Boletim Epidemiológico - Procempa

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Boletim Epidemiológico 64 Fevereiro 2017 1 Boletim Epidemiológico Equipe de Vigilância das Doenças Transmissíveis 64 Sugestões e colaborações podem ser enviadas para: Av. Padre Cacique, 372 - EVDT Menino Deus - Porto Alegre - RS Fev/17 Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre Secretário Municipal de Saúde Erno Harzheim Coordenador da Coordenadoria Anderson Araújo Lima das Doenças Transmissíveis Benjamin Roitman Membros da Equipe de Vigilância Geral de Vigilância em Saúde Chefe da Equipe de Vigilância das Doenças Transmissíveis Jornalista Responsável Patrícia Costa Coelho de Souza M b 5691 - DRT/RS T Nesta primeira edição de 2017, o Boletim Epidemiológico traz, no editorial, um resumo do Perfil da Tuberculose em População em Situação de Rua (PSR), trabalho feito por técnicos da EVDT e área técnica da SMS com participação de estagiárias e que se encontra publicado na íntegra no site da CGVS, no link http://www2.portoalegre.rs.gov.br/cgvs /default.php?p_secao=32. No mesmo link se encontra o artigo completo sobre TB entre pessoas privadas de liberdade cujo resumo se encontra na página 5. O principal artigo, traz uma análise preliminar, qualitativa, da Consulta Pública "O Uso e os Riscos Associados aos Agrotóxicos em Porto Alegre", realizada em 2016. Também estão incluídas neste volume as tradicionais tabelas comparativas dos casos notificados e investigados que constam no SINAN - Sistema de Informação dos Agravos de Notificação de Porto Alegre, sendo apresentados os diagnósticos dos anos de 2015/2016 e 2016 e 2017 até a Semana Epidemiológica 09. Completam o BE as informações sobre calendário anual de vacinas. Tuberculose - Segundo o Ministério da Saúde, a população em situação de rua tem 44 vezes mais chance de ter tuberculose quando comparada à população em geral. Em Porto Alegre, foi realizado um censo pela FASC (Fundação de Assistência Social e Cidadania) no ano de 2011, identificando 1.347 moradores de rua. Estudo recente, de 2016, foi realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em parceria coma FASC, quando foram identificados 2.115 moradores de rua; no mesmo ano, 111 casos novos de tuberculose foram registrados nessa população, o que gerou uma incidência de 5.248 casos/100.000 habitantes. Aparentemente, uma queda na incidência, isso se ao fato de até o ano de 2015 ter se considerado como universo da população em situação de rua um quantitativo de 1.347 pessoas, número que chegou a 2.115 pessoas no ano passado. Entretanto, o número absoluto Editorial de casos novos de tuberculose em moradores de rua vem aumentando, bem como o número de pessoas vivendo nas ruas da cidade. Em relação aos tipos de entradas no SINAN (Sistema de Informação Nacional de Agravos de Notificação) de PSR com tuberculose, de 2011 a 2016; observa-se um equilíbrio na população de rua entre os que não tinham história pregressa de tuberculose (casos novos) e aqueles que já tinham antecedentes (reingressantes e recidivantes). Entre os casos novos, o maior percentual é de pulmonares com confirmação laboratorial forma transmissível da doença – impactante na saúde coletiva. No trabalho desenvolvido pela SMS, está documentado que o perfil da PSR do município de Porto Alegre vai ao encontro do perfil da PSR nacional. A maioria é do sexo masculino, da raça/cor branca, faixa etária dos 20 aos 49 anos, com ensino fundamental incompleto. Além disso, em relação à coinfecção, é importante lembrar que nossa cidade é a capital brasileira com maior incidência de AIDS, e que a taxa de coinfecção TB- HIV, no ano de 2016, em residentes de Porto Alegre, ficou em 24,6%. Na PSR de Porto Alegre, nos anos de 2011 a 2016, a taxa de coinfecção TB-HIV evidencia a maior vulnerabilidade dessa população. Mais da metade da PSR faz uso de drogas. Esse dado só pôde ser mensurável a partir do ano de 2015, pois em dezembro de 2014, houve mudança na ficha de notificação da tuberculose com inclusão desta variável. A tuberculose representa somente mais uma das tantas vulnerabilidades a que essas pessoas estão expostas. Comprova-se que não se pode pensar somente em resolver a tuberculose, quando o cenário de fundo apresenta outros agravos, como a coinfecção por HIV e a drogadição. Por isso, abordar população de rua requer o tão preconizado olhar para a "integralidade" dos sujeitos – diretriz do Sistema Único de Saúde (SUS). No BE 65, de maio, o tema principal será a leishmaniose visceral humana e canina. Boa leitura. Editorial 1 Calendário Vacinas Consulta Pública Agrotóxicos 2 Tuberculose PPL 5 6 Tabela Notificações 7 ............................ ............... ....... ............. Adelaide K. Pustai, Ana Salete de G. Munhoz, Andréia R. Escobar, Benjamin Roitman, Ceura B. C. Souza, Elisangela da S. Nunes, Fabiane Saldanha B.Demenghe, Isete M. Stella, Laís H. Lanziotti, Letícia P. Muller, Lisiane M. W. Acosta, Marcelo Rodrigues, Márcia C. Sant’anna, Maria da Graça S. de Bastos, Maria de Fátima P. de Bem, Marilene R. Mello, Maristela Fiorini, Maristela L. de Aquino, Melissa S. Pires, Olino Ferreira, Patrícia C. Wiederkehr, Patrícia Z. Lopes, Raquel C. Barcella, Rosane S. Gralha, Roselane C. da Silva, Selane C. da Silva, Sandra R. da Silva, Simone Sá B.Garcia, Sonia Eloísa O. Freitas, Sonia R. Coradini, Sonia V.Thiesen, Vera L. Ricaldi Tabela Notificações 8 ............. bit.ly/boletinsepidemiologicos Acesso a esta e a edições anteriores: ..

