BISC Relatório 2013

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RELATÓRIO 2013

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O objetivo da pesquisa BISC é o de contribuir para ampliar o conhecimento sobre a atuação dasempresas no campo social e para provocar a reflexão, o debate e o aprimoramento das práticas sociaiscorporativas no Brasil. Os resultados apresentados no relatório dessa edição foram obtidos medianteum levantamento de informações junto às instituições parceiras da Comunitas que representamum universo de 224 empresas, 30 fundações empresariais, 1 instituto independente e 1 federação deempresas do setor de indústrias. Tal cobertura permite afirmar que os números aqui apresentadosoferecem um perfil bastante ilustrativo do investimento social das maiores empresas do país.

Transcript of BISC Relatório 2013

  • relatrio 2013

  • apresentao O acompanhamento anual dos investimentos sociais privados no Brasil e a comparao com os

    padres internacionais, objeto da pesquisa de Benchmarking do Investimento Social Corporativo,

    permitem aferir a evoluo dos compromissos sociais das empresas participantes. A novidade neste

    ano foi o desempenho observado internamente em um perodo no qual a conjuntura econmica foi

    pouco favorvel. Mantida a trajetria ascendente dos recursos investidos no pas, as empresas do

    grupo BISC superaram os padres norte americanos captados pelo Committee Encourage Corporate

    Philanthropy (CECP), com respeito parcela dos lucros destinada rea social, sinalizando a tendncia

    de consolidao dessa atuao.

    Em valores absolutos, o volume dos recursos voluntariamente investidos pelas empresas, em projetos

    que visam beneficiar as comunidades, alcanou em 2012, a cifra de R$ 2,5 bilhes. Somados aos

    recursos que o grupo destina a projetos sociais, realizados em decorrncia de exigncias legais ou

    contratuais, o total aplicado alcanou a casa dos R$ 4,7 bilhes.

    Mas a pesquisa BISC no se limita a observar o comportamento dos recursos investidos. Ela busca

    extrair a percepo dos gestores, dos distintos programas executados pelas empresas, com respeito

    qualidade das aplicaes. Nesse aspecto, no se observa a mesma tendncia de crescimento que marca

    o volume de recursos aplicados. A nota mdia atribuda s praticas sociais, em geral, permanecem

    estabilizadas (7,7 em 2012) indicando que temos espaos para aprimoramentos, especialmente no

    quesito da medio e avaliao dos resultados.

    Outra marca distintiva do BISC sua preocupao em estar sempre buscando abordar novos

    temas, que visam subsidiar o debate sobre o papel dos investimentos sociais privados e a

    formulao de estratgias para melhorar sua contribuio ao desenvolvimento do pas. Dos

    temas abordados em edies anteriores, destacam-se: a formao de parcerias pblico-privadas, o

    mapeamento de boas prticas, o papel dos financiamentos pblicos, as parcerias com organizaes

    sem fins lucrativos e os investimentos sociais em prol do desenvolvimento territorial. Nessa

    edio, seguindo sugestes dos parceiros e questes suscitadas nas pesquisas anteriores, foram

    destacados os seguintes temas: a realizao de investimentos sociais no exterior, o papel das

    entidades patronais e a prtica do voluntariado.

  • De acordo com a orientao de estar sempre aprimorando a pesquisa e ampliando sua utilidade para

    os participantes, em 2013, a equipe da pesquisa visitou as empresas que participaram em todas as

    suas seis edies, com os objetivos de captar a viso dos que atuam na rea sobre a importncia e

    a utilidade da pesquisa, e de reunir subsdios para futuros aprimoramentos. E o retorno foi muito

    positivo. O grupo reconhece e destaca a riqueza dos resultados disponibilizados, contribui para a

    organizao das informaes e subsidiam a reflexo sobre suas prticas internas.

    H tambm, cobranas, que se expressam na forma do desejo manifesto de explorar coletivamente

    os resultados apresentados nos relatrios. Esse , pois, um novo desafio que a Comunitas dever

    enfrentar em 2014.

    Na linha das preocupaes que rondam o debate nessa rea, a pesquisa buscou analisar preliminarmente

    novos elementos que subsidiem a reflexo sobre um tema que encerra grande controvrsia no Brasil,

    mas que vem se consolidando internacionalmente: o maior alinhamento dos investimentos sociais

    aos negcios. Neste sentido, o BISC tambm inovou ao explorar a sinergia das aplicaes sociais

    obrigatrias com os investimentos voluntrios nas ltimas edies da pesquisa. O desafio agora

    maior: provocar o debate sobre a importncia de inserir a poltica de investimentos sociais no marco

    das estratgias empresariais voltadas para os respectivos negcios.

    Os marcos alcanados pela pesquisa reforam a necessidade de dar continuidade ao trabalho que

    vem sendo realizado pela Comunitas nessa rea, com vistas a reunir, analisar e divulgar informaes

    e experincias que contribuam para a melhoria da qualidade desses investimentos e seu retorno

    para a sociedade. O propsito desse trabalho contribuir para o aperfeioamento das atividades

    executadas pelos participantes e para a consolidao da responsabilidade social corporativa no Brasil.

    Seu alcance depende do empenho de todos aqueles envolvidos na sua execuo, razo pela qual

    aproveito essa oportunidade, para agradecer a todos os parceiros e, de um modo especial, s equipes

    que se dedicaram a colher as informaes solicitadas e a oferecer sugestes para novos avanos.

    renata de Camargo NascimentoPresidente do Conselho da Comunitas

  • iNtroduo ................................................................................................................................... 7

    Parte i ................................................................................................................................................ 10as tendncias do investimento social corporativo ...................................................................... 11

    Sobre a evoluo dos investimentos sociais ............................................................................................... 11 Sobre a influncia da conjuntura econmica ........................................................................................... 15Sobre as perspectivas dos investimentos sociais ...................................................................................... 21

    o novo retrato da atuao social das empresas ........................................................................... 30Sobre a composio dos investimentos sociais corporativos .................................................................. 30Sobre o uso dos incentivos fiscais ............................................................................................................... 34Sobre as atividades desenvolvidas .............................................................................................................. 36Sobre a qualidade das prticas sociais e educacionais ............................................................................ 43Sobre os investimentos sociais no exterior ................................................................................................ 58Sobre as parcerias com organizaes governamentais e no governamentais ................................... 62Sobre o perfil das organizaes sociais apoiadas pelo grupo bisc ...................................................... 73

    o processo de gesto das prticas sociais ..................................................................................... 82Sobre a operao dos investimentos sociais ............................................................................................. 82Sobre os custos de gesto dos investimentos sociais ............................................................................... 85Sobre a avaliao dos resultados ................................................................................................................ 91Sobre a comunicao e divulgao ............................................................................................................. 96

    Parte ii ................................................................................................................................................ 100tpico especial: os programas de voluntariado .......................................................................... 102

    Sobre o perfil dos programas de voluntariado ......................................................................................... 102Sobre a dimenso dos programas de voluntariado .................................................................................. 109Sobre os resultados dos programas de voluntariado ................................................................................ 110

    Parte iii .............................................................................................................................................. 117O perfil das aplicaes sociais obrigatrias .................................................................................. 118

    Sobre a dimenso das aplicaes sociais obrigatrias ............................................................................ 118Sobre a gesto das aplicaes sociais obrigatrias ................................................................................. 120

    o papel das entidades empresariais ............................................................................................... 123Sobre a atuao social do sistema Firjan no Estado do Rio de Janeiro ................................................ 123

    CoNsideraes fiNais ............................................................................................................... 132

    aNexos ............................................................................................................................................... 137

    sumrio

  • introduoO objetivo da pesquisa BISC o de contribuir para ampliar o conhecimento sobre a atuao das

    empresas no campo social e para provocar a reflexo, o debate e o aprimoramento das prticas sociais

    corporativas no Brasil. Os resultados apresentados no relatrio dessa edio foram obtidos mediante

    um levantamento de informaes junto s instituies parceiras da Comunitas que representam

    um universo de 224 empresas, 30 fundaes empresariais, 1 instituto independente e 1 federao de

    empresas do setor de indstrias. Tal cobertura permite afirmar que os nmeros aqui apresentados

    oferecem um perfil bastante ilustrativo do investimento social das maiores empresas do pas.

    Parte das questes exploradas na pesquisa reproduzida anualmente, para permitir acompanhar

    a evoluo dos investimentos ao longo dos anos e parte segue a mesma metodologia adotada

    nos Estados Unidos pelo Committee Encouraging Corporate Philanthropy (CECP)1. Nesse caso, a

    pesquisa permite identificar padres de referncias de investimento social corporativo que possam

    ser comparados nacional e internacionalmente. Paralelamente, a cada ano, so introduzidas novas

    questes de forma a ampliar o conhecimento sobre temas menos conhecidos ou trabalhados. Assim,

    em 2013, buscou-se destacar as seguintes questes:

    A nacionalidade das empresas participantes e as caractersticas dos investimentos

    realizados pelas empresas do grupo no exterior.

    O perfil detalhado dos programas de voluntariado empresarial, enfatizando-se os

    resultados observados e as dificuldades enfrentadas.

    A avaliao das empresas sobre os seus investimentos sociais.

    As estratgias de comunicao adotadas para a divulgao dos investimentos sociais.

    O padro de qualidade dos investimentos educacionais.

    As parcerias realizadas pelas empresas para desenvolver seus projetos sociais, buscando

    identificar o que move essas parcerias e como os parceiros so escolhidos.

    1. O Committe e Encouraging Corporate Philanthropy (CECP), parceiro da Comunitas, rene o mais expressivo Frum Internacional de CEOs, com a misso exclusivamente focada nos investimentos sociais corporativos.

  • 8Um tpico especial foi introduzido nesse relatrio: a atuao da Federao das Indstrias do Rio

    de Janeiro (FIRJAN). O objetivo adicionar o conhecimento sobre o papel desempenhado por

    entidades patronais que se envolvem no desenvolvimento de projetos sociais e buscam ampliar a

    responsabilidade social do respectivo setor. A partir dessa primeira experincia, a proposta adequar

    o questionrio BISC a essas organizaes e estender a pesquisa a outras instituies similares. Como

    os recursos investidos pelas federaes so oriundos de contribuies compulsrias das empresas, o

    tema aqui tratado no captulo das aplicaes sociais obrigatrias.

