Boletim nº 2 15 de maio, 2010 -...

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Boletim nº 2 15 de maio, 2010 O Boletim ConBraSD é uma publicação trimestral do Conselho Brasileiro para Superdotação, de acesso exclusivo para os seus sócios. Todas as matérias e informações veiculadas no boletim são de inteira responsabilidade de seus autores. Propostas para os próximos números podem ser enviadas por e-mail para o Editorial do Boletim ([email protected] ) até 15 dias antes de sua publicação, que, em 2010, ocorrerá nos dias 31 de julho, 31 de se- tembro e 31 de dezembro, respectivamente. Editora: Profa. Dra. Christina Cupertino. Editorial A atenção à diversidade se presta, mais do que aos sistemas organizados através da lógica binária – que nos diz que o que é uma coisa não pode ser outra ao mesmo tempo – à convivência com a contradição, a complexidade, e o paradoxal. Definidas principalmente como assimetria, as al- tas habilidades demandam, para sua compreensão e realização, a multiplicação e o debate sobre pontos de vista e estratégias. É com esse espírito que está sendo editado o Boletim ConBraSD nesse segundo número. Pretendemos que ele possa trazer aos associados não só as iniciativas que vêm proliferando – final- mente! – em nosso país, mas as diferentes perspectivas defendidas pelos profissionais de diversas áreas envolvidos com essa militância. Assim, no número que agora postamos, o leitor pode encontrar uma variedade de temas, que poderão ou não ser retomados nas edições futuras, conforme as contribuições que forem che- gando. Temos artigos acadêmicos e relatos de experiências bem sucedidas no atendimento aos talen- tos, que podem vir a nortear outras práticas. Apresentamos um importante livro recentemente lan- çado, resumos de tese e dissertação. Esperamos poder comunicar em todos os números aspectos relacionados à Legislação sobre o tema, que ainda precisa sofrer importantes alterações para con- templar adequadamente esse segmento da Educação Especial. Esperamos que os leitores aproveitem o conteúdo desse número e que elejam o Boletim ConBraSD como espaço para debate e atualização, enviando material para publicar, críticas e suges- tões. Christina Cupertino Boletim ConBraSD nº 2 - 15/05/2010 1

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Boletim nº 2

15 de maio, 2010

O Boletim ConBraSD é uma publicação trimestral do Conselho Brasileiro para Superdotação, de acesso exclusivo para os seus sócios. Todas as matérias e informações veiculadas no boletim são de inteira responsabilidade de seus autores. Propostas para os próximos números podem ser enviadas por e-mail para o Editorial do Boletim ([email protected]) até 15 dias antes de sua publicação, que, em 2010, ocorrerá nos dias 31 de julho, 31 de se-tembro e 31 de dezembro, respectivamente.Editora: Profa. Dra. Christina Cupertino.

Editorial

A atenção à diversidade se presta, mais do que aos sistemas organizados através da lógica

binária – que nos diz que o que é uma coisa não pode ser outra ao mesmo tempo – à convivência

com a contradição, a complexidade, e o paradoxal. Definidas principalmente como assimetria, as al-

tas habilidades demandam, para sua compreensão e realização, a multiplicação e o debate sobre

pontos de vista e estratégias.

É com esse espírito que está sendo editado o Boletim ConBraSD nesse segundo número.

Pretendemos que ele possa trazer aos associados não só as iniciativas que vêm proliferando – final-

mente! – em nosso país, mas as diferentes perspectivas defendidas pelos profissionais de diversas

áreas envolvidos com essa militância.

Assim, no número que agora postamos, o leitor pode encontrar uma variedade de temas,

que poderão ou não ser retomados nas edições futuras, conforme as contribuições que forem che-

gando. Temos artigos acadêmicos e relatos de experiências bem sucedidas no atendimento aos talen-

tos, que podem vir a nortear outras práticas. Apresentamos um importante livro recentemente lan-

çado, resumos de tese e dissertação. Esperamos poder comunicar em todos os números aspectos

relacionados à Legislação sobre o tema, que ainda precisa sofrer importantes alterações para con-

templar adequadamente esse segmento da Educação Especial.

Esperamos que os leitores aproveitem o conteúdo desse número e que elejam o Boletim

ConBraSD como espaço para debate e atualização, enviando material para publicar, críticas e suges-

tões.

Christina Cupertino

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Agenda

Congresso do ConBraSD

O Encontro Nacional do ConBraSD, evento bienal, na sua 4ª edição, e o I Congresso Internacional

sobre Altas Habilidades/Superdotação, na sua primeira edição, são eventos organizados pelo Conselho

Brasileiro para Superdotação (ConBraSD) que, neste ano, agregam o VI Seminário sobre Altas Habili-

dades/Superdotação da UFPR, evento anual organizado pela Universidade Federal do Paraná. Os even-

tos contam com a parceria da Universidade Federal do Paraná, Secretaria de Estado da Educação do Paraná,

Secretaria Municipal de Educação de Curitiba e Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Curi-

tiba, assim como com o apoio e patrocínio de instituições públicas e privadas do País.

O Centro de Convenções de Curitiba, localizado no centro da capital paranaense sediará os eventos. As

atividades previstas incluem 5 conferências e 1 videoconferência, 6 mesas-redondas, 1 debate aberto, 48 pa-

lestras que também abrirão espaço para novos pesquisadores, 16 painéis com 64 comunicações orais e 50

pôsteres e apresentação de trabalhos de estudantes com Altas Habilidades/Superdotação atendidos em sa-

las de recursos de Altas Habilidades/Superdotação, nos Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdo-

tação (NAAH/S), salas de recursos multifuncionais e outras instituições públicas e privadas que atendam

esses alunos. Paralelamente ocorrerá o Encontro de Pais, que foi organizado a pedido dos mesmos. Nesse

espaço, os familiares de Pessoas com Altas Habilidades/Superdotação poderão, além de participar das ativi-

dades coletivas dos demais eventos, fazer parte de atividades exclusivas para as famílias e trocar ideias e

experiências que promovam um melhor desenvolvimento de seus filhos.

Informações e inscrições no NOVO!!!!! site do ConBrasd:

www.conbrasd.com.br

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Fórum de Políticas Educacionais

O Instituto Rogerio Steinberg convida para o Fórum de Políticas Educacionais Para Altas Habilidades a ser

realizado no dia 18 de maio, 3ª feira, das 8h30 às 12h30, no Auditório da FIRJAN, no Centro do Rio de Janei-

ro.

