BoletimEF.org Atividades Fisicas Para a Qualidade de Vida Dos Deficientes Fisicos[1]

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As contribuies das atividades fsicas para a qualidade de vida dos deficientes fsicosZUCHETTO, ngela Teresinha , CASTRO, Rosngela Laura Ventura Gomes de . ResumoEste estudo teve como objetivo analisar as contribuies das atividades fsicas para a qualidade de vida dos deficientes fsicos. Caracterizou-se como descritivo exploratrio, do tipo estudo de caso. A amostra constituiu-se de 18 (dezoito) sujeitos do sexo masculino, deficientes fsicos, participantes de programas regulares de atividades fsicas desenvolvidos no CEFID/UDESC e CDS/UFSC, com faixa etria entre 15 (quinze) e 44 (quarenta e quatro) anos. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se um questionrio, do qual, 30 questes foram analisadas descritivamente. A maioria dos entrevistados, (72%), adquiriu a deficincia no perodo ps-natal, tendo como principal causa a poliomielite, (38%), seguido pela Paralisia Cerebral e Leso Medular, ambas com 28%. Poucas comunidades onde residem, (39%), oferecem oportunidades esportivas e de lazer. Constatou-se que quase todos tm um estilo de vida saudvel. Basquete e natao so os esportes preferidos. A maioria, (55%) realiza atividades fsicas 3 vezes por semana, utilizando-se de lh lh e 30m, por dia. Ressaltaram o fortalecimento da musculatura; melhoria da resistncia fsica; a promoo da integrao social e do bem-estar geral, como as principais contribuies do esporte. Destacam ainda, que realizam atividades fsicas por considerarem importante, enfatizando que estas melhoram a sua qualidade de vida.1 2

Palavras-chaves: Atividade Fsica; Qualidade de Vida; Deficientes Fsicos.

IntroduoA modernizao, a industrializao e a informatizao dos dias atuais fazem com que o homem, apesar de ter uma vida muito atribulada, utilize-se cada vez menos de esforos fsicos (caminhar, pedalar, nadar, trabalho braal, etc) para atingir os objetivos do dia-a-dia. A tecnologia tem facilitado muito a vida das pessoas nos seus afazeres mais difceis. Se por um lado isto muito bom, por outro, todas estas facilidades fazem com que o homem se torne mais sedentrio e conseqentemente fique mais exposto s doenas crnico-degenerativas, obesidade, entre outras. As atividades fsicas aparecem como uma forma de melhor ocupar o tempo livre e manter o equilbrio fsico e mental do indivduo. Constituindo-se, portanto em importante aliada dos que desejam ter um estilo de vida mais ativo. A qualidade de vida est associada ao estado de sade, longevidade, satisfao no trabalho, relaes familiares, disposio para a vida, entre outros. A qualidade de vida pode ser definida como um conjunto de parmetros individuais, scio-culturais e ambientais que caracterizam as condies em que vive o ser humano e, para ele, o esporte como1 2

Prof Ad. do Depto de Educao Fsica CDS/UFSC Mestranda em Educao Fsica no Centro de Desportos da UFSC Endereo: Rua Manoel L. de Souza Brito, 62. Vargem Pequena, Florianpolis/SC.

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manifestao cultural, destaca-se nesta virada de milnio, pela necessidade de um envolvimento maior em atividades de lazer que contrabalancem o sedentarismo e o desgaste psicolgico das sociedades urbanas . Estudos sobre educao para um estilo de vida ativo , enfatizam que o sedentarismo prejudicial sade e ressalta que a prtica de atividades fsicas de forma regular pode reduzir o risco de doenas e melhorar a qualidade de vida das pessoas. As atividades fsicas esto, indiscutivelmente, entre os fatores que contribuem para um estilo de vida mais saudvel. Atualmente o conceito de qualidade de vida vem se modificando, acrescentando novos fatores de exigncia a ele, dentre os quais, a prtica de atividades fsicas. Um estilo de vida ativo tem sido relacionado melhoria de fatores bio-psico-sociais dos indivduos. Nas ltimas dcadas, a busca por informaes acerca das implicaes biolgicas, psicolgicas e culturais que envolvem a atividade fsica , vem se constituindo numa das principais preocupaes dos especialistas que atuam na rea da promoo da sade. A qualidade de vida definida como sendo "Umapercepo individual relativa s condies de sade e a outros aspectos gerais da vida pessoal", (p.61-65). O termo qualidade de vida tem sido freqentemente utilizado por diversos autores, , e , como um critrio de anlise de estudos onde o sujeito o ser humano. Envolve os mais diversos aspectos da vida das pessoas, como a expectativa de vida, o meio ambiente, relaes sociais, familiares e de trabalho, entre tantos outros. Este conceito passou a ter grande relevncia nos ltimos anos, com a extenso da expectativa de mdia de vida no planeta, para a maioria das sociedades atuais, o objetivo dar condies para melhorar a qualidade de vida das pessoas, destaca . Vrios benefcios psicolgicos tm sido percebidos em indivduos que possuem um estilo de vida mais ativo , como: aumento do bom humor, reduo do stresse, autoconceito mais positivo e mais alta qualidade de vida. A atividade fsica pode promover importantes adaptaes fisiolgicas, agudas ou crnicas , afetando a qualidade de vida das pessoas, ao contrrio, a inatividade fsica reduz a mobilidade, aumenta o peso corporal e diminui a disposio para realizar tarefas da vida diria. Em se tratando de pessoas portadoras de deficincia, a prtica de atividades fsicas de fundamental importncia. Quando bem orientada , influenciar no desenvolvimento bio-psico-social das pessoas, possibilitando uma melhora na sua qualidade de vida. Para esta populao enfatiza-se a prtica de atividades que levem em conta a sua capacidade, necessidades e limitaes, auxiliando os mesmos no desenvolvimento e aprimoramento de movimentos necessrios para a realizao de tarefas essenciais no seu cotidiano. Est comprovado , que a prtica desportiva por pessoas portadoras de deficincia desde a Grcia Antiga. No entanto, foi somente aps a Segunda Guerra Mundial que esta teve maior incremento no contexto da preveno e reabilitao, com objetivo de prevenir distrbios secundrios e reabilitar social, fsica e psiquicamente as pessoas contemporneas a esta Guerra. Se as pessoas sedentrias tm sua capacidade fsica reduzida, mesmo no sendo condicionadas ao uso de cadeira de rodas, muito mais prejuzos tero aqueles que se utilizam dela. As atividades fsicas, alm dos benefcios orgnicos (aspectos metablicos, cardiorrespiratrio e msculo-steo articular), contribuem significativamente para a melhoria do convvio social, para promoo da independncia, de um autoconceito mais positivo, enfim, faz com que os deficientes fsicos sejam encorajados a fazer tudo o que so capazes, buscando otimizar o seu potencial. Sabe-se que pessoas com deficincias tendem a ser mais sedentrias, portanto, o apoio social da famlia e dos amigos considerado fundamental para que elas adotem um estilo de vida mais ativo. Os objetivos para o desenvolvimento da educao fsica para deficientes fsicos so os mesmos das pessoas no deficientes , somente as regras, regulamentos, organizao e procedimentos de cada atividade precisam de um ajuste mnimo para dar flexibilidade e oportunidade gratificante ao1 2 3 4 3 1 5 6 7 8 9 10 11

