Boletim Científico do Centro de Simulação e Pesquisa São Camilo · autor (es): Nome completo,...

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ISSN 2238-3042 EDIÇÃO 50 ANO 08 DEZEMBRO 2017 Boletim Científico do Centro de Simulação e Pesquisa São Camilo

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ISSN 2238-3042 EDIÇÃO 50 ANO 08 DEZEMBRO 2017

Boletim Científico do Centro de Simulação e Pesquisa São Camilo

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1 • Serão aceitos trabalhos originais (pesquisa qualitativa ou quantitativa), revisão de literatura, relato de experiência, rela-to de caso, e estudo reflexivo.2 • Para cada estudo, a metodologia segue nos seguintes pa-drões:Pesquisa qualitativa: Título, resumo, palavras-chave, introdu-ção, objetivo, metodologia, trajetória metodológica, constru-ção dos resultados, considerações finais e referências. Pesquisa quantitativa: Título, resumo, palavras-chave, intro-dução, objetivo, metodologia, material e método, resultado e discussão, conclusão e referências. • Revisão de literatura: Título, resumo, palavras-chave, intro-dução, objetivo, metodologia, revisão de literatura, conside-rações finais e referências. • Relato de Experiência: Título, resumo, palavras-chave, intro-dução, objetivo, metodologia, descrição do relato de experi-ência, considerações finais e referências. • Relato de caso: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo, metodologia, descrição de caso, considerações fi-nais e referências. • Estudo reflexivo: Título, resumo, palavras-chave, introdução, objetivo, metodologia, descrição de reflexão, considerações finais e referências. 3 • Para apresentação dos trabalhos o texto deve vir em Word• Fonte Times New Roman, tamanho 12, justificado• No máximo 12 páginas, com espaçamentos entre linhas de 1,5 cm,• Margem superior de 3 cm, margem inferior de 2 cm, mar-gens laterais de 2 cm. • O texto não deve ultrapassar 15.000 palavras, excluindo re-ferências e tabelas. • O nº total de tabelas e ilustrações não deve ser superior a 6 e o da referências, a 20 citações. • O trabalho deve seguir o seguinte roteiro: Tema, resumo, palavra-chave introdução, método, resultado, considerações finais, referências.4 • Siglas, abreviaturas, unidades de medidas, nomes de ge-

nes e símbolos devem ser usados utilizando o modelo pa-drão internacional e de conhecimento geral. Na primeira ci-tação de siglas, elas devem vir acompanhadas do significado por extenso. 5 • Citações e referências devem seguir as normas de Van-couver. 6 • Caberá ao diretor científico julgar o excesso de ilustrações, suprimindo redundâncias. A ele caberá também a adaptação dos títulos e subtítulos dos trabalhos, bem como a prepa-ração do texto, com a finalidade de uniformizar a produção editorial. 7 • O conteúdo pode estar relacionado com apresentação de caso ilustrativo, atualização terapêutica, análise de métodos diagnósticos, apresentação de casuística etc.8 • Deverão ser enviadas as seguintes informações sobre o(s) autor (es): Nome completo, formação acadêmica, instituição a qual está vinculado, e-mail para contato, foto de rosto e uma titulação conforme prefere ser apresentado.9 • Ao enviar o texto, o autor estará automaticamente con-cordando com sua veiculação via correio e via Internet, não ficando responsável a Secretaria Técnica por sua reprodução ou utilização depois de publicado.10 • Cabe ao Departamento de Divulgação do IEP a data de publicação do artigo.11 • Ilustrações: constam de figuras e gráficos, referidos em números arábicos (exemplo: Fig.3, Gráfico 7), sob a forma de desenhos à nanquim, fotografias ou traçados (ECG etc).Se forem “escaneadas”, deverão ser enviadas em formato TIF ou JPG e ter , no mínimo, 270 DPI de resolução. CONSTAR FONTE. Quando possível deverão ser enviadas em forma ori-ginal. Somente serão aceitas as ilustrações que permitirem boa reprodução.12 • Os trabalhos devem ser encaminhados ao Núcleo de Pu-blicações do Centro de Simulação e Pesquisa São Camilo atra-vés do e-mail: [email protected]

Telefones para contato: (11) 3677-4507 / 3677-4405

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NO BOLETIM CIENTÍFICO DO CENTRO DE SIMULAÇÃO E PESQUISA SÃO CAMILO

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EXPEDIENTE

A responsabilidade pelos dados e conteúdo dos artigos é exclusiva de seus autores. Permitida reprodução total ou parcial dos artigos, desde que mencionada a fonte.

Sociedade Beneficente São CamiloPresidente: João Batista Gomes de LimaVice-Presidente: Anísio Baldessin 1º tesoureiro: Mateus Locatelli 2º tesoureiro: Zaqueu Geraldo Pinto 1º secretário: Niversindo Antonio Cherubin2º secretário: Marcelo Valentim De Oliveira Superintendente: Justino Scatolin

Hospitais São Camilo de São PauloSuperintendente: Mário Luis Kozik

Redação e AdministraçãoOs manuscritos deverão ser encaminhados para: IEP - Hospital São Camilo Rua Tavares Bastos, 651 - PompeiaCEP 05012-020 - São Paulo - SP ou enviados para os e-mails: [email protected]

Diretora Editorial: Dra. Lucia Milito EidDiretora Científica: Profa. Dra. Ariadne da Silva FonsecaCoordenação Editorial: Elisabete RochaProdução Editorial: Elisabete RochaJornalista Responsável: Hugo Politi PacíficoEditor de Arte: Fabiana Sant´AnaProdução Gráfica: NywgrafTiragem: 1000 exemplaresDiagramação: Ei Viu! Design e Comunicação

Conselho Editorial• Adriano Francisco Cardoso Pinto• Alexander Aredes Sobrinho• Ana Lygia Pires Melaragno• Ana Lucia das Graças Gomes• Ariadne da Silva Fonseca• Carla de Oliveira Assis• Carlos Augusto Dias • Carlos Gorios• José Antonio Pinto• Leonardo Hiroki Kawasaki• Lucia Milito Eid• Marco Aurélio Silvério Neves• Rita de Cássia Calegari• Rogerio Quintela Pirotto• Tania Regina Guedes• Vânia Ronghetti• Viviane Cristina da Silva Marcellani

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SUMÁRIO

Editorial

A Qualidade de Vida da Mulher MastectomizadaThe Quality of Life of Woman Mastectomized

La Calidad de Vida de la Mujer Mastectomizada

Lucineia Cristina Destro • Cristiane de Oliveira • Cleidileide da Silva Mendes

A Enfermagem na Administração de MedicamentosNursing in the Administration of Medications

La Enfermería en la Administración de Medicamentos

Eutamar Martiliano

Práticas Integrativas e Populares de Saúde e a Formação Básica do(a) Enfermeiro(a)Integrative and Popular Health Practices and the Formation of Nurses

Prácticas Integrativas y Populares de Salud y la Formación Básica del(de la) Enfermero(a)

Fabiana Arruda Xavier • Orientadora: Profª Drª Maria Waldenez de Oliveira

Cuidados de Enfermagem ao Paciente Reanimado Pós-Parada Cardiorrespiratória Submetido a Hipotermia Terapêutica.Nursing Care to Reanimated Patients After Cardiorespiratory

Arrest submitted to Therapeutic Hypothermia.

Cuidados de Enfermería al Paciente Reanimado Post-Paro

Cardiorrespiratorio sometido a hipotermia terapéutica.

Karol Pereira de Souza • Vivian Yuko Chino

Revisão Integrativa: interação fármaco-nutriente na administração de medicamentos por sonda enteralIntegrative Review: pharmaco-nutrient interaction in the administration

of medications via enteral probe

Revisión Integrativa: interacción fármaco-nutriente en la administración

de medicamentos por sonda enteral

Cláudia D’Arco • Luciane Andréa Aver • Tainá de Lima Muchiutti

Talita Franco Silveira • Carla Maria Maluf Ferrari

Código de Conforto: uma ferramenta para o atendimento de pacientes em fase de vida pelos times de resposta rápida no ambiente hospitalar Mayra de Almeida Frutig • Francine de Cristo Stein • Luciana Louzada Farias

Clara Maria Conde Pereira • Clarissa Somogy de Oliveira • Carla Gama Rumão

Mônica Miranda Pereira Sanches

SoftwareCME a Solução Viável, Uma Ideia Palpável para a Central de Material e Esterilização Rogério de Souza • Ricardo Cesar de Oliveira • Taina Fernandes Vilas Boas

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Estamos finalizando 2017, lembrando que no mês de dezembro comemoramos o nas-

cimento de Jesus. O ano de 2017 trouxe para a Rede de Hospitais São Camilo muitas

conquistas, como novos selos de acreditação, publicações de novos livros, emancipação

do Centro de Simulação e Pesquisa, novos setores de atendimento ao público, inovações

tecnológicas entre outras que podemos nos orgulhar e compartilhar com os profissionais,

pacientes, familiares e comunidade.

O Centro de Simulação e Pesquisa São Camilo está voltado para a pesquisa, capacitação

profissional e realização de eventos científicos em parceria com o Hospital São Camilo.

Vive-se hoje com um novo paradigma, caracterizado pela velocidade e inovação; curta

duração de tempo dos ciclos; busca da qualidade e satisfação dos clientes. A importância

esta acentuada nos ativos intangíveis como identificação da marca, conhecimento, ino-

vação e recursos humanos. Neste cenário, configura-se como desafio às instituições de

ensino e de saúde, desenvolver e implementar ferramentas e modelos de assistência e

de gestão que lhes garantam a possibilidade de competição atual e futura.

Com o nível de competitividade equilibrado no que tange ao composto preço, prestação

de serviço e qualidade, ambientes cada vez mais dinâmicos e inovações tecnológicas

constantes, o diferencial passa a ser os profissionais envolvidos dentro deste contexto.

Estes passam a ser os recursos estratégicos das organizações.

As organizações necessitam contar, de um lado, com profissionais altamente capacita-

dos, aptos a fazer frente às ameaças e oportunidades do mercado de trabalho e, de outro,

com um sistema de gestão sério e eficaz.

Precisamos olhar e enxergar o que realmente é necessário, refletir e atuar para melhorar

a formação e a atuação dos profissionais de saúde. Desta forma é importante que cada

um de nós faça a sua parte.

Agradeço a todos pelo empenho e dedicação e desejo um Natal com muita saúde, paz,

amor, amizade e um Ano Novo repleto de realizações.

EDITORIAL

Centro de Simulação e Pesquisa São Camilo na construção e socialização do conhecimento

Ariadne da Silva FonsecaGerente do Centro de Simulação

e Pesquisa São Camilo

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We are approaching the end of 2017, remembering that

in December we celebrate the birth of Jesus. Year 2017

brought many accomplishments for Rede de Hospitais São

Camilo, such as new accreditation seals, new book publica-

tions, emancipation of the Simulation and Research Center,

new public assistance sectors and technological innovations,

among others we can be proud of and share with profession-

als, patients, family members and the community.

The São Camilo Simulation and Research Center is directed

towards research, professional qualification and holding of sci-

entific events in partnership with Hospital São Camilo.

A new economic paradigm is lived today, characterized by

velocity and innovation; short duration of cycle times; and

quest for quality and customer satisfaction. The importance is

highlighted on intangible assets such as brand identification,

knowledge, innovation and human resources. In this scenario,

educational and health institutions are challenged to develop

and implement assistance and management tools and mod-

els assuring them the possibility of current and future com-

petition.

With a balanced competitive level when it comes to the

price, service provision and quality compound, ever more dy-

namic environments and constant technological innovations,

the differential is the professionals involved in this context. The

become the strategic resources of organizations.

Organizations need to rely, of the one side, on highly skilled

professionals, capable of facing the work market threats and

opportunities, and of the other side on a serious and effective

management system.

We need to look and see what is really necessary, reflect

and act to improve health professionals formation and actua-

tion. Therefore, it is important that all of us play our role.

Thank you all for the engagement and dedication, and I

would like to wish a Christmas with plenty of health, peace,

love, friendship, and a New Year full of accomplishments.

Estamos terminando el 2017, recordando que en el mes de

diciembre celebramos el nacimiento de Jesus. El año 2017 trajo

para la Rede de Hospitales São Camilo muchas conquistas,

como nuevos sellos de acreditación, publicaciones de nuevos

libros, emancipación del Centro de Simulación e Investigación,

nuevos sectores de atención al público, innovaciones tecnológi-

cas entre otras que podemos nos enorgullecer y compartir con

los profesionales, pacientes, familiares y comunidad.

El Centro de Simulación e Investigación São Camilo está di-

rigido a la investigación, capacitación profesional y realización

de eventos científicos en asociación con el Hospital São Camilo.

Hoy se vive con un nuevo paradigma caracterizado por la

velocidad e innovación; corta duración de tiempo de los ci-

clos; búsqueda de la calidad y satisfacción de los clientes. La

importancia esta acentuada en los activos intangibles como

identificación de la marca, conocimiento, innovación y recursos

humanos. En este escenario, se configura como desafío a las

instituciones de enseñanza y de salud, desarrollar e implemen-

tar herramientas y modelos de asistencia y de gestión que les

aseguren la posibilidad de competición actual y futura.

Con el nivel de competitividad equilibrado en lo que se refiere

al compuesto precio, prestación de servicio y calidad, ambien-

tes cada vez más dinámicos e innovaciones tecnológicas con-

stantes, el diferencial pasa a ser los profesionales involucrados

dentro de este contexto. Estos pasan a ser los recursos estraté-

gicos de las organizaciones.

Las organizaciones necesitan contar, de un lado, con pro-

fesionales altamente capacitados, aptos a hacer frente a las

amenazas y oportunidades del mercado de trabajo y, de otro,

con un sistema de gestión serio y eficaz.

Necesitamos mirar y ver lo que realmente es necesario, pen-

sar y actuar para mejorar la formación y la actuación de los pro-

fesionales de salud. De esta forma es importante que cada uno

de nosotros haga su parte.

Agradezco a todos por el empeño y dedicación y deseo una

Navidad con mucha salud, paz, amor, amistad y un Año Nuevo

repleto de realizaciones.

The São Camilo Simulation and Research Center in the construction and socialization of knowledge

Centro de Simulación e Investigación São Camilo en la construcción y socialización del conocimiento

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ResumoO câncer de mama é a forma mais comum de câncer e a pri-

meira causa de morte entre as mulheres, sendo o segundo

tipo mais frequente no mundo. Sua incidência teve um cres-

cimento contínuo na última década, respondendo por 22% dos

casos novos nesse gênero a cada ano. Uma das formas de

tratamento é a mastectomia, a qual interfere diretamente na

esfera física e mental, e consequentemente, altera a qualidade

de vida das mulheres submetidas a esse tipo de procedimen-

to cirúrgico. O objetivo do estudo foi conhecer o impacto da

mastectomia na qualidade de vida da mulher. Foram realizados

levantamentos bibliográficos nas bases de bancos de dados:

Lilacs,IBECS,Medline, Scielo, BVS, INCA, Caderno Básico de

Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (MS), além de textos

não indexados nas bases de dados citadas anteriormente, po-

rém disponíveis no acervo da Faculdade de Jaguariúna (FAJ),

teses de mestrado, dissertação de doutorado, monografias e

revistas cientificas. Dos nove artigos utilizados, de acordo com

os critérios de inclusão, pode-se concluir que a mastectomia

causa diversas alterações na qualidade de vida das mulheres,

sejam elas; corporal, sexual e social. Diante de todas essas al-

terações, identificou-se a necessidade de uma continuidade

do tratamento que vai além da mastectomia.

Palavras-chave: Câncer de mama; Mastectomia; Qualidade de

vida.

AbstractBreast cancer is the most common cancer and the leading

cause of death among women and the second most common

type in the world. Its incidence has had a steady growth in the

last decade, accounting for 22% of new cases each year in this

genre. One form of treatment is a mastectomy, which directly

affects the physical and mental realm, and consequently alters

the quality of life of women undergoing this type of surgical

procedure. The aim was to study the impact of mastectomy on

the quality of life of women. Literature surveys were conducted

A Qualidade de Vida da Mulher Mastectomizada

Lucineia Cristina DestroCristiane de OliveiraCleidileide da Silva MendesFaculdade de Jaguariúna

The Quality of Life of Woman Mastectomized

La Calidad de Vida de la Mujer Mastectomizada

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on the basis of databases: Lilacs, IBECS, Medline, SciELO, VHL,

INCA, Basic Book of Assistance to the Ministry of Health (MOH)

Health, plus texts not indexed in the databases mentioned abo-

ve, but available in the Faculty of Jaguariúna (FAJ) collection,

master’s theses, doctoral dissertation, monographs and scientific

journals. Of the nine items used in accordance with the inclu-

sion criteria, it can be concluded that mastectomy causes several

changes in the quality of life of women, be they; bodily, sexual

and social. Given all these changes, we identified the need for

continued treatment beyond the mastectomy.

Key words: Breast cancer; mastectomy; quality of life.