    Outra inovao de 2013 foi uma pesquisa de campo realizada por meio de entrevistas junto s

    empresas que participam do BISC desde a sua primeira edio. Buscou-se, nesse trabalho, identificar

    a avaliao que os parceiros fazem da pesquisa e levantar sugestes para futuros aprimoramentos,

    de forma a adequ-la, cada vez mais, aos interesses e necessidades dos participantes. Para tanto, nas

    visitas s empresas colheu-se informaes sobre a forma como a pesquisa utilizada internamente,

    a importncia atribuda s diversas questes do questionrio, o tipo de informaes que consideram

    mais relevantes para o acompanhamento e gesto dos investimentos, e as dificuldades enfrentadas

    para responder o questionrio, dentre outras questes. O resultado desse trabalho vai estar refletido

    nas alteraes que sero inseridas na prxima edio do BISC. Alm disso, a visita s empresas foi

    uma boa oportunidade de dar um retorno para os diversos colaboradores que contribuem para o

    fornecimento das informaes, de mobilizar as equipes internas e de estimular a organizao das

    informaes, de modo a facilitar o preenchimento anual do questionrio BISC.

    Uma constatao extrada nesse balano foi o reconhecimento da riqueza de informaes contidas

    na pesquisa e a necessidade de ampliar a explorao de seus resultados. Nesse sentido importante

    ressaltar que o BISC traz contribuies inditas sobre os investimentos sociais corporativos,

    cabendo destacar:

    A adoo de padres de benchmarking similar ao adotado pelo CECP, que permite

    comparar o comportamento das empresas no Brasil com o de suas congneres nos EUA.

    A instituio do benchmarking qualitativo como ferramenta de avaliao e reflexo sobre

    a atuao das empresas parceiras.

    A anlise anual do impacto da conjuntura econmica nos investimentos sociais privados.

    O dimensionamento e a evoluo dos incentivos fiscais utilizados, por tipo de incentivo.

    A desagregao dos recursos investidos pelas empresas e por suas fundaes,

    acompanhada de uma anlise diferenciada da atuao desses dois grupos de organizaes.

    introduo

  • 9 A desagregao dos investimentos sociais por rea de atuao e por fonte de recursos.

    As informaes sobre tendncias e perspectivas dos investimentos sociais.

    O mapeamento das organizaes sem fins lucrativos que atuam em parceria com as

    empresas do grupo.

    O dimensionamento e o perfil das aplicaes sociais realizadas pelas empresas, em

    decorrncia de exigncias legais.

    A anlise desses temas est apresentada em trs partes do presente relatrio cuja estrutura similar

    do ano anterior de forma a facilitar o acompanhamento da srie de publicaes da pesquisa.

    Na primeira parte so apresentadas as tendncias dos investimentos sociais privados, um perfil

    atualizado da atuao das empresas participantes do BISC e das parcerias com as organizaes

    sem fins lucrativos. A segunda parte dedicada a uma anlise mais aprofundada dos programas

    de voluntariado destacando-se as motivaes, as estratgias adotadas, a abrangncia, os recursos

    envolvidos, os resultados percebidos e as dificuldades enfrentadas. A terceira parte trata do tema das

    aplicaes sociais obrigatrias e da experincia do Sistema FIRJAN (Federao das Indstrias do Rio

    de Janeiro), no estimulo aos investimentos sociais das indstrias do Rio de Janeiro. No Anexo I est

    exposta a metodologia adotada na pesquisa em 2013.

    introduo

  • Parte i

  • 11

    as tendncias do investimento social corporativo Sobre a evoluo dos investimentos sociais

    um resultado auspicioso

    O avano foi significativo. Em cinco anos, os participantes do BISC dobraram os seus investimentos

    sociais, alcanando a marca dos R$ 2,5 bilhes de reais destinados s aes sociais em 2012 (Figura 1).

    figura 1

    Como se comportaram os investimentos sociais do grupo BisC no perodo 2007-2012?

    total dos investimentos

    (Em valores ajustados pela inflao)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    Em 2007, a mediana dos investimentos sociais do grupo era praticamente a metade da registrada

    pelas empresas que participam da pesquisa desenvolvida pelo Committee Encouraging Corporate

    Philantropy (CECP), mas em 2012 se aproximou do padro internacional. No entanto, quando o

    desempenho medido pela relao investimentos/lucros, a mediana do grupo do BISC ultrapassou o

    valor registrado pelo CECP em 2012, registrando um grande avano em relao ao resultado de 2007.

    Este desempenho denota um grande esforo das empresas do BISC para ampliar suas atividades no

    campo social (Figuras 2 e 3).

    R$ 1,3 bilho

    R$ 1,6 bilhoR$ 1,5 bilho

    R$ 1,8 bilhoR$ 2,1 bilhes

    R$ 2,5 bilhes

    20072007

    2008200820092009

    20102010 20112011 20122012

  • 12

    figura 2

    BISC e CECP: Qual o padro dos investimentos sociais corporativos?

    Mediana do valor dos investimentos* (Em valores ajustados pela inflao)

    BisC (2007/2012)

    CeCP (2007/2012)

    *Obs.: Os dados referem-se a todos os participantes que em

    cada ano da pesquisa informaram, simultaneamente, o valor

    dos investimentos sociais, a receita lquida e o lucro bruto.

    Fonte: BISC, 2013 e CECP, 2013. CECP & Comunitas

    20072007

    2008200820092009 20102010 20112011

    20122012

    20072007

    2008200820092009 20102010 20112011

    20122012

    todas as empresasu$ 15,2 milhes

    todas as empresasu$ 28,2 milhes

    todas as empresasu$ 14,9 milhes

    todas as empresasu$ 27,7 milhes

    todas as empresasu$ 16,6 milhes

    todas as empresasu$ 20,7milhes

    todas as empresasu$ 15,9 milhes

    todas as empresasu$ 23,2 milhes

    todas as empresasu$ 16,9 milhes

    todas as empresasu$ 21,5 milhes

    todas as empresasu$ 16,3milhes

    todas as empresasu$ 19,9milhes

    as tendncias do investimento social corporativo

  • 13

    figura 3

    BISC e CECP: Qual o peso dos investimentos sociais nos lucros das empresas?

    Proporo dos investimentos nos lucros brutos(Mediana dos percentuais)

    BisC (2007/2012)

    CeCP (2007/2012)

    Fonte: BISC, 2013 e CECP, 2013. CECP & Comunitas

    20072007

    2008200820092009 20102010 20112011 20122012

    20072007

    2008200820092009 20102010 20112011

    20122012

    0,62%

    0,90%1,13% 0,92% 1,18%

    1,37%

    0,92%1,23%

    1,12% 0,91% 0,95% 1,00%

    as tendncias do investimento social corporativo

  • 14

    surpresa, ou poderia ser esperado?

    Poderia ser arguido que a arrancada registrada pelo BISC foi resultado de mudanas na composio

    do grupo, que teria contribudo para aumentar o flego dos seus participantes, mas isso no

    confirmado pela pesquisa. O desempenho do conjunto no foi muito diferente do registrado por

    aqueles que participaram regularmente em todos os anos em que a pesquisa foi realizada, como pode

    ser visto no Grfico 1 abaixo.

    Grfico 1

    Qual foi a evoluo dos investimentos sociais do grupo BISC entre 2007-2012?(Valores ajustados pela inflao)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    Uma informao nova coletada na pesquisa BISC de 2013 buscou identificar a nacionalidade

    dos participantes e verificar se isso fazia diferena no comportamento do grupo. Em 2012, as

    empresas estrangeiras no BISC correspondiam a 26% do total de participantes e contriburam

    com 9% dos investimentos realizados por todos. Seu desempenho no quesito investimentos/

    lucros foi de 1,21% e superou o ndice registrado pelos participantes do CECP, contribuindo para

    reforar os resultados do BISC.

    3

    2,5

    2

    1,5

    1

    0,5

    02007

    1,2

    1,3

    1,5

    1,6

    1,4

    1,5

    1,5

    1,8

    1,8

    2,1

    2

    2,5

    2008 2009 2010 2011 2012

    Bilh

    es

    de R

    eais

    (R

    $)

    Todas as empresas queresponderam em cada ano

    Apenas empresas queresponderam todos os anos

    as tendncias do investimento social corporativo

  • 15

    Sobre a influncia da conjuntura econmica

    O que explica este resultado? Afinal, as expectativas do prprio grupo eram de repetir a marca

    que havia sido atingida em 2011, considerando que o clima antevisto no parecia ser favorvel

    a novos avanos. Depois da forte queda na taxa de crescimento da economia do pas em 2011, a

    baixa credibilidade das previses de crescimento para 2012 no oferecia condies adequadas para

    esperar resultados favorveis para a economia, o que veio a se confirmar com a divulgao oficial

    de um crescimento econmico de apenas 0,9% nesse ano. No obstante esse fato, os investimentos

    sociais em 2012 continuaram se expandindo.

    Contrariando as expectativas, os resultados mostram avanos, pois os investimentos cresceram,

    o que redundou em aumentos expressivos nos valores das medianas da relao entre os

    investimentos sociais e as receitas, assim como na sua relao com o lucro (Figura 4). Como as

    receitas reagem mais rapidamente retrao da economia, o aumento da mediana da relao

    investimentos/receita merece ser destacado, embora a relao com o lucro seja uma medida mais

    adequada para aferir o benchmarking.

    A melhor resposta pergunta sobre a explicao para esse resultado que ela reflete a continuidade

    de um processo de um maior envolvimento das empresas com os investimentos sociais, que se

    manifesta na menor sensibilidade dos valores aplicados a oscilaes anuais no ciclo econmico. E

    isso se explica, em grande parte, pelo fato de a execuo de projetos de investimento se distribuir

    por um perodo de tempo que supera o calendrio anual, de forma que o cronograma de execuo

    das atividades previstas nos projetos pode prever dispndios maiores nos anos posteriores ao do

    seu incio. Isto , uma vez iniciado, o ritmo de execuo do projeto pode exigir a continuidade

    das aplicaes, ainda que as condies para isso fiquem menos favorveis. Caso contrrio, a

    paralisao das obras ou a interrupo dos servios prejudicaria as comunidades e comprometeria

    o relacionamento das empresas com elas.

