BLOGS DE MODA NA FILA A: UM GÊNERO EM ASCENSÃO Pires... · site, são organizadas em ordem...

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

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BLOGS DE MODA NA "FILA A": UM GÊNERO EM ASCENSÃO

Beatriz Pires Barreto (UFPE)1

Resumo:

O discurso da informação deixou de figurar somente nos meios gráfico e radiofônico e chegou ao leitor pelo computador ou pelo celular através de gêneros emergentes na comunicação virtual que despertou o interesse de diversos campos da sociedade, dentre eles, comunicadores, com motivações das mais variadas, como também linguistas. O presente trabalho se insere na interface desses dois domínios para investigar os blogs de moda, que completam 10 anos. São analisados 5 blogs nacionais cujos blogueiros tomam acento na “fila A” dos principais desfiles no país. Fundamenta-se no interacionismo sócio-discursivo de Bronckart (1999), tendo por objetivo definir o Blog de Moda enquanto “gênero de informação”, segundo modelo de Charaudeau (2006). Pretende, assim, contribuir para a compreensão dos blogs de moda considerando o propósito comunicativo desse gênero discursivo. Palavras-Chave: blog de moda, gênero discursivo. Abstract: The discourse of information no longer figures only in the media or in the

radio. Now it reached the reader through the computer or mobile through the emerging genres at virtual communication which aroused the interest of many fields of society, such as journalists and linguists. This paper works in the interface of these two domains in order to investigate fashion blogs which have existed for the past tem years. Were analysed five national blogs whose bloggers sit in the front-row at major national fashion events. This paper is based on Bronckart’s socio-discursive interactionism (1999) with the purpose of defining fashion blog as an information genre according to Charaudeau (2006). It intends to contribute towards the comprehension of fashion blogs consedering the communicative purpose of this discursive genre. Keywords: fashion blogs, discursive genre.

Introdução

A invenção da internet no fim do século XX acabou por modificar a forma de

viver das pessoas. Alterou também a maneira de fazer e transmitir notícia, tendo

em vista que meios de comunicação tinham ao seu dispor, a partir daquele

momento, uma ferramenta de divulgação mais rápida e abrangente do que o que se

tinha até então. A internet abriu caminhos para o cidadão comum também fazer


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parte da produção de notícia e conteúdo midiático, principalmente após as redes

sociais e seu crescimento meteórico.

Em meados dos anos 90 surgiu uma ferramenta que, mais tarde,

revolucionou inúmeros aspectos da sociedade, entre eles a moda: o blog.

Atualmente, há centenas de milhares de blogueiros de moda espalhados pelo

mundo. Alguns deles fazem do blog, verdadeiramente, suas profissões.

Inúmeros blogueiros famosos não só são convidados para as semanas de moda

mais disputadas do mundo, como a Mercedes-Benz Fashion Week (antiga New York

Fashion Week), a London Fashion Week e o São Paulo Fashion Week, mas também

sentam-se em lugares privilegiados, ao lado de ícones do mundo da moda como

Anna Wintour e Suzy Menkes, na “fila A”. Algum deles surpreendem pelo estilo,

pela ousadia e, algumas vezes, pela idade, como foi o caso das blogueiras mirins

Tavi Gevinson2 e, mais recentemente, Ophelia Horton3, que garantiram lugar na

front-row4 através de seus blogs pela primeira vez aos 13 e 12 anos,

respectivamente.

Assim, o objetivo do presente estudo é compreender o recente gênero

midiático blog de moda através de uma análise à luz das teorias e modelos de

Bronckart (1999) e Charaudeau (2006).

Metodologia

Do universo de 99 blogs de moda e beleza mais influentes do mundo

assinalados pela mais recente lista5 do site Signature9, a Signature9 Style 99,

foram escolhidos cinco blogs de moda nacionais para serem aqui analisados.

2 www.thestylerookie.com/

3 www.opheliahorton.wordpress.com/

4 Sinônimo “para fila A”.

5 Lista semestral divulgada em setembro/12. Edição “Outono/2012”. A próxima listagem será divulgada em

março/13 (edição “Primavera/2013”).


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Tabela 1: Blogs analisados e suas classificações.

