BIOMA CAATINGA: oportunidades e desafios de pesquisa para...

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BIOMA CAATINGA: oportunidades e desafios de pesquisa para o desenvolvimento sustentável Lúcia Helena Piedade Kill' Diogo Denardi Porto- 4.1. Características gerais Em escala global, a Caatinga faz parte da maior e mais diversificada floresta rropi- cal sazonalmente seca do Novo Mundo (FTSS), um biorna global (lue não foi reco- nhecido pela comunidade científica como distinto até poucos anos atrás. Em geral, a maioria desse bioma ainda permanece pouco estudada e protegida em comparação com as florestas tropicais e savanas adjacentes. No entanto, dos biomas do FTSS abrigam quase 1 bilhão de pessoas em todo o mundo e estão entre os sistemas eco- lógicos mais vulneráveis às mudanças climaricas.A má gestão dos r;TSSs pode levar à perda de biodiversidade e à redução dos custos dos serviços ecossistêmicos (Iue sustentam milhões de pessoas de baixa renda . .i\ falha em abordar esse desafio pode exacerbar os conflitos sociais e as migrações maciças. Portanto, os FrSSs sào áreas socioecológicas que merecem atenção muito próxima de três grandes grupos interna- cionais: as comunidades científicas, de conservação e de desenvolvimento. O Semiárido brasileiro, como pane dos FTSSs, constituído pela Caatinga, está localizado no nordeste do país e nele habitam cerca de 28,6 milhões de pess( ias, sendo a maioria carente e dependente dos recursos naturais da região (me E, 20'10). A maior parre de seu território é revestida pela formação vq~etal I PC:-'llul",ador'\ da EmbrJp:l Cerrados. 2 Pesquisador dn Hmbrapn Semiárido. úS

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BIOMA CAATINGA:oportunidades e desafios

de pesquisa para odesenvolvimento sustentável

Lúcia Helena Piedade Kill'Diogo Denardi Porto-

4.1. Características gerais

Em escala global, a Caatinga faz parte da maior e mais diversificada floresta rropi-cal sazonalmente seca do Novo Mundo (FTSS), um biorna global (lue não foi reco-nhecido pela comunidade científica como distinto até poucos anos atrás. Em geral, amaioria desse bioma ainda permanece pouco estudada e protegida em comparaçãocom as florestas tropicais e savanas adjacentes. No entanto, dos biomas do FTSSabrigam quase 1 bilhão de pessoas em todo o mundo e estão entre os sistemas eco-lógicos mais vulneráveis às mudanças climaricas.A má gestão dos r;TSSs pode levarà perda de biodiversidade e à redução dos custos dos serviços ecossistêmicos (Iuesustentam milhões de pessoas de baixa renda . .i\ falha em abordar esse desafio podeexacerbar os conflitos sociais e as migrações maciças. Portanto, os FrSSs sào áreassocioecológicas que merecem atenção muito próxima de três grandes grupos interna-cionais: as comunidades científicas, de conservação e de desenvolvimento.

O Semiárido brasileiro, como pane dos FTSSs, constituído pela Caatinga,está localizado no nordeste do país e nele habitam cerca de 28,6 milhões depess( ias, sendo a maioria carente e dependente dos recursos naturais da região(me E, 20'10). A maior parre de seu território é revestida pela formação vq~etal

I PC:-'llul",ador'\ da EmbrJp:l Cerrados.2 Pesquisador dn Hmbrapn Semiárido.

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denominada Caatinga, uma r'TSS cujas espécies apresentam características mor-fofisiológicas adaptadas ao estresse hídrico e às altas temperaturas, tornando ....asuma opção para o desenvolvimento da região, pois servem de suporre para odesenvolvimento de atividades agmpecuárias e industriais.