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deficiente, nas atividades de lazer. As pessoas com deficincia fsica podem e devem procurar aderir a programas de atividades fsicas de acordo com sua capacidade funcional. Alm das atividades realizadas em sesses de fisioterapia, to necessrias para sua reabilitao, importante que estas pessoas tenham oportunidade de praticarem atividades e/ou exerccios fsicos, esportivos (competitivos) ou de lazer. Busca-se, com este estudo, esclarecer a importncia da prtica de atividades fsicas por pessoas portadoras de deficincia fsica, com o objetivo de analisar as contribuies da prtica de atividades fsicas para a qualidade de vida dos deficientes fsicos, identificando os benefcios, freqncia, durao e tipo de atividades fsicas realizadas, bem como a oferta de esporte/lazer pelas comunidades onde os deficientes fsicos residem. Caracterizao da pesquisa Esta pesquisa caracterizou-se como um estudo descritivo exploratrio, do tipo estudo de caso. Populao e amostra A populao constituiu-se de indivduos com deficincia fsica, participantes de programas de atividade fsica regular em Florianpolis. A amostra foi selecionada de forma intencional em virtude da necessidade de serem deficientes fsicos e praticantes de programas de atividades fsicas regulares, no CEFED/UDESC (Centro de Educao Fsica e Desportos da Universidade do Estado de Santa Catarina) e CDS/UFSC (Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina). Envolveu 18 (dezoito) sujeitos, com faixa etria entre 15 (quinze) e 44 (quarenta e quatro) anos, todos do sexo masculino. Instrumentos e Procedimentos Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um questionrio, com 42 questes abertas e fechadas, adaptado de OLIVER & ZUCHETTO (1996) e SILVEIRA E DUARTE (1995). O questionrio foi submetido a cada participante deste estudo, nos meses de fevereiro e maro de 2000, no seu local de prtica de atividade fsica. O instrumento foi analisado, para validao de contedo, por trs Doutores da rea de Educao fsica. A testagem e exame de clareza e objetividade foram realizados por cinco profissionais da Educao Fsica. Deste questionrio, 30 questes foram analisadas. Tratamento Estatstico Os dados foram analisados descritivamente, atravs de grficos, tabelas resumo e estatsticas (mdia, desvio padro e porcentagem).

Apresentao e discusso dos resultadosConsiderando o perfil da amostra, a anlise dos questionrios mostrou que o grupo predominantemente jovem, com mdia de idade de 29 anos. As estaturas variaram de 1,30m a 1,85, o que levou a uma mdia de l,68m e um desvio padro bastante elevado (9,19), devido a grande diferena entre a maior e a menor estatura. Salientamos que o indivduo com a menor estatura portador de osteognesis imperfecta. Com relao a massa corporal, a mdia foi de 67,5kg. Entretanto, cabe lembrar que cada indivduo tem uma composio corporal diferenciada e que esta influenciada por diversas caractersticas individuais, entre elas a dieta e prtica de exerccios fsicos, alm das caractersticas relacionadas deficincia. Para , o peso ideal para a performance, aquele em que fisiolgica e biomecnicamente faz com que se obtenha uma melhor eficincia. J para a sade, o peso ideal pode ser traduzido como aquele que respeite as caractersticas individuais do organismo, sem trazer patologias. A maioria (66%) dos respondentes no tem filhos, 28% tem um filho e 6% tem dois filhos. Constatou-se que 61 % dos entrevistados so solteiros, 39% casados, no havendo divorciados.12

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O nvel de escolaridade dos integrantes da pesquisa muito bom, considerando as dificuldades de acesso escola, especialmente para quem no possui boa condio financeira. Apenas 22% do grupo no completou o Ensino Fundamental, (E.F.), 6% possui o E.F. completo, 72% ingressaram no Ensino Mdio (E.M.), 17% tm o E.M. incompleto, sendo que um deles ainda est estudando, 22% tm graduao (sendo 11% ps-graduados). No estudo feito pela Secretaria de Educao de Florianpolis, o percentual de alunos matriculados na ps-graduao de 3%, o que confirma o bom nvel de instruo dos entrevistados. Constatou-se que 66% dos integrantes desta pesquisa trabalham, 17% so estudantes e 17% no trabalham. Se compararmos aos dados atuais do ndice de desemprego no nosso pas, fornecido pelo DIEESE , nota-se que este grupo est bem integrado ao mercado de trabalho, pois em 1999 na cidade de Porto Alegre, registrou-se um ndice de 19,2% de desempregados, assim como 20,3% em So Paulo. Percebe-se tambm, que os postos ocupados variam de acordo com o nvel de instruo. Quanto maior o grau de escolaridade, melhor o posto ocupado no trabalho, o que conseqentemente eleva o rendimento familiar. Do total de entrevistados, 44% tm renda familiar de at 05 salrios mnimos, percentual idntico ao encontrado para esta faixa entre a populao economicamente ativa de Florianpolis (GAPLAN ). J 56% deste grupo, tem renda familiar acima de 06 salrios mnimos, um ndice bem superior ao verificado pelo rgo de planejamento da capital catarinense, que 19%. Isto demonstra que este grupo, alm do bom nvel de instruo, tambm sabe aproveitar as oportunidades de trabalho que surgem em suas vidas. Ressalta-se que a situao financeira, o trabalho e o nvel de instruo so importantes fatores de segurana, independncia, auto-estima, tanto para os deficientes fsicos, quanto para os no deficientes, entretanto, para quem depende de cadeiras de rodas ainda mais imprescindvel, uma vez que lhes d a chance de buscar os seus direitos de igualdade, mesmo que a sociedade ainda no esteja preparada para esta igualdade.13 14

