Boletim A Libertação 103

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Boletim informativo da Fraternidade Espírita Cristã

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2 A Libertação

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O nosso mundo seria um local bem mais aprazível se, na sua maioria, a

humanidade que o habita já tivesse incluído a prática da Compaixão na relação

que se estabelece entre todos.

Jesus aplicou-a em larga escala como uma das formas de amor com que nos

envolveu. E essa atitude junto dos mais pecadores, dos mais sofredores, dos

indecisos e mesmo dos maus, conduziu-os a planos de paz antes desconhecidos.

Fê-los sentirem-se amados e aceites e isso transformou-os dando-lhes força

moral para mudarem.

Na actualidade fala-se mais de compaixão mas ainda se reserva este sentimento

para os que passam por momentos angustiosos de miséria material.

No entanto, numa sociedade em que as piores situações continuam a ser as de

miséria moral, a prática da compaixão e o bem que ela proporciona, a quem a

recebe e a quem a distribui, faz-se urgente porque muitos daqueles que se

cruzam connosco e se revelam desagradáveis e agressivos, na verdade sofrem de

falta de amor, carregando com eles conflitos e perturbações que, se expostas ao

nosso olhar, se nos afigurariam como feridas graves.

Resta, àqueles que, amando Jesus, se preparam para seguir pelos caminhos do

Amor, valorizarem mais e mais a compaixão, projectando-a à sua volta como

sentimento reparador das energias morais desgastadas e criando para si

próprios um escudo defensivo contra a perturbação causada pelas mentes em

conflito que, em muitas ocasiões, se dirigem sobre nós, precipitadas e em

desespero. Que a imagem do Mestre que seguimos, a Sua expressão compassiva

e de bondade, nos inspire a seguir em frente, com o coração pulsante de

compaixão.

Então é nesse dia que abraçamos a sinceridade reconhecendo-a nossa amiga,

uma amiga que nos poderá acompanhar nos árduos caminhos da mudança, da

compreensão e respeito pelos outros, da coragem de ter opiniões próprias e de

saber aceitar as dos outros mesmo que opostas às nossas.

E quando a vida nos pedir os verdadeiros testemunhos dos valores já

alcançados, será com sinceridade que nos ajoelharemos perante essa vontade

superior, fortes e agradecidos por podermos demonstrar a nossa mudança, na

sinceridade dos sentimentos renovados.

Carmo Almeida

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A juventude é uma das fases de maior exuberância estrutura necessária para se manter fiel a si próprio e

da nossa existência terrena. Surgem os sonhos e a aos seus ideais, para não se deixar levar pelas

luta pelos ideais. Os obstáculos parecem não ser um aparências, pelas facilidades do momento,

problema perante a força da juventude. mantendo-se firme e inabalável.

Comummente, porém, a par deste idealismo surge Que o jovem espírita seja um jovem integrado no também a precipitação, os actos impensados... mundo e nos movimentos de renovação e Talvez por isso, esta fase se caracterize também pela criatividade. Que seja ele o motor da mudança para rebeldia e pelo “velho” conflito de gerações e das uma sociedade melhor, que seja ele o líder, o ideias pré definidas. exemplo! E o que farão os outros? Quererão segui-

O j o v e m e s p í r i t a , t o d a v i a , t e m u m a lo porque não há quem consiga resistir à força do

responsabilidade acrescida: aprender a lidar com os exemplo, da coerência e da verdade.

diferentes estados emocionais provocados por toda Norteada por estes princípios, a Direcção para a essa exuberância hormonal, com os apelos da Infância e Juventude organizou um Workshop matéria e com as sensações e emoções enraizadas de destinado aos Ciclos da Juventude que decorreu no outras existências, nem sempre felizes, fazendo, último dia de aulas deste ano lectivo. simultaneamente, as melhores opções. Terá de

O período das férias de Verão permite ao jovem conviver com as suas emoções de forma descontrair-se das responsabilidades e das equilibrada, não deixando de viver no mundo, preocupações de todos os dias. Com mais tempo lutando pelos seus ideais, mas sabendo canalizar as disponível dedica-se a outros interesses, com suas energias para o que é verdadeiramente r e n o v a d a a t e n ç ã o . M a n i f e s t a m e n t e importante.desaconselhável será, no entanto, que o jovem

Eis que surgem as dificuldades: como lidar com o mantenha a sua mente permanentemente “sentido de responsabilidade”? Como saber o que é desocupada de ideais nobres.melhor para a sua alma? Como ter certezas,

Com esse intervalo para descanso vem o convicções?afastamento físico temporário do Centro Espírita,

É então que surge o contributo fundamental da que frequentemente, tem implicado um Doutrina Espírita. Ao responsabilizar o jovem pelo distanciamento maior das lições e das reflexões que seu papel no mundo, assinala-lhe a importância do a Doutrina Espírita faculta à consciência, porque exemplo que a sua conduta oferece à sociedade na tem sido mentalmente consentido pelo próprio qual se insere, revela-lhe que é um espírito imortal e jovem.estimula-lhe a valorização pessoal durante o seu

O rigor e a vigilância que noutras alturas impõem às percurso a caminho da luz.suas atitudes tende a esbater-se nas mentes juvenis,

“Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”- pelo entretenimento de viver os prazeres que o calor disse-nos o apóstolo Paulo, deixando bem claro que e o repouso têm para oferecer, neste curto período o livre-arbítrio abre-nos a porta das escolhas, mas de férias.que a razão deve orientá-las. Reflectindo, o jovem

O workshop “Os Jovens e as Emoções” procurou ir interroga-se: Quais serão as consequências desta e ao encontro das necessidades reais e fundamentais daquela opção? Será que as suportarei, sem da alma. Desenrolou-se por dois momentos reclamar? O que pretendo para o meu amanhã?distintos que envolveram o aprofundamento das

Só a oração, o estudo e a vigilância darão ao jovem a questões da liberdade e da responsabilidade. 4 A Libertação