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Boletim Epidemiológico 64 • Fevereiro 2017 1

Boletim EpidemiológicoEquipe de Vigilância das Doenças Transmissíveis

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Sugestões e colaboraçõespodem ser enviadas para:

Av. Padre Cacique, 372 - EVDT

Menino Deus - Porto Alegre - RS

Fev/17

Coordenadoria Geral de Vigilância em SaúdeSecretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre

Secretário Municipal de Saúde

Erno Harzheim

Coordenador da Coordenadoria

Anderson Araújo Lima

das Doenças Transmissíveis

Benjamin Roitman

Membros da Equipe de Vigilância

Geral de Vigilância em Saúde

Chefe da Equipe de Vigilância

das Doenças Transmissíveis

Jornalista Responsável

Patrícia Costa Coelho de Souza

M b 5691 - DRT/RST

Nesta primeira edição de 2017,o Boletim Epidemiológico traz, já noeditorial, um resumo do Perfil daTuberculose em População em Situaçãode Rua (PSR), trabalho feito por técnicosda EVDT e área técnica da SMS comparticipação de estagiárias e que seencontra publicado na íntegra nos i t e d a C G V S , n o l i n khttp://www2.portoalegre.rs.gov.br/cgvs/default.php?p_secao=32. No mesmolink se encontra o artigo completo sobreTB entre pessoas privadas de liberdadecujo resumo se encontra na página 5. Oprincipal artigo, traz uma análisepreliminar, qualitativa, da ConsultaPública "O Uso e os Riscos Associados aosAgrotóxicos em Porto Alegre", realizadaem 2016. Também estão incluídas nestevo l u m e a s t r a d i c i o n a i s t a b e l a scomparativas dos casos notificados einvestigados que constam no SINAN -Sistema de Informação dos Agravos deNotificação de Porto Alegre, sendoapresentados os diagnósticos dos anosde 2015/2016 e 2016 e 2017 até aSemana Epidemiológica 09. Completamo BE as informações sobre calendárioanual de vacinas. Tuberculose - Segundoo Ministério da Saúde, a população emsituação de rua tem 44 vezes maischance de ter tuberculose quandocomparada à população em geral. EmPorto Alegre, foi realizado um censo pelaFASC (Fundação de Assistência Social eCidadania) no ano de 2011, identificando1.347 moradores de rua. Estudo recente,de 2016, foi realizado pela UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul em parceriacoma FASC, quando foram identificados2.115 moradores de rua; no mesmo ano,111 casos novos de tuberculose foramregistrados nessa população, o quegerou uma incidência de 5.248c a s o s / 1 0 0 . 0 0 0 h a b i t a n t e s .Aparentemente, há uma queda naincidência, isso se ao fato de até o ano de2015 ter se considerado como universoda população em situação de rua umquantitativo de 1.347 pessoas, númeroque chegou a 2.115 pessoas no anopassado. Entretanto, o número absoluto

