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Este editorial na verdade é uma obra de ficção. Foi estudado durante 3 meses, possibilidades de algo concreto, e temos agora, o conteúdo desta revista não é ficticio, tem seu respaldo real. Enquanto grupo, estamos felizes pelo nível do resutado que obtivemos, idependente de contra-tempo e dúvidas, pois no final foram ideias boas, sólidas e soadas. Nosso desejo final é poder contribuir positivamente com o leitor, passando informações, conhecimento e nosso maior alvo, a arte.

EDITORIAL

Obrigado, Revista Bold.

Bruno Matheus Daniela Oliveira Gabriel Barboza

Glauco CalilGilberto Quadrado Thiago Batata

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ÌNDICE

ARTE DO MÊSENTREVISTA /MARCELO TAS

OLHAR URBANO/ SÃO PAULO

MATÉRIA INFOGRÁFICO

PERFIL/ANDY WARHOL TOP 5 / TOP 10

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pag.26

pag.48

pag.66

pag.17

pag.38

pag.58

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ARTE DO MÊS

ESPECIAL TATUADORESChaim Machlev / Amanda Wachob

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Músico, fotógrafo e tatuador, o isrraelense Chaim Machlev tem surpriendido os fãs das agulhas e apreciadores de arte com seu trabalho espetacular, que consiste em tatuagens de linhas geo-

metricamente naturais, o resultado é inacreditável.

O SURREALISMO CORPORAL

Chaim Machlev é conhecido no mundo da tatuagem como Dots to Lines, pontos para linhas. O artista cria gritantes tatuagens geométricas em tinta preta que são intrigantes e nítidas ao mes-mo tempo. Chaim fez sua primeira tatuagem aos 29 anos e durante o procedimento aconteceu algo dentro dele que o fez mudar para sempre, quer di-zer, algo significativo aconteceu quando parou para pensar o quão forte era colocar a sua confiança em alguém que você acabou de conhecer. Como algo tão profundo deixando o seu ego para trás seguido por um processo de auto-cura usando a arte. De-pois de ter passado pelo procedimento, ele decidiu dedicar a sua vida a entender o que exatamente aconteceu naquela pequena sala, e como ela tinha chegado a ter um efeito tão profundo em sua vida. Chaim encontrou na arte de tatuar algo forte que foi descoberto e chamou sua atenção o que o fazia

Ele mudou-se de Israel e começou a sua nova vida como tatuador, pois ele percebeu que não haveria nenhuma maneira que ele pudesse apren-

der tatuagem no Israel, e por isso viajou para a capital da Alemanha, Berlim. Deixou seu traba-lho de gerente de atendimento em uma famosa empresa de TI onde estava trabalhando 14 horas por dia e era altamente remunerado. Ninguém entendia a sua decisão mas ele estava realmente disposto e destinado a fazer, confiou tanto nisso que vendeu tudo o que tinha para que pudesse financiar essa chance. Deixou uma vida de luxo e se viu chegando em Berlim com nada além de um pequeno saco nas costas e um grande so-nho. A primeira coisa que fez foi marcar todos os estúdios de tatuagem no mapa e começar a visitar cada um deles, conheceu muitas pessoas e uma ocasião especial que acabou por ter um significado real foi quando conheceu um casal. Eles lhe deram um lugar no seu estúdio para ser um aprendiz e aprender através da observação estúdio onde ele continua a tatuando até hoje. Seus projetos se baseiam na forma do corpo do cliente, eles se reúnem e Chaim pergunta o que o cliente exatamente deseja expressar, então ele

querer aprender mais e mais.

observa o local do corpo onde vai tatuar e tenta criar algo que expresse o que deseja e ao mesmo tempo seja harmonioso com o corpo, então é preciso muita confiança para ser tatuado por Chaim. Suas tatuagens são baseadas em pontos e linhas, utili-zando bastante preto e as vezes usa um pouco de vermelho mas

Seu processo artístico envolve muitos aspectos, Chaim é um artista de mão cheia que dedica seu dia ao cliente e mergu-lha ao colocar em arte o interior de cada um. O artista quase não têm contato com outros tatuadores. “Acho que a melhor maneira para eu criar projetos interessantes é apenas parar, e olhar para dentro. Todos os pontos e todas as linhas estão lá . E todas as res-postas estão na natureza. Por exemplo, se você cortar uma laranja ao meio você tem uma mandala perfeita. Flocos de neve, fractais, está tudo lá… você só tem que aprender a olhar, e, infelizmente, observando essas coisas é algo que você não aprende na escola. Você apenas tem que abrir os olhos …” – Chaim xxXXXxxxxxxxx

pouco de vermelho mas apenas para harmonizar com o preto.

/ Por Anne

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O OLHAR

PRE-CIO-

SO DA ARTE

Amanda Wachob tinha acabado de se for-mar e não tinha ideia do que queria fazer com o diploma de fotografia, mas por incentivo de ami-gos ela se tornou uma aprendiz de tatuagem e en-controu uma maneira incomum de colocar e usar sua arte. “Assim que eu aprendi a tatuar fiquei ob-cecada por isso”. Amanda começou a tatuar em 1998, na região do Vale do Hudson, em Nova York. Ela faz o impossível com a tinta de tatuagem; suas obras são impecavelmente parecidas com pinturas reais, retratos abstratos bem semelhantes a pin-turas em tela que parecem aquarela e tinta a óleo aplicadas diretamente ao corpo sem uma agulha. Amanda possui um portfólio extenso, com traba-lhos conceituais que exploram diversos temas, do abstrato ao moderno. Quando nos referimos a ta-tuagens originais e de estilo próprio, não é de se

espantar que muitos considerem Amanda como uma das artistas mais criativas. Ela vem para con-firmar que o corpo é sua tela em branco e em suas “pinturas” não existem limites. O que mais me impressiona em seu trabalho são a perfeição e as cores vivas de suas pinceladas e pingos de tintas, como vocês podem conferir a seguir. xxxxxxxxx A artista também desenvolveu um estilo específico de tatuar chamado “bloodline tattoo”: são linhas não permanentes, feitas com água des-tilada. Com o tempo, a tatuagem acaba desapare-cendo, já que o corpo absorve a marca, o signifi-cado e sua energia, quase como uma espécie de ritual. É uma bela ideia e seria uma forma mui-to interessante de experimentar usando o corpo como uma tela. Acompanhe recente entrvista que ela cedeu uma entrevista para o site “inked mag“.

Em que ano você começou a tatuar?1998.

Como você começou a tatuar?Eu tinha um amigo que trabalhava em um es-

túdio de tatuagem, e sugeriu que eu falasse com os proprietários, porque eles estavam à procura

de um aprendiz. Eu tinha acabado de me formar na escola de arte e não tinha ideia do que eu ia

fazer com todos os meus anos em fotografia. A princípio experimenta algo novo era loucura, me

envolver com qualquer coisa relacionada com a arte, mas eu me encontrei com eles e aprendi

bastante. Assim que eu comecei, tudo aquilo virou um vício.

Onde você estudou arte?Na região do vale de Hudson de Nova York.

Você tem alguma formação específi-ca?

Dez anos de formação violino clássico, o método Suzuki!

