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107 ANOS DA UNIVERSIDADE MAIS ANTIGA DO BRASIL Há exatos 107 anos acontecia a solenidade de fundação da “Universidade do Paraná”. Porém a ideia da criação da instituição era um sonho antigo, em 1892, o político Rocha Pombo lança, na Praça Ouvidor Pardinho, a pedra funda- mental de uma futura universidade. Mas, devido à insta- bilidade gerada pela Revolução Federalista que ocorria no Sul do Brasil em função da divergência entre as elites federalistas e republicanas, o projeto não foi adiante. Então, quando percebeu-se que o Paraná precisava de mais profissionais qualificados e iniciou-se um movimen- to pró-Universidade no nosso estado. Assim, as lideranças políticas, da época, se mobilizaram em prol da criação da universidade. No dia 11 de junho de 1912 reuniu-se em uma comissão composta por alguns nomes, como o Coronel Chichorro Junior; o empresário do mate Ernesto Carnac, Fernando Moreira, Manuel Miranda Rosa e os médicos Pânfilo de Assunção e Victor Ferreira do Amaral, estes fi- caram responsáveis para estudar o meio mais eficaz para levar a efeito a ideia. Outro grupo, que tinha a liderança de Nilo Cairo, tratava do mesmo assunto. Os dois grupos se uniram e em uma audiência com Ministro da Justiça e Negócios Interiores do Brasil, Rivadávia da Cunha Correia, começava, então, a se concretizar um sonho. Assim, no dia 19 de dezembro de 1912, Victor Ferreira do Amaral liderou a criação efetiva da Universidade do Para- ná. Era uma época de progresso da economia paranaense, devido à abundante produção e ao próspero comércio da erva-mate. “O dia 19 de dezembro representou a emanci- pação política do Estado e deve também representar sua emancipação intelectual”, afirmou Victor Ferreira do Ama- ral. Ele – que foi também o primeiro reitor – fez emprésti- mos para a construção do prédio central, na Praça Santos Andrade, em terreno doado pela prefeitura. Em março de 1913, a universidade começou a funcionar como instituição particular e no dia 30 de agosto de 1913, foi lançada a pedra fundamental do edifício central, quan- do iniciou a construção. Os primeiros cursos ofertados foram Ciências Jurídicas e Sociais; Engenharia; Medicina e Cirurgia; Comércio; Odontologia; Farmácia e Obstetrí- cia. A localização era no número 42 da Rua Comendador Araújo, no prédio hoje ocupado pelo Shopping Omar. Casa que pertencia ao ervateiro Manuel Miró e foi alugada para a Universidade. Com a Primeira Guerra Mundial (1914) vieram a recessão econômica e as primeiras dificuldades. Dentre elas uma lei que determinava o fechamento das universidades parti- culares, numa tentativa do Governo Federal de centralizar o poder sob as instituições de ensino superior. No Paraná era necessário então criar alternativas para evitar o fecha- mento da universidade. Primeiro prédio da UFPR, hoje ocupado pelo Shopping Omar Acervo Paulo José da Costa Primeira diretoria da Universidade, 1913 Acervo Histórico Cid Destefani Bionews 19/12/2019 | nº289 boletim do setor de ciências biológicas

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107 ANOS DA UNIVERSIDADEMAIS ANTIGA DO BRASIL

Há exatos 107 anos acontecia a solenidade de fundação da “Universidade do Paraná”. Porém a ideia da criação da instituição era um sonho antigo, em 1892, o político Rocha Pombo lança, na Praça Ouvidor Pardinho, a pedra funda-mental de uma futura universidade. Mas, devido à insta-bilidade gerada pela Revolução Federalista que ocorria no Sul do Brasil em função da divergência entre as elites federalistas e republicanas, o projeto não foi adiante.

Então, quando percebeu-se que o Paraná precisava de mais profissionais qualificados e iniciou-se um movimen-to pró-Universidade no nosso estado. Assim, as lideranças políticas, da época, se mobilizaram em prol da criação da universidade. No dia 11 de junho de 1912 reuniu-se em uma comissão composta por alguns nomes, como o Coronel Chichorro Junior; o empresário do mate Ernesto Carnac, Fernando Moreira, Manuel Miranda Rosa e os médicos Pânfilo de Assunção e Victor Ferreira do Amaral, estes fi-caram responsáveis para estudar o meio mais eficaz para levar a efeito a ideia. Outro grupo, que tinha a liderança de Nilo Cairo, tratava do mesmo assunto. Os dois grupos se uniram e em uma audiência com Ministro da Justiça e Negócios Interiores do Brasil, Rivadávia da Cunha Correia, começava, então, a se concretizar um sonho.