Inscrição através do e-mail [email protected]. e informações através dos telefones (21) 2529-8239 e 2239-

0448.

VAGAS LIMITADAS!

Objetivos: Dar visibilidade a importância estratégica do atendimento público aos alunos com altas habili-

dades; Discutir e propor mecanismos de promoção de uma política educacional eficaz, através da união do

poder público com a Sociedade Civil Organizada.

Justificativa:

“O capital intelectual é o capital mais importante que existe no mundo”. "O capital intelectual tem uma vida longa.

Pode criar riqueza, pode mudar, pode gerar transformações”. Essas afirmações são de Thomas Stewart , editor-

chefe da Harvard Business Review.

Cada vez mais o capital intelectual tem um papel estratégico e apresenta-se como vantagem competitiva na

geração de riquezas e desenvolvimento econômico de um País. Considerando que a educação é o caminho

para a geração do capital intelectual de um país e que os alunos com altas habilidades são potenciais atores

desse processo, o Instituto Rogerio Steinberg - IRS* propõe a realização deste Fórum para discutir a impor-

tância estratégica e os impactos econômicos para o Brasil da construção de uma política publica educacio-

nal para o atendimento dos alunos com esse perfil e como as parcerias publico-privadas podem contribuir

nesse processo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a proporção de pessoas com altas habili-

dades varia entre 3% a 5% da população de um País. Qual seria o impacto econômico para o Brasil se fosse

possível identificar e desenvolver as habilidades dos alunos da Rede Pública de ensino com esse perfil?

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Livro

Medidas da Criatividade - teoria e prática

Eunice M. L. Soriano de Alencar; Maria de Fátima Bruno-Faria; Denise de Souza FleithColaboradoresPorto Alegre, Artmed, 2010.

Este livro focaliza uma das questões que mais atraem e desafiam os estudiosos: a medida ou a avalia-

ção da criatividade. Apresenta uma visão panorâmica das distintas modalidades de medida, os princi-

pais testes de pensamento criativo, os instrumentos para identificar interesses, traços de personalida-

de e estilos cognitivos que estão associados à criatividade. MEDIDAS DE CRIATIVIDADE apresenta

instrumentos que podem ser utilizados tanto nas instituições de ensino quanto no ambiente organiza-

cional, contribuindo não apenas para o avanço do conhecimento sobre os diferentes aspectos da cria-

tividade como para o seu florescimento em ambientes diversos.

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Artigos

Altas Habilidades/SuperdotaçãoCristiane Machado Batista

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Portador de Altas Habilidades, superdotado, bem-dotado, talentoso, gênio são palavras que tentam expressar o

desempenho de pessoas que se apresentam com habilidades superiores ao da média.

Hoje, a maioria das instituições estão despreparadas e muitas revelam mitos sobre Altas Habilidades/Superdota-

ção, porém esse tema está sendo pesquisado e analisado por profissionais que incentivam os talentos e ajudam a aprimorar

a assistência e suporte aos familiares e educadores que convivem com essas crianças especiais.

Os indivíduos portadores de Altas Habilidades/Superdotação têm talentos especiais, são mais curiosos, interessa-

dos e possuem desempenho maior que a média comparável. Seus talentos podem ser identificados em uma ou mais áreas

específicas de interesse ou do desenvolvimento e é hereditário. Essas áreas são: verbal/linguística, lógica/matemática, visual/

espacial, corporal/cinestésica, rítmica/musical, interpessoal e intrapessoal.

As crianças com Altas Habilidades/Superdotação não crescem da mesma forma em todas as dimensões da perso-

nalidade. Uma criança pode ter idade cronológica de 8 anos, intelectual de 12 e apenas 5 em sua idade emocional.

Podemos perceber algumas características comuns a portadores de Altas Habilidades/Superdotação:

• Multiplicidade de interesses;

• Curiosidade e senso crítico obsessivos;

• Compreendem e retêm conhecimento com rapidez e facilidade;

• Criatividade;

• Bom desempenho em situações independentes de pensamento;

• Hipersensibilidade;

• Alta habilidade de pensamento abstrato;

• Dissincronia (intelectual-psicomotora, linguagem-pensamento, afetivo-intelectual);

• Senso de humor;

• Liderança;

• Aborrecimento com a rotina;

• Vocabulário avançado para a idade cronológica;

• Intensa energia;

• Facilidade de interagir com crianças mais velhas ou com adultos;

• Originalidade para resolver problemas.

Atualmente, a identificação dessas crianças é feita através de questionários, observação de comportamento e

entrevistas. Os testes de Q.I. não são mais recomendados, pois, são testes específicos de inteligência geral e o portador de

Altas Habilidades/Superdotação pode apresentar desempenho em apenas uma área.

Precisamos identificar esses Talentos, descobrindo suas áreas de interesse e estimulando-as. Para lidar com por-

tadores de Altas Habilidades/Superdotação temos alguns Centros de atendimento, como: • POIT (Programa Objetivo de

Incentivo ao Talento) do Colégio Objetivo do Estado de São Paulo, criado em 1986;

• NAAH/S (Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação) criado pelo MEC em 2005;

• CEDET (Centro para Desenvolvimento do Potencial e Talento) desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação de

Vitória-ES, criado em 2006.

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Muitas pessoas têm diagnósticos errôneos acerca dessas crianças. Os erros mais comuns de identificação são:

• Por possuírem intensa energia, muitos são confundidos com crianças HIPERATIVAS.

• Algumas crianças portadoras de SÍNDROME DE ÁSPERGER (um tipo de AUTISMO) ou HIPERLEXIA são confundidas

com SUPERDOTADOS.

• Como se dedicam com obsessividade por áreas de interesse isoladas, se desinteressam por outras áreas de conheci-

mento do conteúdo escolar e acabam sendo avaliadas como alunos com DÉFICIT DE ATENÇÃO.

Se esses talentos não são desenvolvidos e estimulados “estiolam-se por fim” (Sílvio Rabello, 1977) ou podem

desenvolver-se sem acompanhamento e serem levados a ações contra a sociedade, ou desencadeiam conflitos pessoais. O

desperdício de talentos é um mal que deve ser combatido com incentivos, acompanhamento e estimulação dessas crianças

talentosas.

