Boletim Salesiano n.º 551

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JULHO/ AGOSTO 2015 551 A REVISTA DA FAMÍLIA SALESIANA

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Edição n.º 551 de julho/agosto de 2015 da Revista da Família Salesiana.

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JULHO/ AGOSTO 2015

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A REVISTA DA FAMÍLIA SALESIANA

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O Boletim Salesiano

foi fundado por Dom Bosco a 6 de fevereiro

de 1877. Hoje são

publicadas em todo o mundo 51 edições em

diversas línguas, com tiragem anual

estimada em mais de 8,5 milhões

de exemplares no total.

Edição, Direção e Administração: Edições Salesianas Redação: Rua Saraiva de Carvalho, 275, 1399-020 LisboaTel.: 21 090 06 00, Fax: 21 396 64 [email protected] Distribuição gratuitaContribuição mínima anual de benfeitor: 10 eurosNIB: 0035 0201 0002 6364 4314 3 IBAN: PT50+NIB, Swift Code CGDIPTPL Membro da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã

3 EDITORIAL4 REITOR-MOR/OLHARES6 IGREJA/DESCORTINAR8 ENTREVISTA16 BICENTENÁRIO

ESPECIAL BICENTENÁRIO

Oito mil comemoram os 200 anos do nascimento de Dom Bosco em Fátima

Colaboradores: Ana Carvalho, Ángel Fernández Artime, António Bagão Félix, Artur Pereira, Basílio Gonçalves, Bruno Ferrero, Catarina Barreto, Graça Alves, Jerónimo Rocha Monteiro, Joaquim Antunes, Jorge Malarranha, José Aníbal Mendonça, José Armando Gomes, Luciano Miguel, Miguel Mendes, Michael Fernandes, Nuno Quaresma, Orlando Camacho, Rui Madeira, Tiago Bettencourt, Vanessa SantosCapa: Escolas Salesianas em Fátima © João RamalhoExecução gráfica: Invulgar GraphicTiragem: 12.600 exemplares

FICHA TÉCNICAn.º 551 - julho/agosto 2015Revista da Família SalesianaPublicação BimestralRegisto na DGCS n.º 100311Depósito Legal 810/94Empresa Editorial n.º 202574Diretor: Joaquim Antunes Conselho de Redação: Ana Carvalho, Basílio Gon-çalves, João de Brito Carvalho, Joaquim Antunes, Pedrosa Ferreira, Raquel Fragata, Simão CruzPropriedade:Província Portuguesa da SociedadeSalesiana, Corporação Missionária

38 FUTUROS Mudança! Tiago Bettencourt

20 OPINIÃO A cor em DeusAntónio Bagão Félix

38 A FECHAR Palavras PequenasGraça Alves Um arco-íris de juventude e festa encheu por completo a Basílica da Santís-

sima Trindade em Fátima. Cerca de oito mil alunos, professores, funcionários e alguns encarregados de educação comemoraram assim o Bicententário. A festa foi também de despedida para os alunos finalistas das várias escolas.

22 COMO DOM BOSCO24 ECONOMIA26 EM FOCO28 ATUALIDADE30 MISSÕES

31 FMA32 PASTORAL JUVENIL34 FAMÍLIA SALESIANA39 VOCACIONAL

JULHO/ AGOSTO 2015

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O último relatório da Unicef, intitulado As crianças e a crise em Portugal, é o primeiro documento a debruçar-se sobre o real impacto da crise na população juvenil.

Muitas foram as crianças que revelaram medo ao sentir as dificuldades por que passavam os pais e outros familiares.

“Quando a senhora dizia o preço dos remédios, o meu pai ficava assustado, porque eram muito caros”, conta um rapaz de doze anos. “A minha mãe ficou sem trabalho e tirou-me dos tempos livres”, lamenta um miúdo de nove. “O banco já ameaçou os meus pais que lhe ia tirar a casa”, queixa-se uma adolescente. “Quando não há comida em casa, os meus pais fazem isto: deixam de comer para nos dar”, desabafa uma menina de rosto triste.

O último Prémio Nobel da Paz foi atribuído a uma jovem, Malala Yousafzai. A voz das crianças tornou-se indiscutivelmente mais ouvida e respeitada. “Sinto-me honrada por ter sido escolhida como Prémio Nobel da Paz. E estou orgulhosa por ser a primeira paquistanesa e a primeira jovem a conseguir este prémio”.

Não poderia a Família Salesiana (FS), neste ano da graça de 2015, no encerramento do Bicentenário do Nascimento de Dom Bosco, criar uma iniciativa inovadora que fosse ao encontro de tantas crianças necessitadas e de tantos jovens abandonados?

A FS terá certamente uma palavra de esperança e uma resposta concreta face à interpelação de tanta juventude dorida e cerceada pelo medo. •

Encerramento do Bicentenário do Nascimento de Dom Bosco

Editorial

JOAQUIM ANTUNES DIRETOR

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Quando era bispo auxiliar de Buenos Aires, o Papa

Francisco deslocava-se, no dia 24 de cada mês, à Basílica

de Maria Auxiliadora de metro ou de autocarro para

“saudar a Mãe Auxiliadora” e conversar com ela.

Bem-vindo Papa Francisco!

REITOR-MOR

Papa Francisco visitou o coração

espiritual da salesianidade,

a Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora de

Valdocco © ANS

ÁNGEL FERNÁNDEZ REITOR-MOR DOS SALESIANOS DE DOM BOSCO TRADUÇÃO: BASÍLIO GONÇALVES

«Tem um afeto especial pela Auxiliadora», explica o sacerdote salesiano José Repovz, pároco da Basílica, «e também pela capela de S. António que fica próxima, onde em 1908, graças ao sacerdote salesiano Lorenzo Massa, nasceu aquela que

hoje é a equipa de futebol de San Lorenzo de Almagro, da qual o Papa é sócio e adepto.

Foi mesmo Bergoglio que, na celebração do centenário do clube, pediu às autoridades que nunca tirassem a Auxiliadora da institui-

ção, cujas cores, vermelho e azul, são inspiradas no manto e no vestido de Nossa Senhora.

É perfeitamente natural que na sua viagem a Turim o Papa faça uma paragem na Basílica de Maria Auxi-liadora. Desejou ardentemente esta

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viagem, para expressar toda a sua devoção a Maria Auxiliadora e a Dom Bosco.

Dirigindo-se aos membros do Capítulo Geral 27, disse: «O bicen-tenário do nascimento de Dom Bosco é um momento propício para propor de novo o carisma do vosso Fundador. Maria Auxiliadora nunca faltou com o seu auxílio na vida da Congregação, e certamente também não faltará no futuro».

As suas palavras nessa ocasião permitiram perceber o seu profundo conhecimento do carisma salesiano, o seu sincero apreço por este dom do Espírito à Igreja e a sua devoção a Maria Auxiliadora, e devem ser para nós um estímulo para crescer na fidelidade ao Papa e numa autên-tica devoção mariana.

As raízes da sua devoção a Maria

Em diversos escritos, sobretudo nas cartas endereçadas ao padre Cayetano Bruno, conservadas no Arquivo Salesiano de Buenos Aires, o Papa Francisco descreve a sua devoção mariana e a experiên-cia salesiana que a sua família lhe transmitiu e lhe fez viver. Numa delas declara: «Não admira que fale com afeto dos Salesianos, porque a minha família alimentou-se espi-ritualmente dos salesianos de S. Carlos. De pequeno aprendi a ir à procissão de Maria Auxiliadora. Quando estava na casa da minha avó, ia ao Oratório de S. Francisco de Sales. Tinham-nos ensinado a pedir “a bênção de Maria Auxilia-dora” sempre que nos despedíamos de um Salesiano».

São sinais que o levarão para o colégio salesiano de Ramos Mejía e a conhecer o testemunho de muitos salesianos, entre os quais se distin-gue o sacerdote missionário Enrique Pozzoli, que no processo de discerni-mento vocacional o levou a rezar e a descobrir a vontade de Deus aos pés da imagem da Auxiliadora da Basí-lica de S. Carlos, imagem benzida pessoalmente por Dom Bosco.

Recorda: «Uma “boa-noite” que me impressionou foi sobre a neces-sidade de rezar à Santíssima Virgem para compreender bem a própria vocação. Recordo que naquela noite rezei fervorosamente até ao dormitório… e desde aquela noite

nunca mais deixei de rezar antes de adormecer. Era um momento psi-cologicamente apropriado para dar sentido ao dia e às coisas».

A sua devoção mariana e o seu convite a ir às periferias

Nos escritos do Santo Padre, quando era ainda Cardeal de Buenos Aires, sobressai de modo especial que a sua experiência salesiana une fortemente a devoção mariana à vida sacramental e ao impulso missionário. A sua devoção à “Mãe Auxiliadora” permite-lhe compreen-der o ardor missionário de muitos filhos de Dom Bosco e membros da Família Salesiana que conhece ao longo dos anos.

Tendo em conta a sua devoção a Maria Auxiliadora, podemos reler estas lembranças confidenciais que insere numa das suas cartas: «Vi os bairros sem assistência pastoral; isto preocupou-me e começámos a acompanhar as crianças; ao sábado à tarde dávamos catequese e depois havia jogos, etc. Dei-me conta de que nós, professores, tínhamos o voto de ensinar a doutrina às crianças e aos ignorantes, e comecei eu mesmo a fazê-lo juntamente com os estu-dantes. As coisas foram correndo bem; construíram-se cinco igrejas grandes, atenderam-se de modo organizado as crianças da zona… e não só ao sábado de tarde e ao domingo de manhã… Então surgiu a acusação de que este não era um apostolado próprio dos jesuítas; que eu tinha salesianizado (sic!) a forma-ção».

Este testemunho do Papa Fran-cisco deveria levar-nos a relançar a nossa devoção pessoal e comu-nitária a Maria Auxiliadora, como elemento essencial do nosso ser discípulos e missionários de Jesus.

Como filhos de Dom Bosco, dando graças pelo momento eclesial que vivemos, convido-vos a aprofun-dar a nossa devoção à Auxiliadora e a crescer na consciência de que somos servos dos jovens, para viver realmente a palavra-de-ordem do lema deste ano Bicentenário: Como Dom Bosco, com os jovens, para os jovens… •

A opção que o Papa fez pelo nome Francisco dá a entender que quer revolucionar a Igreja trazendo de volta à tradição cristã um tema fundamental do Evangelho: o tema da pobreza. A primeira afirmação do Papa logo após a sua eleição, todos recordamos, “foram buscar um papa do fim do mundo”. “Do fim do mundo” pode significar um Papa a testemunhar um discurso totalmente diverso em relação àquele que foi feito até agora. A mensagem de Francisco foi esta: para compreender Cristo é preciso penetrar na pobreza, quem sabe, no fim do mundo, nas periferias mais recônditas, do ponto de vista social e económico...

Quando fala dos pobres refere-os como os “últimos”. O atual Papa é tão admirado porque parece ter dado um abanão enérgico à Igreja, trazendo explicitamente para o centro da vida da mesma Igreja o tema evangélico da pobreza. A Boa Nova é anunciada aos pobres. Há uma grande proximidade da Boa Nova de Jesus com os pobres, com os sofredores.

Francisco coloca na agenda um debate até agora sufocado pela economia, pela tecnologia e também pela cultura. Ao afirmar que existe “algo” mais importante, o Papa tornou-se radical, vai à raiz, ao essencial, ao mais importante. Ele tem a força de dizer “não” àquilo que faz parte do poder dominante.

O Papa Francisco é um radical. Nas suas intervenções percebe-se que a lógica da caridade é superior à doutrina da lei, que não pode ser revolucionada. Francisco apoia-se na caridade e na graça. Caridade quer dizer também graça, que significa experiência de doação. De algum modo interpretam-se esses princípios como indicações morais que se deve respeitar, mas ao mesmo tempo se não deve seguir necessariamente à risca. Se o que conta é a caridade e a benevolência humana ou um convite à misericórdia, até a traição é superada pela lógica do perdão: “antes que o galo cante, negar-me-ás três vezes”. •

Papa Francisco: uma perspetiva

Olhares

ARTUR PEREIRA

PROVINCIAL

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IGREJA

A veneração do Santo Sudário

O Santo Sudário é um pano de linho com 4,36m de comprimento por 1,10m de largura e é tido como o lençol onde foi envolvido o corpo de Jesus Cristo antes de ser sepultado.