Já trabalho em convenções? Quais são algumas das suas melhores lem-

branças de convenções?Sim, eu fui á Londres, Milão e aqui em Nova

York, várias vezes. Minha melhor memória de convenção, foi assistir meu amigo Big Steve da

‘Sorte Diamante Rico’ em Londres.

Como você descreveria o seu estilo?Não Convencional.

O que o diferencia de outros artistas?Não estamos todos juntos nessa? (risos)

O que inspira você como artista?Museus, exposições de arte, livros, meus amigos

criativos, que vive em Nova York, e maneiras no-vas e radicais do pensamento.

Que outros meios que você trabalha?É tudo relacionadas com a tatuagem, mas para

mim não é o bastante. Tatuar tela, frutas, couro, etc... Quero expandir a idéia do que uma tatua-

gem pode ser. É minha intenção de empurrar os limites.

Me fale dos artistas de tatuagem que você mais admira?

George Burchett, Ed Hardy, e Cynthia Witkin.

Que tipo de tatuagens que passa pela sua cabeça?

Qualquer coisa estranha e incomum, algo que eu não tenha feito um milhão de vezes. Eu amo

quando alguém vai vir para mim e pedir um design semelhante a um que eu colocar em couro ou lona. Geralmente me pedem para fazer traba-

lhos de cores, mas eu realmente amo fazer preto e cinza. É tão relaxante para tatuagem com apenas

uma tinta, ao invés de 10.

Antes que alguém faz uma tatuagem, que conselho você dá a eles?

Não escolha ‘este ou aquele’ por ser bonitinho, procure a história daquilo, sinta a arte, há menos

probabilidade de se arrepender mais tarde.

Sobre Amanda, ser chamada de artista faz todo o sentido, uma vez que ela usa a pele das pessoas como uma grande tela para seus trabalhos poderosos, detalhes inpecavéis, curvas sinuosas...Amanda.

Por Anne

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ENTREVISTA CARAECA DE SABER

Aeronáutica? Se não fosse por sua ousadia Marcelo Tas quase foi por este caminho; fez também cursos de en-genheiro, havia grande chance de Tas, não pertencer à mídia comunicativa. Logo percebeu que sua reali-zação não estava nem em uma coisa nem em outra. Arriscou o jornalismo, o teatro, o vídeo. Descobriu que não havia profissão para seu talento e inventou um ca-minho próprio para se tornar comunicador. Nasceu, en-tão, Ernesto Varela, meio repórter, meio palhaço, que mudou o jeito Brasileiro de fazer TV. Depois de surfar pri-meiro na onda da internet, Tas atualmente domina a televisão com CQC, à frente dos herdeiros de Varela. A ideia é oferecer outra vez um produto escasso na TV: ousadia.

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VOCÊ É O CHATO DO PROGRAMA, VIROU O CID MOREIRA...

Fico falando “Pára”, “Atende”, uma espécie de Professor Ti-búrcio [do Castelo Rá-Tim-Bum] do jornalismo [risos]. E estou descobrindo o quanto essa função é difícil... Aí, para o time, foram arregimentados outros nomes, repórteres, ato-

res, gente que veio do stand-up comedy.

QUE É FORTE NO BRASIL HOJE... Esta é a novidade: a força da palavra. Nunca entendi por que o stand-up comedy não vingava no Brasil. Assim como não entendia por que não tínhamos um CQC. Estava preparado pra fazer o CQC desde os anos 80 [risos]. Essa bola estava quicando na área e ninguém chutava. Num país que você tem tanto problema de produção, só um cara e um microfo-

ne, com histórias loucas e opinião, é tão fácil...

ACHA QUE OS ESPECTADORES SENTEM FALTA DE OPINIÃO?

De opinião com qualidade. Está sendo oferecida muita in-formação empacotada, bonitinha, mas na hora da opinião

tem pouca ousadia. Essa é uma palavra-chave hoje.

VERDADE... HOJE TEM MUITOS CAIOS [CAIO RI-BEIRO, EX-JOGADOR DO SÃO PAULO, COMENTA-RISTA DE FUTEBOL NA GLOBO] E POUCOS CARAS COMO O NETO [EX-JOGADOR DO CORINTHIANS, COMENTARISTA DA BAND], UM CARA MEIO DES-TRAMBELHADO, MAS QUE DE VEZ EM QUANDO

MANDA UNS ACERTOS GENIAIS... Exatamente! Tem poucos Netos no Brasil. Ele é um cara en-graçadíssimo, espontâneo, o que é raro. Talvez porque exista pouco espaço pra esse tipo de ousadia. Nos EUA, na Ingla-terra, existe esse tipo de opinião aguda, programas de alta

qualidade e populares...

COMO É QUE TE APARECEU ESSE CQC? Olha, caiu no meu colo, do céu. Conheci os caras do CQC na década de 90 – estavam come-çando na Argentina e participamos de um debate em Buenos Aires sobre TV. Eles conheciam o Ernesto Varela, trocamos fitas VHS na época e eu os acompanhei, fiquei fã. Quando a Elisa-betta [Zenatti, diretora artística da Band] me chamou em janeiro, achei que fosse sondagem. Fui lá, ela jogou: “Conhece o CQC?”. E eu: “Há dez anos!”. E ela abriu a porta e disse: “Espera aí que você vai ver que é verdade”. Aí entrou o diretor do CQC, levei um susto... e percebi que eles já estavam com o programa pronto pra estrear, em março. E eu tinha uma viagem pra China de dez dias, ainda ia cobrir o Carnaval de Salvador pro UOL, foi uma correria... Mas me atirei. Justamente porque o CQC é uma extensão de várias coisas que já fiz. Só que meu papel lá eu

nunca havia feito: o de âncora. “QUANDO VOCÊ CONSEGUE EJETAR HUMOR NUMA COISA SÉRIA, EU ACREDITO QUE A NOSSA MENSA-GEM PASSA DE UMA MANEIRA MAIS FORTE AINDA.”

O DAVID LETTERMAN [APRESENTADOR DO TALK SHOW DIÁRIO THE LATE SHOW WITH DAVID LETTERMAN, NO CANAL NORTE--AMERICANO CBS] É UM CARA QUE TEM

UMA TRADIÇÃO EM SER INCISIVO... E chegou ao topo, né? Começou lá na madruga-da. O Letterman eu acompanho desde 1985, da primeira vez que viajei pra Nova York. Entrava no ar à uma da manhã, era um Perdidos na noite. Que aconteceu? Foi assimilado sem perder a ou-sadia. No Brasil a ousadia precisa ser domestica-

da pra entrar.

SERÁ NOSSO CARÁTER CORDIAL? Não, não. É burrice empresarial. Pra mim é muito claro, porque o público quer ousadia. Tem outro componente que a gente não pode se esquecer: a maior parte das concessões de TV no Brasil, especialmente fora da matriz das emissoras principais, está nas mãos de políticos. Você sai de São Paulo, Rio e Rio Grande do Sul, tudo nas mãos de políticos. Na Bahia, no Mara-nhão, a TV e o principal jornal estão nas mãos da mesma família há 40 anos. Pra que o cara

quer ousadia naquela vida mansa?