Editorialde casos novos de tuberculose emmoradores de rua vem aumentando,bem como o número de pessoas vivendonas ruas da cidade. Em relação aos tiposde entradas no SINAN (Sistema deInformação Nacional de Agravos deNotificação) de PSR com tuberculose, de2011 a 2016; observa-se um equilíbrio napopulação de rua entre os que nãotinham história pregressa de tuberculose(casos novos) e aqueles que já tinhama nte ce d e nte s ( re i n gre s s a nte s erecidivantes). Entre os casos novos, omaior percentual é de pulmonares comconfirmação laboratorial – formatransmissível da doença – impactante nas a ú d e c o l e t i v a . N o t r a b a l h od e s e n v o l v i d o p e l a S M S , e s t ádocumentado que o perfil da PSR domunicípio de Porto Alegre vai aoencontro do perfil da PSR nacional. Amaioria é do sexo masculino, da raça/corbranca, faixa etária dos 20 aos 49 anos,com ensino fundamental incompleto.Além disso, em relação à coinfecção, éimportante lembrar que nossa cidade é acapital brasileira com maior incidênciade AIDS, e que a taxa de coinfecção TB-HIV, no ano de 2016, em residentes dePorto Alegre, ficou em 24,6%. Na PSR dePorto Alegre, nos anos de 2011 a 2016, ataxa de coinfecção TB-HIV evidencia amaior vulnerabilidade dessa população.Mais da metade da PSR faz uso de drogas.Esse dado só pôde ser mensurável apartir do ano de 2015, pois em dezembrode 2014, houve mudança na ficha denotificação da tuberculose – cominclusão desta variável. A tuberculoserepresenta somente mais uma das tantasvulnerabilidades a que essas pessoasestão expostas. Comprova-se que não sepode pensar somente em resolver atuberculose, quando o cenário de fundoapresenta outros agravos, como acoinfecção por HIV e a drogadição. Porisso, abordar população de rua requer ot ã o p r e c o n i z a d o o l h a r p a r a a"integralidade" dos sujeitos – diretriz doSistema Único de Saúde (SUS). No BE 65,de maio, o tema principal será aleishmaniose visceral humana e canina.Boa leitura.

Editorial 1

Calendário Vacinas

Consulta Pública Agrotóxicos 2

Tuberculose PPL 5

6

Tabela Notificações 7

............................

...............

.......

.............

Adelaide K. Pustai, Ana Salete de G. Munhoz,Andréia R. Escobar, Benjamin Roitman, Ceura B.C. Souza, Elisangela da S. Nunes, FabianeSaldanha B.Demenghe, Isete M. Stella, Laís H.Lanziotti, Letícia P. Muller, Lisiane M. W. Acosta,Marcelo Rodrigues, Márcia C. Sant’anna, Maria daGraça S. de Bastos, Maria de Fátima P. de Bem,Marilene R. Mello, Maristela Fiorini, Maristela L. deAquino, Melissa S. Pires, Olino Ferreira, PatríciaC. Wiederkehr, Patrícia Z. Lopes, Raquel C.Barcella, Rosane S. Gralha, Roselane C. da Silva,Selane C. da Silva, Sandra R. da Silva, Simone SáB.Garcia, Sonia Eloísa O. Freitas, Sonia R.Coradini, Sonia V. Thiesen, Vera L. Ricaldi

Tabela Notificações

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Boletim Epidemiológico 64 • Fevereiro 20172

A Consulta Pública - O Uso e os RiscosAssociados aos Agrotóxicos em Porto Alegre ocorridano ano de 2016, teve seu início em 8 de junho e ficoudisponível até o dia 31 de dezembro. Nesse períodoobteve um total de 441 formulários preenchidos. Esseprocesso de consulta junto a população de PortoAlegre representa uma iniciativa da Vigilância emsaúde ambiental e do trabalhador na direção dofortalecimento de uma política pública de basepopular e representativa das lutas e necessidades dosmovimentos sociais da cidade.