As pesquisas científicas sobre este misterioso lençol tiveram início em 1898 quando o fotógrafo italiano Secondo Pia tirou a primeira foto-grafia ao sudário e constatou que o negativo da fotografia se asseme-lhava a uma imagem positiva de um homem, o que significava que a imagem do Sudário era, em si, um negativo.

Os médicos foram os primeiros a pôr em evidência as numerosíssi-mas feridas que se encontram por todo o corpo e que provam tratar-se da imagem deixada pelo cadáver de um homem adulto, primeiro fla-gelado e depois crucificado, com caraterísticas incrivelmente seme-lhantes àquelas que os evangelhos nos descrevem acerca da paixão e morte Jesus de Nazaré.

Os cientistas chegaram, entre outras, às seguintes conclusões sobre o Sudário:

– No Sudário encontram-se nume-rosas manchas de sangue humano do grupo AB produzidas por feridas de origem traumática;

– Não se trata de uma pintura, nem de uma obra realizada mediante téc-nicas reprodutivas conhecidas;

– A imagem possui peculiares caraterísticas tridimensionais;

– Existe uma estreita correlação entre o rosto do homem do Sudário e a iconografia do rosto de Jesus do primeiro milénio.

J. ANTUNES

O Santo Sudário de Turim esteve exposto na Catedral de

Turim de abril a junho de 2015. Mais de dois milhões de

pessoas visitaram o local.

Ampliação do negativo

da fotografia feita durante

a ostensão do Santo Sudário

em 1898

O Papa Francisco visitou a cidade italiana e venerou o Santo Sudário no dia 21 de junho. “Hoje começa em Turim a solene ostensão do sagrado Sudário. Também eu, se Deus quiser, irei deslocar-me para venerar a sagrada relíquia. Desejo que este ato de veneração nos ajude

a todos a encontrar em Jesus Cristo o rosto misericordioso de Deus e a reconhecê-lo no rosto dos nossos irmãos, especialmente dos que mais sofrem”, disse Francisco, perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de S. Pedro, dias antes da expo-sição do Santo Sudário.

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LUCIANO MIGUEL HISTORIADOR

Obrigado, Senhor, pelo testamento que me deixaste.Só de quem é infinito em misericórdia, se podia esperar tal herança.Dando-te, nasceste, Senhor, E, morrendo, fizeste a oferta total.Mas entre o nascer e o morrer, passaste pelo mundo doando-te, sempre fazendo o bem, aos famintos de Deus, aos sedentos de justiça, aos necessitados de saúde, aos carentes de amor, a todos quantos te escutavam,e que só na tua misericórdia, encontravam paz e perdão.Aos poucos ias fazendo o teu testamento, oferecendo-te a ti mesmo, o que de mais íntimo possuías,

o teu Deus Pai, a tua capacidade de acolhimento, a tua identificação com os leprosos, os cegos, os coxos, com os pecadores, os publicanos, as

prostitutas, e com os teus amados discípulos que nunca te compreenderam.Foste escrevendo o teu testamento, não em folhas de papel de notário, mas em gestos de desnudamento de

amor total.O suor, o sangue, o amor crucificado, foram a parte final do teu testamento.Mas não satisfeito ainda, até a tua Mãe incluíste no testamento, “Eis a tua Mãe!”, disseste a João. Era o único que te restava.E partiste para de onde tinhas vindo, junto da glória do Pai,

de quem fizeste sempre a vontade.Mas mesmo assim, ainda insatisfeito na tua generosidade, quiseste incluir-te a ti mesmo no teu testamento.E ficaste escondido nos sacrários, Ofereces-te diariamente na Eucaristiae nos outros sacramentos, fiel e generoso, com a graça e a força do teu Espírito.E só Tu, testamenteiro divino, poderias deixar impressas no Sudário em que te envolveram, ao colocar-te no sepulcro, as provas visíveis das chagas do teu

amor.Obrigado, Senhor,pois a herança que me deixaste, torna feliz o meu presente e o meu futuro. •

O teu testamento...

Descortinar

“O teu rosto, Senhor, eu procuro”

Faz, ó Senhor, que eu possa ver-te hoje nos rostos desfigurados,nos corpos em sofrimento de todos os tempos,nas pessoas descartadas, marginalizadas e despedaçadas pelo peso das suas cruzes.

Concede-me, ó Senhor, contemplar o teu Rosto presente e escondido nos rostos dos meus irmãos e das minhas irmãs.

Faz, ó Senhor, que eu seja um ícone Teu,o teu sudário,para testemunhar aos homens do nosso tempoo abraço do teu inefável amor!

Oração do Papa Francisco

As primeiras notícias sobre o Santo Sudário vêm descritas nos evangelhos. «Ao cair da tarde, veio um homem de Arimateia, chamado José. José tomou o corpo de Jesus, envolveu-o num lençol limpo e depositou-o no túmulo novo, que tinha mandado talhar na rocha» (Mt 27, 57-60).

Em março de 2013, o Papa gravou uma mensagem para a segunda exposição televisiva do Sudário, na qual sublinhou o alcance dos olhos do Ressuscitado e fez lembrar todos os que sofrem. “O Rosto do Sudário comunica uma grande paz; este Corpo torturado exprime uma sobe-rana majestade. É como se deixasse transparecer uma energia refreada mas poderosa, é como se nos dis-sesse: tem confiança, não percas a esperança; a força do amor de Deus, a força do Ressuscitado tudo vence”, referiu. •

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ENTREVISTA

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ENTREVISTA DE J. ANTUNES

FOTOGRAFIAS DE JOÃO RAMALHO

O Pe. Stefano Martoglio exerce o cargo de

Conselheiro Geral da Congregação Salesiana para

a nova Região Mediterrânea, que compreende

Portugal, Espanha, Itália e Médio Oriente.

O Pe. Stefano deixou uma marca indelével de

esperança e otimismo na Província Portuguesa,

onde esteve durante dois meses a visitar todas as

obras. A sua afabilidade cativou salesianos, jovens,

leigos e demais membros da Família Salesiana.

São desafiantes as palavras que nos deixou: “Em frente

com coragem! O caminho é bom! O carisma pertence a

todos nós, Família Salesiana, e exige que olhemos para

o futuro com esperança. O melhor está ainda para vir!”.

PE. STEFANO MARTOGLIO

“Levo no coração um trato cordial e fraterno das pessoas”

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Há lugares de Portugal que se asse-melham, nalguns aspetos, a outros países da Região?

Diria que há grande proximidade e semelhança, em diversos aspetos, quer com a Espanha, o que é mais evidente, mas também muito com a Itália. Por exemplo, nos dialetos da Itália do norte há muitíssimas palavras comuns com o português, e muitíssimas palavras iguais em

ENTREVISTA

Esteve dois meses a visitar, em nome do Reitor-Mor, a Província Portuguesa. Gostou do que viu em termos de beleza natural, cultura, hospitalidade, gastronomia e his-tória?

Pe. Stefano Martoglio: Portugal é uma terra belíssima, tem tudo, desde o mar à montanha; as pessoas são muito acolhedoras e cordiais. Para um italiano como eu, é verda-deiramente um lugar magnífico e ainda por cima em muitas coisas próximo da minha cultura e da minha história. Encontrando-me nesta esplêndida parte da nossa Europa, sinto ao vivo a grandeza de uma cultura comum, de uma histó-ria comum e de uma visão de vida da nossa gente que, se não nos torna irmãos, seguramente nos torna primos! A proximidade da nossa his-tória é evidente nas formas da fé, na arte e na música, mas muito também na alimentação… Só nos divide a massa, mas aproximam-nos o vinho, o pão, a cozinha “mediterrânica”.

italiano e português… o que indica, melhor do que qualquer outra coisa, proximidade histórica e cultural desde há muito tempo.As nossas zonas costeiras são muito semelhantes, ainda que o Atlântico tenha uma força e uma beleza par-ticularmente fortes. A forma da fé, as nossas igrejas, a grande devoção mariana deste povo, trazem à minha mente muitas semelhanças de toda a Europa neolatina. Depois o aco-

Pe Stefano Martoglio

em visita aos Salesianos

de Lisboa

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lhimento e o calor humano: é fácil sentir-se em casa.

No contacto com jovens, profes-sores, colaboradores, Família Salesiana em geral e salesianos em particular, que traços gostaria de realçar?

Antes de tudo, quero dizer um grande e sentido “obrigado” pelo aco-lhimento de todas as pessoas com quem me encontrei à minha pobre pessoa, mas muito mais pelo acolhi-mento feito ao pai da nossa família, o Reitor-Mor, na minha pobre pessoa.Vi tanta gente boa e acolhedora, desde os jovens aos professores, à Família Salesiana, e, claro, aos sale-sianos. O que levo no coração é o trato cordial e fraterno das pessoas; a sinceridade da relação humana unida ao bom humor e à afabilidade. Em todos, de modo muito intenso e particular nos irmãos, encontrei uma grandíssima devoção a Nossa Senhora. É uma coisa maravilhosa, é uma relação entre Maria e este povo único. E vê-se também nos jovens, se bem que nas suas formas e nos seus modos de a exprimir. Nos jovens vi uma abertura à vida e uma bondade de alma que me

fizeram bem. Naturalmente os pro-blemas e as dificuldades existem, vislumbram-se, mas vi menos ano-nimato, menos frieza do que noutras partes do mundo.No âmbito restrito da minha pre-sença vi, e senti ao vivo, de maneira

muito forte, um grande amor a Dom Bosco e uma grande fidelidade à vida do carisma e da Congregação.

Tendo em conta tudo quanto observou, viu e ouviu, está em condições de afirmar que o espí-

A forma da fé, as nossas igrejas, a grande devoção mariana deste povo, muitas semelhanças de toda a Europa neolatina

O Regional presidiu à Procissão das Velas em Fátima por ocasião da Peregrinação Nacional da Família Salesiana

Com um grupo de docentes dos Salesianos de Mogofores

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ENTREVISTA

ESTATÍSTICAS

Os números gerais da RegiãoDados: Annuario

15 MIL LEIGOSfuncionários

nas várias obras salesianas

REORGANIZAÇÃO

O mapa da nova Região Mediterrânea Dados: Annuario Direzione Generale Opere Don Bosco

400 OBRASescolas, universidades,

centros de formação profissional, centros juvenis,

lares de jovens

3434 SALESIANOSBispos, Sacerdotes, Salesianos Leigos,

Diáconos e Seminaristas

Portugal e Cabo Verde12 obras

103 salesianos

Espanha129 obras

1048 salesianos

Itália197 obras

2123 salesianos

Suíça3 obras

17 salesianos

Lituânia1 obra

6 salesianos

Turquia1 obra

7 salesianos

Síria3 obras

15 salesianos

Irão1 obra

4 salesianos

Israel5 obras

51 salesianos

Tunísia1 obra

2 salesianos

Albânia2 obras

13 salesianos

Roménia2 obras

8 salesianos

Moldávia1 obra

5 salesianos

Egito3 obras

25 salesianos

Kosovo1 obra

6 salesianos

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rito de Dom Bosco e o seu projeto de serviço aos jovens mais pobres e abandonados está presente entre nós?

Certamente! Podem estar certos disto, o espírito de Dom Bosco é forte e claro! O empenho pastoral, a força do carisma, a família salesiana estão bem implantados e encaminhados. Vi muitos sinais interessantes de futuro, sobre a centralidade da vida de Deus, sobre o serviço aos pobres e ao povo, sobre a solidariedade e sobre o espírito missionário. Esta terra, que desde sempre conhece a migração, deu vida a uma Província salesiana e a uma família salesiana muito missionárias… Parece cons-titutivo das pessoas daqui ir para outro lado, e empenhar-se em levar aquilo que aqui a pessoa recebeu e compreendeu: o espírito de Dom Bosco.

Como Província, quais os desafios mais urgentes neste momento?