    H dois fatos que reforam essa observao. O primeiro vem dos nmeros que indicam ndices de

    crescimento dos investimentos sociais praticamente iguais entre 2011 e 2012 e entre 2009 e 2010.

    Neste ltimo perodo, a economia havia exibido um robusto crescimento de 7,5% e no perodo

    recente, um crescimento irrisrio de menos de 1%. O segundo, pode ser colhido em informaes sobre

    razes para ampliao dos investimentos, fornecida por participantes do grupo, que mencionam a

    incluso de novos projetos, a criao de reas dedicadas a essas atividades nas empresas e a adoo

    de planos de investimento para dois anos, conforme ser destacado adiante.

    as tendncias do investimento social corporativo

  • 16

    No h, portanto, motivo para surpresas. Ainda que no antevistas, as marcas alcanadas em 2012

    indicam a consolidao de um processo em curso de fortalecimento da atuao das empresas no

    campo social, que, ao que parece ainda ir superar as expectativas.

    figura 4Proporo dos investimentos na receita lquida(Mediana dos percentuais)

    Proporo dos investimentos nos lucros brutos(Mediana dos percentuais)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    20072007

    20072007

    20082008

    20082008

    20092009

    20092009

    20102010

    20102010

    20112011

    20112011

    20122012

    20122012

    todas as empresas

    0,29%

    todas as empresas

    0,62%

    todas as empresas

    0,24%

    todas as empresas

    0,90%

    todas as empresas

    0,28%

    todas as empresas

    1,13%

    todas as empresas

    0,32%

    todas as empresas

    0,92%

    todas as empresas

    0,27%

    todas as empresas

    1,18%

    todas as empresas

    0,45%

    todas as empresas

    1,37%

    as tendncias do investimento social corporativo

    < PiB: 6,1% 5,2% -0,3% 7,5% 2,7% 0,9%

  • 17

    O que se destaca na comparao dos resultados de distintos perfis dos participantes do BisC?

    H duas maneiras principais de dividir os participantes do grupo: pelo tamanho e pela atividade.

    Quanto ao tamanho, os grandes so aqueles em que a receita maior do que R$ 5 bilhes, o lucro

    supera R$ 3 bilhes ou que emprega mais de 30 mil funcionrios. E quanto atividade ele se divide

    em aqueles que representam a indstria e os que se dedicam prestao de servios. As diferenas

    entre eles so identificadas pelo valor das respectivas medianas, um ndice que permite aferir como o

    desempenho de cada subgrupo afetado por diferenas internas.

    No h grandes surpresas na comparao dos resultados exibidos por grandes e pequenas empresas.

    Como era de se esperar, a mediana dos investimentos realizados pelas empresas de maior porte

    superior a que mostra o nvel dos investimentos feitos pelo outro grupo (Figura 5). Cabe destacar,

    entretanto, que participao dos investimentos nos lucros similar, e at um pouco maior nas menores

    - a mediana dos investimentos nos lucros nas grandes de 1,36% e nas pequenas de 1,39% -, o que

    denota um maior esforo delas.

    Diferenas no comportamento tambm se revelam quando o grupo dividido em funo da natureza

    da atividade exercida por seus componentes. Neste caso, os resultados sofrem a influncia de

    mudanas nos participantes e no nmero de componentes de cada subgrupo. Ademais, a conjuntura

    econmica afeta de modo distinto o desempenho da indstria e da prestao de servios, como pode

    ser percebido nas oscilaes registradas na Figura 6.

    Essas diferenas podem ser percebidas, por exemplo, na variao da mediana dos valores investidos.

    Em 2010, a mediana dos investimentos sociais do subgrupo das prestadoras de servios acusou

    forte queda em relao aos valores de 2009, enquanto o outro subgrupo manteve o mesmo patamar.

    Em 2012, ambos registram crescimento nos investimentos sociais, embora em relao aos lucros, o

    resultado deles tenha sido inverso: cresceu a participao dos investimentos nos lucros das empresas

    de servios enquanto que o subgrupo da indstria registrou uma queda nesse indicador (Figuras 6 e

    7). Essas alteraes no so facilmente explicadas em razo da mudana no nmero de componentes

    de cada grupo, em particular no que abriga as empresas prestadoras de servios.

    as tendncias do investimento social corporativo

  • 18

    figura 5

    Como variam os valores dos investimentos sociais corporativos?(Mediana dos valores)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    2012Todas as empresas

    R$ 31,9 milhes

    Lucro

    < R$ 3 biR$ 6 milhes

    Lucro

    > R$ 3 biR$ 118,2 milhes

    Receita

    > R$ 5 biR$ 97,2 milhes

    Funcionrios

    > 30 000R$ 120,9 milhes

    Funcionrios

    < 30 000R$ 17,7 milhes

    Receita

    < R$ 5 biR$ 7,7 milhes

    O maior valor investido individualmente foi da ordem de R$ 673 milhes

    as tendncias do investimento social corporativo

  • 19

    figura 6

    indstria e servios: o que ocorreu com os seus investimentos sociais no perodo 2007-2012?

    Mediana do valor dos investimentos (Em valores ajustados pela inflao)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    20072007

    20072007

    20082008

    20082008

    20092009

    20092009

    20102010

    20102010

    20112011

    20112011

    20122012

    20122012

    Prestao de serviosr$ 29,4 milhes

    indstria de transformao

    r$ 29,7 milhes

    indstria de transformao

    r$ 37,9 milhes

    indstria de transformao

    r$ 26,7 milhes

    indstria de transformao

    r$ 27,0 milhes

    indstria de transformao

    r$ 34,2 milhes

    indstria de transformao

    r$ 38,0 milhes

    Prestao de serviosr$ 26,7 milhes

    Prestao de serviosr$ 44,2 milhes

    Prestao de serviosr$ 35,0 milhes

    Prestao de serviosr$ 26,5 milhes

    Prestao de serviosr$ 31,9 milhes

    as tendncias do investimento social corporativo

  • 20

    figura 7

    indstria e servios: qual a proporo dos investimentos nos lucros?

    Proporo dos investimentos nos lucros brutos (Mediana dos percentuais)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    20072007

    20072007

    20082008

    20082008

    20092009

    20092009

    20102010

    20102010

    20112011

    20112011

    20122012

    20122012

    Prestao de servios

    0,55%

    indstria de transformao

    1,59%

    indstria de transformao

    1,03%

    indstria de transformao

    1,09%

    indstria de transformao

    0,82%indstria de

    transformao

    1,34% indstria de transformao 1,23%

    Prestao de servios

    0,75%

    Prestao de servios

    1,41%

    Prestao de servios

    0,93%Prestao

    de servios

    1,18%Prestao

    de servios

    1,59%

    as tendncias do investimento social corporativo

  • 21

    Sobre as perspectivas dos investimentos sociais

    H folga para continuar avanando?

    Difcil afirmar. Mas h elementos para suscitar a hiptese de que as expectativas dos participantes

    possam de novo ser contestadas. O painel das respostas pergunta feita a eles sobre o que esperam

    ver nos resultados de 2013 no conclusivo. Em que pese a maior parte das empresas responderem que

    pretendem aumentar os seus investimentos, os acrscimos de uns podem no compensar a reduo

    de outros. A manter a previso informada, os investimentos sociais do grupo tenderiam a uma queda

    em torno de 20%. No entanto, a julgar pelo que ocorreu na pesquisa anterior, essas previses podem

    ser alteradas por novos fatores no antevistos poca em que so feitas.

    A comparao entre as previses para 2012 e os investimentos efetivamente realizados nesse mesmo

    ano sugere que as empresas foram excessivamente cautelosas: o valor do investimento de quase

    metade delas (44%) foi 25% superior ao previsto (Grfico 2). Assim, no irreal admitir que se repita o

    ocorrido no ano anterior quando o clima econmico afetou o humor das empresas, mas no repercutiu

    no seu comportamento.

    Grfico 2

    Em quanto o investimento realizado em 2012 difere das previses? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    < -25%

    6 6

    -25% a -2% -2% a 2%

    25

    2% a 25%

    19

    >25%

    44

    as tendncias do investimento social corporativo

  • 22

    No h grandes diferenas em relao s percepes dos participantes do BISC e do CECP com

    respeito ao esperado para 2013, a no ser no tocante aos extremos. Os que participam do BISC so,

    ao mesmo tempo, mais otimistas e mais pessimistas e os que participam do CECP apostam mais na

    estabilidade (Grfico 3).

    Grfico 3

    Quais as expectativas de mudanas nos investimentos sociais realizados em 2012 e os investimentos sociais previstos para 2013? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    < = -25% -25% a -2%

    BISC CEPC

    Estvel 2% a 25% > = 25%

    5

    24

    13 14

    42

    9

    37

    29

    3

    24

    % d

    e or

    gani

    za

    es

    % de evoluo no total de investimento social

    as tendncias do investimento social corporativo

    Cria

    o de

    novo

    s pro

    jetos

    socia

    is

  • 23

    Mas as previses dos pessimistas parecem contrariar a indicao dos fatores que sustentam a opinio

    de um e de outro grupo. No grupo dos otimistas, os que esperam avanos destacam, entre os fatores

    que sustentam sua posio, a criao de novos projetos sociais e de outros motivos que fortalecem

    esta atividade, como as j mencionadas expanso para outras localidades, a criao de reas novas

    dedicadas a esta atividade nas empresas e a realizao de investimentos de mais longa durao (Grfico

    4). Os que antevem retrao mencionam o cenrio econmico desfavorvel e sua repercusso nos

    lucros das empresas, no atribuindo peso s lies que podem ser extradas da observao do que

    ocorreu no passado recente (Grfico 5). preciso esperar para ver o que de fato acontecer, mas como

    foi observado acima, o resultado efetivo tem sempre superado as expectativas.

    Grfico 4

    o que levou um grupo de empresas a ampliar os seus investimentos sociais?