ResúmenEl cáncer de mama es la forma más común de cáncer y la pri-

mera causa de muerte entre las mujeres, siendo el segundo tipo

más frecuente en el mundo. En la última década su incidencia

tuvo un crecimiento continuo, respondiendo por el 22% de los

casos nuevos en ese género cada año. Una de las maneras de

tratamiento es la mastectomía que interfiere directamente en el

ámbito físico y mental, y consecuentemente modifica la calidad

de vida de las mujeres sometidas a ese tipo de procedimiento

quirúrgico. El objetivo del estudio fue conocer el impacto de la

mastectomía en la calidad de vida de la mujer. Se realizaron le-

vantamientos bibliográficos en las bases de datos: Lilacs, IBECS,

Medline, Scielo, BVS, INCA, Cuaderno Básico de Atención a la Sa-

lud del Ministerio de Salud (MS), además de textos no indexados

en las bases de datos citadas anteriormente, pero disponibles

en el acervo de la Facultad de Jaguariúna (FAJ), tesis de más-

ter, disertación de doctorado, monografías y revistas científicas.

De los nueve artículos utilizados, según los criterios de inclusión,

se puede concluir que, la mastectomía causa distintas modifi-

caciones en la calidad de vida de las mujeres, ya sean; corporal,

sexual y social. Ante todas esas modificaciones, se identificó la

necesidad de una continuidad del tratamiento que va más allá

de la mastectomía.

Palabras-clave: Cáncer de mama; Mastectomía; Calidad de vida.

IntroduçãoO câncer de mama é uma das maiores causas de morte

entre as mulheres, sendo a segunda neoplasia maligna mais frequente no mundo. Esse tipo de câncer acomete mais o sexo feminino e muito raramente ocorre no sexo masculino.1

A incidência do câncer de mama apresentou um cresci-mento contínuo, na última década, correspondeu a 22% de casos novos nesse gênero (feminino) a cada ano, acometen-do principalmente as mulheres que estão na faixa etária de 45 a 67 anos. Para o ano de 2014, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimou 57.120 casos novos de câncer de mama em mulheres, onde 13.225 correspondem a óbito já confirmado no Brasil,podendo considerar a patologia, uma das principais causas de mortalidade no sexo, devido à doença ser diag-nosticada em estágios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos de diagnosticado a doença, é de 61%.2

Quanto à distribuição dos casos nas regiões brasileiras, fo-ram estimadas para o ano de 2014 taxas brutas de incidência destacando se a região sudeste onde o Estado de São Paulo lidera com um índice de 73,21 casos para cada 100 mil mulhe-res e a região Sul onde o Estado do Rio Grande do Sul lidera com taxas de 87,72 casos para cada 100 mil mulheres; nos índices mundiais, houve um aumento da incidência, tanto nos países desenvolvidos, quanto nos países subdesenvolvidos.2

Diante dos dados, nota-se que o câncer de mama ainda é uma grande preocupação de saúde pública no Brasil, devi-do a sua alta incidência, mortalidade, e principalmente por causar impactos físicos, psicológicos e sociais que implicam diretamente no nível de qualidade de vida da mulher acome-tida pela patologia.

O câncer de mama consiste em uma proliferação desor-denada de células do tecido mamário, ocorrendo especifi-cadamente nas células epiteliais do tecido lobular e/ ou dos ductos. Esse tumor maligno pode proliferar-se e invadir os tecidos vizinhos, proliferando dessa maneira para outros ór-

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gãos do corpo humano, ocorrendo o que conhecemos por metástase. O câncer de mama trata-se de uma doença si-lenciosa, que pode passar despercebida devido à ausência de sintomas e a dificuldade de detecção precoce através do autoexame da mama, que é um exame simples, porém de baixa contribuição na redução da mortalidade.

Quanto aos fatores de risco do câncer de mama pode-se afirmar que o fator familiar, trata-se de um dos aspectos mais importantes para o desenvolvimento deste tipo de câncer, mulheres com mãe ou irmã que tiveram câncer de mama apresentam risco aumentado, especialmente, se o diagnos-tico tiver sido feito em idade precoce, antes dos 50 anos. Em relação a fatores reprodutivos e hormonais as características que envolvem uma maior chance de desenvolver um câncer de mama são: menarca precoce, sendo a primeira menstru-ação antes dos 11 anos de idade; menopausa tardia, sendo a última menstruação após 55 anos; idade do primeiro parto após os 30 anos; nuliparidade; o uso da pílula anticoncepcio-nal e a terapia de reposição hormonal para o tratamento da menopausa. Como fator de proteção ao câncer de mama, há a lactação.

O câncer de mama envolve basicamente a passagem por três etapas que se sobrepõem: o recebimento do diagnóstico de estar com câncer, que é sentido como algo de natureza negativa; a realização de um tratamento longo e agressivo, e a aceitação de um corpo marcado por uma nova imagem com a necessidade de aceitação e convivência com a mes-ma. Mesmo diante de tantas alterações que o diagnostico do câncer de mama gera, a doença ainda na maioria dos casos são diagnosticados tardiamente, devido à falta de conscien-tização da importância da prevenção, fazendo assim, que o tratamento tenha menor potencial curativo e na maioria das vezes agressivo, sendo necessária a mulher a ser submetida à mastectomia.3

O tratamento de câncer de mama é sempre individual, de-vendo ser avaliado a patologia, qual o estágio em que a mes-ma se encontra e a condição pessoal e particular do paciente. Enfim, o câncer de mama é visto como um potencial estres-sor e provoca uma serie de transformações, tanto na vida da mulher acometida quanto aos familiares, pois além do medo da morte que a doença provoca, há também a possibilidade de mutilação da mama, que se trata de um símbolo impor-tante de feminilidade, sexualidade, erotismo e maternidade.4

A mastectomia é um tipo de tratamento não conservador do câncer de mama, que causa a mutilação e altera a sexua-lidade das mulheres, mas que algumas são submetidas para terem um tratamento curativo, a sua indicação é devido ao estadiamento e ao tipo histológico do câncer. Portanto o pro-cesso de remoção das mamas, não exime a possibilidade de disseminação da doença, embora algumas mulheres criem

a concepção de que não mais precisam se preocupar com a doença, como se o problema estivesse unicamente no órgão, e não se preocupam com a possibilidade da disseminação da mesma.

A mastectomia tem repercussões emocionais importantes, que danificam não somente a integridade física, como tam-bém, a imagem psíquica que a mulher tem de si mesma e de sua sexualidade. Esse evento é permeado de vivências extre-mamente dolorosas, relacionadas com a sensação de perda, fato que altera a relação que ela estabelece com o seu corpo e sua mente.5

A mastectomia causa um impacto na mulher, alterando a sua imagem corporal, tornando necessária a sua reelabora-ção, sem que essa modificação no corpo altere a sua quali-dade de vida.

A qualidade de vida está inserida em uma esfera subjetiva de percepção com valores não materiais como, felicidade, solidariedade, inserção social e realização pessoal. Tratando--se de uma perspectiva subjetiva de ações, sendo necessário considerar as infinitas possibilidades individuais de percep-ção, conceituação e valorização dessas variáveis imensurá-veis objetivamente de que, a melhoria da qualidade de vida está atrelada à busca pela felicidade.6

Qualidade de vida: trata-se de uma busca constante de pa-drões que supram as necessidades da vida humana, englo-bando fatores da vida familiar, amorosa, social, ambiental e a própria estética existencial.7

A mulher que foi submetida à mastectomia, apresenta alte-ração da qualidade de vida, tendo que aprender a lidar com as alterações corporais, principalmente por estarem relacio-nadas a um contexto social, é uma situação delicada para a mulher, indiferente da faixa etária. É neste momento que a família desempenha grande importância no movimento de aceitação da paciente, e no entendimento de que possam ser necessárias algumas mudanças para a adaptação da nova vida, é muito importante à mulher perceber que não esta so-zinha, minimizando dessa forma a sua qualidade de vida após a mastectomia.

Dessa maneira, visto a repercussão do câncer de mama e do tratamento cirúrgico não conservador, mastectomia, na qualidade de vida da mulher que passa a ter uma parte do seu corpo mutilada, este estudo tem como objetivo, identi-ficar o impacto na qualidade de vida da mulher submetida à mastectomia, por meio de uma revisão de literatura.

Metodologia

Material e MétodoO presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica,

segundo Noronha e Ferreira,8 é uma ferramenta da qual os

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cientistas a utilizam para identificar, conhecer e acompanhar o desenvolvimento de pesquisas em suas áreas de atuação, pois fornece uma visão geral sobre um tópico especifico, evidenciando novas ideias e métodos. Esse método faz se necessário a atualização e a aquisição de novos conheci-mentos, exigindo do pesquisador uma busca constante de informações obtidas em variadas fontes.Para a realização desta revisão, foram selecionados artigos que abordavam o impacto na qualidade de vida da mulher submetida à mastectomia, sendo utilizadas as seguintes ba-ses de dados: LILACS, IBECS, MEDLINE, SciELO, BVS, INCA, Caderno Básico de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (MS), textos não indexados nas bases de dados citadas an-teriormente, porém disponíveis no acervo da Faculdade de Jaguariúna (FAJ), teses de mestrado, dissertação de douto-rado, monografias e revistas cientificas. Os artigos foram con-sultados, utilizando diversas combinações de descritores, de modo a abranger o maior número de artigos que contem-plassem especificadamente o impacto da mastectomia na qualidade de vida da mulher.Os critérios de inclusão foram: o artigo estar em português, ano de publicação estar entre 2003 a 2013. Como critérios de exclusão: a abordagem da mastectomia masculina, publica-ção anterior a 2003, literatura estrangeira e não apresentar nenhum descritor de impacto na qualidade de vida em mu-lheres após mastectomia.Os dados foram coletados por meio da leitura dos artigos na integra, sendo então realizada uma seleção critica dos mes-mos.

Revisão de LiteraturaApós avaliação dos critérios de elegibilidade, foram iden-

tificados 50 textos científicos, sendo selecionados somente nove estudos, após a aplicação dos critérios de inclusão. Dentre as publicações, predominaram-se os periódicos in-terdisciplinares com destaque para: Ciência & Saúde Coleti-va, com 22% e as demais publicações (Revista Brasileira de Cancerologia, Revista Brasileira de enfermagem, Arquivo de Ciência e saúde, Periódicos eletrônicos em psicologia, teses USP, Uniceub e Universidade Federal do Rio Grande do sul), com 11%. Os acessos pelas bases de dados corresponderam a 33%, desses, 100% estavam inseridos na mesma base de dados (Scielo). Quanto à classificação Quali Capes, não foi realizada nenhuma analise.

Neste estudo prevaleceram à revisão de literatura 56%, as pesquisas utilizando os métodos qualitativos e quantitativos representaram 22% de cada dos trabalhos analisados, tota-lizando 44% desses dois métodos.

Quanto ao ano de publicação, notou se que nos anos de 2006, 2007 e 2013 concentrou-se o maior número de pu-

blicações a respeito do assunto abordado, com 22% cada, totalizando juntos 67% da amostra total dos artigos que fi-zeram parte desse estudo, esse resultado demonstra uma maior preocupação nestes períodos a respeito da qualidade de vida das mulheres que foram submetidas à mastecto-mia, evidenciando também a importância do preparo dos profissionais de saúde em prestar um atendimento integral a essas mulheres, pois a remoção das mamas não significa apenas que a mulher se livrou de uma doença fatal, mas trata-se de um procedimento que afeta todo o cotidiano e o psicológico, pois não se sabe a maneira como irá lidar com as mudanças e nem como está preparada para uma ques-tão que afetará o resto de sua vida. Com o mesmo nume-ro de artigos, ficaram os anos 2009,2010 e 2011 totalizando 11% cada, e juntos corresponderam a 33% das publicações. Os demais anos (2002 a 2005 e 2008) não tiveram nenhum artigo ou trabalho publicado que abordasse o tema do tra-balho.

Percebe-se um conflito entre os trabalhos analisados, quanto aos que dizem respeito à idade das mulheres/qua-lidade de vida pós-mastectomia, pois estudos relatam que mulheres mais jovens tem uma piora significante na quali-dade de vida em relação a mulheres mais velhas, enquanto outros relatam que as mulheres mais jovens aparentam ní-veis mais altos de qualidade de vida em relação as mais ve-lhas. Ficou evidenciado em todos os estudos que a mulher ao ser diagnosticada com câncer de mama se vê em um conflito de emoções, risco eminente de morte e mutilação, o que provocam sentimentos negativos.9

Ficou evidente nos trabalhos analisados que a qualida-de de vida é alterada nas mulheres que são submetidas ao procedimento de mastectomia, devido à distorção da autoimagem e ao medo de sua rejeição, afastando-se as-sim do convívio social rotineiro, e apresentando uma piora no desempenho da vida sexual, o que acaba dificultando o relacionamento. Pode ser evidenciado, que esses fatores são minimizados quando não for necessário um tratamento tão agressivo, ou quando ocorre à reconstrução mamaria, e também quando há o apoio dos familiares e de uma equipe multidisciplinar para acompanhar essas pacientes.10

Foi possível observar que as mulheres que passaram pela cirurgia de mastectomia sofreram menor impacto, quando foram melhores esclarecidas sobre como seria a mastec-tomia e quais as modificações físicas e a possibilidade de reconstrução das mamas. Nos casos da necessidade da re-alização da mastectomia, ficou comprovado por um estudo que ocorreu no interior do Estado de São Paulo, que quanto menos mutilador for o resultado da cirurgia maior será o ní-vel de qualidade de vida dessas mulheres, enquanto que em mulheres que foram submetidas a esse procedimento

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e não fizeram reconstrução mamaria, apresentaram um im-pacto negativo maior em sua qualidade de vida, demons-trando assim a interferência que a mastectomia causa nas mesmas, tanto nas relações socioculturais quanto psicoló-gicas, por ser a mama um símbolo e ter um significado im-portante na autoestima e imagem da mulher.9,10

Evidenciou em todos os artigos selecionados que a mas-tectomia causa um impacto importante na vida da mulher, seja ele, social, sexual e profissional, reduzindo assim a qua-lidade de vida das mesmas, e na maioria das vezes, interfe-rindo no convívio da mulher diante da sociedade.

ConclusãoA comparação entre os resultados de cada estudo tive-

ram pouca discussão, devido ao fato de na literatura não haver muitos trabalhos que abordem a qualidade de vida da mulher que foi submetida à mastectomia, pois a maioria deles discute sobre o câncer de mama e a mastectomia. Houve dificuldade na comparação dos estudos analisados devido o fato de serem utilizados diferentes metodologias e instrumentos para a avaliação da mastectomia na qualidade de vida da mulher.

No entanto, de modo geral nos trabalhos analisados, pode-se perceber que: o impacto da mastectomia na qua-lidade de vida da mulher é incalculável, as mudanças que esta cirurgia provoca no cotidiano e na vida social de cada uma dependerá de vários fatores entre eles: a crença de cada uma, o apoio do companheiro, o auxilio dos familiares, o atendimento e o acompanhamento prestado pela equipe multidisciplinar, o fato da reconstrução mamaria e as limi-tações que ocorreram na vida de cada mulher submetida à mastectomia, sendo assim, todos esses fatores irão interfe-rir diretamente na qualidade de vida das mulheres mastec-tomizadas.

O presente estudo vêem corroborar que mesmo nos dias atuais o atendimento a mulher mastectomizada ainda apre-senta deficiências, muito se fala sobre o câncer de mama e o tratamento, porém no quesito qualidade de vida pouco se avançou o que leva a pensar na equipe multidisciplinar como instrumento na quebra desse paradigma, fazendo com que os profissionais da saúde tenham uma visão além da patologia somente, mas sim, um atendimento humaniza-do, que busque a continuidade do tratamento com a melho-ra na qualidade de vida dessas mulheres, resgatando a sua autoestima, a sua reinserção social e a manutenção de seu relacionamento conjugal.

Sendo assim, podemos dizer que o impacto na qualidade de vida da mulher mastectomizada, ainda há muito que ser estudado, para podermos minimizar os efeitos da mesma no mundo feminino.

Referências1 • Moreira CIV. “Mastectomia: Experiências de Mulheres Jovens”. Barcarena, 2009. 114 f. Monografia (Conclusão de Curso)-Curso de Enfermagem, Universidade Atlânti-ca.

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7 • Marchioni DML, Lima FEL, Fisberg RM. Padrões dieté-ticos e risco de câncer de mama: um estudo caso contro-le no Nordeste do Brasil. Rev. Soc. Bras. São Paulo, v. 33,n. 1, p. 31-42, abr. 2008.

8 • Noronha DP, Ferreira SMSP. Índices de citação. In: Campello BS, Cendón BV, Kremer JM. (Org.). Fontes de Informação para Pesquisadores e Profissionais. Belo Ho-rizonte, MG: UFMG, 2000)

9 • BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer (INCA). Tipos de Câncer. Disponível em: <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/mama>. Acesso em: 19 mar 2014.