Como Província salesiana, os com-promissos mais urgentes e mais vitais são precisamente os de reas-sumir a própria profundidade: a vida

interior, a vida de fé no centro das nossas ações e decisões pessoais e institucionais. Continuar a caminhar na caridade, que é a medida de fé, a energia de DEUS. A caridade em tomar ao nosso cuidado os pobres, na atenção aos sinais dos tempos. Esta é a energia de Deus, muito antes de cada uma das atividades. A caridade move o coração, vem da fé, e conduz a Deus. Dom Bosco dizia com frequência: “Cuidemos dos pobres e Deus cuidará de nós”. Estes dois compromissos de vida, da visão de fé e do empenho na caridade, sus-citarão vocações cristãs e também à vida salesiana, porque é Deus que fala ao coração das pessoas. As voca-ções são um fruto, Deus pede-nos que semeemos n’Ele e com Ele.

A problemática sociológica, pre-sente na generalidade dos países europeus, sentiu-a também em Portugal?

Certamente também em Portu-gal, como em toda a nossa Europa e no mundo, muitos problemas se assemelham. Vivemos numa aldeia global, sentimos os mesmos problemas… e influenciamo-nos mutuamente. Portugal confronta--se com todas as problemáticas do nosso tempo: as crises de identi-dade, as dificuldades da recessão económica e a falta de emprego…os medos do nosso mundo. Mas uma coisa que me impressionou de modo particular, que atinge o

Integrado nas comemorações do Dia do Movimento Juvenil de Portugal, falou aos jovens. Também presente a Visitadora das FMA, Ir. Paola Battagliola

O espírito de Dom Bosco é forte. Vi muitos sinais interessantes de futuro.

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ENTREVISTA

coração de Portugal e tem profunda incidência é a baixa da natalidade…há poucas crianças! Construímos uma sociedade que não é feita para as crianças, nem permite a quem as deseja poder tê-las facilmente. Além disso, a Europa é um continente que, com os seus medos, corre o perigo de se fechar… coisa que nunca acon-teceu na história de Portugal que sempre se abriu a novos mundos e populações. Seguramente, é isto o que mais me impressionou.

Que podem fazer os salesianos para combater a dessacralização e o indiferentismo religioso, em geral, e a falta de evangelização dos jovens, em particular?

Os salesianos, e toda a Família Salesiana, devem antes de tudo permanecer vivos e verdadeiros. Permanecer unidos a Deus e ao coração do fundador. Permanecer, recorda-nos o evangelho de João no capítulo 15, é a energia do cristão e é também o mais difícil… permanecer unidos a Deus.Permanecendo assim, o grande dom do carisma salesiano, da família salesiana e da Congregação é segu-ramente a educação. Em que Dom Bosco, porém, tinha uma visão cla-ríssima: a educação é construir o

Pe. Stefano na abertura dos Jogos Nacionais

Salesianos em Évora

Em África em visita a

alguns Irmãos Salesianos

missionários

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AGRADECIMENTO DO PROVINCIAL

“Um ano de graça”Visita Extraordinária do Pe. Stefano Martoglio marcada por mensagem de otimismo e esperança.

Para a Província Portuguesa Salesiana o ano 2015 foi um ano de graça.

A Visita Extraordinária feita pelo Regional da Mediterrâ-nea, o Pe. Stefano Martoglio, em nome do Reitor-Mor, fez emergir otimismo e esperança. Por esse motivo o nosso pro-fundo agradecimento.

Destaco palavras e expres-sões frequentemente ouvidas: “muito prático e conciso”, “muito acessível e próximo”; “fala com o otimismo da espe-rança”, “é um bom ouvinte”, “transmite energia para cami-nhar e crescer”, “próximo, irmão”, etc.

Agradecemos a sua presença ativa e amiga. Queremos cor-responder ao seu entusiasmo, à sua palavra fresca e às pro-postas de maior fidelidade ao carisma de Dom Bosco. Com-preendemos que há outras províncias a visitar, mas, pela parte que nos toca, estamos sempre disponíveis para acolher a sua presença, a sua palavra amiga e a força da sua energia espiritual.

Obrigado Pe. Stefano!

Pe. Artur Pereira,Provincial

futuro da pessoa no aqui (o estudo, a formação profissional no traba-lho…) e no além! (na relação com Deus, na intimidade com Deus… no caminho do Paraíso!). Dom Bosco não separava as duas coisas, separar é fracassar: não há futuro na educa-ção que não seja futuro na fé com Deus. Dom Bosco tinha uma visão integral do homem. Nesta perspetiva, é muito impor-tante a presença salesiana na educação, nas obras de educação…mas ainda mais em fazer “cultura” no pluralismo cultural de Portugal; em promover uma visão de vida, uma visão de homem.Para os jovens podem e devem levar por diante uma “prática de fé” juvenil, concreta, próxima da sua fé, procurar ajudá-los a fazer uma expe-riência de Igreja.

Encontrou na Província salesianos e colaboradores leigos empenha-dos em percorrer novos caminhos para dar resposta a este problema? Encontrei muitos irmãos e leigos muito empenhados e justamente preocupados em tentar dar novas respostas, e respostas renovadas ao caminho de fé dos jovens. Parece-me uma preocupação muito acertada, que coloca as pessoas na justa pers-petiva de “compreender os sinais dos tempos”, o que o Senhor nos diz com as situações, com as esperanças e as dificuldades dos nossos dias. A preocupação de captar a vontade de Deus é uma perspetiva acertada, e ajuda-nos a ver também as coisas que de repente não vimos… e recor-da-nos ainda que não é quando somos fortes, ou nos sentimos fortes, que automaticamente somos fiéis a Deus no carisma. Encontrei a Provín-cia e a Família Salesiana de Portugal muito reativas e positivas.

Ao deixar o nosso país, parte tran-quilo e convicto de que o carisma de Dom Bosco continua a ter futuro em Portugal? Não parte apreensivo nem com receio?

Tenham a certeza de que seguem no bom caminho! Estão a dar-se muitos passos com verdade e com coragem. Precisamente as situações atuais que por vezes nos criam grandes dificuldades e nos tiram as nossas

seguranças “obrigam-nos” a pensar e a ter mais fé em Deus. Vou tranquilo e contente, procurando acompa-nhar nos próximos anos esta bela terra de Portugal na grande família da Região Mediterrânea.

Que gostaria, por último, de dizer à Família Salesiana portuguesa?

Em frente com coragem! O caminho é bom. Encontrei uma Família Salesiana viva e bem integrada! O

carisma salesiano é vivo e atual, importante para a vida de Portugal. O carisma pertence a todos nós, família salesiana, e exige antes de tudo que olhemos para o futuro com esperança, com os olhos de Deus. O melhor está ainda para vir! Parece uma piada, mas é a verdade, na fé e na realidade! •

Com os participantes da Reunião de Diretores que decorreu na sede provincial no final de maio

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«Quando recebi a convocatória, custava-me a acreditar», explica. «Para mim é como se tivesse come-çado uma nova vida».

Até há poucos anos, para uma rapariga como ela, um trabalho devidamente remunerado parecia um sonho irrealizável e uma vida de

pobreza parecia o caminho traçado. Todavia Natalis teve sorte. A sua vida, a princípio nada risonha – bem cedo teve de começar a ajudar os seus pais, ambos a trabalhar a dias, e por muito tempo não pôde frequen-tar a escola, – sofreu uma reviravolta completa. O que fez a diferença? «A

Natalis está diante do computador num gabinete do centro agrícola de Shillong, no nordeste da Índia, e tem também à mão o telefone. Começa o seu dia de trabalho de funcionária administrativa. Para ela, o seu posto de trabalho constitui sempre uma pequena maravilha.

BICENTENÁRIO

ANNEGRET SPITZ/BOLETIM SALESIANO ITALIANO FOTOGRAFIAS: ANDREAS MESLI

TRADUÇÃO: BASÍLIO GONÇALVES

Na Índia, os Salesianos de Dom Bosco empenham-se

em ajudar os jovens a sair de um ciclo vicioso de falta

de formação, trabalho precário e pobreza. A “Don Bosco

Tech” é um centro de formação em rede por todo o país.

OBRAS SALESIANAS QUE HONRAM DOM BOSCO

Índia: a esperança chama-se “Don Bosco Tech”

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minha formação profissional», res-ponde sem hesitar a jovem indiana. «Se não tivesse podido frequentar uma escola e tirar um curso pro-fissional na área administrativa na Don Bosco Tech Society, a minha vida seria passada em serviços de limpeza e de lavagem de roupa».

Natalis vive no nordeste da Índia, próximo da cidade de Shillong, bem como os seus pais e os seus três irmãos.

«Quando eu era pequena, o meu pai trabalhava como jornaleiro agrí-cola. Ganhava pouquíssimo, mas para nós aqueles recursos eram suficientes». Natalis frequentava a escola, até que uma tarde o seu pai foi levado a casa. Tinha sofrido um grave acidente de trabalho. «Desde aquele dia teve de ficar de cama. Já não podia pensar em trabalhar», explica Natalis.

A rapariga saiu da escola para ajudar a família. Tinha onze anos e frequentava a quinta classe. Começou a trabalhar sem descanso,

desde manhã cedo até altas horas da noite, em várias casas em que tinha sido contratada como empregada doméstica.

«As minhas tarefas consistiam em cozinhar, lavar roupa, fazer limpezas e ao mesmo tempo cuidar das crian-ças». Era um trabalho muito pesado e Natalis prometeu a si mesma que, mais tarde ou mais cedo, arranja-ria maneira de sair daquela vida e daquela pobreza. «Mas não tinha formação profissional», acrescenta.

Através de uma vizinha, conhe-ceu os Salesianos de Dom Bosco. «De repente surgiu-me a possibi-lidade de frequentar cursos na escola». Começou a frequentar a escola duas horas por dia, conti-nuando as atividades domésticas de tarde. Não obstante a sobrecarga de trabalho, levou por diante o seu compromisso, recuperou o tempo em que não tinha frequentado a escola e terminou o curso mais cedo do que o previsto. O seu irmão mais velho arranjou depois um

emprego melhor e assim a família já não precisava do vencimento de Natalis. «Comecei logo a frequentar um curso de formação no âmbito da administração na Don Bosco Technical School e fiquei instalada no pensionato anexo à escola». Não pagou nada pelo curso de for-mação, pela alimentação ou pelo alojamento e dois anos depois con-seguiu o diploma com todas as notas positivas.

«Por sorte, na Don Bosco Tech aprendi também a apresentar uma candidatura a um emprego. E, graças a uma certa prática adquirida durante o curso de formação, pude estabelecer contactos com algumas empresas e apreciar o trabalho quo-tidiano», explica.

Uma rede que facilita a entrada no mundo laboral

Para o padre Joseph Aikarachalil, uma história como a de Natalis não é insólita. Todos os anos dezenas de

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Uma das maiores redes de formação profissional da ÍndiaCriada em 2006, a Don Bosco Tech Society tem centros de formação em praticamente todo o território da Índia. Ao longo dos anos deu formação a milhares de jovens das camadas mais pobres e desfavorecidas da sociedade indiana.Fonte: Don Bosco Tech Society, India

REDEA Don Bosco Tech é

possivelmente a maior rede de formação profissional

presente na Índia, espalhando-se por 26 dos 28 estados.

Desde o ano da criação da rede, em 2006, 200.000 jovens já receberam formação num dos

236 centros dos salesianos. A Don Bosco Tech tem uma

taxa de empregabilidade a rondar os 70-80%.

Até 2022, pretendem alcançar o objetivo de formar

2 milhões de indianos.

FORMAÇÃOA formação ministrada pela Don

Bosco Tech Society destina-se a jovens entre os 18 e os 35 anos de idade e oferece três níveis de qualificação.Os Cursos de Formação

Profissional, com Certificado e Diploma final, com duração

de 1 a 3 anos; os Cursos de Formação Não-formal, com duração entre 45 dias a 1 ano;

e os Programas de Formação de Curta Duração, de 3 meses.

ÁREASOs 35 cursos ministrados estão orientados para as necessidades

do mercado laboral. Carpintaria, Serralharia, Eletricidade, Mecânica, Turismo, Restauração,

Culinária, Hotelaria, Gestão Hoteleira, Comércio, Vendas e

Marketing, Estética, Técnico de Spa, Secretariado, Informação

e Tecnologias, Eletrónica e Telecomunicações, Design

de Moda, Impressão, Comunicação Social, Rádio e Televisão são apenas alguns.