    (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    58

    50

    25 25 25

    17 17

    8 8

    Cria

    o de

    novo

    s pro

    jetos

    socia

    is

    Outro

    s

    Cres

    cimen

    to da

    rece

    ita da

    empr

    esa

    Fus

    es e

    aqui

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    Cres

    cimen

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    a emp

    resa

    Aum

    ento

    do fi

    nanc

    iamen

    to in

    tern

    acion

    al

    Maio

    r con

    trapa

    rtida

    em pr

    ojeto

    s de p

    arce

    rias

    Maio

    r par

    ticipa

    o d

    o tra

    balho

    volun

    trio

    Reaju

    ste d

    o or

    amen

    to so

    cial p

    ela in

    fla

    o

    as tendncias do investimento social corporativo

  • 24

    Grfico 5

    e quais os motivos para reduo destes investimentos? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    A divergncia entre os dois grupos pode refletir percepes distintas em relao importncia que

    a responsabilidade social vem adquirindo nas estratgias empresariais, embora a sugesto de que os

    investimentos sociais tambm podem ser importantes para os negcios ainda seja um aspecto que

    encerra grande controvrsia.

    A despeito das reconhecidas dificuldades para dimensionar o retorno econmico dos investimentos

    sociais, ningum acredita que ele negativo (Grfico 6). Por isso, no obstante os cuidados para

    abordar essa questo, ela merece ser discutida de maneira responsvel e sem preconceitos. Se os

    investimentos sociais contribuem ao mesmo tempo para beneficiar as comunidades atendidas e dar

    80

    60

    40 40

    20 20 20

    Cen

    rio ec

    onm

    ico de

    sfavo

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    l

    Redu

    o d

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    Outro

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    jetos

    socia

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    cent

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    Fina

    liza

    o d

    e em

    pree

    ndim

    ento

    s eco

    nm

    icos

    as tendncias do investimento social corporativo

  • 25

    retorno positivo para os negcios, isso poderia ser visto como um sinal de que o reconhecimento

    deste duplo benefcio venha a fortalecer o brao social das empresas, dar-lhe um carter estratgico

    e garantir sua permanncia no tempo.

    Grfico 6

    a empresa dimensiona o retorno de seus investimentos sociais? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    A dificuldade para abordar essa questo contrasta com o reconhecimento dos participantes da

    pesquisa de importantes benefcios que os investimentos sociais trazem para as empresas, os quais

    se manifestam na forma de aproximao com as comunidades, no fortalecimento da imagem da

    empresa e na melhoria do relacionamento com seus stakeholders.

    Evidncias concretas a esse respeito so fornecidas pela obteno de prmios, reconhecimentos

    pblicos e certificados concedidos a algumas iniciativas na rea, a exemplo dos destacados no

    Quadro 1. No entanto, no foram apresentadas outras medidas diretas dos benefcios gerados para as

    empresas, o que refora a proposio de que o tema merece ser explorado. O que dificulta a discusso

    sobre a dupla contribuio dos investimentos sociais para as comunidades e para os negcios? Qual a

    origem das resistncias? Em que medida esta prtica poderia avanar caso a sociedade manifestasse

    o reconhecimento desse fato e estimulasse as empresas a ampliarem suas aes no campo da

    responsabilidade social?

    61

    30

    13 13

    40

    No, mas sabe intuitivamente que o retorno

    positivo

    No, mas gostaria de conhecer o

    retorno

    No sabe informar

    No calcula e no se preocupa com o retorno

    dos investimentos sociais

    Sim, existe um clculo formal

    No, mas sabe que os custos so maiores que os

    ganhos

    as tendncias do investimento social corporativo

  • 26

    O ponto de partida para que seja feita uma discusso aberta a esse respeito a realizao de

    maiores esforos para avaliar os benefcios que os investimentos sociais das empresas trazem para

    as comunidades. De forma transparente e, na medida do possvel, envolvendo a participao dos

    prprios beneficirios. Da a importncia de ser dedicada maior ateno a esta questo.

    Quadro 1

    Evidncias do reconhecimento atribudo pela sociedade atuao das

    empresas no campo social:

    Prmios:

    Aberje (Associao Brasileira de Comunicao Empresarial), case Ciclo de Novas Profisses

    Global Mobile Awards, case Conexo Amazonia

    Prmio Brasil de Ao Ambiental

    Prmio Sesi Qualidade no Trabalho - Categoria Desenvolvimento Socioambiental

    Prmio Neide Castanha

    Prmio Nacional de Qualidade de Vida, promovido pela ABVQ (Associao Brasileira de Qualidade de Vida)

    Premiao Memoria Social: empresa eleita na Argentina entre as 10 melhores memrias sociais do pas; reconhecimento concedido pela Revista Mercado pelo posicionamento da gesto da empresa orientada para a sustentabilidade

    Prmio Nacional de Gesto Banas - Categoria: Qualidade e Desenvolvimento Sustentvel

    Social Innovation Awards (prmio para um programa de educao da empresa).

    Reconhecimentos:

    Moambique - Empresa Modelo em Responsabilidade Social (Governo da Provncia de Nacala)

    Reconhecimento como uma das 50 Empresas do Bem, Revista Isto Dinheiro, com o case Desafio Tecnologias que transformam.

    Reconhecimento pblico da Cruz Vermelha

    Reconhecimento do Ministrio Pblico

    as tendncias do investimento social corporativo

  • 27

    Global 100 Most Sustainable Corporations in the World - Corporate Knights Inc., Innovest Strategic Value Advisors, Asset 4 e Bloomberg - As 100 Empresas Mais Sustentveis do Mundo 2 lugar

    Selecionada entre as 50 empresas mais sustentveis segundo a mdia - Revista Imprensa

    Selecionada com uma das 100 Melhores Empresas para Trabalhar do Great Place to Work - Revista poca

    Listada como uma das 50 Empresas do Bem (Revista Isto Dinheiro)

    Destacada entre as 21 empresas - modelo em responsabilidade socioambiental pelo Guia EXAME Sustentabilidade

    Diploma de Mrito Comunitrio - Concedido pela Unio das Sociedades de Amigos de Bairros de Poos de Caldas (Usab)

    Destacada entre Empresas mais Admiradas no Brasil: reconhecimento concedido pela Revista Carta Capital como vencedora no segmento da empresa dada a qualidade de seus servios, seu posicionamento tico e aes de responsabilidade social.

    Reconhecimento - 150 Empresas Melhores para se Trabalhar

    Reconhecimento - Anurio 360 - entre as 200 melhores, no segmento de infraestrutura; 2 posio no quesito Inovao; 4 em Responsabilidade Socioambiental; 2 em Viso de Futuro, e 3 em RH.

    Certificados:

    Deal of The Year - categoria Project Finance Latin America

    Deal of The Year Awards - categoria Regulatrio

    Certificado de Sistema de Gesto e Sade Ocupacional -OHSAS 18001

    Certificado de Sistema de Gesto Ambiental - NBR ISO 14001

    ndices:

    ndice Dow Jones desde 2006

    Compe o ndice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) desde 2005

    Listado no ndice Carbono Eficiente (ICO2) desde 2010

    ndice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) 8 ano consecutivo

    ndice Down Jones Sustainability World Index (DJSI) 13 ano consecutivo

    as tendncias do investimento social corporativo

  • 28

    Um exemplo que pode ser exibido para dar uma dimenso da contribuio das atividades sociais

    para os negcios o comportamento do ndice que compara o desempenho das aes de empresas

    que participam do ndice Bovespa de Responsabilidade Socioambiental (ISE), com o que mede o

    desempenho do mercado acionrio como um todo. No ciclo ascendente, o desempenho do ISE foi

    superior ao ndice geral e no perodo de baixa o ISE ficou praticamente estvel enquanto o ndice geral

    apresentou uma queda expressiva, como mostram os Grficos 7 e 8.

    Grfico 7

    Valorizao Ibovespa x ise (em %)No perodo entre 01.jun.2010 e 31.maio.2011

    Fonte: Anbima e Economtica, in Folha de So Paulo,

    caderno Folhainvest, de 04/07/2011.

    Grfico 8

    Valorizao Ibovespa x ise (em %)Perodo entre julho de 2012 e junho 2013

    Fonte: Boletim ISE disponvel em:

    http://www.bmfbovespa.com.br/Indices/download/062013_bolISE_pt-BR.pdf

    Ibovespa ISE

    4,50

    16,35

    Ibovespa-12,69

    ISE-0,20

    as tendncias do investimento social corporativo

  • 29

    De onde extrair novas energias para continuar avanando?

    O grupo de empresas estrangeiras que participa do CECP indica que a assuno do compromisso

    com o desenvolvimento e o atendimento de necessidades bsicas das comunidades pode ser um

    motor importante para impulsionar novos avanos. Entre 2009 e 2012 os investimentos sociais dos

    participantes desse grupo cresceram quase 40%, a despeito de um cenrio econmico pouco favorvel.

    Quando a conjuntura econmica pouco favorvel, uma marca distintiva faz toda a diferena. Nesse

    caso, o reconhecimento pela sociedade do compromisso assumido pelas empresas com a causa social

    pode se refletir na capacidade de elas se sarem melhor que seus competidores em um contexto

    no qual as condies so adversas, e de super-los em situaes opostas, nas quais o ambiente

    francamente favorvel aos negcios.

    A energia para continuar avanando a despeito de expectativas no muito favorveis de um grupo de

    participantes poder vir da disposio em assumir que a realizao dos investimentos sociais no

    um ato de benemerncia ou de compaixo e, sim, uma estratgia que visa associar o desenvolvimento

    da empresa com as aspiraes da sociedade.

    as tendncias do investimento social corporativo

  • 30

    o novo retrato da atuao social das empresasSobre a composio dos investimentos sociais corporativos

    Conforme anteriormente destacado, os investimentos sociais realizados pelas empresas do BISC

    atingiram, em 2012, a casa dos R$ 2,5 bilhes. A comparao com os valores investidos pelo governo

    federal no Bolsa Famlia, que o maior programa de combate pobreza no Brasil2 ilustra a importncia

    desse valor: ele representa 12% dos recursos destinados quele programa federal e, o mais interessante,

    essa proporo tm se mantida constante nos ltimos trs anos.

    Observando a composio dos investimentos sociais, por fonte de financiamento, verifica-se que

    a maior parte dos recursos investidos pelas empresas teve sua origem na rea de operaes. Nem

    sempre foi assim: essa participao tem oscilado e, de 2010 a 2012, subiu de 24% para 38% (Grfico

    9). Uma hiptese que ainda no pode ser confirmada a de que esse resultado reflita tambm uma

    melhoria da qualidade da informao decorrente da maior aproximao da rea social com a de

    operaes. Esse ponto merece ser mais explorado.