Colocação Blog Blogueira

8º Garotas Estúpidas Camila Coutinho

39º Fashionismo Thereza Chammas

62º Petiscos Julia Petit

93º Chata de Galocha Lu Ferreira

94º Glam4You Nati Vozza

Fonte: Signature9 Style 99 - www.signature9.com/style-99

Participam da Signature9 Style 99 apenas blogs e sites onde postagens sobre

moda ou beleza são assinadas, em sua maioria, por um ou mais autores

identificados. Os blogs que fazem parte de sites ou portais maiores são avaliados

individual e separadamente de seu site de origem6. A classificação final é feita com

a soma das notas recebidas em seis categorias:

1. PR (Page Rank), em português, o Ranking da Página: a nota varia de 0 a

10 correspondendo ao número que aparece na barra de ferramentas

Google Toolbar, um indicador que avalia o número e a qualidade dos

links da página principal do blog;

2. FD (Facebook Domain Activity), em português, Atividade do Domínio no

Facebook: são levadas em consideração as opções “Curtir”,

“Compartilhar” e “Comentar” sobre um blog nos últimos 90 dias bem

como uma média dos valores mais antigos e atribui-se a nota numa escala

de 0 a 207. A nota independe da quantidade de fãs que a página do blog

tem no Facebook e, na maioria das vezes, independe da existência ou

não de uma página na rede social;

3. TS (Twitter Score), em português, Pontuação do Twitter: essa categoria

baseia sua nota na frenquência com que as postagens do blog são

mencionadas no Twitter durante um período recente, assim como o

6 Tradução da metodologia da lista Signature9 Style 99 feita pela autora.

7 O website da lista se contradiz ao informar a escala de notas para essas categorias. A que se encontra neste

artigo é a escala mais plausível após análise da lista feita pela autora.


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cumulativo de tweets relacionado ao seu conteúdo. A nota, que varia de

0 a 10, não tem nenhum tipo de relação com o número de seguidores que

a conta do blog possui;

4. LS (Link Score), em português, a Pontuação do Link: a nota varia de 0 a

15³. Os avaliadores tomam como base o número bruto de backlinks8 de

cada blog advindo de várias ferramentas de relatórios de links, subtraem

os links que vieram do blog ou de um domínio relacionado ao mesmo,

fazem uma média e então designam uma nota. Para os blogs que fazem

parte de redes maiores, antes de atribuir-se a nota, a média é ponderada

para normalizar o efeito da rede sobre o blog.

5. UI (Unique IP Links), em português, Links Únicos de IP: a nota vai de 0 a

20 baseada em dados da Majestic SEO, que identifica o número de links

únicos de IP que levam ao blog. Se o blog fizer parte de um portal com

vários domínios, os links únicos de IP que vierem desses múltiplos

domínios serão contados apenas uma vez.

6. A (Alexa): o site Alexa.com faz um ranking dos blogs estimando o seu

tráfego e alcance (percentual de usuários que visitaram o site dentre

todos os usuários da internet). Pega-se esse ranking e atribui-se notas em

uma escala de 0 a 15. Os blogs que fazem parte de portais são avaliados

independentemente do site principal.

Figura 1: Categorias da Signature9 Style99

Fonte: Signature9 Style 99 - www.signature9.com/style-99

8 Backlinks são links espalhados pela internet que, quando clicados, redirecionam o usuário para a página inicial

de um site ou blog. A visibilidade de um blog ou site está diretamente ligada e é diretamente proporcional à quantidade de backlinks que este tem difundida pela internet.


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No presente trabalho, os cinco blogs mencionados nessa seção serão

analisados à luz da teoria sócio-interacionista discursiva de Bronckart (1999) e

segundo o modelo de gênero de informação de Charaudeau (2006).

1. Fundamentação Teórica

Em “Weblogs, Webrings e Comunidades Virtuais”, Recuero (2002) conta que

os primeiros blogs datam de 1995, porém não se sabe ao certo qual foi o primeiro,

tendo em vista que dois americanos reivindicam para si tal feito. Em janeiro de

1994, Justin Allyn Hall, na época com 19 anos, publicou seu diário “Justin’s Links

from the Underground”. No site, Justin contou sua vida detalhadamente, sem

deixar passar assuntos bastante particulares como, por exemplo, o suicídio do

próprio pai. Já Carolyn Burke postou, em 1995, fatos cotidianos em seu site

“Carolyn Diary” e, um ano mais tarde, foi capa de revistas mundialmente famosas

como a U.S. News devido ao seu projeto “24 hours in Cyberspace”9.

Inicialmente chamados de weblogs, os blogs possuem uma estrutura

organizacional própria. As entradas de textos chamam-se posts e, no layout do

site, são organizadas em ordem cronológica inversa, seja na página principal ou nas

secundárias, onde os posts mais novos aparecem no topo e os mais antigos são

vistos quando o leitor navega em direção ao fim da página. Para facilitar a

localização de um determinado post no tocante ao assunto abordado, os blogueiros

dispõem de dois artefatos: as categorias e as tags.

Os blogueiros categorizam seus posts objetivando auxiliar o leitor a filtrá-los

por assunto ou a achar determinados posts mais rapidamente. Os blogs aqui

estudados, por exemplo, possuem categorias como “Moda” e “Beleza”, onde pode-

se encontrar postagens relacionadas aos temas. É importante salientar que esse

tipo de divisão não é excludente, por tanto, um post pode figurar mais de uma

categoria simultaneamente desde que o autor do site ache pertinente.