10 • BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Ações de enfermagem para o controle do cân-cer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3a.ed. rev. Atualizada e Ampliada – Rio de Janeiro: INCA; p.171-172. 2008

14

ResumoEste estudo tem como objetivo identificar os problemas relacio-

nados a administração medicamentosa na atuação de enferma-

gem e descrever a responsabilidade ética e legal do enfermeiro

na administração medicamentosa, através da literatura. Trata-

-se de uma revisão de literatura realizada nos bancos de dados

Scielo e Lilacs, onde foram utilizados 20 situações no período de

março a junho de 2017. A administração de medicamento é uma

das principais funções da equipe de enfermagem e o profissio-

nal enfermeiro precisa estar atento e atualizado com relação às

questões éticas e legais que envolve esta ação. Na atualidade

temos observado que as falhas são comuns e que precisamos

aprender com os erros para melhorar os processos.

Palavras-chave: administração de medicamento, enfermagem,

sistematização da assistência de enfermagem.

AbstractThis study aims at identifying the problems related to the admi-

nistration of medications in nursing procedures and at describing

the nurses’ ethical and legal responsibility in the administration of

medications through the literature. It is a literature review carried

out in the Scielo and Lilacs databases, in which 20 situations in

the period from March to June 2017 were used. The administra-

tion of medications is one of the main functions of the nursing

teams, and professional nurses need to be attentive and updated

in relation to the ethical and legal issues involving this action. No-

wadays we have been observing that failures are common and

we need to learn with the mistakes in order to improve processes.

Key words: administration of medication, nursing, nursing assis-

tance systematization.

ResúmenEste estudio tiene como objetivo identificar los problemas rela-

cionados a la administración medicamentosa en la actuación de

enfermería y describir la responsabilidad ética y legal del enfer-

mero en la administración medicamentosa, por medio de la lite-

A Enfermagem na Administração de Medicamentos

Eutamar MartilianoGraduação em Enfermagem – Bacharelado pela Universidade do Grande ABC – UNIABC, Pós Graduando em Urgência e Emergência - Instituto de Pós Graduação Prof. Dr. Cleber Leite.

Nursing in the Administration of Medications

La Enfermería en la Administración de Medicamentos

15

ratura. Se trata de una revisión de literatura realizada en las bases

de datos Scielo y Lilacs, donde se utilizaron 20 situaciones en el

período de marzo a junio de 2017. La administración de medica-

mento es una de las principales funciones del equipo de enferme-

ría y el profesional enfermero necesita estar atento y actualizado

con relación a las cuestiones éticas y legales que involucra esta

acción. En la actualidad hemos observado que las fallas son co-

munes y que necesitamos aprender con los errores para mejorar

los procesos.

Palabras-clave: administración de medicamento, enfermería, sis-

tematización de la asistencia de enfermería.

IntroduçãoO processo de administração de medicamentos é consi-

derado complexo, critico e de alto risco para os pacientes e tem apresentado altas taxas de ocorrências de eventos adversos que poderiam ser evitados.1

A administração de medicamentos é entendida como um cuidado de enfermagem, na medida em que cabe aos en-fermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem assistir o cliente no cumprimento da terapêutica medicamentosa.2

Cada membro da equipe de saúde deve observar e ava-liar a prescrição medica para não ocorrer erros das medica-ções, para assim ser administrada de maneira correta. Para ajudar a evitar erros. Atualmente existem novas tecnologias, como por exemplo, o uso de código de barras para verifi-cação dentro de sistemas eletrônicos que visam otimizar a aplicação dos medicamentos.3

Nas instituições hospitalares, a mais importante respon-sabilidade dos profissionais de enfermagem é assegurar aos pacientes uma assistência livre de imprudência, im-perícia ou negligência. Desse modo, dentre as atribuições mais evidentes destes profissionais, a administração de fármacos, quando realizada sem o devido esmero, pode

ocasionar erros, muitas vezes gravíssimos, trazendo sérias consequências aos pacientes, profissionais e instituições de saúde.4

A imprudência caracteriza-se por omissão, precipitação, ato intempestivo, irrefletido, destituído da cautela necessá-ria para aquela situação profissional. A negligência, por sua vez, manifesta-se por omissão ou abstenção aos deveres que uma situação exigir ou ainda, inação, inércia, indolência e preguiça. Já a imperícia, refere-se a um agir sem conhe-cimentos técnico-científicos adequados ou com utilização equivocada dos seus saberes técnicos, falta de habilidade ou incompetência profissional.5

Por isso, o enfermeiro, antes de incumbir uma função a outro profissional, precisa analisar a competência técnica e a capacidade legal da pessoa a quem está delegando a atribuição. Por sua vez, quem recebe uma delegação de função ou atribuição também pode recusar-se a executá--la em razão de a atividade extrapolar seu grau de com-petência legal, conforme lhe faculta como um de seus direitos o art. 7° do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.6

O atual Código Civil brasileiro possui artigos que têm im-pacto sobre as ações de enfermagem e seus executores no que concerne a responsabilidade civil, dentre os quais, destaca-se o art. 944, que trata da indenização e refere que a mesma é medida pela extensão do dano, isto é, quanto maior o prejuízo, maior a restituição. Assim, se houver le-são física ou outro dano à saúde, decorrente, por exemplo, de erros na administração de medicamentos, o profissional terá de ressarcir o paciente das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até o fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que ele prove haver sofrido.7

O conhecimento do enfermeiro e dos demais profissio-nais de enfermagem, sobre os aspectos ético-legais que envolvem os desvios da qualidade na prestação da assis-tência, particularmente no processo de medicação, e suas

16

implicações, é de suma importância, tanto como forma de conscientização, quanto para garantir maior segurança na assistência e assegurar os direitos do paciente. Portanto este artigo tem como objetivo, identificar os problemas re-lacionados a administração medicamentosa na atuação da enfermagem, e descrever a responsabilidade ética e legal do enfermeiro na administração medicamentosa, através de revisão bibliográfica.

MetodologiaA presente pesquisa foi realizada através de um levanta-

mento bibliográfico retrospectivo, onde foram pesquisadas no banco de dados da biblioteca virtual em saúde Scielo, Lilacs utilizando como descritores a importância da enfer-magem na administração de medicamentos, levando em conta a atuação, intervenção e cuidados de enfermagem desenvolvido em 3 etapas.

1ª etapa: seleção e revisão dos artigos encontrados em bancos de dados.

2ª etapa: utilização dos critérios de inclusão/exclusão es-colhas das publicações que continham as palavras chaves: administração de medicamentos, cuidados de enferma-gem, prescrição medica, publicadas no período de 2005 e 2017 que abordaram o tema como um todo.

3ª etapa: após a pré-seleção de 25 artigos, 20 foram utili-zados na realização desse estudo.

O presente estudo foi desenvolvido no período de março de 2017 a junho de 2017.

A Enfermagem na Administração de Medicamentos

Na história da profissão, os enfermeiros têm se destaca-do no atendimento multiprofissional em serviços de saúde, fato que tem acarretado maior exposição, no que concerne à atuação assistencial, nos casos em que haja dano ao pa-ciente. Com isto há possibilidade de serem responsabiliza-dos por seus atos, com repercussões legais que podem se situar na área jurídica da responsabilidade civil.8

A atuação errônea por parte do enfermeiro ou dos outros profissionais de enfermagem, seja pela ação ou omissão, pode acarretar prejuízos de natureza física ou moral ao pa-ciente e suscitar a obrigação da reparação de danos, quan-do comprovada a culpa.9

O conhecimento do enfermeiro e dos demais profissio-nais de enfermagem sobre aspectos ético-legais que en-volvem o desvio da qualidade na prestação da assistência, particularmente no processo da medicação e suas implica-ções, é de suma importância que, convencionado, deve ser satisfeito ou executado.10

Destaca-se que não importa qual esfera de categoria

profissional da enfermagem que administra a terapia me-dicamentosa, o profissional enfermeiro terá a responsabi-lidade por todos da sua equipe. Constatou-se através das pesquisas que, dentre as iatrogenias mais recorrentes, a administração de medicamentos é a mais evidente, tendo como motivação: a delegação de cuidados, o não aperfei-çoamento e o cuidado realizado de forma mecânica.11

Neste sentido, o preparo e administração de medicamen-tos estariam a cargo dos Enfermeiros, sendo possível a de-legação de tal atividade aos outros profissionais de enfer-magem habilitados, quais sejam, Técnicos de Enfermagem e Auxiliares de Enfermagem, por meio da implantação do Processo de Enfermagem previsto na Resolução COFEN n°358/2009.12 No que tange a questão suscitada a respei-to da leitura e interpretação de receitas médicas e bulas medicamentosas, esta deve ter caráter literal, ou seja, deve ser lida e compreendida conforme o significado comum do termo utilizado pelo prescritor responsável pela determi-nação do tratamento. Da mesma forma, todo profissional de Enfermagem tem o dever de zelar pela segurança no desempenho de suas atividades, sendo que tal segurança compreende, além da segurança técnica, aquela em bene-fício dos pacientes e seus familiares. Poderá também o pro-fissional, recusar-se a realizar qualquer atividade que possa vir a causar risco para si ou para outrem, preceito este reco-nhecido pelo Código de Ética dos Profissionais de Enferma-gem – CEPE, aprovado pela Resolução COFEN 311/2007:

[...] SEÇÃO I Das relações com a pessoa, fa-mília e coletividade. [...] Direitos Art. 10 - Re-cusar-se a executar atividades que não sejam de sua competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, família e coletivida-de. [...] Responsabilidades e Deveres Art. 12 - Assegurar à pessoa, família e coletividade assistência de Enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou im-prudência. Art. 13 - Avaliar criteriosamente sua competência técnica, científica, ética e legal e somente aceitar encargos ou atribuições, quando capaz de desempenho seguro para si e para outrem. [...] Art. 21 - Proteger a pessoa, família e coletividade contra danos decorren-tes de imperícia, negligência ou imprudência por parte de qualquer membro da Equipe de Saúde. [...] SEÇÃO II Das relações com os tra-balhadores de enfermagem, saúde e outros. [...] Direitos [...] Art. 37 – Recusar-se a execu-tar prescrição medicamentosa e terapêutica,

17

onde não consta a assinatura e o número de registro do profissional, exceto em situações de urgência e emergência. Parágrafo único. O profissional de enfermagem poderá recusar--se a executar prescrição medicamentosa e terapêutica em caso de identificação de erro ou ilegibilidade. [...]6

Sendo assim, qualquer atividade desempenhada por pro-fissional de enfermagem, está sob a égide do Código de Ética da categoria, bem como, os profissionais que desres-peitarem tal preceito, incorrem em infração ética, sofrendo sanção ético-disciplinar. No caso em tela, ao se tratar de receituário médico, cabe ao profissional Médico confeccio-nar o documento de forma legível, conforme preceitua o Código de Ética da categoria de Medicina13 bem como ao profissional de Enfermagem recusar-se a realizar a ativida-de em que o prescritor não se faz entender e forma clara, prezando assim, pela segurança do procedimento.

Na culpa, o profissional não almeja obter um resultado prejudicial, porém assume o risco de que isso possa ocor-rer, ensejando, a responsabilidade por negligência, impru-dência e imperícia.14

Assim, a responsabilidade ética deve estar intrínseca na atividade da enfermagem, de modo que, estes profissionais têm a obrigação de prestar ao cliente uma assistência livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou impru-dência, consoante estabelece o Código de Ética de Enfer-magem, sob pena da sua responsabilização administrativa perante os COREN´S e COFEN.10

Os códigos representam uma compilação de leis ou re-gulamentos, que regem as relações humanas, asseguran-do ás pessoas os seus direitos como também mostrando os seus deveres.5

De acordo com o objetivo da presente pesquisa, seria in-teressante frisar os artigos do código de ética que regu-lamentam a relação entre o enfermeiro e o paciente nos aspectos relativos à prática de administração medicamen-tosa, são eles:

Art.14 - aprimorar os conhecimentos técni-cos, científicos, éticos e culturais em benefício da pessoa, família e coletividade e do desen-volvimento do profissional.Quanto às proibições no art.30 Administrar medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem certificar-se da possibilidade de riscos.E em relação aos direito o art. 37 destaca que, recusar-se executar prescrição medicamen-tosa e terapêutica, onde não conste assinatu-

ra e o número de registro do profissional, ex-ceto em situações de urgência e emergência, além disso, no parágrafo único - o profissional de enfermagem poderá recusar-se a execu-tar prescrição de medicamentos e terapêutica em caso de identificação de erro ou ilegibili-dade.15

A minimização de erros e prevenção de danos associa-dos às práticas médico-hospitalares são prioridades que mobilizaram a comunidade internacional na busca pela ex-celência na qualidade e a segurança da assistência para o paciente.15

A recorrência de resultados negativos decorrentes do cuidado em saúde, também denominado “Evento Adverso”, revela a insegurança dos serviços de saúde e se apresenta como um problema de saúde pública global.16

Embora não seja proposital, complicações relacionadas às práticas de assistência à saúde atingem um em cada 10 usuários hospitalizados.17

Essa problemática causa prejuízos à integridade do pa-ciente, além de custos adicionais desnecessários mesmo em hospitais bem estruturados e tecnologicamente avan-çados como em países desenvolvidos.18

Nesse contexto, o erro de medicação consiste em qual-quer evento evitável que pode causar ou levar ao uso ina-propriado de medicamentos ou causar dano a um paciente, enquanto o medicamento está sob o controle dos profissio-nais de saúde, pacientes ou consumidores.19

A reflexão sobre as atitudes e comportamentos que po-dem gerar um dano ao doente, substituindo a culpa e a pu-nição pela oportunidade de aprender com as falhas é uma recomendação que enfatiza a educação permanente como recurso para o desenvolvimento profissional, qualificação assistencial, e fortalecimento da cultura de segurança do paciente.15

Em um contexto de insegurança, o sistema de medi-cação emerge como potencialmente perigoso, visto que envolve várias fases e equipe multiprofissional em todo o processo, podendo surgir uma série de erros em cas-cata.19

Nessa perspectiva, a equipe de enfermagem insere-se no processo de medicação desde atividades gerenciais a responsabilidades técnicas, investindo-se da responsabi-lidade ética e legal de atuar como barreira de segurança.20

Diante do exposto, o gerenciamento de risco de suas condutas é uma atribuição essencial da enfermagem a fim de identificar fatores de risco com potenciais a erros, e subsidiar mudanças de condutas com intuito de qualificar a assistência e torná-la mais segura para os pacientes.21

18

Considerações FinaisConsiderando que a administração de medicamentos é

uma das maiores responsabilidades da Enfermagem e que os erros podem causar efeitos prejudiciais ao cliente, como sérias consequências, é de extrema importância que os en-fermeiros identifiquem os fatores de riscos que podem levar à ocorrência dos erros, à identificação e avaliação das con-dutas tomadas na ocorrência dos mesmos e medidas que minimizem a sua ocorrência para melhorar a qualidade de assistência prestada a sua clientela.

Diante destes resultados, sentimos que há necessidade cada vez maior de alertarmos as instituições de saúde sobre

a necessidade de mudanças nas políticas e procedimentos frente à ocorrência do erro na Administração de Medica-mentos. É fundamental que o profissional envolvido aja com honestidade, sem medo de punição, facilitando o relato do incidente para que medidas sejam tomadas o mais rápido possível em relação ao paciente/família e ao profissional envolvido.

Através deste estudo destacamos a importância da edu-cação continuada destes profissionais que estão envolvidos diretamente na execução do procedimento de administra-ção de medicamentos, favorecendo uma melhor qualidade do cuidado prestado ao cliente.

19

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12 • Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Reso-lução n° 358, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a imple-mentação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional

de Enfermagem, e dá outras providências. Disponível em: . Acesso em: 17 dez. 2012.

13 • Agência NacionaL de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n.º 45, de 12 de março de 2003. Dispõe sobre o Re-gulamento Técnico de Boas Práticas de Utilização das So-luções Parenterais (SP) em Serviços de Saúde. Disponível em: Acesso em: 17 dez. 2012.

14 • Freitas GF, Oguisso T. Ocorrências éticas de enferma-gem. Rev Bras Enferm 2003; 56(6): 637-9.

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17 • Santos et al. Segurança do paciente: fatores causais de eventos adversos a medicamentos pela equipe de enfer-magem. Ciências Biológicas e da Saúde. 2(2), 2014.

18 • Pereira CDFD, Tourinho FSV, Ribeiro JLS, Fernandes LGG, Medeiros PD, Medeiros SB. Erros de medicação: a en-fermagem atuando para segurança do paciente: [revisão] / Medication errors: nursing working for patient safety: [re-view]. Nursing (São Paulo);14(163):650-655, dez. 2011.

19 • Oliveira RB, Melo ECP. O sistema de medicação em um hospital especializado no município do Rio de Janeiro / The medication system in a specialized hospital in the city of Rio de Janeiro / El sistema de medicación en un hospital de la ciudad de Rio de Janeiro. Esc. Anna Nery Rev. Enferm;15(3):480-489, jul.-set. 2011.

20 • Silva ID, Carvalho MF. Revisão integrativa da produção científica de enfermeiros acerca de erros com medica-mentos. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2012 out/dez; 20(4):519-25.

