Bioterrorismo - Dados de Uma História Recente

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    1 Centro Tecnolgico doExrcito. Avenida dasAmricas 28705, Guaratiba.23020-470 Rio de JaneiroRJ. [email protected] Fundao Oswaldo Cruz.

    Bioterrorismo: dados de uma histria recentede riscos e incertezas

    Bioterrorism: data of a recent history of risks and uncertainties

    Resumo O bioterrorismo hoje uma ameaa realem todo o mundo. Considerando-se que as aesde bioterrorismo utilizam agentes biolgicos ca-pazes de promover grandes epidemias e sobrecarganos sistemas de sade de qualquer cidade, estadoou pas, o bioterrorismo passa a ser no apenasuma preocupao de governantes e militares, mastambm dos profissionais da rea da sade. Esteartigo discute, atravs de uma reviso bibliogrfi-ca, nas bases de dados LILACS, MEDLINE, SciELOe REPIDISCA, no perodo de 1997 a 2007, as ca-ractersticas das publicaes nacionais relaciona-das ao bioterrorismo, o tipo de agentes biolgicosestudados e o conhecimento j existente no paspara fazer frente a um evento de bioterrorismo, afim de subsidiar com informao os profissionaisque iro atuar em aes de primeira resposta aoseventos de bioterrorismo e que so imprescind-veis para reduzir o nmero de vtimas.Palavras-chave Bioterrorismo, Guerra biolgi-ca, Agentes biolgicos

    Abstract Today, bioterrorism is a real threat inthe whole world. Considering the actions of biot-errorism by using biological agents capable of pro-moting great epidemics and overload in the healthsystems of any city, state or country, the bioterror-ism is not only a health professional concern, butgovernment and military also. This article dis-cusses a bibliographical review done in the LI-LACS, MEDLINE, SciELO and REPIDISCA data-bases, during the period of 1997 the 2007, the char-acteristics of related national publications to thebioterrorism, the type of biological agents studied,and the existing knowledge in the country to facea bioterrorism event, in order to feed with infor-mation the professionals who will act in first replyto the bioterrorism events and that are essential toreduce the number of victims.Key words Bioterrorism, Biological warfare, Bi-ological agents

    Dora Rambauske Cardoso 1

    Telma Abdalla de Oliveira Cardoso 2

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    Introduo

    Conhecida desde h muito, a guerra biolgicadistingue-se do bioterrorismo e muitas vezes seconfundiram no curso de histria.

    O vocbulo bioterrorismo foi includo nalinguagem cotidiana de diversos pases e do Bra-sil desde o atentado terrorista ocorrido na cida-de de Nova Iorque, no ano de 2001, seguidos deepisdios de disseminao de esporos de antraz(esporos de Bacillus anthracis da cepa Ames),atravs do sistema postal americano, resultandoem onze casos de antraz pulmonar dos quais cin-co evoluram bito1.

    A correta definio do conceito de bioterro-rismo pode auxiliar na compreenso deste fen-meno. Segundo o Centers for Disease Controland Prevention (CDC/Estados Unidos), bioter-rorismo a disseminao deliberada de bactri-as, vrus ou outros microorganismos utilizadospara causar doena ou morte em populaes,animais ou plantas2. Magalhes descreve bio-terrorismo como sendo o uso intencional de mi-croorganismos ou toxinas derivadas de organis-mos vivos, vrus ou prons causando morte ou do-ena em pessoas, animais ou plantas. O bioterro-rismo pode ocorrer por meio de fmites, vetores,animais infectados, produtos de origem animal,vegetal ou doenas emergentes3. Morse4 inclui nadefinio do CDC, a palavra terror, sugerindoque o elemento surpresa e o fato de um ataquede bioterrorismo pode levar horas ou dias paraser descoberto, utilizando-se da dimenso psi-colgica como uma ferramenta importante paraterroristas. Almeida5, concordando com a im-portncia deste componente, afirma em seu arti-go que [...] a ameaa biolgica do bioterroris-mo uma histria mais de pnico do que defatos. Radosavljevic6 ressalta que o objetivo prin-cipal destes atos a disseminao de medo, pni-co, ansiedade e insegurana na populao, pro-vocando a perda de confiana nas autoridadesgovernamentais e prejuzos econmicos. Os ata-ques resultam em doena e morte, destroem oequilbrio psicolgico e emocional da populaoe expem os indivduos submisso pelo medo.Segundo o Manual de Aspectos Mdicos das Ope-raes de Defesa Qumica, Biolgica e Nuclear daOrganizao do Tratado do Atlntico Norte(OTAN), guerra biolgica descrita como o em-prego de agentes biolgicos com a finalidade decausar doenas e mortes em pessoas ou animaise danificar plantas ou materiais7.

