BISC Relatório 2013
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relatrio 2013
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apresentao O acompanhamento anual dos investimentos sociais privados no Brasil e a comparao com os
padres internacionais, objeto da pesquisa de Benchmarking do Investimento Social Corporativo,
permitem aferir a evoluo dos compromissos sociais das empresas participantes. A novidade neste
ano foi o desempenho observado internamente em um perodo no qual a conjuntura econmica foi
pouco favorvel. Mantida a trajetria ascendente dos recursos investidos no pas, as empresas do
grupo BISC superaram os padres norte americanos captados pelo Committee Encourage Corporate
Philanthropy (CECP), com respeito parcela dos lucros destinada rea social, sinalizando a tendncia
de consolidao dessa atuao.
Em valores absolutos, o volume dos recursos voluntariamente investidos pelas empresas, em projetos
que visam beneficiar as comunidades, alcanou em 2012, a cifra de R$ 2,5 bilhes. Somados aos
recursos que o grupo destina a projetos sociais, realizados em decorrncia de exigncias legais ou
contratuais, o total aplicado alcanou a casa dos R$ 4,7 bilhes.
Mas a pesquisa BISC no se limita a observar o comportamento dos recursos investidos. Ela busca
extrair a percepo dos gestores, dos distintos programas executados pelas empresas, com respeito
qualidade das aplicaes. Nesse aspecto, no se observa a mesma tendncia de crescimento que marca
o volume de recursos aplicados. A nota mdia atribuda s praticas sociais, em geral, permanecem
estabilizadas (7,7 em 2012) indicando que temos espaos para aprimoramentos, especialmente no
quesito da medio e avaliao dos resultados.
Outra marca distintiva do BISC sua preocupao em estar sempre buscando abordar novos
temas, que visam subsidiar o debate sobre o papel dos investimentos sociais privados e a
formulao de estratgias para melhorar sua contribuio ao desenvolvimento do pas. Dos
temas abordados em edies anteriores, destacam-se: a formao de parcerias pblico-privadas, o
mapeamento de boas prticas, o papel dos financiamentos pblicos, as parcerias com organizaes
sem fins lucrativos e os investimentos sociais em prol do desenvolvimento territorial. Nessa
edio, seguindo sugestes dos parceiros e questes suscitadas nas pesquisas anteriores, foram
destacados os seguintes temas: a realizao de investimentos sociais no exterior, o papel das
entidades patronais e a prtica do voluntariado.
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De acordo com a orientao de estar sempre aprimorando a pesquisa e ampliando sua utilidade para
os participantes, em 2013, a equipe da pesquisa visitou as empresas que participaram em todas as
suas seis edies, com os objetivos de captar a viso dos que atuam na rea sobre a importncia e
a utilidade da pesquisa, e de reunir subsdios para futuros aprimoramentos. E o retorno foi muito
positivo. O grupo reconhece e destaca a riqueza dos resultados disponibilizados, contribui para a
organizao das informaes e subsidiam a reflexo sobre suas prticas internas.
H tambm, cobranas, que se expressam na forma do desejo manifesto de explorar coletivamente
os resultados apresentados nos relatrios. Esse , pois, um novo desafio que a Comunitas dever
enfrentar em 2014.
Na linha das preocupaes que rondam o debate nessa rea, a pesquisa buscou analisar preliminarmente
novos elementos que subsidiem a reflexo sobre um tema que encerra grande controvrsia no Brasil,
mas que vem se consolidando internacionalmente: o maior alinhamento dos investimentos sociais
aos negcios. Neste sentido, o BISC tambm inovou ao explorar a sinergia das aplicaes sociais
obrigatrias com os investimentos voluntrios nas ltimas edies da pesquisa. O desafio agora
maior: provocar o debate sobre a importncia de inserir a poltica de investimentos sociais no marco
das estratgias empresariais voltadas para os respectivos negcios.
Os marcos alcanados pela pesquisa reforam a necessidade de dar continuidade ao trabalho que
vem sendo realizado pela Comunitas nessa rea, com vistas a reunir, analisar e divulgar informaes
e experincias que contribuam para a melhoria da qualidade desses investimentos e seu retorno
para a sociedade. O propsito desse trabalho contribuir para o aperfeioamento das atividades
executadas pelos participantes e para a consolidao da responsabilidade social corporativa no Brasil.
Seu alcance depende do empenho de todos aqueles envolvidos na sua execuo, razo pela qual
aproveito essa oportunidade, para agradecer a todos os parceiros e, de um modo especial, s equipes
que se dedicaram a colher as informaes solicitadas e a oferecer sugestes para novos avanos.
renata de Camargo NascimentoPresidente do Conselho da Comunitas
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iNtroduo ................................................................................................................................... 7
Parte i ................................................................................................................................................ 10as tendncias do investimento social corporativo ...................................................................... 11
Sobre a evoluo dos investimentos sociais ............................................................................................... 11 Sobre a influncia da conjuntura econmica ........................................................................................... 15Sobre as perspectivas dos investimentos sociais ...................................................................................... 21
o novo retrato da atuao social das empresas ........................................................................... 30Sobre a composio dos investimentos sociais corporativos .................................................................. 30Sobre o uso dos incentivos fiscais ............................................................................................................... 34Sobre as atividades desenvolvidas .............................................................................................................. 36Sobre a qualidade das prticas sociais e educacionais ............................................................................ 43Sobre os investimentos sociais no exterior ................................................................................................ 58Sobre as parcerias com organizaes governamentais e no governamentais ................................... 62Sobre o perfil das organizaes sociais apoiadas pelo grupo bisc ...................................................... 73
o processo de gesto das prticas sociais ..................................................................................... 82Sobre a operao dos investimentos sociais ............................................................................................. 82Sobre os custos de gesto dos investimentos sociais ............................................................................... 85Sobre a avaliao dos resultados ................................................................................................................ 91Sobre a comunicao e divulgao ............................................................................................................. 96
Parte ii ................................................................................................................................................ 100tpico especial: os programas de voluntariado .......................................................................... 102
Sobre o perfil dos programas de voluntariado ......................................................................................... 102Sobre a dimenso dos programas de voluntariado .................................................................................. 109Sobre os resultados dos programas de voluntariado ................................................................................ 110
Parte iii .............................................................................................................................................. 117O perfil das aplicaes sociais obrigatrias .................................................................................. 118
Sobre a dimenso das aplicaes sociais obrigatrias ............................................................................ 118Sobre a gesto das aplicaes sociais obrigatrias ................................................................................. 120
o papel das entidades empresariais ............................................................................................... 123Sobre a atuao social do sistema Firjan no Estado do Rio de Janeiro ................................................ 123
CoNsideraes fiNais ............................................................................................................... 132
aNexos ............................................................................................................................................... 137
sumrio
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introduoO objetivo da pesquisa BISC o de contribuir para ampliar o conhecimento sobre a atuao das
empresas no campo social e para provocar a reflexo, o debate e o aprimoramento das prticas sociais
corporativas no Brasil. Os resultados apresentados no relatrio dessa edio foram obtidos mediante
um levantamento de informaes junto s instituies parceiras da Comunitas que representam
um universo de 224 empresas, 30 fundaes empresariais, 1 instituto independente e 1 federao de
empresas do setor de indstrias. Tal cobertura permite afirmar que os nmeros aqui apresentados
oferecem um perfil bastante ilustrativo do investimento social das maiores empresas do pas.
Parte das questes exploradas na pesquisa reproduzida anualmente, para permitir acompanhar
a evoluo dos investimentos ao longo dos anos e parte segue a mesma metodologia adotada
nos Estados Unidos pelo Committee Encouraging Corporate Philanthropy (CECP)1. Nesse caso, a
pesquisa permite identificar padres de referncias de investimento social corporativo que possam
ser comparados nacional e internacionalmente. Paralelamente, a cada ano, so introduzidas novas
questes de forma a ampliar o conhecimento sobre temas menos conhecidos ou trabalhados. Assim,
em 2013, buscou-se destacar as seguintes questes:
A nacionalidade das empresas participantes e as caractersticas dos investimentos
realizados pelas empresas do grupo no exterior.
O perfil detalhado dos programas de voluntariado empresarial, enfatizando-se os
resultados observados e as dificuldades enfrentadas.
A avaliao das empresas sobre os seus investimentos sociais.
As estratgias de comunicao adotadas para a divulgao dos investimentos sociais.
O padro de qualidade dos investimentos educacionais.
As parcerias realizadas pelas empresas para desenvolver seus projetos sociais, buscando
identificar o que move essas parcerias e como os parceiros so escolhidos.
1. O Committe e Encouraging Corporate Philanthropy (CECP), parceiro da Comunitas, rene o mais expressivo Frum Internacional de CEOs, com a misso exclusivamente focada nos investimentos sociais corporativos.
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8Um tpico especial foi introduzido nesse relatrio: a atuao da Federao das Indstrias do Rio
de Janeiro (FIRJAN). O objetivo adicionar o conhecimento sobre o papel desempenhado por
entidades patronais que se envolvem no desenvolvimento de projetos sociais e buscam ampliar a
responsabilidade social do respectivo setor. A partir dessa primeira experincia, a proposta adequar
o questionrio BISC a essas organizaes e estender a pesquisa a outras instituies similares. Como
os recursos investidos pelas federaes so oriundos de contribuies compulsrias das empresas, o
tema aqui tratado no captulo das aplicaes sociais obrigatrias.