Superdotados famosos também sofreram com a NÃO IDENTIFICAÇÃO de suas ALTAS HABILIDADES, como:

• ALBERT EINSTEIN: Tinha dificuldades de ler e soletrar e foi reprovado em matemática;

• ISAAC NEWTON: Descobriu o cálculo, desenvolveu a teoria da gravitação universal, originou as três leis do movimen-

to, mas tirava notas baixas na escola;

• JOHN KENNEDY: Recebia em seus boletins constantes observações de “baixo rendimento escolar” e tinha dificuldades

em soletrar;

• ROBERT JARVICK: Foi rejeitado por 15 escolas americanas de medicina. Ele inventou o coração artificial;

• THOMAS EDISON: Além da lâmpada elétrica, inventou a locomotiva elétrica, o fonógrafo (que virou o gravador), o

telégrafo e o projetor de cinema. Foi mau aluno, pouco assíduo e desinteressado. Saiu da escola e foi alfabetizado pela

mãe.

• WALT DISNEY: Foi despedido pelo editor de um jornal porque “não tinha boas idéias e rabiscava demais”;

Com a união entre família, estado e educação poderemos transformar a vida dessas crianças e ajudá-las a des-

envolver seus interesses sem preconceitos e com respeito às suas diferenças.

“As pessoas que marcaram a história por suas contribuições ao conhecimento e à cultura não são lembradas

pelas notas que obtiveram na escola ou pela quantidade de informações que conseguiram memorizar, mas sim pela quanti-

dade de suas produções criativas, expressas em concertos, ensaios, filmes, descobertas científicas, etc.”

Renzulli & Reis, 1985.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASÍLIA. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Projeto Escola Viva – Garantindo o acesso e permanência

de todos os alunos na escola – Alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília, 2002.

_____. NAAH/S – Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação. Brasília, 2006.

FLEITH, D.; ALENCAR, E. (Org.). Desenvolvimento de Talentos e Altas Habilidades – Orientação a pais e professores. Porto Ale-

gre: Ed. Artmed, 2007.

GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas – A Teoria na Prática. Porto Alegre: Ed. Artmed, 1995.

SABATELLA, Maria Lúcia Prado. Talento e Superdotação: Problema ou Solução?. Curitiba: Ed. Ibpex, 2005.

WINNER, Ellen. Crianças Sobredotadas, Mitos e realidades. Portugal: Ed. Instituto Piaget, 1996.

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Programa de Atendimento e Auxílio a alunos Talentosos, Altas Habilidades/Superdotados

e Gênios (PROGEN)

Dr. Miguel Cláudio Moriel ChaconCarlos Eduardo Paulino ([email protected])UNESP Marilia

INTRODUÇÃO

A Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) da Unesp, Campus de Marília até a atualidade forma pedagogos habilitados

em Educação Especial, no entanto, não há em seu currículo nenhuma disciplina específica que tenha como tema a educação

e o desenvolvimento de pessoas com Altas Habilidades/Superdotação e Gênios, apenas a disciplina “Fundamentos de Edu-

cação Especial” possui um tópico sobre o assunto, nem mesmo na Pós-Graduação há trabalhos de pesquisas sobre o tema.

Por este motivo e para iniciar um trabalho neste sentido elaboramos este projeto com vistas a fomentar o conhecimento

e a pesquisa em nível de Graduação e Pós-Graduação nesta unidade da Unesp, bem como oferecer à população da cidade

de Marília, algum tipo de programa de atendimento, que possa suprir esta lacuna.

O projeto em questão está vinculado ao grupo de pesquisa “Educação e Saúde de Grupos Especiais”, cadastrado no

CNPq, sob a liderança do Prof. Dr. Miguel Cláudio Moriel Chacon ao qual foi submetido para discussão e aperfeiçoamento

do delineamento metodológico e dos instrumentos a serem utilizados para a realização da pesquisa. Trata-se de um projeto

em andamento iniciado em novembro de 2009, após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FFC.

Há no Brasil menor atenção às pesquisas, com foco na família e no desenvolvimento educacional adequado de pes-

soas com Altas Habilidades/Superdotação e Gênios que às com deficiência, o que contribui para a manutenção de mitos

em torno das potencialidades e comportamentos daqueles, bem como para um desconhecimento generalizado tanto da

família quanto dos profissionais de como atender as suas necessidades educacionais, sociais e emocionais diferenciadas, no

sentido de aproveitar ao máximo seu melhor potencial. Concordamos com Sabatella (2007, p. 143) quando afirma que “o

atendimento adequado ao aluno com Altas Habilidades e a orientação à família têm o potencial de mudar uma vida”.

Segundo dados de Oglesby e Gallagher (1983, Apud ALENCAR, 1986, p. 55), 5% dos alunos dos Estados Unidos são consi-

derados talentosos e intelectualmente superiores. Em nosso país, o Ministério da Educação e Cultura estima que há na

população brasileira “[...] aproximadamente, 38,75 milhões de indivíduos talentosos; 1,55 milhão de indivíduos superdota-

dos; e 155 gênios, ou seja, respectivamente, 25%, 1% e 1 por milhão da população” (BRASIL, 1999, p. 11).

Como dizem Sternberg e Davidson (1986), o potencial superior para criar “é inquestionavelmente o recurso natural

mais precioso que uma civilização pode ter”, ou ainda Winner (1996, Apud FLEITH; ALENCAR, 2007) que compartilha da

mesma visão ao afirmar que nenhuma sociedade pode dar-se ao luxo de ignorar seus membros mais talentosos e que

grandes esforços [grifo nosso] devem ser envidados para nutrir e desenvolver Altas Habilidades.

Permitir que as crianças e os jovens possam mostrar seus pontos fortes, dividir idéias e expec-

tativas e assumir suas habilidades, situação que raramente acontece com naturalidade na família

e na escola, é facilitar seu ingresso à compreensão e favorecer a integração na vida real. Acredi-

tamos, ainda, que é dar-lhes direito a uma vida equilibrada, produtiva e feliz. (SABATELLA, 2007,

p. 144).

Tal linha de pensamento nos levou a desenvolver o Programa de Atendimento e Auxílio a alunos Talentosos, Altas

Habilidades/Superdotados e Gênios (PROGEN), um projeto que prospecta as pessoas com Altas Habilidades/Superdotação

e Gênios entre a população escolar da cidade de Marília com o objetivo de diagnosticar, atender e enriquecer a formação

destes, bem como orientar seus respectivos familiares para a promoção do bem-estar social e pessoal desses alunos.

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O PROGEN é uma proposta para atender aos alunos talentosos, Altas Habilidades/Superdotados e Gênios que

ainda são permeados por mitos e concepções elitistas que provocam reações contraditórias, as quais vão do fascínio ao

antagonismo e que dependem da cultura (SOLOW, 2001, Apud FLEITH e ALENCAR, 2007, p. 15).

