orientação e organização temporal, vincula-se intimamente com a

interação coordenada de vários sistemas musculares e muitas modalidades

sensoriais (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

O ritmo é um fator de destaque para o resultado obtido, devido ao

fato de que crianças usam a modalidade auditiva antes que a visual, onde então

começam a fazer discriminações temporais, havendo transferência da modalidade

auditiva para a visual, mas não o contrario. Possivelmente as atividades que exigem

o desempenho de tarefas ritmicas auditivos, foram bem potencializadas nos anos

anteriores, e permaneceu-se e permanecerá para o resto da vida, o que pode

justificar o resultado do tópico presente.

Page 82: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

81

Cumprindo o segundo objetivo do trabalho, que foi de verificar o

nível de inteligência tática de crianças praticantes de futsal entre 8 e 11 anos, da

entidade SESC Paraná, (bairro portão) da cidade de Curitiba, a seguir será

apresentado os resultados da avaliação percepto cognitiva em ações táticas do

futebol.

4.8 Resultados referentes à situação de defesa 1

Para esta situação, pode-se observar que houve uma concentração

dos sujeitos nos graus de eficiência “pouco eficiente” (n=5) 27,8%, “razoavelmente

eficiente” (n=3) 16,7%, “eficiente” (n=7) 38,9%, “bem eficiente” (n=2) 11,1% e “muito

eficiente (n=1) 5,6% (tabela 2 e gráfico 2).

Tabela 2: Freqüência e percentual das situações de defesa e ataque (n=18)

Situação de Situação de Situação de Situação de defesa 1 defesa 2 ataque 1 ataque 2

(n) (%) (n) (%) (n) (%) (n) (%) Pouco eficiente 5** 27,8** 9* 50* 6* 33,3* 1 5,6

Razoavelmente eficiente 3 16,7 0 0 2 11,1 3** 16,7** Eficiente 7* 38,9* 8** 44,4** 0 0 11* 61,1*

Bem eficiente 2 11,1 1 5,6 5** 27,8** 1 5,6 Muito eficiente 1 5,6 0 0 5** 27,8** 2 11,1

(*) maior valor - (**) segundo maior valor

Esses resultados mostram que a maioria dos sujeitos conhecem os

princípios operacionais de defesa, onde essa situação oferece ao marcador a opção

de ir de encontro ao jogador 1 para roubar a bola (. Sugere-se que nas fases iniciais

da prática do futebol e futsal, se utilize a defesa individual nominal, onde cada

jogador tem única e exclusivamente a responsabilidade de marcar o seu adversário

direto, fato que pode justificar esse resultado (GARGANTA, 2002).

Os sujeitos, possivelmente possuem um conhecimento declarativo e

processual maior organizado e estruturado, um processo de captação da informação

eficiente, um processo decisional rápido e preciso, superior conhecimento tático,

elevada capacidade de antecipação dos eventos e das respostas do oponente e

superior conhecimento das probabilidades situacionais (evolução do jogo) (RINK et

al, 1996 apud GARGANTA, 2002).

Page 83: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

82

Gréhaigne (1992 apud GARGANTA, 2002) cita que, para que um

jogador de defesa obtenha sucesso em suas ações, o mesmo deve cobrir e reforçar

permanentemente o eixo central do terreno, defender atrás da linha da bola, fechar a

linha de progressão do portador da bola para a baliza, demorar o ataque adversário

principalmente quando se é o ultimo defensor, obrigar o adversário a cometer erros,

reduzindo-lhe espaços e tempo para jogar, justamente os princípos que a opção B

desta situação oferece.

Como esta situação específica não possui muitos estímulos a serem

percebidos e processados, pode-se então facilitar a decisão de ação por meio da

percepção externa, que segundo Sonnenschein (apud Greco, 2002) é de grande

importância para os jogos desportivos coletivos, e consiste em perceber o espaço, a

forma, o tamanho, a distância, a direção do movimento e timing de ação, agrupando

também a percepção do movimento de objetos externos (bola, gol, área), bem como

do próprio corpo me relação ao espaço, sendo denominado de sentido de

movimento.

A segunda opção que mais foi marcada foi a “pouco eficiente” que

tem como objetivo o retorno do marcador para ajudar o goleiro (n=5) 27,8%. Os

sujeitos que marcaram essa opção possivelmente não conhecem os princípios

operacionaius de defesa, e também o tempo de prática no futsal pode ser baixo, o

que pode justificar esse resultado (GARGANTA, 2002).

Dando continuidade a apresentação e discussão dos resultados, a

seguir, no próximo tópico, será abordada a situação de defesa 2.

4.9 Resultados referentes à situação de defesa 2

Na situação de defesa 2, foram obtidos para a opção “pouco

eficiente” (n=9) 50%, “razoavelmente eficiente” (n=0) 0%, “eficiente (n=8) 44,5%,

“bem eficiente” (n=1) 5,6% e muito eficiente (n=0) 0%.

Para esta situação de defesa, os resultados apontaram que os

avaliados, optaram por respostas de eficiência média, marcando a opção E, que visa

esperar o rebote do chute do atacante 2 que recebeu a bola. Já praticamente

metade o grupo marcou a opção B, que dá a possibilidade do marcador tentar

roubar a bola do atacante 2.