Outra inovao de 2013 foi uma pesquisa de campo realizada por meio de entrevistas junto s
empresas que participam do BISC desde a sua primeira edio. Buscou-se, nesse trabalho, identificar
a avaliao que os parceiros fazem da pesquisa e levantar sugestes para futuros aprimoramentos,
de forma a adequ-la, cada vez mais, aos interesses e necessidades dos participantes. Para tanto, nas
visitas s empresas colheu-se informaes sobre a forma como a pesquisa utilizada internamente,
a importncia atribuda s diversas questes do questionrio, o tipo de informaes que consideram
mais relevantes para o acompanhamento e gesto dos investimentos, e as dificuldades enfrentadas
para responder o questionrio, dentre outras questes. O resultado desse trabalho vai estar refletido
nas alteraes que sero inseridas na prxima edio do BISC. Alm disso, a visita s empresas foi
uma boa oportunidade de dar um retorno para os diversos colaboradores que contribuem para o
fornecimento das informaes, de mobilizar as equipes internas e de estimular a organizao das
informaes, de modo a facilitar o preenchimento anual do questionrio BISC.
Uma constatao extrada nesse balano foi o reconhecimento da riqueza de informaes contidas
na pesquisa e a necessidade de ampliar a explorao de seus resultados. Nesse sentido importante
ressaltar que o BISC traz contribuies inditas sobre os investimentos sociais corporativos,
cabendo destacar:
A adoo de padres de benchmarking similar ao adotado pelo CECP, que permite
comparar o comportamento das empresas no Brasil com o de suas congneres nos EUA.
A instituio do benchmarking qualitativo como ferramenta de avaliao e reflexo sobre
a atuao das empresas parceiras.
A anlise anual do impacto da conjuntura econmica nos investimentos sociais privados.
O dimensionamento e a evoluo dos incentivos fiscais utilizados, por tipo de incentivo.
A desagregao dos recursos investidos pelas empresas e por suas fundaes,
acompanhada de uma anlise diferenciada da atuao desses dois grupos de organizaes.
introduo
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9 A desagregao dos investimentos sociais por rea de atuao e por fonte de recursos.
As informaes sobre tendncias e perspectivas dos investimentos sociais.
O mapeamento das organizaes sem fins lucrativos que atuam em parceria com as
empresas do grupo.
O dimensionamento e o perfil das aplicaes sociais realizadas pelas empresas, em
decorrncia de exigncias legais.
A anlise desses temas est apresentada em trs partes do presente relatrio cuja estrutura similar
do ano anterior de forma a facilitar o acompanhamento da srie de publicaes da pesquisa.
Na primeira parte so apresentadas as tendncias dos investimentos sociais privados, um perfil
atualizado da atuao das empresas participantes do BISC e das parcerias com as organizaes
sem fins lucrativos. A segunda parte dedicada a uma anlise mais aprofundada dos programas
de voluntariado destacando-se as motivaes, as estratgias adotadas, a abrangncia, os recursos
envolvidos, os resultados percebidos e as dificuldades enfrentadas. A terceira parte trata do tema das
aplicaes sociais obrigatrias e da experincia do Sistema FIRJAN (Federao das Indstrias do Rio
de Janeiro), no estimulo aos investimentos sociais das indstrias do Rio de Janeiro. No Anexo I est
exposta a metodologia adotada na pesquisa em 2013.
introduo
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Parte i
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as tendncias do investimento social corporativo Sobre a evoluo dos investimentos sociais
um resultado auspicioso
O avano foi significativo. Em cinco anos, os participantes do BISC dobraram os seus investimentos
sociais, alcanando a marca dos R$ 2,5 bilhes de reais destinados s aes sociais em 2012 (Figura 1).
figura 1
Como se comportaram os investimentos sociais do grupo BisC no perodo 2007-2012?
total dos investimentos
(Em valores ajustados pela inflao)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
Em 2007, a mediana dos investimentos sociais do grupo era praticamente a metade da registrada
pelas empresas que participam da pesquisa desenvolvida pelo Committee Encouraging Corporate
Philantropy (CECP), mas em 2012 se aproximou do padro internacional. No entanto, quando o
desempenho medido pela relao investimentos/lucros, a mediana do grupo do BISC ultrapassou o
valor registrado pelo CECP em 2012, registrando um grande avano em relao ao resultado de 2007.
Este desempenho denota um grande esforo das empresas do BISC para ampliar suas atividades no
campo social (Figuras 2 e 3).
R$ 1,3 bilho
R$ 1,6 bilhoR$ 1,5 bilho
R$ 1,8 bilhoR$ 2,1 bilhes
R$ 2,5 bilhes
20072007
2008200820092009
20102010 20112011 20122012
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figura 2
BISC e CECP: Qual o padro dos investimentos sociais corporativos?
Mediana do valor dos investimentos* (Em valores ajustados pela inflao)
BisC (2007/2012)
CeCP (2007/2012)
*Obs.: Os dados referem-se a todos os participantes que em
cada ano da pesquisa informaram, simultaneamente, o valor
dos investimentos sociais, a receita lquida e o lucro bruto.
Fonte: BISC, 2013 e CECP, 2013. CECP & Comunitas
20072007
2008200820092009 20102010 20112011
20122012
20072007
2008200820092009 20102010 20112011
20122012
todas as empresasu$ 15,2 milhes
todas as empresasu$ 28,2 milhes
todas as empresasu$ 14,9 milhes
todas as empresasu$ 27,7 milhes
todas as empresasu$ 16,6 milhes
todas as empresasu$ 20,7milhes
todas as empresasu$ 15,9 milhes
todas as empresasu$ 23,2 milhes
todas as empresasu$ 16,9 milhes
todas as empresasu$ 21,5 milhes
todas as empresasu$ 16,3milhes
todas as empresasu$ 19,9milhes
as tendncias do investimento social corporativo
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figura 3
BISC e CECP: Qual o peso dos investimentos sociais nos lucros das empresas?
Proporo dos investimentos nos lucros brutos(Mediana dos percentuais)
BisC (2007/2012)
CeCP (2007/2012)
Fonte: BISC, 2013 e CECP, 2013. CECP & Comunitas
20072007
2008200820092009 20102010 20112011 20122012
20072007
2008200820092009 20102010 20112011
20122012
0,62%
0,90%1,13% 0,92% 1,18%
1,37%
0,92%1,23%
1,12% 0,91% 0,95% 1,00%
as tendncias do investimento social corporativo
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surpresa, ou poderia ser esperado?
Poderia ser arguido que a arrancada registrada pelo BISC foi resultado de mudanas na composio
do grupo, que teria contribudo para aumentar o flego dos seus participantes, mas isso no
confirmado pela pesquisa. O desempenho do conjunto no foi muito diferente do registrado por
aqueles que participaram regularmente em todos os anos em que a pesquisa foi realizada, como pode
ser visto no Grfico 1 abaixo.
Grfico 1
Qual foi a evoluo dos investimentos sociais do grupo BISC entre 2007-2012?(Valores ajustados pela inflao)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
Uma informao nova coletada na pesquisa BISC de 2013 buscou identificar a nacionalidade
dos participantes e verificar se isso fazia diferena no comportamento do grupo. Em 2012, as
empresas estrangeiras no BISC correspondiam a 26% do total de participantes e contriburam
com 9% dos investimentos realizados por todos. Seu desempenho no quesito investimentos/
lucros foi de 1,21% e superou o ndice registrado pelos participantes do CECP, contribuindo para
reforar os resultados do BISC.
3
2,5
2
1,5
1
0,5
02007
1,2
1,3
1,5
1,6
1,4
1,5
1,5
1,8
1,8
2,1
2
2,5
2008 2009 2010 2011 2012
Bilh
es
de R
eais
(R
$)
Todas as empresas queresponderam em cada ano
Apenas empresas queresponderam todos os anos
as tendncias do investimento social corporativo
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Sobre a influncia da conjuntura econmica
O que explica este resultado? Afinal, as expectativas do prprio grupo eram de repetir a marca
que havia sido atingida em 2011, considerando que o clima antevisto no parecia ser favorvel
a novos avanos. Depois da forte queda na taxa de crescimento da economia do pas em 2011, a
baixa credibilidade das previses de crescimento para 2012 no oferecia condies adequadas para
esperar resultados favorveis para a economia, o que veio a se confirmar com a divulgao oficial
de um crescimento econmico de apenas 0,9% nesse ano. No obstante esse fato, os investimentos
sociais em 2012 continuaram se expandindo.
Contrariando as expectativas, os resultados mostram avanos, pois os investimentos cresceram,
o que redundou em aumentos expressivos nos valores das medianas da relao entre os
investimentos sociais e as receitas, assim como na sua relao com o lucro (Figura 4). Como as
receitas reagem mais rapidamente retrao da economia, o aumento da mediana da relao
investimentos/receita merece ser destacado, embora a relao com o lucro seja uma medida mais
adequada para aferir o benchmarking.
A melhor resposta pergunta sobre a explicao para esse resultado que ela reflete a continuidade
de um processo de um maior envolvimento das empresas com os investimentos sociais, que se
manifesta na menor sensibilidade dos valores aplicados a oscilaes anuais no ciclo econmico. E
isso se explica, em grande parte, pelo fato de a execuo de projetos de investimento se distribuir
por um perodo de tempo que supera o calendrio anual, de forma que o cronograma de execuo
das atividades previstas nos projetos pode prever dispndios maiores nos anos posteriores ao do
seu incio. Isto , uma vez iniciado, o ritmo de execuo do projeto pode exigir a continuidade
das aplicaes, ainda que as condies para isso fiquem menos favorveis. Caso contrrio, a
paralisao das obras ou a interrupo dos servios prejudicaria as comunidades e comprometeria
o relacionamento das empresas com elas.
H dois fatos que reforam essa observao. O primeiro vem dos nmeros que indicam ndices de
crescimento dos investimentos sociais praticamente iguais entre 2011 e 2012 e entre 2009 e 2010.