    Outra tendncia observada nos ltimos anos a do crescimento dos recursos investidos diretamente

    pelas empresas. No obstante o fato de que a maioria delas (83%) tenha criado institutos ou fundaes3

    para atuar no campo social, 63% dos recursos destinados rea social em 2012 foram aplicados

    diretamente pelas empresas (Grfico 10). A mediana dos investimentos realizados por elas foi quase

    trs vezes superior ao dos institutos: R$ 26,4 milhes e R$ 9,3 milhes, respectivamente.

    A queda na participao dos institutos, nos ltimos anos, pode ser visualizada no Grfico 11. Uma

    melhoria na captao das informaes sobre os investimentos diretos realizados pelas diferentes

    unidades da empresa pode explicar, em parte, esse resultado. No entanto, observa-se que, entre 2010

    e 2012, o crescimento do volume total de recursos investidos pelas empresas foi de 50%, enquanto

    os investimentos dos institutos cresceram apenas 8%4. Ademais, os repasses das empresas para os

    seus institutos, em 2012, foi 10% menor do que o ocorrido em 2010. A tendncia de estabilidade dos

    investimentos sociais realizados pelos institutos ou fundaes foi tambm detectada no ltimo Censo

    GIFE: se considerada a inflao do ano de 2010 (5,9%), o crescimento real do volume de investimentos

    entre 2010 e 2011 foi de 3,1%. E o crescimento real entre 2011 e 2012 foi de apenas 1,6%, se considerada

    a inflao de 6,5% para o perodo. Portanto, o volume de investimento desde 2010 ficou estvel5.

    2. Em 2012 o governo federal aplicou no programa Bolsa Famlia R$ 21 bilhes para o atendimento a 13,7 milhes de famlias. Fonte: DISOC/IPEA, junho de 2013. 3. Ao longo do texto os termos institutos e fundaes so usados indistintamente para referir-se s organizaes criadas e mantidas pelas empresas do grupo. 4. Valores ajustados pela inflao.5. Ver: Censo GIFE 2011-2012. So Paulo: GIFE, 2013.

  • 31

    Grfico 9

    de que reas das empresas provm os recursos investidos na rea social? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    o novo retrato da atuao social das empresas

    24

    38

    15

    16

    17

    16

    9

    15

    12

    5

    6

    5

    144

    31

    Operaes

    Outras

    Institutos

    Responsabilidade social

    Sustentabilidade

    Direo geral

    Comunicao e MKT

    RH

    2010 2012

  • 32

    Grfico 10

    Como so realizados os investimentos sociais?( em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    Grfico 11

    Como se comparam os investimentos diretamente realizados pelas empresas e por seus institutos: 2010-2012? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    o novo retrato da atuao social das empresas

    Recursos financeiros

    investidos pelos institutos

    34

    Bens e servios

    3

    Recursos financeiros investidos pelas empresas

    63

    Total dos investimentos

    r$ 2,5 bilhes

    43

    57

    41

    59

    34

    63

    2010 2011 2012

    Institutos Empresas

  • 33

    A tendncia de crescimento dos recursos investidos diretamente pelas empresas poderia ser tambm

    atribuda ao crescimento dos incentivos fiscais, geralmente pouco utilizados pelos institutos. Em 2012,

    do valor total dos incentivos utilizados, 83% foram investidos diretamente pelas empresas e apenas

    17% pelos institutos. Mas isso tambm no explica tudo. Mesmo excluindo os incentivos fiscais, a

    diferena na participao das empresas e dos institutos nos investimentos sociais, em 2012, foi de 12

    pontos percentuais e, em 2007, primeiro ano pesquisado pelo BISC, essa diferena era de 2 pontos

    percentuais, a favor das empresas (Grfico 12).

    Grfico 12

    Como mudou a composio do financiamento dos investimentos sociais: 2007-2012? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    o novo retrato da atuao social das empresas

    3942

    37

    30

    1

    23

    3

    25

    Financeiro empresa Financeiro instituto Incentivos fiscais Bens e servios

    2007 2012

  • 34

    Sobre o uso dos incentivos fiscais

    Em 2012, o valor dos incentivos fiscais utilizados pelos participantes do BISC atingiu o nvel mais alto

    de todo o perodo analisado e chegou ao patamar de R$ 624 milhes (Grfico 13). Tal resultado aponta

    para um aumento real de 52%, em relao a 2010. Nessa ltima edio da pesquisa, observou-se que

    40% das empresas que usam os incentivos fiscais j o fazem no limite, isto , utilizam mais de 95% dos

    incentivos a que tm direito e, portanto, no podem ampliar essa participao.

    Grfico 13

    Como so realizados os investimentos sociais? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    Apesar da importncia crescente dos incentivos no financiamento das aes sociais das empresas,

    eles no sustentam os investimentos privados nos volumes observados. Considerando os recursos

    investidos por todo o grupo, eles se limitam a 25% do total destinado rea social (Grfico 14). Parte

    desse resultado pode ser atribudo ao fato de que 30% das empresas no utilizam os incentivos para

    financiar qualquer projeto social. No entanto, nenhuma delas declara que isso decorre de uma opo

    e, sim, do fato de no atenderem aos requisitos exigidos por lei. Cabe, pois, explorar numa prxima

    edio da pesquisa, quais os principais empecilhos da legislao vigente que inviabilizam a utilizao

    dos incentivos por parte de empresas do porte das que participam do BISC.

    Prestaode servios

    73

    Valor dos incentivos fiscais

    r$ 624milhes

    Indstrias27

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 35

    Grfico 14

    Como evoluiu a participao dos incentivos fiscais no financiamento dos

    investimentos sociais: 2007-2012? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    Um resultado recorrente em todas as edies da pesquisa o de que os incentivos culturais so

    os mais utilizados pelas empresas e aqueles que de fato estimulam a sua atuao na rea. No foi

    possvel identificar com preciso o volume de recursos alocados segundo o tipo de incentivo utilizado6.

    Ainda assim, pelas informaes fornecidas, para as atividades culturais, as empresas destinaram,

    pelo menos, R$ 285 milhes, o que corresponde a 22% do total dos recursos destinados no Brasil ao

    apoio a projetos culturais por meio da Lei Rouanet, segundo informaes do Ministrio da Cultura7.

    A maioria absoluta das empresas utiliza os incentivos ao Esporte (87%) e dos Fundos da Criana e

    do Adolescente (73%). No obstante, os recursos destinados para essas finalidades so bem menos

    expressivos, e giram em torno de 10% do total (Grfico 15).

    6. As informaes desagregadas por tipo de incentivo utilizados correspondem a 69% do total utilizado pelas empresas. 7. In: http://sistemas.cultura.gov.br/salicnet/Salicnet/Salicnet.php# Acessado em 23/6/2013.

    2007

    2008

    2009

    2010

    2011

    2012

    23

    24

    22

    22

    23

    25

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 36

    Grfico 15

    Como se distribuem os recursos incentivados? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    Sobre as atividades desenvolvidas

    O Grfico 16 ilustra as semelhanas e, sobretudo as diferenas, na atuao das empresas e dos seus

    institutos. Enquanto a maioria dos institutos declaram desenvolver aes na rea de educao (90%)

    e de formao profissional (55%), nas empresas as atividades so bem mais diversificadas. Nelas, a

    educao mantm-se como prioritria, mas outras reas so amplamente contempladas, como cultura

    e esporte, meio ambiente, desenvolvimento comunitrio, sade e assistncia social.

    Lei do Esporte11

    Outros9

    Fundo Municipal da Criana e do Adolescente

    8

    Doaes para entidades de

    utilidade pblica6

    Lei Estadual de Cultura

    4

    Fundo Municipal do Idoso

    1 1

    Fundo Nacional da Criana e do

    Adolescente1 Lei Municipal

    de Cultura

    Lei Nacional de Cultura

    0,4

    Lei Rouanet59

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 37

    Grfico 16

    em que reas as empresas e os institutos atuam? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    Esse perfil de atuao se reflete na distribuio dos recursos (Grficos 17 e 18). Nos institutos, a

    concentrao dos investimentos muito ntida e dois teros deles so destinados rea de educao.

    J nas empresas, os recursos so distribudos em diversas reas, sendo que mais de um tero deles

    77

    68

    64

    64

    64

    64

    55

    45

    36

    36

    27

    27

    23

    18

    5

    73

    14

    90

    35

    30

    40

    40

    35

    25

    45

    55

    25

    5

    0

    15

    5

    0

    25

    10

    Educao

    Patrocnio de eventos culturais

    Meio Ambiente

    Arte e cultura em comunidades pobres

    Desenvolvimento comunitrio

    Sade

    Assistncia social

    Gerao de renda

    Formao tcnica e profissional

    Defesa de direitos

    Apoio emergencial

    Infraestrutura

    Alimentao e nutrio

    Segurana pblica

    Moradia

    Esporte e lazer

    Outros

    Institutos Empresas

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 38

    foram atribudos a outras atividades e incluem, por exemplo, estudos e pesquisas, patrocnios no

    especificados, trabalhos em rede e voluntariado. Sobressai, ainda, o apoio cultura e, especialmente,

    s aes voltadas para o meio ambiente, que no ano anterior representavam apenas 7% do total

    investido, subindo para 12% em 2012. O que pode explicar esse resultado? Em relao s empresas,

    os incentivos fiscais cultura e a participao crescente dos recursos oriundos da rea de operaes,

    conforme anteriormente mencionado, podem ajudar a compreender o porqu desse comportamento.

    J em relao aos institutos, fortalece a percepo de que eles se apresentam como o brao responsvel

    por uma atuao que exige maior grau de especializao no campo social, como o caso da educao.

    Grfico 17

    Por rea de atuao, como se distribuem os investimentos sociais das empresas? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    Arte e cultura em comunidades pobres2

    Gerao de renda 2

    Defesa de direitos 2 Formao tcnica e

    profissional3

    Desenvolvimento territorial

    6

    Educao11

    Esporte e lazer7

    Meio Ambiente12

    Assistncia social 2

    Patrocnio de eventos culturais

    14

    Outros35

    Sade4

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 39

    Grfico 18

    Por rea de atuao, como se distribuem os investimentos sociais dos institutos? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    Nos ltimos anos, os recursos destinados s atividades educacionais elevaram-se em 15% e atingiram

    R$ 679 milhes, em 2012 (Grfico 19). Conforme anteriormente mencionado, os institutos respondem

    pela maior parte desses investimentos. Para avaliar a importncia de tal valor, merece ser assinalado

    que ele corresponde, por exemplo, a 42% do total de recursos investidos pelo governo federal em

    Infraestrutura para a Educao Bsica ou na Produo, Aquisio, e Distribuio de Livros e

    Material Didtico e Pedaggico para a Educao Bsica.