Julho / Agosto / Setembro

Por: Silvia Almeida e Sandra Sequeira

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A Libertação 5

Julho / Agosto / Setembro

Com base no conhecimento Espírita acerca destes “Sexo e Vida” e a um extracto do livro

dois valores ficou demonstrado, uma vez mais, “Adolescência e Vida”, do Espírito Joanna de

que a Lei de Causa e Efeito, coloca inteiramente Ângelis, psicografado por Divaldo Franco,

nas nossas mãos, em cada momento, a definição abordaram-se assuntos tão importantes como

do nosso próprio destino, sem margem para o sexo, responsabilidade e discernimento, o

acaso. compromisso e a Lei de Causa e Efeito, a

fidelidade e a consciência.O primeiro Módulo promoveu uma reflexão sobre

as reacções impulsivas que, num instante fugaz, Esta reflexão, conduzida a partir de algumas

podem comprometer seriamente as nossas dinâmicas de grupo, procurou colocar a tónica na

apostas espirituais para a presente existência, voz interior, o eco de Deus na Criatura, que

nomeadamente a responsabilidade que decorre do invariavelmente aponta o caminho a seguir e

vínculo espiritual criado pelas ligações sexuais, adverte para os perigos a que nos expõem as

tão levianamente estabelecidas, algumas vezes. nossas próprias decisões: a consciência.

O segundo Módulo conduziu à reflexão sobre os É na consciência que estão inscritas as tarefas

compromissos espiritualmente assumidos por espirituais assumidas um dia. É na consciência

cada um durante a programação reencarnatória, que se faz escutar a voz daqueles que, do outro

momento em que se assume o compromisso de lado da vida, nos amam e inspiram. É a

conhecer a Doutrina Espírita e de desenvolver as consciência, que nos brinda com conselhos e

tarefas espiri tuais aí assumidas, cuja orientações, que nos relembra a importância de

concretização, aqui na Terra, Jesus aguarda. cumprir escrupulosamente os nossos deveres e de

a s s u m i r c o r a j o s a m e n t e a s n o s s a s Recorrendo a um texto do Espírito Emmanuel, responsabilidades.psicografado por Francisco Cândido Xavier,

O individualismo é uma barreira para a Compaixão. Devemos aprender a

participar e sentir o sofrimento alheio, pois assim os nossos não parecerão ter

tanta importância. Devemos aprender a sacrificar-nos em benefício de outrem.

Compaixão é uma forma de amor, é necessário que venha do coração para que

possa doar o que é importante para os nossos irmãos naquele exacto

momento.

M. Fátima (ESDE)

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“Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus respondeu: Não vem o reino de Deus

com aparências exteriores.” (Lucas, 17:20., in Emmanuel, “Ceifa de Luz,” ponto 36). É com base nesta

citação do Mestre que pretendemos desenvolver esta reflexão e partilhá-la com o amigo leitor.

Recentemente, visionámos o DVD de um Seminário, efectuado por Cecília Rocha, sob o tema “Pelos

Caminhos da Evangelização”. Cecília Rocha é Vice-Presidente da FEB-Federação Espírita Brasileira, e

uma impulsionadora e trabalhadora incansável pela Evangelização Espírita Infanto-Juvenil no Brasil, além

de coordenadora da elaboração das apostilhas educativas durante as últimas 4 décadas…!

Cecília Rocha iniciou a palestra analisando a forma como o Espiritismo pode iluminar a Educação,

identificando à partida os conceitos de educação e de evangelização, fundamentados na citação do Espírito

Emmanuel: “Evangelizar é a mais alta expressão de educar”. Com uma linguagem cativante, porque

simples, inteligente e certeira, discorreu sobre o assunto, explicando o modo como a Filosofia Espírita

transpõe todos os imediatismos, colocando em primeiro lugar os interesses reais do indivíduo, que são

aqueles tesouros que a ferrugem não corrói, a bagagem das nossas conquistas morais; a única coisa que

transportamos no íntimo do nosso ser e que nos acompanha onde quer que nos encontremos, nesta vida; que

é única porque contínua, embora se desenrole em planos alternados.

Nesta fase da nossa reflexão, atrevemo-nos a acrescentar às elucidações de D. Cecília Rocha, o

esclarecimento dado pelos Espíritos a Allan Kardec, nas questões 793 e 799 de “O Livro dos Espíritos”:

P: “Por que sinais se pode reconhecer uma civilização completa? R: Vós a reconhecereis pelo

desenvolvimento moral. (…) Não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando

de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e quando viverdes, como irmãos, praticando

a caridade cristã. Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a primeira fase da

civilização.”

P: “De que maneira o Espiritismo pode contribuir para o progresso? R: Destruindo o materialismo, que é

uma das chagas da sociedade, ele faz os homens compreenderem onde está o verdadeiro interesse. A vida

futura, não estando mais velada pela dúvida, o homem compreenderá melhor que pode assegurar o seu

futuro através do presente. Destruindo os preceitos de seita, de casta e de cor ele ensina aos homens a grande

solidariedade que os deve unir como irmãos.”

E Allan Kardec ainda incentiva, em “Obras Póstumas”, a reflectir sobre os benefícios da educação espírita:

“Quando a criatura sugar com leite a caridade e tiver a fraternidade a embalá-lo; quando, enfim, toda uma

geração for educada e alimentada com ideias que a razão, desenvolvendo-se, fortalecerá, em vez de falsear?

Sob o domínio destas ideias, ao cimentarem a fé comum a todos, não mais esbarrando o progresso no

egoísmo e no orgulho, as instituições se reformarão por si mesmas e a Humanidade avançará rapidamente

para os destinos que lhe estão prometidos na Terra, aguardando os do céu.”

Ao tomar conhecimento dos quatro pilares propostos para a educação, registados no Relatório para a

UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, nomeadamente: aprender a

Por: Liliana Henriques

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conhecer, aprender a fazer, aprender a viver, aprender a ser, damos conta de que as autoridades terrenas

já reconhecem a importância do equilíbrio emocional do indivíduo e a sua implicação no equilíbrio da

sociedade; constatamos que inscrevem nos seus planos a necessidade de cultivar valores morais que

visam o crescimento integral do ser e, consequentemente, o progresso social Humano.