Neste ltimo perodo, a economia havia exibido um robusto crescimento de 7,5% e no perodo
recente, um crescimento irrisrio de menos de 1%. O segundo, pode ser colhido em informaes sobre
razes para ampliao dos investimentos, fornecida por participantes do grupo, que mencionam a
incluso de novos projetos, a criao de reas dedicadas a essas atividades nas empresas e a adoo
de planos de investimento para dois anos, conforme ser destacado adiante.
as tendncias do investimento social corporativo
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No h, portanto, motivo para surpresas. Ainda que no antevistas, as marcas alcanadas em 2012
indicam a consolidao de um processo em curso de fortalecimento da atuao das empresas no
campo social, que, ao que parece ainda ir superar as expectativas.
figura 4Proporo dos investimentos na receita lquida(Mediana dos percentuais)
Proporo dos investimentos nos lucros brutos(Mediana dos percentuais)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
20072007
20072007
20082008
20082008
20092009
20092009
20102010
20102010
20112011
20112011
20122012
20122012
todas as empresas
0,29%
todas as empresas
0,62%
todas as empresas
0,24%
todas as empresas
0,90%
todas as empresas
0,28%
todas as empresas
1,13%
todas as empresas
0,32%
todas as empresas
0,92%
todas as empresas
0,27%
todas as empresas
1,18%
todas as empresas
0,45%
todas as empresas
1,37%
as tendncias do investimento social corporativo
< PiB: 6,1% 5,2% -0,3% 7,5% 2,7% 0,9%
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O que se destaca na comparao dos resultados de distintos perfis dos participantes do BisC?
H duas maneiras principais de dividir os participantes do grupo: pelo tamanho e pela atividade.
Quanto ao tamanho, os grandes so aqueles em que a receita maior do que R$ 5 bilhes, o lucro
supera R$ 3 bilhes ou que emprega mais de 30 mil funcionrios. E quanto atividade ele se divide
em aqueles que representam a indstria e os que se dedicam prestao de servios. As diferenas
entre eles so identificadas pelo valor das respectivas medianas, um ndice que permite aferir como o
desempenho de cada subgrupo afetado por diferenas internas.
No h grandes surpresas na comparao dos resultados exibidos por grandes e pequenas empresas.
Como era de se esperar, a mediana dos investimentos realizados pelas empresas de maior porte
superior a que mostra o nvel dos investimentos feitos pelo outro grupo (Figura 5). Cabe destacar,
entretanto, que participao dos investimentos nos lucros similar, e at um pouco maior nas menores
- a mediana dos investimentos nos lucros nas grandes de 1,36% e nas pequenas de 1,39% -, o que
denota um maior esforo delas.
Diferenas no comportamento tambm se revelam quando o grupo dividido em funo da natureza
da atividade exercida por seus componentes. Neste caso, os resultados sofrem a influncia de
mudanas nos participantes e no nmero de componentes de cada subgrupo. Ademais, a conjuntura
econmica afeta de modo distinto o desempenho da indstria e da prestao de servios, como pode
ser percebido nas oscilaes registradas na Figura 6.
Essas diferenas podem ser percebidas, por exemplo, na variao da mediana dos valores investidos.
Em 2010, a mediana dos investimentos sociais do subgrupo das prestadoras de servios acusou
forte queda em relao aos valores de 2009, enquanto o outro subgrupo manteve o mesmo patamar.
Em 2012, ambos registram crescimento nos investimentos sociais, embora em relao aos lucros, o
resultado deles tenha sido inverso: cresceu a participao dos investimentos nos lucros das empresas
de servios enquanto que o subgrupo da indstria registrou uma queda nesse indicador (Figuras 6 e
7). Essas alteraes no so facilmente explicadas em razo da mudana no nmero de componentes
de cada grupo, em particular no que abriga as empresas prestadoras de servios.
as tendncias do investimento social corporativo
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figura 5
Como variam os valores dos investimentos sociais corporativos?(Mediana dos valores)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
2012Todas as empresas
R$ 31,9 milhes
Lucro
< R$ 3 biR$ 6 milhes
Lucro
> R$ 3 biR$ 118,2 milhes
Receita
> R$ 5 biR$ 97,2 milhes
Funcionrios
> 30 000R$ 120,9 milhes
Funcionrios
< 30 000R$ 17,7 milhes
Receita
< R$ 5 biR$ 7,7 milhes
O maior valor investido individualmente foi da ordem de R$ 673 milhes
as tendncias do investimento social corporativo
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figura 6
indstria e servios: o que ocorreu com os seus investimentos sociais no perodo 2007-2012?
Mediana do valor dos investimentos (Em valores ajustados pela inflao)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
20072007
20072007
20082008
20082008
20092009
20092009
20102010
20102010
20112011
20112011
20122012
20122012
Prestao de serviosr$ 29,4 milhes
indstria de transformao
r$ 29,7 milhes
indstria de transformao
r$ 37,9 milhes
indstria de transformao
r$ 26,7 milhes
indstria de transformao
r$ 27,0 milhes
indstria de transformao
r$ 34,2 milhes
indstria de transformao
r$ 38,0 milhes
Prestao de serviosr$ 26,7 milhes
Prestao de serviosr$ 44,2 milhes
Prestao de serviosr$ 35,0 milhes
Prestao de serviosr$ 26,5 milhes
Prestao de serviosr$ 31,9 milhes
as tendncias do investimento social corporativo
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figura 7
indstria e servios: qual a proporo dos investimentos nos lucros?
Proporo dos investimentos nos lucros brutos (Mediana dos percentuais)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
20072007
20072007
20082008
20082008
20092009
20092009
20102010
20102010
20112011
20112011
20122012
20122012
Prestao de servios
0,55%
indstria de transformao
1,59%
indstria de transformao
1,03%
indstria de transformao
1,09%
indstria de transformao
0,82%indstria de
transformao
1,34% indstria de transformao 1,23%
Prestao de servios
0,75%
Prestao de servios
1,41%
Prestao de servios
0,93%Prestao
de servios
1,18%Prestao
de servios
1,59%
as tendncias do investimento social corporativo
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Sobre as perspectivas dos investimentos sociais
H folga para continuar avanando?
Difcil afirmar. Mas h elementos para suscitar a hiptese de que as expectativas dos participantes
possam de novo ser contestadas. O painel das respostas pergunta feita a eles sobre o que esperam
ver nos resultados de 2013 no conclusivo. Em que pese a maior parte das empresas responderem que
pretendem aumentar os seus investimentos, os acrscimos de uns podem no compensar a reduo
de outros. A manter a previso informada, os investimentos sociais do grupo tenderiam a uma queda
em torno de 20%. No entanto, a julgar pelo que ocorreu na pesquisa anterior, essas previses podem
ser alteradas por novos fatores no antevistos poca em que so feitas.
A comparao entre as previses para 2012 e os investimentos efetivamente realizados nesse mesmo
ano sugere que as empresas foram excessivamente cautelosas: o valor do investimento de quase
metade delas (44%) foi 25% superior ao previsto (Grfico 2). Assim, no irreal admitir que se repita o
ocorrido no ano anterior quando o clima econmico afetou o humor das empresas, mas no repercutiu
no seu comportamento.
Grfico 2
Em quanto o investimento realizado em 2012 difere das previses? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
< -25%
6 6
-25% a -2% -2% a 2%
25
2% a 25%
19
>25%
44
as tendncias do investimento social corporativo
-
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No h grandes diferenas em relao s percepes dos participantes do BISC e do CECP com
respeito ao esperado para 2013, a no ser no tocante aos extremos. Os que participam do BISC so,
ao mesmo tempo, mais otimistas e mais pessimistas e os que participam do CECP apostam mais na
estabilidade (Grfico 3).
Grfico 3
Quais as expectativas de mudanas nos investimentos sociais realizados em 2012 e os investimentos sociais previstos para 2013? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
< = -25% -25% a -2%
BISC CEPC
Estvel 2% a 25% > = 25%
5
24
13 14
42
9
37
29
3
24
% d
e or
gani
za
es
% de evoluo no total de investimento social
as tendncias do investimento social corporativo
Cria
o de
novo
s pro
jetos
socia
is
-
23
Mas as previses dos pessimistas parecem contrariar a indicao dos fatores que sustentam a opinio
de um e de outro grupo. No grupo dos otimistas, os que esperam avanos destacam, entre os fatores
que sustentam sua posio, a criao de novos projetos sociais e de outros motivos que fortalecem
esta atividade, como as j mencionadas expanso para outras localidades, a criao de reas novas
dedicadas a esta atividade nas empresas e a realizao de investimentos de mais longa durao (Grfico
4). Os que antevem retrao mencionam o cenrio econmico desfavorvel e sua repercusso nos
lucros das empresas, no atribuindo peso s lies que podem ser extradas da observao do que
ocorreu no passado recente (Grfico 5). preciso esperar para ver o que de fato acontecer, mas como
foi observado acima, o resultado efetivo tem sempre superado as expectativas.
Grfico 4
o que levou um grupo de empresas a ampliar os seus investimentos sociais?
(em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
58
50
25 25 25
17 17
8 8
Cria
o de
novo
s pro
jetos
socia
is
Outro
s
Cres
cimen
to da
rece
ita da
empr
esa
Fus
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s de n
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Cres
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to in
tern
acion
al
Maio
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Maio
r par
ticipa
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o tra
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volun
trio
Reaju
ste d
o or
amen
to so
cial p
ela in
fla
o
as tendncias do investimento social corporativo
-
24
Grfico 5
e quais os motivos para reduo destes investimentos? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
A divergncia entre os dois grupos pode refletir percepes distintas em relao importncia que
a responsabilidade social vem adquirindo nas estratgias empresariais, embora a sugesto de que os
investimentos sociais tambm podem ser importantes para os negcios ainda seja um aspecto que
encerra grande controvrsia.