9 O projeto “24 hours in Cyberspace”, de Carolyn Burke, pode ser classificado como um aglomerado de

fotografias que a autora postava em um site (www.24hoursincyberspace.com) objetivando humanizar a rede.

(RECUERO, 2002, p.2)


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As tags, para melhor entendimento, podem ser comparadas às palavras-

chaves de um resumo acadêmico. O número de tags em um post é ilimitado. Então,

a título de exemplo, se o blogueiro faz um post sobre o vestido da atriz norte-

americana Angelina Jolie na festa do Oscar, essa postagem pode figurar nas

categorias “Celebridades” e “Moda” e ter tags como “Angelina Jolie”, “Oscar” e

“Tapete Vermelho”.

A participação do público leitor se dá através dos comentários, ferramenta

que garante ao blog uma natureza interativa. Os comentários podem desempenhar

diversas funções e ter variados efeitos na popularidade do blog e/ou no próprio

blogueiro, por exemplo. Primeiramente, os comentários servem como estímulo

para o blogueiro continuar escrevendo, pois mostra ao autor que há um canal de

comunicação aberto com o seu público, ou seja, há um feedback. É um fator

também que concerne à popularidade do blog, além dos contadores de visitas e dos

backlinks. Porém, esta segunda situação é vista como paradoxal, pois ao mesmo

tempo em que um blog se torna mais popular por ter mais comentários, ele apenas

tem mais comentários por ser popular. (SIMÃO, 2006, p. 150-151 apud MISHNE;

GLANCE, 2006, p.4-5)

O lugar-comum define blog como uma transposição do diário para a internet,

ou, pelo menos, defende que, nos seus primórdios, o intento dos weblogs seria

esse. Apesar desta “teoria” popular obter respaldo histórico na natureza dos

primeiros blogs criados, estudos e artigos como os citados a seguir revelam haver

uma maior complexidade quando se trata da concepção um tanto estereotipada

destes veículos.

É importante que se atente para a existência das diversas formas de weblogs para que não se caia na generalização do blog como ferramenta específica da construção de diários. Blogs têm sido utilizados das mais diversas formas, todas relacionadas à publicação de idéias, algumas

pessoais (diários) outras informacionais (publicações). (RECUERO, 2002, p. 5, grifo nosso)

Cada blog aqui analisado tem suas peculiaridades e, às vezes, nem parecem

pertencer a uma mesma classe: a dos blogs de moda. Porém, tal fato pode ser


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explicado tendo em vista que o blog, qualquer que seja o assunto do qual ele trata,

pode ser classificado de inúmeras formas. Tentando entender o assunto, Recuero

(2002, p. 3-4) os dividiu em três grandes grupos:

a) Diários Eletrônicos – São os weblogs atualizados com pensamentos, fatos e ocorrências da vida pessoal de cada indivíduo, como diários. O escopo desta categoria de weblogs não é trazer informações ou notícias, mas simplesmente servir como um canal de expressão de seu autor. [...]

b) Publicações Eletrônicas – São weblogs que se destinam principalmente à informação. Trazem [...] notícias, dicas e comentários sobre um determinado assunto, em geral o escopo do blog. Comentários pessoais são evitados, embora algumas vezes apareçam. [...] c) Publicações Mistas – São aquelas que efetivamente misturam posts [...] sobre a vida do autor e posts informativos [...] de acordo com o gosto pessoal [de quem escreve].

Como pode-se observar na categorização acima, o objetivo do blog muda de

acordo com a intenção do blogueiro ao criar o seu espaço. Tal fato não impede

também que esse objetivo mude com o passar do tempo e o amadurecimento da

publicação e/ou de seu autor.

Em seu livro Atividade de linguagem, textos e discursos: por um

interacionismo sociodiscursivo, o belga Jean-Paul Bronckart (2009) trata da

atividade de linguagem através do ponto de vista sociológico. Ele estabelece que

todo texto possui um conteúdo temático (ou referente) que pode-se definir como

“o conjunto das informações que nele são explicitamente apresentadas, isto é, que

são traduzidas no texto pelas unidades declarativas da língua natural usada.”

(BRONCKART, 2009, p.97). No caso do presente estudo, todos os blogs analisados

possuem como referente a moda, mesmo que tratem de assuntos periféricos como

decoração, tecnologia e beleza.

Não há registros sobre a origem dos blogs de moda, mas sabe-se que é um

fenômeno extremamente recente e que começou logo depois da virada do século.

Já em 2003, encontram-se registros de blogueiros sendo convidados para semanas

de moda10. Alguns anos à frente, Lesley Scott, do blog fashiontribes.com já sentava

10

Em Setembro de 2003, Kathryn Finney, autora do blog The Budget Fashionista, foi convidada para a New York Fashion Week.