    Educao66

    Assistncia social1

    Esporte e lazer1

    Gerao de renda 3

    Formao tcnica e profissional

    3

    Desenvolvimento territorial 4

    Arte e cultura emcomunidades pobres 5

    Patrocnio de eventos culturais 5

    Defesa de direitos5

    Outros7

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 40

    Grfico 19

    Quanto foi investido em educao em 2012? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    Uma mudana recente, na atuao das empresas diz respeito s atividades realizadas em prol do

    desenvolvimento dos territrios. Esse foi um dos temas destacados no BISC do ltimo ano, e de l

    para c, observou-se um crescimento significativo do percentual de empresas que atuam com tal

    objetivo, passando de 45%, em 2011, para 71%, em 2012. As empresas marcam uma presena mais

    forte nessa rea do que os seus institutos e cabe, ento, a indagao: ser que esse resultado tambm

    pode ser atribudo incorporao de mais recursos das reas de operao? Essa uma hiptese que

    merece ser examinada no futuro.

    importante ressaltar que foram considerados como de desenvolvimento territorial: projetos

    desenhados e implementados com o foco em um determinado territrio, que envolvem a participao

    dos diferentes atores locais, e que buscam a integrao de distintas aes. Uma lista das prticas

    usualmente utilizadas nesses projetos apresentada no Grfico 20, e nele observa-se que a grande

    maioria das empresas busca contribuir mediante a construo participativa de uma agenda de aes

    estruturantes e alinhada s polticas pblicas.

    Fundaes77Valor investidor$ 679

    milhes

    Empresas23

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 41

    Grfico 20

    Quais as prticas adotadas pela empresa para executar seus projetos de

    desenvolvimento do territrio? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    A regio Sudeste tem sido a maior beneficiria dos investimentos sociais privados no Brasil. Na ltima

    pesquisa nacional, realizada pelo Ipea, 70% dos recursos concentravam-se nessa regio8. Entre os

    participantes do BISC, observa-se a mesma tendncia (Grfico 21 e 22). No obstante, alto o percentual

    das aplicaes para as quais no se dispe de informaes detalhadas sobre o seu destino. Isso pode ser

    atribudo s caractersticas de alguns projetos sociais que inviabilizam essa desagregao (ex.: prmios

    ou campanhas de mbito nacional) ou falta de informaes sistematizadas a esse respeito.

    Em geral, as empresas tendem a concentrar os seus investimentos nas comunidades que habitam

    nas proximidades dos negcios, como parte de uma estratgia de boa vizinhana. No entanto, o

    entendimento de vizinhana amplo e pode incorporar o alcance da marca da empresa. No BISC, por

    exemplo, 70% das empresas declaram atender comunidades em regies no localizadas no entorno

    fsico de seus empreendimentos econmicos, mas esse comportamento pode decorrer da participao

    marcante de grandes empresas, cujos negcios se estendem a diversas regies do pas.

    8. Peliano, Anna Maria (Coord.). A Iniciativa Privada e o Esprito Pblico: A evoluo da ao social das empresas privadas no Brasil IPEA/DISOC. Braslia, 2006.

    82

    76

    71

    71

    59

    53

    12

    Contribui na construo participativa de uma agenda de desenvolvimento local

    Atribui prioridade aos investimentos sociais estruturantes

    e convergentes com as polticas pblicas

    Dialoga e consulta a comunidade para a definio dos investimentos sociais locais

    Participa de Conselhos, Comits (ou similares) para debater o desenvolvimento local

    Acompanha a contribuio dos empreendimentos da empresa para o desenvolvimento socioambiental local

    Articula e debate com outras empresas que atuam no mesmo territrio

    Outros

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 42

    Grfico 21

    Por regio, como se distribuem os investimentos sociais das empresas? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    Grfico 22

    Por regio, como se distribuem os investimentos dos institutos? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    Sudeste34

    Sudeste38

    51 Diversas Regies

    5 Nordeste

    9 Norte

    Centro-Oeste1

    Centro-Oeste5

    10 Norte

    16 Nordeste

    31 Diversas regies

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 43

    Sobre a qualidade das prticas sociais e educacionais

    Desde 2010, a pesquisa BISC busca aferir a qualidade dos investimentos sociais realizados pelas

    empresas participantes. Para tanto, foram adotados indicadores que qualificam em todos os anos

    as diversas dimenses que afetam as prticas sociais e indicadores mais especficos para qualificar

    projetos de educao e de desenvolvimento territorial (aplicados em anos alternados). Para cada um

    desses indicadores so atribudas notas mdias que refletem a eficincia da gesto, a qualidade do

    gasto e o cumprimento de requisitos essenciais para garantir o sucesso de projetos sociais. Por meio

    da plataforma on-line, que a Comunitas disponibiliza para o grupo, cada empresa pode comparar seus

    resultados com o conjunto dos demais participantes, e refletir sobre os aspectos em que mais avanou

    e aqueles que esto demandando um maior empenho. Esse o esprito do benchmarking.

    Para delinear o retrato da qualidade das prticas sociais, as empresas consideraram apenas os

    investimentos sociais mais estruturados, desenvolvidos diretamente por elas e por seus institutos,

    ou por meio do apoio a terceiros. No total, foram analisadas 161 prticas sociais, que absorveram

    R$ 256 milhes, em 2012. A educao o foco principal da anlise (Grfico 23), mas nesse momento

    os aspectos apreciados so bem mais abrangentes e as prticas educacionais consideradas nesse

    item no so, necessariamente, as mesmas analisadas no exerccio sobre os projetos de educao,

    apresentado mais adiante.

    O autorretrato da qualidade das prticas sociais geradas nessa edio da pesquisa reflete a necessidade

    de aprimoramentos. Em uma escala de 1 a 10, a nota mdia foi de 7,7, isto , um patamar prximo aos

    dois anos anteriores, em que as notas foram de 7,5 e 7,9, respectivamente. Tal resultado sugere, por um

    lado, o rigor na avaliao e, por outro, a necessidade de avanos mais significativos.

    Os ndices de qualidade apresentados na Figura 8 indicam que aqueles aspectos diretamente

    relacionados execuo das prticas sociais qualidade dos projetos e envolvimento institucional

    foram melhor avaliados. Por outro lado, na questo da avaliao que as empresas reconhecem suas

    maiores fragilidades.

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 44

    Grfico 23

    Qual o foco das prticas sociais avaliadas? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    27

    15

    13

    13

    11

    6

    6

    4

    3

    1

    1

    1

    Educao

    Defesa de direitos

    Desenvolvimento comunitrio e/ou econmico

    Gerao de renda

    Formao tcnica e profissional

    Meio Ambiente (nas comunidades)

    Assistncia social

    Sade

    Esporte e lazer

    Patrocnio de eventos culturais

    Infraestrutura

    Arte e cultura em comunidades pobres

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 45

    figura 8

    Indicadores qualitativos de benchmarking das prticas sociaisNota mdia: 7,7

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    uma nota de cautela

    As respostas a esse exerccio de aferio da qualidade das prticas

    sociais e dos projetos na rea da educao refletem, no s diferentes

    percepes com respeito aos fatores envolvidos na apreciao de cada

    um dos indicadores contemplados, como tambm um maior ou menor

    rigor aplicado valorao de cada um deles. Portanto, recomenda-se

    cautela no uso dos resultados aqui apresentados.

    Um elenco de 25 indicadores foi considerado para analisar o mrito das prticas sociais em cinco

    dimenses relevantes. Os gestores responsveis pelas iniciativas foram instados a refletir sobre a sua

    atuao e assinalar aqueles indicadores que foram atendidos integral ou parcialmente, assim como os

    que deixaram de s-lo. O contedo dos indicadores utilizados em cada uma das cinco dimenses e os

    resultados obtidos so destacados a seguir, nas Figuras 9 a 13.

    8,8

    Qualidade dos projetos

    alianas estratgicas

    Comunicao e mobilizao

    envolvimento institucional

    avaliao e resultados comprovados 7,8

    7,08,4

    6,6

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 46

    O que dizem os indicadores sobre a qualidade dos projetos sociais? (figura 9)

    Todos os quesitos relacionados qualidade dos projetos foram bem avaliados, cabendo ressaltar

    a qualificao e o comprometimento dos colaboradores envolvidos na gesto dos projetos que

    receberam uma nota bem prxima a 10.

    figura 9

    indicadores qualitativos das prticas sociaisNota mdia: 8,8

    Qualidade dos projetos sociais

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    8,3

    Desenho dos projetos

    Objetivos e metas

    Metodologia de trabalhoViabilidade operacional

    Recursos humanos8,0

    9,18,7

    9,8

    Os projetos so desenhados com base em um diagnstico abrangente dos problemas e das potencialidades locais, bem como das demandas das comunidades.

    Os objetivos e metas so estabelecidos levando em conta o diagnstico realizado e o tempo requerido para alcan-los.

    O desenho dos projetos incorpora metodologias de trabalho coerentes com os objetivos estabelecidos, compatveis com os meios disponveis e flexveis para adaptar-se realidade local.

    Os meios necessrios ao alcance dos objetivos e metas so adequadamente dimensionados.

    A operao dos projetos conduzida por profissionais preparados e comprometidos com os seus objetivos.

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 47

    O que dizem os indicadores sobre as alianas estratgicas realizadas pelas empresas para desenvolverem as suas prticas sociais? (figura 10)

    A interao mantida com os atores relevantes, e com organizaes reconhecidas e estratgicas

    para o sucesso dos projetos foram consideradas satisfatrias e obtiveram uma nota prxima de

    9. A maior dificuldade nesse quesito a de articular-se com os rgos governamentais.

    figura 10

    indicadores qualitativos das prticas sociaisNota mdia: 7,8

    alianas estratgicas

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    8,7

    Interaes com atores relevantes

    articulao com rgos governamentais

    Participao em rede de organizaes

    Parcerias com organizaes estratgicas

    Participao em instncias colegiadas

    6,3

    7,48,9

    7,8

    A empresa mantm uma interao constante com atores sociais relevantes (lideranas) e organizaes comunitrias para o desenvolvimento dos seus projetos.