    A guerra biolgica fundamentada no con-texto de uma ofensiva militar e ataque em massa

    s populaes, quando usados meios para tal. uma questo de poder militar de Estados nacio-nais politicamente centrais, tendo se tornado umapossibilidade interessante a partir da primeirametade do sculo XX, quando passou a ser umcampo de articulao crescente e potente entre opoder militar e a cincia. Assim, diversos pasesdesenvolveram programas ofensivos com a uti-lizao de armas biolgicas5,7. A literatura espe-cializada descreve diversos tipos de armas biol-gicas, que variam de artefatos mais simples comoas estacas pungi utilizadas na guerra do Vietnat msseis intercontinentais.

    O bioterrorismo est relacionado a pequenosgrupos ou indivduos que tm como objetivo pre-judicar outros indivduos de uma determinadaregio ou com uma dada caracterstica, utilizan-do para isto meios mais simples para dissemina-o dos agentes biolgicos5. O nmero de mortesindiscriminadas e a falta de controle sobre os agen-tes biolgicos disseminados no ambiente so osprincipais instrumentos do bioterrorismo.

    Assim, os agentes biolgicos tm sido utiliza-dos pelo homem tanto em operaes de guerrabiolgica quanto em eventos de bioterrorismo.

    Almeida5 relata a existncia, ao longo da his-tria da humanidade, de diversos exemplos dautilizao de agentes biolgicos com a finalidadede causar doenas ou morte nos inimigos.

    Silva8 ressalta que um dos exemplos maisantigos encontrado na literatura a colocao defezes de animais pelo homem de Neanderthal nasflechas que utilizava, para aumentar o poder le-tal de suas armas.

    Estudos que datam do incio do sculo XVa.C. apontam como o primeiro ataque biolgicoa introduo deliberada de cepas de antraz noEgito, vitimando o prprio fara e sendo descri-ta na Bblia como a quinta praga5.

    No sculo XIV, durante o cerco da cidade deCaffa, Crimia, os trtaros lanaram os cadve-res de seus soldados, infectados pelo agente etio-lgico da peste, sobre os muros da cidade sitia-da, a fim de provocar uma epidemia de peste noinimigo e assim derrot-los9.

    Os espanhis, ao desembarcarem no Mxicoem 1518, trouxeram com eles vrias doenas in-fecciosas, como varola, sarampo e influenza, squais a populao indgena local nunca havia sidoexposta. Conquistadores do imprio inca, apscorrelacionarem a varola com a alta mortalida-de entre a populao indgena, enviavam frentede suas tropas soldados ou escravos portandolanas com panos de linho impregnados de se-crees obtidas de doentes de varola, alm de,

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    ao levantar acampamento de determinada rea,abandonar objetos contaminados ou oferec-losaos ndios locais10.

    Na Amrica, em 1763, o exrcito britnico emguerra contra os franceses enviou cobertores elenos previamente utilizados em um hospitalpara pacientes com varola aos ndios Delaware,aliados dos franceses9.

    O Japo conduziu pesquisas com armas bio-lgicas, na Manchria, de 1932 at o final da Se-gunda Guerra Mundial, com os agentes biolgi-cos da peste, antraz, clera, entre outros9.

    Na segunda metade do sculo XX, durante aguerra fria, os Estados Unidos e a ento UnioSovitica, sem dvida se valendo da experinciaacumulada de japoneses e alemes, implantaramprogramas para o desenvolvimento de armasbiolgicas, da mesma maneira que o Canad e oReino Unido9.

    Em resposta utilizao, principalmente deagentes qumicos de guerra durante a PrimeiraGuerra Mundial, esforos diplomticos interna-cionais foram dirigidos para limitar a prolifera-o e o uso das armas de destruio em massa,sendo em 17 de abril de 1925 estabelecido o Pro-tocolo de Genebra, que proibia o emprego naguerra de gases asfixiantes, txicos ou similares ede mtodos bacteriolgicos de guerra. Entretan-to, este tratado prev apenas a proibio do usodessas armas, mas no probe a pesquisa bsica,a produo, a posse de armas biolgicas ou ou-tras atividades passveis de serem executadas9,11.