O termo Altas Habilidades dá maior ênfase ao desempenho do que às características da pessoa, enquanto o ter-

mo Superdotado sugere habilidades extremas (ALENCAR, 2001), “superdotação é uma condição de tempo integral, viven-

ciadas em todos os momentos da vida da criança e que afeta, principalmente a família e a escola” (SABATELLA, 2007, p.

146).

O grupo de pessoas com Altas Habilidades/Superdotação e Gênios é bastante heterogêneo e não totalmente ca-

racterizado pela ciência, alguns autores procuram caracterizá-los, mas não é fato raro encontrar autores que associem Su-

perdotação com maior consciência, sensibilidade e habilidade superior para entender e transformar percepções e experi-

ências, enquanto outros apresentam algumas características de indivíduos superdotados, como habilidade de pensamento

divergente, excitabilidade, sensibilidade, percepção aguçada e capacidade de transformação de idéias e objetos (FLEITH e

ALENCAR, 2007, p. 16).

Para Sternberg e Davidson (1985), o superdotado possui outras cinco características excepci-

onais: habilidade específica e inteligência geral, capacidade para fazer simultaneamente muitas

atividades diferentes, habilidade para modificar e adaptar o ambiente de modo que lhe seja

adequado, habilidade para solucionar problemas e para conceber relações incomuns. (FLEITH e

ALENCAR, 2007, p. 16).

Como podemos observar, as pessoas com Altas Habilidades/Superdotação e Gênios formam um grupo complexo

e multifacetado, e requerem o estudo de fatores ambientais, traços individuais, além do julgamento social.

Ainda para Alencar e Fleith (2001, p.141) o conceito de superdotação, deve:

(a) ser baseado em dados empíricos, (b) possibilitar a construção ou seleção de estratégias e

instrumentos direcionados ao processo de identificação e atendimento das necessidades espe-

ciais do superdotado e (c) permitir a investigação da validade de instrumentos e procedimen-

tos.

Por isso, propusemos esse projeto em princípio para a cidade de Marília podendo ser estendido para cidades pró-

ximas, como projeto piloto, primeiramente para um mapeamento da população escolar com Altas Habilidades/Superdota-

ção e Gênios, com vistas à elaboração e desenvolvimento de um programa de atendimento à comunidade no sentido de

orientar as respectivas famílias, e ao mesmo tempo criar um espaço no Centro de Estudos da Educação e da Saúde (CEES),

unidade da Unesp, Campus de Marília, voltada para ensino, pesquisa e extensão, para oferecer um serviço de enriquecimen-

to curricular a esses alunos, e levantarmos dados para pesquisas na graduação e pós-graduação.

A população escolar da cidade de Marília é de aproximadamente 50.000 alunos (INEP, 2009), segundo as estatísti-

cas aceitas internacionalmente significa dizer que temos de 50 a 500 alunos com Altas Habilidades/Superdotação e Gênios,

que não são assistidos por nenhum programa de enriquecimento no seu desenvolvimento, e seus familiares não recebem

nenhum tipo de orientação.

Acreditamos que não há trabalho completo se deixarmos de lado a família, corroborando com isto a literatura

destaca a relevância fundamental da participação familiar (WINNER, 1998; DIAMOND e HOPSON, 2000; BULKOOL

METTRAU, 2000; ALENCAR, 2001; FLEITH e ALENCAR, 2007).

Em nossa cultura os pais são aconselhados a não estimular demasiadamente as crianças e deixá-las brincar como

crianças normais. Esta visão segundo Winner (1998, p. 145) “reflete baixas expectativas da nossa cultura para as nossas cri-

anças e o nosso contentamento com níveis modestos de desempenho”. As crianças com Altas Habilidades podem, de fato,

perder o interesse em seu domínio de talento, mas como afirma essa autora (1998, p. 145) “[...] isso raramente acontece

por terem sido instigadas com empenho exagerado. Ao contrário, esta desafeição resulta de instigação extrema em combi-

nação com vários outros fatores [...].”

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Conforme destacou Winner (1998, p. 145-146) seis generalizações caracterizam os ambientes familiares das crianças alta-mente Superdotadas, são elas:

1. As crianças superdotadas ocupam “posições especiais” na família: são frequentemente o

primogênito ou filhos únicos.

2. Estas crianças crescem em ambientes “enriquecidos”.

3. Suas famílias são centradas nos filhos: os pais focalizam quase todas as suas energias em

certificar-se de que os filhos recebem treinamento precoce no domínio no qual demons-

traram um dom.

4. Os pais são realizadores: ambos modelam e estabelecem padrões muito altos e mantêm

elevadas expectativas de desempenho. Porém, quando os pais estão super envolvidos, ins-

tigam em excesso e amam as conquistas dos filhos mais do que os filhos, as crianças su-

perdotadas estão sob risco de desistência.

5. Ao mesmo tempo, os pais lhes concedem independência considerável.

6. Os ambientes familiares mais condutivos ao desenvolvimento de talentos combinam altas

expectativas e estímulo, por um lado, com educação e apoio, por outro.

A respeito das generalizações acima mencionadas, a autora ressalta que com exceção da primeira que é ampla-

mente aceita no meio científico, as outras não “demonstra definitivamente que características familiares específicas causam

a superdotação ou até mesmo necessariamente contribuem para a superdotação e o alto desempenho” (WINNER, 1998, p.

146). Alencar (2001) em relação à constelação familiar de origem traz dados estatísticos de uma pesquisa realizada com 30

participantes, observando que:

37,9% da amostra eram constituídos por primogênitos, 20,7% pelo caçula e apenas dois sujei-

tos eram filho único. Quarenta e um por cento dos pais da amostra eram formados por profis-

sionais liberais, 17,2% por comerciantes e os demais exerciam ou tinham exercido distintas

profissões, incluindo professor, carpinteiro, eletricista, agricultor, entre outras. Por outro lado,

entre as mães da amostra, 55,2% não tinham trabalhado fora e 20,7% eram constituídos por

professoras (ALENCAR, 2001, p. 80).

A literatura aponta para uma forte associação entre superdotação e ambientes enriquecidos, sendo que este re-

quer sacrifícios econômicos, sociais e educacionais. Ao discutir sobre esta relação Winner (1998, p. 147) chama a atenção

para o nível de instrução atingido pelos pais, que para a autora “desempenha um forte papel no desenvolvimento do dom

de uma criança, provavelmente porque os pais instruídos dispõem dos meios e do desejo de proporcionar ambientes enri-

quecidos”, em contrapartida, a autora afirma que “Superdotação pode certamente se desenvolver em famílias sem muito

dinheiro, contanto que as famílias valorizem a educação [...]. Sendo assim, o que é crucial são os valores culturais que tor-

nam a educação uma prioridade.” (WINNER, 1998, p. 148).