Page 84: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

83

Esta situação apresentou maior grau de dificuldade para o

discernimento de qual ação seria a opção mais eficiente. Este fato pode estar

relacionado com um aumento de estímulos e possibilidades de ação, quando

comparada esta situação com a anterior. Para Greco (2002), uma das grandes

exigências da percepção nos esportes coletivos, está relacionada com a constante

mudança dos conteúdos a serem percebidos que dependem da variabilidade na

situação de jogo. Especificamente neste caso, os avaliados foram expostos a uma

variabilidade de situação de jogo, onde o passe do atacante 1 para o 2 promoveu

um aumento das possibilidades de ação, conseqüentemente aumentando os

conteúdos a serem percebidos. Assim sendo, os avaliados tiveram que optar por um

sistema de referência mais complexo, podendo ter dificultado a percepção da

situação, bem como o processamento das informações, interferindo no resultado.

De acordo com Tavares (1995), o processo mental e psíquico de um

ato tático, é realizado em três fases, permitindo compreender o encadeamento de

várias ações que possibilitam o jogador tratar, sem interrupção, as informações

necessárias para: (1) identificar o problema que lhe é apresentado (percepção e

análise da situação); (2) elaborar a solução que ele pensa ser a mais adequada para

resolver o problema (solução mental do problema); (3) executar eficazmente, do

ponto de vista motor, essa solução (solução motora do problema). Esses achados

permitem afirmar que possivelmente os sujeitos, ainda não estão respondendo com

eficiência à situações de jogo mais complexas, e que o tempo de prática, na

modalidade esportiva é de fundamental importância para ganhos de conhecimentos

táticos.

O próximo tópico abordará os resultados das situações de ataque.

4.10 Resultados referentes à situação de ataque 1

Para esta situação, os resultados (tabela 2 e gráfico2) foram para a

opção “pouco eficiente” (n=6) 33,3%, razoavelmente eficiente (n=2) 11,1%, “eficiente

(n=0) 0%, “bem eficiente” (n=5) 27,8% e “muito eficiente” (n=5) 27,8%.

Tais resultados, de acordo com o nível cognitivo, que Greco et al

(1998 apud SILVA; ROSE JUNIOR, 2005) citam, apontam uma corroboração com a

idade cronológica dos sujeitos, onde estariam na fase universal de desenvolvimento,

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12

10

8

6

4

2

0

5

9

6

1

3

0

2 3

7 8

0

11

2 1

5

11 0

5

2

Pouco eficiente

Razoavelmente eficiente

Eficiente

Bem eficiente

Muito eficiente

Situação de defesa Situação de defesa Situação de ataque Situação de ataque 1 2 1 2

84

(dos 6 aos 12 anos), e que nessa fase, as atividades lúdicas de criação e de

descobertas de movimentos, e ações novas, estão sendo priorizadas para o ensino

do futsal.

Gráfico 2 - Distribuição de freqüência para as situações de defesa e ataque

Ainda para Bayer (1986 apud SILVA; ROSE JUNIOR, 2005), as

crianças nessa fase, passam por uma aquisição muito grande de informações, o que

é de fundamental importância para a prática das modalidades esportivas coletivas.

A concentração de indivíduos na opção “C”, “muito eficiente”, e na

opção “D” “bem eficiente” demonstra que, de um modo geral, os sujeitos avaliados

puderam perceber e processar as informações necessárias para uma decisão ótima.

Neste caso, a opção “C” escolhida, refere-se a uma movimentação para a esquerda,

passando por trás do atacante com posse de bola, aproveitando assim o espaço

livre, escapando da marcação, e possibilitando mais uma opção de avanço para o

ataque. Esta opção corrobora com o segundo princípio operacional de ataque nos

jogos desportivos coletivos, que de acordo com Bayer (1994), deve privilegiar a

progressão dos jogadores e da bola para o gol adversário. O autor cita ainda que,

para assegurar a realização da progressão da bola no ataque, o jogador deverá

libertar-se de possíveis intervenções dos defensores desmarcando-se, ou seja,

colocando-se em relação aos adversários, em relação aos parceiros, e utilizando os

espaços livres disponíveis no campo.

A percepção de espaços livres como opção de movimentação tática

de ataque, fica mais uma vez evidenciada quando observa-se a segunda opção

mais escolhida (D), que possui no seu enunciado “correria para a frente entre os

jogadores (defensores) 4 e 5. Estas movimentações para busca de espaços vazios

Page 86: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

85

podem estar relacionadas diretamente com a percepção visual, que segundo

Garganta (1997, 2002) afirma que, quanto maior for, maior será a capacidade de

leitura de jogo, e consequentemente maior será a eficiência na tomada de decisão

para a resolução dos problemas do jogo.

Este grupo de indivíduos que optaram por respostas mais eficientes,

podem ter agido desta forma, em virtude de conhecer bem a modalidade que

praticam, neste caso o futsal. Comumente se aceita que jovens praticantes de jogos

desportivos coletivos, para que possam agir adequadamente, devem conhecer a

modalidade que praticam, gerenciando e valorizando as informações mais

pertinentes, de modo que as suas decisões sejam as mais ajustadas. Isto significa

que, os praticantes têm que saber o que fazer para depois elegerem como fazer,

utilizando a resposta motora mais adequada (ALVES; GARGANTA; PINTO apud

MANGAS; GARGANTA; FONSECA, 2002).

As respostas com graus de eficiência “razoavelmente eficiente” e

“pouco eficiente”, “E” e “B”, que possuem opções de deslocamentos diagonais, uma

entre os jogadores 1 e 5, e a outra passando por trás do jogador 3, permite afirmar

que, possivelmente os sujeitos ainda não possuem um conhecimento de um dos

princípios operacionais de ataque que é a movimentação para espaços vazios, onde

há uma maior chance de receber a bola para a obtenção do ponto ou gol, devido os

defensores não estarem por perto para realizarem uma contenção para a tomada da

posse de bola, ou interceptação da mesma Gréhaigne (1992 apud GARGANTA,

2002).