21 • Teixeira TCA, Cassiani SHB. Análise de causa raiz: ava-liação de erros de medicação em um hospital universitário. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2010 Mar/May [cited 2014 Apr 23];44(1):139-46. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v44n1/a20v44n1.pdf

20

ResumoEste estudo tem como objetivo examinar a inserção de conheci-

mentos sobre práticas integrativas e populares de saúde no curso

de graduação de Enfermagem sob a ótica de estudantes e coorde-

nadores do curso. Metodologia: Método qualitativo que teve como

instrumentos de coleta de dados o questionário e a entrevista.

O questionário, que era numerado, composto por seis questões,

foi aplicado aos recém-formandos do curso de enfermagem da

UFSCar em 2009. A entrevista esteve vinculada a um roteiro com

nove questões e para a coordenadora foi realizada a entrevista que

esteve vinculada a um roteiro com quinze questões. O registro da

entrevista deu-se pelo uso de um gravador. Os participantes con-

cordam que atividades junto às suas famílias, disciplinas e estágios

e fora da grade curricular, como ACIEPES, projetos de extensão e

iniciação cientifica foram responsáveis pela aquisição do conheci-

mento relacionado às práticas. O diálogo do curso de enfermagem

com novas abordagens terapêuticas pode ocorrer no formato de

disciplinas e/ou na modalidade referente à atividade de ensino,

pesquisa e extensão (ACIEPE).

Palavras-chave: Medicina Tradicional, Medicina Integrativa, Tera-

pias Complementares, Educação em Enfermagem

AbstractThis study aims at reviewing the insertion of knowledge about in-

tegrative and popular health practices in Nursing undergraduate

courses under the optics of the course students and coordinators.

Methodology: Qualitative method using questionnaires and in-

terviews as data collection instruments. The questionnaire, which

was numbered and composed by six questions, was applied to

newly-graduates from the nursing course of UFSCar in 2009. The

interview was connected to a script with nine questions, and the

coordinators’ interview was connected to a script with fifteen ques-

tions. The interviews were registered by means of a recorder. The

participants agree that activities with their families, subjects and

internships outside the syllabus such as ACIEPES, extension and

scientific initiation projects provided knowledge related to practi-

Práticas Integrativas e Populares de Saúde e a Formação Básica do(a) Enfermeiro(a)

Fabiana Arruda Xavier Mestranda no programa de Enfermagem Fundamental, Escola

de Enfermagem da USP em Ribeirão Preto (EERP-USP/RP),

Especialista de Enfermagem em Terapia Intensiva (UTI) pela

Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP)

Orientadora: Profª Drª Maria Waldenez de Oliveira

Integrative and Popular Health Practices and the Formation of Nurses

Prácticas Integrativas y Populares de Salud y la Formación Básica

del(de la) Enfermero(a)

21

ces. The nursing course dialog with other therapeutic approaches

may occur in the format of subjects and/or in the modality referring

to the teaching, research and extension activity (ACIEPE).

Key words: Traditional Medicine, Integrative Medicine, Complemen-

tary Therapies, Nursing Education

ResúmenEste estudio tiene como objetivo examinar la inserción de conoci-

mientos sobre prácticas integrativas y populares de salud en la

carrera de graduación en Enfermería bajo la óptica de estudiantes

y coordinadores de la carrera. Metodología: Método cualitativo que

tuvo como instrumentos de recolección de datos el cuestionario y la

entrevista. El cuestionario, que era numerado, compuesto por seis

cuestiones fue aplicado a los recién formados de la carrera de enfer-

mería de la UFSCar en 2009. La entrevista estuvo vinculada a nueve

preguntas y a la coordinadora se le realizó la entrevista que estu-

vo vinculada a quince preguntas. El registro de la entrevista se dio

por el uso de un grabador. Los participantes están de acuerdo que

las actividades junto a sus familias, disciplinas y prácticas y fuera del

plan de estudios, como ACIEPES, proyectos de extensión e iniciación

científica fueron responsables por la adquisición del conocimiento

relacionado a las prácticas. El diálogo de la carrera de enfermería

con nuevos abordajes terapéuticos puede ocurrir en el formato de

disciplinas y/o en la modalidad referente a la actividad de enseñan-

za, investigación y extensión (ACIEPE).

Palabras-clave: Medicina Tradicional, Medicina Integrativa, Terapias

Complementares, Educación en Enfermería..

IntroduçãoO termo “Medicina Complementar e Alternativa” (CAM)

engloba uma variedade de práticas médicas e de saúde não convencionais que incluem o uso de remédios à base de plantas e suplementação dietética, Medicina Tradicional, Intervenções corporais e acupuntura entre outros. O termo

“medicina integrativa” é usado quando os tratamentos de saúde “complementares” são oferecidos junto com trata-mentos convencionais.1

Em alguns casos, essas práticas são usadas em lugar da medicina ortodoxa convencional, o que justifica sua cono-tação como “alternativa”, embora na maioria das situações essas práticas sejam usadas em conjunto com tratamentos médicos convencionais, o que justifica sua conotação como “complementar”.1

De acordo com a busca de artigos relacionados à temática dessa pesquisa, há artigos como o de Barbosa, et. al e Bar-ros e Tovey que descrevem o que são as práticas integrativas e também as práticas populares de saúde.2,3 Nesses artigos, assim como no trabalho de Siqueira, et.al foi verificado que as pessoas se utilizam dessas práticas não relatam a seus mé-dicos que fazem uso das práticas de forma coadjuvante ao tratamento médico tradicional. Entretanto, tais pessoas even-tualmente comentam sobre a utilização dessas práticas para outros profissionais, como o enfermeiro.4

Como exemplo de uma prática complementar e alternativa em saúde existe a fitoterapia. Ahmad et al, afirmam que plan-tas islâmicas possuem uma importância significativa no tra-tamento do câncer. Dessa forma concluem que os remédios árabes-islâmicos tradicionais baseados em ervas podem ser promissores para novas terapias contra o câncer por possuí-rem baixa toxicidade e efeitos colaterais mínimos.5

O estudo de Stoz e Albuquerque traz a informação de que a equipe de saúde necessita obter mais conhecimento em relação à utilização de novas modalidades terapêuticas de forma a oferecerem uma orientação mais adequada aos pa-cientes.6 O artigo de Souza e Luz discorre sobre o período histórico que levou a busca por novas práticas terapêuticas em saúde e o interesse de profissionais da saúde, como o en-fermeiro, em obter o conhecimento acerca de tais práticas.7

Os trabalhos de Barros e Tovey3 e Tesser e Barros8 também se referem a esse período histórico que levou ao surgimento

22

de novas terapias e alertam sobre a necessidade da aborda-gem desse conhecimento na formação dos profissionais da saúde. O artigo de Vasconcelos aborda a educação popular, como uma das estratégias para a viabilização desse conhe-cimento.9

De acordo com Isidoro, Huang e Sheen1 essas práticas médicas e de saúde não convencionais são conhecidas des-de os tempos antigos sendo que o uso dessas práticas tem aumentado consideravelmente nas últimas décadas, princi-palmente devido ao fracasso da medicina ortodoxa no trata-mento de certas doenças. Mais e mais pacientes se voltam para essas práticas médicas por causa de sua frustração e desespero em relação às limitações e efeitos colaterais da medicina convencional.

Estudos como os de Silva e Sena10 e Meira e Kurgant11 discutem formas de inclusão curricular desse conhecimen-to nos cursos de Enfermagem e Medicina. Entre os tópicos abordados, haveria o ensino das competências fundamentais relacionadas a essas modalidades terapêuticas e a escolha de um conteúdo específico, com base em provas e dados demográficos.

ObjetivoExaminar as possibilidades de inserção de conhecimentos

sobre práticas integrativas e populares de saúde no curso de graduação de Enfermagem sob a ótica de estudantes e co-ordenadores do curso.

MetodologiaEssa pesquisa utilizou um método de pesquisa qualitativo

e teve como instrumentos de coleta de dados um roteiro de entrevista.

Para a realização da pesquisa foi utilizado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado em comum acordo entre cada um dos participantes e a Pesquisadora. O objetivo do questionário foi inicialmente obter dados mais gerais sobre as práticas populares e integrativas de saúde no curso de graduação da UFSCar e em seguida, selecionar 9 participantes para a entrevista. O objetivo da entrevista foi o de levantar as experiências, conhecimentos e a percepção dos participantes a respeito das práticas integrativas e popu-lares no cotidiano do (a) Enfermeiro (a).

Para a entrevista, foram selecionados nove (9) estudantes,

23

tendo como critérios:• Ter feito o curso de graduação integralmente na UFSCar

e no prazo regulamentar; • Participação em projetos e atividades extracurriculares:

não ter participado de projetos cujo objeto de estudo sejam as práticas integrativas e populares de saúde;

• Que contemplem respostas diferentes à questão 4, à questão 5 e à questão 6, de forma a ser possível acessar a diversidade dos estudantes (por exemplo: que tenham e que não tenham tido conhecimentos, experiências com práticas populares de saúde);

• Facilidade de acesso ao entrevistado (residência em São Carlos ou Ribeirão Preto, ou possibilidade de encontro em uma dessas duas cidades para fins da entrevista).

As entrevistas foram realizadas no período de 16/10/2009 até 13/11/2009 nos locais indicados/sugeridos pelos parti-cipantes. Os questionários eram preenchidos de maneira rá-pida e as entrevistas dos recém-formados tiveram duração média de 13 minutos e 34 segundos. A entrevista da coorde-nadora teve duração de 43,39 minutos e foi a única realizada no ano de 2010 no dia, 05 de fevereiro na sala dela no depar-tamento de enfermagem.

A entrevista esteve vinculada a um roteiro estruturado com 9 questões que foram conversadas entre os estudantes e a pesquisadora. Para a coordenadora. Foi realizada a entrevista que esteve vinculada a um roteiro estruturado com 15 ques-tões que foram conversadas entre a coordenadora e a pes-quisadora. O registro da entrevista deu-se pelo uso de um gravador.

Para análise dos dados e elaboração dos resultados, agru-param-se os dados da entrevista em 4 categorias: O conhe-cimento relacionado às práticas Integrativas e populares de saúde; Abordagem do conhecimento dessas práticas no cur-so de graduação em Enfermagem; As práticas populares e Integrativas de saúde e a atuação profissional do Enfermeiro; Sugestão da Inserção do conhecimento das práticas em al-guma atividade desenvolvida no período de graduação.

Resultados e DiscussãoA maioria dos estudantes desenvolve atividades extracur-

riculares e que também conseguem concluir a graduação no período proposto pelo curso. Ao comparar-se a quantidade de respostas relacionadas ao desenvolvimento de atividades extracurriculares e a obtenção do conhecimento das práti-cas, pode-se sugerir que muitas dessas atividades frequen-tadas por esses estudantes abordavam o referido conheci-mento. A fonte desse conhecimento, inclusive, pode ter sido também por meio de disciplinas, já que houve uma quanti-dade expressiva de afirmações que confirmam a obtenção desse conhecimento por meio dessa modalidade de ensino.

Todavia essa resposta deveria ser unânime já que todos os participantes realizaram as disciplinas obrigatórias fornecidas pelo curso.

Posteriormente, foram observadas as disciplinas citadas no questionário e destas, foram descritas as ementas.

Quadro 1 - Disciplinas responsáveis pela obtenção do co-nhecimento relacionado às práticas populares e integrativas de saúde citadas pelos participantes desta pesquisa.

A análise da ementa dessas disciplinas mostra que ape-nas a disciplina “Educação e Saúde” possui conteúdo re-lacionado a esse conhecimento. Pela quantidade de cita-ções referentes a essa disciplina é possível concluir que os participantes possuem um mínimo de conhecimento acerca desses temas. Como foram poucas as citações da aquisição desse conhecimento em outras disciplinas do departamen-to de Enfermagem da UFSCar, pode-se supor que esses sujeitos terminaram o curso de formação sem muitos mo-mentos de reflexão desse conhecimento articulado com a prática do (a) enfermeiro (a), conforme quadro 1.

Em relação ao motivo de escolha do curso a maioria das entrevistadas refere ter escolhido o curso por ter tido con-tato com a profissão em algum momento de suas vidas, so-bretudo no âmbito familiar em momentos de doença com familiares. Nessas situações, houve a identificação com a profissão que classificaram como bonita e gratificante.

O conhecimento relacionado às práticas Integrativa e Po-pular de saúde

Sobre o conhecimento das práticas, as entrevistadas re-latam que experiências pessoais vivenciadas em atividades

Disciplinas Ocorrências

Educação e Saúde

Pesquisa em Educação

Saúde do Idoso

Saúde Coletiva

Processo de cuidar

Saúde do Adulto

Saúde da Criança

Saúde Mental

Saúde da Mulher

10

2

2

1

1

1

1

1

1

24

do curso de graduação em enfermagem da UFSCar com-preende que frente a situações onde se verifica a utilização de práticas é necessário buscar esse conhecimento na li-teratura.

As práticas populares e Integrativas de saúde e a atuação profissional do Enfermeiro

Tanto a atenção básica quanto rede hospitalar foi apon-tada pelos recém-formados, como locais suscetíveis ao aparecimento de situações relacionadas a estas práticas. Frente a esse fato, observa-se a necessidade desse conhe-cimento para o enfermeiro, que atua nesses cenários. Uma das formas de acesso a esse conhecimento é a discussão desses temas na Universidade, como ilustra Barros e To-vey,3,14 na afirmação de que o conhecimento envolvendo estas práticas é fundamental no campo da saúde e para a área da enfermagem em particular.

Para alguns entrevistados, a importância desse conheci-mento é mais evidente na atenção básica, na atenção pri-mária à saúde. Essa visão de alguns participantes talvez se relacione ao embasamento do curso de Enfermagem da UFSCar que é centrado na temática de saúde da família, onde geralmente ocorre o contato com algumas práticas. Entretanto, o conhecimento dessa temática também é im-portante para o enfermeiro que atua na estrutura hospitalar.

Alguns participantes declaram o despreparo frente a esses assuntos para atuarem neste contexto das práticas. Através de algumas falas, pode-se identificar que o desco-nhecimento dessas práticas estende-se também para ou-tras categorias profissionais.

A expansão do Programa Saúde da Família (PSF), criado em 1994 pelo Ministério da Saúde que levou a uma pro-funda inserção de milhares de trabalhadores de saúde no cotidiano da dinâmica de adoecimento e de cura na vida social.15

O PSF permite a implantação de um novo modelo assis-tencial em substituição ao modelo hegemônico, através de adoção de novas práticas desenvolvidas por uma equipe multiprofissional, tendo a promoção da saúde como seu eixo central.16

A importância dessas práticas para a sociedade pode se expressar nas ações de educação popular e educação em saúde que fortalecem movimentos voltados para a promo-ção da participação social no processo de formulação e gestão das políticas públicas de saúde.

Nessa perspectiva, Vasconcelos ressalta que dos movi-mentos sociais, onde há o encontro com sujeitos de novos saberes e práticas de saúde, são apresentadas propostas e projetos políticos que ressignificam o direito à saúde, na luta pela inclusão social.15

junto às suas famílias foram fundamentais para a aquisição desse conhecimento.

A família, com suas experiências de vida, constrói sua prá-tica de cuidado, identifica o tipo de problema e toma deci-sões sobre o encaminhamento, ao posto ou ao hospital, ou a utilização de tratamentos caseiros como o uso de chás e xaropes.12

Na conduta da família, nas situações de doença, Hoffman e Oliveira ressaltam que:

Os conhecimentos sobre plantas e remé-dios populares são adquiridos por experiên-cias vivenciadas anteriormente ou resgatadas de pessoas com referência na comunidade, como as pessoas mais velhas, parentes, fa-miliares, amigos ou até mesmo benzedeiros e curandeiros.12

O projeto pedagógico do curso de Enfermagem da UFS-Car mostra que na ementa da disciplina obrigatória citada “Educação e Saúde” estão presentes os conteúdos referen-tes à educação popular e saúde e a construção de saberes e práticas em educação e saúde.

Todos os formandos mencionaram a realização de ati-vidades extracurriculares. Compreende-se, então, que o acesso esse conhecimento pode ter ocorrido em distintas atividades de diversas modalidades.

As atividades extracurriculares podem ser entendidas como aquelas que não são concebidas com características obrigatórias, mas se encontram sob a responsabilidade da instituição e fazem parte do currículo de formação.13

As atividades de estágio também foram comentadas como fonte de aprendizado. Sobre esse tipo de atividades, Costa e Germano relatam que:

[...] o Estágio Curricular Supervisionado (ECS) pode trazer importante contribuição, tendo em vista ser uma atividade acadêmica bastan-te rica para a formação profissional, momento em que o estudante entra em contato direto com a realidade de saúde da população e do mundo do trabalho, possibilitando o desenvol-vimento pessoal e profissional, e a consolida-ção de conhecimentos adquiridos no transcor-rer do curso, através da relação teoria-prática.

Por alguns relatos das entrevistas, pode-se entender que a ocorrência de situações relacionadas a essas práticas se-ria um estímulo a pesquisa e investigação desses temas. De modo semelhante aos entrevistados, a coordenadora

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26

Abordagem do conhecimento dessas práticas no curso de graduação em Enfermagem

A extensa grade curricular, a escassa produção literária a respeito desse tema e a carência de profissionais de saúde que utilizam ou indicam a utilização dessas práticas foram di-ficuldades levantadas pelos entrevistados.