    A empresa faz parcerias com rgos governamentais e busca a complementaridade de seus projetos com as polticas pblicas.

    A empresa articula-se com as organizaes prestadoras de servios locais para a construo de redes de atendimento s comunidades.

    A empresa articula alianas com organizaes reconhecidas e estratgicas para desenvolvimento.

    A empresa criou ou participa de instncias colegiadas (ex.: Comits, Fruns e Conselhos) que funcionam como espao institucionalizado para negociao, coordenao e preservao do cumprimento dos compromissos estabelecidos.

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 48

    O que dizem os indicadores sobre as estratgias de comunicao e mobilizao adotadas pelas empresas? (figura 11)

    A nota mdia do quesito comunicao e mobilizao foi a que apresentou maior avano em

    relao ao ano anterior - passou de 6,3 para 7. No obstante, o envolvimento de recursos humanos

    locais na implementao dos projetos e na divulgao das metas estabelecidas e dos resultados

    obtidos, so aspectos que precisam ser aprimorados, de forma a garantir mais transparncia e

    um maior engajamento dos diversos atores envolvidos.

    figura 11

    indicadores qualitativos das prticas sociaisNota mdia: 7,0

    Comunicao e mobilizao

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    8,7

    estratgia de comunicao

    Canais de dilogo permanente com atores relevantes

    divulgao de metas e resultados

    Valorizao da cultura local

    envolvimento de recursos humanos locais 7,4

    5,27,4

    6,1

    A empresa estabelece estratgia de comunicao e mobilizao (ex.: realizao de eventos, campanhas de divulgao e premiaes) para conquistar a adeso dos atores envolvidos.

    A empresa mantm canais abertos (ex.: call center e sites interativos) para um dilogo permanente com as partes interessadas.

    A empresa divulga as metas estabelecidas e os resultados das avaliaes de seus projetos.

    A empresa cuida da valorizao da cultura local e regional e incorporar os conhecimentos das comunidades para a implantao de seus projetos.

    A empresa capacita e incorpora recursos humanos locais na execuo de seus projetos (ex.: agentes comunitrios e gestores pblicos).

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 49

    A empresa compromete-se com a garantia de recursos e os meios necessrios para o cumprimento das metas estabelecidas.

    O que dizem os indicadores sobre o envolvimento institucional das empresas com as prticas sociais? (figura 12)

    por meio da garantia dos recursos necessrios para a implementao dos projetos que os

    gestores reconhecem, de forma mais efetiva, o apoio da sua instituio. Por outro lado, eles

    reconhecem a necessidade de uma maior integrao entre as diversas unidades da empresa: a

    nota 7 atribuda a esse quesito ficou distante da nota mdia obtida nessa dimenso (8,4).

    figura 12

    indicadores qualitativos das prticas sociaisNota mdia: 8,4

    envolvimento institucional

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    9,6

    Garantia de recursos

    sinergia interna entre unidades de empresa

    envolvimento dos colaboradores

    Valorizao interna da atuao social

    Aderncia poltica corporativa 7,0

    7,68,9

    9,1

    A empresa promove a sinergia entre as diversas unidades que cuidam de investimentos sociais e ambientais.

    A empresa estimula o envolvimento dos colaboradores nos seus projetos sociais.

    A empresa reconhece que os projetos sociais trazem retorno para a prpria organizao.

    A empresa desenvolve projetos aderentes ao perfil de atuao ou sua poltica corporativa.

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 50

    O que dizem os indicadores sobre a qualidade das avaliaes das prticas sociais? (figura 13)

    O quesito avaliao foi o que recebeu a nota mais baixa (6,6). O desenho da Figura 13

    ilustra diferenas marcantes em relao aos aspectos considerados nesse campo. Enquanto

    o monitoramento apresenta um escore alto (9,3), por ser uma prtica j consagrada entre

    os participantes do BISC, a mensurao dos resultados, por exemplo, recebeu uma nota 5,9

    refletindo as dificuldades enfrentadas pelas empresas para avaliar o impacto de suas atividades.

    figura 13

    indicadores qualitativos das prticas sociaisNota mdia: 6,6

    avaliao e resultados comprovados

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    avaliao do cumprimento de metas

    Monitoramento dos projetos

    Informaes mensuradas dos benefcios gerados

    envolvimento dos atores na avaliao

    Avaliadores externos

    A empresa monitora permanentemente a execuo do seus projetos sociais.

    A empresa avalia sistema de cumprimento de metas.

    A empresa reconhece que os projetos sociais trazem retorno para a prpria organizao.

    A empresa dispe de informaes mensuradas sobre os benefcios gerados para as comunidades atendidas.

    A empresa utiliza avaliadores externos para aumentar a credibilidade das avaliaes.

    9,3

    7,8

    5,96,7

    3,3

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 51

    No BISC 2013, repetiu-se a avaliao qualitativa dos investimentos sociais em educao realizada

    h dois anos. O volume de recursos que as empresas do grupo investem nessa rea justificou a

    opo. O novo retrato sinaliza avanos: a nota mdia passou de 8,3 para 8,5 e essa elevao foi

    observada em todos os quesitos, especialmente no de desenho dos projetos (Figura 14). Foram

    analisados 64 projetos, para os quais o grupo destinou R$ 579 milhes direcionados principalmente

    educao para o trabalho (Grfico 24).

    figura 14

    Indicadores qualitativos de benchmarking dos projetos educacionaisNota mdia: 8,5

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    8,7

    Desenho dos projetos

    Estabelecimento de metas

    financiamento e custosadministrao dos projetos

    Controle e avaliaco

    8,4

    8,29,3

    7,9

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 52

    Grfico 24

    Qual o foco dos projetos educacionais? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    Para construir o benchmarking qualitativo dos projetos educacionais, utilizou-se a mesma metodologia

    das prticas sociais. Foram identificadas cinco dimenses que merecem ser analisadas para aferir o

    xito desse tipo de projetos, e para cada uma delas estabeleceu-se cinco indicadores qualitativos.

    Mais uma vez, coube aos gestores responsveis pelos projetos assinalar aqueles quesitos que foram

    atendidos integral ou parcialmente, e os que no o foram. Nas figuras 15 a 19 esto apresentados os

    indicadores adotados, assim como os resultados obtidos em cada uma das cinco dimenses destacadas.

    26

    17

    13

    12

    9

    7

    6

    6

    3

    1

    Educao para o trabalho

    Educao formal

    Capacitao de professores

    Outros

    Instalao de bibliotecas/laboratrios

    Capacitao de gestores

    Alfabetizao

    Arte e educao

    Produo de conhecimento/pesquisa

    Educao ambiental

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 53

    Como se apresentam os indicadores que retratam a qualidade do desenho dos projetos educacionais? (Figura15)

    Todos os aspectos envolvidos no desenho dos projetos foram relativamente bem avaliados e

    as notas se assemelham dentro do intervalo de 8 e 9. Comparando com a avaliao anterior

    (2011), as empresas aprimoraram o contedo dos seus projetos e a nota mdia subiu de 8,1

    para 8,7.

    figura 15

    Indicadores qualitativos dos projetos educacionaisNota mdia: 8,7

    Desenho dos projetos

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    8,2

    Participao da comunidade no

    desenho do projeto

    Qualidade da metodologia adotada

    Alinhamento com polticas pblicas

    Definio de indicadores de monitoramento e avaliao

    envolvimento dos atores relevantes 8,9

    8,98,7

    8,9

    O desenho do projeto realizado a partir de consultas comunidade e da incorporao de suas demandas e sugestes.

    O desenho do projeto incorpora mtodos inovadores e passveis de serem reproduzidos.

    O desenho do projeto se orienta por propsitos de apoiar e influenciar polticas pblicas.

    O desenho do projeto estabelece indicadores e prev metodologia de monitoramento e avaliao.

    O desenho do projeto prev mecanismos de dilogo e participao dos diversos atores envolvidos em todas as etapas de execuo.

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 54

    Como se apresentam os indicadores que retratam o processo de definio de

    metas dos projetos educacionais? (Figura 16)

    O cuidado com o estabelecimento de metas que possam ser cumpridas nos prazos se

    destacou entre os diversos aspectos analisados nesse quesito. Cabe, no entanto, avanar

    na transparncia e na garantia de participao das comunidades no processo de definio

    dessas metas: ambos os quesitos receberam uma nota inferior a 8.

    figura 16

    Indicadores qualitativos dos projetos educacionaisNota mdia: 8,4

    Estabelecimento de metas

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    8,4

    adequao das metas ao diagnstico local

    Participao dos atores na definio das metas

    Viabilidade de cumprimento das metas no prazo estabelecido

    Viabilidade operacional das metas

    divulgao das metas

    7,9

    9,28,9

    7,6

    As metas so estabelecidas a partir de um diagnstico dos indicadores educacionais locais.

    A definio das metas resulta de um processo interativo com os atores relevantes.

    As metas so estabelecidas levando em conta o tempo requerido para alcan-las.

    A definio das metas associada ao estabelecimento de recursos para sua consecuo.

    As metas so divulgadas e utilizadas como referncia para a avaliao.

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 55

    Como se apresentam os indicadores que retratam o processo de

    financiamento e controle de custos dos projetos educacionais? (figura 17)

    A estabilidade no financiamento dos projetos um trunfo importante dos investimentos

    sociais do grupo, e tal resultado se confirma em diversas anlises desenvolvidas nesse

    relatrio. Mais uma vez, a transparncia apresenta-se como o maior desafio e recebeu uma

    nota de 6,3, bem abaixo da nota mdia dessa dimenso (8,2).

    figura 17

    Indicadores qualitativos dos projetos educacionaisNota mdia: 8,2

    financiamento e custos

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    9,2

    Estabilidade de financiamento ao longo do projeto

    Previso de recursos para monitoramento e avaliao

    Detalhamento das fontes de financiamento

    Informao sobre custos de gesto

    transparncia do oramento 7,6

    8,78,9

    6,3

    A organizao dispe de uma estratgia de financiamento que garante estabilidade dos recursos financeiros ao longo da vigncia do projeto.