Ao encontro da aludida citação do Espírito Emmanuel, reconhecemos que a Doutrina Espírita é

absolutamente fundamental, no momento actual da Humanidade, para se alcançar a integral

compreensão e aplicação do conceito educativo, graças à sua natureza assertiva e de vanguarda.

De regresso à palestra de Cecília Rocha, realçamos com agrado a sua abordagem plena de vitalidade,

que se conjugava com o entusiasmo juvenil ali presente, e coroada pela sabedoria e pela racionalidade

que despontam da sua maturidade e experiência. E nós, que ouvíamos a palestra e que trabalhamos já

alguns anos nesta área, conscientes da sua repercussão, sentíamo-nos envolvidos pela vibração das suas

palavras, que marcavam indelevelmente a importância profunda do Espiritismo na vida e na estrutura

mental das pessoas, assim como a importância profunda do trabalho do Evangelizador Espírita.

Cecília Rocha esclareceu ainda que o Evangelizador pode encher o peito e dizer de modo bem audível:

Eu sou Evangelizador! Porque, na verdade, o Evangelizador é o intermediário entre o Cristo e os

Homens, e o seu trabalho está longe de ser um trabalho menor. Pelo contrário, é um trabalho pleno de

responsabilidade e de exigência. Além dos conhecimentos doutrinários, o Evangelizador desenvolve

um trabalho imprescindível consigo mesmo, porque o exemplo de quem ensina é fundamental. A

criança tem a percepção da verdade que é transmitida pelo Evangelizador, na medida em que este cria

em si condições internas de vibração que envolvem a criança, fazendo-a reconhecer a autenticidade dos

ensinamentos que lhe são transmitidos.

Constantemente observado pela criança, o Evangelizador não se contradiz porque beneficia da

assistência espiritual que está sempre presente no processo de evangelização. O trabalho interno

desenvolvido pelo Evangelizador confronta-o com a sua própria realidade. Face aos diversos momentos

da vida, ele tem a oportunidade de analisar a consolidação interna dos seus ideais e construir, devagar

mas sem desalento, a sua autoridade moral que é, finalmente, o verdadeiro agente educativo. Com

efeito, este é um trabalho imprescindível a todos os educadores, sejam eles evangelizadores ou pais.

Mais ainda, foram afloradas e esclarecidas algumas das dificuldades do processo educativo no Centro

Espírita, o que nos permitiu perceber que as dificuldades são comuns em todos os cantos do mundo, tal

como o são as necessidades de esclarecimento e de firmeza para com os educandos de todo o mundo.

Perante as diferenças individuais de receptividade e permeabilidade aos ensinamentos ministrados resta

aos Pais e aos Evangelizadores, unicamente, perseverar no cumprimento das suas obrigações,

albergando a certeza de que os mesmos produzirão os seus efeitos no devido tempo.

Certos da presença e do acompanhamento constante da Providência Divina aos filhos e aos educandos

do mundo – Espíritos imortais, portadores de livre-arbítrio –, estes exercerão as suas opções,

percorrerão livremente os seus caminhos, de acordo com as suas preferências, acabando por aplicar os

ensinamentos evangelizadores já adquiridos.

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A exigência e a responsabilidade do trabalho de evangelização levam, por vezes, alguns

Evangelizadores a desistir da tarefa por, alegadamente, ainda não possuírem a necessária autoridade

moral. Atemorizados sob o peso da responsabilidade optam pela fuga, sob a capa de um “excesso de

humildade”. Esquecem que só o trabalho auxilia o processo de auto aperfeiçoamento porque educa as

energias construtivas (bem pensar, bem sentir, bem fazer). Nem o progresso emerge da inércia nem os

milagres se fazem sem trabalho. De resto, o Espiritismo já nos explicou que a lei do trabalho acciona a lei

do progresso.

Ainda citando Cecília Rocha: “Não adianta esperar que um Espírito superior reencarne para concertar o

mundo que nós mesmos desconcertámos. O trabalho é nosso. Devemos fazê-lo em nome do Cristo,

conscientes da Sua assistência, conscientes de que não estamos sós.”

Colaborar na construção do grande edifício do progresso humano através da actividade pedagógica da

evangelização é acautelar interesses sumamente nobres, a fim de que os Espíritos interessados no

progresso do planeta, possam encontrar na Terra as condições benéficas de estímulo às suas forças e ao

seu trabalho.

Por isso, a todos os Evangelizadores fica a advertência inicial do Cristo sobre o reino de Deus e o

complemento do Espírito Emmanuel: “Para edificá-lo, não nos esqueçamos que a Doutrina Espírita é

luz em nossas mãos.”

Há como que um sufoco que cresce dentro do nosso coração e se extravasa em lágrimas mal

contidas, como lagos suspensos…

Uma súplica brota-nos da alma na direcção do Criador…

Àquele impacto, àquele elan, àquele arroubo de alma fica a criatura ligada, desejando

suavizar as dores que pressentiu, que presenciou, esquecendo-se de si mesma, devotando-se

em trabalho, em oração, a favor daquele que sofre. Amando, amparando, protegendo,

dulcificando, acarinhando.

Assim nos ensinou o Mestre em perene exercício da Compaixão.

A Piedade/Compaixão é a virtude do espírito na qual a Caridade assenta, aquela caridade

ensinada e exemplificada por Jesus e que é citada na máxima: Fora da Caridade não há

salvação.

Anita (EIMECK)

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A Libertação 9

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Maria do Carmo AlmeidaVice - Presidente do Conselho Director

1 - O que é um Dirigente Espírita? actividade profissional?