DESCRIÇÃO E ANALISE PRELIMINAR DA CONSULTA PÚBLICA:O Uso e os Riscos Associados aos Agrotóxicos em Porto Alegre ocorrida no ano de 2016

Marla Kuhn – Assistente Social, Maria Inês Bello – Bióloga, Camila Bandeira- Acadêmica de Serviço Social- EVSAT

REGIÃO 01 – CENTRO

REGIÃO 06 - CENTRO-SUL E SUL

REGIÃO 02 - HUMAITÁ/ NAVEGANTES/ ILHAS E NOROESTE

REGIÃO 07 - LOMBA DO PINHEIRO / PARTENON

REGIÃO 05 - GLÓRIA/ CRUZEIRO/ CRISTAL

REGIÃO 03 - NORTE E EIXO BALTAZAR

NENHUM

REGIÃO 08 - RESTINGA/ EXTREMO-SUL

REGIÃO 04 - LESTE/NORDESTE

0 50 100 150 200 250

REGIÕES OP

70%

30%

SEXO

feminino masculino

54%30%

13%2%

VÍNCULO

Mora dor Tra ba lhador

Es tuda nte Nenhum

Entende-se que toda política para ser pública e socialdeve exercitar um olhar conjunto e popular sobre osimpactos e efeitos do modelo de desenvolvimento dosterritórios, e neste caso, o uso dos agrotóxicos.

No que diz respeito ao perfil das pessoas queresponderam o formulário, foi possível identificar osseguintes resultados: predominância do sexofeminino; a vinculação com a cidade se dá em suamaioria por moradores e a região de vinculação queapareceu de maneira mais expressiva foi a RegiãoCentro:

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Boletim Epidemiológico 64 • Fevereiro 2017 3

A questão 08 do formulário perguntava o seguinte: “Na sua opinião, como a Secretaria Municipal deSaúde pode melhorar a comunicação para informar sobre as possíveis ameaças a saúde relacionadas aosagrotóxicos? (É possível assinalar mais de uma alternativa)”. Dentre as opções, havia a possibilidade de marcar aalternativa“outros”, que abria campo para a descrição. Dos 441 formulários, 54 tinham essa alternativa assinaladae a descreveram apontando os seguintes elementos:

A questão 21 do formulário que perguntava“Como você ficou sabendo dessa Consulta Pública?”tambémtinha em uma de suas alternativas a opção “outros”, onde a pessoa descreve o meio pelo qual ficou sabendo daconsulta. Das 367 respostas, 81 tinham essa opção marcada e descrita e dentre os diversos meios identificados, oque obteve maioria foi a divulgação da Consulta em Feiras Orgânicas no município de Porto Alegre:

Oficina s , ca mpanha s e dis tribuiçã o de materia l informa tivo sobre o tema para a popula çã o

Radio, outra s mídias e redes socia i s

Divulgaçã o em ponto de comércio de al imentos (fei ras , supermerca dos , etc)

Articula ção com outras equipes , comiss ões e ins tituições que estão envolvida s pelo tema

Rotula gens de al imentos

Audiência s Públ ica s

Capa ci ta ção dos profi ss iona is da saúde pa ra o reconhecimento de intoxica ções por a grotóxicos

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

CANAIS DE COMUNICAÇÃO DA SMS COM A POPULAÇÃO

Divulgação em Feira s Orgânicas de Porto Alegre

Emai l /Redes Socia i s/Informativo Onl ine

Fórum Ga úcho de Combate a os Impa ctos dos Agrotóxicos

No Ambiente de tra ba lho

Audiência Públ ica s obre os Impa ctos dos Agrotóxicos

Palestra sobre Agrotóxico na PMPA

Na Coordena doria Gera l de Vigi lâ ncia em Sa úde - CGVS

Curso Intoxica ção por Agrotóxicos - UFRGS

Conselho Municipa l de Sa úde

Works hop Sa úde do Tra ba lha dor

Workshop VIGIAR

Evento da Res erva do La mi

0 5 10 15 20 25

COMO FICOU SABENDO

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A questão descritiva que compõe o final do formulário, perguntava o seguinte:“A Equipe deVigilância emSaúde Ambiental e do Trabalhador – EVSAT, da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde – CGVS, com aparticipação do GT Agrotóxicos, composto por uma equipe multidisciplinar que abrange representantes dasaúde, agricultura e educação, como equipe responsável pela implantação e implementação das ações devigilância a saúde de populações expostas aos agrotóxicos, entende como fundamental o fortalecimento dasações em rede, principalmente, aquelas que busquem a participação da sociedade na formulação da políticapública de saúde ambiental e do trabalhador. O que não pode faltar nessa política?”