Assim, no dia 19 de dezembro de 1912, Victor Ferreira do Amaral liderou a criação efetiva da Universidade do Para-ná. Era uma época de progresso da economia paranaense, devido à abundante produção e ao próspero comércio da erva-mate. “O dia 19 de dezembro representou a emanci-pação política do Estado e deve também representar sua emancipação intelectual”, afirmou Victor Ferreira do Ama-ral. Ele – que foi também o primeiro reitor – fez emprésti-mos para a construção do prédio central, na Praça Santos Andrade, em terreno doado pela prefeitura.

Em março de 1913, a universidade começou a funcionar como instituição particular e no dia 30 de agosto de 1913, foi lançada a pedra fundamental do edifício central, quan-do iniciou a construção. Os primeiros cursos ofertados foram Ciências Jurídicas e Sociais; Engenharia; Medicina e Cirurgia; Comércio; Odontologia; Farmácia e Obstetrí-cia. A localização era no número 42 da Rua Comendador Araújo, no prédio hoje ocupado pelo Shopping Omar. Casa que pertencia ao ervateiro Manuel Miró e foi alugada para a Universidade.

Com a Primeira Guerra Mundial (1914) vieram a recessão econômica e as primeiras dificuldades. Dentre elas uma lei que determinava o fechamento das universidades parti-culares, numa tentativa do Governo Federal de centralizar o poder sob as instituições de ensino superior. No Paraná era necessário então criar alternativas para evitar o fecha-mento da universidade.

Primeiro prédio da UFPR,hoje ocupado pelo Shopping Omar

Acervo Paulo José da Costa

Primeira diretoria da Universidade, 1913Acervo Histórico Cid Destefani

Bionews19/12/2019 | nº289

boletim do setor de ciências biológicas

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A forma encontrada, na época, foi desmembrar a Insti-tuição em faculdades autônomas, cada uma reconhecida individualmente pelo governo. Durante cerca de 30 anos buscou-se restaurar a universidade, objetivo alcançado no fim da década de 40, quando as faculdades existentes, acrescidas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, fo-ram reunidas como a Universidade do Paraná, graças ao grande clamor da comunidade em geral.

Restaurada a universidade, em 1946 iniciou-se a batalha pela sua federalização. Flávio Suplicy de Lacerda, reitor à época, mobilizou as lideranças do Estado e, em 1950, passou a chamar-se Universidade Federal do Paraná, uma instituição pública e gratuita. Com a federalização, a ins-tituição passou por uma fase de expansão. A construção do Hospital de Clínicas (1953), do Complexo da Reitoria (1958) e do Centro Politécnico (1961) representaram sua consolidação.

A Universidade é considerada a mais antiga do Brasil por-que foi a única que sempre continuou aberta em meio a todas as crises brasileiras, nunca interrompeu suas ativi-dades. Nesses anos todos a Federal é permeada de tantas histórias e vitórias, que nos enche de orgulho. Porém a cada crise que passamos, não tem como não lembrar da frase “Aqueles que não podem lembrar o passado, estão condenados a repeti-lo”, escrita por George Santayana, filósofo espanhol. E como temos memória, sempre sai-remos vitoriosos, por mais que o ano de 2019 tenha sido marcado por incertezas, os dados mostram o quanto so-mos grandes. Atualmente, a UFPR está entre as dez me-lhores universidades federais do país e é a única do estado do Paraná com nota máxima na avaliação do MEC (Minis-tério da Educação).

A noite do último dia 11 foi marcada por uma cerimônia de comemoração pelos 107 anos, o evento aconteceu no tea-tro da Reitoria, o qual teve apresentações culturais, com a Téssera Companhia de Dança e o Madrigal da UFPR. Além disso, foi exibido um vídeo com depoimentos congratula-tórios de cidadãos paranaenses, políticos, representantes de entidades de classes e de instituições do Estado. A so-lenidade homenageou figuras importantes na construção da universidade, elegeu 12 pessoas para representar as diferentes áreas que difundem a tríade Ensino, Pesquisa e Extensão.

Dentre os homenageados, a aluna de Educação Física Tisbe de Souza Andrade Silva foi destaque na categoria Esporte. Tisbe ingressou na UFPR em 2017, atraída pela possibilidade de se dedicar ainda mais ao esporte. A atle-ta foi diagnosticada com artrogripose múltipla congênita, doença rara que tem como característica as contraturas articulares e fraqueza muscular.