A despeito das reconhecidas dificuldades para dimensionar o retorno econmico dos investimentos
sociais, ningum acredita que ele negativo (Grfico 6). Por isso, no obstante os cuidados para
abordar essa questo, ela merece ser discutida de maneira responsvel e sem preconceitos. Se os
investimentos sociais contribuem ao mesmo tempo para beneficiar as comunidades atendidas e dar
80
60
40 40
20 20 20
Cen
rio ec
onm
ico de
sfavo
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l
Redu
o d
os lu
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Redu
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cent
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scais
Fina
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e em
pree
ndim
ento
s eco
nm
icos
as tendncias do investimento social corporativo
-
25
retorno positivo para os negcios, isso poderia ser visto como um sinal de que o reconhecimento
deste duplo benefcio venha a fortalecer o brao social das empresas, dar-lhe um carter estratgico
e garantir sua permanncia no tempo.
Grfico 6
a empresa dimensiona o retorno de seus investimentos sociais? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
A dificuldade para abordar essa questo contrasta com o reconhecimento dos participantes da
pesquisa de importantes benefcios que os investimentos sociais trazem para as empresas, os quais
se manifestam na forma de aproximao com as comunidades, no fortalecimento da imagem da
empresa e na melhoria do relacionamento com seus stakeholders.
Evidncias concretas a esse respeito so fornecidas pela obteno de prmios, reconhecimentos
pblicos e certificados concedidos a algumas iniciativas na rea, a exemplo dos destacados no
Quadro 1. No entanto, no foram apresentadas outras medidas diretas dos benefcios gerados para as
empresas, o que refora a proposio de que o tema merece ser explorado. O que dificulta a discusso
sobre a dupla contribuio dos investimentos sociais para as comunidades e para os negcios? Qual a
origem das resistncias? Em que medida esta prtica poderia avanar caso a sociedade manifestasse
o reconhecimento desse fato e estimulasse as empresas a ampliarem suas aes no campo da
responsabilidade social?
61
30
13 13
40
No, mas sabe intuitivamente que o retorno
positivo
No, mas gostaria de conhecer o
retorno
No sabe informar
No calcula e no se preocupa com o retorno
dos investimentos sociais
Sim, existe um clculo formal
No, mas sabe que os custos so maiores que os
ganhos
as tendncias do investimento social corporativo
-
26
O ponto de partida para que seja feita uma discusso aberta a esse respeito a realizao de
maiores esforos para avaliar os benefcios que os investimentos sociais das empresas trazem para
as comunidades. De forma transparente e, na medida do possvel, envolvendo a participao dos
prprios beneficirios. Da a importncia de ser dedicada maior ateno a esta questo.
Quadro 1
Evidncias do reconhecimento atribudo pela sociedade atuao das
empresas no campo social:
Prmios:
Aberje (Associao Brasileira de Comunicao Empresarial), case Ciclo de Novas Profisses
Global Mobile Awards, case Conexo Amazonia
Prmio Brasil de Ao Ambiental
Prmio Sesi Qualidade no Trabalho - Categoria Desenvolvimento Socioambiental
Prmio Neide Castanha
Prmio Nacional de Qualidade de Vida, promovido pela ABVQ (Associao Brasileira de Qualidade de Vida)
Premiao Memoria Social: empresa eleita na Argentina entre as 10 melhores memrias sociais do pas; reconhecimento concedido pela Revista Mercado pelo posicionamento da gesto da empresa orientada para a sustentabilidade
Prmio Nacional de Gesto Banas - Categoria: Qualidade e Desenvolvimento Sustentvel
Social Innovation Awards (prmio para um programa de educao da empresa).
Reconhecimentos:
Moambique - Empresa Modelo em Responsabilidade Social (Governo da Provncia de Nacala)
Reconhecimento como uma das 50 Empresas do Bem, Revista Isto Dinheiro, com o case Desafio Tecnologias que transformam.
Reconhecimento pblico da Cruz Vermelha
Reconhecimento do Ministrio Pblico
as tendncias do investimento social corporativo
-
27
Global 100 Most Sustainable Corporations in the World - Corporate Knights Inc., Innovest Strategic Value Advisors, Asset 4 e Bloomberg - As 100 Empresas Mais Sustentveis do Mundo 2 lugar
Selecionada entre as 50 empresas mais sustentveis segundo a mdia - Revista Imprensa
Selecionada com uma das 100 Melhores Empresas para Trabalhar do Great Place to Work - Revista poca
Listada como uma das 50 Empresas do Bem (Revista Isto Dinheiro)
Destacada entre as 21 empresas - modelo em responsabilidade socioambiental pelo Guia EXAME Sustentabilidade
Diploma de Mrito Comunitrio - Concedido pela Unio das Sociedades de Amigos de Bairros de Poos de Caldas (Usab)
Destacada entre Empresas mais Admiradas no Brasil: reconhecimento concedido pela Revista Carta Capital como vencedora no segmento da empresa dada a qualidade de seus servios, seu posicionamento tico e aes de responsabilidade social.
Reconhecimento - 150 Empresas Melhores para se Trabalhar
Reconhecimento - Anurio 360 - entre as 200 melhores, no segmento de infraestrutura; 2 posio no quesito Inovao; 4 em Responsabilidade Socioambiental; 2 em Viso de Futuro, e 3 em RH.
Certificados:
Deal of The Year - categoria Project Finance Latin America
Deal of The Year Awards - categoria Regulatrio
Certificado de Sistema de Gesto e Sade Ocupacional -OHSAS 18001
Certificado de Sistema de Gesto Ambiental - NBR ISO 14001
ndices:
ndice Dow Jones desde 2006
Compe o ndice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) desde 2005
Listado no ndice Carbono Eficiente (ICO2) desde 2010
ndice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) 8 ano consecutivo
ndice Down Jones Sustainability World Index (DJSI) 13 ano consecutivo
as tendncias do investimento social corporativo
-
28
Um exemplo que pode ser exibido para dar uma dimenso da contribuio das atividades sociais
para os negcios o comportamento do ndice que compara o desempenho das aes de empresas
que participam do ndice Bovespa de Responsabilidade Socioambiental (ISE), com o que mede o
desempenho do mercado acionrio como um todo. No ciclo ascendente, o desempenho do ISE foi
superior ao ndice geral e no perodo de baixa o ISE ficou praticamente estvel enquanto o ndice geral
apresentou uma queda expressiva, como mostram os Grficos 7 e 8.
Grfico 7
Valorizao Ibovespa x ise (em %)No perodo entre 01.jun.2010 e 31.maio.2011
Fonte: Anbima e Economtica, in Folha de So Paulo,
caderno Folhainvest, de 04/07/2011.
Grfico 8
Valorizao Ibovespa x ise (em %)Perodo entre julho de 2012 e junho 2013
Fonte: Boletim ISE disponvel em:
http://www.bmfbovespa.com.br/Indices/download/062013_bolISE_pt-BR.pdf
Ibovespa ISE
4,50
16,35
Ibovespa-12,69
ISE-0,20
as tendncias do investimento social corporativo
-
29
De onde extrair novas energias para continuar avanando?
O grupo de empresas estrangeiras que participa do CECP indica que a assuno do compromisso
com o desenvolvimento e o atendimento de necessidades bsicas das comunidades pode ser um
motor importante para impulsionar novos avanos. Entre 2009 e 2012 os investimentos sociais dos
participantes desse grupo cresceram quase 40%, a despeito de um cenrio econmico pouco favorvel.
Quando a conjuntura econmica pouco favorvel, uma marca distintiva faz toda a diferena. Nesse
caso, o reconhecimento pela sociedade do compromisso assumido pelas empresas com a causa social
pode se refletir na capacidade de elas se sarem melhor que seus competidores em um contexto
no qual as condies so adversas, e de super-los em situaes opostas, nas quais o ambiente
francamente favorvel aos negcios.
A energia para continuar avanando a despeito de expectativas no muito favorveis de um grupo de
participantes poder vir da disposio em assumir que a realizao dos investimentos sociais no
um ato de benemerncia ou de compaixo e, sim, uma estratgia que visa associar o desenvolvimento
da empresa com as aspiraes da sociedade.
as tendncias do investimento social corporativo
-
30
o novo retrato da atuao social das empresasSobre a composio dos investimentos sociais corporativos
Conforme anteriormente destacado, os investimentos sociais realizados pelas empresas do BISC
atingiram, em 2012, a casa dos R$ 2,5 bilhes. A comparao com os valores investidos pelo governo
federal no Bolsa Famlia, que o maior programa de combate pobreza no Brasil2 ilustra a importncia
desse valor: ele representa 12% dos recursos destinados quele programa federal e, o mais interessante,
essa proporo tm se mantida constante nos ltimos trs anos.
Observando a composio dos investimentos sociais, por fonte de financiamento, verifica-se que
a maior parte dos recursos investidos pelas empresas teve sua origem na rea de operaes. Nem
sempre foi assim: essa participao tem oscilado e, de 2010 a 2012, subiu de 24% para 38% (Grfico
9). Uma hiptese que ainda no pode ser confirmada a de que esse resultado reflita tambm uma
melhoria da qualidade da informao decorrente da maior aproximao da rea social com a de
operaes. Esse ponto merece ser mais explorado.
Outra tendncia observada nos ltimos anos a do crescimento dos recursos investidos diretamente
pelas empresas. No obstante o fato de que a maioria delas (83%) tenha criado institutos ou fundaes3
para atuar no campo social, 63% dos recursos destinados rea social em 2012 foram aplicados
diretamente pelas empresas (Grfico 10). A mediana dos investimentos realizados por elas foi quase
trs vezes superior ao dos institutos: R$ 26,4 milhes e R$ 9,3 milhes, respectivamente.