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BICENTENÁRIO

empresarial e administrativo, somos parceiros muito procurados. Em muitos lugares faltam trabalhadores qualificados. Envolvemos na devida altura as empresas com o seu know--how na formação, e daí resultam benefícios para ambas as partes: as empresas transmitem competên-cias e capacidades importantes, e os nossos jovens estabelecem rapidamente contactos úteis. Isto facilita posteriormente a entrada no mercado do trabalho».

A Toyota, a Siemens e também o produtor alemão de sanitários Grohe são importantes parceiros do Don Bosco Tech India. Desde 2010, a rede estabeleceu com o ministé-rio indiano do desenvolvimento um amplo programa de qualifica-

ção profissional e de integração no mercado do trabalho nas regiões rurais. Dentro de dois anos, mais de 50.000 jovens de ambos os sexos seguirão este programa de forma-ção.

Uma oportunidade para quemnão tem perspetivas

O que tem de especial a formação no Don Bosco? «Adotamos uma abordagem formativa dirigida à pessoa na sua globalidade. Isto sig-nifica que os jovens que se preparam conosco não adquirem só noções técnicas, mas também competên-cias sociais», explica o padre Joseph.

A promoção da formação global da pessoa é um objetivo central da pedagogia do Dom Bosco e um ingrediente fundamental do ensino proposto. A autoestima, que nos jovens em situação desfavorecida na sociedade indiana é muito baixa, sai reforçada.

Outros temas considerados são a responsabilidade, a gestão dos con-flitos e o trabalho em equipa. «Estas peculiaridades não só ajudam os jovens a nível pessoal, mas são também traços importantes do caráter que as empresas apreciam nos seus colaboradores. Atividades desportivas e recreativas de tempos livres completam o programa.

E dá-se sempre prioridade aos jovens que noutros lugares difi-cilmente teriam oportunidade de receber formação escolar ou profis-sional. Os jovens que adquirem a sua formação profissional na Don Bosco Tech podem olhar o futuro com confiança. «Com o vencimento que recebo, finalmente caminho com as minhas pernas e, juntamente com os meus irmãos que por sua vez arranjaram um bom emprego, posso ajudar os meus pais», explica Natalis com orgulho. «Agora até os meus irmãos mais novos vão à escola e não são obrigados a trabalhar».

Natalis tem projetos para o futuro: «Queria ter uma casa, e comecei já a poupar para isso», ri-se. Depois acrescenta: «Também queria casar e quase seguramente poderia ofe-recer aos meus filhos um princípio de vida mais fácil do que eu tive». •

milhares de jovens terminam o seu percurso nos 236 centros de forma-ção profissional Don Bosco Tech distribuídos por 26 estados federais diferentes, com um diploma na mão e um emprego à sua espera.

Qual a receita para o sucesso na base desta realidade? «Em rede, temos muito mais força do que acon-teceria se cada centro profissional trabalhasse só por si. Constituímos o maior centro de formação do país, conhecido como tal. As empresas apreciam a notável capacidade prática dos nossos alunos», explica o padre Joseph, que desde há quatro anos é diretor do Don Bosco Tech da Índia, uma rede que associa todos os centros de formação profissional dos salesianos na Índia. No âmbito

Os jovens que fazem formação

num dos centros

salesianos têm quase

total certeza de encontrar um emprego

qualificado

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A Don Bosco Tech Society surgiu da necessidade de dotar a população mais desfavorecida e mais desqualificada da Índia de capacidades mínimas para também ela poder beneficiar das várias oportunidades que a nova economia tem trazido nos últimos anos ao país.

A Índia é o segundo país mais populoso do mundo, uma das eco-nomias mundiais em mais rápido crescimento desde 1990, e tem o décimo mais elevado Produto Interno Bruto nominal. No entanto é também um dos países com mais altos níveis de pobreza e analfabetismo. Cerca de um terço das crianças que ingressam no ensino primário abandona-o antes de completar os estudos.

Milhares de jovens entre os 18 e os 35 anos de idade, que não conseguiram ao longo da vida ter as condições económicas para estudar e inverter uma situação de exclusão, têm conseguido através da Don Bosco Tech aceder a formação orientada para as necessidades do mercado e sensível às suas condições socio--económicas.

Com a sede dos serviços em Nova Deli, e núcleos regionais em Bangalore, Calcutá, Chennai, Dimapur, Guwahati, Andhra Pradesh, Caxemira, Mumbai e Shillong, a Don Bosco Tech tem uma rede de cerca de 236 centros de formação em 26 dos 28 estados da Índia, o que prova-velmente faz dela a maior rede de formação no país.

Os colaboradores ultrapas-sam os 800, entre gestores e economistas, engenheiros, assistentes sociais, empreende-dores nas áreas de Informação e Tecnologia e profissionais de comunicação.

O tipo de formação minis-trada é flexível, orientada para o mercado de trabalho, a apren-dizagem é feita por módulos e é administrada por vários técnicos. A formação típica começa pelo ensino do currículo teórico em sala de aula, com duração de três meses, ao termo do qual os alunos passam a frequentar as aulas prá-ticas nas instalações dos centros. Ao longo do curso os alunos recebem formação intensiva em língua inglesa e frequentam

módulos de formação de prepa-ração para as situações reais de trabalho. Uma vez terminada esta formação, passam para a fase do estágio dentro das empesas do sector, parceiras da Don Bosco Tech.

A Don Bosco Tech apoia a sua ação em quatro tipos de alianças: de financiamento, de conheci-mento, de trabalho em rede e de emprego, articulando-se com entidades estatais, particulares, empresariais e outras organiza-ções não-governamentais sem fins lucrativos. Os salesianos têm várias acordos com o Governo Indiano, Ministério do Desenvol-vimento Rural, Ministério para as Minorias, e com vários programas estaduais.

Serralharia, Eletricidade, Mecânica, Turismo, Restaura-ção, Culinária, Hotelaria, Gestão Hoteleira, Comércio, Vendas e Marketing, Estética, Técnico de Spa, Secretariado, Informação e Tecnologias, são alguns dos cursos disponíveis. •

EDUCAÇÃO É A CHAVE

Inverter o ciclo de pobreza no meio da prosperidadeO Governo Indiano quer inverter os números do desemprego, pobreza e analfabetismo no país. Para tal tem desenvolvido diversos programas de apoio à formação dos jovens e parcerias. Esta é mesmo uma das prioridades na agenda do governo da Índia, que definiu o objetivo de formar profissionalmente mais de 500 milhões de pessoas até ao fim de 2022.

Saber mais sobre a Don Bosco Tech Society:www.dbtech.in

Participação da Don Bosco Tech na Feira do Emprego de 2012, promovida pelo Departamento do Desenvolvimento Rural

Na admissão a prioridade é dada aos jovens que dificilmente teriam oportunidade de fazer outra formação

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Procuro a infinitude das cores na fé no meu coração.

Porque a cor é de Deus e em Deus.

OPINIÃO

A cor em Deus

Hoje acordei (ou sonhei?) a pensar em cores. E em Deus, com quem havia conversado antes de ador-mecer. Não porque veja o mundo a cores, mas talvez porque procuro a infinitude das cores na fé no meu coração. Porque a cor é de Deus e em Deus.

Na minha infância, habituei-me a admirar as chamadas cores prin-cipais, o vermelho, o azul, o verde e o amarelo, a que juntávamos a sua negação, o preto, e a sua união, o branco. Numa segunda fase de aprendizagem, lá íamos descobrindo algumas cores ditas secundárias, como o cor-de-laranja (e não apenas laranja, naqueles tempos aplicado tão só à fruta), o cor-de-rosa, o roxo, às vezes tratado de violeta, e com estreia marcada para a procissão da Paixão do Senhor, o castanho e o cinzento, sempre antipáticos aos olhos da nossa meninice, o lilás, que quase sempre confundíamos com o roxo e aquela cor difusa a que cha-mávamos bege, galicismo que não entendíamos e muito menos escre-víamos. Na minha meninice, o azul mais aconchegante era o celeste e – lembro-me – associava o amarelo ao purgatório.

Hoje, há mais cores, ainda que, paradoxalmente, às vezes a preto--e-branco. Cores que se reabilitaram na paisagem urbana como o ocre, ou que ressurgiram no saudosismo fotográfico como o sépia. Cores que dão aquele toque quanto baste de erudição colorida, seja o azul ferrete ou marinho, que sanearam sem dó nem piedade o azul elétrico, o verde seco que matou o alface, o índigo, palavrão bem mais enigmático e oriental para significar o que antes era o anil, o magenta que ainda não tem lugar no novo dicionário da língua portuguesa, o bordô – este sim, já assim adaptado ao português – e trazido do grená, o brique, antes modestamente cor de tijolo, o cinza simplesmente cinzento, o creme mesmo que sem ser misturado com leite, e até essa cor quase sem cor que é a cor de champanhe ou esse oximoro colorido que é o branco sujo. Há ainda o azul ultramarino, logo agora que não temos ultramar, o rosa-velho para rejuvenescer quem o usa, ou o salmão com ou sem tona-lidade de damasco.

As cores também se usam como sinal exterior de um sentimento, atitude, ou outra coisa qualquer. Por

isso, as há frias e quentes. Agressivas e suaves. Fortes e pálidas. Presentes e fugidias. Há o preto cada vez menos do luto e cada vez mais do chique, o branco da pureza apesar da mistura de cores que lhe está na origem, o verde da esperança, o vermelho da proibição, o amarelo de certos falsos sorrisos, o azul simplesmente pálido.

Também a vida é uma sucessão de cores, começando no azul do menino ou rosa da menina, pas-sando pelos verdes anos do jovem e os anos dourados do sucesso profis-sional, soçobrando à idade prateada e terminando no amarelo da velhice.

A vida, por vezes sem cor, está sempre com ela confrontada. É o correio azul para pagar mais pelo que antes era a normalidade. É o recibo verde que, mesmo assim, não dispensa impostos. É o voto em branco para os desiludidos da política. É o livro amarelo no qual podemos registar as nossas queixas. É o vermelho e o verde dos semáfo-ros, e o seu “mais ou menos” que é o amarelo. São os cartões amarelo e vermelho do futebol. É a ameaça de uma qualquer arma branca. É o mistério de proveito indevido que

ANTÓNIO BAGÃO FÉLIX PROFESSOR CATEDRÁTICO E CONSELHEIRO DE ESTADO

ILUSTRAÇÃO: NUNO QUARESMA

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Também a vida é uma sucessão de cores, começando no azul do menino ou rosa da menina, passando pelos verdes anos do jovem e os anos dourados do sucesso profissional, soçobrando à idade prateada e terminando no amarelo da velhice. .

dá pelo nome de saco azul. É a angus-tiante busca da caixa preta (ainda que laranja) de uma aeronave. E tudo isto umas vezes nos faz mudar de cor, outras leva-nos a pôr o pé em ramo verde ou a ficarmos vermelhos ou rubros. E quantas vezes perante pessoas cinzentas somos impelidos a pôr o preto no branco. E, como se veem amiúde, indivíduos bran-queando algum ato bem escuro.

O que mais nos prende à cor é a fantasia. O caleidoscópio representa, na nossa vida, essa fantasia e, por isso, crianças ou adultos, nos senti-mos cativados por esse tubo onde as formas se transformam em cores e as cores dão expressão às formas.

A mesma cor pode ser uma outra cor no registo do que nos acontece. A cor varia com a intensidade da luz de que se alimenta, como o espírito varia com a intensidade da cor que nos acalenta. A cor que hoje nos agride, amanhã nos compraz. A que ontem nos deixou indiferente, hoje nos atrai.

Acabo como comecei. Com Deus. E com o Mistério da cor da Eterni-dade. Que imagino suave, cristalina, inigualável na sua policromia, onde todas as cores se abraçam e nos esperam para nos envolver. Porque a Fé e a Esperança não são só virtu-des teologais, são também o arco-íris da explicação para o nosso sentido

da vida, cá e lá. Aliadas à Caridade, onde a cor é impressionista, porque dentro de nós, entre nós e o outro, nós e o todo, através do Senhor. •

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«Já não tenho a minha catequista!» «Já não tenho os meus

colegas do ano passado!» «Já não me apetece!» Que fazer

nestes casos? Obrigar? Desistir? Esperar outra altura?