    Assim, com o objetivo de excluir completa-mente a possibilidade do uso de armas biolgi-cas, elaborou-se a Conveno sobre a Proibi-o do Desenvolvimento, Produo, e Estocagemde Armas Bacteriolgicas (Biolgicas) e Basede Toxinas e sua Destruio, ou, simplesmente,Conveno sobre a Proibio de Armas Biolgi-cas (CPAB), que foi o primeiro tratado multila-teral de desarmamento a prever a completa eli-minao desta categoria de armas de destruioem massa. Aberta simultaneamente para assina-turas em 10 de abril de 1972, em Londres, Mos-cou e Washington, entrou em vigor em 26 demaro de 1975, sendo aprovada no Brasil peloDecreto Legislativo n 89 e promulgada atravsdo Decreto 77.374, de 1 de abril de 1976. Contaatualmente com 151 Estados partes e dezesseisEstados signatrios11.

    Com o tratado da CPAB, esperava-se que osagentes biolgicos no fossem mais utilizadospara fins de guerra ou bioterrorismo, mas even-tos ocorridos aps a sua promulgao mostra-ram que no.

    Em 1979, ocorreu um surto de antraz em Sver-dlovsk, na antiga Unio Sovitica, inicialmenteatribudo ao consumo de carne contaminada,que causou grande numero de mortes. Posteri-ormente, verificou-se que o surto resultou dadisperso de esporos de antraz, sob forma deaerossol, a partir de um acidente ocorrido emuma instalao militar de microbiologia que pro-duzia a bactria Bacillus anthracis, embora aUnio Sovitica fosse um dos Estados parte daCPAB desde 197512.

    Em 1984, uma seita, no Oregon (EstadosUnidos), utilizou Salmonella typhimurium paracontaminar bufs de salada, provocando gastro-enterite em aproximadamente 751 pessoas13. Em2001, logo aps o ataque terrorista de 11 de se-tembro, foram disseminados esporos de antraz,por meio do sistema postal americano, ocasio-nando 23 casos de antraz, relatados ao CDC/Atlanta, at 9 de janeiro de 2002, sendo onze ca-sos confirmados de antraz pulmonar e doze ca-sos de antraz cutneo, dos quais sete casos con-firmados e cinco casos suspeitos14. Em 2003, naCarolina do Sul (Estados Unidos), na sala decorrespondncia do escritrio do senador ame-ricano Bill Frist, foi encontrada ricina, em umacarta endereada Casa Branca15.

    Portanto, a pergunta j no se ocorrer? esim quando? e o que fazer?. Uma vez que al-guns agentes utilizados como armas biolgicasnecessitam de um perodo de incubao, noapresentando seus efeitos imediatamente apsserem dispersos, um evento de bioterrorismopode ocorrer silenciosamente, sem nenhum avi-so prvio, s sendo percebido quando surgemplantas, animais ou seres humanos doentes oumortos. Assim, quando as autoridades foremalertadas para a ocorrncia de um evento destetipo, o nmero de vtimas j poder ser expressi-vo, sobrecarregando os sistemas de sade e acar-retando uma grande demanda de profissionaisqualificados para atuar neste tipo de ameaa,quantidades expressivas de medicamentos e va-cinas, materiais e equipamentos, alm de infor-maes e treinamento adequados16.

    Desta forma, de um modo aparentementeinesperado que a sade pblica passa a estar en-volvida com um assunto antes de interesse ape-nas militar8.

    Nesse sentido, o objetivo desta reviso biblio-grfica foi de levantar o nmero de publicaesexistentes no pas sobre bioterrorismo e analisaro impacto dos eventos de bioterrorismo ocorri-dos nos Estados Unidos no ano de 2001, nestaspublicaes.

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    Metodologia

    Estudo de reviso bibliogrfica realizado entreos anos de 1997 a 2007, utilizando os bancos dedados eletrnicos: Literatura Latino-Americanae do Caribe em Cincias da Sade (LILACS), Li-teratura Internacional em Cincias da Sade(MEDLINE), Scientific Electronic Library Online(SciELO) e Literatura em Engenharia Sanitria eCincias do Ambiente (REPIDISCA), disponveisna Biblioteca Virtual em Sade (BIREME).

    Os descritores utilizados inicialmente foram:bioterrorismo e guerra Biolgica, refinando-se apesquisa por meio do idioma portugus ou atra-vs do pas de publicao (Brasil).

    Na etapa seguinte, foram utilizados comodescritores as doenas cujos agentes biolgicosso classificados pelo CDC, como sendo da Ca-tegoria A, ou seja, aqueles que causam riscos segurana nacional por apresentarem alto graude transmissibilidade, altas taxas de mortalida-de, impacto significativo sade e economia,pnico social, necessitando de requisitos espec-ficos de conteno, rgidos, alm de monitora-mento dos rgos de sade pblica17. Nesta ca-tegoria, esto os agentes etiolgicos de doenascomo antraz, tularemia, peste, varola, botulis-mo e ebola (febre hemorrgica viral). Assim, osdescritores utilizados nesta etapa foram: antraz,tularemia, peste, varola, botulismo e ebola, jun-to com o termo terrorismo, de tal modo queapenas as publicaes relacionadas ao bioterro-rismo fossem selecionadas.