A queda na participao dos institutos, nos ltimos anos, pode ser visualizada no Grfico 11. Uma
melhoria na captao das informaes sobre os investimentos diretos realizados pelas diferentes
unidades da empresa pode explicar, em parte, esse resultado. No entanto, observa-se que, entre 2010
e 2012, o crescimento do volume total de recursos investidos pelas empresas foi de 50%, enquanto
os investimentos dos institutos cresceram apenas 8%4. Ademais, os repasses das empresas para os
seus institutos, em 2012, foi 10% menor do que o ocorrido em 2010. A tendncia de estabilidade dos
investimentos sociais realizados pelos institutos ou fundaes foi tambm detectada no ltimo Censo
GIFE: se considerada a inflao do ano de 2010 (5,9%), o crescimento real do volume de investimentos
entre 2010 e 2011 foi de 3,1%. E o crescimento real entre 2011 e 2012 foi de apenas 1,6%, se considerada
a inflao de 6,5% para o perodo. Portanto, o volume de investimento desde 2010 ficou estvel5.
2. Em 2012 o governo federal aplicou no programa Bolsa Famlia R$ 21 bilhes para o atendimento a 13,7 milhes de famlias. Fonte: DISOC/IPEA, junho de 2013. 3. Ao longo do texto os termos institutos e fundaes so usados indistintamente para referir-se s organizaes criadas e mantidas pelas empresas do grupo. 4. Valores ajustados pela inflao.5. Ver: Censo GIFE 2011-2012. So Paulo: GIFE, 2013.
-
31
Grfico 9
de que reas das empresas provm os recursos investidos na rea social? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
o novo retrato da atuao social das empresas
24
38
15
16
17
16
9
15
12
5
6
5
144
31
Operaes
Outras
Institutos
Responsabilidade social
Sustentabilidade
Direo geral
Comunicao e MKT
RH
2010 2012
-
32
Grfico 10
Como so realizados os investimentos sociais?( em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
Grfico 11
Como se comparam os investimentos diretamente realizados pelas empresas e por seus institutos: 2010-2012? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
o novo retrato da atuao social das empresas
Recursos financeiros
investidos pelos institutos
34
Bens e servios
3
Recursos financeiros investidos pelas empresas
63
Total dos investimentos
r$ 2,5 bilhes
43
57
41
59
34
63
2010 2011 2012
Institutos Empresas
-
33
A tendncia de crescimento dos recursos investidos diretamente pelas empresas poderia ser tambm
atribuda ao crescimento dos incentivos fiscais, geralmente pouco utilizados pelos institutos. Em 2012,
do valor total dos incentivos utilizados, 83% foram investidos diretamente pelas empresas e apenas
17% pelos institutos. Mas isso tambm no explica tudo. Mesmo excluindo os incentivos fiscais, a
diferena na participao das empresas e dos institutos nos investimentos sociais, em 2012, foi de 12
pontos percentuais e, em 2007, primeiro ano pesquisado pelo BISC, essa diferena era de 2 pontos
percentuais, a favor das empresas (Grfico 12).
Grfico 12
Como mudou a composio do financiamento dos investimentos sociais: 2007-2012? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
o novo retrato da atuao social das empresas
3942
37
30
1
23
3
25
Financeiro empresa Financeiro instituto Incentivos fiscais Bens e servios
2007 2012
-
34
Sobre o uso dos incentivos fiscais
Em 2012, o valor dos incentivos fiscais utilizados pelos participantes do BISC atingiu o nvel mais alto
de todo o perodo analisado e chegou ao patamar de R$ 624 milhes (Grfico 13). Tal resultado aponta
para um aumento real de 52%, em relao a 2010. Nessa ltima edio da pesquisa, observou-se que
40% das empresas que usam os incentivos fiscais j o fazem no limite, isto , utilizam mais de 95% dos
incentivos a que tm direito e, portanto, no podem ampliar essa participao.
Grfico 13
Como so realizados os investimentos sociais? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
Apesar da importncia crescente dos incentivos no financiamento das aes sociais das empresas,
eles no sustentam os investimentos privados nos volumes observados. Considerando os recursos
investidos por todo o grupo, eles se limitam a 25% do total destinado rea social (Grfico 14). Parte
desse resultado pode ser atribudo ao fato de que 30% das empresas no utilizam os incentivos para
financiar qualquer projeto social. No entanto, nenhuma delas declara que isso decorre de uma opo
e, sim, do fato de no atenderem aos requisitos exigidos por lei. Cabe, pois, explorar numa prxima
edio da pesquisa, quais os principais empecilhos da legislao vigente que inviabilizam a utilizao
dos incentivos por parte de empresas do porte das que participam do BISC.
Prestaode servios
73
Valor dos incentivos fiscais
r$ 624milhes
Indstrias27
o novo retrato da atuao social das empresas
-
35
Grfico 14
Como evoluiu a participao dos incentivos fiscais no financiamento dos
investimentos sociais: 2007-2012? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
Um resultado recorrente em todas as edies da pesquisa o de que os incentivos culturais so
os mais utilizados pelas empresas e aqueles que de fato estimulam a sua atuao na rea. No foi
possvel identificar com preciso o volume de recursos alocados segundo o tipo de incentivo utilizado6.
Ainda assim, pelas informaes fornecidas, para as atividades culturais, as empresas destinaram,
pelo menos, R$ 285 milhes, o que corresponde a 22% do total dos recursos destinados no Brasil ao
apoio a projetos culturais por meio da Lei Rouanet, segundo informaes do Ministrio da Cultura7.
A maioria absoluta das empresas utiliza os incentivos ao Esporte (87%) e dos Fundos da Criana e
do Adolescente (73%). No obstante, os recursos destinados para essas finalidades so bem menos
expressivos, e giram em torno de 10% do total (Grfico 15).
6. As informaes desagregadas por tipo de incentivo utilizados correspondem a 69% do total utilizado pelas empresas. 7. In: http://sistemas.cultura.gov.br/salicnet/Salicnet/Salicnet.php# Acessado em 23/6/2013.
2007
2008
2009
2010
2011
2012
23
24
22
22
23
25
o novo retrato da atuao social das empresas
-
36
Grfico 15
Como se distribuem os recursos incentivados? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
Sobre as atividades desenvolvidas
O Grfico 16 ilustra as semelhanas e, sobretudo as diferenas, na atuao das empresas e dos seus
institutos. Enquanto a maioria dos institutos declaram desenvolver aes na rea de educao (90%)
e de formao profissional (55%), nas empresas as atividades so bem mais diversificadas. Nelas, a
educao mantm-se como prioritria, mas outras reas so amplamente contempladas, como cultura
e esporte, meio ambiente, desenvolvimento comunitrio, sade e assistncia social.
Lei do Esporte11
Outros9
Fundo Municipal da Criana e do Adolescente
8
Doaes para entidades de
utilidade pblica6
Lei Estadual de Cultura
4
Fundo Municipal do Idoso
1 1
Fundo Nacional da Criana e do
Adolescente1 Lei Municipal
de Cultura
Lei Nacional de Cultura
0,4
Lei Rouanet59
o novo retrato da atuao social das empresas
-
37
Grfico 16
em que reas as empresas e os institutos atuam? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
Esse perfil de atuao se reflete na distribuio dos recursos (Grficos 17 e 18). Nos institutos, a
concentrao dos investimentos muito ntida e dois teros deles so destinados rea de educao.
J nas empresas, os recursos so distribudos em diversas reas, sendo que mais de um tero deles
77
68
64
64
64
64
55
45
36
36
27
27
23
18
5
73
14
90
35
30
40
40
35
25
45
55
25
5
0
15
5
0
25
10
Educao
Patrocnio de eventos culturais
Meio Ambiente
Arte e cultura em comunidades pobres
Desenvolvimento comunitrio
Sade
Assistncia social
Gerao de renda
Formao tcnica e profissional
Defesa de direitos
Apoio emergencial
Infraestrutura
Alimentao e nutrio
Segurana pblica
Moradia
Esporte e lazer
Outros
Institutos Empresas
o novo retrato da atuao social das empresas
-
38
foram atribudos a outras atividades e incluem, por exemplo, estudos e pesquisas, patrocnios no
especificados, trabalhos em rede e voluntariado. Sobressai, ainda, o apoio cultura e, especialmente,
s aes voltadas para o meio ambiente, que no ano anterior representavam apenas 7% do total
investido, subindo para 12% em 2012. O que pode explicar esse resultado? Em relao s empresas,
os incentivos fiscais cultura e a participao crescente dos recursos oriundos da rea de operaes,
conforme anteriormente mencionado, podem ajudar a compreender o porqu desse comportamento.
J em relao aos institutos, fortalece a percepo de que eles se apresentam como o brao responsvel
por uma atuao que exige maior grau de especializao no campo social, como o caso da educao.
Grfico 17
Por rea de atuao, como se distribuem os investimentos sociais das empresas? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
Arte e cultura em comunidades pobres2
Gerao de renda 2
Defesa de direitos 2 Formao tcnica e
profissional3
Desenvolvimento territorial
6
Educao11
Esporte e lazer7
Meio Ambiente12
Assistncia social 2
Patrocnio de eventos culturais
14
Outros35
Sade4
o novo retrato da atuao social das empresas
-
39
Grfico 18
Por rea de atuao, como se distribuem os investimentos sociais dos institutos? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
Nos ltimos anos, os recursos destinados s atividades educacionais elevaram-se em 15% e atingiram
R$ 679 milhes, em 2012 (Grfico 19). Conforme anteriormente mencionado, os institutos respondem
pela maior parte desses investimentos. Para avaliar a importncia de tal valor, merece ser assinalado
que ele corresponde, por exemplo, a 42% do total de recursos investidos pelo governo federal em
Infraestrutura para a Educao Bsica ou na Produo, Aquisio, e Distribuio de Livros e
Material Didtico e Pedaggico para a Educao Bsica.