O grfico a seguir apresenta os resultados relacionados ao perodo no qual os entrevistados adquiriram a deficincia.Grfico 1 - Distribuio do grupo quanto ao perodo no qual adquiriu a deficincia

Verifica-se com estes resultados que 72% dos entrevistados ficou deficiente no perodo psnatal (por fatores relacionados a encefalites, meningites, acidentes e doenas adquiridas); 22% adquiriu a deficincia no perodo neonatal, (por insuficincia de oxignio, anestesia em excesso, parto muito prolongado, entre outros) e 6% j nasceu com a deficincia. Sabe-se que vrios fatores podem determinar o nascimento de uma criana deficiente, entre eles, o fator Rh negativo,a idade da me, alteraes cromossomiais entre outros. Em pases com a cincia bem desenvolvida, pais e profissionais da sade bem preparados, os fatores pr e neonatal, tendem a desaparecer. J os fatores ps-natal, que em grande parte advm de acidentes, dependem muito da conscincia pessoal que busque uma convivncia mais harmoniosa, Revista Kinesis, Santa Maria, N 26, p. 55-166, Maio de 2002.

especialmente nos grandes centros, e do controle eficaz de algumas doenas. Novamente, nos pases desenvolvidos, h um controle rigoroso das doenas que podem gerar deficincias, campanhas de humanizao no trnsito, estradas bem conservadas, controle de uso de armas e de outras condies que podem vir em prejuzo do ser humano. Dados do IBGE , do conta de que cerca de 67.2% dos jovens entre 15 e 19 anos morrem por causas violentas. A realidade brasileira, e a violncia de toda ordem, ainda nos distanciam bastante do que seria ideal para prevenir os quadros de deficincia fsica. Na seqncia, esto demonstrados os resultados referentes aos tipos de deficincia fsica da amostra selecionada.15

Grfico 2 - Distribuio dos indivduos segundo o tipo de deficincia fsica

Observando o grfico 02, nota-se que mais da metade (72%) da nossa amostra adquiriu a deficincia no perodo ps-natal. A poliomielite foi a causa de deficincia em 39% dos entrevistados. At algumas dcadas atrs, esta doena era uma das mais temidas pelos pais, pelo fato de que quase sempre trazia seqelas irreversveis s crianas. Felizmente, com as campanhas de vacinao em massa, campanhas de aleitamento materno e outros, hoje h um controle desta doena no Brasil e no mundo. De acordo com , atualmente poucas pessoas desenvolvem de forma paraltica esta doena. No Brasil, o ltimo caso de poUomielite registrado foi em 1989, sendo que a doena no se desenvolveu com paralisia. O segundo tipo de deficincia fsica mais encontrado foi, com 28%, a Paralisia Cerebral, juntamente com a Leso Medular. Conforme , a paralisia cerebral pode originar-se de vrios fatores pr, neo e ps-natais, como a rubola, parto prematuro, incompatibilidade do fator Rh, traumas, tumores, meningites e outros. Como se pode perceber, este tipo de deficincia de difcil controle pelo fato de que pode-se adquiri-la de muitas maneiras, alm da possibilidade de j nascer com ela. A leso medular tambm de difcil controle, pois depende muito da violncia urbana, da conscincia de cada pessoa em no arriscar-se em prticas que possam causar uma leso, alm das doenas (processos infecciosos, leses vasculares, outras) que podem caus-la. Por ltimo, aparece a osteognesis imperfecta, com 6% do total dos participantes, que um tipo congnito de osteoporose, os ossos ficam enfraquecidos e quebram com facilidade. Apesar do risco para fraturas (o respondente deste estudo teve 48 fraturas), as atividades fsicas aps a puberdade, quando os ossos ficam mais fortes, podem auxiliar na reduo do nmero de fraturas, pois com a musculatura mais firme, os ossos estaro mais protegidos, alm do que, a atividade fsica parece auxiliar na absoro de nutrientes essenciais aos ossos. Salienta-se, porm, que os riscos fraturas devem ser avaliados cuidadosamente.16 17

A oferta de atividades fsicas, pelas comunidades onde os integrantes do estudo residem, ser demonstrada no grfico que segue. Revista Kinesis, Santa Maria, N 26, p. 56-166, Maio de 2002.