Para a análise preliminar das respostas dessa questão se utilizou o método segundo Bardin (2009), quecaracteriza a análise de conteúdo com algumas peculiaridades essenciais, constituindo um meio para estudar ascomunicações entre os homens. A função principal da análise de conteúdo é elucidar os materiais empíricoscoletados com embasamento teórico-crítico, utilizando o método dialético de aprofundamento de conexões dasideias, chegando, se possível a propostas básicas de intervenção, no limite da estrutura geral e específica doprojeto de intervenção.

Das 441 pessoas que responderam a consulta, 217 pessoas preencheram essa questão e a partir de seusapontamentos, elencamos as seguintes categorias:

Dentre as respostas foi possível perceber que predominaram os apontamentos em relação atransparência das ações e da divulgação de informações sobre o tema, já que é um direito da população sabercomo o agrotóxico se reflete na sua saúde e os impactos no ambiente. Foi apontado que somente em possedessas informações, pode haver um processo de conscientização por parte da população para efetivar suaparticipação nas políticas que regulam essa questão e adotar práticas alternativas. As outras três categorias quemais apareceram se referem respectivamente a “Fiscalização efetiva”, “Educação em saúde”, e “Incentivo àspráticas alternativas e agroecologia”, como aspectos que não podem faltar nessa política.

Assim, consideramos com base nas respostas qualitativas dos formulários que, preliminarmente, o papelda EVSAT / CGVS frente ao tema dos agrotóxicos seu uso na cidade, impactos e efeitos nocivos à saúde, devecontinuar realizando e reforçando denúncias que envolvam críticas as políticas públicas ineficientes, ao modelode agricultura predominante e a violação de direitos, contribuindo para uma articulação entre comunidades ediversos atores que atuam nos territórios impactados por meio de diálogos que promovam a convergência deações e lutas sociais.

DIVULGAÇÃO, TRANSPARÊNCIA, INFORMAÇÃO CLARA

FISCALIZAÇÃO EFETIVA, MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO

EDUCAÇÃO EM SAÚDE, EDUCAÇÃO POPULAR

INCENTIVO ÀS PRÁTICAS ALTERNATIVAS E AGROECOLOGIA

PARTICIPAÇÃO POPULAR

RESISTÊNCIA AO INTERESSE ECONÔMICO E POLÍTICO POR TRÁS DA INDÚSTRIA DO AGROTÓXICO

SE SENTEM INCOMODADOS COM A EXPOSIÇÃO/USO DE AGROTÓXICOS, PINCIPALMENTE OS JÁ BANIDOS EM OUTROS PAÍSES

AÇÕES MULTIDISCIPLINARES/ INTERSETORIAIS

MAIOR INVESTIMENTO EM ESTUDOS CIENTÍFICOS RELACIONADOS AO TEMA

ATENDIMENTO ESPECIALIZADO AOS TRABALHADORES E À POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE INTOXICAÇÃO POR AGROTÓXICOS

SUGESTÕES À ESTRUTURA DA CONSULTA (QUESTÃO DE GÊNERO NO PREENCHIMENTO DO FORMULÁRIO)

NÃO CONSIDERA A POLÍTICA NECESSÁRIA

0 20 40 60 80 100 120

CATEGORIAS

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TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO PRIVADA DE LIBERDADE – PPL – NOMUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE

Boletim Epidemiológico 64 • Fevereiro 2017 5

Laís Haase Lanziotti, Letícia Possebon Müller - Enfª da Vigilância Epidemiológica da TuberculosePatrícia Zancan Lopes, Simone Sá Britto Garcia - Aux. de Enf. da Equipe da Vigilância Epidemiológica da TuberculoseAndiel Ramos Krüger, Angélica Furquim dos Santos, Caroline Scola da Silva, Cynthia Antunes Moresco, Elisandra da SilvaMendes, Madine Viafore da Silva, Tainã Flores Telles - Estagiárias de Enf. da Equipe da Vigilância Epidemiológica Tuberculose