No embate entre o genético e o cultural, Winner (1998, p. 148) apresenta teóricos que apontam que “o ambiente

não é necessariamente o que age sobre as crianças; antes, os traços genéticos da criança podem levá-la a selecionar de-

terminados tipos de ambiente”. Corroborando está linha de pensamento para Plomin (1997, Apud FLEITH e ALENCAR,

2007, p. 30) “os fatores genéticos podem chegar a ser responsáveis por até 50% das variações em traços comportamentais,

como na inteligência; contudo, ele adverte que estamos falando de propensões genéticas, e não de fatores predeterminados

e imutáveis.” Para Vygotsky e Lúria (1996, p. 231) “Uma criança bem-dotada mostra-se capaz de usar ativamente sua expe-

riência anterior pondo em uso inúmeros métodos que aperfeiçoam seus processos psicológicos naturais. Não é o que se

observa em crianças retardadas.”

A despeito da herança genética que possa ser determinante de Altas Habilidades/Superdotação e Gênios não se

pode relegar a segundo plano os valores educacionais, sociais, e culturais em que pais de pessoas nesta condição se enga-

jam, pesquisas apontam que esses pais “acreditam em trabalho antes de diversão. Eles desaprovam desperdício de tempo.

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Trabalho mal-feito e esquivar-se de responsabilidades” (WINNER, 1998, p. 152). No entanto, há que ser ter coerência entre

o que os pais dizem e praticam, corroboramos com a autora ao afirmar que:

Os pais devem praticar o que pregam. Pais que instigam os filhos a alto desempenho, mas não

são eles próprios trabalhadores empenhados, exercem consideravelmente menos influência

sobre o desempenho dos filhos do que pais que tanto esperam muito como realizam muito

eles próprios. Mas observe que isso poderia ser geneticamente intermediado: pais que traba-

lham com empenho podem ter Altas Habilidades para passar adiante. (WINNER, 1998, p. 152).

Para atender às demandas de orientação de pais e a criação de um espaço para estimular e enriquecer o desen-

volvimento de pessoas com Altas Habilidades/Superdotação e Gênios precisamos de capacitação humana, recursos finan-

ceiros e materiais, bem como a colaboração das famílias e das escolas onde se encontram esses alunos, pois como afirmam

Fleith e Alencar (2007), nem sempre pais e professores têm tido acesso à informação atualizada, embasada em teorias, mo-

delos e resultados de pesquisas na área de Altas Habilidades, talento e criatividade.

Em pesquisa realizada por Rech e Freitas (2005) as autoras investigaram dez professoras de 1ª à 4ª séries de uma

escola da rede pública estadual de Santa Maria/RS, com o intuito de verificar se os mitos que envolvem os alunos com Altas

Habilidades prevalecem na concepção desses docentes. As considerações finais apontam para a importância da conscienti-

zação dos professores que atuam em sala de aula regular, para que eles saibam identificar, atender e/ou encaminhar alunos

com características de superdotação para um atendimento especializado.

Tendo em vista o que foi acima levantado, ao propormos esse trabalho, com o propósito de começarmos a suprir

essa lacuna, procuramos despertar interesses dos nossos professores e pesquisadores para a área, estimular novos estu-

dos, além de ser um projeto de forte cunho social, com vistas à publicação nesta área, pois como escrevem Fleith e Alencar

(2007) deve-se ressaltar que pouco tem sido publicado sobre o tema no Brasil, o que vem contribuindo para alimentar

idéias errôneas e dificultar a introdução de propostas educacionais que promovam o desenvolvimento de talentos diver-

sos, que assegurem ao aluno que se destaca por um potencial superior um ambiente que leve em conta o seu ritmo de

aprendizagem e nível intelectual, no qual se sinta compreendido, aceito e estimulado no seu projeto acadêmico.

Assim sendo, temos como meta desenvolver uma triagem identificativa de alunos com Altas Habilidades/Superdo-

tação e Gênios, por meio de questionários (anexos ao projeto), junto às direções/coordenações da rede de Ensino Infantil,

Fundamental e Médio, das escolas públicas e privadas do município de Marília, para identificar preliminarmente onde se

encontram esses alunos. Faremos uma visita de esclarecimento e solicitação de autorização e participação dos pais e res-

pectivos filhos nesta pesquisa, com o intuito de orientar esses familiares naquilo quer for suas necessidades, e elaborarmos

um programa de atendimento e enriquecimento curricular com o objetivo de orientar os professores desses alunos e as-

sistir multidisciplinarmente esse grupo de alunos no seu dia a dia escolar.

Além do que foi acima exposto e, para iniciar um trabalho neste sentido, elaboramos este projeto também com

vistas a fomentar o conhecimento e a pesquisa em nível de Graduação e Pós-Graduação nesta unidade da Unesp, bem

como oferecer à população da cidade de Marília, algum tipo de serviço em forma de extensão, que possa suprir esta lacu-

na.

METODOLOGIA

Trata-se de um trabalho de pesquisação uma vez que os envolvidos na pesquisa atuarão junto ao grupo. A partir

do material coletado serão estabelecidas categorias para análise tanto qualitativa quanto quantitativa.

Num primeiro momento, encaminhamos o PROGEN ao CEES e posteriormente ao Comitê de Ética da Faculdade

de Filosofia e Ciências – UNESP, Campus de Marília para apreciação e aprovação concedida em novembro de 2009. A se-

guir procuramos a Secretaria de Educação do Município de Marília/SP para apresentar o projeto e solicitar permissão para

que seja feita parceria entre as duas instituições (SEMM e UNESP). Após este esclarecimento solicitamos autorização por

parte do Secretário de Educação do Município para visitarmos as escolas em que haja, por parte de professores, superviso-

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res e diretores, alunos que se destacam dos demais alunos de suas respectivas classes, em suas habilidades, para em segui-

da, fazer contato com os pais ou responsáveis pelos alunos selecionados.