    Resultados e discusso

    Na reviso bibliogrfica de peridicos brasileirossobre bioterrorismo, no foi encontrado, no pe-rodo entre 1997 e 2007, um nmero significativode publicaes sobre o tema em estudo, se com-parada ao nmero de publicaes em revistas in-ternacionais sobre este mesmo tema, no mesmoperodo de tempo. Isto sinaliza que ainda pe-queno o nmero de pesquisadores dedicados aoassunto estudado. Alguns fatores podem explicareste resultado, como o fato de alguns profissio-nais ainda considerarem que o tema em questono pertence sade pblica, mas sim aos rgosde defesa civis e militares, enquanto outros noacreditam na possibilidade de ocorrncia destetipo de evento no Brasil. Outra razo deste resul-tado seria a inexistncia de casos de bioterroris-mo no pas, embora existam suspeitas em relaoao surgimento de doenas que causaram princi-

    palmente prejuzos ao agronegcio, como no casoda disseminao da doena que atacou as planta-es de cacau, no sul da Bahia, no perodo de1980 a 1990, conhecida por vassoura-de-bruxa3.

    Na LILACS, uma base de dados cuja abran-gncia se restringe s publicaes relativas s Ci-ncias da Sade nos pases da Amrica Latina eCaribe, ao se utilizar o descritor bioterrorismo,foram encontrados 28,5% de publicaes em pe-ridicos brasileiros. Na MEDLINE, que abrangeas publicaes internacionais, na busca realizadacom o mesmo descritor, verificou-se que menosde 1% dos trabalhos encontrados sobre bioter-rorismo pertencem aos peridicos brasileiros. Jno SciELO, uma base de dados cuja abrangnciase restringe s publicaes relativas s Cinciasda Sade no Brasil, Portugal e alguns pases delngua espanhola, ao utilizar o descritor bioter-rorismo, 100% das publicaes encontradas per-tencem aos peridicos brasileiros, sendo que 50%foram publicadas na revista Cadernos de SadePblica, sugerindo que os profissionais de sadepblica j esto sensibilizados com o tema.

    Quanto grande diferena do nmero depublicaes nacionais em relao s publicaesinternacionais, observadas tanto na LILACSquanto na MEDLINE, sendo que nesta ltimaainda de forma mais expressiva, pode ser atribu-da a diversos fatores, tais como: (1) a utilizaode agentes biolgicos em programas de guerrabiolgica por vrios pases, como Canad, Fran-a, Alemanha, Japo, Estados Unidos, UnioSovitica, entre os anos de 1930 e 194015, visandoobter armas biolgicas cada vez mais eficientes edesenvolver vacinas e medicamentos para as do-enas que estas poderiam causar; (2) atentadosde bioterrorismo confirmados, ocorridos em di-ferentes pases e (3) atentados com suspeita debioterrorismo -ocorrncia de diversos trotes comamostras suspeitas de conter agentes biolgicosaltamente infecciosos.

    Diferentemente, o perfil verificado na pesqui-sa com o descritor bioterrorismo na SciELO deve-se ao fato de que a maioria das revistas existentesnesta base de dados so nacionais.

    A abordagem do tema bioterrorismo naspublicaes encontradas em revistas brasileiras bem diversificada, aparecendo em diversas refe-rncias junto com os termos biossegurana e bi-osseguridade. Chaimovich18 correlaciona bios-seguridade e bioterrorismo e apresenta trs defi-nies diferentes de biosseguridade:

    1) uma forma de incrementar as medidasnacionais contra o uso de armas biolgicas;

    2) uma forma de aumentar e fortalecer os

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    esforos nacionais e internacionais para investi-gar se h, ou no, alguma doena que possa alte-rar o sistema social;

    3) uma medida para estimular a capacidadeinternacional de responder, investigar e mitigaros efeitos do uso terrorista de toxinas e armasbiolgicas.