Grfico 3 - Distribuio quanto oferta de atividades esportivas/lazer pelas comunidade onde os integrantes do estudo residem

Percebe-se, pelos resultados apresentados no grfico 03, que 6 1 % dos integrantes, no participam de atividades esportivas ou de lazer em sua comunidade, pelo simples fato de no oferecerem acesso elas. Dos 39% que tem como praticar algum tipo de atividade fsica em sua comunidade, em grande parte so os que residem nos bairros onde situam-se as Universidades Federal e Estadual, pois l os deficientes fsicos encontram equipamentos adaptados, o que permite o lazer ou competio em igualdade de condies a dos no deficientes. Uma das importantes causas da excluso das pessoas com necessidades especiais da sociedade, pela no participao quer seja nas atividades de vida diria ou em atividades sociais e recreativas, a falta de informao e conhecimento mais precisos sobre elas . Um dos fatores limitantes a ausncia de oportunidades para a prtica desportiva, haja vista que estas pessoas necessitam de adequaes e adaptaes, bem como fcil acesso a elas, devido s peculiaridades da deficincia que cada um possui. Sobre a importncia das atividades fsica para os deficientes , ressalta que a ausncia de atividades corporal, alm de trazer prejuzos funcionais, promove profundo sentimento de impotncia e isolamento social. Alm da solicitao de incluso da prtica de esportes tradicionais em seus bairros, resposta de 56% do total de participantes, o pedido de diversificao, com incluso de esportes mais radicais (paraglaider, asa delta e outros) foi lembrado por um dos entrevistados, 6% da amostra, destacando a necessidade de vivenciar experincias diferentes das que atualmente so oferecidas em Florianpolis. A questo da promoo de debates sobre o lazer e o deficiente fsico na comunidade foi considerada importante por 39% dos respondentes. Isto demonstra que a discusso a este respeito ainda no est superada e que a populao em geral ainda conhece muito pouco sobre as possibilidades de prticas esportivas por deficientes fsicos. Atualmente, as competies das quais participam deficientes, so freqentemente divulgadas pela imprensa, no entanto, so muito poucas durante o ano (quando no so lembradas somente em anos que disputam-se as paraolimpadas), e a maioria da populao ainda no teve a oportunidade de assistir pessoalmente a qualquer esporte praticado por deficientes, sejam fsicos, mentais, auditivos ou visuais. Com relao ao estilo de vida, a anlise dos questionrios demonstrou que 50% dos participantes buscam informaes sobre sade na televiso, o que coincide com o hbito cultural brasileiro, apesar dos freqentes questionamentos a respeito da qualidade da informao que transmitida via tv. As revistas especializadas e genricas foram citadas por 22% dos integrantes, em cada item, seguidos por 17% em cada opo, que buscam informaes pela internet, outras fontes (mdico e famlia foram lembrados), e no buscam informaes. Da mesma forma que temos neste grupo, pessoas que buscam informaes sobre sade em mais de um veculo de comunicao, encontramos tambm algumas no procuram este tipo de conhecimento. Observou-se que o desinteresse por este tipo de informao por parte de trs integrantes18 19

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do estudo, independeu do nvel de escolaridade, pois um deles possui o Ensino Fundamental Incompleto, outro, o Ensino Mdio completo e o terceiro ps-graduado (Mestre). Na busca de preveno, 84% dos respondentes procuram a assistncia de profissionais da rea da sade, adotando um estilo de vida mais saudvel, o que contribuir para que se alcance uma melhor qualidade de vida. Trs pessoas, o correspondente a 17% da amostra, no apresenta este comportamento. Este grupo menor procura informaes com amigos, na tv ou no pesquisa este tipo de questo. No grfico que ser apresentado a seguir demonstraremos os resultados relacionados qualidade do sono dos entrevistados.Grfico 4 - Distribuio quanto freqncia em que conseguem dormir bem

A anlise desta questo nos d conta de que 33% dos pesquisados sempre consegue dormir bem, seguido de 56% que dorme bem a maioria das vezes. Somente 11 % tem alguma dificuldade para dormir bem. Este resultado demonstra que a atividade fsica regular pode estar contribuindo para que se tenha uma boa mdia de sono tranqilo. De acordo com autores como e , a prtica de atividades fsicas de forma regular auxilia na reduo do stress, da ansiedade, da depresso, entre outros, e estes tm influncia na determinao de um sono tranqilo. O grfico que segue traz resultados quanto ao cuidado que os entrevistados tm com a alimentao.20 21

Grfico 5 - Distribuio quanto ao cuidado com a alimentao

Os resultados demonstram que 28% dos participantes sempre cuidam da alimentao, seguidos com 22%, igualmente, pelos que geralmente cuidam e os que s vezes tem cuidado com o que ingerem no dia-a-dia. O cuidado com a alimentao, alm de contribuir para a reduo do peso corporal ' um importante fator de controle de algumas doenas, como as afeces cardacas, hipertenso, molstias do fgado e diabetes. Cuidar da alimentao , portanto, cuidar da sade. A obesidade, atualmente um dos fatores que mais contribuem para as doenas cardacas, alm do fato de que, por si s ela tende a tornar negativo o autoconceito e auto-estima das pessoas. Profissionais da sade de todo o mundo vm se preocupando com o nmero crescente de pessoas obesas e das20 22,

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doenas que surgem em conseqncia desta obesidade. Aliar cuidados com a alimentao e com a prtica regular de exerccios fsicos parece ser o caminho mais adequado para o controle da obesidade. A anlise da questo referente ao consumo de bebidas alcolicas apresenta resultados que indicam que 56% da amostra no consome bebidas alcolicas; 33% consome de 01 a 03 doses e 11 % consome de 3 a 5 doses semanais. Fica demonstrada a preocupao que estas pessoas tm com a sade, lembrando que o alcoolismo considerado uma doena, tanto fsica quanto psicologicamente. O consumo excessivo de bebidas alcolicas, tambm considerado um fator de risco para as doenas crnico-degenerativas, reduzindo as possibilidades de se obter um bom nvel de qualidade de vida. Ainda analisando as questes relacionadas ao estilo de vida, o grfico a seguir revela a preferncia dos integrantes deste estudo quanto aos locais freqentados no seu tempo livre.Grfico 6 - Distribuio do grupo quanto aos lugares freqentados no tempo livre