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na quarta fila em alguns desfiles da New York Fashion Week. A foto a seguir, do

desfile da grife Dolce & Gabbana em setembro de 2009, mostra os blogueiros Bryan

Boy11 e Tommy Ton12 na “fila A”, ao lado de nomes icônicos do mundo da moda:

Suzy Menkes, do The New York Times/The International Herald Tribune; Michael

Roberts, diretor de moda e estilo da revista Vanity Fair; Hamish Bowles, da Vogue,

e sua colega de trabalho Anna Wintour, editora chefe da Vogue norte-americana.

Figura 2: Blogueiros Bryan Boy e Tommy Ton na fila A do desfile Primavera/Verão

2010 da grife Dolce & Gabbana (Milão, set/2009)

Foto: Dennis Valle – The New York Times

Até os dias atuais, a percepção da moda como uma arte elitista perdura.

Essa ideia tem origem na história da moda que, no seu início, estava intimamente

ligada ao aparecimento dos burgos e a ascensão de uma nova classe social com

grande poder aquisitivo, a burguesia. A moda tem como berço a Itália, pois “Paris

ainda não era uma cidade muito importante. Milão, Florença e Veneza eram

politicamente independentes, econômica e culturalmente avançadas e prósperas.”

(BÔAS, 2010, online). As redes sociais, a internet e os blogs de moda são

ferramentas que estão ajudando, hoje em dia, a desmistificar essa concepção

11

www.bryanboy.com/ 12

www.jakandjil.com/


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elitista da moda, uma vez que democratizam a informação e levam aos leitores e

internautas uma vasta gama de conteúdo sob o olhar particular de cada blogueiro.

Apresentação dos Objetos de Estudo

A seguir serão detalhadas as estruturas dos blogs que, posteriormente, serão

analisados à luz dos teóricos Bronckart (1999) e Charaudeau (2006). Dos blogs

analisados, três fazem parte do F*Hits, a primeira prime network de blogs de moda

do Brasil: Fashionismo, Chata de Galocha e Glam4You.

O F*Hits é fruto da parceria entre a empresária Alice Ferraz e o Grupo RBS,

uma das maiores empresas de comunicação multimídia do país. A finalidade do

F*Hits é proporcionar para seus anunciantes um grande impacto no público alvo e

retorno imediato de investimento sobre suas campanhas, produtos e ações através

de blogs de relevância no cenário nacional. (GONÇALVES, J.R. 2011) Em entrevista

à revista Vogue13, Alice informou que a rede de blogs, à época com apenas 11

meses de existência, proporcionou um crescimento de mais de 400% no número de

visitantes14 por mês, o que demonstra o sucesso da empreitada que, em 2013,

completará 2 anos.15

“Garotas Estúpidas” por Camila Coutinho:

O blog surgiu em julho de 2006 e traz a seguinte proposta:

O blog [...] fala de maneira descontraída sobre tendências, beleza e celebridades pra16 um público feminino/jovem interessado em novidades no mercado de moda e consumo em geral. [...] (Disponível em: <http://www.garotasestupidas.com/sobre-o-site/>. Acesso em: 20 de outubro de 2012.)

13

Revista Vogue, n. 400, dez/2011. 14

O número refere-se ao número de unique visitors, que é medido pela quantidade de números de IP que acessou o site e independe se o usuário visualizou o site mais de uma vez. 15

Os acessos passaram de 800 mil para 3,5 milhões. 16

Extrato retirado na íntegra do correspondente site e, assim como em todos os extratos durante o artigo, é de responsabilidade do autor do texto o respeito às normas gramaticais da língua portuguesa.


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Além da autora principal, Camila Coutinho, o blog conta com mais dois

colaboradores fixos: Paulo Fraga que assina a seção “Moda Masculina” e Sthefany

Passos que é responsável pela seção “Beleza”, mas que também contribui com

matérias especiais e com a seção “Lookboard”.

Figura 3: Menu horizontal do Garotas Estúpidas.

Fonte: Garotas Estúpidas - www.garotasestupidas.com/

O blog é subdividido em 10 seções como mostrado na imagem abaixo:

Em Moda, as postagens abrangem temas como tendências da temporada,

semanas e eventos de moda e a tag “look do dia”;

Em Beleza, fala-se basicamente sobre maquiagem e cabelo: tendências,

produtos, as maquiagens e penteados que as marcas utilizaram em uma

determinada semana ou evento de moda. Nessa seção, também se pode

encontrar postagens sobre unhas e esmaltes;

Seções como Música, Celebridades, Gastronomia e Moda Masculina são

auto-explicativas e não recebem tantas atualizações quando Moda e Beleza,

por exemplo;

Viagem funciona como um diário de viagem, onde a blogueira relata suas

viagens ao redor do mundo, sejam elas a lazer ou a trabalho;

Na seção Lookboard, são postadas imagens de looks de outras blogueiras ou

de streetstyle17 com o objetivo de inspirar produções das leitoras e/ou

ilustrar o uso de tendências fora das passarelas;

Na TV GE, a Camila posta vídeos feitos por ela ou por sua equipe com

diversos temas, mas, principalmente, cobertura de eventos de moda;

17

Streetstyle: palavra utilizada no mundo da moda para fazer referência, como a tradução literal acusa, ao estilo

das ruas. É a forma como as pessoas interpretam e vestem a moda, seja ela a última tendência ou não.