Comecei a frequentar a Fraternidade Espírita Cristã no Enquanto profissional, estou integrada nas regras e início da minha adolescência, logo após o 25 de Abril normas da minha actividade, naturalmente esforçando-de 1974. Quando a Sede se fixou na Rua da Saudade, me por corresponder ao que de mim é esperado, comecei por desempenhar a tarefa de Recepcionista, ao fazendo-o com brio, sentido de dever e de Sábado, o mesmo dia em que frequentava os Estudos responsabilidade.Espíritas para crianças e Jovens, que acompanhei Quando observo a “humanidade minha irmã” é com sempre, assistindo e participando, em simultâneo, em apreensão que, em muitos, reconheço os sintomas do outros estudos e actividades, nomeadamente desvario em que se agitam, sei do quanto são capazes mediúnicas, desenvolvendo conhecimentos da para que lhes seja reconhecido um mérito ao qual, Doutrina Espírita e tomando contacto com as muitas vezes, não fazem jus. Mas silencio porque actividades do Movimento Espírita Português. confio numa justiça que ultrapassa as formas de justiça Aos vinte anos fazia parte do Conselho Director e aos que o mundo possui.vinte e seis assumia a Direcção Cultural que tinha como As palavras de defesa pessoal deixaram de me fazer objectivo promover a divulgação e expansão da falta. Nos momentos em que se torna mais difícil Cultura Espírita. Nessa época contava com mais quatro conviver com a incompreensão, recordo que existe adjuntos e foi possível dinamizar um trabalho que uma razão e um sentido a orientar todos os sempre me apaixonou. acontecimentos. Às vezes sou observada com Nunca me vi como Dirigente Espírita mas sim, como curiosidade, sei que alguns me consideram um mistério coordenadora de um conjunto de tarefas que mas, com o auxílio da perseverança e o apoio preenchem todo o meu tempo para além do que utilizo inconfundível dos Amigos Espirituais, a vida segue na minha actividade profissional que começou aos ensinando-me sempre a superar-me.dezanove anos. Com a passagem do tempo e sucessivas transformações na estrutura directiva da FEC, 3 – Como se relaciona o Dirigente Espírita nas continuando a fazer parte do Conselho Director, assumi actividades do quotidiano?posteriormente a responsabilidade de ser Vice- “Esgueiro-me”, é a palavra certa, por entre as horas do Presidente para a área da Divulgação da Cultura dia que se divide entre os compromissos profissionais e Espírita. os do Centro Espírita, família e amigos, para abastecer Continuo a sentir que o Dirigente, como figura mais a despensa, gerir a manutenção do lar e corresponder a responsável e respeitável do Centro Espírita, é o tudo quanto de mim se espera.Presidente do Conselho Director e portanto a mim Passei a eliminar o supérfluo – do vestuário, da mesma me vejo hoje, como há trinta anos, apenas decoração da casa, das conversas e das exigências do coordenadora de um projecto. mundo actual que, parecendo essenciais, podem ainda Não rejeito porém as minhas responsabilidades, ser simplificadas. Uso de tudo o que a vida material me considerando que o facto de coordenar acções com pode oferecer mas dentro dos limites que os interesses outras pessoas me leva a ter uma disponibilidade ainda espirituais ditam, porque não quero que coisa alguma maior para elas e um interesse redobrado. se lhes sobreponha.Entre acertos e desacertos, sigo esforçando-me por dar Sinto falta de tempo para realizar pequenos sonhos – o meu melhor. visitar museus, assistir a um concerto ou um

espectáculo de dança; acompanhar os movimentos 2 - Como se relaciona o Dirigente Espírita na sua culturais e artísticos do meu tempo; desenvolver uma

A Pessoa por trás da Personalidade

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aptidão artística: desenho, música, canto; viajar, perdidos e amargos, incapazes de eleger o que realmente conhecer melhor as realidades do nosso mundo actual – querem, ou lutar para conseguirem viver bem e em paz. mas há tanto para fazer, tanto para idealizar, tanto para Lamento, sobretudo, aqueles que lhes roubaram a dinamizar… que os pequenos sonhos têm de ser adiados, possibilidade de serem pessoas íntegras e lamento-os uma semana, anos, décadas ou toda esta reencarnação. pelo sofrimento emocional e psíquico em que

permanecem. Porém … Kardec explica.Os tempos livres não existem porque estão sempre a ser preenchidos por aquelas actividades que permanecem Nos dias em que surgem notícias de descobertas, em espera. Se uma delas, a leitura por exemplo, tomar o invenções, reposição da justiça, criação de leis que seu lugar surge o lazer, tal como quando passo algumas beneficiam os menos favorecidos, a minha alma cresce horas com os amigos do coração ou com as pequenas de reconhecimento porque, e ainda aí, “Kardec explica” e brincadeiras com os “manos” do mundo animal, fonte eu posso testemunhar esses indícios de progresso, inesgotável de alegrias e de gratidão para com Deus que surgido durante o tempo em que estou reencarnada.nos permite estabelecer relação com seres inferiores que Os movimentos de renovação social, as melhorias do nos estimam e nos são sempre amigos dedicados e fiéis. processo educativo, da assistência na doença e na justiça Tornei-me inapta para utilizar o tempo em assuntos que, são os que sigo com maior atenção.sendo comuns na vida material, me desgastam. O meu afastamento é notado mas digo a mim mesma que tenho 5 – Tendo em conta o materialismo das sociedades de me defender e resguardar porque Jesus pode precisar actuais e a sua postura espírita, considera que se de mim a qualquer momento, para alguma tarefa de maior impõe ao Dirigente Espíri ta uma dupla significado. Respeito cada um no patamar em que se personalidade?encontra mas luto interiormente para resguardar o meu Não, muito pelo contrário. Por tudo o que já sei tornei-me campo moral e psíquico. mais coerente com aquilo que aprendi, mais corajosa

perante as propostas que me são feitas, mais firme nas 4 – Como encara o Dirigente Espírita os grandes minhas afirmações, mais indiferente perante as temas da actualidade do seu país e do mundo? convicções materialistas, mais apta a enfrentar as Invariavelmente, aplico a expressão: “Kardec explica”. opiniões do mundo sem me deixar perturbar por elas.