Porto Alegre é a 4ª capital com maior taxa deincidência de tuberculose do Brasil (80,4 casos/100.000habitantes), no ano de 2016, conforme dados doMinistério da Saúde (BRASIL, 2017). No distritoPartenon estão localizadas duas instituiçõesimportantes: o Hospital Sanatório Partenon (referênciaestadual para o tratamento da tuberculose) e o PresídioCentral de Porto Alegre (PCPA). O presídio vemmantendo os casos novos de tuberculose ao longo dosanos, principalmente na forma pulmonar comcomprovação laboratorial (forma transmissível dadoença). Em 2016, a incidência foi de 3.000casos/100.000 habitantes, o que caracteriza situaçãode epidemia (>1.000 casos/100.000 habitantes)(CLANCY, 1991 apud FIOCRUZ, 2008, p. 76). A situaçãoda tuberculose no PCPA é tão importante que foimencionada nos primeiros minutos de “Central – ofilme” (trailer do filme disponível no You tube, emhttps://www.youtube.com/watch?v=0-XXqPPsjkM.

Quando se faz um recorte por sexo e raça, amaior incidência de tuberculose em Porto Alegre estáentre homens pretos/pardos. O perfil da PPL comtuberculose, de Porto Alegre, ao longo do tempo,caracteriza-se por homens, brancos, com ensinof u n d a m e n t a l i n c o m p l e t o, n a f a i x a e t á r i aeconomicamente ativa, ou seja, de 20 a 39 anos. Deve-se lembrar que Porto Alegre é a capital brasileira commaior incidência de AIDS. Sendo que a taxa decoinfecção TB-HIV, no ano de 2016, em residentes dePorto Alegre foi de 24,6% e na PPL no mesmo ano foi de17,3%.

O percentual de PPL que fazia uso de drogasilícitas nos anos de 2015 e 2016, respectivamente, foi de16,6% e de 24,7%. Dado que ainda não pode sermostrado numa série histórica, pois só foi introduzidona ficha de notificação da tuberculose em dezembro de2014.

A maioria dos pacientes é diagnosticada comocasos novos (64,1% em 2016), ou seja, nunca haviamtido o diagnóstico de tuberculose anteriormente,tornando o presídio uma boa fonte de triagem paratuberculose em sintomáticos respiratórios, visto quedesde 2010 existem duas equipes de saúde prisionalcontratadas pelo Vila Nova e uma equipe de saúde daSUSEPE que data do início do presídio – 1959.

O manual de recomendações para o controleda tuberculose de 2011 preconiza rastreamento pormeio de baciloscopia e exame radiológico; rotina jáimplantada no PCPA no momento da admissão dopresidiário.

Quanto ao desfecho da PPL com tuberculose,aproximadamente metade da PPL concluiu otratamento conseguindo se curar (em 2015 a cura foi de46,9%), sendo essa cura realizada dentro do presídio oufora dele após liberdade. Entretanto, ainda muitosacabam abandonando o tratamento (em 2015, oabandono foi de 26,9%), evidenciando a necessidadede um maior investimento nessa população, poismúltiplos abandonos podem causar droga-resistência,deixando a saúde coletiva vulnerável.

A r t i g o d i s p o n í v e l n a í n t e g r a n o :http://www2.portoalegre.rs.gov.br/cgvs/default.php?p_secao=32

Cartaz do filme “Central – o filme”

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Tabela comparativa dos casos notificados e investigados que constam no SINAN -Sistema de Informação dos Agravos de Notificação de Porto Alegre, diagnosticadosnos anos de 2015 e 2016.*

NA: Não se aplica/ considerado caso pela notificação * dados sujeitos a revisão **casos confirmados importados