BRUNO FERRERO DIRETOR DO BOLETIM SALESIANO ITALIANO

COMO DOM BOSCO

Quando uma criança se recusa a fazer o que se espera dela, os adultos refugiam-se instintivamente em alguns comportamentos bastante comuns. O primeiro é a fuga. Significa evitar enfrentar o problema, fazer de conta que não existe e esperar que

por fim, de alguma maneira, tudo se resolva. Outros impõem resoluta-mente a sua vontade, por vezes em termos brutais; se a criança resiste, chega-se à confrontação agressiva. Sabem que são mais fortes do que ela e não têm dúvidas sobre quem

vencerá. Outros adotam uma estra-tégia de sedução. Usam palavrinhas meigas, prometem recompensas, tentam por bem, mas com frequên-cia acabam por desistir. Nenhuma destas soluções é verdadeiramente satisfatória. A fuga transmite a

Não quero ir à Catequese!

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Os pais são protagonistas da catequese, não expetadores. Não “se manda os filhos” à catequese! A catequese não é um parente afastado da escola. A família cresce na Igreja com os próprios filhos.

mensagem: «Não se interessam por mim», o conflito «Não me res-peitam» e a sedução «São fracos». A criança precisa de contar para os adultos, de sentir-se respeitada e de ter a seu lado alguém forte que garanta a sua segurança. O erro mais frequente consiste em pensar que dizer “não” significa recusar.

Ao invés, a maioria dos “não” são atos de amor. São os faróis que indicam a rota segura.

Para uma reação saudável é importante conjugar duas atitu-des que à primeira vista poderiam parecer contraditórias: a bondade e a força. Se a criança deve sentir--se compreendida e amada, deve também saber que não pode mani-pular os pais.

A primeira coisa é deixá-la falar. A recusa pode ter causas muito dife-rentes, que a maior parte das vezes os pais nem sequer imaginam. A criança deve poder exprimir o que tem no coração, dar-se conta de que os seus sentimentos são devi-damente compreendidos.

O segundo passo consiste em desdramatizar, não com as banali-dades do costume: «É uma coisa de nada! Mas que queres que seja! Não te faças parvo!» e assim por diante. Mas ajudando a criança a distinguir entre o que é subjetivo e o que é objetivo.

Crescer é ser corajoso

Assim, um problema de pouca importância pode transformar-se num dos momentos mais impor-tantes da educação.

Pode dizer-se: «Compreendo que não gostes da nova catequista. A Maria Rosa era muito atenciosa e querida. Mas tu és simpático e depressa farás amizade», «Sei que, depois das aulas, preferias ficar sozinho a jogar ou a ver televisão e por vezes a catequese é aborre-cida. Mas tu e os teus amigos tendes muita imaginação: sois capazes de a tornar mais interessante». Tudo acompanhado de gestos de afetuosa solidariedade.

A mensagem que de algum modo deve passar, útil neste caso e sobre-tudo para a vida, é que na realidade há muitas coisas de que não gosta-mos, mas são inevitáveis e temos de aprender a ultrapassá-las. Não se elimina um obstáculo fugindo dele, mas buscando uma solução válida. Por vezes basta pensar: «É mesmo uma dificuldade insuperável ou, no fundo, com um pequeno esforço consigo vencê-la? Não é o que eu esperava, mas posso conseguir algo de bom, se quiser.

É importante dizer ao filho que está a crescer e que “ser adulto” significa ser corajoso perante as dificuldades.

O passo seguinte é o mais deli-cado. A criança deve ser ajudada a distinguir e avaliar, na base de uma escala de valores, aquilo que é mais importante daquilo que é menos. Por exemplo, a criança deveria ser capaz de ir além da “casca” exterior da catequese e de saborear o verda-deiro valor do conteúdo.

E este último passo importantís-simo não pode conseguir-se com sermões cheios de boa vontade.

Neste ponto aquilo que mais conta é o testemunho dos adultos, o seu modo real de ver e de viver a relação com a Igreja e, sobretudo, a coerên-cia concreta da sua vida de fé.

É este o núcleo da questão: os pais são protagonistas da cate-quese, não expetadores. Não “se manda os filhos” à catequese! A catequese não é um parente afas-tado da escola. A família cresce na Igreja com os próprios filhos.

As crianças só aprendem aquilo que vivem

Sobretudo para a educação na fé, é válido o princípio geral: as crianças só aprendem o que vivem. A aprendizagem religiosa passa através da observação e da imitação. Todavia, a religiosidade adquire-se não só em base a um modelo, mas também através do ensino e do acompanhamento. As crianças têm direito de saber e de compreender, de conhecer a história de Jesus, as suas palavras, a reflexão e a tradição da comuni-dade dos crentes. E também de ser “iniciadas” numa vida “com Deus dentro de si”.

A terceira via para aprender a reli-giosidade passa através do reforço que vem da aprovação dos outros e da confirmação social. A segurança interior necessária e o autêntico conhecimento e compreensão do comportamento religioso crescem não só através dos pais, mas também através da relação das crianças com a comunidade dos crentes e com as suas atividades.

Neste contexto social, a Igreja tem a sua grande importância como comunidade crente: sem as muitas outras pessoas que percorrem o caminho para Deus juntamente com Jesus, a fé cristã não é experi-mentável nem pode crescer.

A confirmação social que deriva da oração e da celebração em comum na igreja ou também em grupos, no oratório, torna plausível e digno de ser vivido tudo o que é transmitido à criança pelos pais e catequistas. •

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Poderá a pedagogia preventiva contribuir positivamente

para a solução dos novos desafios da educação?

Congresso de pedagogia nos Salesianos do Estoril

ORLANDO CAMACHO ADMINISTRADOR PROVINCIAL

ECONOMIA

Em boa hora se decidiu realizar o Congresso de Pedagogia, subordi-nado ao tema “E-ducar – para além da cloud”, que terá lugar nos Salesia-nos do Estoril de 3 e 4 de setembro de 2015, ano bicentenário do nasci-mento de São João Bosco. Porque os tempos são de crise, a educação está também em crise. Mas, sendo os tempos críticos férteis em pro-blemas novos, tornam-se tempos de novas oportunidades e soluções. Não é possível que educadores do século XXI utilizem metodologias do século XX para educar jovens que viverão até ao século XXII.

A pedagogia preventiva que Dom Bosco cultivou toda a vida não pode ser exclusiva dos Sale-sianos. Ela precisa de ser pensada, atualizada, aplicada e divulgada pelo maior número possível de edu-cadores: na família, na escola, nos grupos mais diversos e na sociedade em geral. Esta pedagogia preventiva assenta na razão que compreende, justifica, aprofunda e explica; na religião que eleva para além do imediato, abre ao Transcendente, até à descoberta e à experiência do amor de Deus em Cristo; na amabi-lidade, tecida de ternura, na relação com o outro, a exemplo da relação

amorosa de Deus conosco. A razão põe em ato as potencialidades da faculdade intelectiva, a amabilidade mobiliza os afetos da faculdade voli-tiva (o coração) e a religião vertica-liza inteligência e vontade (mente e coração), elevando-as ao patamar da Transcendência. Esta é a receita perfeita para educar.

A tecnologia pode propiciar uma comunicação sem relação, fria, distante, fútil. Estamos juntos, mas cada um comunica fora do grupo; estamos em família, mas não vivemos em comunhão; ou estamos sozinhos, mas comunica-mos com centenas de “amigos” que nem conhecemos. O futuro precisa de uma inteligência que sinta as razões do amor e de um amor capaz de pensar e planear, uma “inteligên-cia cordial” (a que os psicólogos chamam, deficientemente, “inte-ligência emocional”) e um “amor inteligente” (expressão redundante, pois sendo o amor, formalmente, ato da vontade e não sentimento, nunca poderá ser cego).

Hoje tudo se encontra com um clique, em todas as línguas, em infi-nitas perspetivas. É preciso criar filtros para da densidade da “nuvem”

retirar verdadeira informação, dar sentido ao caos, dar vida às vidas dispersas no éter. Os tempos são cada vez mais curtos, fragmenta-dos, continuamente interrompidos e diversificados. Poderemos estar na “nuvem” sem estarmos continua-mente nas nuvens? Porque a veloci-dade da mudança é estonteante, só é possível educar em banda larga, sem tolher os horizontes, sem enco-brir informação, partilhando a expe-riência e a vida.

O mundo da “nuvem”, porém, não extingue no homem a sua indelével demanda de Transcen-dência. Não queremos ser passivos na receção de conteúdos cognitivos que nos são anonimamente inocula-dos, não nos bastam as redes sociais, a procura de banalidades, a divul-gação de inutilidades, a partilha de futilidades. A “nuvem”, filha da tec-nologia, também pode ter coração. E pode fazer sentido, dar sentido e quase sentir. Afinal, há mais vida para além da “nuvem”, pode haver sonhos para lá da informação e comunhão para lá da comunicação. A amabilidade implica uma sintonia entre o educando e o educador, uma relação pessoal, um conhecimento aprofundado, uma grande capaci-

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A pedagogia que D. Bosco cultivou toda a vida não pode ser exclusiva dos Salesianos. Ela precisa de ser pensada, atualizada, aplicada e divulgada.

dade de discernir o futuro e poten-ciá-lo desde muito cedo. Poderão a “nuvem” e as redes sociais ajudar quantos delas se servem a ser bons cristãos e honestos cidadãos?

A fibra dos jovens não é fácil de torcer mas facilmente quebra. Há muito que educar deixou de ser uma preparação para a vida. Educar é vida! Educa-se para a vida na vida, como se aprende a nadar na água. Mal seria se um jovem de trinta anos ainda estivesse a preparar-se para a vida. Teria perdido um terço da existência, porventura a sua melhor fatia.

A educação tem hoje novos e grandes desafios. Poderá a peda-gogia preventiva contribuir posi-tivamente para novas soluções? Estamos certos de que sim. Para além de toda a tecnologia e acesso imediato ao conhecimento e ao rela-cionamento, a sintonia dos corações torna-se cada vez mais necessária.

Precisamos de aprender a pôr os meios tecnológicos ao serviço das pessoas, as redes sociais ao serviço das comunidades, o conhecimento ao serviço da cidadania. A globa-lização está ainda na pré-história, os passos da tecnologia digital são sempre os primeiros, as redes sociais avançam de uma forma avassala-dora. Temos de repensar novos con-

ceitos de privacidade, novas formas de acesso ao conhecimento, novos modos de conviver, novos meios para educar e, sobretudo, novos modelos de educador. Perscrutar as mentes que andam nas nuvens e sentir os corações que continuam a bater é ser educador. Caminhar com eles “para além da nuvem” é ser apóstolo. •

FUTURODO CORAÇÃOEDUCATIVO

3/4 SETEMBRO/15Salesianos do Estoril

Informações em www.e-ducar.salesianos.pt

ORGANIZAÇÃO: APOIO:

/CongressoE.ducar

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do Giraldo até à Arena D’ Évora, local onde se realizou a cerimónia de abertura.

Esteve presente o conselheiro regional do Reitor-Mor para a região Mediterrânea, Pe. Stefano Martoglio, em visita a Portugal.

O espetáculo “200 anos a sonhar com D. Bosco” contou com a partici-pação dos alunos do pré-escolar até ao 3.º ciclo, dos alunos das classes

de Aikido, Ballet, Ginástica Mista/Acrobática e Karate do ArtiSport e também do Musicentro dos Salesia-nos de Évora.

Durante os dois dias da competi-ção desportiva, disputaram-se perto de 400 provas de seis modalida-des – Basquetebol, Futsal, Voieibol, Natação, Ténis de Mesa e Xadrez – que decorreram nas instalações dos Salesianos e noutros espaços

Mais de 1300 participantes de 12 casas salesianas, participaram nos XXII Jogos Nacionais Salesianos, que decorreram em Évora entre 30 de abril e 3 de maio, seguindo o lema “Faz do sonho uma vitória”.