    Valle3 define biosseguridade como o conjun-to de medidas e procedimentos que visam pro-porcionar ao corpo social e a cada indivduo omaior grau possvel de biossegurana sob aspec-tos cientficos, econmicos, sociais, culturais emorais. Um informe tcnico da Agncia Nacio-nal de Vigilncia Sanitria (ANVISA)19 aborda aimportncia de medidas de biossegurana nocombate ao bioterrorismo, como a iniciativa demontar uma rede de laboratrios de nvel de bi-ossegurana 3 (NB3) capazes de trabalhar comagentes biolgicos como o Bacillus anthracis, uti-lizado por terroristas nos atentados em 2001 nosEstados Unidos, e com isso aumentar a capaci-dade do pas na rea de diagnstico.

    Outra abordagem do tema em estudo podeser verificada em Kottow20, que trata de assuntoscomo o aparecimento de angstias sociais, quetm como caractersticas tanto o pnico socialquanto as situaes de risco, produzidas por estetipo de evento.

    Os agentes biolgicos mais citados nas pu-blicaes pesquisadas so os causadores de an-traz (25%) e de varola (15%). No foi encontra-da nenhuma publicao em peridicos brasilei-ros referente a casos de bioterrorismo envolven-do agentes de patologias como peste, tularemia,botulismo e ebola.

    Os artigos sobre antraz so de diversas mo-dalidades, como reviso, relato de pesquisa, es-tudo terico, comunicao, atualizao metodo-lgica, editorial, entre outros. Este resultado jera esperado, uma vez que a disseminao deli-berada de esporos de antraz foi o ato de bioter-rorismo de maior repercusso mundial nos lti-mos anos.

    A grande diversidade de abordagens sobre otema em estudo faz com que o assunto bioterro-rismo possa ser encontrado em diferentes revis-tas temticas, voltadas para s Cincias da Sa-de, conforme pode ser verificado na Tabela 1.

    Na base de dados REPIDISCA, uma base dedados que contm referncias bibliogrficas daliteratura de Engenharia Sanitria e Cincias doAmbiente nos pases da Amrica Latina e Caribe,foram encontradas publicaes relevantes parao tema em estudo no cenrio nacional, como oDecreto n 77.374, de 1976, que promulga a Con-veno sobre Armas Biolgicas e Toxinas(CPAB)21, Decreto n 4.214, de 200222, que versasobre exportao de bens sensveis e o DecretoLegislativo n 8923, de 1972, referente aprova-o do texto da CPAB.

    Ressalta-se que existem algumas leis especfi-cas que no esto disponveis na base de dadosacima citada, mas esto acessveis pela Internet,no stio do Ministrio da Cincia e Tecnologia,como a Lei n 9.112, de 10 de outubro de 199524,que dispe sobre a exportao de bens sensveis eservios diretamente vinculados. No primeiropargrafo do artigo primeiro desta lei, definem-se bens sensveis como sendo os bens de aplica-o blica, de uso duplo e de uso na rea nuclear,

    Tabela 1. Publicaes nacionais recuperadas na pesquisa, no perodo de 1997 a 2007.

    Revista

    Cadernos de Sade PblicaRevista de Sade PblicaArquivos Catarinenses de MedicinaEstudos Avanados (USP)Revista Latino-americana de EnfermagemJornal Brasileiro de Patologia e Medicina LaboratorialRevista da Associao de Medicina BrasileiraRevista Paulista de PediatriaPediatria ModernaJornal Brasileiro de MedicinaRevista do Instituto de Medicina Tropical de So PauloRevista Brasileira de PsiquiatriaRevista Brasileira de EpidemiologiaDirio Oficial da Unio (Leis, Decretos e Portarias)

    Nmero de publicaes encontradas

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    qumica e biolgica. No inciso quarto, os bensqumicos e biolgicos so descritos como aque-les relevantes para qualquer aplicao blica e seusprecursores. No artigo quarto da mesma lei, constituda a Comisso Interministerial de Con-trole de Exportao de Bens Sensveis, enquantono artigo quinto esto definidas as responsabili-dades da referida comisso, dentro das quais esta elaborao, atualizao e divulgao das listasde bens sensveis. Outra publicao que tambmpode ser encontrada no stio em referncia alista atualizada de bens relacionados rea bio-lgica e servios diretamente vinculados Reso-luo Cibes n 8/2007, de 13 de maro de 200725.

    Em relao outra expectativa deste estudo,foi encontrado um aumento no nmero de pu-blicaes cientficas relativas ao tema, aps o anode 2001, o que j era esperado, pois este ano podeser considerado como um marco histrico, de-vido disseminao de esporos de antraz, viasistema postal americano. Conforme pode serobservado na Tabela 2, 90% das publicaes na-cionais encontradas ocorreram aps o ano de2001, sendo que, dentro deste percentual tem-se,80% de 2001, 30% de 2002 e 20% de 2003, en-quanto as restantes (10%) so anteriores a esteperodo e fazem referncia legislao nacionalsobre a CPAB.