A carência de profissionais envolvidos nessa temática se justifica pela ausência de conhecimento. De acordo com a busca literária realizada para a composição dessa pesquisa, há a informação de que estes profissionais de fato não pos-suem esse conhecimento, mas, almejam possuí-lo. Entretan-to, se deparam com a formação oferecida pela Universidade que reproduz o modelo biomédico.

Nesse sentido, Albuquerque e Stotz, afirmam que a educa-ção em saúde hegemônica não tem construído integralidade nas ações em saúde nem atuado na promoção da saúde o que têm levado muitos profissionais a trabalharem com for-mas alternativas de educação em saúde, das quais se desta-cam aquelas referenciadas na educação popular.17

Os recém-formados colocaram a extensa grade curricular como um fator que dificulta a procura por atividades que pos-sibilitem a obtenção desse conhecimento.

Como estratégia para a inclusão de TAC, nas disciplinas, que são oferecidas, Barros e Tovey sugerem que haja e inclu-são de informações específicas para os alunos sobre TAC, o que pode ser feito por meio da leitura de textos relacionados. Esse trabalho ressalta que o estudante de graduação deve ser encorajado a refletir acerca de intervenções com TAC no cuidado.3

Para os sujeitos dessa pesquisa, o que facilitaria a abor-dagem do conhecimento acerca das práticas integrativas e populares de saúde seria a discussão sobre esse tema e o contato, com a comunidade.

Nessa questão do contato com a comunidade, Vasconce-los (2009) diz que a convivência intensa de alguns profissio-nais de saúde com as classes populares e os seus movimen-tos tem-lhes ensinado um jeito diferente de conduzir seus atos terapêuticos. Nesse sentido, esse autor afirma que nessa convivência, os profissionais de saúde aprendem a romper com atitude fria dominante no modelo da biomedicina e pas-sam a criar um vínculo emocional com as pessoas cuidadas.18

Sugestão da Inserção do conhecimento das práticas em alguma atividade desenvolvida no período de graduação:

Todos os entrevistados relataram que a oferta desse co-nhecimento pode ocorrer de diversas formas e se enquadrar em diversas modalidades.

ACIEPE são as atividades curriculares de ensino, pesquisa e extensão que podem ofertar esse conhecimento para cur-sos da área da saúde, que à semelhança da enfermagem, atuam na promoção da saúde, prevenção de adoecimentos e no tratamento e reabilitação de enfermidades.

A extensão universitária deve ser concebida, portanto, como ação que visa, principalmente, a formação do indivíduo-cida-dão que irá atuar nos diversos segmentos profissionais,e que, provavelmente, neles encontrará situações nem sempre pre-vistas nos conteúdos de teor específico dos cursos de gra-duação e que ultrapassam a necessidade de conhecimentos técnico-científicos, exigindo dele posições socialmente com-prometidas.19

Para os entrevistados, o período ideal para a oferta desse conhecimento seria os anos iniciais do curso, por conta das disciplinas desse período promover os primeiros contatos desses estudantes com a população.

Segundo o projeto pedagógico do curso de Enfermagem da UFSCar com base nas diretrizes curriculares nacionais para formação do/a enfermeiro/a, procurou-se desenvolver uma estrutura curricular que possibilite a superação da frag-mentação das disciplinas e a articulação entre teoria e práti-ca. Dessa forma, o currículo foi estruturado em 4 módulos,a serem cursados em 4 anos.

O primeiro módulo que é composto de disciplinas como Saúde Coletiva e Educação e Saúde tem como objetivo compreender as práticas de saúde sendo a enfermagem considerada uma prática social. O segundo módulo, objetiva avaliar as condições de saúde do indivíduo e da família nas dimensões bio-psico-sócio-espiritual,sendo a disciplina de Saúde da Família,uma das oferecidas.

Na ementa dessas disciplinas, é informado o envolvimen-to da comunidade, da população e da família no processo de aprendizagem. Dessa forma, é possível concluir as infor-mações apresentadas, condizem com a opinião dos entre-vistados.

Considerações FinaisA conclusão desta pesquisa é que a possibilidade do di-

álogo do curso de enfermagem com novas abordagens te-rapêuticas pode ocorrer no formato de disciplinas e/ou na modalidade referente à atividade de ensino, pesquisa e ex-tensão (ACIEPE). Também foi possível concluir que na mo-dalidade da ACIEPE, esse conhecimento pode ser oferecido para outros cursos da área da saúde da UFSCar de forma a incentivar o diálogo destes cursos com estas novas aborda-gens terapêuticas.

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4 • Siqueira KM, Barbosa MA, Brasil VV, Oliveira LMC, Andraus LMS. Crenças Populares Referentes à Saúde: apropriação de saberes sócio-culturais. Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis, v.15, n.1, p.68-73,2006.

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7 • Souza EFAA, Luz MT. Bases socioculturais das práticas terapêuticas alternativas. Hist. cienc. saude-Manguinhos v.16 n.2 Rio de Janeiro abr./jun. 2009.

8 • Tesser CD, Barros NF. Medicalização Social e Medici-na Alternativa e Complementar: Pluralização Terapêutica do Sistema Único de Saúde.Rev. Saúde Pública v.42 n.5 São Paulo Oct. 2008.

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10 • Silva KL, Sena RR. Integralidade do cuidado na saú-de: indicações a partir da formação do enfermeiro. Rev. esc. enferm. USP v.42 n.1 São Paulo mar. 2008.

11 • Meira MDD, Kurcgant P. Avaliação da formação de enfermeiros segundo a percepção de egressos. Acta paulista de enfermagem, São Paulo, v.2, n.4, p. 556-561,2008.

12 • Hoffman MV, Oliveira LCS. Conhecimento da família acerca da saúde das crianças de 1 a 5 anos em uma co-munidade ribeirinha: subsídios para a enfermagem pedi-átrica. Escola Anna Nery, Revista de Enfermagem, Rio de Janeiro, v.13, n.4, p.750-56, 2009.

13 • Peres CM, Andrade AS, Garcia SB. Atividades Extra-curriculares: multiplicidade e diferenciação necessárias ao currículo. Revista Brasileira de Educação Médica, v.31,n.3,p.203-211,2007.

14 • Costa LM, Germano RM. Estágio curricular super-visionado na Graduação em Enfermagem: revisitando a história. Revista Brasileira de enfermagem, Brasília, v.60, n.6, p. 706-10,2007.

15 • Vasconcelos EM. Educação Popular: de uma prática alternativa a uma estratégia de gestão participativa das políticas de saúde. Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.14,n.1,p.67- 83, 2004.

16 • Nascimento MS, Nascimento MAA. Prática da enfer-meira no Programa de Saúde da Família: a interface da vigilância da saúde Versus as ações programáticas em saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v.10, n.2, p.333-345,2005.

17 • Albuquerque PC, Stotz EN. A educação popular na atenção básica à saúde no município: em busca da in-tegralidade. Interface-Comunicação Saúde e Educação, Botucatu, v.8, n.15, p.259-74, 2004

18 • Vasconcelos EM. Espiritualidade na Educação Popu-lar e Saúde. Cad. Cedes, Campinas, v. 29, n. 79, p. 323-334, set./dez. 2009.

19 • Arroyo DMP, Rocha MSPML. Meta-Avaliação de uma Extensão Universitária: um estudo de caso. Avaliação- Revista de Avaliação da Educação Superior, Campinas; Sorocaba, SP, v. 15, n. 2, p.131-157, 2010.

28

ResumoTrata-se de uma revisão narrativa, o objetivo proposto é de identifi-

car e descrever os cuidados de enfermagem ao paciente reanimado

pós- parada cardiorrespiratória submetida à hipotermia terapêutica.

Foram utilizados artigos científicos disponíveis na integra nos idio-

mas inglês e português, nas bases de dados Scielo (Scientific Eletro-

nic Library Online) e Lilacs (Literatura Latino-Americana). Entre 1987

até 2015 foram selecionados 18 artigos para o desenvolvimento da

pesquisa. A hipotermia terapêutica é uma conduta clínica que pro-

move o resfriamento do corpo humano, como um todo ou de uma

área específica dele, a uma temperatura pré-determinada através

de medidas invasivas ou não, com o objetivo de preservar os tecidos

sãos da lesão secundária. Concluiu-se que a hipotermia terapêutica

é um tratamento considerado altamente eficaz e é recomendada

pela International Liaison Committee on Resuscitation e American

Heart Association no tratamento de pacientes vitima de parada car-

diorrespiratória, porém a sua prática vem sendo pouco explorada,

tornando-se necessário o desenvolvimento de novos estudos a fim

de conhecer a fundo os benefícios da hipotermia terapêutica.

Palavras-chave: Parada cardiorrespiratória, hipotermia terapêutica,

hipotermia induzida, cuidados de enfermagem.

AbstractIt is a narrative review with the proposed objective of identifying and

describing nursing care to reanimated patients after cardiorespira-

tory arrest submitted to therapeutic hypothermia. Scientific articles

fully available in English and Portuguese in the Scielo (Scientific

Electronic Library Online) and Lilacs (Latin-American Literature) da-

tabases were used. From 1987 to 2015 eighteen articles were se-

lected for the research development. The therapeutic hypothesis

is a clinic conduct promoting the human body cooling as a whole

or just a specific body area at a predetermined temperature throu-

gh invasive measures or not with the purpose of preserving healthy

tissues of the secondary injury. The conclusion was that therapeutic

hypothermia is a treatment considered to be highly effective and is

recommended by the International Liaison Committee on Resuscita-

Cuidados de Enfermagem ao Paciente Reanimado Pós-Parada Cardiorrespiratória Submetido a Hipotermia Terapêutica.

Karol Pereira de SouzaGraduação em Enfermagem pela UNIP, Pós Graduação em UTI

em Urgência e Emergência pela UNASP conclusão junho 2017.

Vivian Yuko ChinoEspecialista em Terapia Intensiva Pediátrica, Educação em

Saúde e Administração hospitalar.

Nursing Care to Reanimated Patients After Cardiorespiratory Arrest submitted

to Therapeutic Hypothermia.

Cuidados de Enfermería al Paciente Reanimado Post-Paro Cardiorrespiratorio

sometido a hipotermia terapéutica.

29

tion and by the American Heart Association in the treatment of patients

victim of cardiorespiratory arrest. However, its practice has been little

explored, which has made it necessary to develop new studies in order

to know the benefits of therapeutic hypothermia in depth.

Key words: Cardiorespiratory arrest, therapeutic hypothermia, indu-

ced hypothermia, nursing care.

ResúmenSe trata de una revisión narrativa, el objetivo propuesto es identificar y

describir los cuidados de enfermería al paciente reanimado post-paro

cardiorrespiratorio sometido a hipotermia terapéutica. Se utilizaron ar-

tículos científicos disponibles de forma completa en los idiomas inglés

y portugués, en las bases de datos Scielo (Scientific Eletronic Library

Online) y Lilacs (Literatura Latino-Americana). Entre 1987 hasta el 2015

fueron seleccionados 18 artículos para el desarrollo de la investigaci-

ón. La hipotermia terapéutica es una conducta clínica que promueve

el enfriamiento completo del cuerpo humano, o de un área específica

de mismo, a una temperatura pre-determinada por medio de medi-

das invasivas o no, con el objetivo de preservar los tejidos sanos de la

lesión secundaria. Se concluyó que, la hipotermia terapéutica es un

tratamiento considerado altamente eficaz y está recomendada por

International Liaison Committee on Resuscitation y American Heart

Association en el tratamiento de pacientes víctima de paro cardiorres-

piratorio, pero su práctica viene siendo poco explorada, haciéndose

necesario el desarrollo de nuevos estudios con la finalidad de conocer

a fondo los beneficios de la hipotermia terapéutica.

Palabras-clave: Paro cardiorrespiratorio, hipotermia terapéutica, hipo-

termia inducida, cuidados de enfermería.

IntroduçãoEm 2008 as doenças cardiovasculares foram responsáveis

por 314.506 óbitos, configurando-se como a principal causa de mortalidade geral no Brasil. Uma das formas de reduzir a mortalidade por essas causas é proporcionar atendimento

imediato e qualificado nas situações de gravidade em que os pacientes estão inseridos, em particular no evento da parada cardiorrespiratória.1

A parada cardiorrespiratória (PCR) pode ser definida como uma condição súbita e inesperada de deficiência absoluta de oxigenação tissular, seja por ineficiência circulatória ou por cessação da função respiratória.2

As causas que levam o paciente a ter uma parada cardior-respiratória são variadas, geralmente são causadas por isque-mia miocárdica, choque circulatório, choque séptico, trauma, doenças cardiovasculares, entre outras causas.3

A parada cardiorrespiratória (PCR) é a causa mais frequente de isquemia global cerebral, acometendo aproximadamente 400.000 a 460.000 pessoas por ano nos Estados Unidos. Entre 7 e 10% dos pacientes que são inicialmente ressuscitados após PCR extra hospitalar de causa cardíaca sobrevivem e recebem alta hospitalar com bom resultado neurológico, outros 6 e 18% após PCR intra-hospitalar.4

Apesar dos avanços nos últimos anos relacionados à pre-venção e tratamento, muitas vidas são perdidas anualmente no Brasil por parada cardiorrespiratória (PCR). Estima-se algo em torno de 200.000 casos de PCRs ao ano, sendo metade dos casos em ambiente hospitalar, e a outra metade em am-biente extra-hospitalar.5

A Parada Cardiorrespiratória (PCR) é uma intercorrência muitas vezes inesperada, constituindo grave ameaça à vida do paciente, principalmente, daqueles que se encontram em estado críticos. Assim, o atendimento exige da equipe rapidez, eficiência, conhecimento científico e habilidades técnicas dos profissionais envolvidos.6

A lesão cerebral e a instabilidade cardiovascular são os prin-cipais determinantes de sobrevida após PCR. Considerando que hipotermia terapêutica é a única intervenção que indicou melhora da recuperação neurológica, ela deve ser indicada para qualquer paciente que seja incapaz de obedecer coman-dos verbais após o retorno de circulação espontânea- RCE.5

30

Partindo desse pressuposto o uso da hipotermia terapêuti-ca (HT) é uma das alternativas usadas pelos intensivistas para tentar minimizar o número de sequelas que possam acometer um paciente reanimado pós- parada cardiorrespitória.7

Objetivo

O objetivo proposto com este trabalho é identificar e descre-ver os cuidados de enfermagem ao paciente reanimado pós- parada cardiorrespiratória, submetido hipotermia terapêutica.

MetodologiaTrate-se de um estudo de revisão da literatura narrativa,

para atender aos objetivos propostos com este trabalho, pri-meiramente, foi necessário recorrer à literatura a fim de ob-ter subsídios para seu desenvolvimento. Para isso, realizou-se uma busca nas bases de dados LILACS, SCIELO, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Manuais e livros, nos meses de no-vembro de 2016 e janeiro de 2017, através dos descritores em português: parada cardiorrespiratória, hipotermia terapêutica e induzida, cuidados de enfermagem, assistência de enferma-gem. Utilizou-se como critérios de inclusão a apresentação de resumo para uma primeira análise, estarem publicados no idioma português, inglês, e serem encontrados os textos completos dos estudos no site de busca e que abordassem a temática do estudo. Foram excluídos aqueles estudos que mostraram a aplicação da hipotermia terapêutica em crianças, e em situações que não estivessem relacionadas com a para-da cardiorrespiratória.

As publicações encontradas dataram desde 1987 a 2015, os temas abordados compuseram o trabalho sobre os cuidados de enfermagem ao paciente reanimado pós- parada cardior-respiratória, submetido hipotermia terapêutica.

Foram localizados 123 artigos e selecionado 18 (artigos), 3 (livros) e 1 (manual), que contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho.

Resultados e Discussão

Parada cardiorrespiratória e sua definiçãoA parada cardiorrespiratória (PCR) é uma intercorrência mui-

tas vezes inesperada, constituindo uma grave ameaça à vida, principalmente para aqueles que sofrem parada cardíaca sú-bita fora do ambiente hospitalar.8

Parada Cardiorrespiratória (PCR) é definida como a cessação súbita das funções cardíacas, respiratória e cerebral, compro-vada pela ausência de pulso, e de movimentos ventilatórios, ou respiração agônica, além de estado de inconsciência. É determinada por quatro ritmos cardíacos: Assistolia, Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP), Fibrilação Ventricular (FV), e Taqui-cardia Ventricular (TV) sem pulso.9

As vítimas de parada cardíaca em ambiente intra-hospitalar, grande parte apresenta ritmo de atividade elétrica sem pulso (37%) e Assistolia (39%) como ritmo inicial de PCR. Os ritmos de fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso (FV/TVSP) são responsáveis por 23% a 24% dos eventos de PCR em ambiente intra-hospitalar e apresentam as maiores taxas de sobrevida, cerca de 36% a 37%. A sobrevida geral, conside-rando todos os ritmos de PCR é de 18%.5

Aproximadamente 30% das tentativas de ressuscitação car-diopulmonar (RCP) são bem sucedidas. Porém, dos pacientes que sobrevivem ao procedimento inicial, apenas 10% recu-peram-se sem sequelas neurológicas ou com graus leves e moderados de incapacidade funcional. Quanto à mortalidade, 90% dos pacientes morrem no primeiro ano após o evento, dos quais 30% direta ou indiretamente de causas neurológicas.6

Neste contexto, a hipotermia terapêutica apresenta-se como um método de tratamento para diminuir estas compli-cações neurológicas.