A festa do desporto salesiano começou na noite de dia 30 com um desfile a pé de todas as comitivas, lideradas pela Banda Juvenil dos Salesianos de Poiares, desde a Praça

EM FOCO

JORGE MALARRANHA

FOTOGRAFIAS: JOÃO RAMALHO

No ano do bicentenário do nascimento de S. João Bosco,

foi com grande honra que os Salesianos de Évora e a

cidade património mundial receberam os XXII Jogos

Nacionais Salesianos.

ATLETAS DE TODO O PAÍS EM COMPETIÇÃO

Évora recebeu Jogos Nacionais Salesianos

Concentração dos atletas

na Praça do Giraldo

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desportivos da cidade de Évora. Os resultados estão publicados em www.facebook.com/jnsalesianos.

Para aqueles que não puderam estar presentes mas quiserem acompanhar a competição, foi disponibilizada uma emissão via internet através do site ealtv.drealen-tejo.pt.

Os participantes tiveram ainda oportunidade de assistir ao musical “Beauty and the Beast”, apresen-tado pelo Musicentro de Lisboa, em sessão dupla, na Arena D’ Évora.

Os Jogos terminaram no dia 3 de maio onde começaram: também na Arena D’ Évora, com mais um grande momento, marcado por uma bonita celebração eucarística, presidida pelo Provincial, Pe. Artur Pereira.

Manique recebe próxima edição

Depois fez-se a entrega dos prémios às casas participantes. Seguiu-se um espetáculo de música, alegria, cor e animação proporcio-nado pelos grupos de Hip Hop (“Just Move”) e de Zumba do ArtiSport, que pôs todos os presentes a dançar! Como é hábito, a festa terminou com

o anúncio dos organizadores da edição do próximo ano que será a Escola de Manique. O momento foi simbolicamente assinalado, como é tradição, com a entrega da Bandeira do Desporto Salesiano pelo Diretor dos Salesianos de Évora, Pe. José Jorge, ao Administrador dos Sale-sianos de Manique, Pe. João Cândido Ramos. •

Pe Artur Pereira com os representantes das duas casas anfitriãs das edições de 2015 e 2016 dos Jogos Nacionais

Celebração da Eucaristia, momentos dos espetáculos de abertura e encerramento dos Jogos e elenco do musical “The Beauty and the Beast”

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liadora em Turim, bem poderia encimar a igreja que, há cinquenta anos, no dia 20 de maio de 1965, foi solenemente consagrada, e dedi-cada ao culto de Deus e da Mãe Santíssima Auxiliadora.

Edificada graças ao entusiasmo e à dedicação de salesianos corajo-sos e sonhadores, e à generosidade de muitos benfeitores, entre os quais sobressai o benemérito Conde de Villalva, a igreja de Nossa Senhora

«Hic domus mea, inde gloria mea»: Aqui, a minha casa; daqui se difundirá a minha glória.

Esta frase que, para Dom Bosco, definia a Basílica de Maria Auxi-

ATUALIDADE

PE. ANTÓNIO GOMES

FOTOGRAFIAS: JOÃO RAMALHO

No dia 20 de maio comemoraram-se os cinquenta anos

da consagração da igreja de Évora a Mãe Santíssima

Auxiliadora. D. Joaquim Mendes presidiu à Eucaristia.

ÉVORA

Cinquenta anos da igreja de Nossa Senhora Auxiliadora

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Auxiliadora, aí estava, à entrada de Évora, nas Portas de Alconchel, como monumento erguido em honra da Mãe Santíssima, Auxílio dos Cristãos, como testemunho da devoção filial dos salesianos e dos eborenses, como casa de oração e lugar de encontro com Deus e com Maria, Mãe Auxiliadora.

A festa começou na tarde do dia 19, com a Eucaristia e primei-ras vésperas da solenidade da Dedicação da Igreja, e com uma belíssima conferência proferida por D. Manuel Madureira, bispo emérito do Algarve, amigo de longa data, que desenvolveu o tema “O templo, lugar privilegiado da presença de Deus no mundo”.

O dia 20 foi verdadeiramente solene, apesar de ser dia de trabalho, a igreja de Nossa Senhora Auxilia-dora foi pequena para acolher todos os fiéis que alegremente quiseram vir associar-se e dar brilho à festa das Bodas de Ouro.

A solene Eucaristia, celebrada ao cair da tarde, foi presidida pelo bispo salesiano D. Joaquim Mendes, auxi-liar do patriarcado e concelebrada por um grupo de 25 sacerdotes entre os quais se contavam os salesia-nos, a quase totalidade dos padres da cidade, os jesuítas e o prior da Cartuxa.

Segui-se o jantar, que reuniu em alegre e fraternal convívio os salesia-nos, os sacerdotes que participaram na concelebração eucarística, o arcebispo D. José Alves, e os bispos D. Manuel Madureira e D. Joaquim Mendes.

Arcebispo enaltece ação dos salesianos

No final, o pároco tomou a palavra para saudar os presentes, agradecer a sua presença e realçar o que ela significava de amizade, colaboração e espírito de família. Fez um breve resumo da história da igreja desde os inícios até hoje e referiu nomes que seria grave não recordar, porque sem eles a igreja de Nossa Senhora Auxiliadora talvez não existisse ou pelo menos de modo algum seria o que é: o salesiano padre Pedro Morais, o grande benfeitor enge-nheiro Eugénio de Almeida, Conde de Villalva, e o arquiteto Raul David com toda a sua equipa.

Houve ainda outras intervenções e no final falou também o arcebispo, D. José Alves, que enalteceu a ação desenvolvida pelos salesianos em Évora-cidade e em Évora-diocese. Evidenciou e agradeceu o trabalho realizado tanto na paróquia como na escola, bem como o modo como os salesianos, sempre que solicita-dos, disponibilizam e abrem os seus ambientes à Igreja diocesana. Foi com visível agrado que o ouvimos dizer-nos que os frutos do trabalho educativo-pastoral salesiano são bem visíveis, por vezes até onde e quando menos se esperaria. E foi igualmente com muito agrado que lhe ouvimos a afirmação de que, sem os salesianos, Évora não seria o que é!

Em festa de Bodas de Ouro da nossa igreja, é deveras consolador ouvir este elogio e esta apreciação do Pastor diocesano. Tudo isto nos enche de brio e entusiasmo e nos anima a entrar no novo cinquente-nário decididos a não desmerecer da herança que nos foi transmitida e a tudo fazer para a transmitir aos nossos vindouros enriquecida e melhorada, de modo a dar-lhes renovados motivos para celebra-rem de forma ainda mais solene as próximas Bodas, que são as de Dia-mante! •

Eucaristia presidida por D. Joaquim Mendes, sdb, e concelebrada por vários sacerdotes de Évora e salesianos de outras casas

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AO SERVIÇO

Padre Bruno Roccaro, em Cuba há 45 anos

O padre Bruno Roccaro, do Véneto, região no nordeste de Itália, tem 94 anos. É o último sobrevivente de dezassete irmãos e trabalha há 45 anos em Cuba. Como sacerdote, sempre trabalhou em casas de formação: primeiro em Itália em Castello di Godego, Nave e Cison, e em Cuba, no Seminário interdiocesano de Havana. For-mou-se em matemática, em Pádua, com habilitação para o ensino nas escolas superiores em matemática e física. Em Cuba passou 25 anos no Seminário de S. Carlos como coordenador dos estudos humanís-tico-filosóficos, e durante 22 anos foi delegado dos salesianos em Cuba, o que o levou a relacionar-se com muitas autoridades eclesiásticas e civis e com os religiosos.

Foi em 1970, ao fim dos três anos como diretor do Instituto Salesiano de Nave, que o Reitor-Mor padre Luís Ricceri o convidou a ir para Cuba, a fim de colaborar na forma-ção dos sacerdotes. Ali chegou, ao

Seminário de S. Carlos no dia 13 de outubro desse ano, com 50 anos de idade. Durante 25 anos partilhou a vida dos futuros sacerdotes e deu aulas como professor externo durante sete.

Não pretende que a sua opinião seja tida pelo que não é. Diz mesmo: “Não sou político nem jornalista! Mas é o que tenho visto, lido e vivido nestes anos”. “A Cuba comunista de Fidel Castro foi vista por parte da América latina como um modelo a imitar na promoção da cultura, da saúde, do desporto. A conquista do prestígio internacional, porém, não permitiu desenvolver a agricultura, a industrialização, as vias de comu-nicação, a conservação dos edifícios, a construção de casas novas com frequência arruinadas pelos fura-cões”.

“Tal como a Igreja em geral, também a Igreja de Cuba está em movimento”, afirma. “Os católicos, quer a hierarquia quer os leigos, apoiaram a luta dos rebeldes, seja

MISSÕES

O primeiro salesiano a chegar a Cuba foi D. Félix Fezzia, nomeado Administrador Apostólico de Santiago de Cuba em 1915. A obra salesiana começará cinco anos mais tarde, por sua iniciativa, com a abertura de uma escola. O salesiano Padre Bruno Roccaro, há 45 anos em Cuba, ajuda-nos a fazer o retrato da história recente da presença salesiana e da Igreja na Ilha do Mar das Caraíbas.

nas montanhas seja nas cidades. Mas a revolução acabou por privar a Igreja de todas as estruturas pas-torais e esta, esvaziada também de pessoal, viu diminuir drastica-mente o número dos fiéis”. O Pe. Bruno recorda que quando chegou a Cuba o número de sacerdotes tinha passado de mais de 800 para 200, e o número de religiosas tinha também reduzido drasticamente de 2200 para 300.

Hoje a Igreja reorganizou-se. O Diretório da Conferência Nacio-nal Cubana dos Religiosos de 2014 regista 585 religiosas (25,5% cubanas), 189 religiosos (23% cubanos) e mais de 400 sacerdotes. Há novas dioceses e um novo semi-nário.

Os Salesianos atualmente têm cinco presenças em Cuba, peque-nas comunidades paroquiais, onde trabalham 17 consagrados, 14 sacer-dotes, um leigo e dois escolásticos. “Em Cuba, à Congregação aconteceu o mesmo que à Igreja: foi despojada de todos os seus centros educativos e de formação”. Ficaram poucos, na animação paroquial em duas paróquias em Havana, uma em Car-magüey, uma em Santa Clara e uma em Santiago de Cuba.

“Atualmente, os salesianos tra-balham em Santiago de Cuba com uma paróquia, duas capelas, uma vintena de casas-missão, e um flores-cente oratório cheio de iniciativas. Em Camagüey, temos uma grande paróquia, quatro capelas, quase paróquias, e mais de 20 pequenas comunidades rurais. Há uma bela paróquia em Santa Clara, bem orga-nizada, viva. Funciona também aqui um Centro de Comunicação Social. Na capital, Havana, há duas obras: a paróquia de S. João Bosco, no bairro de Víbora, com a sua bela igreja, uma comunidade bem organizada que criou também cursos de línguas e de informática, muito frequentados; e Havana-Compostela onde eu vivo”.

Em Cuba trabalhou o padre José Vandor, salesiano húngaro, cuja causa de beatificação já foi intro-duzida, missionário em Cuba e na República Dominicana desde a sua ordenação sacerdotal, em 1936 até à sua morte em 1979. • O. PORI MECOI/BS ITÁLIA

O sacerdote salesiano Pe. Bruno

Roccaro

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A PRIMEIRA MISSIONÁRIA

Ângela Vallese, uma mulher de fogo na Terra do Fogo

Nos seus 36 anos de vida mis-sionária, Ângela soube traduzir o Evangelho na vida. A primeira comunidade, pouco tempo depois da sua chegada, recebe as primei-ras quatro órfãs da tribo de Onas que são confiadas aos cuidados das novas missionárias. Muitas outras se sucedem e o colégio torna-se exíguo para acolher todas as que vão chegando. E assim é necessário construir um outro muito maior. A atividade e o arrojo do Pe. Costa-magna, sdb, a coragem e dedicação das irmãs no cuidado das jovens e das mulheres indígenas completam o trabalho que a presença salesiana iniciou, com tanto êxito, nas terras da Patagónia.