Quando se dão os cataclismos, as chamadas “desgraças” Perante conceitos que se tornaram pueris e sem grande do mundo, recordo as expiações colectivas, a justiça significado, não sinto necessidade de grandes afirmações divina na aplicação rigorosa da Lei de Causa e Efeito e a no combate a ideias que cairão por si mas preparo-me assistência fraterna das equipas espirituais que para saber estender as mãos em socorro de quantos vão naturalmente permanecem junto desses locais de tombando na ilusão da ideia materialista porque avalio sofrimento, recolhendo, erguendo e amparando todos melhor os sofrimentos que se geram dessas mesmas q u a n t o s s e e n c o n t r a m e n v o l v i d o s n e s s e s ilusões.acontecimentos. E penso que, ao contrário do que as Por tudo o que aprendi com Kardec sei que, mais dia pessoas julgam, não se deu ali uma grande desgraça, mas menos dia, aqui ou em qualquer outro lugar, será sim a resolução de grandes dramas do Passado, que se necessário reunir boas-vontades para ajudar na libertação dissolveram naqueles momentos de dor e libertaram um de quantos se prenderam ao jugo do egoísmo e da conjunto de almas que vão sentir-se vitoriosas. indiferença que o materialismo acaba por criar, em Quando oiço os relatos da violência gratuita, que me oposição ao espiritualismo que, ao afirmar a existência atingem como se chegassem até mim em grandes ondas do espírito imortal animando a vida física, afirma de receio, recordo que cada um só é atingido naquilo a também a necessidade da solidariedade e da prática da que deu motivo e que Amigos vigilantes cuidam de mim. ética comportamental.Em relação aos que assim procedem, vejo-os como almas Dentro de tudo aquilo que me compete melhorar e em progresso buscando o seu caminho, desajeitados e conquistar, esforço-me por agir de acordo com estas maus porque ainda não conquistaram méritos e agem só certezas, aprendendo a resignar-me, sem me sentir por impulso agressivo. Mas também há aqueles em quem diminuida perante os outros, e sigo confiante e cada vez a falta de Amor deixa marcas profundas e que seguem, mais segura do local onde estão depositados os valores

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É inconveniente, pois pode trazer graves Esta ideia fixa, tornada ideal, vivida consciente e consequências deixar-se a gente dominar por livremente com o fim de aumentar o bem individual uma ideia, ainda mesmo que não seja frívola, e colectivo, poderá converter-se em mania, em tola ou má. loucura?

Uma ideia, ainda que nobre, deve ser possuída Convictamente afirmo que não.pelo homem como um instrumento de Mas uma ideia fixa, que não tenha esta característica perfectibilidade, e não possuí-lo a ele como sua de ideal construtivo, não poderá apresentar-se à dona. Como diz A. Besant, a ideia fixa deve ser pessoa predisposta, que por ela se deixou dominar, serva do espírito, a fim de dominar a natureza como tendo tal característica? Poderá, não há inferior e coagi-la ao serviço da superior. dúvida, por haver tal predisposição mórbida e por a Desta forma, sempre que o mesmo pensamento pessoa se deixar possuir pela ideia em vez de a nos volte com frequência, exercendo em nós possuir.certa influência, examinaremos com todo o Os fracos de carácter, os sem carácter, que não cuidado se esse pensamento é construtivo, pensam por si, que abdicam da sua consciência e da vitalizador, pois só neste caso é que o não sua vontade, e vão como autómatos atrás de quem se sacudiremos de nós, e procuraremos dirigi-lo e lhes inculca como infalível, esses, coitados, vivê-lo, pondo-o conscientemente e facilmente se fanatizam por um homem ou por uma voluntariamente ao serviço útil da humanidade, ideia e, neste caso, com facilidade chegarão à por forma que ele nos inspire o coração, ilumine loucura.a inteligência e fortifique o carácter.

Que cada um queira ser aquilo para que foi criado – A Libertação 11

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realmente importantes e imperecíveis. que…desempenho alguma actividade durante a qual posso ser instrumento dos Mentores Espirituais. Quando essas tarefas terminam e sou “devolvida” à 6 – É feliz o Dirigente Espírita?vida de todos os dias, ainda continuo a ser feliz sempre Não foi tarde na vida que encontrei o conceito “a que a lua cheia ilumina o céu e toca o meu coração, felicidade não é deste mundo”. Cresci sabendo que era sempre que o meu gato amarelo me cumprimenta, assim e sem fazer disso um drama, o que me permite festivo, quando chego a casa e sou muito feliz sempre ser feliz de uma maneira toda particular e, para mim, que surgem os primeiros rebentos nas minhas toda especial.orquídeas.

Sem querer reduzir a felicidade possível de ser vivida Sou feliz quando me reúno com os meus amigos, na Terra aos momentos em que praticamos a Caridade, companheiros de tarefa, e podemos rir, nos momentos nos seus variados aspectos, como é mencionado em O de menor preocupação Mas, os momentos de maior Evangelho Segundo o Espiritismo, ou limitar as muitas felicidade, aqueles em que sou mesmo muito, muito possibilidades de viver os momentos de felicidade, feliz, são aqueles em que, através da leitura, da prece e mais ou menos sem mescla, que ainda assim a vida na da meditação, renovo a minha certeza de que, um dia, Terra nos permite, posso dizer que sou feliz sempre num outro lugar …

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12 A Libertação

um ser racional, consciente e livre e, pelo seu vive-o cada vez mais intensamente na tua ocupação trabalho, procure um ideal que lhe aumente e habitual, na tua ciência, na tua arte ou indústria, no teu aperfeiçoe a vida espiritual, sua e da ofício. Se assim procederes, irradiarás bondade para humanidade; e sentir-se-á cada vez mais tudo e para todos, serás religioso na acepção esclarecido, mais lúcido, mais enérgico e mais verdadeira e mais alta da palavra, porque praticarás a benevolente. Fraternidade. Podes ser católico, protestante, budista,

ou muçulmano, espírita ou teósofo, que hás-de ser Boa leitora, que andais preocupada com as sempre um homem religioso, um espírito equilibrado, vossas cans, as vossas rugas e outras falências sensato, lúcido e prudente.estéticas e orgânicas! Deixai essa ideia fixa que