VOLTANDO AO NETO... NO CLÁSSICO CONTRA O SÃO PAULO, O VALDIVIA FEZ UM GOL E SAIU TIRANDO ONDA, COMO

SE TIVESSE ACABADO O JOGO. Aí partiram pra cima dele. O Neto defendeu: “O cara não pode dar uma zoadinha?”. Este é um óti-mo exemplo de alguém que representa um mun-do photoshopado: o Rogério Ceni [risos]. É um cara que tomou um frango na semifinal e falou: “O problema é a bola...”. Ele tem que estar certo até quando leva um frango! É um grande goleiro, mas levou um frangaço, afundou o time. Acon-tece. Eu acho um horror essa sociedade que quer

tudo bonitinho...

MAS POR QUE OUSADIA É TÃO RARA NA TV BRASILEIRA?

A gente conversou há uns três anos, você estava encantado com o Pânico... De lá pra cá, o que apareceu de novo? Olha, com o CQC isso está mudando [risos]. Eu não estava com saco de ver TV aberta. Todo mundo joga na defesa. O Casse-ta & Planeta foi um programa ousado, e tem mais

de 10 anos! É uma loucura.

O CQC GIRA NUM EIXO QUE ESTÁ NA SUA CARREIRA, CHOCAR O JORNALISMO COM A FICÇÃO – DE CERTA MANEIRA, É

O EIXO DO BIG BROTHER...

Eis uma boa chance pra falar: o Big Brother faz sucesso porque é uma ótima idéia. Esse atrito me interessa: realidade e ficção. Gera o quê? O inusi-tado, que não se vê na novela. A novela está abai-xo do Big Brother. Todas com o mesmo cenário...

TALVEZ ESTEJAMOS DENTRO DE UMA NO-VELA...

Talvez tenha alguém filmando nossa conversa pra botar na novela das oito. Todas as novelas pode-riam ser filmadas na Tok&Stok! E estamos num país que em cada lugar a luz é diferente... O sota-que nem se fala! Com todo o respeito pelos meus colegas, o pessoal perdeu a mão. Os roteiristas de novelas estão cansados, é uma coisa muito bro-cha. O Big Brother revelou que o texto da Ritinha conversando com não sei quenzinha, a Thammy ou a Jéssica, é melhor que o texto daquele cara

que ganha 250 paus por mês.

QUANDO VOCÊ SE VÊ RETROSPECTIVA-MENTE DESDE O TEMPO DA AERONÁU-TICA, PASSANDO POR POLI, ECA, TV, INTERNET, TEATRO, JORNALISMO, ACHA QUE TINHA ALGUMA VOCAÇÃO EM FOCO OU FOI ENCONTRANDO NO MEIO

DO CAMINHO? Meu estilo é muito sensorial. Sensitivo, espiritual,

mediúnico, inconsciente...

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SEMPRE FOI ASSIM, MOVIDO A DIVERSÃO?

Só posso te falar isso agora porque eu estou com 48 anos. Foi uma ficha que me caiu não faz muito tempo. Quando estava na Aeronáutica ou na Poli [Escola Politécnica da USP/SP], faculdade de pri-meiríssimo time, chegou uma hora que comecei a ficar infeliz. Pô, não pago pra estudar, campus sensacional, com uma piscina maravilhosa, por que estou infeliz? Aí fui escrever no jornalzinho da faculdade, virei editor e prestei vestibular pra ECA [Escola de Comunicação e Artes da USP/SP]. Na ECA também achei uma enrolação, aque-las aulas de sociologia, semiótica: “Vou ficar aqui quatro anos estudando isso?”. Encontrei grupos de teatro, de vídeo e descobri o maior tesão – igual agora estou com o maior tesão de fazer TV

aberta de novo.

VOCÊ É PROCURADO PELOS JOVENS PARA FALAR SOBRE VOCAÇÃO?

Muito! “Tas, entendo tudo isso que você fala no seu blog, gosto do programa, mas estou aqui em Tocantins, meu velho, como vou fazer isso aí?” Aí você tem que falar pra essa molecada que a vida é igual a uma cebola: você arranca uma casca e de-pois outra. Eu descobri que deveria fazer o CQC lá em Ituverava, quando me juntei a certo tipo de amigos... Aqueles amigos me levaram a outra coi-sa, que me levou pra outra. Tem gente que quer dar saltos triplos: “Você não pode me apresentar alguém na Bandeirantes ou no UOL?”. Não é as-sim. Sua vida vai mudar de acordo com a pessoa que está sentada em sua frente ou ao seu lado, sua namorada, seu amigo, alguém que você esbarra na rua, não é um telefonema pra Nova York que vai ajudar. Você tem de estar ligado no presente – coisa que a gente não consegue. O mundo hoje nos impede de viver o presente, a gente está sem-

pre muito acelerado.

UMA VEZ VOCÊ ME DISSE QUE A GENTE ESTÁ SEMPRE ANGUSTIADO COM O

PASSADO E ANSIOSO COM O FUTURO... E não está no único lugar onde a vida pode mu-dar: o presente. Escutei isso de uma mestra hin-duísta de meditação, filosofia que pratico há uns

15 anos. É uma linha de meditação que se chama siddha yoga. Essa mestra, a Gurumayi Chidvila-sananda, que vive num ashram ao norte de Nova York, foi aluna do Baba Muktananda, o cara que trouxe a siddha yoga para o Ocidente nos anos

70.E A HATTA YOGA, QUE VOCÊ PRATICA?

É pro corpo, tem exercícios físicos de respiração. Siddha é uma filosofia, uma linhagem de conhe-cimento que vai lá pro fundão da Índia, o Maha-bharata, a literatura dos Upanixades, os livros sagrados que existem há milênios. A beleza do hinduísmo é que não tem uma bíblia, um alcorão, uma única corrente a seguir. Isso me incomoda. E eu fui criado na Igreja Católica. Felizmente, des-

cobri a meditação no início dos anos 90.

VOCÊ DESLIGA ALGUMA HORA DO DIA? Sim. Desligo uma hora do dia e me ligo no pre-sente [risos]. O único objetivo da meditação é acalmar a mente. Existem várias técnicas: a mais simples é prestar atenção na respiração. Se você passar cinco minutos só fazendo isso, vai ser mais

feliz.

TODO DIA? Sim. Minha disciplina é irregular. Atualmente, faço logo quando acordo. Ninguém me tira dali, nenhum telefonema, e como eu tenho me acor-

dado cedo isso tem sido fácil.

Muito cedo? Sou obrigado. Tenho filhos, uma menina de 2, muito agitada, a Clarisse, e um de 6, um gentle-man, muito tranqüilo, o Miguel. E tenho uma fi-lha de 19, já fazendo direito na PUC do Rio. E acordo cedo pois tenho muitas coisas pra cuidar durante o dia, além de outros pepinos profissio-

nais. Nunca passo das 8h.

ENTÃO NÃO TEM LIGAÇÃO COM A BOEMIA?