    Em relao aos anos de 2006 e 2007, este es-tudo observou que, nos artigos levantados, aabordagem do bioterrorismo no fica centradaunicamente em relatos, trazendo discusso tam-bm a possibilidade do uso dual da biotecnolo-gia e de outras reas novas da cincia, chamandoa ateno para a importncia cada vez maior daadeso dos pases Conveno sobre a Proibi-o de Armas Biolgicas e Toxinas.

    Devido existncia de programas de guerrabiolgica e de diversos episdios, tanto de trotes

    quanto de casos reais de bioterrorismo, cadavez maior o nmero de artigos internacionaissobre o tema em estudo.

    Do ponto de vista histrico, pode-se notarque os primeiros programas de guerra biolgi-ca, na antiguidade, utilizaram estratgias de sa-botagem, muito semelhante ao bioterrorismo.Entretanto, durante a guerra fria, os agentes deguerra biolgica foram desenvolvidos como ar-mas estratgicas em larga escala, com a possibi-lidade de serem disseminados utilizando-se, in-clusive, msseis intercontinentais26.

    Assim, evidncias substanciais sugerem que aAlemanha foi o primeiro Estado nacional a ini-ciar o desenvolvimento de um programa de guerrabiolgica durante a Primeira Guerra Mundial, noqual foram produzidos os agentes etiolgicos doantraz (B. anthracis) e do mormo (Pseudomonasmallei). Entretanto, seu programa biolgico ofen-sivo, propriamente dito, permaneceu precrio erudimentar, levando-os a se especializarem emagentes qumicos, criando um ambicioso pro-grama de armas qumicas durante a primeira esegunda guerras mundiais. Entre 1932 e 1945, oJapo conduziu diversas pesquisas biolgicas naManchria. Os Estados Unidos iniciaram seuprograma de guerra biolgica em 1942, sendoexpandido durante a Guerra da Coria (1950-1953), tendo sido interrompido em 1969 no go-verno do presidente Nixon3. Inspees realiza-das no Iraque em 1991, aps a Guerra do Golfo,obtiveram informaes referentes ao programade armas biolgicas desenvolvido neste pas, noperodo de 1985 a 1991; com a bactria B. an-thracis, toxina botulnica e aflatoxina27. Aps ocolapso da Unio Sovitica, Boris Yeltsin, entoPresidente da Rssia, admitiu, em maio de 1992,a existncia de uma instalao na cidade de Sver-dlovsk, onde ocorreu o acidente com antraz em

    Tabela 2. Histrico evolutivo das publicaes nacionais sobre bioterrorismo no perodo de 1997 a 2007.

    Ano de publicao

    antes de 2001*

    2001200220032004200520062007

    Nmero de publicaes

    0202060400040101

    Percentual publicaes/ano

    10%10%30%20%

    0%20%

    5%5%

    * Informaes referentes legislao nacional.

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    1979, na qual parte do programa sovitico dedesenvolvimento de armas biolgicas foi realiza-do28. A maioria desses programas foi interrom-pida aps estes pases tornarem-se signatriosda Conveno para a Proibio de Armas Biol-gicas e Toxinas (CPAB).

    Em relao aos atentados de bioterrorismo,um dos mais descritos na literatura o episdiode contaminao em bufs de salada de restau-rantes, no Oregon, em 1984, causado por umaseita religiosa, que utilizou Salmonella typhimu-rium, afetando cerca de 751 pessoas13. Entretan-to, os mais famosos so os ataques com antrazem 2001 e com ricina em 200314,15. Podem aindaser relatadas as tentativas de bioterrorismo, feliz-mente sem sucesso, do lder japons de uma seitareligiosa, Aum Shinrikyo, responsvel pelo ata-que com gs Sarin no metr de Tquio, em 1995.O grupo Aum Shinrikyo tinha a inteno de dis-seminar esporos de antraz e toxina botulnica,alm do vrus ebola, obtido no Zaire, em 199229.

    Nos trotes com amostras suspeitas de conteragentes biolgicos altamente infecciosos, relatam-se, pelo menos, dois casos como exemplo. Umdeles ocorreu em 1992, na Virgnia (Estados Uni-dos), quando um homem foi preso por aspergirsobre seus colegas de quarto um lquido que eledeclarava ser antraz. O outro evento aconteceuem 1997, no edifcio no qual se situava a Associa-o Bnai Brith, em Washington (Estados Uni-dos), onde foi entregue um pacote contendo umlquido vermelho e uma placa de Petri, acompa-nhados de um bilhete com os dizeres AnthracisYersinia. Em ambos os casos, as amostras anali-sadas foram negativas tanto para Bacillus anthra-cis quanto para Yersinia pestis. Entretanto, pro-vocaram pnico nos locais dos acontecimentos,sendo necessrio a adoo de uma srie de medi-das de segurana e conteno, com o bloqueio doacesso a determinadas reas e a vacinao de umnmero razovel de pessoas, algo desnecessrio,custoso e que pode ocasionar efeitos adversos30.