vos preocupa, que é fútil e contrária à razão e à Sim. Qualquer das muitas religiões professadas pelos ordem natural das coisas. Sentis-vos apoucada, diversos povos, pode ser boa ou má, conforme servir decaída da vossa beleza estética? Deixai de ou não para praticar a Fraternidade, para ligar os pensar nisso, sacudi de vós essa frívola ideia fixa, homens entre si e a Deus. Se servir para dominar as atormentadora e estúpida, e procurai substituir a consciências dos outros ou para escravizar a própria, vossa perdida beleza plástica por coisa muito para os seus adeptos se julgarem melhores do que os mais valiosa, que muito vos há-de felicitar e para outros e os únicos que se salvam porque todos os mais todo o sempre. Substituí-a pela eterna beleza vão irremediavelmente para o inferno, é má e pode moral. Sabeis como? Pensando pouco em vós e conduzir e tem conduzido à loucura, individual ou muito nos outros. Fazendo o bem, praticando a colectiva.Fraternidade, não perdendo nenhum ensejo de Resumindo e concluindo:beneficiar quem quer que possais felicitar com o

É preciso repelir insistentemente a ideia fixa que não vosso serviço, o vosso conselho, o vosso auxílio for construtiva; e esforçarmo-nos para que nenhuma ou a vossa esmola.ideia fixa nos domine ou possua e para que dominemos

Inquiri atentamente, carinhosamente, dos que, no aquela que constituir o nosso ideal, pondo-a ao serviço vosso meio ou em qualquer parte, precisem de do Espírito para este triunfar sobre a natureza inferior.auxílio, para que não passe um dia algum da

A ideia fixa que deve ser vivida cada vez mais vossa vida sem que beneficieis alguém. perfeitamente é a da Fraternidade, por ser a mais

Se puserdes nisto o vosso ideal, se viverdes cada construtiva, a que liga todas as criaturas entre si e ao vez mais perfeitamente, asseguro-vos que cada seu Criador, a que preserva de qualquer doença ideia fixa não só não deixará lugar no vosso psíquica, e a única que torna boa todas as religiões do espírito futilidade alguma, mas pôr-vos-á ao mundo.abrigo de qualquer ideia fixa injusta, falsa ou

Quem viver este ideal como acima fica esboçado, perigosa.nunca perderá o bom senso, nem a lucidez, nem a boa

Sede servidora útil da humanidade. E, vontade, nunca se aborrecerá do trabalho nem da vida, difundindo assim o bem e a beleza por tudo e por e será cada vez mais justo, mais bondoso e mais útil todos, nunca mais deixareis de ser bela, irmão de todos os humanos.ponderada, lúcida e feliz.

Aí fica, boa leitora, o meio de evitar a velhice e Dou-te o mesmo conselho, leitor amigo. Com os conservar a beleza.teus 50 anos, deixa essa fútil pretensão de

JOSÉ.trazeres a tua figura nédia e espaventosa, pois tal tolice, por investir contra a lei natural, torna-te

Extraído de Luz e Caridade, órgão do Centro ridículo e pode conduzir-te à loucura. Cria um Espírita de Braga, Março de 1922ideal construtivo, o ideal que acabo de indicar, e

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A Libertação 13

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As pessoas têm inteligência – podem alterar o meio em enormes e recurvados chifres do animal.que vivem. Portanto, Negrito e Rolinha eram já amigos, Os animais só têm instinto… mas não são parvos… conheciam-se bem e até se tratavam quase por tu.

Era Verão. Os animais estavam sedentos. O calor fazia Naquele dia, enquanto os animais esperavam que o transpirar e o sol abafava. O poço ficava a vinte metros pastor lhes enchesse a grande pia de madeira com a da grande azinhaga. água que ia tirando a balde do poço, Rolinha viu o

Negrito destacar-se do rebanho e pôr-se a olhá-lo de A copa da árvore dava uma sombra reconfortante uma forma fixa e insistente.dividida em duas partes.Pensou – quer conversar comigo – e apeteceu-lhe ir De um lado, o rebanho de cerca de quarenta carneiros, fazer-lhe umas festinhas na cabeça, afinal já eram todos diferentes, todos lindos. Uns de enormes chifres amigos. Mas o Pai já o avisara para não tocar na retorcidos, outros de cabeça limpa – os mochos. Uns cabeça dos carneiros. De repente, pensou – com o de lã muito branca, toda em caraculo, outros cajado é melhor.completamente pretos e ainda outros de cor mista,

brancos e pretos – os mulatos. O Pai andava distraído a tirar a água do poço para a pia. Rolinha pegou no cajado do Pai, comprido, forte e De outro lado, os pastores e os seus haveres.com uma moca na ponta. Esticou o braço, cá de longe, e O Rolinha tinha cerca de cinco anos e ajudava muitas colocou com cuidado a ponta do cajado, do lado da vezes o Pai no pastoreio do rebanho. A maior ajuda era moca, na cabeça do Negrito. Este baixou um pouco a a companhia que fazia ao Pai já que este se sentia cabeça.babado com a presença do filhote.Está a gostar – pensou, e esfregou um pouco o pau na Umas botas cardadas feitas à medida, assim como cabeça do animal.uma samarra de pele de ovelha, por cima da camisa e O Negrito recuou, recuou. Rolinha entusiasmou-se, dos calções; um chapéu de palha à alentejana e um esfregou outra vez e com mais força. Negrito voltou a alforge, onde a mãe Rosa lhe metia o lanche e uma recuar um pouco, parou e, de repente, arrancou.pequena bilha de barro com água que se conservava

sempre fresquinha; um pequeno cajado, adaptado pelo Rolinha não se lembra de mais nada, o cajado voou e ele pai ao seu tamanho e ei-lo pronto para marchar à deu tantas cambalhotas que só deu por si quando o Pai frente dos carneiros. o agarrou e lhe perguntou se doía muito, se tinha

alguma ferida.Atrás do rebanho ia o Pai e a Primavera, a cadelinha de raça pastorícia – serra d' Aires. Rolinha, a gaguejar, só disse: “ - Não”, com medo que o

Pai lhe batesse.O melhor do dia era quando o pai chamava o Negrito – um belo carneiro todo preto e de chifres grandes e Hoje, o Rolinha já sabe que o animal só tem instinto e recurvados que tinha tanto de guloso como de emoções (será mesmo emoções?)já que aprendeu com meiguinho. O Pai colhia um belo ramo de oliveira com o Espiritismo que não se pode pedir a um animal a folhas tenrinhas e chamava-o. Ele corria de imediato e mesma capacidade de raciocínio das pessoas, pois os abocanhava o ramo comendo tudo quanto era Espíritos dizem-nos que um animal será sempre um folhinhas verdes e macias. animal até que o seu espírito sature o limite da sua

aprendizagem, nessa classe, e Deus lhe destine o Então, o pai pegava no Rolinha ao colo, punha-o às próximo grau de evolução que poderá não ser ainda o da cavalitas do Negrito e ia dando voltas com ele humanização.enquanto o carneiro ia comendo folhas e mais folhas.