Hipotermia terapêutica e sua DefiniçãoA hipotermia terapêutica é uma conduta clínica que pro-

move o resfriamento do corpo humano, como um todo ou de uma área específica dele, a uma temperatura pré-deter-minada através de medidas invasivas ou não, com o objetivo de preservar os tecidos sãos da lesão secundária, ocasionada por períodos de isquemia seguida de reperfusão, através da influência na cascata inflamatória, proporcionando a redução do metabolismo e consequente diminuição da demanda de oxigênio.10

A hipotermia terapêutica consiste na redução controlada da temperatura corpórea do paciente. Classificada como: Hi-potermia leve: 34°C a 32°C, moderada: 32°C a 28 °C profunda: < que 28°C.11

Indicação da Hipotermia terapêuticaEm julho de 2003, o International Liaision Committee on Re-

suscitation (ILCOR) publicou uma diretriz que recomenda o uso da Hipotermia Terapêutica a todos os pacientes adultos que retornam inconscientes após uma PCR em FV extra- hospita-lar, devendo ser resfriados a 32 a 34 graus por 12 a 24 horas.12

A hipotermia induzida também pode ser considerada nos pacientes adultos recuperados de qualquer modalidade de PCR intra-hospitalar ou naqueles recuperados de PCR em AESP ou assistolia extra-hospitalar.13

A hipotermia terapêutica durante 12 a 24 horas após a res-suscitação da parada cardíaca extra-hospitalar é recomenda-da pela American Heart Association para o tratamento de le-sões neurológicas quando o ritmo cardíaco inicial é a fibrilação ventricular, considerando-se este como o principal critério de inclusão a hipotermia terapêutica. No entanto, o papel da hipo-

31

termia terapêutica é incerto quando o ritmo cardíaco inicial é Assistolia ou atividade elétrica sem pulso, ou quando a parada cardíaca é principalmente devido a uma causa não cardíaca, como asfixia ou sobredosagem de drogas. Portanto, em pa-cientes com lesão cerebral anóxica após parada cardíaca de fibrilação não ventricular, a conduta terapêutica terá de equi-librar o possível benefício da hipotermia terapêutica com os possíveis efeitos colaterais desta terapia. Dado que os efeitos colaterais da hipotermia terapêutica geralmente são facilmen-te gerenciados no ambiente de cuidados intensivos, podem ocorrer benefícios para lesões cerebrais anóxicas demonstra-das em estudos laboratoriais, podendo-se então considerar o tratamento de pacientes comatosos após a parada cardíaca com hipotermia terapêutica.13

Os critérios de exclusão, encontram-se os pacientes reani-mados por mais de 60 minutos; aqueles com RCE por mais de 6 horas; com estado de coma prévio à PCR; gestantes; pacien-tes com sangramento ativo ou em presença de coagulopatias; em pós-operatório de grande porte há menos de 14 dias; com choque cardiogênico ou choque séptico e pacientes termi-nais.14 Neste contexto, Feitosa-Filho reforça concordar com os critérios de exclusão citados pela autora reforçando que não deve ser realizado a hipotermia terapêutica quando ocorre choque cardiogênico após o retorno da circulação espontânea ou em pacientes com coagulopatias primárias ou gestantes.12

Mecanismos de ação da Hipotermia terapêutica Os mecanismos de ação da hipotermia terapêutica envol-

vem múltiplos fatores, entre eles: redução do metabolismo ce-rebral de ativação e basal, diminuição da cascata inflamatória que segue aos eventos cerebrais traumáticos, proteção contra isquemia neural e de células miocárdias.15

A isquemia neuronal pós-PCR pode persistir por várias horas pós-ressuscitação, levando a sérias complicações e sequelas neurológicas. Assim, a hipotermia tem ação neuroprotetora contra vários mecanismos bioquímicos deletérios, tornando--se o primeiro tratamento eficaz em reduzir o dano neurológi-co isquêmico em pacientes pós-PCR.16

Métodos utilizados para a aplicação da Hipotermia Tera-pêutica

Os métodos utilizados para indução a hipotermia são exter-nos como cobertores térmicos, compressas geladas e utiliza-ção de gelo, o que pode requerer um tempo maior para atingir a temperatura ideal. Alguns estudos recentes têm mostrado outras técnicas como administração de solução salina em bai-xa temperatura por cateteres centrais.1

O resfriamento deve ser precoce e agressivo para diminuir rapidamente a temperatura central, evitando-se períodos de hipertermia, podendo ser mais lento (cerca de 1ºC/h) poste-

riormente. O reaquecimento deve ser sempre lento e passivo (não superior a 0,5º C/h) de forma a prevenir o re-agravamen-to da lesão e do edema cerebral associado à hipertermia re-bound, comum nestas circunstâncias.17

Uma das técnicas com redução da tempera-tura mais rápida é a imersão em água gelada, que reduz cerca 9,7º por hora em média, porém esta estratégia é pouca prática para uso rotinei-ro. Redução mais rápida ainda pode ser obtida se for possível manter esta água gelada em cir-culação e em contato com a pele do paciente, de modo que seja renovada constantemente, sem que haja tempo para a elevação da tempe-ratura da água.12

Os métodos mais simples de resfriamento podem ser utili-zados, como a perfusão de soluções geladas, a aplicação de gelo em sacos parcialmente preenchidos com água para au-mentar a superfície de contato e/ou de toalhas úmidas arrefe-cidas na superfície corporal junto aos grandes vasos arteriais.18

Os métodos de reaquecimento podem ser ativos externos e internos. A modalidade ativa externa é realizada em conta-to com a pele com o uso cobertores térmicos, o modo ativo interno pode ser realizado por infusão de líquidos aquecidos intravenosos a 40ºC e oxigênio aquecido umidificado que é de fácil utilização e aumenta a temperatura corpórea de 1° C a 2,5°C por hora.15

A fase de reaquecimento deve ser iniciada após 24 horas do início da indução do resfriamento e deve ser lenta, numa ve-locidade de 0,2ºC a 0,4ºC/hora, durante 12 horas, até que se atinja temperatura entre 35ºC e 37ºC. O reaquecimento pode ser passivo ou ativo. O reaquecimento passivo até uma tem-peratura central de 35ºC costuma levar em torno de 8 horas.16

Na fase de manutenção da hipotermia terapêutica tem-peratura deve ser medida constantemente, com o objetivo de mantê-la entre 32ºC e 34ºC durante 24 horas. Um ponto importante do cuidado desses pacientes são os parâmetros hemodinâmicos. Níveis de pressão arterial média acima de 80 mmHg são re¬comendados em pacientes pós-PCR, podendo ser necessária reposição volêmica e infusão de vasopressores para se atingir esses valores.16

Assistência de enfermagem ao paciente pós-parada car-diorrespiratória submetido à hipotermia terapêutica.

Uma abordagem multidisciplinar a cerca do paciente vitima de PCR deve ser realizada mesmo antes da chegada ao am-biente hospitalar ou mesmo na terapia intensiva. O reconheci-mento dos fatores desencadeantes e das comorbidades que levaram à condição critica atual deve ser feito prontamente a

32

fim de oferecer um tratamento adequado.19 Conforme decreto do COFEN, o enfermeiro é responsável

pelo planejamento da assistência de enfermagem, cabendo--lhe privativamente, cuidados diretos de enfermagem ao pa-ciente grave com risco de morte, conforme o artigo 11 da lei 7.498/86, regulamentada pelo Decreto 94.406/87.20

Os cuidados hospitalares para este tipo de paciente ainda não estão definitivamente estabelecidos e o tratamento deve estar direcionado para disponibilizar um suporte que inclua ressuscitação volêmica, uso de drogas vasoativas, ventilação mecânica e o emprego de dispositivos de assistência circu-latória.19

Os cuidados de enfermagem iniciam-se desde o preparo adequado do leito, este podendo conter colchões térmicos, a monitorização contínua, realização de exames, passando pelo procedimento propriamente dito e o acompanhamento de todo o processo até o retorno da temperatura fisiológica do paciente.14

A monitorização inicial do paciente deve incluir a realização de eletrocardiograma contínuo, balanço hídrico, medida inva-siva da pressão arterial e medida da temperatura central. As autoras supracitadas acima complementam que, na realização de exames laboratoriais devem incluir hemograma, plaquetas, coagulação, eletrólitos e gasometria arterial, a serem coleta-dos no tempo zero e após a cada 6 ou 12 horas.10

A temperatura deve ser medida constantemente com o ob-jetivo de mantê-la entre 32°C 34° C, durante 24 horas, Um ponto importante a ser considerado nos cuidados desses pacientes são os parâmetros hemodinâmicos, que visam manter um nível de pressão arterial média acima de 80 mmHg que são recomendados em pacientes vitimas de parada cardiorrespi-ratória, podendo ser necessária a reposição volêmica e infusão

de vasopressores para atingir esses valores.16

A equipe de enfermagem assume a assistência direta aos pacientes promovendo o conforto, privacidade, evitando condutas iatrogênicas, como lesões de pele e de alterações bruscas da temperatura e dos sinais vitais. Os profissionais de enfermagem devem atentar para alguns cuidados que não podem ser realizados durante a aplicação da HT, tais como a instalação de dieta, pois a HT reduz a motilidade intestinal, levando a uma demora no esvaziamento gástrico, o que con-traindica a administração de qualquer tipo de dieta durante as fases da HT.14

Considerações finaisA hipotermia terapêutica é uma terapêutica considerada

altamente eficaz e recomendada pela Ilcor e AHA (American Heart Association) no tratamento de pacientes vitima de pa-rada cardiorrespiratória, porém a sua aplicação na prática esta sendo pouco explorada, tornando-se necessário o desenvolvi-mento de novos estudos a fim de conhecer a fundo os benefí-cios da hipotermia terapêutica.

Um dos principais benefícios da hipotermia terapêutica é a diminuição dos danos neurológicos causados pela parada cardiorrespiratória, onde o cérebro após alguns minutos sem oxigenação pode sofrer danos, sendo estas muitas vezes irre-versíveis, levando a vitima ao um estado vegetativo ou na pior hipótese a morte.

Para isso, é necessário que haja maior envolvimento dos profissionais de saúde, que prestem uma assistência de en-fermagem específica e especializada a hipotermia terapêutica, com intuito de torná-la uma terapêutica de primeira escolha pelos profissionais emergencistas no tratamento de pacientes vítimas de parada cardiorrespiratória.

33

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html. Acesso em 20 maio 2017.

34

ResumoO presente estudo tem como objetivo levantar os cuidados de

enfermagem relacionados à administração e interação fármaco

nutrientes para os pacientes em uso de sondas gástricas e enté-

ricas na literatura. Trata-se de uma revisão integrativa realizada

nos bancos de dados LILACS e SCIELO, através dos descritores

farmacologia e enfermagem, sonda gástrica e sonda enteral.

Para este estudo foram utilizados 8 artigos. Este procedimento é

comum nas instituições hospitalares, fazendo com que a intera-

ção nutriente e medicação via sonda gástrica ou enteral, sendo

os pacientes idosos e graves as mais suscetíveis a risco. Os cui-

dados de enfermagem tem que cuidar dos pacientes com esta

necessidade respeitando a qualidade e a assistência segura.

AbstractThe present study aims at surveying nursing cares related to

pharmaco-nutrients administration and integration for patients

using gastric and enteric probes in the literature. It is an inte-

grative review carried out in the LILACS and SCIELO databases

through the pharmacology and nursing, gastric probe and ente-

ral probe descriptors.

Eight articles were used for this study. This procedure is com-

mon in hospital institutions, promoting the nutrient and medica-

tion interaction via gastric or enteral probe. Elderly and seriously

ill patients are those more subject to risks. Nursing cares must

take into account patients with that need, subject to quality and

safe assistance.

ResúmenEl presente estudio tiene como objetivo levantar los cuidados

de enfermería relacionados a la administración e interacción fár-

maco-nutrientes para los pacientes en uso de sondas gástricas

y entéricas en la literatura. Se trata de una revisión integrativa

realizada en las bases de datos LILACS y SCIELO, a través de los

descriptores farmacología y enfermería, sonda gástrica y sonda

enteral.

Revisão Integrativa: interação fármaco-nutriente na administração de medicamentos por sonda enteral

Cláudia D’ArcoMestre em Ciências da Saúde.

Luciane Andréa AverEspecialista em Obstetrícia, Especialista em Gerenciamento

Hospitalar, Especialista Enfermagem do Trabalho e Mestre

em Ciências da Saúde.

Tainá de Lima MuchiuttiGraduanda do 8º Semestre de Enfermagem do Centro

Universitário São Camilo - Ipiranga - São Paulo

Talita Franco SilveiraGraduanda do 10º Semestre de Enfermagem do Centro

Universitário São Camilo - Ipiranga - São Paulo

Carla Maria Maluf FerrariEnfermeira, Prof. Doutora em Ciências da Saúde e Professora

Assistente 2 do Centro Universitário São Camilo.

Integrative Review: pharmaco-nutrient interaction in the administration

of medications via enteral probe

Revisión Integrativa: interacción fármaco-nutriente en la administración

de medicamentos por sonda enteral

35

Para este estudio se utilizaron 8 artículos. Este procedimiento es

común en las instituciones hospitalarias, haciendo con que la in-

teracción nutriente y medicación por vía sonda gástrica o enteral,

siendo los pacientes adultos mayores y graves los más suscepti-

bles a riesgo. Los cuidados de enfermería tienen que cuidar de los

pacientes con esta necesidad respetando la calidad y la asistencia

segura.

IntroduçãoAlimentar-se é uma necessidade humana básica, uma

vez que os nutrientes constituem uma das principais fon-tes de energia para o corpo humano, desta forma a alimen-tação torna-se essencial para o crescimento e sobrevivên-cia dos seres vivos.1

A nutrição enteral é um recurso terapêutico usado para manter ou melhorar o estado nutricional do paciente, sen-do indicada em casos de risco para a desnutrição, ou seja, quando a ingestão oral é ineficaz ou menor que as neces-sidades diárias nutricionais. Também podem ser indicadas para os pacientes que não conseguem alimentar-se por via oral, mesmo que o sistema digestório se encontre íntegro.2

Atualmente, a alimentação que é realizada por meio de sondas deve ocorrer por meio de um posicionamento gástrico ou enteral, as quais podem ser instaladas por via: nasal, oral ou por meio de uma ostomia (introduzida dire-tamente no estômago ou intestino). As sondas enterais são fabricadas em poliuretano ou silicone, materiais biocom-patíveis, são diferentes das sondas destinadas a drenagem de conteúdo gástrico as quais são fabricadas em tubo de PVC apirogênico e atóxico, que independente da técnica de passagem causam lesões ao serem introduzidas, prin-cipalmente na parede do esôfago.2,3

É importante salientar que o acesso enteral não permi-te somente a infusão de nutrientes, mas também a admi-

nistração de medicamentos no trato gastrointestinal dos pacientes que não podem manter suas necessidades por ingestão oral.4

As sondas de alimentação naso/oro entéricas podem permanecem de quatro a seis semanas consecutivas e aci-ma deste período a literatura recomenda a instalação de ostomias para a administração de nutrição enteral, porém em nossa cultura existe dificuldade de aceitação desta via de acesso ao trato digestório, tanto pelos pacientes e fami-liares como pelos profissionais de saúde.4

O uso de cateteres para alimentação é indicado por curto período de tempo, pois o uso prolongado é contraindicado devido as possíveis complicações como: as lesões nasais, sinusites, doenças de refluxo gastroesofágico e pneumo-patias aspirativas.5

A identificação de interações fármaco-nutriente ainda é subnotificado, uma vez que as interações medicamentosas não são relatas e identificadas pelos profissionais de saúde que prestam assistência a estes pacientes. Neste contexto, cria-se um ambiente de risco permanente a todos enfer-mos que fazem uso desta combinação (fármaco-nutriente) via sonda entérica.6

Estes eventos podem ser minimizados por meio de es-tratégias que visam a preservação e uso correto do cateter ao longo da internação contribuindo assim para a diminui-ção de eventos inesperados. Estas ações devem ser exe-cutadas pela equipe de enfermagem uma vez que estes são os principais responsáveis pelo manejo e manutenção da sonda.

As orientações em saúde também são de extrema im-portância e devem ser realizados desde a admissão do pa-ciente até o momento da alta hospitalar aqueles pacientes que mantiverem a sonda em domicílio.

Estas orientações devem abranger todos os aspectos relacionados ao procedimento de infusão da dieta e/ou do medicamento, e as dúvidas (familiares e/ou paciente)

36

Quadro 1 - estratégia de busca eletrônica nas bases de dados.