A seguir serão apresentados e discutidos os resultados referentes à situação

de ataque 2.

4.11 Resultados referentes à situação de ataque 2

Na situacao de ataque 2, os seguintes resultados foram obtidos:

“pouco eficiente” (n=1) 5,6%, “razoavelmente eficiente (n=3) 16,7%, “eficiente”

(n=11) 61,1%, “bem eficiente” (n=1) e “muito eficiente” (n=2) 11,1%. Isso significa

que existe um conhecimento do princípio operacional de ataque mobilidade, “afastar­

se dos adversários) e criatividade para a ocupação dos espaços vazios

(GRÉHAIGNE, 1992 apud GARGANTA, 2002).

Page 87: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

86

Fica claro que nesta situação de ataque, onde as respostas que

buscam o espaço vazio, qualquer tomada de decisão tem como objetivo principal a

desmarcação, e aumentar as possibilidades de progressão dos jogadores e da bola.

As opções que estão anunciadas “correria para dentro ou para trás”, segundo Bayer

(1994), o praticante, deve situar-se oportunamente no campo para facilitar as

circulações de bola, saindo das zonas de possíveis interceptações e de oposição,

submetidas a uma vigilância dos adversários. Esta opção, quando escolhida, denota

a capacidade de conhecimento declarativo dos sujeitos que, segundo Mesquita

(apud GARGANTA, 2002), o jogador apela aos “saberes” que se traduzem no saber

o que fazer, (conhecimento declarativo) e como fazer (conhecimento processual).

Estes dois tipos de conhecimento estão relacionados entre si, dado que a forma

como o jogador analisa as situações de jogo, depende da forma como ele percebe e

concebe este mesmo jogo, contribuindo para a qualidade de sua decisão

(GARGANTA; MESQUITA apud MANGA; GARGANTA; FONSECA, 2002).

Em um estudo realizado por McMorris (1997 apud TAVARES, 1999),

o autor realizou testagens simples e complexas com atletas de alto rendimento. O

autor chegou a conclusão de que, os jogadores devem analisar o jogo sob duas

perspectivas: o do jogador com a bola e do jogador que toma a decisão. Ou seja,

para que uma criança realize determinadas tarefas com eficiência, tem de primeiro,

identificar quais as opções possíveis para o jogador com bola e só depois decidir.

Esse fato explica o porque de encontrar-se resultados discrepantes nesta situação

de ataque. Ela possibilita justamente a criança avaliada, raciocinar sobre a possível

decisão que será tomada pelo portador da bola, para após tomar a sua decisão.

Garganta (2002) está de acordo com o que o futebol exige e permite

desenvolver em seus praticantes a inteligência de jogo. Alunos iniciantes na prática

da modalidade, tendem a não possuírem uma grande inteligência de jogo para o

futebol e também o futsal. É necessário mais tempo de prática para que se

desenvolvam níveis de tomada de decisão elevados (GARGANTA, 2002).

A seguir será apresentado o resultado da correlação entre as

variáveis de desenvolvimento motor e as 4 situações de ações táticas, cumprindo o

ultimo objetivo do presente estudo, que era de correlacionar os níveis de

desenvolvimento motor e inteligência tática, de crianças praticantes de futsal entre 8

e 11, da entidade SESC Paraná, (bairro portão) da cidade de Curitiba.

Page 88: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

87

4.12 Resultados referentes à correlação entre as varáveis motoras e táticas

Para a variável idade cronológica, verificou-se uma correlação

negativa considerada de nível razoável (r= -0,495), com um índice de significância

de ≤0,05 (p= 0,037) (tabela 3). Isto significou que quanto mais velhas foram as

crianças, se verificou respostas para a situação de ataque 1 baixas. Esse resultado

está de acordo com as afirmações de Gardner (2001), o qual advoga que, a

inteligência corporal cinestésica e cognitiva, juntamente com o processamento de

informações vão aumentando com o decorrer da idade, e que nos jogos desportivos

coletivos, quanto maior o número dessas informações, maior será também o tempo

para serem processadas, o que levaria o indivíduo a demorar mais para pensar e

decidir sobre qual decisão tomar, levando a decidir ineficazmente. Segundo ainda o

autor, as crianças, com o passar da idade vão adquirindo um “banco de dados” cada

dia maiores, e que, segundo a teoria do processamento de informação, descrita por

Schmidt e Wrisberg (2001) e Sternberg (1992), suspeitam que as tarefas e as

situações medem mais apropriadamente o desempenho de inteligente quando e as

próprias tarefas são inéditas na experiência de uma pessoa ou então ao contrário,

quando são tão habituais que o seu desempenho está se tornando automático e,

portanto, essencialmente inconsciente.

A criança não desaprende com o passar dos anos. Ela aumenta a

gama de informações a serem processadas, o que acaba dificultando a tomada de

decisão. Garganta (2002) afirma que um principiante no futsal, começa recebendo

informações simples e de grau de dificuldade leve, e que com o tempo de prática,

essas informações vão aumentando e sendo testadas uma a uma nas sessões de

treinamento e jogos. Com o decorrer do tempo, essas informações estão tão

automatizadas que são tomadas decisões antecipadas e que nem sempre

resolverão os problemas impostos pelo jogo.