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Em JabáLand, seção que recebe menos postagens (não por falta de

conteúdo, mas pela questão da priorização de tópicos), a blogueira mostra

os produtos – jabás – que recebe das assessorias de imprensa das marcas e os

brindes que recebem em eventos.

“Fashionismo” por Thereza Chammas:

Criado em março de 2008, o Fashionismo se diferencia da maioria dos blogs

de moda existente atualmente, pois além de ser assinado por uma única autora, a

formação acadêmica da autora interfere diretamente no conteúdo postado no blog.

Além disso, Thereza é uma das poucas blogueiras de notoriedade no cenário da

moda brasileira que não faz uso da famigerada tag “look do dia” e que permanece

fiel ao quê de diário online que os primeiros blogs da história tinham em comum ao

mesmo tempo em que mantém um canal aberto e visível de feedback com o

público.

É clara a influência da graduação em Arquitetura e Urbanismo da autora na

natureza das postagens, tendo em vista que, de forma ampla, pode-se classificar

suas postagens em duas grandes categorias: Moda e Arquitetura (identificada pela

tag Decorismo – neologismo que faz alusão ao nome do blog e à decoração de

interiores).

“Petiscos” por Julia Petit:

Para o público leigo no assunto e que busca informação sobre moda nos

meios de comunicação mais clássicos – televisão, principalmente – Julia Petit é, de

longe, a blogueira mais famosa das cinco aqui apresentadas. Fruto do seu trabalho

como blogueira e produtora musical, Julia ganhou visibilidade no mundo midiático

e, hoje em dia, estrela o seu próprio programa sobre moda e beleza no canal por

assinatura GNT – canal pertencente à rede GLOBOSAT –, o Base Aliada. Julia faz do

programa uma extensão do blog e aborda nele tendências e produtos que os

telespectadores podem ler sobre na sua página.


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Figura 4: Menu horizontal do blog “Petistcos”.

Fonte: Petiscos – www.juliapetit.com.br/

O blog possui, como visto na imagem acima, as seguintes seções:

TV Petiscos: é o canal utilizado por Julia para ensinar o passo-a-passo de

cabelos e maquiagens inspiradas, principalmente, nos looks das

celebridades em premiações e nos conceitos que as marcas apresentam

na passarela durante desfiles e eventos de moda;

Beleza: sob o comando da redatora de beleza Mariana Smith, a seção

tem posts sobre maquiagem, cabelo, perfumes e tutoriais de maquiagem

feitos pela própria redatora;

Casa: a seção fala sobre temas como decoração, culinária e outros;

Moda: a seção traz notícias sobre o mundo da moda de uma maneira

geral. Aborda assuntos como parcerias entre estilistas e/ou marcas, looks

de celebridades – normalmente estrangeiras – no dia-a-dia ou em

premiações, lançamentos de coleções e eventos de moda;

Movimento Natural: é o canal da marca Rexona no blog, onde são

postados apenas posts publicitários sobre os produtos da marca e,

principalmente, como ter uma vida mais saudável;

Música: a seção versa sobre festivais, lançamento de músicas e clipes

musicais, entre outros assuntos relacionados à música;

Pra Macho: a seção assinada por Cadu Alves e Thiago Volpato aborda

notícias e tendências relacionadas à moda masculina;

Provador Fashion: é a seção de posts patrocinados, onde são mostrados

produtos e eventos no Brasil;


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Quatroolho: sob os cuidados de Tiago Gass e Breno Pires, a seção aborda

assuntos sobre tecnologia e o mundo geek;

Viagem: a seção traz dicas e novidades sobre diferentes destinos de

viagem ao redor do mundo;

Somado a isso há também as colunas de Adriane Hagedorn, Andre Hendges,

Antonio Fabiano, Brisa Issa, Dani Bonani, Jana Rosa, Julia Petit, Michi Provensi e

Paula Roschel. No total, além de Julia Petit, o blog conta com mais 17 pessoas em

sua equipe, entre redatores, editores e colunistas.