    As diferentes abordagens e a variedade de pe-ridicos onde foram encontradas as publicaesdemonstram a importncia da interdisciplinari-dade que engloba o assunto, uma vez que nosatos de bioterrorismo h a necessidade do envol-vimento de diversas reas, tais como sade, segu-rana, defesa, informao, comunicao, entreoutras, e tambm da atuao dos vrios rgosgovernamentais responsveis, nas esferas muni-cipais, estaduais e federais, sendo imprescindveluma atuao conjunta, interligada e sistmica.

    Os artigos tm grande impacto para a atuali-zao dos profissionais que atuaro no diagns-

    tico clnico e na identificao laboratorial do agente,cujos resultados precisam ser obtidos de formarpida e precisa. Mais uma vez, faz-se necessrioutilizar como exemplo a disseminao dos espo-ros de antraz, nos Estados Unidos, em 2001. Obacilo do antraz pode causar trs tipos de infec-es diferentes, cutnea, respiratria e gastroin-testinal. Como o bacilo pode esporular, a formade infeco mais comum encontrada nos eventosde bioterrorismo a respiratria, que a formamais grave da doena e de identificao mais fcil.

    Destaca-se um artigo, de atualizao meto-dolgica, publicado em 2003, em que o autor des-creve os mtodos desenvolvidos e utilizados comsucesso nos laboratrios da Fiocruz, em 2001, noprocessamento de seiscentos materiais contendops suspeitos de conterem a bactria Bacillus an-thracis, encontrados em diferentes ambientes ecircunstncias. Em nenhuma das amostras anali-sadas foi detectada a presena de Bacillus anthra-cis31. Este artigo confirma o impacto que os aten-tados terroristas, ocorridos nos Estados Unidos,neste ano, tiveram no Brasil. Trotes como estesocorreram tambm nos Estados Unidos. Caberessaltar que no Brasil no existe registro de casosda doena em humanos. Atualmente, o risco dese contrair a doena mnimo32.

    J a varola uma doena que tambm apa-rece de forma expressiva neste estudo. Algunsartigos descrevem a histria da varola ao longodos sculos, sempre causando grandes epidemi-as, dizimando populaes no imunizadas e ain-da sua utilizao como arma biolgica em diver-sos episdios8,33. Outra publicao aponta parao alto potencial de risco do vrus ser utilizadopor grupos terroristas, alegando evidncias deque algumas naes ou grupos poderiam pos-suir estoques clandestinos deste agente biolgi-co34. Ressaltam-se tambm algumas discussessobre o desenvolvimento de novas vacinas e denovos medicamentos antivirais, assim como aviabilidade da imunizao da populao. Estesartigos demonstram a preocupao dos pesqui-sadores com a possvel disseminao deliberadado vrus. Esta apreenso se deve ao fato da varo-la ter sido responsvel por epidemias devastado-ras at recentemente e sua erradicao ter ocorri-do por fora de uma campanha mundial de vaci-nao, tendo sido a primeira doena a ser erradi-cada por ao humana deliberada. A reintrodu-o da varola determinaria um grande nmerode doentes, uma vez que mais de 40% da popula-o mundial nunca foi vacinada e o restante apre-senta imunidade declinante8. Outro fato obser-vvel em relao aos trabalhos encontrados a

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    divergncia sobre o grau de letalidade e a disse-minao da doena, caso o vrus viesse a ser libe-rado por meio de um ato terrorista33,34.

    Embora doenas como peste e botulismotambm sejam classificadas pelo CDC comoCategoria A, so doenas existentes no Brasil,cujos agentes etiolgicos podem ser rapidamen-te identificados em laboratrios especializados epreparados para esta finalidade. No caso da pes-te, o Brasil possui uma rede de laboratrios desade pblica nos estados, equipados e capacita-dos, alm de um laboratrio de referncia nacio-nal, localizado em Recife (Centro de PesquisasAggeu Magalhes - CPqAM/Fiocruz).