A seguir será apresentada a segunda correlação encontrada no

presente estudo.

Page 89: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

88

Tabela 3: Correlação entre as variáveis de desenvolvimento motor e inteligência tática

VARIÁVEIS S. de Defesa 1 S. de Defesa 2 S. de Ataque 1 S. de Ataque 2

Idade Cronológica *

Motricidade Fina

Motricidade Global

Esquema Corporal *

r= -0,249 p= 0,318 r= -0,129 p= 0,611 r= 0,237 p= 0,343 r= -0,285 p= 0,252

r= 0,345 p= 0,161 r= 0,183 p= 0,468 r= 0,053 p= 0,834 r= -0,047 p= 0,854

r= -0,495 * p= 0,037** r= -0,305 p= 0,219 r= -0,375 p= 0,125 r= -0,540 * p= 0,021**

r= 0,169 p= 0,503 r= 0,008 p= 0,975 r= -0,017 p= 0,945 r= 0,048 p= 0,849

Organização Espacial

Equilíbrio

r= -0,336 p= 0,173 r= 0,103 p= 0,684

r= 0,090 p= 0,722 r= 0,065 p= 0,797

r= -0,329 p= 0,182 r= -0,133 p= 0,598

r= 0,121 p= 0,634 r= -0,108 p= 0,669

Organização Temporal r= 0,060 p= 0,812

r= 0,056 p= 0,825

r= -0,343 p= 0,163

r= 0,435 p= 0,071

* Valor da Correlação / ** Índice de significância da Correlação

Prosseguindo a apresentação e discussão dos resultados, o estudo

encontrou uma segunda correlação, que envolveu a variável esquema

corporal/rapidez novamente se relacionando com a situação de ataque 1. Obteve-se

um r= -0,540, com um índice de significância ≤0,05 (p= 0,021). Isto permite afirmar,

que os sujeitos do estudo que conheciam mais o seu corpo e que, juntamente com

esse conhecimento tinham maior velocidade do mesmo, não obtiveram os maiores

graus de eficiência na situação de ataque 1. Deixando mais claro, os indivíduos que

foram mais rápidos no teste de rapidez (que para Rosa Neto, deve ser aplicado à

crianças de 6 anos para acima) não tomaram as melhores decisões na situação de

ataque 1 (tabela 3).

Um dado que pode explicar esse resultado é que, na situação de

ataque 1, o indivíduo à tomar a decisão está sem a bola. Por conseqüência, deverá

perceber o atacante com a bola e a posição deste, e também perceber as possíveis

decisões dos seus outros oponentes e de seus companheiros, para após, fazer a

aplicação prática dos princípios operacionais de ataque (mobilidade, desmarcação,

procura do espaço vazio, indução ao erro do adversário, etc.) (BAYER, 1994).

Os resultados encontrados no presente estudo, verificam-se

similares aos de Tkac (2004). Em seu estudo intitulado “perfil de Inteligência Motora

de participantes do projeto Esporte Escolar no município de São José - SC“, o autor

afirma que a competência físico-cinestésica, caracterizou uma limitação dos sujeitos

investigados em discernir as possibilidades de tomada de decisão, quando

confrontados com situações de maior organização, requerendo uma maior

Page 90: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

89

capacidade de perceber os componentes presentes, bem como de processar as

informações contingentes a cada ação tática. Tkac (2004) ainda relatou que, por

outro lado, mesmo com estas limitações, em muitos casos os participantes do seu

estudo apresentaram também um comportamento de tomada de decisões, para a

resolução do problema apresentado, dentro dos princípios operacionais de ataque e

defesa para os jogos desportivos coletivos, por mais que as vezes essa tomada de

decisão não se apresentasse como a mais eficiente.

Ainda que não controlado em seu estudo, Tkac (2004) afirma que o

tempo de prática e a conseqüente experiência adquirida, podem influenciar no

discernimento de que tipo de tomada de decisão pode gerar um resultado mais

eficiente. Esse mesmo autor cita que a velocidade de membros inferiores

correlacionou-se com as competências percepto-cognitivas (figura 11).

A PESSOA EM RELAÇÃO A SI PRÓPRIA

INTELIGÊNCIA MOTORA

CONSCIÊNCIA CORPORAL

PESSOA EM ARELAÇÃO AOS OUTROS

E AO MUNDO

CONSCIÊNCIA ESPÁCIO­TEMPORAL

COMPETÊNCIA FÍSICO-CINESTÉSICA

COMPETÊNCIA PERCEPTO-COGNITIVA

COMPETÊNCIA SÓCIO­EMOCIONAL

APTIDÃO FÍSICA Velocidade de membros

inferiores

PESSOA (PERSONALIDADE)

Figura 11 - Paradigma de Inteligência Motora em Contexto: resultado da associação entre as competências físico-cinestésica, percepto-cognitiva e sócio-emocional Fonte: Krebs 2000, p.21 apud Tkac 2004, p.216

Page 91: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

90

5. CONCLUSÃO

5.1 Conclusão

Inicialmente, contemplando o primeiro objetivo específico deste

estudo, que foi verificar o nível de desenvolvimento motor de crianças praticantes de

futsal entre 8 e 11 anos, da entidade SESC Paraná, (bairro portão) da cidade de

Curitiba, pôde-se constatar que o desenvolvimento motor das crianças, encontrou-se

bem acima do valor mediano da idade cronológica. Com esse fato, fica explicado de

maneira resumida que as crianças deste estudo estão com um desenvolvimento

motor alto.