Educao66
Assistncia social1
Esporte e lazer1
Gerao de renda 3
Formao tcnica e profissional
3
Desenvolvimento territorial 4
Arte e cultura emcomunidades pobres 5
Patrocnio de eventos culturais 5
Defesa de direitos5
Outros7
o novo retrato da atuao social das empresas
-
40
Grfico 19
Quanto foi investido em educao em 2012? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
Uma mudana recente, na atuao das empresas diz respeito s atividades realizadas em prol do
desenvolvimento dos territrios. Esse foi um dos temas destacados no BISC do ltimo ano, e de l
para c, observou-se um crescimento significativo do percentual de empresas que atuam com tal
objetivo, passando de 45%, em 2011, para 71%, em 2012. As empresas marcam uma presena mais
forte nessa rea do que os seus institutos e cabe, ento, a indagao: ser que esse resultado tambm
pode ser atribudo incorporao de mais recursos das reas de operao? Essa uma hiptese que
merece ser examinada no futuro.
importante ressaltar que foram considerados como de desenvolvimento territorial: projetos
desenhados e implementados com o foco em um determinado territrio, que envolvem a participao
dos diferentes atores locais, e que buscam a integrao de distintas aes. Uma lista das prticas
usualmente utilizadas nesses projetos apresentada no Grfico 20, e nele observa-se que a grande
maioria das empresas busca contribuir mediante a construo participativa de uma agenda de aes
estruturantes e alinhada s polticas pblicas.
Fundaes77Valor investidor$ 679
milhes
Empresas23
o novo retrato da atuao social das empresas
-
41
Grfico 20
Quais as prticas adotadas pela empresa para executar seus projetos de
desenvolvimento do territrio? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
A regio Sudeste tem sido a maior beneficiria dos investimentos sociais privados no Brasil. Na ltima
pesquisa nacional, realizada pelo Ipea, 70% dos recursos concentravam-se nessa regio8. Entre os
participantes do BISC, observa-se a mesma tendncia (Grfico 21 e 22). No obstante, alto o percentual
das aplicaes para as quais no se dispe de informaes detalhadas sobre o seu destino. Isso pode ser
atribudo s caractersticas de alguns projetos sociais que inviabilizam essa desagregao (ex.: prmios
ou campanhas de mbito nacional) ou falta de informaes sistematizadas a esse respeito.
Em geral, as empresas tendem a concentrar os seus investimentos nas comunidades que habitam
nas proximidades dos negcios, como parte de uma estratgia de boa vizinhana. No entanto, o
entendimento de vizinhana amplo e pode incorporar o alcance da marca da empresa. No BISC, por
exemplo, 70% das empresas declaram atender comunidades em regies no localizadas no entorno
fsico de seus empreendimentos econmicos, mas esse comportamento pode decorrer da participao
marcante de grandes empresas, cujos negcios se estendem a diversas regies do pas.
8. Peliano, Anna Maria (Coord.). A Iniciativa Privada e o Esprito Pblico: A evoluo da ao social das empresas privadas no Brasil IPEA/DISOC. Braslia, 2006.
82
76
71
71
59
53
12
Contribui na construo participativa de uma agenda de desenvolvimento local
Atribui prioridade aos investimentos sociais estruturantes
e convergentes com as polticas pblicas
Dialoga e consulta a comunidade para a definio dos investimentos sociais locais
Participa de Conselhos, Comits (ou similares) para debater o desenvolvimento local
Acompanha a contribuio dos empreendimentos da empresa para o desenvolvimento socioambiental local
Articula e debate com outras empresas que atuam no mesmo territrio
Outros
o novo retrato da atuao social das empresas
-
42
Grfico 21
Por regio, como se distribuem os investimentos sociais das empresas? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
Grfico 22
Por regio, como se distribuem os investimentos dos institutos? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
Sudeste34
Sudeste38
51 Diversas Regies
5 Nordeste
9 Norte
Centro-Oeste1
Centro-Oeste5
10 Norte
16 Nordeste
31 Diversas regies
o novo retrato da atuao social das empresas
-
43
Sobre a qualidade das prticas sociais e educacionais
Desde 2010, a pesquisa BISC busca aferir a qualidade dos investimentos sociais realizados pelas
empresas participantes. Para tanto, foram adotados indicadores que qualificam em todos os anos
as diversas dimenses que afetam as prticas sociais e indicadores mais especficos para qualificar
projetos de educao e de desenvolvimento territorial (aplicados em anos alternados). Para cada um
desses indicadores so atribudas notas mdias que refletem a eficincia da gesto, a qualidade do
gasto e o cumprimento de requisitos essenciais para garantir o sucesso de projetos sociais. Por meio
da plataforma on-line, que a Comunitas disponibiliza para o grupo, cada empresa pode comparar seus
resultados com o conjunto dos demais participantes, e refletir sobre os aspectos em que mais avanou
e aqueles que esto demandando um maior empenho. Esse o esprito do benchmarking.
Para delinear o retrato da qualidade das prticas sociais, as empresas consideraram apenas os
investimentos sociais mais estruturados, desenvolvidos diretamente por elas e por seus institutos,
ou por meio do apoio a terceiros. No total, foram analisadas 161 prticas sociais, que absorveram
R$ 256 milhes, em 2012. A educao o foco principal da anlise (Grfico 23), mas nesse momento
os aspectos apreciados so bem mais abrangentes e as prticas educacionais consideradas nesse
item no so, necessariamente, as mesmas analisadas no exerccio sobre os projetos de educao,
apresentado mais adiante.
O autorretrato da qualidade das prticas sociais geradas nessa edio da pesquisa reflete a necessidade
de aprimoramentos. Em uma escala de 1 a 10, a nota mdia foi de 7,7, isto , um patamar prximo aos
dois anos anteriores, em que as notas foram de 7,5 e 7,9, respectivamente. Tal resultado sugere, por um
lado, o rigor na avaliao e, por outro, a necessidade de avanos mais significativos.
Os ndices de qualidade apresentados na Figura 8 indicam que aqueles aspectos diretamente
relacionados execuo das prticas sociais qualidade dos projetos e envolvimento institucional
foram melhor avaliados. Por outro lado, na questo da avaliao que as empresas reconhecem suas
maiores fragilidades.
o novo retrato da atuao social das empresas
-
44
Grfico 23
Qual o foco das prticas sociais avaliadas? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
27
15
13
13
11
6
6
4
3
1
1
1
Educao
Defesa de direitos
Desenvolvimento comunitrio e/ou econmico
Gerao de renda
Formao tcnica e profissional
Meio Ambiente (nas comunidades)
Assistncia social
Sade
Esporte e lazer
Patrocnio de eventos culturais
Infraestrutura
Arte e cultura em comunidades pobres
o novo retrato da atuao social das empresas
-
45
figura 8
Indicadores qualitativos de benchmarking das prticas sociaisNota mdia: 7,7
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
uma nota de cautela
As respostas a esse exerccio de aferio da qualidade das prticas
sociais e dos projetos na rea da educao refletem, no s diferentes
percepes com respeito aos fatores envolvidos na apreciao de cada
um dos indicadores contemplados, como tambm um maior ou menor
rigor aplicado valorao de cada um deles. Portanto, recomenda-se
cautela no uso dos resultados aqui apresentados.
Um elenco de 25 indicadores foi considerado para analisar o mrito das prticas sociais em cinco
dimenses relevantes. Os gestores responsveis pelas iniciativas foram instados a refletir sobre a sua
atuao e assinalar aqueles indicadores que foram atendidos integral ou parcialmente, assim como os
que deixaram de s-lo. O contedo dos indicadores utilizados em cada uma das cinco dimenses e os
resultados obtidos so destacados a seguir, nas Figuras 9 a 13.
8,8
Qualidade dos projetos
alianas estratgicas
Comunicao e mobilizao
envolvimento institucional
avaliao e resultados comprovados 7,8
7,08,4
6,6
o novo retrato da atuao social das empresas
-
46
O que dizem os indicadores sobre a qualidade dos projetos sociais? (figura 9)
Todos os quesitos relacionados qualidade dos projetos foram bem avaliados, cabendo ressaltar
a qualificao e o comprometimento dos colaboradores envolvidos na gesto dos projetos que
receberam uma nota bem prxima a 10.
figura 9
indicadores qualitativos das prticas sociaisNota mdia: 8,8
Qualidade dos projetos sociais
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
8,3
Desenho dos projetos
Objetivos e metas
Metodologia de trabalhoViabilidade operacional
Recursos humanos8,0
9,18,7
9,8
Os projetos so desenhados com base em um diagnstico abrangente dos problemas e das potencialidades locais, bem como das demandas das comunidades.
Os objetivos e metas so estabelecidos levando em conta o diagnstico realizado e o tempo requerido para alcan-los.
O desenho dos projetos incorpora metodologias de trabalho coerentes com os objetivos estabelecidos, compatveis com os meios disponveis e flexveis para adaptar-se realidade local.
Os meios necessrios ao alcance dos objetivos e metas so adequadamente dimensionados.
A operao dos projetos conduzida por profissionais preparados e comprometidos com os seus objetivos.
o novo retrato da atuao social das empresas
-
47
O que dizem os indicadores sobre as alianas estratgicas realizadas pelas empresas para desenvolverem as suas prticas sociais? (figura 10)
A interao mantida com os atores relevantes, e com organizaes reconhecidas e estratgicas
para o sucesso dos projetos foram consideradas satisfatrias e obtiveram uma nota prxima de
9. A maior dificuldade nesse quesito a de articular-se com os rgos governamentais.
figura 10
indicadores qualitativos das prticas sociaisNota mdia: 7,8
alianas estratgicas
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
8,7
Interaes com atores relevantes
articulao com rgos governamentais
Participao em rede de organizaes
Parcerias com organizaes estratgicas
Participao em instncias colegiadas
6,3
7,48,9
7,8
A empresa mantm uma interao constante com atores sociais relevantes (lideranas) e organizaes comunitrias para o desenvolvimento dos seus projetos.
A empresa faz parcerias com rgos governamentais e busca a complementaridade de seus projetos com as polticas pblicas.
A empresa articula-se com as organizaes prestadoras de servios locais para a construo de redes de atendimento s comunidades.
A empresa articula alianas com organizaes reconhecidas e estratgicas para desenvolvimento.