Pior é que tenho! A boemia está no meu DNA, é uma das coisas boas do interior de São Paulo. Gosto de sair com amigos, beber e conversar. Mas tenho feito cada vez menos. Tenho grandes ami-gos... o Alfred Bilyk, o Pedro Cardoso, o Hugo

Barreto, o Henrique Goldman, o Fernando Mei-relles... A gente se fala muito, em momentos delicados. O Fernando tem uma vida agitada, a gente não se encontra com freqüência, mas no e-mail conversamos bastante. E tomamos sauna de vez em quando. Só nós dois. Ficamos umas três horas conversando, mesmo com todo esse barulho que circunda nossas vidas, sobre coi-sas mais profundas – porque é uma dificuldade sentar com um amigo e não encher o saco dele

falando de grana, trabalho ou mídia...

AÍ NÃO SE FALA DE NADA IMPORTANTE, NÉ?

Exatamente. Não falar das coisas importantes, aquele assuntinho, né? A morte. E a vida e o que fazemos nesse curto espaço de tempo que daqui

a pouco vai acabar.

ISSO TE INCOMODA MUITO? Não incomoda, mas me move. Toda vez que alguma coisa começa a ficar muito importan-te, algo que eu iria ganhar uma grana ou poder ou ia me deixar bem na foto, relativizo. É difícil você se colocar na condição de mortal: o mais comum é ser imortal como José Sarney, acima do bem e do mal [risos]. Desde criança eu te-nho essa inquietação... Como é que a gente pode estar aqui comendo uma picanha na Via Láctea enquanto tem tantas outras galáxias por aí e a gente não sabe porra nenhuma do que aconte-ce? Aliás, todo jornal devia vir todo dia com a manchete: “A gente não sabe nada do que está acontecendo”. Aí o trabalho, quer dizer, a arte, o teatro, o cinema são lugares em que você se aproxima um pouco dessa busca pela verdade... algo se encaixa no corpo, igual depois que você

sai de uma acupuntura.

SOBRE O BRASIL, O QUE PODERIA ESTAR NA BANDEIRA, EM VEZ DE “ORDEM E

PROGRESSO”?Querer ajudar e ser bonzinho não funciona. A gente vive num país tão desigual que não adianta dar esmola. Você tem que pertencer ao país. Se blindar é dinheiro jogado fora. Tem que ir à rua, se relacionar, tentar entender lá por que é que

você é assaltado na Faria Lima!

JÁ FOI ASSALTADO? Vivenciei alguns episódios. Morei em Copacaba-na, né? [Risos.] Oito anos. Tiro em Copacabana é coisa cotidiana. Convivi com essa guerra civil em várias etapas da minha vida. Mas nunca fui assal-tado diretamente. A gente tem que andar dentro de um ecossistema, entendendo os códigos. Eu às vezes tenho uma intuição de que vale a pena en-trar num lugar, mesmo que seja perigoso, e vou…

E EM SORTE, VOCÊ ACREDITA? Claro! Claro que sim, porque, para mim, tem a ver com sensibilidade e às vezes sorte significa você entender sinais que parecem de azar, né? Tem dia que acontecem umas coisas, você diz: “Porra! Hoje acordei com o pé esquerdo”. E não: pode ser que ali tenha alguma coisa que te indi-que que seus planos merecem uma outra olhada. Nesse sentido eu gosto de pensar em sorte. Nun-ca joguei na loteria. Olho e falo: “Deixa ver para onde meu pé esquerdo quer me levar”. Se você

ficar batendo no direito, pode se dar mal; é sótentar entender os sinais…

HEIN? Sabe a cena do cara com a espada, no Caçadores da arca perdida? A história dessa cena é um apren-dizado pra minha vida. Naquele programa Inside the Actors Studio, perguntaram: “Spielberg, o que mais te aborrece numa filmagem?”. Ele: “A não--existência do acaso”. Porque o Spielberg chegou a um nível em que não acontece mais acaso. To-dos os planos estão feitos. Aí ele falou: “Sou louco para acontecer um acaso: o acaso me obriga a ser criativo”. Aí está lá preparando a cena mais cara do filme, uma feira no deserto, 2 mil figurantes, todo mundo maquiado e tal, e o Indiana ia lutar com 200 neguinhos, derrubar, quebrar, pular... Toca o telefone do Spielberg: “Mister Ford está com febre e não vai filmar”. E o produtor: “Não! Porra! Caralho! A cena mais cara do filme!”. E o Spielberg: “Peraí!”. Adorou esse negócio, né? “Deixa eu pensar.” Ficou matutando, falou: “Pô! Mas eu tinha que fazer uma cena em que o cara ia lutar com 200 caras até ele matar um sujeito que faz mil coisas com as espadas... E se ele tirar o revólver e ‘pá?!’”. Ele ligou pro Harrison: “Quanto tempo você fica de pé?”. “Quinze minutos.” Aí fi-

zeram a cena... que antes não existia.

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E É A CENA QUE TODO MUNDO LEMBRA QUANDO FALA DO FILME. ISSO PARA MIM

É SORTE. É você entender um sinal e ser criativo. Não lutar contra a onda. Essa onda é maior que nossos dese-jos. Se não respeitar, vive frustrado. E muito amigo talentoso fica chorão. Muito triste isso. Esse deve ser o lampejo do artista. É onde se situam os meus ído-los: o Millôr Fernandes, sabe? Ele tira um sarro dele mesmo. Ele não pediu grana pelos malefícios da di-tadura... Pelo contrário, disse: “Então não era ideolo-gia! Era um investimento!” [risos]. Essa é outra coisa que me deixa mais otimista. Sinto uma generosidade maior na molecada de hoje do que na turminha dos anos 60. Não sei se é por causa das comunidades, que desde criança as pessoas já se relacionam, com-partilham conhecimento... não têm essa avareza do “aqui é a turma da tropicália, aqui é a turma da bossa nova, aqui é do rock, do cinema…”. É uma geração enorme que está sendo formada desse jeito, mais li-

vre, mais generosa. Acredito mesmo!

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OLHAR URBANO

SÃO PAULO

“Especial Monumentos: A história em preto e branco”

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São Paulo, és chamarisco, com certeza!Filhos postiços te conhecem bem.És berço do trabalho, és fortaleza.

Mas para erguer-te vêm povos d´além.

E esperançosos de encontrar riquezaDe todos os recantos eles vêm.Insistem na labuta com firmeza

se querem conquistar algum vintém.

E o esforço em bloco é que te faz enorme.São Paulo, és a cidade que não dorme.

Embora tenhas na alma um peito de aço.

Na condição de irmão hospitaleiro abrigas com carinho lisonjeiro

o mundo inteiro; sob teu regaço.

SÃO PAULO Analice Feitoza de Lima

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Esculturas:1 | Monumento à Independência do Brasil Autor Ettore Ximenes, Manfredo Manfredi, 1884

2 | Monumento a Duque de CaxiasAutor Victor Brecheret, 1960

3 | Fonte dos Desejos - Glória Autor Luis Brizzolara, 1922

4 | Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32Autor Galileo Ugo Emendabili, 1970

5 | Glória Imortal aos Fundadores de São PauloAutor Amadeo Zani, 1913

6 | Monumento às BandeirasAutor Victor Brecheret, 1954

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MATÉRIA I

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CASTELO RÁ-TIM-BUM

Por dentro de uma pequena criança, há sem-pre um grande castelo. Uma palavra a ser des-coberta ou uma nova mágica a ser inventada. Dentro de uma criança, o lúdico é realçado e a inteligência aguçada em tons de rima e jo-gos de adivinhação. O Castelo Rá-Tim-Bum, série que marcou a geração infantil dos anos 90, apenas tomou consciência disso e bateu em nossas casas, fazendo uma simples e ami-

gável pergunta: posso brincar?!