Quadro 2 - Pacientes susceptíveis à interação fármaco/nu-triente.

As interações fármaco-nutriente podem atingir todos os pacientes que associam a terapia nutricional e a administra-ção de medicamento via sonda enteral, entretanto os estudos citados acima concordam ao relatar que os pacientes idosos e os pacientes graves são mais suscetíveis a este risco, pelo fato de fazerem medicamentos de polifarmácia.8,9

O manejo das interações de medicamento e dieta nos pa-cientes graves necessita de abordagem diferenciada, devido

que forem surgindo devem ser esclarecidas prontamente, visando desta forma, diminuir os défices de conhecimento e possíveis complicações futuras relacionadas ao uso de sonda enteral.7

ObjetivoLevantar os cuidados de enfermagem relacionados à ad-

ministração e interação fármaco nutrientes para os pacien-tes em uso de sondas gástricas e entéricas na literatura.

MétodosO presente estudo foi realizado por meio de uma minuciosa

pesquisa bibliográfica que possibilitou a elaboração desta revi-são integrativa, buscando artigos publicados que abordassem o tema central e suas subdivisões, foram selecionados os arti-gos que dissertassem sobre a interação fármaco nutrientes, e correlacionam-se com o trabalho da enfermagem e a impor-tância da educação em saúde além dos aspectos sociais que dão embasamento ao levantamento científico.

Como norteador para a seleção dos artigos da amostra uti-lizou-se a seguinte pergunta: Quais são os principais cuidados descritos na literatura para evitar ou minimizar a interação fár-maco nutriente em pacientes que fazem uso de sondas gástri-cas ou entéricas?

As bases científicas eletrônicas nacionais consultadas para a realização do estudo foram a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), que incluiu a base de dados da literatura Latino-Americana e do Caribe (LILACS) e a base de dados Scientific Electronic Li-brary (SCIELO). Para a busca nas bases de dados elencadas acima foram utilizados os Descritores controlados em Ciên-cias da Saúde (DeCS) e advindos do Medical Subject Headings (MeSH): Sonda gástrica e enteral, Farmacologia e Enfermagem.

A pesquisa foi realizada entre os meses de abril á outubro de 2016 e os critérios de inclusão para seleção foram: artigos dis-poníveis; no idioma português e espanhol; que abordassem as interações fármacos-nutrientes em pacientes que fazem uso de sonda; texto completo que foram publicados nos últimos cinco anos tendo em vista a análise da prática mais atual de Enfermagem.

Resultados e DiscussãoObtivemos 234 artigos que abordasse o tema de forma

geral; a partir da leitura de títulos e resumos foram selecio-nados 8 artigos que respondiam de alguma forma a questão norteadora e 8 artigos que contemplava os requisitos pro-posto pelo objetivo deste estudo.

O quadro 1 tem como finalidade descrever todas as bases de dados e os descritores controlados em Ciência da Saú-de (DeSC) que foram utilizados para concepção da busca bibliográfica.

Base de Dados

Descritores Artigos encontrados

Amostra

LILACS

SCIELO

Total

Sonda gástrica; Sonda entérica; Farmacologia e Enfermagem.

Sonda gástrica; Sonda entérica; Sonda nasogástrica e Enfermagem.

78

156

234

3

5

8

Autor / Ano Publicação

Título e Número do Artigo

Pacientes Susceptíveis à Interação Farmáco / Nutriente

Tatiane Heldt, Sergio Henrique Loss.8

Luciana dos Santos, Jacqueline Martinbiancho, Andressa Lovato Tadiotto, Laura Minuzzi Kreutz.9

Lolita Dopico da Silva, Vivian Schutz, Bárbara Francisco Mariano Praça, Maiana Eloí Ribeiro dos Santos.10

Interação fármaco-nutriente em unidade de terapia intensiva: revisão da literatura e recomendações atuais.

Perfil das interações medicamentosas solicitadas ao centro de informações sobre medicamentos de hospital universitário

Interação fármaco - nutrição enteral: uma revisão para fundamentar o cuidado prestado pelo enfermeiro.

O estudo aponta que os pacientes idosos e graves estão mais suscetíveis a interações fármaco-nutriente;

O artigo aponta que os pacientes idosos e graves estão mais suscetíveis a interações fármaco-nutriente;

A interação é muito frequente em pacientes hospitalizados devido a:• Elevada incidência de terapia nutricional,• Uso de fármacos por SNE;

37

As interações fármacos-nutrientes podem interferir tanto na qualidade do plano farmacêutico quanto no plano nutri-cional, acarretando desta forma uma serie de consequên-cias aos pacientes, tais como: falha no plano farmacêutico; diminuição do aporte proteico calórico e consequentemente comprometimento do estado nutricional.10

Os efeitos apresentados pelos pacientes são multifatoriais e podem variar devido à dose medicamentosa, ação farma-cológica, classe terapêutica e os aspectos clínicos dos pa-cientes.8

A alteração da biodisponibilidade do fármaco é o principal fator relatado pelos autores, estes afirmam que dependen-do do medicamento que é administrado pela sonda pode ocorrer o aumento ou a diminuição do efeito terapêutico, entre estes fármacos citados nos artigos estão: a levotiroxi-na, a hidralazina, os antipiréticos, os antibióticos e os antico-agulantes.8,10

A perda do princípio ativo também é outro fato muito comentado pelos autores; pois estes entram em concor-dância ao relatar que quando a dieta é administrada con-comitantemente com o medicamento a mesma pode ser capaz de inativar o fármaco interrompendo desta forma seu efeito, contribuindo assim para a falha no plano terapêutico do paciente.8,10

Neste contexto o conhecimento sobre os efeitos farmaco-lógico dos medicamentos é indispensável, visto que a falta de conhecimento propicia ambiente favorável aos riscos e/ou danos aos pacientes exposto a estas situações. Fica evi-dente que o envolvimento da equipe de enfermagem neste âmbito é essencial; uma vez que é inerente do profissional enfermeiro o aprazamento dos medicamentos, administra-ção e cuidados que visam manutenção da permeabilidade da sonda. Algumas interações dependem de estabelecimen-to do jejum antes e após a administração do fármaco, outras serão ajustadas pelo controle do nível sérico das drogas mui-tas determinaram obstrução da sonda. Diante deste cenário manutenção da qualidade na administração de fármacos é multifatorial e deve ter atenção da equipe multidisciplinar.

ao uso de muitas medicações associadas à terapia enteral ser uma pratica muito utilizada em unidades de terapia inten-siva, assim a equipe assistencial destas unidades deve ter conhecimento sobre os principais efeitos, reações adversas dos medicamentos prescritos além de suas interações, bus-cando evitar complicações relacionadas a potencialização, sinergismo e diminuição dos efeitos esperados devido ao uso de medicamentos por via enteral.8

A avaliação adequada e identificação precoce destes pa-cientes (idosos vulneráveis e pacientes de alto risco) tornam--se imprescindíveis, uma vez que a delimitação dos principais grupos de risco a esta exposição auxilia a equipe assistencial no planejamento das intervenções que serão aplicadas para minimização do problema.

Ao identificar estes grupos como populações de risco para ocorrência de interações medicamento e dieta podem contar com o apoio do farmacêutico clinico rotineiramente ou por solicitação do enfermeiro a depender do tipo de recursos disponíveis na instituição.

Quadro 3 - Efeito da interação fármaco-nutriente no paciente.

Autor / Ano Publicação

Título e Número do Artigo

Pacientes Susceptíveis à Interação Farmáco / Nutriente

Tatiane Heldt, Sergio Henrique Loss.8

Lolita Dopico da Silva, Vivian Schutz, Bárbara Francisco Mariano Praça, Maiana Eloí Ribeiro dos Santos.10

Interação fármaco-nutriente em unidade de terapia intensiva: revisão da literatura e recomendações atuais.

Interação fármaco - nutrição enteral: uma revisão para fundamentar o cuidado prestado pelo enfermeiro.

Interações podem determinar:• Prejuízo da ação do medicamento e/ou alimento, • Inadequado efeito da ação farmacológica do fármaco.•Comprometimento do estado nutricional;

Interações podem ocasionar:• Obstruções das sondas que subsequentemente contribui para diminuição do volume infundido.• Diminuição do aporte calórico calculado ao paciente devido à interação com os medicamentos.

38

Quadro 4 - Estratégias para prevenir as interações fármaco-nutriente.

Autor / Ano Publicação Título do Artigo Estratégias

Ana Carolina de Castro Teixeira, Lúcia Caruso, Francisco G Soriano.6

Sonia Ferreira, Flora Correia, Alejandro Santos.11

Tatiane Heldt, Sergio Henrique Loss.8

Adriano Max Moreira Reis, Rhanna Emanuela Carvalho Fontenele Lima, Leila Marcia Pereira de Faria, Regina Celia de Oliveira, Karine Miena Ferreira Cavelagna, Adriano Gomes Silva, Manoel Luis, Cassiani Neto, Helena de Bortoli Silvia.12

Verena Gabriela do Ouro Reis, Márcia Ferreira Candido, Rosângela Passos de Jesus, Raquel Simões Mendes-Netto.13

Luciana dos Santos, Jacqueline Martinbiancho, Andressa Lovato Tadiotto, Laura Minuzzi Kreutz

Lolita Dopico da Silva, Vivian Schutz, Bárbara Francisco Mariano Praça, Maiana Eloí Ribeiro dos Santos.10

Análise da prescrição de pacientes utilizando sonda enteral em um hospital universitário do ceará

Interações entre fármacos e nutrição entérica: revisão do conhecimento para o desenvolvimento de estratégias de minimização do risco.

Interação fármaco-nutriente em unidade de terapia intensiva: revisão da literatura e recomendações atuais.

Prevalencia e significancia clinica de interações farmaco-nutricao enteral em unidades de terapia intensiva.

Perfil de utilización de medicamentos administrados por sonda enteral en el hospital universitario.

Perfil das interações medicamentosas solicitadas ao centro de informações sobre medicamentos de hospital universitário

Interação fármaco - nutrição enteral: uma revisão para fundamentar o cuidado prestado pelo enfermeiro.

O estudo descreve as recomendações pra evitar a interação:• Pausar a dieta duas horas antes e após a administração• Lavar a sonda antes após a administração de medicamentos

O artigo relata que o trabalho da enfermagem é essencial para evitar interações:• Por meio do aprazamento de enfermagem.• Identificação da interação previamente.

Estratégias para evitar as interações fármaco-nutriente:• Sugere a utilização de um Checklist para detecção precoce de interações fármaco-nutriente.• É recomendado a interrupção da dieta enteral e lavar a sonda antes e após a administração de fármaco;

Estratégias para evitar as interações fármaco-nutriente:• Esquematização dos horários da dieta e medicamentos;• Pausar a dieta uma ou duas horas antes e após a administração de medicamentos;• Atuação da equipe multiprofissional no cuidado de paciente diminui possíveis danos aos pacientes relacionados à interação.

Estratégias para evitar os efeitos das potencias interações fármaco-nutriente é:• Planejamento do horário de administração do fármaco;• Recomenda-se pausar a dieta uma ou duas horas antes e depois da administração dos medicamentos;• Relata que a atuação da equipe multiprofissional, como o enfermeiro o farmacêutico e o nutricionista auxilia a prevenção de interações (fármaco-nutrientes) indesejadas;

Estratégias para evitar as interações fármaco-nutriente:• Recomenda-se pausar a dieta e lavar a sonda antes e após a administração dos fármacos para evitar as interações;• Afirma que a adesão aos documentos que são padronizados (POP) pela instituição pode contribuir para o uso racional dos medicamentos.

O estudo descreve como evitar a interação:• Pausar a infusão antes e após a administração da dieta, • Lavar a sonda antes e após a administração do medicamento;• Aprazar os medicamentos de forma adequada os fármacos com ênfase nos pacientes que fazem uso de muitos fármacos (polifarmácia)• O serviço de saúde deve manter uma equipe treinada e capacitada a identificar as interações de medicação com a dieta.

Estratégias para evitar as interações fármaco-nutriente:• Recomenda-se interromper a dieta (30 minutos) e lavar (15 a 30ml) a sonda antes e após a administração de fármacos para prevenir a interações.• Recomenda-se Irrigar a sonda para prevenção de obstruções;• O artigo afirma que é essencial o enfermeiro tenha conhecimento das possíveis interações fármaco-nutriente, uma vez que ele é o principal responsável pelo aprazamento.

39

pela instituição de saúde, a interrupção da dieta deve ser re-alizada, pois auxilia no esvaziamento gástrico e contribui para diminuição da intolerância farmacológica, além de colaborar de forma efetiva para absorção total do fármaco.6,12

A lavagem das sondas também é recomendada pelos au-tores, tornando-se assim uns dos cuidados imprescindíveis para diminuição do risco de obstrução da sonda, para garan-tia da infusão total do fármaco e subsequentemente minimi-zação das interações medicamentosas com os nutrientes e dieta. Apenas, o estudo 12 definiu o volume de água que deve ser infundido (15-30 ml).6,9,10,11

A irrigação da sonda também deve ser realizada sempre que dois ou mais medicamentos forem aprazados para o mesmo horário, eles devem ser preparados e administrados separadamente, sendo necessário lavar a sonda com 5 a 15 ml de água entre as administrações.9,11

O aprazamento dos horários para a administração das me-dicações pela enfermagem deve ser realizado da forma mais coerente possível; contemplando desde a avaliação dos me-dicamentos que serão administrados via sonda enteral até a compatibilidade com a via e a técnica de preparo.6,8,9,10,12

Vale salientar que é importante ter atenção ao horário de administração dos medicamentos para evitar comprometer o estado nutricional do paciente, há que minimizar o tempo de interrupção da dieta, aprazando assim os fármacos que necessitam de jejum de forma agrupada.8-10

Se houver necessidade de interromper a nutrição enteral por um dado período de tempo, esta deve ser reiniciada as-sim que possível, e a pausa deve ser comunicada à equipe de nutrição, para que o aporte nutricional do paciente seja adequado às suas necessidades diárias.8,9

Por este motivo a atuação profissional é de extrema impor-tância, pois auxiliam na diminuição das interações fármaco--nutrientes, tendo em vista que um profissional bem capaci-tado é capaz de reconhecer falhas no processo, tais como: incompatibilidade do medicamento com a via enteral; alto risco de interação entre o princípio ativo do fármaco e o nu-triente da dieta e a forma correta de diluição do medicamen-to.6,8,9,12

Diante deste cenário as instituições de saúde devem esti-mular o trabalho interdisciplinar entre médicos, farmacêuti-cos, nutricionistas e equipe de enfermagem, promovendo a segurança do paciente.6,9

Realizar educação permanente na instituição sobre as in-terações fármaco-nutriente e estimular o uso de Checklist ou protocolos (POP) desenvolvidos pelo serviço de educa-ção continuada com base na pratica mais atual descrita na literatura auxilia os profissionais nas tomadas de decisões e mitigação das dúvidas pertinentes ao tema abordado.11,13

Após leitura criteriosa dos artigos acima; os textos foram divididos em cinco grupos que descrevem as estratégias su-geridas pelos autores; 1. Importância da pausa da dieta antes da administração de fármacos; 2. Aprazamento correto das medicações para evitar intera-ções fármaco-nutriente; 3. Atuação dos profissionais de saúde como método de bar-reira para evitar as interações fármaco-nutriente;4. Irrigação (lavagem) correta da sonda antes e após adminis-tração dos medicamentos; 5. Uso de Checklist/protocolos que auxiliem a atuação pro-fissional.

Os resultados listados acima serão apresentados em forma de gráfico para melhor visualização dos dados.

Gráfico 1 - Coesão dos dados analisados.

Em relação às estratégias para diminuição da interação fármaco-nutrientes, todos os estudos concordam ao rela-tar a necessidade da interrupção da dieta antes da infusão dos medicamentos, entretanto, discordam sobre o tempo de pausa que deve ser realizado antes da administração dos medicamentos.6,8-13

Os estudos 2, 6 e 4 sugerem a interrupção da dieta em tor-no de uma a duas horas antes e depois da administração dos medicamentos, porém o estudo 12 recomenda somente a interrupção da dieta 30 minutos antes da administração dos fármacos.6,8,10,12

Fica evidente que independente do tempo preconizado

Número Total de Artigos que Dissertam sobre o Tema

Importância da pausa da dieta antes da administração de fármacos

Aprazamento correto das medicações para evitar interações fármaco-nutrientes

Atuação dos profissionais de saúde como método de barreira para evitar as interações fármaco-nutrientes

Irrigação (lavagem) correta da sonda antes e após administração dos medicamentos

Uso de Checklist / protocolos que auxiliem a atuação profissional

7

5

4

4

2

40

Assim é fundamental que as instituições de saúde elabo-rem treinamentos para as equipes assistenciais sobre inte-ração fármaco nutrientes e como evita-la com o estabeleci-mento de fluxo de notificação ao identificar a possibilidade de interação entre fármaco e nutrientes, além da prescrição de medicamentos com apresentação farmacológica incompatí-veis com a administração via sonda enteral ou ostomia.6,9,12,14

Considerações FinaisEmbora o uso de sondas para administração de dieta e

medicamentos seja uma pratica muito utilizada no ambiente hospitalar, identifica-se muitas dúvidas relacionadas a esse procedimento por ausência de padronizações, falta de co-nhecimento e práticas inadequadas.