A empresa criou ou participa de instncias colegiadas (ex.: Comits, Fruns e Conselhos) que funcionam como espao institucionalizado para negociao, coordenao e preservao do cumprimento dos compromissos estabelecidos.
o novo retrato da atuao social das empresas
-
48
O que dizem os indicadores sobre as estratgias de comunicao e mobilizao adotadas pelas empresas? (figura 11)
A nota mdia do quesito comunicao e mobilizao foi a que apresentou maior avano em
relao ao ano anterior - passou de 6,3 para 7. No obstante, o envolvimento de recursos humanos
locais na implementao dos projetos e na divulgao das metas estabelecidas e dos resultados
obtidos, so aspectos que precisam ser aprimorados, de forma a garantir mais transparncia e
um maior engajamento dos diversos atores envolvidos.
figura 11
indicadores qualitativos das prticas sociaisNota mdia: 7,0
Comunicao e mobilizao
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
8,7
estratgia de comunicao
Canais de dilogo permanente com atores relevantes
divulgao de metas e resultados
Valorizao da cultura local
envolvimento de recursos humanos locais 7,4
5,27,4
6,1
A empresa estabelece estratgia de comunicao e mobilizao (ex.: realizao de eventos, campanhas de divulgao e premiaes) para conquistar a adeso dos atores envolvidos.
A empresa mantm canais abertos (ex.: call center e sites interativos) para um dilogo permanente com as partes interessadas.
A empresa divulga as metas estabelecidas e os resultados das avaliaes de seus projetos.
A empresa cuida da valorizao da cultura local e regional e incorporar os conhecimentos das comunidades para a implantao de seus projetos.
A empresa capacita e incorpora recursos humanos locais na execuo de seus projetos (ex.: agentes comunitrios e gestores pblicos).
o novo retrato da atuao social das empresas
-
49
A empresa compromete-se com a garantia de recursos e os meios necessrios para o cumprimento das metas estabelecidas.
O que dizem os indicadores sobre o envolvimento institucional das empresas com as prticas sociais? (figura 12)
por meio da garantia dos recursos necessrios para a implementao dos projetos que os
gestores reconhecem, de forma mais efetiva, o apoio da sua instituio. Por outro lado, eles
reconhecem a necessidade de uma maior integrao entre as diversas unidades da empresa: a
nota 7 atribuda a esse quesito ficou distante da nota mdia obtida nessa dimenso (8,4).
figura 12
indicadores qualitativos das prticas sociaisNota mdia: 8,4
envolvimento institucional
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
9,6
Garantia de recursos
sinergia interna entre unidades de empresa
envolvimento dos colaboradores
Valorizao interna da atuao social
Aderncia poltica corporativa 7,0
7,68,9
9,1
A empresa promove a sinergia entre as diversas unidades que cuidam de investimentos sociais e ambientais.
A empresa estimula o envolvimento dos colaboradores nos seus projetos sociais.
A empresa reconhece que os projetos sociais trazem retorno para a prpria organizao.
A empresa desenvolve projetos aderentes ao perfil de atuao ou sua poltica corporativa.
o novo retrato da atuao social das empresas
-
50
O que dizem os indicadores sobre a qualidade das avaliaes das prticas sociais? (figura 13)
O quesito avaliao foi o que recebeu a nota mais baixa (6,6). O desenho da Figura 13
ilustra diferenas marcantes em relao aos aspectos considerados nesse campo. Enquanto
o monitoramento apresenta um escore alto (9,3), por ser uma prtica j consagrada entre
os participantes do BISC, a mensurao dos resultados, por exemplo, recebeu uma nota 5,9
refletindo as dificuldades enfrentadas pelas empresas para avaliar o impacto de suas atividades.
figura 13
indicadores qualitativos das prticas sociaisNota mdia: 6,6
avaliao e resultados comprovados
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
avaliao do cumprimento de metas
Monitoramento dos projetos
Informaes mensuradas dos benefcios gerados
envolvimento dos atores na avaliao
Avaliadores externos
A empresa monitora permanentemente a execuo do seus projetos sociais.
A empresa avalia sistema de cumprimento de metas.
A empresa reconhece que os projetos sociais trazem retorno para a prpria organizao.
A empresa dispe de informaes mensuradas sobre os benefcios gerados para as comunidades atendidas.
A empresa utiliza avaliadores externos para aumentar a credibilidade das avaliaes.
9,3
7,8
5,96,7
3,3
o novo retrato da atuao social das empresas
-
51
No BISC 2013, repetiu-se a avaliao qualitativa dos investimentos sociais em educao realizada
h dois anos. O volume de recursos que as empresas do grupo investem nessa rea justificou a
opo. O novo retrato sinaliza avanos: a nota mdia passou de 8,3 para 8,5 e essa elevao foi
observada em todos os quesitos, especialmente no de desenho dos projetos (Figura 14). Foram
analisados 64 projetos, para os quais o grupo destinou R$ 579 milhes direcionados principalmente
educao para o trabalho (Grfico 24).
figura 14
Indicadores qualitativos de benchmarking dos projetos educacionaisNota mdia: 8,5
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
8,7
Desenho dos projetos
Estabelecimento de metas
financiamento e custosadministrao dos projetos
Controle e avaliaco
8,4
8,29,3
7,9
o novo retrato da atuao social das empresas
-
52
Grfico 24
Qual o foco dos projetos educacionais? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
Para construir o benchmarking qualitativo dos projetos educacionais, utilizou-se a mesma metodologia
das prticas sociais. Foram identificadas cinco dimenses que merecem ser analisadas para aferir o
xito desse tipo de projetos, e para cada uma delas estabeleceu-se cinco indicadores qualitativos.
Mais uma vez, coube aos gestores responsveis pelos projetos assinalar aqueles quesitos que foram
atendidos integral ou parcialmente, e os que no o foram. Nas figuras 15 a 19 esto apresentados os
indicadores adotados, assim como os resultados obtidos em cada uma das cinco dimenses destacadas.
26
17
13
12
9
7
6
6
3
1
Educao para o trabalho
Educao formal
Capacitao de professores
Outros
Instalao de bibliotecas/laboratrios
Capacitao de gestores
Alfabetizao
Arte e educao
Produo de conhecimento/pesquisa
Educao ambiental
o novo retrato da atuao social das empresas
-
53
Como se apresentam os indicadores que retratam a qualidade do desenho dos projetos educacionais? (Figura15)
Todos os aspectos envolvidos no desenho dos projetos foram relativamente bem avaliados e
as notas se assemelham dentro do intervalo de 8 e 9. Comparando com a avaliao anterior
(2011), as empresas aprimoraram o contedo dos seus projetos e a nota mdia subiu de 8,1
para 8,7.
figura 15
Indicadores qualitativos dos projetos educacionaisNota mdia: 8,7
Desenho dos projetos
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
8,2
Participao da comunidade no
desenho do projeto
Qualidade da metodologia adotada
Alinhamento com polticas pblicas
Definio de indicadores de monitoramento e avaliao
envolvimento dos atores relevantes 8,9
8,98,7
8,9
O desenho do projeto realizado a partir de consultas comunidade e da incorporao de suas demandas e sugestes.
O desenho do projeto incorpora mtodos inovadores e passveis de serem reproduzidos.
O desenho do projeto se orienta por propsitos de apoiar e influenciar polticas pblicas.
O desenho do projeto estabelece indicadores e prev metodologia de monitoramento e avaliao.
O desenho do projeto prev mecanismos de dilogo e participao dos diversos atores envolvidos em todas as etapas de execuo.
o novo retrato da atuao social das empresas
-
54
Como se apresentam os indicadores que retratam o processo de definio de
metas dos projetos educacionais? (Figura 16)
O cuidado com o estabelecimento de metas que possam ser cumpridas nos prazos se
destacou entre os diversos aspectos analisados nesse quesito. Cabe, no entanto, avanar
na transparncia e na garantia de participao das comunidades no processo de definio
dessas metas: ambos os quesitos receberam uma nota inferior a 8.
figura 16
Indicadores qualitativos dos projetos educacionaisNota mdia: 8,4
Estabelecimento de metas
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
8,4
adequao das metas ao diagnstico local
Participao dos atores na definio das metas
Viabilidade de cumprimento das metas no prazo estabelecido
Viabilidade operacional das metas
divulgao das metas
7,9
9,28,9
7,6
As metas so estabelecidas a partir de um diagnstico dos indicadores educacionais locais.
A definio das metas resulta de um processo interativo com os atores relevantes.
As metas so estabelecidas levando em conta o tempo requerido para alcan-las.
A definio das metas associada ao estabelecimento de recursos para sua consecuo.
As metas so divulgadas e utilizadas como referncia para a avaliao.
o novo retrato da atuao social das empresas
-
55
Como se apresentam os indicadores que retratam o processo de
financiamento e controle de custos dos projetos educacionais? (figura 17)
A estabilidade no financiamento dos projetos um trunfo importante dos investimentos
sociais do grupo, e tal resultado se confirma em diversas anlises desenvolvidas nesse
relatrio. Mais uma vez, a transparncia apresenta-se como o maior desafio e recebeu uma
nota de 6,3, bem abaixo da nota mdia dessa dimenso (8,2).
figura 17
Indicadores qualitativos dos projetos educacionaisNota mdia: 8,2
financiamento e custos
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
9,2
Estabilidade de financiamento ao longo do projeto
Previso de recursos para monitoramento e avaliao
Detalhamento das fontes de financiamento
Informao sobre custos de gesto
transparncia do oramento 7,6
8,78,9
6,3
A organizao dispe de uma estratgia de financiamento que garante estabilidade dos recursos financeiros ao longo da vigncia do projeto.
No financiamento do projeto esto previstos recursos para o monitoramento e avaliao.
Existem informaes discriminadas sobre as fontes de recursos utilizados no financiamento do projeto.