    Atualmente, existem duas reas principais defocos naturais de peste no pas: o Nordeste (re-gio semirida do Polgono das Secas, abrangen-do vrios estados, o Vale do Jequitinhonha e oVale do Rio Doce) e o Sudeste (regio da Serrados rgos, nos limites dos municpios de Tere-spolis, Sumidouro e Nova Friburgo). De 1983 a2000, foram notificados 487 casos humanos depeste no pas, sendo que mais de 50% dos casosocorreram na Bahia32. A manifestao clnica dapeste mais comum no Brasil a peste bubnica,que quando no tratada possui uma taxa de le-talidade de 50%, diferindo das formas pneum-nica e septicmica, mais comuns em episdios debioterrorismo, cujas taxas de letalidade so pr-ximas a 100%.

    J o botulismo difere da peste por ser umadoena de distribuio mundial, com casos es-pordicos ou surtos familiares, em geral relacio-nados produo e conservao de alimentos demaneira inadequada. No Brasil, foram notifica-dos 66 casos suspeitos de botulismo entre 1999 e2006, apresentando taxa de letalidade, nos lti-mos quatro anos, de 28%. No Brasil, o InstitutoAdolfo Lutz um dos laboratrios de refernciado Ministrio da Sade para anlise de amostrassuspeitas de botulismo.

    Consideraes finais

    Este trabalho mostra que, embora ainda existampoucas publicaes nacionais relacionadas bio-terrorismo, alguns pesquisadores brasileiros jdemonstram a preocupao com o assunto, prin-cipalmente depois dos atentados de bioterroris-mo ocorridos nos Estados Unidos, com esporosde antraz, o que pode ser confirmado pelo nme-ro de publicaes nacionais encontradas aps oano de 2001, que representa 90%. Contudo, mui-tas destas publicaes so editoriais, artigos deopinio, sendo verificados poucos artigos de re-

    viso, diferindo das modalidades dos artigos in-ternacionais encontrados nas bases de dados pes-quisadas, que trazem uma grande quantidade deinformao, seja na forma de artigos de reviso,seja na forma de artigos inditos.

    Destaca-se tambm a importncia dada emalguns artigos correlao entre bioterrorismo ea biossegurana, demonstrando o quanto o co-nhecimento das medidas de biossegurana im-portante em vrios aspectos da atuao dos pro-fissionais em eventos de bioterrorismo, como naproteo individual e coletiva, conteno de re-as, procedimentos de descontaminao, avalia-o de risco, entre muitos outros.

    Verificou-se, neste estudo, a existncia de leise decretos tratando da CPAB, o que demonstra ointeresse do poder pblico brasileiro em promo-ver a implementao de acordos e de tratadosinternacionais sobre o desarmamento e no pro-liferao de armas de destruio em massa, bemcomo o controle de transferncias (importao eexportao) de bens a elas associados.

    Este estudo tambm verificou a importnciadada ao tema por muitos profissionais e pesqui-sadores, no apenas da rea de ssade pblica. Olevantamento de informaes especficas e verifi-cao dos agentes biolgicos, com maior poten-cial para utilizao em eventos de bioterrorismo,indicou que, na sua maioria, j so conhecidos.

    Entretanto, ainda existem muitas informa-es que podem ser estudadas, como o desen-volvimento de frmacos e imunobiolgicos, as-sim como kits diagnsticos que permitam a r-pida identificao dos agentes biolgicos, o que imprescindvel para a administrao correta demedicamentos e vacinas.

    Como vrios agentes biolgicos que possuempotencial para utilizao em bioterrorismo podemser transmissveis, as medidas de conteno, dedescontaminao e uso de equipamentos de pro-teo individual e coletivos so de extrema impor-tncia para evitar que os profissionais envolvidosneste tipo de evento sejam contaminados ou infec-tados, aumentando o nmero de vtimas.

    O Brasil est inserido no processo de globali-zao mundial e para tanto necessita de conside-rar o bioterrorismo como uma ameaa real e amelhor forma de combat-lo atravs da socia-lizao de informaes, disseminao do conhe-cimento e capacitao de todos os profissionaisque so responsveis por atuar em situaes deprimeira resposta neste tipo de evento, de formaa reconhecer com facilidade um evento de bio-terrorismo e identificar a doena atravs de di-agnstico clnico preciso, permitindo o tratamen-to das vtimas de forma eficaz.

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    Colaboradores

    DR Cardoso participou da pesquisa, anlise, in-terpretao dos resultados e concepo/redaodo artigo e TAO Cardoso participou da concep-o, metodologia e reviso final do artigo.

    Referncias

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    Artigo apresentado em 30/05/2008Aprovado em 05/11/2008Verso final apresentada em 11/12/2008

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