TisbeFotos

Construção do Teatro da Reitoria Acervo Curitiba Antigamente

Cerimônia de oficialização da Federalização, 1950Acervo Histórico Cid Destefani

Centro Politécnico, 1960Acervo Curitiba Antigamente

Prédio UFPR, 1936 - Atualmente Acervo Curitiba Antigamente

O Brasil foi representado por Tisbe e outros 337 atletas

paralímpicos em Lima. Fotos - Divulgação

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Já na infância ela começou a nadar e não parou mais. Des-de 2011 os treinos se intensificaram e, depois, começaram a ter como objetivo as competições, que lhe renderam recordes e um histórico de conquistas, entre eles o título de melhor atleta do paradesporto brasileiro pela Confe-deração Brasileira de Desporto Universitário (CBDU), o prêmio do Orgulho Paranaense e, em 2017, o de Melhor Atleta Universitária. Por último a medalha de bronze na prova de paranatação categoria S5, 50m costas nos Jo-gos Parapan-Americanos Lima 2019. No momento a aluna está com a matrícula trancada, para se dedicar a conquis-ta da vaga para as Paralimpíadas de Tóquio, em 2020. Tisbe lembra que, como o curso de Educação Física não tinha alunos com deficiência, sua presença assegurava um compromisso dos próprios colegas com a adaptação e acessibilidade. “Estar na universidade é gratificante, é o sonho de muita gente”, celebra.

Já na categoria aposentados, a homenageada foi a professora Márcia Helena Mendonça, ela, que viveu uma história de pio-neirismo na instituição, sendo a primeira mulher a ocupar a posição de reitora. Ela atuou, na docência, junto ao Departa-mento de Biologia Celular. Foi vice-reitora em 2006 e assumiu o cargo de principal dirigente em 2008. Sua gestão marcou um momento de mudanças, como a adesão da Universidade ao programa federal REUNI, as discussões sobre as fundações de apoio e as determinações de órgãos controladores externos, além de outros temas. Após o término do mandato na reitoria, Márcia atuou em projetos de extensão, programas de iniciação à docência e de formação de professores. A docente resumiu em cinco palavras a sua atuação na universidade, expressos na página do setor: “Gratidão (por ter sido aluna da UFPR na gra-duação e pós-graduação devendo a ela tudo o que sou e fiz); orgulho (por ter sido professora e pertencido à administração superior dessa grande instituição); satisfação (por ter contri-buído com a formação cidadã de inúmeros profissionais de grande competência); emoção (por encontrá-los com bastante frequência no exercício profissional) e, finalmente, na imensa e incurável saudade que sinto do Setor de Ciências Biológicas da UFPR”.

O Setor de Ciências biológicas também ganhou evidência com o projeto Curta Ciência, criado para promover e reconhecer o trabalho de docentes e discentes da pós-graduação stricto sen-su da UFPR por meio da divulgação científica. Teve destaque trabalhos de pesquisadores que subiram ao palco para receber certificado junto aos orientadores, dentre eles a orientadora professora Alexandra Acco, da Pós-Graduação em Farmacologia, juntamente com a discente Eliana Rezende Adami. O trabalho delas intitulado “Efeitos De Polissacarídeos Extraídos Do Fruto Do Capsicum Annuum (Pimentão) Em Modelos In Vivo E In Vitro De Tumor Mamário” pode ser conferido em um vídeo curtinho e de fácil compreensão. O projeto também premiou, com entrega de certificados, outros docentes e seus orientados do Setor, con-fira os melhores trabalhos acadêmicos eleitos em cada progra-ma de pós-graduação da instituição. Para ver mais fotos da UFPR acesse: • http://portal.nc.ufpr.br/PortalNC/LinhaDoTempo Para ver mais fotos antigas acesse: • https://www.facebook.com/CuritibaAntigamente/

Cerimônia dos 107 anos da UFPR, na foto Reitor Ricardo

Marcelo Fonseca, professora Márcia Helena Mendonça eVice-Reitora Graciela Bolzón. Fotos: Divulgação

BIONEWS É UM BOLETIM ELETRÔNICO DE PUBLICAÇÃOSEMANAL DO SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA UFPRDireção do Setor - Prof. Dr. Edvaldo da Silva TrindadeVice-Direção do Setor - Prof. Dr. Emanuel Maltempi de Souza

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