A organizao dispe de informaes detalhadas sobre os custos incorridos na execuo de projeto.
O oramento dos projetos educacionais de conhecimento dos diversos atores envolvidos.
o novo retrato da atuao social das empresas
-
56
Como se apresentam os indicadores que retratam a administrao dos projetos educacionais? (Figura 18)
na administrao dos projetos educacionais que se sobressaem os indicadores de
qualidade BISC. As empresas do grupo avaliam que atendem bem a requisitos de uma boa
gesto: as equipes responsveis so capacitadas e interagem com os atores relevantes, as
metodologias de trabalho esto adequadas e as rotas so revistas luz dos resultados das
avaliaes. Todas as notas foram prximas ou superiores a 9.
figura 18
Indicadores qualitativos dos projetos educacionaisNota mdia: 9,3
Gesto de projetos
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
9,5
Definio de atribuies dos responsveis pela gesto
Qualidade do quadro de gestores
Eficcia da metodologia de gesto
uso dos resultados das avaliaes
relacionamento dos gestores com
os atores relevantes9,7
8,78,7
9,7
As responsabilidades pela gesto dos projetos esto claramente definidas.
A gesto dos projetos utiliza profissionais qualificados que atuam em regime de dedicao exclusiva rea social.
A gesto dos projetos feita com base em metodologias e procedimentos formalmente estabelecidos pela organizao e de eficcia reconhecida.
Recomendaes provenientes do monitoramento e da avaliao so incorporadas para aumentar a eficincia da gesto.
Os gestores mantm um relacionamento permanente com os atores relevantes.
o novo retrato da atuao social das empresas
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57
Como se apresentam os indicadores que retratam as prticas adotadas para o
controle e a avaliao dos projetos educacionais? (Figura 19)
As dificuldades relacionadas avaliao refletem-se na nota mdia desse quesito: 7,9. No
obstante, tal resultado decorre, especialmente, do fato de que as empresas pouco utilizam os
avaliadores externos que podem contribuir para uma maior preciso dos resultados obtidos.
Nos demais quesitos, as notas foram relativamente altas (acima de 8). Tal resultado denota
uma percepo de que os procedimentos de uma boa avaliao esto sendo internamente
adotados. Cabe explorar as metodologias utilizadas e a qualidade das informaes extradas.
figura 19
Indicadores qualitativos dos projetos educacionaisNota mdia: 7,9
Controle e avaliao
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
8,9
Monitoramento permanente
adoo de indicadores de monitoramento e avaliao
Informaes mensuradas sobre resultados
Participao dos diferentes atores no
acompanhamento e avaliao
utilizao de avaliadores externos 8,2
8,28,4
6,1
A empresa monitora permanentemente a execuo dos seus projetos de educao.
A empresa dispe de informaes quantificadas sobre os resultados decorrentes da execuo de seus projetos.
A empresa estabelece indicadores para uma avaliao sistemtica do cumprimento das metas estabelecidas.
A empresa utiliza avaliadores externos para aumentar a credibilidade das avaliaes.
A empresa mobiliza os diversos atores envolvidos no acompanhamento e avaliao de seus projetos sociais.
o novo retrato da atuao social das empresas
-
58
Por fim, importante destacar que nesse exerccio de identificao dos padres de qualidade das
prticas sociais e educacionais do grupo BISC, no so apenas as notas e as referncias que contam,
mas tambm a oportunidade de as empresas refletirem sobre a sua prpria atuao. Esse o objetivo
maior dos indicadores de benchmarking: oferecer s empresas e fundaes associadas uma ferramenta
de anlise qualitativa de suas prticas sociais.
Sobre os investimentos sociais no exterior
Em 2013, buscou-se ampliar o conhecimento sobre a atuao social das empresas fora do Brasil. O
tema foi sugerido na reunio de lanamento da ltima edio do BISC e tem recebido uma ateno
especial na pesquisa do CECP, da qual foram extradas as questes adotadas pela Comunitas. Tal
opo permitiu comparar alguns resultados e explorar temas at ento ignorados. No obstante,
nem todas as empresas que fazem investimentos no exterior conseguiram fornecer as informaes
solicitadas e, por isso, a anlise de alguns tpicos ficou prejudicada.
Entre os avanos obtidos, cabe destacar que o volume de recursos captado no novo levantamento
foi significativamente superior quele identificado no ano anterior. Em 2012, os investimentos das
empresas brasileiras em outros pases chegaram casa dos R$ 150 milhes. A ttulo de referncia, a
mediana desses investimentos - R$ 31,5 milhes - foi quase igual ao valor total declarado em 2011,
isto , R$ 35,3 milhes9. Tal diferena, no entanto, no deve ser creditada a um crescimento dos
investimentos nessa mesma proporo, mas a melhorias na qualidade da informao. Ainda assim,
vale ressaltar que esses valores esto subestimados, pois eles correspondem aos investimentos
sociais de apenas 24% das empresas brasileiras que participam do BISC10. H fortes indicaes de
que outras 29% delas tambm investem no exterior, mas, conforme anteriormente mencionado,
no disponibilizaram as informaes. Se confirmada essa hiptese, o que poder ser feito em uma
prxima edio da pesquisa, o percentual de empresas do BISC que investem no exterior de 53%
e, no CECP, de 71%11.
9. Preos ajustados pela inflao.10. As empresas estrangeiras que participam do BISC no informaram sobre os investimentos realizados fora do Brasil. 11. As informaes sobre as empresas que fazem parte do CECP foram extradas do Giving in Numbers: Corporate Giving Standard. Edio de 2013. Nova York, CECP em associao com THE CONFERENCE BOARD.
o novo retrato da atuao social das empresas
-
59
interessante observar, no caso brasileiro, que entre as empresas que investem em outros pases os
recursos representam 17% do total dos seus investimentos sociais, e que essa percentagem prxima
quela apresentada pelo CECP: 21%. Ou seja, l e c, as empresas do preferncia em atuar no prprio pas.
A afirmao acima fica mais evidente quando se analisa a origem dos recursos investidos no exterior.
Verifica-se que a maior parte deles (se no a sua totalidade) captada tambm no exterior12. Isso
explica, em parte, a tendncia das empresas atuarem em pases nos quais possuem algum tipo de
empreendimento econmico. Assim, no BISC, por exemplo, as empresas declararam que s fazem
investimentos em pases onde contam com a presena de seus colaboradores e no grupo do CECP,
apenas 13% investem em pases considerados mais necessitados ou que tenham para elas valores
estratgicos, independentemente da presena de seus colaboradores. Assim, a concluso apresentada
no relatrio do CECP aplica-se tambm ao Brasil13: Corporate giving officers identified business
strategy and employee footprint as the strongest drivers for the expan sion of international giving.
Other reasons for expansion included societal need and rev enues generated abroad.
So os pases em desenvolvimento que recebem a maior fatia dos investimentos sociais externos: 96%
do total14. Analisando a distribuio dos recursos entre os continentes, verifica-se que a proporo
destinada aos pases do Oriente Mdio e frica equivale destinada aos pases da Amrica Latina,
o que reflete uma clara prioridade das empresas brasileiras para as regies mais pobres do planeta
(Grfico 25).
12. A observao refere-se a todas as empresas que informaram a origem dos investimentos externos e equivale a 62% dos investimentos no exterior. Para o restante no h dados disponveis sobre a origem dos recursos. 13. Fonte: Giving in Numbers: Corporate Giving Standard. Edio de 2013.14. A lista de pases considerados em desenvolvimento foi fornecida pelo CECP e baseada nos critrios adotados pela Organization for Economic Co-Operation and Development (OECD).
o novo retrato da atuao social das empresas
-
60
Grfico 25
Por continentes, como se distribuem os investimentos sociais? (em %)
Fonte: BISC, 2013. Comunitas
Comparando a atuao no exterior do grupo de empresas do BISC e do CECP, observa-se que o
primeiro concentra-se no binmio desenvolvimento comunitrio e educao e, o segundo, em
educao, sade e assistncia (Grfico 26). O fato de as empresas brasileiras atuarem em regies
nas quais possuem atividades econmicas explica, em parte, as suas opes. No obstante, da
mesma forma como foi destacado no relatrio do CECP, as prioridades adotadas no exterior no
correspondem, necessariamente, s prioridades dessas empresas no prprio pas. No Brasil, por
exemplo, o desenvolvimento comunitrio absorveu, proporcionalmente, uma parcela bem mais
reduzida dos investimentos sociais (6%) do que no exterior (27%). Entre as empresas do CECP, ocorreu
o mesmo fenmeno: international program area allocations do not necessarily mirror overall program
area allocations. For example, nearly a third of companies providing more than 50% of funds to Health
and Social Services abroad did not make that program area their top domestic focus in 201215.
15. Fonte: Giving in Numbers: Corporate Giving Standard. Edio de 2013
Europa 1
sia e Pacfico18
Amrica do Norte9
Amrica Latina e Caribe (exceto Brasil)36
Oriente Mdio e frica36
o novo retrato da atuao social das empresas
Dese
nvolv
imen
to ec
onm
ico e
comu
nitr
io
-
61
Grfico 26
BISC e CECP, a que se destinam os investimentos sociais no exterior? (em %)
Fonte: BISC, 2013 e CECP, 2013. CECP & Comunitas
Os resultados obtidos na anlise da atuao das empresas do BISC fora do pas, trazem revelaes
interessantes: os investimentos externos representam uma fatia relativamente pequena em relao
aos investimentos internos, os recursos alocados so captados tambm no exterior, as prioridades
diferem daquelas adotadas internamente e as semelhanas com o perfil das empresas norte-
-americanas so significativas. Por outro lado, cabe ressaltar que as informaes apresentadas se
limitam a um nmero reduzido de empresas e isso limita o alcance das concluses apresentadas.
Nem todas as empresas brasileiras que atuam no exterior, assim como as empresas estrangeiras que
fazem parte do grup