Só é adulto quem já foi criança - e crescido quem já foi pequeno. Eis um fato que não podemos negar; antes de sermos donos do nosso próprio nariz – ou chafariz - um dia já nos divertimos com um rápido lavar de mãos. E podemos confessar, sem vergonha alguma, nossa mais autêntica e convicta ingenuidade ao ter respondido em voz alta o personagem maquiado do outro lado da televi-são.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx As imagens vividas na própria infância, podem ser sentidas e guardadas somente por quem as viveu. E por essa clara razão, é tido a cada um a medida exata da-quelas que mais marcaram. Ninguém melhor para reco-nhecer a textura e o cheiro que exalam; e ninguém mais apto para saber - sem se enganar - quais despertam uma sensação única ao serem “tocadas”.xxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Resgatar essas lembranças é, sem dúvida, uma atividade inteiramente particular, e palavras se tornam insustentáveis para explicar seu rico valor subjetivo . Mas, mesmo assim, ainda é possível encontrar um traço homogêneo, que liga gerações e gerações numa espécie de memória coletiva. Esse traço, precisamente no ano de 1994, teve um toque especial com a série in-fantil Castelo Rá-Tim-Bum, que soube reunir num só lugar: sonhos, magia e - principalmente - educação.

Apesar de ser um grande desafio, a inserção do método educativo no meio televisivo não foi uma combinação considerada nova para a época, visto que produções como O Sítio do Pica-Pau Amarelo (tele-teatro em 1951 e telenovela em 1977) e Vila Sésamo (1972)) – adaptação tupiniquim do influente nortee-ricano ) – adaptaçudo influente norte-americano xx

Sesame Street (1969) – já haviam servido como fonte de conteúdo e pesquisa para posteriores cria-ções. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Castelo Rá-Tim-Bum, nosso objeto de “apreciação”, recebeu inspiração direta de outros programas já realizados pela emissora de onde surgiu: a TV Cultura; que havia nos presenteado alguns anos antes com Rá-Tim-Bum (1990) e tam-bém Mundo da Lua (1991). Sua idealização veio do dramaturgo Flávio de Souza e do diretor Cao Hamburger (O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias e Xingú), ambos nascidos em São Paulo. Daí um dos fatores para situá-lo entre edifícios - que

é uma imagem bem mais próxima do público - e não em uma sombria montanha. A primeira intenção, foi a de integrá-lo no cogitado projeto denominado Rá-Tim-Bum II, e se restringia a um curto trecho pedagógico, que seria apresen-tado pelo personagem Doutor Victor. Mas, assim como o oceâno não pode ser engarrafado, os ele-mentos adicionados a esse possível possível qua-dro não cabiam numa duração tão breve. Logo, se fez necessário sua ampliação, para dar luz a outro “invento”, que acabou por ganhar corpo no extenso material de 90 episódios.xxxxxxxxxxxxx

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Para uma criança tudo é tocável, quando não pelas mãos, pelos olhos. E nesse sentido, o cenário do castelo é um prato cheio para se admirar. Passa-gens secretas, objetos tomados de cores que che-gam a saltitar e móveis desenhados sinuosamente, convidam a todo instante o espectador de primeira viagem - e até o mais experiente - a mergulhar nos mistérios da história. Sua arquitetura, não menos enigmática, traz o ar de Antoni Gaudí (1852-1926), brilhante personalidade que se inspirava pela infini-ta estética da natureza.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx A força do enredo, por sua vez, é distribuí-da entre a peculiaridade e trejeito de certos perso-nagens, que se alternam em cada capítulo. Alguns através de curtos blocos que se encaixam durante o desenrolar de ações e outros que interagem direta-mente com os habitantes do castelo.xxxxxxxxxxxx O centralizador de tudo e todos é o apren-diz de feiticeiro, de 300 anos, chamado Antonino Stradivarius Victorius II, popularmente conhecido como Nino - que por via de curiosidade, possui um sobrenome muito semelhante ao do famoso luthier italiano Antonio Stradivari (1644-1737), que viveu

há mais de três séculos e jamais teve o segredo das suas técnicas de construção totalmente des-

vendadas.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Interpretado pelo ator adulto, Cássio Sca-pin, Nino nunca frequentou uma escola, devido a idade nada comum que possui, e por isso, sente--se solitário sem ninguém para brincar. Até o dia que, por meio de uma magia aprendida com o tio, consegue atrair para o castelo aqueles que seriam seus queridos amigos e fiéis companheiros de aventura: Pedro, Biba e Zeca.xxxxxxxxxxxxxxxx Tal encontro, foi o pontapé inicial para a exploração de um vasto universo, que harmo-nizava o que de melhor existe na educação sa-dia com o que tem de mais legal na curiosidade envolvente do aprendizado. Seu diferencial, ali-ás, não estava somente no inerente teor lúdico, mas sim, na sutil tentativa de descobrir a linha tênue entre realidade e conto de fadas.xxxxxxx-xO castelo tratou de quase tudo - considerando esse “tudo”, a lacuna preenchida deliberadamente pela imaginação de uma criança. Tratou da higie-ne pessoal à relações familiares, da matemática e

português à história, geografia e ciências. Quando menos se percebia, num “passe de mági-ca”, todos os personagens se articulavam em cima do assunto da vez. E contribuíam não apenas para o aspecto cognitivo, mas também no caráter esté-tico que agregava à personalidade daqueles que os assistiam.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxTia Morgana e Tio Victor levavam sabedoria e ordem, respectivamente. Morgana, com seus im-pressiontes 6 mil anos, conseguia abarcar boa par-te dos acontecimentos da humanidade, relatando, por exemplo, conversas tidas com Salvador Dalí e Freud; ou então, descrevendo eventos que esta-va presente, como nos bailes do rei Luís XIV, na França. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Já o Tio Victor, com 3 mil anos, estabelecia as responsabilidades do sobrinho, proibindo-o de fuçar em suas coisas, quando saia para trabalhar. E sua furia, em determinados momentos, evocava em voz alta os “raios e trovões”, que chegavam a re-fletir no vidro das janelas.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx As charadas aos visitantes eram elabora-das pelo porteiro, um ser de lata azul, com chapéu amarelo e nariz de palhaço. Que somente permitia a passagem pela porta principal se as mesmas fos-sem solucionadas, dizendo sua onomatopéica fra-se - “Plift, ploft, still, a porta se abriu!”. O alvo, na maiorioria das vezes, era o animado trio formado por Pedro, Biba e Zeca. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Juntando-se ao Nino, os três criavam o elo afetivo dentro do castelo. Tanto é, que em diversas ocasiões, todos podiam colaborar na construção de uma ideia ou proposta de brincadeira. Pedro sempre sugestivo e Biba, a mais responsável da turma, tinham idade escolar muito próximas. Zeca, caçula e sapeca, também era responsável, mas pelas chamadas do quadro “Porque sim, não é resposta!”; que além de instigar a busca pela com-preensão de certas coisas - como a causa do pen-samento - trazia o hoje apresentador de televisão Marcelo Tas, no papel de Telekid. xxxxxxxxxxxxxxNino, quando não inventava o que já existia, mon-tava aparelhos no mínimo curiosos, como no dia em que fez a “matemáquina”. Instrumento tecno-lógico com função de operar cálculos matemá-ticos em objetos reais, incluindo, por exemplo, a

acidental duplicação do extraterrestre Etevaldo

interpretado pelo ator Wagner Bello, que devi-do uma fatalidade maior que essa, a AIDS, veio a falescer no período de gravação. A decorrente explicação dentro do castelo para essa ausência, foi a sua mudança para um longínquo planeta.