Por sua vez, o Rolinha, louco de contente, ia gritando: “Arre burro, corre, corre”, sempre agarrado aos JOTA TÊ

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RECONHEÇO QUE OS DESÍGNIOS DO

PAI SÃO JUSTOS E AMOROSOS; NO

ENTANTO, SOU MÃE!

MAS, SE A IRMÃ RECONHECE QUE OS DESÍGNIOS DO PAI

SÃO JUSTOS E SANTOS, QUE ME CABE FAZER?

DESEJAVA QUE ME CONCEDESSE

RECURSOS PARA PROTEGÊ-LOS EU MESMA,

NAS ESFERAS DO GLOBO!...

NÃO CONSIGO SUBTRAIR-ME

AO PESO DA ANGÚSTIA!...

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Autor Espiritual: André Luiz I Psicografado por: Francisco Cândido Xavier I Adaptado e ilustrado por: Paulo Henriques I Com a autorização da

Federação Espírita Brasileira Nosso Lar

14 A Libertação

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AH! MINHA AMIGA SÓ NO ESPÍRITO DE

HUMILDADE E DE TRABALHO É POSSÍVEL A NÓS

OUTROS PROTEGER ALGUÉM. QUE ME DIZ DE UM

PAI TERRESTRE QUE DESEJASSE AJUDAR OS

FILHINHOS, MANTENDO-SE EM ABSOLUTA

QUIETAÇÃO NO CONFORTO DO LAR?

O PAI CRIOU O SERVIÇO E A

COOPERAÇÃO COMO LEIS QUE

N I N G U É M P O D E T R A I R S E M

PREJUÍZO PRÓPRIO. NADA LHE DIZ A

CONSCIÊNCIA, NESTE SENTIDO?

QUANTOS BONUS-HORA PODERÁ

APRESENTAR EM BENEFÍCIO DE SUA

PRETENSÃO?

TREZENTOS E QUATRO.POIS AQUI SE HOSPEDA, HÁ MAIS DE SEIS ANOS, E

APENAS DEU À COLÓNIA, ATÉ HOJE, TREZENTOS E

QUATRO HORAS DE TRABALHO.

PARA AJUDARMOS ALGUÉM, PRECISAMOS DE IRMÃOS QUE

SE FAÇAM COOPERADORES, AMIGOS, PROTECTORES E

SERVOS NOSSOS. ANTES DE AMPARAR OS QUE AMAMOS, É

INDISPENSÁVEL ESTABELECER CORRENTES DE SIMPATIA.

VOLTE AOS CAMPOS DE REPOUSO, E REFLICTA.

EXAMINAREMOS DEPOIS O ASSUNTO COM A DEVIDA

ATENÇÃO.

EM SEGUIDA, O MINISTRO

FITOU-ME COMPASSIVAMENTE E

DISSE:

APROXIME-SE, MEU AMIGO!

Julho / Agosto / Setembro

A Libertação 15

Page 16: Boletim A Libertação 103

poderá adquirir diferentes Livros Espíritas, através

da Internet basta aceder a www.espiritodolivro.com “A perfeição (…) está nas reformas por que fizerdes – a nossa Livraria virtual –, registar-se e consultar o passar o vosso espírito. Dobrai-o, submetei-o, imenso catálogo que lá se encontra disponível, humilhai-o, mortificai-o: esse o meio de o tornardes fazendo as encomendas que desejar.dócil à vontade de Deus e o único de alcançardes a

Mas se gostava de ler uma determinada obra e, por perfeição.” (Kardec, Allan; “O Evangelho segundo

qualquer motivo, não a pode adquirir, relembramos o Espiritismo”, cap. XVII, item 11, segundo

a existência do serviço de Biblioteca da FEC para parágrafo).empréstimo, que lhe oferece uma lista variada de

títulos Espíritas, de diferentes autores, que poderá Apesar de todas as conquistas do Ser Humano,

requisitar e ler em sua casa.ainda nos é imprescindível rodearmo-nos da beleza

O importante é ler, escolhendo um autor Espírita, e da serenidade que a Natureza tão gentilmente nos

deixando-se apaixonar pela sua leitura!oferece, para nos deixarmos contagiar pelas suas

Que neste período de férias, mais sereno e calmo, energias revigorantes, tão benéficas para o nosso sem o ritmo apressado de horários e afazeres, este equilíbrio físico e espiritual.convite para leituras edificantes seja aceite por si.

É necessário interromper, momentaneamente, E, já com saudade e expectativa, contamos com a algumas tarefas desenvolvidas e dinamizadas ao sua presença nas diferentes actividades que serão longo dos últimos meses para desenvolvermos desenvolvidas no próximo Ano Lectivo. Até breve.outras tão importantes quanto aquelas. Acções que

envolvem outro tipo de trabalhos, que precisam de

mais tempo, de maior atenção, de mais calma.