Conforme verifica-se no grfico 06, o nmero de pessoas que sai de casa para passear na rua, bares ou restaurantes e aquelas que no saem de casa no seu tempo livre, ficou muito prximo. Este fato deve-se em grande parte s barreiras arquitetnicas que dificulta o acesso destas pessoas para os locais citados, outro fator determinante foi a questo econmica, sair de casa custa caro. Teve o caso de um respondente que relacionou o fato de ficar em casa com o constrangimento que sentia ao perceber que sua deficincia despertava alguma curiosidade. O cinema foi lembrado por 17% dos entrevistados. Embora as salas de exibio possuam rampas de acesso, quem no dispe de carro adaptado ou companhia que o leve tem dificuldades para deslocar-se at elas, j que o nmero de unidades adaptadas no transporte coletivo muito pequeno, 10% da frota, conforme informaes do Ncleo de Transportes de Florianpolis. Os demais lugares citados tambm oferecem as mesmas dificuldades de acesso, isto justifica o fato de que alguns deficientes fsicos prefiram ficar em casa a se aventurar em locais que no estejam adaptados. Na tabela que segue, apresentam-se os dados referentes percepo que os entrevistados tm de si mesmos durante a prtica de atividades fsicas.Tabela 1 - Distribuio do grupo quanto a percepo que tm de si mesmos na prtica de AFPercepo Alegre e descontrado Atento ao que acontece ao seu redor Entretido na atividade Realizado como pessoa Triste e sem motivao f 12 08 18 12 00 f% 66% 45% 100% 66% 00%

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Os resultados apresentados na tabela 01 indicam que a atividade fsica aparece como algo muito prazeroso, pois 100% deles se mantm entretido na atividade, 66% se percebem alegres e descontrados da mesma forma que se sentem realizados como pessoa. Com relao a estar atento ao que acontece a seu redor, 45% respondeu positivamente. importante salientar que nenhum dos entrevistados se sente triste ou sem motivao na prtica de atividades fsicas. A alegria e descontrao citada pelos respondentes facilmente constatada por qualquer pessoa que v assistir a este grupo praticando atividades fsicas, especialmente o basquete em cadeira de rodas. Esto sempre brincando entre si e tentam deixar a quem assiste bastante vontade. Os resultados obtidos nesta questo concordam com o que autores c o m o , , entre tantos outros, quando enfatizam os benefcios psicolgicos advindos da prtica de atividades fsicas. Enquanto jogam, divertem-se, livram-se do stress do dia-a-dia, diminuem a ansiedade e depresso, so mais alegres, enfim. Considerando a questo referente a importncia do esporte/lazer para a incluso social dos deficientes fsicos, 100% dos entrevistados respondeu que esporte e o lazer so muito importantes neste processo. Vivemos numa poca em que a globalizao exige de todos os paises medidas que visem a humanizao em vrias dimenses da vida. Assim como o mercado de trabalho, aos poucos, vai se livrando de alguns preconceitos e destinando parte de suas vagas aos portadores de deficincia, a Educao Fsica tambm tem procurado dar a sua parcela de contribuio neste processo. Segundo , esta forma de valorizao da pessoa humana pela prtica desportiva, seja do ponto de vista fisiolgico ou antropolgico, vem sendo descoberta pelas pessoas portadoras de deficincia de maneira individual ou coletiva, e hoje o desporto se transformou como que numa bandeira de emancipao das pessoas portadoras de deficincia." (p.37). As atividades recreativas, esportivas e de lazer, vm sofrendo adaptaes para poder atender as pessoas com necessidades especiais, como deficientes auditivos, fsicos, mentais e visuais, idosos, doentes, etc. E uma das formas mais prazerosas de incluso social se d atravs do esporte, por todos o motivos que j foram discutidos at este momento, neste estudo.21 2,23E 2 4 10

Tabela 2 - Distribuio do grupo quanto a percepo que tm de si mesmo a respeito de: Variveis Seu trabalho Pessoas com quem trabalha Tarefas que desempenha no trabalho Infeliz 17% 17% 11% 00% Imagem que outros tm de si Sua vida afetiva 06% 00% Descontente 06% 00% 11% 11% 11% 11% Satisf. 06% 06% 17% 17% 17% 22% Boa 17% 22% 06% 56% 39% 17% tima No Opinou 22% 22% 22% 17% 28% 50% 33% 33% 33% 00% 00% 00%

Esta questo envolve itens importantes no que diz respeito avaliao da qualidade de vida das pessoas. Observando os resultados, pode-se constatar que a imagem que o grupo tem de si prprio muito positiva. Das 12 pessoas que trabalham (66% do total da amostra), 22% tm uma "tima" percepo de si mesmo no seu ambiente de trabalho; 17% consideram-se "infelizes", e com o mesmo ndice, outro grupo tem uma "boa" percepo pessoal no local de trabalho, os demais se percebem "satisfeitos"e "descontentes", com o mesmo escore, 6%, cada. Revista Kinesis, Santa Maria, N 26, p. 60-166, Maio de 2002.

Considerando a percepo que eles tm das pessoas com quem trabalham, 22% optaram pela resposta "boa" e "tima", seguida da escolha "infeliz", com 17%. Com relao s tarefas que desempenham no seu trabalho, o maior escore ficou com a opo "tima" (com 22%) seguidas da resposta "satisfatria" (com 17%). Quando o questionamento abordou o tema "como voc resolve os problemas que surgem em sua vida", 56% optaram por "boa" a maneira como conduzem a resoluo dos seus problemas, havendo nas respostas "satisfatrio" e "timo" 17% cada. A respeito da imagem que os outros tm de si, 39% escolheram a opo "boa", seguida da resposta "tima", com 28% do total dos entrevistados. E, finalmente, considerando a vida afetiva, 50% dos entrevistados percebem-se "timos", seguido de "satisfatrio", com 22% das respostas. A expresso "Qualidade de Vida" na sua abrangncia, aplica-se ao indivduo saudvel e se relaciona com o seu grau de satisfao com a vida nos seus vrios aspectos que a integram: moradia, transporte, alimentao, lazer, satisfao/realizao profissional, vida sexual e amorosa, relacionamento com outras pessoas, liberdade, autonomia e segurana financeira . A sade emocional influencia significativamente na busca de um melhor padro de vida, e a prtica de atividades fsicas refora a auto-estima relacionada a melhor imagem corporal e tambm sensao de estar vivendo um estilo de vida mais saudvel, com maior mobilidade fsica e maior autonomia. Por certo estes benefcios refletem nas relaes de trabalho, vida afetiva e resoluo dos problemas pessoais que surgem na vida. Cabe salientar que para o portador de deficincia fsica, estes aspectos assumem um significado mais expressivo do que para uma pessoa no portadora de deficincia. O fato deste grupo ter uma boa percepo "de si prprio nos vrios aspectos citados, sugere que sejam pessoas "bem resolvidas", que tenham um grau elevado de auto-estima, o que influencia positivamente para uma maior estabilidade emocional, segurana e autonomia.Tabela 3 - Distribuio dos indivduos quanto aos aspectos psicossociais em sua conduta diria Aspecto Educado Cooperativo Teimoso Alegre Receptivo Carinhoso Agressivo Independente Possessivo Egosta Dcil No 00% 00% 5,6% 00% 00% 00% 66% 17% 28% 56% 5,6% Um Pouco 17% 5,6% 61% 00% 5,6% 5,6% 33% 11% 33% 33% 22% Quase 45% 33% 11% 33% 33% 33% 00% 33% 11% 5,6% 45% Muito 39% 61% 22% 66% 61% 61% 00% 39% 28% 5,6% 28% Sempre