A delicadeza como eram conduzidas tais mensa-gens, fazia-se visível na figura do mau, represen-tado por um indivíduo que só fala “abobrinhas”: o vilão Pompeu Pompilho Pomposo, ou melhor, o próprio Doutor Abobrinha - que foi cortejado com o apelido após sua primeira aparição, onde perdeu a voz depois de um feitiço proferido por Morgana. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Suas tramóias, literalmente aparatadas dos pés a cabeça, sempre caiam por água abaixo quando alguém puxava parte do disfarce. A reve-lação de sua falsidade alegórica, por fim, atestava a inevitável derrocada da ganância pelo poder e a inútil tentativa de ludibriar os moradores - ou qualquer pessoa que seja.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Os encanamentos do castelo também era ocupado por outro Mau, que corria entre eles fa-zendo um estrondoso barulho, anunciando sua vinda com o repetido - “Tô chegando”. Mas a bem da verdade, é que o bichano de pelos roxos e unhas grotescas carregava apenas o título de mal-vado, pois frequentemente recebia a intervenção de Godofredo, seu companheiro, nas histórias que nada tinham de “horripilantes”, visto que ele jamais conseguia realizar o que tinha planejado - inclusive, fazia o contrário, pois acabava ajudan-do aqueles que seriam seu alvo. Como prova de sua indignação, desafiava os telespectadores num trava-línguas, dos quais teriam de acertar para não ouvir sua temida “gargalhada fatal”. xxxxxxx O leque de figuras existentes no castelo era análogo ao de um saco de brinquedos e do-ces sortidos, onde independente do que se puxa-va, uma bonita surpresa aparecia. Ora tínhamos um agitado entregador de pizzas, com nome de instrumento musical, o Bongô; ora aprendíamos sobre o universo físico com um, ou melhor, dois cientistas muito peraltas que se confundiam na apresentação inicial de quem era quem, o Tíbio e o Perônio.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

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Da tradição folclórica às lentes da mídia, o Castelo Rá-Tim-Bum recebia o brilho dos visitantes, que literalmente traziam mais cor para enfeitá-lo. Com uma grande juba vermelha, reconhecia-se rápido a performática Caipora, que surgia cortando o vento no mais leve assobiar que escutasse. E a chocante peruca rosa não deixava dúvidas, era a Penélope esbanjando charme, procurando mais um “furo de reportagem” para colocar no seu telejornal. xxxxxxNo grupo de animais falantes havia a reclamo-na cobra Celeste, que sonhava mais do que tudo possuir asas para ser livre - inclusive, em um ca-pítulo intitulado “Sonhos”, ela chega ao ponto de construir uma para si. Já o gato pintado - que tinha apenas duas cores, branco e laranja - era menos melancólico e mais estudioso, pois tomava conta

marcados, como o “Meu pé, meu querido pé” e o “Lata de Lixo”.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxHaviam outros personagens que falavam, mas em nada se pareciam com animais: era o dedo indicador Fura-bolos, que adorava fazer somas e se apresentar com a “Dedolândia”; e a dupla da pesada Tap e Flap, “pezudas” botas de voz gros-sa e topete bagunçado; que sintetizam perfeita-mente o espírito do castelo numa pequena frase - “Nesse castelo, Biba querida, qualquer coisa

pode ter vida!”.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxMais no alto, ninho e lustre também eram habi-tados. No primeiro, pelo João de barro e as duas melodiosas patativas - os passarinhos - que fa-ziam qualquer um permanecer estático, tentan-do decifrar qual o nome do instrumento que fa-

da enorme biblioteca de 1005 li-vros, contados e conferidos um a um por ele.xxxxxxxxxxxxxxxSua apreciação pela literatura e arte também podia ser notada na gralha Adelaide, um tanto mais ingênua, claro, mas que já era suficiente para motivar a dúvida, sanada imediatamente pela ótima explicação de Morga-na.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxO ratinho, ao contrário dos ou-tros, passava rápido e não falava nada, apenas cantava. O que fez seus quase “jingles” ficarem tão

zia o som. E no segundo, pelas irmãs Lana e Lara, que realizavam simpáticos truques de fada para brincarem juntas. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

E por ultimo, o personagem mais pontual do cas-telo: o próprio relógio. Que além de anunciar a chegada do tio Victor, chamava a atenção de todos para a entrada do quadro de Morgana, dizendo a sua bem humorada frase - “morcego, ratazana, ba-ratinha e companhia, está na hora da... feitiçaria!”. Há 18 anos o Castelo mais Rá-Tim-Bum de to-dos os tempos estreava. Tanto na televisão como em nossos corações. Ganhou prêmios de melhor programa infantil - incluindo a prata no Festival de Nova York - e alcançou índices de audiência que surpreenderam a categoria. xxxxxxxxxxxxxxxxxx

Mas, todas as honras não foram senão a

consequência de um mérito conquistado por ex-celência: o de contribuir na formação - e infor-mação - do indivíduo. Que, mesmo a distância, era transformado em protagonista e fazia suas respostas serem ouvidas.xxxxxxxxxxxxxxxxxx Em 1999, foi criado Castelo Rá-Tim--Bum, o Filme. O filme foi baseado na série criada por Flávio de Souza e Cao Hamburguer, da TV Cultura. Com o orçamento de R$ 7 mi-lhões, o longa permanece até hoje como um dos filmes mais caros da história do cinema brasi-leiro.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxA história expande o conceito dos Stradivarius, uma família tradicional de feiticeiros, que é me-ramente mencionada na série original. Com a chegada iminente do alinhamento dos planetas,

um evento que fortalece os pode-res de todos os magos, Losângela, rouba o livro de magia de Morgana o que causa a perda dos poderes de Morgana e do Dr. Losângela se alia ao Dr. Abobrinha e seu ajudante Rato, ambos com intenções de de-molir o Castelo.xxxxxxxxxxxxxxxx As esperanças do Castelo ficam nas mãos do sobrinho de Morgana e Victor, Nino Stradi-varius, um menino de 300 anos aprendiz de feiticeiro. Nino tam-bém procura lidar com o fato de que não é um garoto normal, o que dificulta sua capacidade de fa-zer amigos. Por Arthur Krokovec.

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As produções da Pixar agradam crianças e adultos, e com certe-za você já deve ter assistido alguns destes filmes. Mas em algum momento, parou pra pensar que todos eles podem se passar no mesmo universo ? E que os acontecimentos de um filme, influen-ciam nos acontecimentos dos outros ? Existe uma teoria que ten-ta comprovar isso, acompanhe os fatos e tire suas conclusões.