“Chata de Galocha” por Lu Ferreira:

Criado por Lu – Luísa, de nascimento – Ferreira em 2007, o Chata de Galocha

foi o último de seus blogs e o único que perdura até hoje. No início, o assunto

tratado no blog passava longe das passarelas e corners de marcas famosas. No site,

“o objetivo inicial era ter um espaço para expressar minhas chatices, como o nome

bem avisa: falava a respeito de lugares e serviços, como uma boa Chata de

Galocha.” (Disponível em: < http://www.chatadegalocha.com/sobre>. Acesso em:

25 de outubro de 2012.)

O blog possui muitas categorias, mas a blogueira organiza o layout da página

um pouco diferente se comparado a alguns dos blogs aqui estudados. O blog não

possui um menu horizontal no topo da página, as categorias mais importantes são

representadas por três mini ícones em cima da página e, no fim dela, há uma

espécie de menu horizontal onde cada uma das quatro categorias mais vistas está

seguida dos títulos dos três últimos posts. O restante das categorias pode ser

encontrado na barra lateral direita do blog.

O conteúdo postado na página conta, segundo a seção “Equipe”

(http://www.chatadegalocha.com/equipe)18, com sete colaboradores além da

18

Há um conflito de informações sobre o assunto já que na seção FAQ – www.chatadegalocha.com/faq/ - a blogueira informa haver apenas seis colaboradores.


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autora do blog: Gui Poulain, Leo Horta, Renata Pires, Tati Salvador, Joana Mendes,

Lorena Borges e Tati Akamine.

“Glam4You” por Nati Vozza:

Natália – ou Nati, como assina a página – Vozza criou o seu blog “Glam4You”

em 2009, pois sempre foi fã do mundo virtual e desejava ter um espaço próprio na

internet. A decisão também foi influenciada pela atual situação da blogueira à

época: “Fiz faculdade de moda, mas estava perdidinha sem saber o rumo que iria

seguir.” (Disponível em: <http://www.glam4you.com/sobre/>. Acesso em: 28 de

outubro de 2012)

No Glam4You todos os posts são assinados por Nati e o blog não é dividido

em categorias. As tags são a ferramenta que a blogueira usa para classificar as

postagens. As tags existentes ficam agrupadas no formato de nuvem na barra

lateral direita da página.

Como fruto da visibilidade proporcionada pelo seu blog, Nati tem, desde

2010, sua própria marca de roupas e acessórios, a byNV. Inicialmente, seria lançada

apenas uma coleção única e a blogueira esperava vender as 250 peças num período

aproximado de 6 meses, porém, em 10 horas, as peças se esgotaram comprovando

o sucesso da nova empreitada. Em novembro de 2012, a marca começa a vender

seus produtos para lojas e sites multimarcas em todo o país. Nati participa de todas

as etapas no desenvolvimento da coleção: desenho, escolha de tecidos, prova das

peças piloto.

Análise

Sobre o conceito de moda, Marcos Cobra, em seu livro “Marketing & Moda”

(2008, p.9), discorre que “é muito difícil encontrar uma definição definitiva e

inequívoca [...], uma vez que não há uma interpretação objetiva e unânime sobre o

tema, principalmente em nível internacional.”. Com isso em mente, o que se


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seguirá aqui será uma tentativa de contextualização histórica e social da moda com

o único objetivo de apresentar ao leitor leigo o assunto.

A ideia de moda que se tem atualmente é relativamente recente. É só a

partir do século XIV, no final da Idade Média, que essa concepção começa a se

desenhar e se solidifica apenas no século XIX.

... [A moda como é vista hoje surgiu] por volta de 1340-1350, como reflexo dos pensamentos renascentistas, oriundos do Humanismo. Gilles Lipovetsky afirma em “O Império do Efêmero” que dois grandes movimentos foram determinantes para o surgimento da moda: o processo de imitação e distinção e a segregação das peças entre masculino e feminino. (BÔAS, E. V., 2010, online)

Em comum, os cinco blogs aqui presentes têm a característica de terem

começado apenas como um espaço onde a autora pudesse expressar suas opiniões –

em alguns casos, não necessariamente sobre moda e/ou beleza – mas, com o passar

do tempo e o amadurecimento tanto do site quanto da blogueira, os blogs seguiram

seus próprios caminhos e agora têm sua própria personalidade.

Apesar dos blogs aqui analisados terem uma temática principal, de forma

geral, quando se trata da temática abordada em um weblog há também categorias,

como mostra Silva (2003, p. 3) em seu artigo Weblogs: múltiplas utilizações e um

conceito:

1. Weblogs Temáticos: Produzido individualmente ou em grupos, este tipo de weblog é concebido com base em um tema específico ou numa área de interesse em comum. [...]

2. Weblogs Livres: [...] são publicações que não procuram se deter a um único tema e, talvez por isso, estejam associados às características próprias de uma página pessoal, por se tratarem de formas livres de anotações, que podem incluir criação literária, comentários sobre o que se passa na cabeça do autor, críticas, fofocas, atualização de notícias, diários, entre outros.