Concomitante à visita a Secretaria de Educação negociaremos junto ao CEES em 2010 um espaço para triagem,

diagnóstico e atendimento inicial dos pais e alunos selecionados, em horários e dias a serem acordados juntamente à Dire-

ção, esta fase será desenvolvida pelo Supervisor do Projeto Dr. Miguel Cláudio Moriel Chacon, Dra. Inaiara Bartol Rodri-

gues (Pedagoga do CEES), Júlia Maria Vicente da Silveira (Psicóloga do CEES), e o aluno de Pedagogia Carlos Eduardo Pauli-

no que estará pleiteando bolsa FAPESP.

Esta pesquisa-diagnóstica se compõe de seis etapas. Na primeira etapa deverá haver um contato inicial com os pais

ou responsáveis para fornecer esclarecimentos sobre a pesquisa e pegar com os mesmos a assinatura do Termo de Con-

sentimento Livre e Esclarecido. Utilizando as orientações sugeridas por Fleith e Alencar (2007) e MEC (1999), procurare-

mos identificar os alunos com Altas Habilidades/Superdotação e Gênios, existentes na rede pública e particular de ensino do

município de Marília/SP, por meio da aplicação de Formulários e Entrevista com os pais, provas piagetianas, e Avaliação Psi-

cológica (WISC, D-48, G-36 e Columbia), etapa esta que deverá ocorrer no período de julho de 2010 a julho de 2011.

Na segunda etapa será desenvolvido um programa de orientação e acompanhamento junto aos pais ou responsáveis

pelos alunos com Altas Habilidades/Superdotação e Gênios. O envolvimento dos pais ou responsáveis se deve por ser a

família considerada na literatura como um fator fundamental para desenvolvimento ou embotamento das Altas Habilidades/

Superdotação e Genialidade dos filhos. Orientar os pais ou responsáveis em como melhor desenvolver seus filhos no sen-

tido de promover uma maior integração à sociedade.

A terceira etapa desta pesquisa visa cuidar do desenvolvimento moral já que no caso de crianças e adolescentes

jovens com Altas Habilidades/Superdotação e Gênios, a maioria dos autores reconhece a importância da educação moral,

mas admitem que não tenha sido prioridade e, até mesmo, não tenha sido sequer mencionada nos programas destinados a

esse grupo (BEAR, 1983), no entanto, sabe-se que os alunos com Altas Habilidades/Superdotação, com alto nível intelectual

apresentam elevado raciocínio moral (KARNES e BROWN, 1981), que quando desenvolvido facilita sua integração social e

afetiva (PAGNIN e ANDREANI, 2000).

Na quarta etapa desta pesquisa será criado um Programa de Assistência e Desenvolvimento aos Alunos com Altas Habi-

lidades/Superdotação e Gênios (PROAD-AH/SDG) tendo como referencial inicial os atuais Núcleos de Assistência às Altas Ha-

bilidades (NAAHS) e suas relações com a família nuclear (Etapa dois).

A quinta etapa, já em longo prazo, será criado um modelo de educação adicional para estágio e pesquisa, utilizando a

estrutura material e humana do CEES e UNESP de Marília e outras unidades que poderão se envolver no projeto como os

cursos de Psicologia da Unesp de Assis ou Bauru, para alunos com Altas Habilidades/Superdotação e Gênios, desenvolven-

do neste espaço, em período complementar ao período escolar desses alunos, atividades como: xadrez, jogos territoriais

(tais como o Basquetebol e o Handebol), línguas estrangeiras, artes plásticas, música, dança, aprofundamento em todas as

disciplinas curriculares, matemática avançada, programação computacional e Inteligência artificial, geociências no campo e

aulas em laboratórios.

Para implantar este espaço pretendemos contar com os órgãos de financiamento governamental tais como CNPq,

FAPESP, CAPES, além da iniciativa privada como BRADESCO, REAL, SANTANDER, ITAÚ e UNIBANCO que possuem pro-

gramas para apoio a pesquisa e ao desenvolvimento intelectual e cultural. Desta maneira, poderíamos encaminhar esses

alunos ao mais elevado grau de estudo, bem como ao mercado de trabalho em atividades tecnológicas, estratégicas, artísti-

cas e outras.

A sexta e última etapa, já é um estágio bastante avançado da busca, pesquisa e desenvolvimento de altas inteligên-

cias, seria aproveitando a grande estrutura existente na cidade de Marília e região, no setor educacional e da saúde, criar um

Instituto de Altas Inteligências, que assista os talentosos, Altas Habilidades/Superdotação e Gênios, desenvolvendo pesquisas

no setor de Neurociências Cognitivas e, para isso, mais uma vez contaríamos com as Parcerias Público-Privadas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BEAR, G.G. Moral reasoning, classroom behavior, and the intellectual gifted. Journal for the Education of the Gifted, v.6, p. 111 –

119, 1983.

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______. Superdotação e Talento. Volume II. Brasília: MEC, 1999.

BULKOOL METRAU, M. (Org.). Inteligência: patrimônio social. Rio de Janeiro: Dunya, 2000.

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seu filho do nascimento até a adolescência. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

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SABATELLA, M. L. P. Atendimento às famílias de alunos com altas habilidades. In: FLEITH, D.S.; ALENCAR, E.M.L.S. Desenvol-

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STERNBERG, R.J.; DAVIDSON, J.E. Cognitive development in the gifted and talented. In: HOROWITZ, F.D.; O’BRIEN, M.

(Org.). The gifted and talented:developmental perspectives. Washington, DC: American Psychological Association, 1985. p.37-74.

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WINNER, E. Crianças Superdotadas: mitos e realidades. Trad. Sandra Costa. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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Legislação

PARECER Nº 13 DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO SOBRE O ATENDIMENTO EDUCA-

CIONAL ESPECIALIZADO ÀS ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

Em 24 de setembro de 2009 foi homologado pelo Ministro de Educação, Sergio Haddad, o Parecer Nº 13 do

Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica que institui as Diretrizes Operacionais para o atendimen-

to educacional especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Os alunos, que devem receber atendi-

mento educacional especializado no contraturno, serão contabilizados duplamente para fins de recebimento dos recur-

sos do FUNDEB, sempre que forem declaradas no Censo Escolar do ano anterior a matrícula em classe comum e a

matrícula na instituição que ofereça o atendimento educacional especializado.

Extraímos aqui os trechos relevantes para a área de Altas Habilidades/Superdotação:

“Art. 1º Para a implementação do Decreto nº 6.571/2008, os sistemas de ensino devem matricular os alunos com defi-

ciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino

regular e no atendimento educacional especializado, ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em centros de

atendimento educacional especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas

sem fins lucrativos”.

“Art. 2º O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio da disponibilização de

serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e

desenvolvimento de sua aprendizagem”.