INFOGRÁFICO

A TEORIA DAP I X A R

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VALENTE (SÉCULOS 14 - 15)Tudo começa com Merida a descobrir a mágica, que é responsável por fazer animais e objetos inanimados se comportarem como seres humanos. Foi utilizada por uma bruxa, que desaparece misteriosamente através de portas. (1)

OS ÍNCRIVEIS (1950 - 1960)Os Super heróis mantinham a ordem no mundo. Mas Buchecha, criou duas coisas para o desaparecimento dos seres humanos superpoderosos: O “Omnidroid”, e a alta tecno-

logia da energia de ponto zero (energia eletromagnética que existe em um vácuo). Este é o momento crucial onde vemos máquinas erradicar sua única ameaça, os super heróis.

Eventualmente, os brinquedos começam a absorver e tirar os seus poderes de energia de ponto zero, a energia invisível que viaja em comprimentos de onda. (2)

TOY STORY (1997 - 1998) Os primeiros sinais de vida de brinquedos já estão presentes devido à tecnologia criado por Buchecha. Os Brinquedos criam regras e sabem que o amor huma-no é uma outra fonte de energia, sobre a qual eles carecem. Estes brinquedos descobrem o que acontece com os brinquedos que são isola-dos dos seres humanos. (3)

TOY STORY 2 (1999)Os brinquedos descobrem que é perigoso viverem isolados dos humanos. Come-

çamos a ver objetos inanimados questionar seu propósito na vida. Por exemplo, Jesse que é ressentida com sua dona, Emily, por abandoná-la.

O ressentimento para com os humanos, não só foi realizado por objetos inani-mados, mas por animais também. (4)

PROCURANDO NEMO (2003) No oceano, vimos que os peixes são incrivelmente avançados (eles têm escolas, uma rede e sistema de autoestrada). Descobrimos que os seres humanos estão poluindo a terra e os capturando. Animais começam a ser mais curiosos e ter características mais humanistas. (5)

RATATOUILLE (2007)Em Ratatouille, Remy descobre seu amor por cozinhar e exibe características huma-nas. Esta é a primeira vez que vemos a interação entre humano e animal. Remy con-trola um homem para poder cozinhar. Vemos que o grupo do rato Remy não aprova

os seres humanos e sentem medo e ódio em relação a eles. (6)

TOY STORY 3 (2010)Os brinquedos passaram por muita coisa com os seres humanos, sendo abusados física e emocionalmente. O protagonista do filme odeia os seres humanos, porque eles o usam e descartam como se eles não fossem nada. Ele começa a tentar cuidar de sua própria espécie. Isso proporciona ainda uma outra razão para que as má-quinas e objetos semelhantes estejam prontos para assumir. (7)

UP (2011 - 2016)Carl é forçado a desistir de sua casa para uma empresa, a BnL, porque eles estão em expansão na cidade. Isto é a prenuncia que esta corporação é a causa por poluir a terra e acabando com a vida em um futuro distante. Carl descobre que os animais podem se comunicar com os humanos, e vê a amargura que eles têm. Charles Muntz treina efetivamente um exército de cães. Este é o início do ponto de inflexão entre animais e seres humanos. Anos mais tarde, a revolta entre os animais e os seres humanos come-ça. Quem você acha que ganhou a guerra? (8)

CARROS (2100 - 2200)Quando os animais se levantaram contra os humanos para acabar com a poluição, as

máquinas salvaram os seres humanos e eles ganharam a guerra. Contudo, fez pen-der a balança na Terra. A Poluição se torna cada vez mais crescente e a BnL teve que enviar os humanos restantes para o espaço em uma nave chamada Axiom. Todas as

outras máquinas foram deixadas para trás para povoar o mundo e executar as coisas. Mas como sabemos que os carros tomaram terra e não de outro planeta? (9)

CARROS 2 (2100 - 2200)Em Carros 2, os carros vão para a Europa e Japão, o que mostra que é o mesmo planeta como todos os outros filmes da Pixar. E não há seres humanos em todo o mundo. Como o petróleo é a única energia utilizada para carros, o mundo neste mo-mento passa por uma crise de energia. Allinol estava usando energia verde como um catalisador para uma guerra de combustível. Esse combustível limpo poderia ter sido usado para limpar rapidamente (desativação) muitos dos carros. Allinol foi executa-do pela BnL que eventualmente poluirá toda a terra devido ao seu uso de petróleo. O mundo inteiro torna-se incapaz de sustentar a vida. (10)

WALL E (2800 - 2900)A BnL tornou a terra inabitável. A empresa assumiu o mundo e governos a partir de

1950. Wall-E é a única máquina que restou na Terra depois que ela ficou sem recursos. Durante os créditos de Wall-E vemos o sapato que contém a última planta existente

transformando-se em uma grande árvore, o que neste ponto seria um recomeço. (11)

VIDA DE INSETO (2898 - 3000)Essa mesma planta é a árvore em “Vida de Inseto”. Os insetos têm a estimativa de vida mais longa. Isso indica que as formigas são mais resistentes, como resultado da evo-lução e genes mutantes. Flik diz para não deixar a ilha, porque há “cobras, pássaros e insetos maiores lá fora.” Eles não mencionam os seres humanos, pois há muito pou-cos seres humanos para tornar perigoso o suficiente para os insetos se preocuparem. Mais tarde, os animais evoluem para a espécie dominante. (12)

UNIVERSIDADE MONSTROS (4500 - 5000)Universidade Monstros foi fundada em 1313; esta é a data usando calendário dos mons-

tros, e não o calendário humano, e mostra que ela ocorreu quase 1400 anos depois de “Vida de Inseto”. Na Universidade Monstros, eles falsamente ensinaram os monstros que

os seres humanos eram tóxicos e de outra dimensão. Isso aconteceu porque os mons-tros foram preocupados em ser apagado da existência e alterar a história; e começaram a eliminar os humanos. Monstros e máquinas perceberam que ter se livrado dos humanos

foi um grande erro e que já era tarde demais, pois eles eram a sua fonte de energia e eram necessário para sustentar a vida. Os monstros resolvem isso voltando no tempo dos hu-manos através das portas para gerar energia e suprir a crise em que estão passando. (13)

Isso nos leva a Boo!

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Ao final da exposição, a m

aior surpresa da teoria e que arremata todos os film

es no mesm

o universo. Lembra da bruxa

de Valente, cuja magia transform

a a mãe de M

erida em urso? N

a verdade, ela é um personagem

de outra animação...

ela é a garotinha Boo, do Monstros S.A

.!

Com

o? Ela descobre como viajar no tem

po e chegar à cidade dos monstros. É aí que ela encontra o m

onstro azul Sully. Com

o ela aprende a viajar no tem

po, vai até a Idade Média e pega a m

ágica das chamas para conseguir reencontrar o am

igo Sully. Em

Valente existe um vestígio da passagem

de Boo – lembram

dessa imagem

? É Sully!