Agravos

2015 2016 2015 2016 2015 2016 2015 2016

Acidentes com animais peçonhentos 65 66 65 66 22 25 22 25

Aids 1296 1115 1296 1115 1049 910 1049 910

>13 anos 1282 1100 1045 902

< 13 anos 14 15 4 8

Portadores de HIV 1108 843 1108 843 939 698 939 698

>13 anos 1100 833 934 689

< 13 anos 8 10 5 9

Atendimento anti-rábico 5437 4471 5437 4471 5402 4435 5402 4435

Botulismo 0 0 0 0 0 0 0 0

Carbunculo ou Antraz 0 0 0 0 0 0 0 0

Caxumba 169 4300 NA NA 156 4137 NA NA

Cólera 0 0 0 0 0 0 0 0

Coqueluche 42 73 29 49 29 38 23 23

Dengue 739 2354 98 495 585 1874 73 356

Autóctone Porto Alegre 17 301

Difteria 0 0 0 0 0 0 0 0

Doença de Chagas ( casos agudos) 0 0 0 0 0 0 0 0

Doença de Creutzfeld-Jacob 0 1 0 0 0 1 0 0

Doença Exantemática 5 9 0 0 5 7 0 0

Rubéola 0 8 0 0 0 6 0 0

Sarampo 5 1 0 0 5 1 0 0

Esquistossomose 0 0 0 0 0 0 0 0

Eventos Adversos Pós-vacinação 470 401 470 401 470 401 470 401

Febre Amarela 0 1 0 0 0 1 0 0

Febre Chikungunya 5 124 0 30 4 118 0 30

Autóctone Porto Alegre 0 0

Febre do Nilo Ocidental 0 0 0 0 0 0 0 0

Febre Maculosa 2 0 0 0 2 0 0 0

Febre Tifóide 0 0 0 0 0 0 0 0

Febre pelo Virus Zika 3 228 1 28 3 182 1 28

Autóctone Porto Alegre 0 14

Gestantes HIV + e Criança Exposta 632 546 632 546 421 388 421 388

Hanseníase 71 63 71 63 14 17 14 17

Hantavirose 3 2 1 0 2 1 0 0

Hepatites Virais 2472 2302 2318 2121 1812 1711 1699 1576

Hepatite A 17 14 15 12

Hepatite B 359 371 256 270

Hepatite C 1922 1724 1415 1287

Hepatite B+C 18 11 12 7

Hepatite B+D 1 1 1 0

Hepatite A/B ou A/C 1 0 0 0

Influenza com SRAG 1597 2903 56 565 1000 1803 41 365

Leishmaniose Tegumentar Americana 1 0 1 0 1 0 1 0

Leishmaniose Visceral 2 3 0 2 1 2 0 2

Leptospirose 305 241 71 52 192 151 46 33

Malaria** 10 11 4 3 7 4 3 2

Meningites 680 590 529 434 378 326 298 239

Doença meningocócica 45 33 25 22

M. bacteriana 71 55 40 31

M. outras etiologias 47 21 20 16

M. haemophilus 1 1 1 1

M. não especificada 79 47 38 22

M. pneumococo 24 20 15 12

M. tuberculosa 33 36 15 18

M. viral 229 221 144 117

Peste 0 0 0 0 0 0 0 0

Poliomielite/Paralisia Flácida Aguda 13 20 0 0 6 5 0 0

Raiva Humana 0 0 0 0 0 0 0 0

Sífilis Adquirida 2902 1907 2902 1907 2515 1572 2515 1572

Sífilis Congênita 803 794 803 794 585 571 585 571

Sífilis em Gestante 530 501 530 501 450 428 450 428

Síndrome da Rubéola Congênita 0 0 0 0 0 0 0 0

Tétano Acidental 4 5 3 4 3 3 2 2

Tétano Neonatal 0 0 0 0 0 0 0 0

Tuberculose( todas as formas clinicas) 2898 2648 2898 2648 2198 1931 2198 1931

Casos Novos 1894 1784 1487 1359

Tularemia 0 0 0 0 0 0 0 0

Varicela 754 611 NA NA 649 545 NA NA

Varíola 0 0 0 0 0 0 0 0

Total 23023 27142 18905 22292

Confirmados

Casos Residentes em POA

Investigados Confirmados

Total de Casos

Investigados

Boletim Epidemiológico 64 • Fevereiro 20176

Page 7: Boletim Epidemiológico - Procempa

Agravos

2016 2017 2016 2017 2016 2017 2016 2017