Para as variáveis motricidade fina e motricidade global, pôde-se

considerar um desenvolvimento também elevado, o que era esperado pelas

circunstâncias de vida das crianças, ainda que não verificadas, mas, que podem ser

levadas em consideração, acreditando que elas não têm nenhum tipo de

necessidade especial, que brincam, fazendo atividades que estimulam o seu

desenvolvimento.

Para o quesito equilíbrio, as crianças apresentaram um nível elevado

de desenvolvimento, o que leva a crer que estão, além de realizando a atividade de

desporto coletivo, sendo estimuladas a fazerem outras atividades que aumentaram

ainda mais o equilíbrio do corpo em posições estáticas e em movimento. Esses

fatores não foram controlados nesta pesquisa, mais podem gerar novas idéias deste

ponto em diante.

O esquema corporal dos sujeitos ficou muito longe da mediana da

idade cronológica. É importante considerar que o esquema corporal na idade das

crianças deste estudo, teoricamente estaria formado, e que a partir de determinado

tempo, o que é realmente desenvolvido são o controle e a velocidade dos

movimentos do corpo.

A organização de tempo e de espaço são outros componentes, que

para esses sujeitos, estão desenvolvidos, e que vão continuar em uma constante

fase de crescimento até o final da vida.

Para as situações de defesa, apesar dos valores discrepantes das

freqüências, permite considerar que, as crianças conhecem os princípios

Page 92: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

91

operacionais de defesa, e sabem pelo menos na teoria, que devem fazer marcações

básicas homem a homem, que devem realizar o princípio da contenção, não

deixando que os atacantes progridam com a bola em direção ao gol e que se

sozinhas no campo de defesa, devem atrapalhar o atacante para que esta possa ser

recomposta, o mais rápido possível.

Nas situações de ataque, os níveis de inteligência percepto­

cognitiva, também não foram baixos e nem altos, devido também a marcações de

respostas distintas das crianças. Na teoria, também é possível verificar que elas

conhecem os princípios operacionais de ataque, que devem se movimentar em

espaços vazios, enganar o marcador, desenvolver linhas de passe, se infiltrar no

meio de seus oponentes e etc.

Atividades de cunho psicomotor e atividades locomotoras,

manipulativas e estabilizadoras, como classificam alguns autores da área do

desenvolvimento motor, podem estar sendo realizadas com esses sujeitos, o que

também pode ter relação direta com o nível de desenvolvimento elevado.

Uma curiosidade que o estudo deixou é a questão da correlação

negativa do esquema corporal e situação de ataque1, um fato que não era

esperado, pois se partiu do princípio de que, as crianças com maiores escores de

conhecimento do corpo, poderiam ter níveis de inteligência tática elevados, o que

não se confirmou. Para a explicação desse fato, a tarefa que o teste de esquema

corporal envolve tem que ser analisada. Seste sentido, as crianças podem não obter

grande escores em testes que elas nunca viram, e não ter um desempenho alto em

tarefas que estão praticando pela primeira vez.

5.2 Considerações

De fato o desenvolvimento motor é um fenômeno que deve ser

estudado com mais cuidado. O presente estudo constatou que apenas verificar o

desenvolvimento em um determinado ponto não é o suficiente para que se possam

verificar correlações, pois parafraseando Gallahue, o desenvolvimento humano

ocorre em todos os dias, assim como transformações nos corpos e mentes. A

contextualização dos ambientes que a criança vive é também de fundamental

importância para que as pesquisas com seres humanos possam ser de maior

confiabilidade.

Page 93: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

92

5.3 Recomendações

O tempo de prática na modalidade, os métodos de ensino, o

conhecimento que essas crianças já possuem, desde a primeira infância, recebendo

estímulos dos pais, são fatores que despertaram curiosidade do pesquisador, e que

não foram estudados nessa pesquisa até pelo fator tempo de realização, no entanto,

para futuros estudos, estes aspectos podem ser considerados.

Aqui fica a recomendação que novas pesquisas sejam feitas,

envolvendo mais variáveis, tanto de desenvolvimento motor como de desempenho

motor, em idades menores e maiores que as do estudo. Variáveis de contexto

propostas por Krebs, seriam interessantes de serem estudas, pois trabalhos

posteriores seriam mais bem interpretados e ficariam mais completos, podendo-se

assim tirar maiores conclusões. O número de participantes também é um fator que

pode deve ser consuderado, assim como mudança de região avaliada

(geograficamente), outras culturas, povos, etnias, etc. Estudar as variáveis citadas

com o passar dos anos, seria uma hipótese interessante, podendo vir a gerar

estudos de pós-graduação, mestrado e até teses de doutoramento.

Page 94: BoletimEF.org to Motor e Inteligencia Tatica No Futsal

93

REFERÊNCIAS

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99

APÊNDICES

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100

APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Com embasamento sobre o processo de desenvolvimento do ser

humano, da importância que este processo reflete no desenvolvimento motor do

indivíduo, e visando também apresentar a importância dos estudos sobre inteligência

tática, o presente projeto de pesquisa visa verificar o perfil motor de crianças com

idade entre 9 e 11 anos, alunos da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer de São

José dos Pinhais e do Sesc Portão - PR. Esta pesquisa tem sua importância

baseada na possibilidade de acompanhar o processo de desenvolvimento motor e

inteligência tática do futsal de seu filho.