Vê-se, portanto, que os blogs presentes neste artigo se classificam como

blogs temáticos, pois têm um assunto maior que abordam: a moda, mesmo que

também tratem de assuntos periféricos, que estão ligados ou não ao assunto

principal, como beleza, celebridades, decoração de interiores e viagens, por


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exemplo. As análises que se seguem serão focadas apenas na abordagem do tema

principal pela blogueira.

“Garotas Estúpidas” por Camila Coutinho:

O blog pode ser classificado como publicação mista, tendo em vista que os

posts da blogueira tratam tanto de assuntos como moda, celebridades, beleza,

quanto de assuntos da vida pessoal de Camila – exemplos disso são as tags Camila

Coutinho e Casamento, a última recebeu vários posts durante 2012 devido ao

casamento da blogueira com o empresário e DJ Diego Nunes.

A blogueira utiliza uma linguagem informal e se utiliza de alguns artefatos na

hora de escrever: palavras escritas da mesma forma que são pronunciadas,

perguntas no fim dos posts, um apelido especial para as leitoas (“fias”), risadas e

abreviações provindas do internetês19. Outro aspecto se destaca no registro da

blogueira é a utilização de expressões regionais (Camila é natural de Recife/PE e,

apesar do sucesso do seu blog e das dezenas de viagens a São Paulo e ao Rio de

Janeiro que faz durante o ano, continua morando em Recife).

Figura 5: Particularidades no registro do Garotas Estúpidas.

Fonte: Garotas Estúpidas – www.garotasestupidas.com/

19

“Internetês é um neologismo [...] que designa a linguagem utilizada no meio virtual, em que "as palavras foram abreviadas até o ponto de se transformarem em uma única expressão [...], onde há "um desmoronamento da pontuação e da acentuação", pelo uso da fonética em detrimento da etimologia, com uso restrito de caracteres e desrespeito às normas gramaticais.” (Wikipédia. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Internet%C3%AAs>. Acesso em: 11 de novembro de 2012.)


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“Fashionismo” por Thereza Chammas:

O blog de Thereza Chammas figura, dentre as classificações aqui discutidas

anteriormente, na categoria de publicação mista. A blogueira posta sobre assuntos

de seu próprio interesse – um bom exemplo é a enorme quantidade de posts sobre

a série de televisão americana Gossip Girl, pela qual Thereza declara grande

paixão, em especial pelo personagem Chuck Bass, interpretado pelo ator Ed

Westwick – e temas relacionados à decoração de interiores – assunto que tem o seu

próprio canal dentro do blog -, moda, beleza e produtos, sempre dando sua

opinião.

A autora utiliza uma linguagem leve e fácil de entender. Normalmente

escreve de acordo com as normas gramaticais da língua portuguesa, mas adiciona

hashtags20 e risadas e expressões provindas do internetês, o que dá um ar intimista

às publicações.

Figura 6: Trechos do post “Look da Semana Taylor Swift e Alessandra Ambrósio” do Fashionismo.

Fonte: Fashionismo - www.fashionismo.com.br/2012/11/look-da-semana-taylor-swift-e-

alessandra-ambrosio/

“Petiscos” por Julia Petit:

O Petiscos, dentre os blogs aqui estudados, é o que mais se distancia da

classificação de publicação mista e mais se aproxima de publicação eletrônica. A

interface do blog é atualizada inúmeras vezes durante o dia com notícias do mundo

20

Hashtags são tags precedidas do sinal #. São utilizadas principalmente nas redes sociais Twitter e Instagram.


- 18 -

da moda, mas também com notícias sobre tecnologia, moda masculina, música e

beleza, por exemplo, fato que aproxima o blog a um portal de notícias. A opinião

da autora principal fica restrita a sua coluna, diferentemente dos outros blogs

mostrados aqui.

Embora se trate de notícias, a equipe não se utiliza do jargão jornalístico. A

comunicação se dá através de uma linguagem fluida, mas que, apesar de não ser

formal, não conta com abreviações e/ou palavras provindas do internetês. Todos os

posts terminam com uma pequena frase centralizada, em negrito e com tamanho

de fonte maior do que a da postagem. Essa frase normalmente resume o assunto

tratado no post e, em boa parte das vezes, possui um humor leve, o que dá um ar

descontraído ao blog.

Figura 7: Frase ao fim do post “Não priemos cânico!” do Petiscos.

Fonte: Petiscos – www.juliapetit.com.br/quatroolho/nao-priemos-canico

“Chata de Galocha” por Lu Ferreira:

O blog de Lu Ferreira pode ser considerado uma publicação mista, tendo em

vista que o conteúdo publicado na página varia entre posts sobre a sua vida pessoal

– a categoria “Rotina” exemplifica muito bem tal aspecto, pois, nela, a blogueira

compartilha com seus leitores detalhes sobre seu dia-a-dia e acontecimentos da sua

vida – e postagens sobre assuntos relacionados a moda, beleza, decoração, entre

outros.