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PERFIL

ANDY WARHOL

POP ART& literatura

Um romance entre

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Andy Warhol não só almejava tornar ob-jetos triviais e corriqueiros em arte, mas também transformar a arte em algo cotidiano e vulgar. Artista representante do movimento Pop Art, movimento dos anos 60, Andy Warhol sintoni-zou o senso de existencia de um tempo histórico particular. Sua arte carregava a euforia de uma fase progressista do capitalismo pós-moderno que por severas vezes enfrentava situações de crise. Registra-se que no movimento Pop Art os elementos da vida e da arte aparecem numa linha extremamente tênue; exemplos para me-lhor elucidar essa asserção podem ser vistos em obras de arte como Odalisque (1955-1958) de Robert Rauschberg, Three Flags (1958) de Jasper Johns, Most Wanted Man (1963) de Andy Wa-rhol, Takka Takka (1962) de Roy Lichtenstein, Soft Toilet (1966) de Claes Oldenburg, Toy Shop (1962) de Peter Blake, Swingeing London 67 II (1968) de Richard Hamilton, La visita (1964) de Marisol e tantos outros trabalhos de “pop artis-tas” ao redor do globo.xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Um “fenômeno cultural inteiramente oci-dental” (Osterwold, 2007, p.6), o Pop Art nasce sob condições capitalistas de uma sociedade em fervor industrial e tem como principais expres-sões a vida pública e privada. É com o advento do Pop Art, diretamente ligado à cultura de massas

e aos sistemas mercadológicos, que a população integra-se ao Kitsch, leitura de quadrinhos, ob-jetos colecionáveis e afins. As produções cientí-ficas nas ciências humanas dos anos 60 também são um reflexo desse movimento: professores, universitários e demais pesquisadores impulsio-nados pela politica de progresso educacional in-tegravam gradativamente estes estudos aos seus respectivos currículos. Os souvenirs e os bens de consumo, além de imagens das mídias de massa e do Kitsch tornaram-se objeto de arte e pesqui-sa, que também foram colecionados por diversos museus. .xxxxxxxxxxxxxxxxxxx.xxxxxxxxxxxx.x Sob influência de Marcel Duchamp e do movimento Dada Nova Iorquino os exponentes do Pop Art contrariavam os modelos do expres-sionismo abstrato com o objetivo de encontrar uma identidade americana. Os representantes do Pop Art distanciavam-se de uma línguagem pes-soal em direção de uma representação impessoal. O trabalho de arte era visto na categoria de obje-to, o(s) produto(s) do cotidiano que abole(m) a contradição entre realidade e representação, mas que ainda assim seja(m) intitulado(s) Arte. Des-personalização e anonimato também constavam nos princípios almejados pelos exponentes desse movimento..xxxxxxxxxxx.xxxxxxxxxxxxxxxxxx

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ANDY WARHOL?

Quem foi? Elementos externos na poesia do artista

Tilman Osterwold (2007), disserta que é a partir do Pop Art que a convergência de high e low culture ganha território, por vezes com teor elitis-ta. Susan Sontag (1964), em “Notes about camp”, considera o Pop art como expressão artística seca, séria, desconexa e nihilista enquanto equiparado ao movimento Camp que também estivera pre-sente nos anos 60. No ensaio do estadouniden-se Clement Greenberg, Avant Garde and Kitsch (2005), “a culpa” é da sociedade massificada pela apatia e indiferença perante a cultura em processo de desenvolvimento. Ação e reação, os artistas do movimento Pop Art exprimiam, conscientemente ou não, o segredo da sociedade ocidental: a produ-tividade. Segundo estudo de Daniel Bell, em The Coming of Post-Industrial Society (2001), o segre-do da produtividade ocidental seria melhor com-preendida como a habilidade de ganhar mais do que se investe ou ainda mais com menor esforço ou menor valor. Uma definição mais aprofundada sobre a convergência entre high e low culture, foi elaborada por Dwight MacDonald (2011), na qual: a cultura de massa se divide de maneira tricotô-mica para alcançar o high, o middle e o low. Esses níveis não correspondem a um nivelamento classi-cista, nem de complexidade ou validade estética. A tríade mencionada por Macdonald tem serventia apenas para exemplificação do grau de “complexi-dade” da obra pelos seus leitores.xxxxxxxxxxxxxx Em detrimento da morte da atriz Marilyn Monroe, em 1962, Warhol serigrafa as obras The Twenty-Five Marilyns e Marilyn Monroe’s Lips; esses quadros induzem à falta de autenticidade da imagem de Monroe através das repetições de faces e lábios em séries verticais e horizontais. Os qua-dros supramencionados são produzidos inicial-mente através da fotografia e em seguida passam pelo processo de reprodução serigráfica, por vezes realizadas por alguns de seus ajudantes na Factory, o atelier de Warhol, cenário de algumas produções cinematográficas e sede do artista para recepção de seus convidados, atores, atrizes e demais expe-

rimentos. Proposta na Crítica do Juízo (Kant apud Suas-suna, 2008), a idéia de arte como jogo remetia à atividade “desinteressada”, embora não arbi-trária, enquanto sujeita aos limites da natureza humana. O prazer estético que anima o jogo da crição, em Kant, é algo cheio de subjetividade. A verdade estética pertencente ao mundo da representação, não necessitaria ser semelhan-te à verdade objetiva. De acordo com Suassuna (2008, p.68), “a violenta reação kantiana, preten-deu deslocar o centro da existência da beleza do objeto para o sujeito”. Tal conceito (o belo) de-corre de uma simples reação pessoal do contem-plador. Contudo, e neste ponto Andy Warhol será ponto de cisão, quando se vale da técnica de bricolage, arranjo de materiais previamente dis-poníveis para reutilização com um novo signifi-cado, espectador, artista e obra modificam novas subjetividades em submissão à industria cultural que modula a(s) sociedade(s). Mais uma vez é importante explicitar: o movimento Pop art traz consigo uma relação muito encadeada com a cultura de massa trazida pelos avanços do capi-

talismo.

Um artista é alguém que produz coisas de que as pessoas não têm neces-sidade, mas que ele - por qualquer razão - pensa que seria uma boa ideia

dá-las a elas.”

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OBRASe referências

Resumo de

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TOP 5:Vídeos mais vistos no ultimo mês.

TOP 5: VÍDEOS

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Shakira - La La La (Brazil 2014) ft.

Carlinhos Brown

We Are One (Feat. Jennifer Lopez & Claudia Leitte)

AAII, minha caneta caiu!(Jornal Hoje)

MC Guime - País do Futebol Part. Emicida

Fancy (Feat. Charli XCX) - Iggy Azalea

1º País do Futebol - Mc Guime2º Pompeii - Bastille3º Love Never Felt - MJ / Timberlake4º Unconditionally - Katy Perry5º Demons - Imagine Dragons6º Hey Brother - AVICII 7º Timber - Pitbull / Ke$ha8º Blá Blá Blá - Anitta 9º Let It Go - Demi Lovato10º Pra você - Onze20

Sirens - Pearl Jam 1º C. Of Age - Foster The People 2º

With Arms Wide Open - Creed 3ºRadioactive - Imagine Dragons 4º

17 Crimes - AFI 5ºFever - The Black Keys 6º

O Inimigo - Vespas Mandarinas 7ºLike A Stone - Audioslave 8º

The Walker - F. The Tantrums 9ºC. A L. C. - Cage The Elephant 10º

METROPOLITANA FM 89.1 A RÁDIO ROCK

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PESSOAS SÃO FRÁGEIS.NISSAN SENTRACOM SEIS AIRBAGS.

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