Sendo assim, vimos por meio deste verificar a possibilidade de seu

filho (a) de participar desta pesquisa que será realizada da seguinte forma:

Para a realização deste projeto de pesquisa, seu filho (a) participará de uma

coleta de dados, realizando os testes da bateria de testes E.D.M. (Escala de

Desenvolvimento Motor). Esta bateria foi desenvolvida para aplicação em

crianças entre 02 anos a 11 anos de idade, e consiste em um conjunto de

provas muito diversificadas e de dificuldade graduada, conduzindo a uma

exploração minuciosa de diferentes setores de desenvolvimento. A aplicação

em um sujeito permite avaliar seu nível de desenvolvimento motor,

considerando êxitos e fracassos, levando em conta as normas estabelecidas

pelo autor Professor Dr. Francisco Rosa Neto. Esta bateria de testes relaciona

a idade cronológica com a idade motora, avaliando seu filho em provas como

citado já acima, muito simples, como pular sobre um barbante, chutar umas

caixa de fósforo, arremessar uma bola em um alvo, olhar com um dos olhos

com um canudo, dar batidas em uma mesa com cubos de madeira, saltar do

chão para uma cadeira, imitar figuras, entre outros.

Não existe qualquer tipo de risco, desconforto ou exposição de seu filho (a),

porque os testes serão realizados por professores e alunos, sob a supervisão

dos mesmos, do curso de Educação Física da Universidade Católica do

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101

Paraná PUCPR. Lembramos também que, mesmo aceitando participar da

pesquisa, o seu filho (a) poderá abandonar os procedimentos a qualquer

momento.

Esta pesquisa é para trabalho de conclusão de curso, junto ao Departamento

de Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, e têm

como objetivo verificar o desenvolvimento motor e o nível de inteligência tática

de crianças com idade entre 9 e 11 anos, da SEMEL de São José dos Pinhais

e do SESC Portão, Curitiba, e verificar se há relação entre as variáveis do

desenvolvimento motor (percepção de tempo/espaço, coordenação grossa e

fina, etc.) e a inteligência tática do futsal.

Todo o material e informações obtidas relacionadas a seu filho (a) poderão

ser publicados em aulas, congressos, palestras ou periódicos científicos.

PORÉM, o nome de seu filho e o da Instituição não serão de forma alguma

identificados em qualquer uma das vias de publicação ou uso. Os dados

ficarão sob a propriedade dos responsáveis da pesquisa e, sob a guarda do

mesmo.

Os Resultados desta pesquisa serão passados para a instituição, pais e

crianças, com fim de que adquiram um melhor conhecimento do

desenvolvimento de seu filho.

Seu filho (a) não receberá nenhuma remuneração para participar da pesquisa,

assim como, nada precisará ser pago para a realização da mesma.

Colocamos-nos a inteira disposição do senhor (a) para eventuais dúvidas.

Claudio Marcelo Tkac – RG: 3877789-0 [email protected] fone: 9962 – 2183

Dênis de Lima Greboggy – RG: 8525958-0 [email protected] fone: 9633 - 0754

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102

TERMO DE CONSENTIMENTO

Eu, ___________________________________________________________ portador do RG:____________________________________________ pai/responsável autorizo, meu filho(a)______________________________________________________________ ___ a participar dos procedimentos de coleta de dados para a realização da pesquisa acima relatada e concordo com os termos propostos.

Curitiba ____/____/____

Testemunha

Testemunha

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103

ANEXOS

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104

ANEXO A - Matriz analítica para a construção do instrumento para a identificação da competência percepto-cognitiva em ações

táticas do futebol (TKAC, 2004, p.240).

OBJETIVO VARIÁVEIS DIMENSÕES FATORES INDICADORES QUESTÕES

GERADORAS OPÇÕES

Identificar o problema a ser resolvido

Conhecimento Reconhecer, recordar, identificar, definir.

Reconhecer os adversários; Situações já vivenciadas; Tipo de jogada; Possibilidades.

Qual o tipo de jogada?

Tentaria retardar a ação ofensiva para esperar que os companheiros de equipe voltem;

Iria de encontro ao atacante para tentar roubar a bola;

Tentaria dificultar o passe entre os atacantes;

Tentaria interceptar o passe entre os atacantes;

Ajudaria o goleiro;

Iria atrás da bola; Ficaria parado;

Compreensão Traduzir, interpretar, resumir, ilustrar, representar.

Posição dos jogadores; Minha posição;

Qual a intenção dos adversários?

Aplicação Utilizar, generalizar, relacionar, empregar, transferir

Atacar; Defender; Ficar parado.

O que posso fazer?

Identificar o nível de competência percepto­cognitiva de crianças e jovens em situações de defesa e ataque do futebol

Elaborar a solução mais eficiente

Análise

Classificar, identificar elementos, detectar partes, distinguir, discriminar, separar em partes, extrair relações.

Número de atacantes ou defensores; Quem esta com a posse de bola; Intenção da jogada.

Como posso fazer?

Síntese

Desenhar, integrar, propor, planejar, produzir, originar, desenvolver, combinar, estruturar

Tipos de defesa; Tipos de ataque; Deslocamento

Quais as minhas opções?

Executar eficazmente a solução

Avaliação Julgar, decidir, comparar com um padrão, avaliar, arguir, validar, apreciar

Ficar parado; Ir para frente; Retroceder; Interceptar; Dar suporte; Interferir.

Qual a minha escolha?

Me deslocaria em diagonal/para frente/para trás/direita/esquerda;

Me posicionaria estrategicamente.

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105

ANEXO B - Instrumento para avaliação de competência percepto-cognitiva em ações

táticas do futebol (TKAC, 2004, p.233).

AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIA PERCEPTO COGNITIVA EM AÇÕES TÁTICAS DO FUTEBOL

Objetivo Este instrumento tem como objetivo avaliar o nível de percepção de

praticantes de futebol no âmbito do Esporte Escolar, sobre ações táticas de ataque e defesa.

Execução Os avaliados receberão uma explicação sobre o funcionamento do

instrumento e os formulários com a, representação gráfica, descrição da jogada, situação problema e opções de resposta.

Forma de preenchimento Após a avaliação doas respostas cada avaliado assinalará apenas uma

opção, aquela que, para o avaliado, corresponder a mais eficiente.

Análise da jogada A jogada deve ser analisada exatamente no momento em que se apresenta,

sem levar em consideração possíveis seqüências.

NOME:_________________________________________________________

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106

SITUAÇÕES DE DEFESA

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107

1 3

2

DESCRIÇÃO DA JOGADA O atacante 1 está com a posse de bola e está se dirigindo para a linha do gol, pela

esquerda.SITUAÇÃO PROBLEMA

Se você fosse o jogador 3 qual seria, na sua opinião, sua ação defensiva mais eficiente nesta situação:

OPÇÕES DE RESPOSTA Opção A

Esperaria o jogador 1 e tentaria retardar a sua ação ofensiva para esperar que os companheiros de equipe retornem. Opção B

Iria de encontro ao jogador 1 para tentar roubar a bola. Opção C

Tentaria dificultar o passe do jogador 1 para o jogador 2. Opção D

Tentaria o interceptar o passe do jogador 1 para o 2. Opção E

Voltaria e tentaria ajudar o goleiro a defender o chute do jogador 2.

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108

1

2

3

DESCRIÇÃO DA JOGADA O atacante 1 passou a bola para o atacante 2, que está com a posse de bola e está

se dirigindo para tentar marcar gol. SITUAÇÃO PROBLEMA

Se você fosse o jogador 3 qual seria, na sua opinião, sua ação defensiva mais eficiente na situação a seguir:

OPÇÕES DE RESPOSTA Opção A

Iria atrás da bola que foi passada Opção B

Tentaria roubar a bola do atacante 2 Opção C

Continuaria marcando o atacante 1. Opção D

Correia para a linha do gol para ajudar o goleiro. Opção E

Ficaria esperando o rebote do chute do atacante 2.

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109

SITUAÇÕES DE ATAQUE

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110

1

2

5

3

4

DESCRIÇÃO DA JOGADA O atacante 1 está com a posse de bola e indo para a pequena área.

SITUAÇÃO PROBLEMA Se você fosse o jogador 2 qual seria, na sua opinião, sua ação ofensiva mais

eficiente nesta situação:

OPÇÕES DE RESPOSTA

Ficaria parado

Correria em uma diagonal entre os jogadores 1 e 5

Correria para a esquerda por trás do jogador 1

Correria para a frente entre os jogadores 4 e 5

Correria para a direita por trás do jogador 3

Opção A

Opção B

Opção C

Opção D

Opção E

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111

3

1

2

4

5

DESCRIÇÃO DA JOGADA O atacante 3 está com a posse de bola e indo em direção ao gol

SITUAÇÃO PROBLEMA Se você fosse o jogador 2 qual seria, na sua opinião, sua ação ofensiva mais

eficiente na nesta situação:

OPÇÕES DE RESPOSTA

Correria por trás do atacante 3

Correria para frente e me posicionaria no espaço vazio ao lado do jogador 4

Voltaria para tabela com o jogador 3

Ficaria parado.

Correria para a esquerda, para dentro da área para receber um cruzamento.

Opção A

Opção B

Opção C

Opção D

Opção E

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112

ANEXO C - Atribuição de graus de eficiência pelos especialistas para a situação de

defesa 1.

Legenda:

Técnicos de futebol de campo e salão em equipes profissionais de nível nacional

Técnicos de equipes amadoras de futebol de campo

Técnicos de equipes universitárias de futebol de campo

Professores de escolinhas de futebol de salão e campo

Professor da disciplina de futebol no curso de Educação Física

Ex-árbitro da liga profissional de futebol de campo

AVALIADORES OPÇÕES

Opção A Opção B Opção C Opção D Opção E

1 1 3 2 4 5

2 2 3 1 4 5

3 2 4 1 3 5

4 4 3 2 1 5

5 3 2 1 4 5

6 4 3 1 2 5

7 4 2 1 3 5

8 4 2 1 3 5

9 2 4 1 3 5

10 1 5 2 3 3

11 1 3 2 4 5

12 1 3 2 4 5

13 2 1 4 3 5

14 2 3 1 4 5

15 1 5 2 3 4

SOMA 34 46 24 47 72

MÉDIA 2,26 3,06 1,6 3,13 4,8

FREQUÊNCIA

1 5 1 1 1 8 1 1 1 0

2 5 2 3 2 6 2 1 2 0

3 1 3 7 3 0 3 6 3 1

4 4 4 2 4 1 4 6 4 1

5 0 5 2 5 0 5 0 5 13

GRAU DE

EFICIÊNCIA 2 3 1 4 5

VALOR 9 7 11 5 3

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113

ANEXO D - Atribuição de graus de eficiência pelos especialistas para a situação de

defesa 2.