Durante estes meses, todos nós, trabalhadores da

FEC, continuamos a estar presentes para concluir os

trabalhos que ficaram incompletos, para fazermos

reuniões onde se procede ao Teve lugar, no final deste ano lectivo, mais uma balanço do trabalho efectuado – Reunião de Pais, desta vez sobre o tema “As individualmente e enquanto grupo. primeiras lições de moral da infância”. Na base É neste período que determinados deste trabalho esteve um texto de Kardec, com o trabalhos são melhorados, revistos mesmo título, publicado em 1864, na Revista e organizados para que o próximo Espírita do mês de Fevereiro.Ano Lectivo possa recomeçar de No último dia de aulas os Evangelizadores DIJ forma harmoniosa.entregaram a todas as Crianças e Jovens um E, porque neste período de tempo o pequeno cartão, decorado ao gosto de cada um, com ritmo apressado dos nossos uma fotografia de todos os elementos da turma. horários modifica-se bastante, é Uma recordação para matar saudades durante os também este o momento ideal para meses em que as actividades desta Direcção serão nos dedicarmos mais à leitura de interrompidas!Obras Espíritas. Através de um

serviço que a FEC lhe oferece, 16 A Libertação

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Por: Paula Alcobia Graça

Por: Sílvia Almeida

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Encontra-se patente, no corredor principal da

FEC, uma exposição de trabalhos que os alunos do

DIJ (da Maternal até ao 2º Ciclo da Infância)

realizaram ao longo deste ano lectivo que agora

termina.

Finalizadas que são estas actividades, é tempo

agora de planificar e preparar o próximo ano

lectivo. Assim, os Monitores reuniram-se, no dia

20 de Junho, para fazer um balanço do ano que

findou, reflectir em conjunto sobre as actividades

desenvolvidas, encontrando soluções para o que

pode ser melhorado e apresentar sugestões para

futuros trabalhos.

solidário, o quanto é gratificante contribuir para

aliviar o sofrimento alheio.

É com esta preocupação que a Associação Auxílio

e Amizade está a lançar um novo projecto, ao qual

chamou “Campanha Ajudar + Faça de um pouco

muito mais!”.

Trata-se de uma campanha que visa Educar para a

Solidariedade. Desejando desenvolver mais o

nosso trabalho voluntário na sociedade, criámos

este projecto de trabalho com as Escolas, de forma

a ampliar o conceito de Apoio ao Próximo,

fazendo deste acto um exercício de cidadania ao

alcance de todos.

Os objectivos desta Campanha são:

- Divulgar o trabalho de acção social desenvolvido

pela AAA;

- Criar parcerias com as Escolas envolvendo

professores, alunos e encarregados de educação;

- Organizar e promover iniciativas, com crianças e Nos dias que vão correndo, assistimos a uma

jovens do ensino básico e secundário, integradas mudança da consciência colectiva face ao

na Área de Projecto ou Formação Cívica, tendo problema da pobreza, apelando cada vez mais à

em vista o reforço da componente Cidadania;solidariedade e à cooperação entre Instituições e

cidadãos, no sentido de encontrar as soluções - Promover o exercício da Cidadania através da

possíveis, a cada momento, para a sua erradicação prática da Solidariedade;

ou, quando tal não é possível, para minorar os - Canalizar recursos materiais para auxiliar as

efeitos mais nocivos à integridade física ou famílias carenciadas, contribuindo para a

psíquica daqueles que a sofrem. melhoria da sua qualidade de vida.

Governos, sociedade civil, instituições, A finalidade material desta Campanha consiste

perceberam que este tem de ser um trabalho de em angariar produtos alimentares, de higiene e

todos, tem de ser um esforço conjunto. Há espaço limpeza ou outros, para serem distribuídos pelas

para todos darem o seu contributo, para todos famílias assistidas pela AAA, mas pretendemos

trabalharem por uma sociedade mais justa e mais que o seu alcance seja muito maior e mais

solidária. duradouro. Queremos ajudar a lançar Sementes de

Estamos conscientes que este é um trabalho que Solidariedade ao deixar, em cada uma das crianças

tem de ser feito todos os dias, e sobretudo tem que e dos jovens que esta Campanha for capaz de

ser incentivado junto das crianças e dos jovens. tocar, o interesse, a preocupação de olhar à sua

Eles são o futuro, há que apostar neles para a volta, de perceberem que não são o centro do

transformação da sociedade e do mundo, há que mundo, que existem à sua volta outros seres

ajudá-los a descobrir o quanto é importante ser humanos que precisam da sua solidariedade.

A Libertação 17

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Ensiná-los que um pequeno gesto seu pode fazer Espiritualidade Maior, dado que é complexa a sua

toda a diferença na vida de outros menos estrutura espiritual e imensa a actividade

afortunados, e levá-los a incentivarem os desenvolvida pelos Benfeitores Espirituais.

familiares e os amigos a partilharem esse prazer de A Direcção Espiritual num Centro Espírita

saber ser Solidário. reveste-se, por excelência, desse papel

Contamos consigo para nos ajudar a divulgar esta consolador, através do qual se promove a

Campanha que, estamos certos, poderá ajudar a transformação moral do indivíduo com o

fazer a diferença na nossa sociedade. incentivo ao exercício da Caridade entre

encarnados e a desencarnados. Ao estabelecer uma

ponte entre os céus e a Terra, entre Benfeitores

Espirituais e trabalhadores espíritas, é por amor a

Jesus que apresenta um leque de opções de

aprendizado e de trabalho, no firme propósito de

auxiliar a todos os que, nos dois planos da Vida,

carecem de orientação e auxílio espiritual.Com a primeira edição de “O Livro dos Espíritos”, Fá-lo de modo a que todos os sofredores sintam a elaborada por Allan Kardec e publicada a 18 de harmonia, o carinho e a paz que o mundo espiritual Abril de 1857, surge na Terra o Espiritismo, tão generosamente nos oferece, para que Doutrina consoladora e esclarecedora – o consigamos ser Homens de Bem, capazes de Consolador Prometido por Jesus. E o Centro transformar as nossas provas e expiações em lutas Espírita – templo, hospital e escola – é o local onde redentoras, vivenciando a Doutrina Espírita, rumo as almas se encontram na procura de respostas e na à prometida felicidade que se alcança no Reino dos busca da espiritualidade; onde se realiza um Céus. trabalho sério e moralizador, entre os encarnados e

desencarnados que merece o cuidado da

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e do comspirito livro.

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