Acidentes com animais peçonhentos 21 7 21 7 10 2 10 2

Aids 165 91 165 91 136 67 136 67

>13 anos 163 90 134 67

< 13 anos 2 1 2 0

Portadores de HIV 125 135 125 135 114 113 114 113

>13 anos 123 131 112 110

< 13 anos 2 4 2 3

Atendimento anti-rábico 846 9 846 9 832 7 832 7

Botulismo 0 0 0 0 0 0 0 0

Carbunculo ou Antraz 0 0 0 0 0 0 0 0

Caxumba 64 196 NA NA 61 183 NA NA

Cólera 0 0 0 0 0 0 0 0

Coqueluche 8 20 4 17 2 11 1 10

Dengue 612 212 224 2 528 162 97 1

Autóctone Porto Alegre 67 0

Difteria 0 0 0 0 0 0 0 0

Doença de Chagas ( casos agudos) 0 0 0 0 0 0 0 0

Doença de Creutzfeld-Jacob 0 0 0 0 0 0 0 0

Doença Exantemática 1 1 0 0 1 1 0 0

Rubéola 1 1 0 0 1 1 0 0

Sarampo 0 0 0 0 0 0 0 0

Esquistossomose 0 0 0 0 0 0 0 0

Eventos Adversos Pós-vacinação 51 62 51 62 51 62 51 62

Febre Amarela 0 0 0 0 0 0 0 0

Febre Chikungunya 24 30 5 1 20 27 5 1

Autóctone Porto Alegre 0 0

Febre do Nilo Ocidental 0 0 0 0 0 0 0 0

Febre Maculosa 0 0 0 0 0 0 0 0

Febre Tifóide 0 0 0 0 0 0 0 0

Febre pelo Virus Zika 67 7 9 1 61 7 8 1

Autóctone Porto Alegre 1 0

Gestantes HIV + e Criança Exposta 89 51 89 51 58 31 58 31

Hanseníase 9 5 9 5 3 0 3 0

Hantavirose 0 0 0 0 0 0 0 0

Hepatites Virais 343 286 327 261 1671 1527 253 205

Hepatite A 6 0 5 0

Hepatite B 60 30 49 27

Hepatite C 260 229 198 176

Hepatite B+C 1 2 1 2

Hepatite B+D 0 0 0 0

Hepatite A/B ou A/C 0 0 0 0

Influenza com SRAG 74 80 2 3 47 50 1 1

Leishmaniose Tegumentar Americana 0 1 0 1 0 0 0 0

Leishmaniose Visceral 0 3 0 0 0 3 0 0

Leptospirose 59 46 15 21 34 29 7 10

Malaria** 3 1 3 1 1 0 0 0

Meningites 87 99 61 69 55 47 40 32

Doença meningocócica 1 3 0 2

M. bacteriana 8 8 7 5

M. outras etiologias 4 4 4 0

M. haemophilus 0 0 0 0

M. não especificada 9 17 5 4

M. pneumococo 5 3 4 2

M. tuberculosa 1 7 1 5

M. viral 33 27 19 14

Peste 0 0 0 0 0 0 0 0

Poliomielite/Paralisia Flácida Aguda 1 2 0 0 0 1 0 0

Raiva Humana 0 0 0 0 0 0 0 0

Sífilis Adquirida 385 185 385 185 298 140 298 140

Sífilis Congênita 148 93 148 93 101 69 101 69

Sífilis em Gestante 100 49 100 49 80 42 80 42

Síndrome da Rubéola Congênita 0 0 0 0 0 0 0 0

Tétano Acidental 1 1 1 0 0 1 0 0

Tétano Neonatal 0 0 0 0 0 0 0 0

Tuberculose( todas as formas clinicas) 399 393 386 391 286 290 276 290

Casos Novos 262 288 194 215

Tularemia 0 0 0 0 0 0 0 0

Varicela 55 57 NA NA 63 67 NA NA

Varíola 0 0 0 0 0 0 0 0

Total 3738 2123 4514 2940

Confirmados

Casos Residentes em POA

Investigados Confirmados

Total de Casos

Investigados

Tabela comparativa dos casos notificados e investigados que constam no SINAN -Sistema de Informação dos Agravos de Notificação de Porto Alegre, diagnosticadosnos anos de 2016 e 2017 até a SE 9.*

NA: Não se aplica/ considerado caso pela notificação * dados sujeitos a revisão **casos confirmados importados

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Boletim Epidemiológico 64 Fevereiro 2017