Legenda:

Técnicos de futebol de campo e salão em equipes profissionais de nível nacional

Técnicos de equipes amadoras de futebol de campo

Técnicos de equipes universitárias de futebol de campo

Professores de escolinhas de futebol de salão e campo

Professor da disciplina de futebol no curso de Educação Física

Ex-árbitro da liga profissional de futebol de campo

AVALIADORES OPÇÕES

Opção A Opção B Opção C Opção D Opção E

1 2 3 1 5 4

2 2 1 3 5 4

3 2 3 1 5 4

4 4 3 2 1 5

5 3 2 1 4 5

6 3 2 1 5 4

7 1 2 5 3 4

8 2 1 5 3 4

9 3 1 2 5 4

10 4 5 2 3 1

11 2 3 1 4 5

12 2 3 4 5 1

13 4 5 3 1 2

14 3 2 1 4 5

15 3 5 2 1 4

SOMA 40 41 34 54 56

MÉDIA 2,66 2,73 2,26 3,6 3,73

FREQUÊNCIA

1 1 1 3 1 6 1 3 1 2

2 6 2 4 2 4 2 0 2 1

3 5 3 5 3 2 3 3 3 0

4 3 4 0 4 1 4 3 4 8

5 0 5 3 5 2 5 6 5 4

GRAU DE

EFICIÊNCIA 2 3 1 5 4

VALOR 9 7 11 3 5

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114

ANEXO E - Atribuição de graus de eficiência pelos especialistas para a situação de

ataque 1.

Legenda:

Técnicos de futebol de campo e salão em equipes profissionais de nível nacional

Técnicos de equipes amadoras de futebol de campo

Técnicos de equipes universitárias de futebol de campo

Professores de escolinhas de futebol de salão e campo

Professor da disciplina de futebol no curso de Educação Física

Ex-árbitro da liga profissional de futebol de campo

AVALIADORES OPÇÕES

Opção A Opção B Opção C Opção D Opção E

1 3 5 2 1 4

2 3 5 1 2 4

3 3 5 1 2 4

4 4 3 1 2 5

5 3 2 1 5 4

6 3 5 1 2 4

7 5 1 2 4 3

8 1 2 3 5 4

9 4 1 5 3 2

10 4 3 1 2 5

11 3 5 1 2 4

12 3 5 1 2 4

13 5 4 2 1 3

14 4 3 1 2 5

15 4 5 1 2 3

SOMA 52 54 24 37 58

MÉDIA 3,46 3,6 1,6 2,46 3,86

FREQUÊNCIA

1 1 1 2 1 10 1 2 1 0

2 0 2 2 2 3 2 9 2 1

3 7 3 3 3 1 3 1 3 3

4 5 4 1 4 0 4 1 4 8

5 2 5 7 5 1 5 2 5 3

GRAU DE

EFICIÊNCIA 3 5 1 2 4

VALOR 7 3 11 9 5

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115

ANEXO F - Atribuição de graus de eficiência pelos especialistas para a situação de

ataque 2.

Legenda:

Técnicos de futebol de campo e salão em equipes profissionais de nível nacional

Técnicos de equipes amadoras de futebol de campo

Técnicos de equipes universitárias de futebol de campo

Professores de escolinhas de futebol de salão e campo

Professor da disciplina de futebol no curso de Educação Física

Ex-árbitro da liga profissional de futebol de campo

AVALIADORES OPÇÕES

Opção A Opção B Opção C Opção D Opção E

1 4 2 3 5 1

2 4 1 2 5 3

3 4 1 2 5 3

4 4 1 2 3 5

5 5 2 1 4 3

6 3 1 3 4 2

7 4 1 5 3 2

8 4 1 3 5 2

9 2 1 3 4 5

10 5 1 2 4 3

11 5 1 2 4 3

12 4 3 2 5 1

13 4 1 3 5 2

14 3 1 2 5 3

15 4 1 2 5 3

SOMA 59 19 37 66 41

MÉDIA 3,93 1,26 2,46 4,4 2,73

FREQUÊNCIA

1 0 1 12 1 1 1 0 1 2

2 1 2 2 2 8 2 0 2 4

3 2 3 1 3 5 3 2 3 7

4 9 4 0 4 0 4 5 4 0

5 3 5 0 5 1 5 8 5 2

GRAU DE

EFICIÊNCIA 4 1 2 5 3

VALOR 5 11 9 3 7

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ANEXO G - Atribuição de graus de eficiência por especialistas para as opções do

instrumento de avaliação de competência percepto-cognitiva em ações táticas do

futebol (TKAC, 2004, p.241).

Após a construção do instrumento de avaliação de competência percepto-cognitiva

em ações táticas do futebol, 15 especialistas realizaram um escalonamento das 5

opções de resposta em cada uma das situações propostas pelo instrumento. Depois

das respostas dos especialistas, todas as atribuições dos mesmos foram distribuídas

em tabelas (2, 3, 4 e 5) com separação dos especialistas de acordo com sua função,

conforme tabela abaixo:

Localização e função dos especialistas

LOCALIZAÇÃO DOS ESPECIALISTAS NAS TABELAS 2, 3, 4 e 5

NÚMEROS:

FUNÇÃO N

De 1 a 5 Técnicos de futebol de campo e salão em equipes profissionais de nível nacional.

5

De 6 a 8 Técnicos de equipes amadoras de futebol de campo.

3

9 e 10 Técnicos de equipes universitárias de futebol de campo.

2

De 11 a 13 Professores de escolinhas de futebol de salão e campo.

3

14 Professor da disciplina de futebol no curso de Educação Física.

1

15 Ex-árbitro da liga profissional de futebol de campo

1

TOTAL 15