“Art. 4º Para fins destas Diretrizes, considera-se público-alvo do AEE:

[...] III - Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envol-

vimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, liderança, psicomotora, artes e

criatividade”.

“Art. 5º O AEE é realizado, prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola

de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado,

também, em centro de atendimento educacional especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confes-

sionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente”.

“ Art. 7º Os alunos com altas habilidades/superdotação terão suas atividades de enriquecimento curricular desen-

volvidas no âmbito de escolas públicas de ensino regular em interface com os núcleos de atividades para altas habilida-

des/superdotação e com as instituições de ensino superior, institutos voltados ao desenvolvimento e promoção da

pesquisa, das artes e dos esportes”.

“Art. 14. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário”.

Lembramos que as Salas de Recursos Multifuncionais que estão sendo implantadas em todo o País DEVEM

ATENDER os alunos com Altas Habilidades/Superdotação e não apenas os alunos com deficiência.

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Projetos e Intervenções

AS HISTÓRIAS QUE EU CONTO

Desejo compartilhar com os associados do ConBrasd (profissionais, professores, pais) uma experiência desenvolvida em

oficinas sobre o autoconceito com adolescentes com AH/SD utilizando a contação de histórias da literatura universal como uma

habilidade/competência para despertar a imaginação e desenvolver o autoconhecimento. Sou participante da Casa do Contador

de História de Curitiba, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP, 2003), que busca resgatar a arte mile-

nar de contar histórias que acompanham a vida das crianças, acalentando primeiro o mundo dos sonhos e depois o mundo da

imaginação, dos desejos e da criatividade. De maneira lúdica e prazerosa as histórias fazem uma conexão com a imaginação e a

identificação com os valores universais. Lanço as histórias na alma de cada participante com a tradicional consigna: “Era uma vez...”

É o início de uma reunião intimista que permite a cada um experimentar a magia de uma forma própria de liberdade. Não tem o

objetivo de ensinar ou apresentar um ensinamento formal ou a “moral da história”. Lanço as histórias no imaginário e na fantasia

para que permaneçam em fermentação e elaboração. De acordo com o momento do grupo e o tema a ser trabalhado seleciono

histórias com tramas de acolhimento, de imaginação, de elaboração ou de reflexão. Convido o grupo a identificar o herói e seguir

a sua trajetória, com as tarefas, provas de superação de problemas e desafios, e a participação dos personagens secundários. A

livre interpretação abre caminhos para percorrerem os labirintos da alma e as mensagens surgem de maneira simbólica e metafó-

rica, em associações dos participantes com a trama das histórias num contexto sócio-cultural atual. De acordo com o clima e os

comentários do grupo incluo tarefas ou exercícios de criatividade com a possibilidade de novas propostas de encaminhamentos e

finalização da trama.

Os fundamentos filosóficos e teóricos que alicerçam este instrumento metodológico são os estudos de Gustav Jung

(1975), com os conceitos sobre o psiquismo humano, o consciente e o inconsciente como um sistema energético e os arquétipos

do inconsciente coletivo. Fundamentam também as idéias antroposóficas de Rudolf Steiner (1912) sobre a Cosmovisão para o

pensar, sentir e querer, na abordagem do indivíduo como um todo. Para maiores conhecimentos sugiro a leitura das obras de

Joseph Campbell: “O herói de mil faces, de Joseph Campbell (1949) considerado um clássico; “A jornada do herói” e “Mito e Transfor-

mação” (2008), lançamento da Editora Ágora. Segundo Joseph Campbell uma das mais importantes funções das histórias e dos

mitos é a de orientar as pessoas em suas travessias de vida, como uma espécie de mapa ou guia de viagem, ajudando-as a identifi-

car e alcançar a realização plena. Ao percebermos as poéticas metáforas mitológicas, que se repetam em todas as culturas com

diferentes variações, podemos aplicá-las aos desafios da vida cotidiana e às questões existenciais mais significativas de cada um. A

proposta de um novo olhar sobre as histórias universais constitui uma preciosa ferramenta aos profissionais das áreas de psicolo-

gia, educação, psicoterapia, psicanálise, mitologia, espiritualidade, comunicação e arte, entre outras, e para qualquer pessoa que

queira empreender uma jornada transformadora para o crescimento psicológico e autoconhecimento, através da sabedoria

transcendente do mito para a própria vida. As crianças e adolescentes com AH/SD por serem “diferentes” e carentes de figuras

de identificação encontram nos “heróis” a motivação para desenvolverem a imaginação, a criatividade e a aceitação de si mesmas

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na construção de um autoconceito produtivo e saudável. Podem enxergar com novos olhos os fatos da vida cotidiana que causam

sofrimento, perda e morte e, a partir daí, serem transformados, com nova significação. Na obra “A arte de contar histórias”, Mel-

lon (2006, p.106-113) sugere alguns exercícios e tarefas para o desenvolvimento da criatividade. Mesclando saberes numa original

amálgama de construção pessoal na prática educativa, cito um exemplo bem simples aplicado numa oficina: o relato da morte do

cachorrinho de estimação de um adolescente (12 anos) mobilizou todo o grupo pela dor da perda e pela culpa do dono pelo

descuido num passeio diário. Numa oficina, para a elaboração da perda, utilizei a história da Dona Baratinha, com a morte do noi-

vo, Dom Ratão, no dia da própria festa do casamento. Após dias de sofrimento a história mostra a elaboração da perda e posteri-

or superação da dor pela resiliente Dona Baratinha, que voltou á janela para cantar a sua canção em busca de um novo noivo.

Gilka Correia – Psicóloga, Professora, Mestre e Doutoranda em Educação pela UFPR. Contato: Email:

[email protected]

________________________________________________________

Primeira Sala de Integração e Recursos para alunos com Altas Habilidades/Superdota-

ção no município de Porto Alegre

A nova política de Educação Especial do MEC determina que o

Atendimento Educacional Especializado seja realizado em salas mul-

tifuncionais e que atendam alunos com Deficiências, Transtornos

Globais do Desenvolvimento e Altas Habilidades/Superdotação. Po-

rém, devido à falta de formação na área de Altas Habilidades/Super-

dotação e à lacuna, nesta área, nos currículos dos cursos de forma-

ção à distância (EAD) para AEE, a Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre optou em abrir (inicialmente) uma

sala somente para alunos com Altas Habilidades/Superdotação.