Os resultados encontrados na tabela 03 no so muito diferentes dos que foram colhidos na questo anterior, como j era de se esperar. Questionados sobre como se percebiam nos itens listados nesta tabela, no dia-a-dia, encontramos resultados que demonstram a auto-imagem positiva que este grupo tem de si prprio. Revista Kinesis, Santa Maria, N 26, p. 61-166, Maio de 2002.

A maior parte deles (mais de 50%), considerase "muito" ou "quase sempre" educado; Cooperativo; alegre; receptivo; carinhoso; independente; e dcil. Quanto teimosia, 61 % consideram-se "um pouco"; na anlise do item agressividade, observouse que 66% no se consideram agressivos e 33% consideram-se "um pouco"; no aspecto possessividade as respostas "no" e "muito", obteve-se 28% cada, contra 33% dos que se percebem "um pouco" possessivos; finalmente, 33% dos entrevistados se vem "um pouco" egostas, contra 56% dos que no se consideram desta forma. As pessoas que participam de programas regulares de atividade fsica tendem a melhorar o seu auto-conceito e auto-estima o que em geral resulta num melhor relacionamento em todas as dimenses de suas vidas (trabalho, afetividade, sade fsica, etc), proporcionando, uma melhor qualidade de vida.25,24,21

O grfico que segue traz resultados referentes a prtica de esportes de competio.Grfico 7 - Distribuio dos indivduos quanto prtica de esportes de competio

No grfico 07, observa-se que 33% do total pesquisado praticam basquete em cadeira de rodas e igual nmero de pessoas pratica natao, seguidos de 22% que praticam atletismo, e, por ltimo, dividindo o mesmo escore de 6% aparecem os praticantes de tnis e os que no competem em nenhuma modalidade esportiva. O esporte de competio dos deficientes fsicos tornou-se mais conhecido aps o surgimento das Paraolimpadas, jogos para portadores de deficincia, que acontecem na mesma poca e lugar das j tradicionais Olimpadas. Entretanto, a participao de deficientes nas atividades fsicas regulares ainda mais baixa que na populao em geral . Assim como ocorre com a populao livre de deficincia fsica, os deficientes tambm querem ter oportunidade de competir nas modalidades que lhes convm. Lidar com vitrias e derrotas, como proporcionado pelas competies, faz com que as pessoas aprendam a conviver com alegrias e frustraes, o que muito importante para o crescimento pessoal. Na seqncia, grfico com resultados referentes prticas esportivas de lazer.

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Grfico 8 - Distribuio dos indivduos quanto s prticas esportivas de lazer

O basquete aparece em primeiro lugar, com 56% na preferncia dos entrevistados, seguido de perto pela natao com 45%, o futebol suo aparece em terceiro lugar, com 11% e, finalmente, o atletismo, musculao aqutica, e o tnis de campo surgem em ltimo lugar, com 6%, como o esporte predileto nas horas de lazer. O fato de outros esportes no terem sido citados, no significa que os deficientes fsicos no o praticariam, significa que no so oferecidos de maneira que eles possam participar. Salienta-se que quase todos estes esporte citados so oferecidos pela duas universidades (UFSC/UDESC) de Florianpolis. Nos bairros praticamente no h adaptaes que permitam os deficientes fsicos praticar qualquer atividade esportiva. A importncia da prtica esportiva para deficientes no contexto do lazer apresenta , entre outros benefcios, a educao do indivduo para a vida em sociedade e para o tempo livre, para recreao, para elevar a tolerncia frustraes bem como proporcionar vivncias de sucesso e facilitar o reingresso da pessoa na sua vida familiar, social, educacional, profissional e no lazer ativo. "Os programas de exerccios fsicos que envolvem esforos de baixa a moderada intensidade provocam inmeras adaptaes fisiolgicas relacionadas melhoria e a manuteno da sade" . (p. 54).10

No grfico que segue, apresentam-se os resultados referentes a freqncia semanal de AF.Grfico 9 - Distribuio dos indivduos quanto a freqncia semanal de prtica de AP

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Verificando o grfico 09, constata-se que 89% dos participantes praticam atividade fsica trs vezes ou mais por semana. Vrios autores recomendam como o mnimo desejvel, trs vezes por semana, para que se possibilite as adaptaes fisiolgicas, que so ajustes duradouros que advm desta prtica e que capacitam o organismo a responder de modo mais eficiente em relao ao funcionamento orgnico. Ressalta-se que tanto o volume quanto freqncia e durao das atividades fsicas para deficientes fsicos dependem da sua capacidade funcional individual, considerando-se sempre o tipo e caractersticas do comprometimento de cada um, assim como levar em conta o nvel de riscos e benefcios que poderiam surgir dos programas de atividade fsica. Antes da prescrio de exerccios para o deficiente h a necessidade da realizao de testes de esforo que tem como principal objetivo possibilitar que a pessoa desenvolva todas as suas habilidades . Um nmero grande dos entrevistados, o que corresponde a 28%, responderam que praticam atividades fsicas cinco vezes por semana. Salienta-se, entretanto, que as atividades realizadas so intercaladas (basquete/natao), o que diminui o risco de leses, pois o exerccio na gua, alm de muito prazeroso relaxante e livre de impactos.20,21,22