D. Costamagna assim se exprime numa carta dirigida a Dom Bosco: “A vinda das nossas irmãs foi um auxílio potentíssimo, na evangeli-zação desta terra. O trabalho dos sacerdotes é corroborado e com-pletado pelo das irmãs e assim se consolidam os fundamentos da vida cristã entre as gentes”.

Em 1880, a Ir. Ângela escreve a Dom Bosco e comunica-lhe o entu-siasmo com que estão animadas a

Ângela, natural de Lu Monferrato, Itália, nasceu a 8 de janeiro de 1854. Aos 20 anos conheceu a obra de D. Bosco. O seu entusiasmo levou-a a Mornese, a primeira comunidade das irmãs salesianas. Em 1876 fez a profissão religiosa e um ano depois é enviada, como missionária e chefe do primeiro grupo que parte para a América, com apenas 23 anos. O grupo é constituído por 5 irmãs, todas muito jovens, mas com uma grande maturidade vocacional.

Apenas dois anos de vida na comunidade de Mornese deram a Ângela uma estrutura humana, religiosa e missionária que a tor-naram apta a chefiar o primeiro grupo de missionárias. Partem no dia 14 de novembro de 1877, jun-tamente com alguns salesianos. Levam até às terras da Patagónia o espírito que se vivia em Mornese, o espírito de família, o ardor pela salvação das almas. Levam apenas dois baús que constituem toda a sua riqueza pessoal e ainda dois quadros de Maria Auxiliadora (um tirado da sacristia de Valdocco e benzido por Dom Bosco e o outro, tirado do colégio de Mornese, por D. Costamagna). A maior riqueza que transportavam habitava nos seus corações. Uma vontade indómita de tudo vencer para conquistar o maior número de almas para ao Senhor.

FMA

Em Ano da Vida Consagrada, no Bicentenário do nascimento de S. João Bosco, no 75.º aniversário da chegada das FMA a Portugal, ce-lebramos mais um centenário de uma grande missionária salesiana, Ir. Ângela Vallese que inaugurou a presença salesiana das FMA na terra do sonho de Dom Bosco – a Patagónia.

ANA CARVALHO/FMA

prosseguir nesta grande tarefa de evangelização e pede-lhe que as recorde ao Senhor e Maria Auxi-liadora, para que sejam fiéis até à morte.

Hoje, 100 anos depois, a voz da Igreja, na pessoa do Papa Francisco, continua a repetir: “Não deixem a Patagónia! É uma missão que não pode fechar!”

Lá do céu, a “Madre boa” continue a proteger esta terra e todos aqueles que nela dão a vida e o entusiasmo. •

Primeira expedição missionária das FMA, partiu do porto de Génova a 14 de novembro de 1877

Irmã Ângela Vallese, 1854-1914

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PASTORAL JUVENIL

FESTA DO MJS EM FÁTIMA

Do sonho à santidade, guiados por Jesus

O quadro só ficou completo com a Eucaristia celebrada no recinto do santuário em conjunto com a Família Sale-siana, já no domingo. E assim, do princípio ao fim deste encontro, com o norte sempre virado para Cristo, os jovens descobriram as coordenadas para darem vida ao sonho de D. Bosco e sobretudo aos seus sonhos de vida. • CATARINA BARRETO

Nos dias 16 e 17 de maio, centenas de jovens do Movi-mento Juvenil Salesiano (MJS) voltaram a colorir as ruas de Fátima para mais um Dia Nacional do MJS. A chegada dos grupos foi desenhando os primeiros traços desta tela – cada centro vestia uma t-shirt de sua cor, em jeito de grande festa. Em ano de comemorações de bicentenário, os jovens não ficaram indiferentes ao seu Pai e Mestre e foram interpelados a defini-lo nas suas vidas e a encon-trar “200 razões para o amar”.

A oração da manhã deu o mote para o dia: do sonho dos nove anos à santidade, os jovens foram chamados a encontrar a coordenada que os guia e que sempre guiou D. Bosco – Jesus. Com base nos lugares que marcaram a vida do nosso fundador, os grupos fizeram um geoca-ching fotográfico pela cidade que terminou no Santuário para a saudação com a Família Salesiana àquela que “tudo fez”, Nossa Senhora.

Seguiu-se o Boscorail, um espetáculo com Arte e Fé, onde os jovens das diferentes casas puderam viajar nova-mente pelos lugares da vida do Santo e mostrar o que os marca. A viagem, dos Becchi a Portugal, foi enriquecida pelas palavras dos conselheiros Pe. Stefano Martoglio e Ir. Paola Battagliola.

O dia terminou com a recitação do terço e a procissão das velas, momentos de agradecimento pelo dia vivido.

GALERIA DE FOTOSMais fotografias do Dia MJS 2015 em www.bit.ly/diamjs2015

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A Delegação da Pastoral Juvenil Salesiana promoveu, no dia 25 de abril, a 3.ª edição do Festival de Curtas-me-tragens Clip D. Bosco. Os anfitriões desta edição foram os Salesianos de Manique. A concurso estiveram sete cur-tas-metragens em torno do tema “Dar vida ao sonho”. Muito talento e qualidade foram as palavras destacadas pelo júri composto pela irmã Fernanda Luz, diretora da Casa de Nossa Senhora da Assunção, em Cascais, pelo padre Paulo Pinto, coordenador dos serviços sociais da Fundação Salesianos, por Luís Antunes, doutorando em Arte e Cinema, e por José Manuel Silva, repórter de imagem na televisão SIC. Saiu vencedora a curta-metra-gem “Oportunidade de ser feliz”, realizada pelo Raul Campeão, de Mirandela. • MICHAEL FERNANDES

CURTAS-METRAGENS

Muito talento na 3.ª edição do Clip D. Bosco

Aproxima-se a passos largos a celebração juvenil do Bicentenário em Turim, Itália, de 10 a 16 de agosto, para a qual estão previstos 4000 jovens do Movi-mento Juvenil Salesiano de todo o mundo, entre os quais 200 portugueses das várias obras dos Sale-sianos e das Filhas de Maria Auxiliadora. No dia 10 de agosto está prevista a visita a Mornese e a Chieri, antes da chegada a Turim. Para os principais momen-tos a organização escolheu dois locais em Turim: o pavilhão Pala Ruffini e Valdocco. Haverá ainda a visita aos lugares salesianos: Mondonio, Castelnuovo, Capriglio, Buttigliera e Colle Don Bosco, antes do encerramento do encontro no dia 16 de agosto, com a Missa e envio por parte do Reitor-Mor, Pe. Ángel Fernández Artime. • MIGUEL MENDES

TURIM

MJS Dom Bosco 2015 reúne jovens de todo o mundo

Trinta e dois voluntários estão já a preparar-se para mais um verão dedicado às atividades missionárias sale-sianas. A iniciativa do Programa D. Bosco - Projeto Vida presta todos os anos apoio às comunidades desfavore-cidas de Cabo Verde e Moçambique. Este ano conta com três missões destinadas às ilhas cabo-verdianas da Boa Vista, Santiago e S. Vicente, assim como o envio de vários voluntários para Moçambique e para a Escola Salesiana de Artes e Ofícios no Mindelo, Cabo Verde.

“Vivi em comunidade nas três Casas Salesianas por onde passei. O ter vivido integrado no dia a dia das Casas permitiu-me também ter uma melhor noção da vida sale-siana. Realmente desenvolvem um trabalho único a favor do ensino, sobretudo profissional”, conta Jorge Luz que participou numa missão em 2014 em Moçambique

Para saber mais visite a página: www.fundacao.sale-sianos.pt. • VANESSA SANTOS

VOLUNTARIADO

Jovens em missão

Mais informações emwww.bit.ly/mjsdombosco2015

Para ver no canal do Youtube da Pastoral Juvenil Salesiana em www.bit.ly/ clipdbosco 2015

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FAMÍLIA SALESIANA

CONDECORADO

D. Ximenes Belo recebe Ordem de Mérito Templário

D. Carlos Filipe Ximenes Belo, sdb, administrador apostólico emérito de Díli e bispo titular de Lorium, foi recentemente home-nageado com a “Ordem de Mérito Templário”, atribuída pela “Ordo Supremus Milita-ris Templi Hierosolynitami”, Ordem dos Templários, Prio-rado de Portugal.

A cerimónia realizou-se no dia 18 de abril no Con-vento de Cristo, em Tomar.

D. Ximenes Belo, em conjunto com José Ramos--Horta, foi agraciado em 1996 com o “Prémio Nobel da Paz”, “pelo seu trabalho a favor de uma solução justa e pacífica para o conflito em Timor-Leste”.

Em 1998 o Presidente da República, Jorge Sampaio, atribuiu-lhe a “Grã Cruz da Ordem da Liberdade”, ordem honorífica portu-guesa, que se destina a distinguir serviços relevan-tes prestados em defesa dos valores da Civilização, em prol da dignificação do Homem e à causa da Liber-dade.

Foi também por diversas vezes homenageado por universidades nacionais e internacionais com doutora-mentos Honoris Causa. • BS

63.ª Peregrinação da Família Salesiana: memória Mariana no Bicentenário de Dom Bosco

FÁTIMA

Poderia considerar duas faces desta grande peregrinação: a pri-meira é fazer silêncio pela dimensão sagrada que nos foi oferecida; a segunda é agradecer. A gratidão é a porta de todas as graças. Não se trata de pura e simplesmente fazer memória. Trata-se de fazer silêncio. Tudo se renova, tudo se transfigura. No silêncio a árvore cresce. O silên-cio nunca se esconde.

Desde a saudação inicial com esse mar de juventude do Movimento Juvenil Salesiano a descer lenta-mente a esplanada da Cova da Iria, até ao adeus final, passando pela procissão das velas onde da nuvem da noite saía um mar de lume amarelo, englobante, divino, foram momentos inolvidáveis.

O encontro Arte e Fé presen-teou-nos com uma coreografia de adolescentes e jovens cheios de entusiasmo e alegria, levando-nos a visitar os lugares de Dom Bosco.

Presidiu à Procissão das Velas o Pe. Stefano Martoglio, visitador repre-sentante do Reitor-Mor, e Regional da Região Mediterrânea, em visita extraordinária à Província Portu-guesa. O momento de encontro do representante do Reitor-Mor com a Família Salesiana deu-se na manhã de domingo. Na sua intervenção agradeceu a presença da Família e falou sobre a forma de viver o bicen-tenário como “um ano de graça para imitar a santidade de Dom Bosco”, num caminho de fidelidade a Deus. Terminou com um desafio voca-cional: “rezar pelas vocações”. “Não pelo funcionamento da Igreja, mas por fidelidade a Deus e à Igreja. Esta é uma tarefa e uma esperança para toda a Família”, afirmou. No domingo, D. Joaquim Mendes presi-diu à Eucaristia final.

Tivemos ocasião de apresentar um subsídio do Bicentenário, o CD “Agarra o sonho”, idealizado por um grupo de Salesianos com um grupo de amigos.

A Virgem de Fátima, Mãe Imacu-lada Auxiliadora, conceda as suas graças a todos os que ajudaram na preparação desta peregrinação. Bem hajam. • PE. ROCHA MONTEIRO

D. Joaquim Mendes, sdb,

Bispo Auxiliar de Lisboa, presidiu à

Eucaristia final

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BANGLADESH

Renúncia da Quaresma a favor da obra salesiana do Bangladesh

salesiano que trabalha no “Don Bosco Centre - Telunjia” em Dur-gapur.

Numa carta, o Pe. André Belo, natural de Timor Leste, expli-cava a realidade do trabalho da pequena comunidade de sale-sianos presente na Paróquia de Maria Auxiliadora, cujo territó-rio se estende por 20 aldeias e cerca de 2.200 fiéis.

Os salesianos cuidam de cen-tenas de crianças e jovens que frequentam o centro juvenil, têm a seu cargo 62 crianças e adoles-centes pobres no internato e oito pré-noviços em formação, para além de mais de 500 alunos que frequentam a escola.

A campanha rendeu cerca de 18.000 euros que já foram entregues à obra salesiana do Bangladesh. • BS

A proposta do Provincial, Pe. Artur Pereira, às comunida-des salesianas e às comunidades educativas e pastorais da Provín-

Cooperadores de Espanha e Portugal reunidos em Congresso Regional

ESPANHA

Realizou-se, de 12 a 14 de junho, no Escorial (Madrid) o III Congresso Regional dos Salesianos Coope-radores, com a presença de 72 congressistas vindos de Portugal, Barcelona, Bilbao, León, Madrid, Sevilha e Valência.