De acordo com o Estudo de Prevalência realizado pela Associação Gaúcha de Apoio às Altas Habilidades/Super-

dotação (AGAAHSD), na região metropolitana de Porto Alegre, em 2001, o índice de alunos com Altas Habilidades é

7,78%. Este estudo foi realizado em escolas públicas e privadas, o que permite prever um elevado número de alunos que

ainda estavam sem atendimento na rede municipal de ensino, que tem mais de 50.000 alunos.

O atendimento aos alunos com Altas Habilidades/Superdotação começou em outubro de 2009 e a sala está sedi-

ada na Escola Municipal de Ensino Médio Emílio Meyer, localizada na zona oeste de Porto Alegre. Esta escola foi escolhi-

da por ter uma localização que facilita o acesso a alunos de várias escolas. Além disso, a Escola, que também atende o

Ensino Médio, oferece o curso técnico de Magistério, o que também facilitará a capacitação destes novos educadores, na

área.

A Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre pretende abrir mais 3 salas, para que tenha uma em cada

região da cidade.

A SIR de Altas Habilidades/Superdotação é coordenada pela Profa. Sheila Torma da Silveira, Especialista nesta área

pela UFLA-MG e pela UFRGS. O endereço é: Av. Niterói, 472 – bairro Medianeira. Contatos pelo fone: 32192608 E-

mail: [email protected]

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Teses e Dissertações

Universidade do Minho/Braga/Portugal - Instituto de Educação e Psicologia

Tese de Doutoramento em Educação - Especialidade : Psicologia da Educação

Superdotação: Estudo comparativo da avaliação dos processos cognitivos através de testes psicológicos e

indicadores neurofisiológicos

Dora Cortat Simonetti

Trabalho efetuado sob a orientação do Professor Doutor Leandro da Silva Almeida

Prova de doutoramento: 27 de abril de 2009 – Aprovada por unanimidade

Resumo

Estudando superdotação, e concebendo esta como associada a um alto nível de inteligência, o interesse potencial da nossa

investigação foi ponderar os contributos das ciências neurais na identificação e descrição da superdotação. Partimos do

objetivo de investigar a realização de tarefas cognitivas verbais e espaciais por adolescentes avaliados como superdotados

através de testes de QI utilizando, como sinal psicofisiológico, a atividade cerebral e como técnica, o eletroencefalograma

quantitativo com mapeamento cerebral. Objetivamos verificar se a representação neurológica se diferencia em adolescen-

tes: superdotados e não superdotados. Uma atenção especial foi prestada à caracterização dos 77 participantes, na faixa de

11 a 14 anos, alunos de programas de atendimento a talentosos (Vitória, Espírito Santo, Brasil). Todos foram submetidos à

avaliação psicométrica, escala WISC-III e, considerando critérios psicológicos, foram selecionados 15 sujeitos para o exame

eletroencefalográfico, distribuídos em dois grupos: experimental, com QI igual ou superior a 130; e de comparação, com QI

acima de 100 e não superior a 120. O registro eletroencefalográfico ocorreu ao mesmo tempo em que esses alunos reali-

zavam tarefas cognitivas verbais e espaciais. Foi também dada particular atenção aos instrumentos e procedimentos a res-

peitar na avaliação das funções cognitivas, quer na base da psicometria, quer na base da neuropsicologia. Os resultados po-

dem ser assim sumarizados: no grupo dos superdotados foi contínua a predominância de alfa, percentil frequencial sempre

superior, alta amplitude, na realização de ambas as tarefas, o que não observamos no grupo comparação. A localização das

ondas cerebrais se deu, predominantemente, nas áreas occipital, pré-frontal e frontal, com dominância do hemisfério es-

querdo para os dois grupos. Os resultados confirmam as hipóteses de que existe uma relação entre o quociente intelectu-

al, a frequência e a amplitude das ondas alfa durante a resolução das tarefas e que o EEGQ dos superdotados mostrou alto

poder de alfa (menos atividade mental), não observado no grupo comparação. A importância atual da convergência de mo-

delos no estudo da superdotação, dada a sua complexidade, merece ser destacada, ainda que o nosso esforço neste estu-

do se tenha confinado à psicometria e à neurofisiologia.

(Texto completo: site www.altashabilidades.com.br, em publicações)

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Dissertação de Mestrado

A Inclusão Educacional do Aluno Superdotado nos Contextos Regulares de Ensino

Muitos aspectos têm sido investigados a respeito de alunos superdotados nas últimas décadas. As pesquisas desenvol-

vidas nas áreas de Educação e Psicologia têm abordado a identificação de talentos, o desenvolvimento de estratégias e

alternativas de atendimento educacional, desenvolvimento sócio-emocional, aspectos familiares, dupla- excepcionalida-

de, dificuldades de aprendizagens, entre outros. Entretanto, poucas investigações têm sido realizadas no sentido de

compreender a inclusão educacional desses alunos em escolas regulares. Diante disso, este estudo, de caráter qualitati-

vo e exploratório, teve como objetivo investigar a percepção de inclusão educacional de alunos superdotados por es-

ses alunos e seus professores nos ambientes regulares de ensino. As variáveis investigadas foram as concepções de

inclusão de alunos de altas habilidades/superdotação em classes regulares; a percepção de sua inclusão por serem alu-

nos superdotados; as distinções entre as ações pedagógicas de professores de ensino regular em relação ao aluno su-

perdotado e aos demais alunos; e os elementos facilitadores e dificultadores relacionados a inclusão. Participaram des-

sa pesquisa 20 alunos de um programa de atendimento a alunos superdotados e 20 de seus professores de classes

regulares. Os participantes foram entrevistados, e seus dados submetidos à análise de conteúdo. Os resultados indica-

ram que a inclusão educacional de alunos superdotados é um aspecto complexo e multifacetado. Embora alunos e pro-

fessores atribuam importância à inclusão, apresentam dificuldades para vivenciá-la. Constatou-se ainda que alunos e

professores reconhecem a superdotação por meio da capacidade cognitiva superior e destaque acadêmico. Distintos

argumentos de professores e alunos revelaram como elementos favoráveis a essa inclusão, professores preparados, boa

prática pedagógica e diversidade de materiais para pesquisa em sala de aula. Os elementos dificultadores desse proces-

so indicaram a necessidade de investimentos para a formação de professores e equipe técnica, na perspectiva de uma

educação verdadeiramente inclusiva.

Palavras-chaves: Altas Habilidades. Superdotação. Educação Inclusiva. Classes Regulares e Superdotação.

PEREIRA, V. L. P. A inclusão educacional do aluno superdotado nos contextos regulares de ensino. 2008. 125

f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2008.

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