Apresentam-se na seqncia os resultados referentes a durao diria das AF.Grfico 10 - Distribuio do grupo quanto a durao diria da A F

Considerando a durao, 61 % dos integrantes, esto envolvidos com a prtica de atividades fsicas entre uma hora e uma hora e meia, 39% gastam de duas a trs horas dirias para este fim. Tempo suficiente para que ocorram adaptaes fisiolgicas importantes. O tempo de durao diria das atividades fsicas depende muito dos objetivos que se queira atingir. Em geral os programas regulares de atividade fsica tm a durao de uma hora. Atualmente, os estudiosos que prescrevem exerccios, enfatizam que o importante fazer atividades de forma regular, pelo menos trs vezes por semana e pode-se dividir, quando a atividade permitir, o tempo total em duas ou mais sesses. Alm disso, no se pode exceder o limite individual, para que as leses sejam evitadas. A seguir, grfico trazendo dados referentes aos locais da prtica de AF do grupo.

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Grfico 11 - Distribuio do grupo quanto ao local da prtica de prticas esportivas

Como pode-se visualizar no grfico 11, todos os integrantes do estudo praticam atividades fsicas na UDESC, sendo que 50% destes tambm praticam na UFSC. Destaca-se a importncia destas duas instituies oferecerem a oportunidade do esporte/lazer aos deficientes fsicos de Florianpolis. No fosse esta iniciativa, provavelmente, este grupo no estaria desfrutando de todos os benefcios fsicos, sociais e psicolgicos que so possveis atravs desta medida.Tabela 04 - Distribuio das principais dificuldades encontradas para a prtica de AFDificuldades Barreiras arquitetnicas Dificuldades econmicas Disponibilidade de tempo Transporte adaptado Falta de oportunidade Falta locais adaptados e equipamentos especiais Nenhuma f 07 06 01 07 04 01 01 f% 39% 33% 6% 39% 22% 6% 6%

Entre as dificuldades citadas, as barreiras arquitetnicas e a falta de transporte adaptado foram as mais citadas, com 39% cada. A dificuldade econmica aparece em segundo lugar, com 33% do total. A falta de oportunidade para a prtica de atividades fsicas foi citada por 22% e a disponibilidade de tempo, falta de locais e equipamentos adaptados, e nenhuma dificuldade foi respondido por 06% da amostra. Novamente as barreiras arquitetnicas surgem como empecilho a ser superados pelos deficientes fsicos. No basta oferecer as prticas esportivas e de lazer, necessrio dar condies para que os mesmos possam se deslocar at esses locais. condio bsica para que os deficientes fsicos faam qualquer atividade, inclusive trabalhar e se colocarem no mesmo nvel de igualdade com populao em geral. A falta de transporte adaptado, da mesma forma outro fator limitante, que impede os deficientes de se deslocarem, deixando-os sempre na condio de dependentes.

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Tabela 05 - Distribuio do grupo quanto aos motivos da prtica de atividades fsicas Motivos Manter-se ocupado Indicao mdica Amigos praticam Famlia acha importante Porque o prprio acha importante Entrosam, entre deficientes Ajuda a diminuir deficincia motora e neurolgica Poder fazer o que fazia antes da def. Cuidar da sade Melhorar a rotina de Vida Bem estar geral Gosto muito de A.F.. f 02 05 01 03 15 01 01 01 01 01 01 01 f % 11% 28% 6% 17% 84% 6% 6% 6% 6% 6% 6% 6%

Conforme pode-se constatar, muitos foram os motivos para a prtica de atividade fsica citados pelos participantes. No entanto, o item "porque o prprio acha importante", com 84% do total das respostas, correspondente a 15 das 18 pessoas, foi a principal causa pela procura de prticas esportivas pelos deficientes fsicos deste estudo. Este resultado deixa claro que a conscincia das pessoas est se modificando e, na busca de uma melhor qualidade de vida, a prtica de atividades fsicas no poderia estar de fora. O fato dos respondentes terem colocado esta opo frente das outras, indica que j possuem uma opinio formada a respeito dos benefcios da atividade fsica regular, independente das respostas que tenham sido apresentadas a eles. O segundo motivo mais citado, com 28% das respostas ou 5 das 18 pessoas, foi a indicao mdica. Esta resposta revela, mais uma vez a preocupao que se tem com a sade. Por fim, "porque a famlia acha importante" com 17% e os demais motivos descritos nesta tabela, foram citados por uma pessoa cada, totalizando 6% cada motivo, igualmente. Todos os itens contidos no questionrio ou lembrados pelos respondentes, tm sido freqentemente citados por diversos autores, c o m o .2 9 1 9 2 1 2 4

Tabela 06 - Distribuio dos indivduos quanto a opinio sobre os benefcios das atividades fsicas praticadas de forma regular Benefcios Fortalece a musculatura Melhora a resistncia Melhora flexibilidade Conhec. sobre a AF praticada Melhora a integ. social B e m estar geral Outros f 17 17 14 06 15 15 04 f% 95% 95% 78% 33% 84% 84% 22%

As respostas relacionadas ao fortalecimento da musculatura, melhoria da resistncia, integrao social, bem-estar geral e melhoria da flexibilidade, obtiveram escores bastante prximos, demonstrando a percepo que cada um tem a respeito dos benefcios que a atividade fsica regular pode trazer. A fora muscular, flexibilidade e resistncia cardiovascular reduzidas so comuns em deficientes, principalmente se comparados populao dita normal. Atrasos no desenvolvimento do controle Revista Kinesis, Santa Maria, N 26, p. 66-166, Maio de 2002.