- 19 -

Nos posts, Lu emprega vastamente vocábulos do internetês. Risadas,

expressões e abreviações conferem às postagens um tom de conversa, já que, além

de usar tais artefatos, a blogueira faz perguntas ao longo do texto que dão a

entender que ela espera um feedback do leitor nos comentários.

Figura 8: Uso do internetês e de perguntas no post “Corte e Recorte com os Looks da SPFW!” do

Chata de Galocha.

Fonte: Chata de Galocha - www.chatadegalocha.com/2012/11/corte-e-recorte-com-os-looks-

da-spfw-2/

“Glam4You” por Nati Vozza:

O Glam4You pode ser classificado como publicação mista, porém a

abordagem de fatos da sua vida pessoal se sobressai em detrimento de postagens

sobre o que deveria ser o tema central de um blog de moda. Nati compartilha com

os leitores acontecimentos de sua vida – são exemplos a tag Diário FDS e os

inúmeros looks do dia – e também fala sobre tendências e dicas de moda e sobre

cosméticos. A blogueira utiliza uma linguagem simples e fácil de ser entendida. Usa

também alguns termos do internetês, mas em quantidade muito menor se

comparado a outros exemplos aqui mostrados.

Figura 9: Pouco uso do internetês e domínio do registro informal no Glam4You.

Fonte: Glam4You - www.glam4you.com/2012/10/meu-look-franjas-2/


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Ao discorrer sobre a finalidade do contrato de comunicação, Charaudeau

(2010) estabelece que tal finalidade se acha na tensão de dois objetivos: o fazer

saber – que está relacionado à produção de um objeto de saber segundo uma

lógica sociológica: informar o cidadão – e o fazer sentir – que é associado à

produção de um objeto de consumo seguindo uma lógica comercial: conquistar as

massas para, assim, resistir à concorrência.

O que diferencia o contrato de comunicação midiática do contrato de

comunicação publicitária é em qual visada é dada a ênfase quando o objeto é

produzido. No publicitário, concentra-se no fazer sentir, ou seja, em seduzir o

público consumidor para que efetivem a compra; no midiático, no fazer saber, ou

seja, em reportar com seriedade um evento ou acontecimento ocorrido no mundo.

Quanto aos blogs aqui analisados, ambas as definições se aplicam a seus

perfis, pois, a partir do momento em que a blogueira credita as peças de roupa e

acessórios do seu “look do dia”, por exemplo, ela influencia seu público leitor a

procurar mais sobre a marca e, não raro, a comprar a peça referida ou qualquer

outra da marca. O público respalda sua decisão na credibilidade previamente

adquirida pela blogueira frente a coberturas de eventos de moda, status e círculo

sociais, indicações de outras figuras confiáveis, entre outros.

O grande problema acontece quando a marca que blogueira diz usar por livre

e espontânea vontade (objeto de saber) está, na verdade, lhe pagando para que

ela associe seu nome ao nome da marca e, assim, ocorra uma publicidade velada

(objeto de consumo). Esse paradoxo está sendo bastante discutido atualmente,

pois um grande questionamento se forma entorno do assunto e divide opiniões: as

blogueiras têm um papel formador de opinião ou são livres para agir de forma a não

se preocuparem com o impacto de suas ações e palavras?

Conclusão

Com o surgimento dos weblogs em meados da década de 90 e o conseqüente

aparecimento dos blogs de moda no início do século XIX, a moda ganhou mais uma


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ferramenta para difundir informação. Na última década os blogs de moda vêm

ganhando público e força na mídia, fato que demonstra a necessidade de se

entender o funcionamento deste artefato tão recente e já tão poderoso.

De forma geral os blogs se apresentaram como publicações mistas, com

exceção do blog Petiscos que foi classificado como publicação eletrônica, pois

fazem um mix de posts tanto sobre a vida pessoal da blogueira – assuntos como sua

rotina, casamento e seus looks do dia são bons exemplos – quanto sobre notícias do

mundo da moda, beleza, celebridades e mais outros tantos assuntos. Todas as

publicações se utilizam de linguagem simples, sem rebuscamentos e com alguns

vocábulos próprios do meio virtual, o que lhes confere um ar leve, descontraído e

de conversa com quem está do outro lado da tela - o público leitor.

Esse trabalho abre portas para tantos outros sobre o assunto, uma vez que

configura um início de investigação que, com o tempo, se tornará minuciosa e mais

específica. Também com o tempo, surgirão mais objetos de estudos e situações

sociais a serem analisadas, pois o gênero blogs de moda ainda continua em plena

ascensão.

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1 Beatriz PIRES BARRETO

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

[email protected]

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