Por meio deste estudo foi possível observar os diversos im-pactos que a interação fármaco-nutriente tem na saúde do paciente e correlacionar neste aspeto à importância do papel do enfermeiro, que tem conhecimento sobre o plano tera-pêutico estabelecido realiza adequado aprazamento, define diluições correta dos fármacos, alertando e treinando sua equipe para a correta administração de fármacos via sonda, além de identificar formas farmacológicas inadequadas para essa via.

Poucos estudos abordam os temas levantados e menores ainda são os autores que correlacionam o papel do enfermei-ro diante da interação fármaco-nutriente, entretanto por meio desta revisão integrativa foi possível analisar opiniões de di-versos aspectos que contemplam as estratégias que podem ser estabelecidas pelas instituições de saúde para minimizar os erros relacionados à temática abordada.

Fica evidente que a ciência carece de mais estudos que abordem este tema para salientar a importância de medidas relacionadas à segurança do paciente, neste contexto pro-videncias precisam ser tomadas e o conhecimento deve ser disseminado para todos os profissionais envolvidos na assis-tência, no qual a educação, promoção e prevenção seja fruto da concepção de pilares que minimizem os riscos que envol-vem os pacientes.

Quadro 5 - Carência literária sobre o tema abordado.

Por meio, da análise dos artigos selecionados é notório a escassez de informação na literatura em relação à temática abordada dificultando a incorporação de um ambiente segu-ro que impediria a interação fármaco nutrientes, pois a maio-ria dos fármacos não possuem estudos que relatem sobre interação com os nutrientes conforme tabela acima.6,9

A participação do farmacêutico pode auxiliar na diminui-ção dos eventuais problemas associados ao uso desta via de administração, pois ele pode aconselhar sobre a seleção do fármaco e forma farmacêutica adequada para a sua admi-nistração.12

A melhorar do conhecimento sobre este tema entre os pro-fissionais envolvidos na assistência aos pacientes pode evitar problemas de eficácia e segurança em tratamentos farma-cológicos e prevenir transtornos relacionados à dieta esta-belecida.6,12

Autor / Ano Publicação Título do Artigo

Carência Literária Sobre o Tema

Ana Carolina de Castro Teixeira, Lúcia Caruso, Francisco G Soriano.6

Adriano Max Moreira Reis, Rhanna Emanuela Carvalho Fontenele Lima, Leila Marcia Pereira de Faria, Regina Celia de Oliveira, Karine Miena Ferreira Cavelagna, Adriano Gomes Silva, Manoel Luis, Cassiani Neto, Helena de Bortoli Silvia.12

Luciana dos Santos, Jacqueline Martinbiancho, Andressa Lovato Tadiotto, Laura Minuzzi Kreutz.9

Análise da prescrição de pacientes utilizando sonda enteral em um hospital universitário do ceará

Prevalencia e significancia clinica de interações farmaco-nutricao enteral em unidades de terapia intensiva.

Perfil das interações medicamentosas solicitadas ao centro de informações sobre medicamentos de hospital universitário

O artigo relata que dos 48 medicamentos prescritos, 58% possuíam informação na literatura sobre sua viabilidade de administração via sonda e 15% não possuíam informações disponíveis.

O artigo enfatiza que a falta de informação na literatura sobre a interação fármaco-nutriente interfere diretamente no plano farmacêutico e nutricional.

O estudo informa que 25% dos fármacos estudados não encontraram informações na literatura sobre a interação com nutrientes.

41

Referências1 • Sartori T et al. Experience of Patients in use of Probe for Enteral Nutrition. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fun-damental, [s.l.], p.3276-3284, 1 jan. 2013. Universidade Fe-deral do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO. http://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.2013v5n1p3276.

2 • Werner C et al. Nutrição Enteral no Domicílio: Percep-ções do Cuidador/Familiar. Revista de Enfermagem da USP, São Paulo, p.1-3, ago. 2009.

3 • Unamuno MRDL, Marchini JS. Sonda Nasogastrica/Nasoenterica: Cuidados na Instalação, na Administração da Dieta e Prevenção de Complicações. Revista de Me-dicina, Ribeirão Preto, p.95-101, fev. 2012.

4 • Pereira SRM et al. Causas da Retirada não Planeja-da da Sonda de Alimentação em Terapia Intensiva. Acta Paul Enferm. Rio de Janeiro, p.338-344, 26 jul. 2013.

5 • Borges EL, Donoso MTV, Nascimento NG. Assistência de Enfermagem a Pacientes Gastrostomizados baseada em evidências. Revista de Enfermagem do Centro Oeste Mineiro. Minas Gerais, v. 3, n. 5, p.1885-1897, set. 2015. Trimestral.

6 • Carvalho AMR et al. Análise da Prescrição de Pacien-tes Utilizando Sonda Enteral em um Hospital Universitá-rio do Ceará. R. Bras. Farm. Hosp. Serv. Saúde, São Paulo, p.1-5, 15 nov. 2010.

7 • Scheren F et al. Enteral Nutrition at Home: Applicabi-lity Of The Nurse’s Guidelines Under The Family’s Pers-pective. Revista de Enfermagem Ufpe On Line, [s.l.], v. 4, n. 2, p.699-707, 1 abr. 2010.

8 • Heldt T, Loss SH. Interação Fármaco-Nutriente em Unidade de Terapia Intensiva: revisão da literatura e re-comendações atuais. Revista Brasileira de Terapia Inten-siva, São Paulo, p.1-6, 14 maio 2013.

9 • Santos L et al. Perfil das Interações Medicamentosas Solicitadas ao Centro de Informações Sobre Medica-mentos de Hospital Universitário. Revista do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, v. 31, n. 3, p.326-335, ago. 2011.

10 • Silvia LD et al. Interação Fármaco Nutrição Enteral: Uma Revisão Para Fundamentar o Cuidado Prestado pelo Enfermeiro. Revista Enfermagem UERJ. Rio de Ja-neiro, v. 18, n. 3, p.304-310, abr. 2010.

11 • Ferreira S, Correia FS. Alejandro - Interações entre Fármacos e Nutrição Entérica: revisão do conhecimento para o desenvolvimento de estratégias de minimização do risco. Arq Med [online]. 2012, vol.26, n.4, pp.154-163. ISSN 0871-3413.

12 • Reis AMM et al. Prevalência e Significância clinica de Interações Farmaco-Nutrição Enteral em Unidades de Terapia Intensiva. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 67, n. 1, p.85-90, jan. 2014.

13 • Reis VGO et al. Perfil de Utilización de Medicamentos Administrados por Sonda Enteral en el Hospital Univer-sitário. Revista Chilena de Nutricion, Santiago, v. 37, n. 3, p.293-301, set. 2010.

14 • Secoli SR. Polifarmácia: Interações e Reações Olifar-mácia: Interações e Reações Adversas no uso de Medi-camentos por Idosos Adversas no uso de Medicamen-tos por Idosos. Rev Bras Enfermagem, Brasilia, p.1-5, jan. 2010.

42

A maioria das intercorrências Clínicas graves e paradas cárdio-respiratórias intra-hospitalares são previsíveis. A detecção precoce e a valorização adequada dos sinais de deterioração clínica previnem, comprovadamente, com-plicações clínicas graves intra-hospitalares. Os “Sinais de Alerta”, que marcam risco de morte em curto prazo, funda-mentam-se nos sinais vitais que são rotineiramente aferi-dos pelas equipes de enfermagem. A criação dos times de resposta rápida, capazes de intervir prontamente no âmbi-to hospitalar toda vez que forem detectados tais “Sinais de Alerta”, é uma medida eficaz para reagir adequadamente à deterioração do paciente reduzindo, inclusive, a mortalida-de intra-hospitalar.

No entanto, pacientes em cuidados paliativos, que evo-luem para fase final de vida, podem apresentar alterações de sinais vitais sem significar necessariamente desconforto e, por outro lado, a descompensação de sintomas pode não ser identificada. Dessa forma, esses códigos (azul e amare-lo) consagrados e pré-estabelecidos em todo mundo não atendem adequadamente esse perfil de pacientes.

Desde 2013, a equipe de cuidados paliativos atua com interconsultora na Rede de Hospitais São Camilo. Após o primeiro ano de implementação, cerca de 300 diretivas an-tecipadas de vontade (a não indicação de suporte invasi-vo e artificial de manutenção de vida) foram definidas em pacientes oncológicos e não oncológicos internados por descompensação de doenças incuráveis. Sendo que a taxa óbito intra-hospitalar é aproximadamente de 40%.

Frente a essa realidade, desenvolvemos um Código es-pecífico denominado Código de Conforto para detecção precoce de sinais de desconforto para pacientes com di-retrizes avançadas estabelecidas, que estão progredindo para o estágio final da vida internados em unidades não críticas. Essa ferramenta permitirá uma avaliação clínica adequada e intervenção terapêutica precoce focada no controle de sintomas e alívio do sofrimento, garantindo as-sistência de qualidade aos familiares e pacientes em Cui-dados Paliativos.

Por fim, a Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo destaca-se por ser pioneira no Brasil em implementar o Có-digo de conforto, garantindo com excelência a missão de cuidar de vida.

Código de Conforto: uma ferramenta para o atendimento de pacientes em fase final de vida pelos times de resposta rápida no ambiente hospitalar

Mayra de Almeida Frutig• Médica Geriatra pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo • Especialista em Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e Associação Médica Brasileira • Atuação em Cuidados Paliativos pela Associação Médica Brasileira • Médica da equipe de Cuidados Paliativos do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo • Médica coordenadora da Equipe de Cuidados Paliativos da Rede de Hospitalais São Camilo - São Paulo.

Francine de Cristo Stein• Médica Geriatra pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo • Especialista em Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e Associação Médica Brasileira • Médica do Serviço de Geriatria do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo - Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual • Médica Coordenadora da Equipe de Cuidados Paliativos da Rede de Hospitais São Camilo - São Paulo.

Luciana Louzada Farias• Médica Geriatra pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo • Especialista em Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e Associação Médica Brasileira • Atuação em Cuidados Paliativos pela Associação Médica Brasileira • Médica do Serviço de Geriatria do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo - Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual • Médica Coordenadora da Equipe de Cuidados Paliativos da Rede de Hospitais São Camilo - São Paulo.

Clara Maria Conde PereiraEnfermeira formada pela UNIFESP, com especialização em Tanatologia e aprimoramento em Cuidados Paliativos. Mestre em Ciências pela UNIFESP; membro da equipe de Cuidados Paliativos do Hospital São Camilo - unidade Santana.

Clarissa Somogy de OliveiraEnfermeira com especialização em oncologia pelo Hospital AC Camargo; membro da equipe de Cuidados Paliativos do Hospital São Camilo - unidade Pompeia.

Carla Gama RumãoEnfermeira com especialização em Centro Cirúrgico pela UNIFESP. Aperfeiçoamento em Cuidados Paliativos pelo Instituto Paliar- São Paulo; ex- membro da equipe de Cuidados Paliativos do Hospital São Camilo - unidade Ipiranga.

Mônica Miranda Pereira SanchesEnfermeira com especialização em Urgência / Emergência e Gestão em Enfermagem, membro da equipe de Cuidados Paliativos do Hospital São Camilo - unidade Ipiranga.

Nota Prévia

43

A Central de Material e esterilização é considerada uma uni-dade de apoio de grande importância dentro de uma Unidade Hospitalar tendo que apresentar resultados satisfatórios de pro-dutividade e qualidade e que para isto necessita de ferramentas e pessoas dedicadas e engajadas em produzir com qualidade e economia.

Os sistemas informatizados voltados para a área da saúde estão em constante desenvolvimento e a cada dia uma nova ferramen-ta surge proporcionando resultados mais precisos e rigorosos devido aos seus registros fidedignos e maior velocidade de pro-cessamento da informação. O maior objetivo dos sistemas infor-matizados é manter a informação segura com processos de ras-treamento claro e definidos gerando confiabilidade e segurança.

SoftwareCME seria esta ferramenta e está sendo desenvolvido para facilitar a gestão e o trabalho dos colaboradores da Central de Material e Esterilização.

Um sistema informatizado customizado elaborado por um en-fermeiro especialista em CME e colaborador da rede São Camilo que vem desenvolvendo este projeto a anos.

Vindo de uma Instituição de grande porte da cidade de São Paulo onde a Central de Material e Esterilização era totalmente informatizada, todas as etapas de processamento dos materiais rastreadas por um sistema informatizado facilitando e dando total credibilidade ao serviço prestado pela central de material, garan-tindo economia e resultados precisos a qualquer momento do processo.

A ideia do desenvolvimento do SoftwareCME partiu da convic-ção do desenvolvedor e da necessidade dos usuários de que um sistema informatizado iria proporcionar a Instituição uma maior segurança na execução das tarefas em todas as etapas do re-processamento dos materiais garantindo resultados fidedignos a partir da rastreabilidade da informação que o sistema permite.

SoftwareCME está sendo desenvolvido com muito critério e sabedoria para se tornar uma ferramenta prática e de fácil en-tendimento para o usuário, trocando os velhos hábitos de muita escrita em momentos modernos de automatização e segurança.

O constante desenvolvimento de sistema informatizados na área da saúde vem nos mostrando uma nova realidade onde precisamos nos atualizar constantemente e inovar procurando soluções para prestarmos uma assistência à saúde cada dia me-lhor com qualidade e eficiência garantindo ao usuário qualidade e segurança.

SoftwareCME a Solução Viável, Uma Ideia Palpável para a Central de Material e Esterilização

Rogério de SouzaEnfermeiro Especialista pela FMU em CME, SRPA e CC, Gestão

em Enfermagem pela UNIFESP.

Ricardo Cesar de OliveiraChefe do Departamento Cirúrgico Hospital São Camilo Santana,

Especialista pela FMU em Urgência e Emergência e Centro

Cirúrgico, CME e RPA.

Taina Fernandes Vilas BoasSupervisora do Departamento Cirúrgico do Hospital São Camilo

Santana, Especialista pela FMU em Cirúrgico, CME e RPA.

Nota Prévia

44

45

Nome

José Antônio Pinto

Fabiola Esteves G. Caldas

Letícia W Wachter

Beatriz S Zalla

Adma R. Y. Zavanela

André Freitas Cavallini da Silva

Roberta Moss

Larissa S. Barrero

Cauê Duarte

Davi Knoll Ribeiro

Gabriel S. Freitas

Mariana Batistella Mazzotto

Lucas de Souza Lima

Leopoldo Nobre de Albuquerque Paiva

Anny Sugsawa

Daniel Pires Penteado Ribeiro

Luiz Eduardo Barreto

Felipe Ferrer

Thais C. O. Alves

80

OURO

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

PRATA

BRONZE

BRONZE

BRONZE

BRONZE

BRONZE

BRONZE

140

1

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14

15

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17

18

19

PREMIADOS IEP – RESULTADO 2016

46

ATIVIDADE Nø DE PONTOS

Congresso nacional da especialidade

Congresso da especialidade no exterior

Congresso/jornada regional/estadual da especialidade

Congresso relacionado à especialidade com apoio da

sociedade nacional da especialidade

Outras jornadas, cursos e simpósios

Programa de educação à distância por ciclo

Artigo publicado em revista médica

Capítulo em livro nacional ou internacional

Edição completa de livro nacional ou internacional

Conferência em evento nacional apoiado pela

Sociedade de Especialidade

Conferência em evento internacional

Conferência em evento regional ou estadual

Apresentação de tema livre ou pôster em congresso ou

jornada da especialidade

Participação em banca examinadora (mestrado,

doutorado, livre-docência, concurso, etc.).

Mestrado na especialidade

Doutorado ou livre docência na especialidade

Coordenação de programa de residência médica

Projetos de pesquisa aprovado

Elaboração de manual de rotinas

Congresso internacional

Apresentação congresso internacional (São Camilo)

Reuniões Científicas

Coordenação de Eventos

Eventos

Atividades Científicas

Atividades Acadêmicas

Atividades Institucionais

TOTAL OBRIGATÓRIO ANUALMENTE Do total obrigatório anualmente, 20 pontos deverão ser em atividades institucionais.

40

20

05

15

10

0,5/h (mín.1 e máx.10)

0,5/h (máx.10)

05

05

10

05

05

02

02 (máx. 10)

05

15

20

5/ano

20

10

+15

+03

1,0/h

5,0 (máx. 20)

REGRAS DE PREMIAÇÃO

47

BENEFÍCIOS DIAMANTE PRATAOURO BRONZE

Pontos mínimos para atingir a premiação

Confecção de Banner / Assessoria

Inscrição em Congresso Nacional

Inscrição em Congresso Internacional

Viagem (passagem)

Pacote completo para Congresso Nacional

(passagem, inscrição, banner)

Pacote completo para Congresso Internacional

(passagem, inscrição, banner)

Intercambio internacional

200

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

80

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Não

Não

140

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Não

60

Sim

Sim

Não

Não

Não

Não

Não

COTAS PARA PREMIAÇÃO

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