motor so comuns . Segundo este autor, programas de atividades fsicas devem "encorajar o desenvolvimento motor fundamental com participaes em jogos, esportes e brincadeiras", (p.31). O condicionamento muscular um importante elemento durante uma sesso de exerccios, pois possibilitar um maior ndice de massa corporal magra, contribuindo para uma melhor composio corporal . Alm disso, importante incluir exerccios de flexibilidade, que tem por objetivo aumentar a amplitude de movimento articular, melhorando o desempenho tanto para atletas quanto para sedentrios, prevenindo leses do aparelho msculo-esquelticos. A resistncia muscular tambm deve ser almejada num programa de atividades fsicas, j que, fisiologicamente ela representa a eficincia circulatria e respiratria. A ausncia de atividades fsicas no cotidiano dos deficientes fsicos, ir gerar o sedentarismo e consequentemente os seus efeitos, como a diminuio da resistncia aerbica, da fora e da flexibilidade muscular levam a uma perda de capacidade funcional assim como perda da independncia. A prtica esportiva neste grupo tem impacto positivo maior do que em grupos sem deficincia . Ainda conforme descreve este autor, estudos mostram que deficientes ativos tm melhor aptido cardiorrespiratria, capacidade funcional, auto-estima e bem-estar geral, bem como menor incidncia de complicaes como depresso, infeces do trato urinrio e lceras de presso. Considerando os benefcios relacionados integrao social, assim como a integrao em programas de atividades fsicas, os esportes tm demonstrado que contribuem significativamente para uma melhor qualidade de vida em todas as suas dimenses. Alm dos benefcios j citados , a participao dos deficientes em prticas esportivas pode alcanar tambm objetivos sociais e emocionais, atravs da ocupao do tempo livre. O exerccio aerbico, atravs de seus efeitos positivos sobre o stress, o auto-conceito e o humor, tem se mostrado eficiente na obteno do bem-estar psicolgico .26 19

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ConclusoCom base nos resultados obtidos, na anlise das dimenses propostas (perfil dos entrevistados; dados das comunidades; relaes afetivas, de trabalho, satisfao pessoal e percepo de si mesmos; estilo de vida e percepo das contribuies da prtica de atividades fsicas), constatou-se que a prtica regular de atividades fsicas considerada muito importante para o grupo e que esta prtica tem influncia positiva na obteno de melhores resultados em todas as dimenses analisadas. Conclui-se, finalmente, que a prtica de atividades de esporte e lazer por pessoas portadoras de deficincia fsica recomendada, pois sugerem melhorias tanto no aspecto fsico quanto psicolgico. Parecem auxiliar num melhor aproveitamento da capacidade funcional, o que permite maior mobilidade nas atividades de vida diria. O bem-estar geral e disposio para a vida, promovidos pelas atividades fsicas, foram demonstrados pelo grupo em todos os encontros. Certamente todos os participantes do estudo tiveram ganhos na sua qualidade de vida. Entretanto, como este estudo deteve-se a analisar os questionrios, sugere-se que se realizem outras investigaes comparando dois grupos diferenciados pela prtica, ou no, de atividades fsicas.

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Revista Kinesis, Santa Maria, N 26, p. 68-166, Maio de 2002.

The contributions of the physical activities for the quality of life of the physical handycappedAbstractThe main purpose of this study was to analyze the contribution of physical activity on the quality of life of the physical handycapped. An exploratory descriptive case study. The subjects were 18 male, participants of physical activity programs at CEFID/UDESC e CDS/UFSC, ages betwen 15 and 44 years old. As a data colecting tool, a 30 question questionaire was descriptively analized, most of the interviewed (72%) acquired the handycap on the after birth period, being Polio the main cause (38%), folowed by brain-palsy and medular injury, (28%). Few of neigborhoods they live at offer leisure or sports oportunityes (39%). Still, it has been found that most of them have a healthy lifestyle. Basketball and swiming are the favorite sports. Most of them (55%) take on the fhysical activity programs 3 times a week for 1 or l:30hs. Strengtheming of muscle, better endurance, social integration and overall wellness were listed as main contribution of sports. They enphatize the importance of physical activity in enhancing they Q. ofL. Keywords: Quality of life; physical handycapped

Las Contribuciones de las atividades fsicas para la calidad de vida del deficiente fsicoResumenEste estudio tenido como el objetivo analiza las contribuciones de las actividades fsicas para la calidad de vida del deficiente fsico. Se caracteriz como descriptivo exploratorio, del tipo estudio de caso. La muestra se constituy de 18 (dieciocho) el varn de los asuntos, deficiente fsico, los participantes de programas regulares de actividades fsicas desarrollaron en CEFID/UDESC y CDS/UFSC, con el grupo etario entre 15 (quince) y 44 (cuarenta cuatro) aos. Como el instrumento de coleccin de datos una encuesta se us de que, se analizaron 30 asuntos el descritivamente. La mayora del interviewees, (72%), los adquirieron la deficiencia en el periodo polvo-nativo, tiende como la causa principal la poliomielitis, (38%), siguiendo para la Parlisis Cerebral y Leso Medular, ambos con 28%. pocas comunidades dnde viven, (39%), ellos ofrecen las oportunidades deportivas y de ocio. Fue verificado que casi todos tienen un estilo de vida saludable. El baloncesto y nadar son los deportes favoritos. La mayora, (55%) logra las actividades fsicas una la 3 veces por semana, usndose de 1:00 a 1:00 30m, un da. Ellos dieron nfasis al invigoration de la musculatura; la mejora de la resistencia fsica; la promocin de la integracin social y del bienestar general, como las contribuciones principales del deporte. Ellos todava destacan, ese logran las actividades fsicas porque ellos consideran importantes, mientras dando nfasis a que stos mejoran la calidad de vida de todos. Palabras-claves: Atividade Fsica; La calidad de Vida; Deficiente Fsico.

Revista Kinesis, Santa Maria, N 26, p. 69-166, Maio de 2002.