    No financiamento do projeto esto previstos recursos para o monitoramento e avaliao.

    Existem informaes discriminadas sobre as fontes de recursos utilizados no financiamento do projeto.

    A organizao dispe de informaes detalhadas sobre os custos incorridos na execuo de projeto.

    O oramento dos projetos educacionais de conhecimento dos diversos atores envolvidos.

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 56

    Como se apresentam os indicadores que retratam a administrao dos projetos educacionais? (Figura 18)

    na administrao dos projetos educacionais que se sobressaem os indicadores de

    qualidade BISC. As empresas do grupo avaliam que atendem bem a requisitos de uma boa

    gesto: as equipes responsveis so capacitadas e interagem com os atores relevantes, as

    metodologias de trabalho esto adequadas e as rotas so revistas luz dos resultados das

    avaliaes. Todas as notas foram prximas ou superiores a 9.

    figura 18

    Indicadores qualitativos dos projetos educacionaisNota mdia: 9,3

    Gesto de projetos

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    9,5

    Definio de atribuies dos responsveis pela gesto

    Qualidade do quadro de gestores

    Eficcia da metodologia de gesto

    uso dos resultados das avaliaes

    relacionamento dos gestores com

    os atores relevantes9,7

    8,78,7

    9,7

    As responsabilidades pela gesto dos projetos esto claramente definidas.

    A gesto dos projetos utiliza profissionais qualificados que atuam em regime de dedicao exclusiva rea social.

    A gesto dos projetos feita com base em metodologias e procedimentos formalmente estabelecidos pela organizao e de eficcia reconhecida.

    Recomendaes provenientes do monitoramento e da avaliao so incorporadas para aumentar a eficincia da gesto.

    Os gestores mantm um relacionamento permanente com os atores relevantes.

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 57

    Como se apresentam os indicadores que retratam as prticas adotadas para o

    controle e a avaliao dos projetos educacionais? (Figura 19)

    As dificuldades relacionadas avaliao refletem-se na nota mdia desse quesito: 7,9. No

    obstante, tal resultado decorre, especialmente, do fato de que as empresas pouco utilizam os

    avaliadores externos que podem contribuir para uma maior preciso dos resultados obtidos.

    Nos demais quesitos, as notas foram relativamente altas (acima de 8). Tal resultado denota

    uma percepo de que os procedimentos de uma boa avaliao esto sendo internamente

    adotados. Cabe explorar as metodologias utilizadas e a qualidade das informaes extradas.

    figura 19

    Indicadores qualitativos dos projetos educacionaisNota mdia: 7,9

    Controle e avaliao

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    8,9

    Monitoramento permanente

    adoo de indicadores de monitoramento e avaliao

    Informaes mensuradas sobre resultados

    Participao dos diferentes atores no

    acompanhamento e avaliao

    utilizao de avaliadores externos 8,2

    8,28,4

    6,1

    A empresa monitora permanentemente a execuo dos seus projetos de educao.

    A empresa dispe de informaes quantificadas sobre os resultados decorrentes da execuo de seus projetos.

    A empresa estabelece indicadores para uma avaliao sistemtica do cumprimento das metas estabelecidas.

    A empresa utiliza avaliadores externos para aumentar a credibilidade das avaliaes.

    A empresa mobiliza os diversos atores envolvidos no acompanhamento e avaliao de seus projetos sociais.

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 58

    Por fim, importante destacar que nesse exerccio de identificao dos padres de qualidade das

    prticas sociais e educacionais do grupo BISC, no so apenas as notas e as referncias que contam,

    mas tambm a oportunidade de as empresas refletirem sobre a sua prpria atuao. Esse o objetivo

    maior dos indicadores de benchmarking: oferecer s empresas e fundaes associadas uma ferramenta

    de anlise qualitativa de suas prticas sociais.

    Sobre os investimentos sociais no exterior

    Em 2013, buscou-se ampliar o conhecimento sobre a atuao social das empresas fora do Brasil. O

    tema foi sugerido na reunio de lanamento da ltima edio do BISC e tem recebido uma ateno

    especial na pesquisa do CECP, da qual foram extradas as questes adotadas pela Comunitas. Tal

    opo permitiu comparar alguns resultados e explorar temas at ento ignorados. No obstante,

    nem todas as empresas que fazem investimentos no exterior conseguiram fornecer as informaes

    solicitadas e, por isso, a anlise de alguns tpicos ficou prejudicada.

    Entre os avanos obtidos, cabe destacar que o volume de recursos captado no novo levantamento

    foi significativamente superior quele identificado no ano anterior. Em 2012, os investimentos das

    empresas brasileiras em outros pases chegaram casa dos R$ 150 milhes. A ttulo de referncia, a

    mediana desses investimentos - R$ 31,5 milhes - foi quase igual ao valor total declarado em 2011,

    isto , R$ 35,3 milhes9. Tal diferena, no entanto, no deve ser creditada a um crescimento dos

    investimentos nessa mesma proporo, mas a melhorias na qualidade da informao. Ainda assim,

    vale ressaltar que esses valores esto subestimados, pois eles correspondem aos investimentos

    sociais de apenas 24% das empresas brasileiras que participam do BISC10. H fortes indicaes de

    que outras 29% delas tambm investem no exterior, mas, conforme anteriormente mencionado,

    no disponibilizaram as informaes. Se confirmada essa hiptese, o que poder ser feito em uma

    prxima edio da pesquisa, o percentual de empresas do BISC que investem no exterior de 53%

    e, no CECP, de 71%11.

    9. Preos ajustados pela inflao.10. As empresas estrangeiras que participam do BISC no informaram sobre os investimentos realizados fora do Brasil. 11. As informaes sobre as empresas que fazem parte do CECP foram extradas do Giving in Numbers: Corporate Giving Standard. Edio de 2013. Nova York, CECP em associao com THE CONFERENCE BOARD.

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 59

    interessante observar, no caso brasileiro, que entre as empresas que investem em outros pases os

    recursos representam 17% do total dos seus investimentos sociais, e que essa percentagem prxima

    quela apresentada pelo CECP: 21%. Ou seja, l e c, as empresas do preferncia em atuar no prprio pas.

    A afirmao acima fica mais evidente quando se analisa a origem dos recursos investidos no exterior.

    Verifica-se que a maior parte deles (se no a sua totalidade) captada tambm no exterior12. Isso

    explica, em parte, a tendncia das empresas atuarem em pases nos quais possuem algum tipo de

    empreendimento econmico. Assim, no BISC, por exemplo, as empresas declararam que s fazem

    investimentos em pases onde contam com a presena de seus colaboradores e no grupo do CECP,

    apenas 13% investem em pases considerados mais necessitados ou que tenham para elas valores

    estratgicos, independentemente da presena de seus colaboradores. Assim, a concluso apresentada

    no relatrio do CECP aplica-se tambm ao Brasil13: Corporate giving officers identified business

    strategy and employee footprint as the strongest drivers for the expan sion of international giving.

    Other reasons for expansion included societal need and rev enues generated abroad.

    So os pases em desenvolvimento que recebem a maior fatia dos investimentos sociais externos: 96%

    do total14. Analisando a distribuio dos recursos entre os continentes, verifica-se que a proporo

    destinada aos pases do Oriente Mdio e frica equivale destinada aos pases da Amrica Latina,

    o que reflete uma clara prioridade das empresas brasileiras para as regies mais pobres do planeta

    (Grfico 25).

    12. A observao refere-se a todas as empresas que informaram a origem dos investimentos externos e equivale a 62% dos investimentos no exterior. Para o restante no h dados disponveis sobre a origem dos recursos. 13. Fonte: Giving in Numbers: Corporate Giving Standard. Edio de 2013.14. A lista de pases considerados em desenvolvimento foi fornecida pelo CECP e baseada nos critrios adotados pela Organization for Economic Co-Operation and Development (OECD).

    o novo retrato da atuao social das empresas

  • 60

    Grfico 25

    Por continentes, como se distribuem os investimentos sociais? (em %)

    Fonte: BISC, 2013. Comunitas

    Comparando a atuao no exterior do grupo de empresas do BISC e do CECP, observa-se que o

    primeiro concentra-se no binmio desenvolvimento comunitrio e educao e, o segundo, em

    educao, sade e assistncia (Grfico 26). O fato de as empresas brasileiras atuarem em regies

    nas quais possuem atividades econmicas explica, em parte, as suas opes. No obstante, da

    mesma forma como foi destacado no relatrio do CECP, as prioridades adotadas no exterior no

    correspondem, necessariamente, s prioridades dessas empresas no prprio pas. No Brasil, por

    exemplo, o desenvolvimento comunitrio absorveu, proporcionalmente, uma parcela bem mais

    reduzida dos investimentos sociais (6%) do que no exterior (27%). Entre as empresas do CECP, ocorreu

    o mesmo fenmeno: international program area allocations do not necessarily mirror overall program

    area allocations. For example, nearly a third of companies providing more than 50% of funds to Health

    and Social Services abroad did not make that program area their top domestic focus in 201215.

    15. Fonte: Giving in Numbers: Corporate Giving Standard. Edio de 2013

    Europa 1

    sia e Pacfico18

    Amrica do Norte9

    Amrica Latina e Caribe (exceto Brasil)36

    Oriente Mdio e frica36

    o novo retrato da atuao social das empresas

    Dese

    nvolv

    imen

    to ec

    onm

    ico e

    comu

    nitr

    io

  • 61

    Grfico 26

    BISC e CECP, a que se destinam os investimentos sociais no exterior? (em %)

    Fonte: BISC, 2013 e CECP, 2013. CECP & Comunitas

    Os resultados obtidos na anlise da atuao das empresas do BISC fora do pas, trazem revelaes

    interessantes: os investimentos externos representam uma fatia relativamente pequena em relao

    aos investimentos internos, os recursos alocados so captados tambm no exterior, as prioridades

    diferem daquelas adotadas internamente e as semelhanas com o perfil das empresas norte-

    -americanas so significativas. Por outro lado, cabe ressaltar que as informaes apresentadas se

    limitam a um nmero reduzido de empresas e isso limita o alcance das concluses apresentadas.

    Nem todas as empresas brasileiras que atuam no exterior, assim como as empresas estrangeiras que

    fazem parte do grup