O Reitor-Mor, Pe. Ángel Fernández Artime, na saudação em vídeo que enviou ao Congresso, acentuou:

Chávez, Reitor-Mor emérito, apre-sentou a conferência “Como viver a vocação salesiana do Salesiano Coo-perador, hoje”.

Outros assuntos na agenda foram as conclusões e propostas a partir da conferência, a consulta regional, e a eleição dos novos membros da SER, com a eleição do novo Conselheiro Mundial, Raúl Abad, e equipa.

O congresso contou com a pre-sença da coordenadora mundial, Noemi Bertola, e do delegado mundial, Giuseppe Casti, vindos de Roma. Portugal esteve representado pela coordenadora do conselho pro-vincial, Maria José Albuquerque Barroso, pelo secretário, Raul Guer-reiro, pela vogal da formação, Ana Martins, pela Ir. Fernanda Afonso e pelo Pe. J. Rocha Monteiro, dele-gados da Família Salesiana, e pelo Joaquim Moreira, do grupo de Arco-zelo. Os portugueses participaram ativamente nos trabalhos. Na Euca-ristia tinham sempre uma leitura em português e terminava-se o dia com o “Boa noite, Maria”, já conhecido pelos irmãos espanhóis. • JRM

cia para que o resultado da renúncia da Quaresma fosse entregue aos salesianos do Bangladesh foi moti-vada por um apelo de um sacerdote

“Não descuideis a vossa identidade de Salesianos Cooperadores. Estais convidados a nascer e a não esque-cer o vosso Valdocco, o dos jovens, que hoje têm mais necessidade de nós”.

António Marzo, Conselheiro Mundial cessante, apresentou a situação da Associação dos Salesia-nos Cooperadores, e o Pe. Pascoal

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FAMÍLIA SALESIANA

Escolas Salesianas acolhem encontros das Dioceses

CATEQUESE

Os Salesianos do Funchal, Poiares e Évora acolheram recentemente os Encontros de EMRC e Catequese das

Procissão é conhecida desde o século XIV

PARÓQUIA DOS PRAZERES

No Domingo da Pascoela, 12 de abril, as ruas nas imediações da Senhora na Fonte Santa, Paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres, em Lisboa, embelezaram-se para a passagem do andor. Interrompida há 200 anos, e retomada em 2013 por iniciativa do pároco, Pe. Manuel Pinhal, a Procissão de Nossa Senhora dos Prazeres é a primeira procissão que se faz em Lisboa depois da Festa da Páscoa. • BS

DIA DA IGREJA DIOCESANA

Patriarcado de Lisboa reunido na escola salesiana

As instalações dos Salesianos de Lisboa acolheram o Dia da Igreja Diocesana de Lisboa, 2015, no domingo da Santíssima Trin-dade, 31 de maio.

Participaram no encontro D. Manuel Clemente, cardeal-pa-triarca, os bispos auxiliares de Lisboa, D. Nuno Brás, D. Joaquim Mendes, D. José Traquina, e ainda D. Tirso Blanco, salesiano, bispo de Luena, Angola.

“Consagrados numa Igreja em missão, rumo ao Sínodo Diocesano” foi o tema do dia que juntou cerca de 500 par-ticipantes, maioritariamente consagrados da Diocese de Lisboa. No encontro foi apre-sentado o programa pastoral do próximo ano.

A Eucaristia de encerramento do encontro decorreu na igreja dos Prazeres. • BS

respetivas dioceses. No Funchal, D. António Carrilho falou aos 1500 alunos de 19 estabelecimentos de

ensino da região. Em Poiares, 300 crianças do 3.º ao 6.º ano da cate-quese participaram num dia de alegria e encontro com Deus, vivido com espírito salesiano. E em Évora 300 crianças ouviram a catequese do Arcebispo, D. José Alves. • BS

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IN MEMORIAM

Faleceu Júlio Geraldes

Faleceu, no dia 26 de maio, o antigo aluno Júlio Nunes Geraldes que foi dos primeiros alunos a frequentar o Colégio dos Órfãos do Porto, dirigido pelos Salesianos. Morreu com a bela idade de 86 anos. O Júlio Geraldes era mais do que um antigo aluno. Era verdadeiramente um “salesiano” no espírito e no amor a Dom Bosco e a Nossa Senhora Auxiliadora. Homem de uma autêntica santidade de vida, vivia para ajudar material e espiritualmente os demais. Era um autêntico pai dos antigos alunos pela sabedoria que a tantos orientou nos caminhos da vida. Poderíamos cha-mar-lhe “patriarca”, tal a influência positiva que sobre eles exerceu.

Identificou-se profundamente com o carisma de Dom Bosco que viveu com alegria e entusiasmo no Colégio dos Órfãos e no Centro de Antigos Alunos que nele existe.

Está no Céu a interceder por nós e, não temos dúvidas, está com Dom Bosco e Nossa Senhora Auxiliadora no “jardim salesiano”. • PE. JOAQUIM TAVEIRA

Faleceu o Salesiano Duarte Valente

IN MEMORIAM

Depois de prolongada doença, faleceu no passado dia 28 de Abril, no Hospital de Cascais, o salesiano leigo Duarte Valente.

Natural de Penamacor, foi já em idade adulta (aos 28 anos) que iniciou contactos com os salesianos nas Oficinas de S. José, ingressando na Congregação Salesiana em 1957. Exerceu a sua profissão de carpin-teiro em Manique, Izeda e Lisboa, até 1976. A partir desta data, foi encarre-gado de outras tarefas domésticas nas casas de Vila do Conde, Macau, Porto, Mogofores, Água de Pena e Évora. Em 2011, recolheu por motivos de saúde à Residência Arté-mides Zatti, finando-se a 28 de Abril.

Do sr. Duarte Valente ficamos com a imagem de um homem de traba-lho, de oração, de simplicidade, de apego à sua vocação religiosa, de amor à juventude.

Sigamos o seu exemplo. • JOSÉ ARMANDO GOMES

Faleceu o Salesiano João Augusto Barreto

IN MEMORIAM

Faleceu no dia 13 de maio, aos 87 anos de idade, o salesiano leigo João Augusto, de seu nome completo João Augusto Regala Mendonça Barreto Calado da Fonseca. Embora pertencendo à comunidade de Lisboa (Oficinas de S. José) nos últimos 38 anos da sua vida, encon-trava-se desde há um ano em Manique, na Residência Artémides Zatti, a fim de receber cuidados ade-quados às suas limitações de saúde.

Das casas salesianas onde traba-lhou, manteve sempre lembranças indeléveis que recordava com fre-quência e saudade: Semide, onde iniciou os contactos com a vida sale-siana; Vila do Conde, Izeda, Oficinas de S. José. Marcou-o principalmente o período em que esteve em Moçam-bique, na Namaacha (1957-1973).

Nesses lugares, pôs sempre ao serviço da juventude e dos irmãos salesianos as muitas qualidades que possuía em vertentes tipicamente salesianas: desporto, música, artes visuais. Dotado também de rara memória e de grande sensibilidade, jamais esqueceremos a sua dedi-cação, ao preparar com esmero os encontros festivos da comunidade salesiana e educativa, que abrilhan-tava musicalmente.

Enquanto louvamos a Deus pela vida, vocação e dotes com que enri-queceu este nosso irmão, pedimos que o receba no seu Reino e o recom-pense pela generosa oferta da sua vida ao serviço da Congregação. • JOSÉ ARMANDO GOMES

O meu Amigo conhece a Eternidade

O meu Amigo conhece a Eternidade.

Quantos sóis, quantas estrelas, quantas luas

Habitam esse Lugar? ...

O meu Amigo conhece a Eternidade!

O meu Amigo habita esse Lugar!

AR

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Mudança!

Futuros A Fechar

São simples as flores. E o voo dos pássaros. E a luz do sol. E o enrolar da maré a despentear o calhau. É simples a composição da água e o estender da mão. São simples as coisas do amor. E as palavras pequenas: mão, amor, mãe, paz, pai, Deus.

Queria que as minhas palavras fossem assim: capazes de desvendar o segredo da luz que mora no por-dentro de nós. Queria que elas trouxessem o cheiro das férias grandes de um tempo em que as tardes anoiteciam a olhar o mar e a planear o futuro.

Fecho, então, os olhos às palavras que sonho. Talvez assim consiga falar das coisas simples: do sol que se guarda no peito e da memória pura do algodão das feiras e dos rebuçados dos arraiais.

Queria-as doces. Até porque é verão e a luz acontece à nossa volta, envolta em projetos de férias ou embrulhada num não-fazer-coisa- -nenhuma que há de retemperar as nossas forças.

Queria-as serenas. Mesmo que fiquemos em casa, porque a vida nos impede de ir para qualquer outro lugar. Mesmo que o mar nos traga quem, um dia, se foi embora, à procura do que lhe fazia falta por aqui.

Escrevo, então, a palavra “nós”. Simples. Pequena. E guardo neste pronome todos os nomes. Ponho--lhe um coração à volta. E peço a Deus que entre

nele e que me ensine a ser sol, voo de pássaro,

carícia de maré, abraço de amigo. •

Palavras Pequenas

A dificuldade e a importância da mudança para o ser humano.

Como são pequenas as palavras para as coisas simples.

O ser humano é naturalmente avesso à mudança, custa muito mudar….

Custa mudar de rotinas, mudar de horários, mudar de local onde tomamos o café, mudar de emprego, mudar de casa, mudar de hábitos, mudar de vida…

E para quê mudar se estamos bem assim? Acomodados no balanço do dia a dia, na rotina que embala e inebria, e que muitas vezes nos deixa a sonhar no que se gostava de fazer e não fazemos, no tempo que não temos para nos dedicarmos àquilo que nos faz sonhar e ser felizes…

Porque mudar significa sair da zona de conforto, o que não é fácil, mas tantas vezes imprescindível para podermos evoluir, e ser felizes.

Mudar de maneira de pensar, por exemplo, apreciar a felicidade do aqui e agora com o que somos e temos.

Mudar, e ocupar os minutos de descanso em troca de uma causa social que nos preencha, ou de um hobby que nos faça felizes.

Estamos sempre a tempo de mudar, a mudança faz-nos crescer, torna-nos pessoas melhores e mais ricas.

Embora a mudança por vezes possa parecer- -nos uma adversidade, porque a vida não nos traz o que esperávamos, na realidade é só porque ainda não conseguimos descortinar o que ela tem para nos oferecer no futuro.

Como disse Charles Chaplin, “Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre.” •

GRAÇA ALVESPROFESSORA

TIAGO BETTENCOURT ANTIGO ALUNO ECONOMISTA

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BOLETIM SALESIANOjul/ago 2015

Page 39: Boletim Salesiano n.º 551

«Quando um filho deixa os pais para seguir uma vocação, Jesus Cristo ocupa um lugar na sua família.»

«Cada um deve seguir a vocação que o nosso Bom Deus a cada um sugere, pois quem não tem paz com Deus, nunca terá paz consigo mesmo

nem com os outros. Por isso confia em Deus, a humildade, a confiança e disponibilidade são a fonte de toda a tranquilidade.» SÃO JOÃO BOSCO

Seguir uma vocação

Dom Bosco precisa de continuadores para que a sua obra perdure no tempo, para o bem da juventude. Se conhece algum jovem que procure um ideal de vida segundo o projeto de Dom

Bosco lance-lhe o desafio. Quem sabe se esta aventura vai dar pleno sentido à sua vida? Para saber mais contacte os responsáveis da pastoral dos Salesianos de Dom Bosco e das Filhas de Maria

Auxiliadora: Pe. José Aníbal Mendonça, [email protected]; e Ir. Alzira Sousa, [email protected].

VOCACIONAL

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Page 40: Boletim Salesiano n.º 551

FUTURODO CORAÇÃOEDUCATIVO

3/4 SETEMBRO/15Salesianos do Estoril

Informações em www.e-ducar.salesianos.pt

ORGANIZAÇÃO: APOIO:

/CongressoE.ducar