Nas últimas décadas, a pressão sobre a exploração dos recursos naturais daCaatinga vem aumentando, devido, principalmente, ao consumo de lenha nativa,explorada de forma ilegal e não susrenrável para fins domésticos e industriais,ao sobrepasroreio e à conversão para pastagens em agricultura. Esse modelo deexploração predatória tem impactado, principalmente, os recursos naturais reno ..-váveis do biorna. Hoje, já são registradas alterações na composição e diversidadeda flora e fauna locais, bem COL"noaceleração do processo de erosão e declínio dafertilidade do solo C:! da qualidade da água, cujo efeito agregado gera a deserrifica-ção, o tlut já ocorre em algumas áreas do Bioma Caatinga.

Essa situação se agravou pela ocorrência, nos últimos seis anos, de taxas deprecipitação significativamente menores do yue a média histórica, com conse-quências diretas para os pequenos produtores, em virtude da estrutura fundi-ária existente. Verifica-se, que muitos são os desafios para o desenvolvimentosusrenrável ela região. Aqui apresentaremüs alguns deles e algumas das ações depesquisa, desenvolvimento e inovação - PD&f - que poderiam contribuir paraminimizar essa situacã ••.

anrrópica, tornando a aridez edáfica ainda mais acentuada, associada aos baixosníveis de fertilidade, particularmente o potássio e a matéria orgânica.

4.2 Agropecuáría na Caatinga e seus efeitos sobre o meioambiente

.c\ área de ocorrência do bioma Caatinga sobrepõe-se em grande medida àdo serniárido brasileiro, considerada como uma das regii>es de clima serruáridomais povoadas do mundo (SALCEDO; MENEZES, 20(9). O resultado dessacombinação de fatores é uma diminuição progressiva da cobertura vegetal dessebiorna, como resultado de diversas ações antrópicas. O resultado dessa combina-ção de fatores é uma diminuição progressiva da cobertura vegetal desse bioma,por efeito dos diversos tipos de clima da Caatinga, de acordo com a Figura 1.Paralelamente, a Caatinga é um dos biomas brasileiros menos estudados e queconta com menos unidades de conservação (S.:\NTOS er al., 20"11). O resultadodessa combinação de fatores é uma diminuição progressiva da cobertura vegetaldesse bioma.

Essa situação pode ser acompanhada pela análise de imagens de satélite, quedemonstram a conversão do uso da rena em diversas regiões. BEUCHLE et al. ecolaboradores (2015) observaram uma redução líquida média de 0,3% ao ano nacobertura vegetal da Caatinga entre os anos de 1990 e 20 JO, resultando em umaredução da taxa de cobertura de 67,4(~';Jpara 63,2% no período.

A taxa de redução foi mais intensa no período entre os anos 2000 e 2010,quando comparada à década de 1990, demonstrando uma tendência de aumentode desmatamento. "-1. cobertura vegel"al e o uso das terras do biorna Caatinga atu-almente são apresentados na Figura 2.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2011), a taxa de cobertura da Ca-atinga em 2009 situava-se em 53,4%. ll.s diferenças dos resultados entre esse le-vantamento e o anterior referem-se a petluenas diferenças merodológicas, comoos tipos de forrnaçóes considerados como vegetação nativa. Ainda segundo osdados do "HvL\, em termos percentuais de área (2008 a 20(9), a Bahia foi o esta-do no qual a vegetação da Caatinga sofreu maior supressão no período, seguidapelo estado do Ceará. No entanto, a Bahia também í:. o estado 4ue possui a maiorextensão de remanescente de Caatinga.

""'.vegetação da Caatinga, mesmo durante a estiagem, quando está CJuasecom-pleramcnre sem folhas e com o crescimento interrompido, continua desempe-nhando a importante função de proteger o solo contra agentes erosivos. Outras

() desmatarnento elevado no Bioma Caatinga vem gerando processos dedeserrificacào em diversas áreas, alterando direrarnente a biota, o rnicroclima e ossolos, sendo fundamental o desenvolvimento de técnicas de pesquisa capazes deincorporar informações tlue identifiquem o estado dos recursos naturais, apon-tando os seus relacionamentos e alguns caminhos a serem tomados para umaintervenção eficiente que gere a recuperação e o aproveitamento sustentável (LI,terras nesse ambiente. O Método de Transecro Linear para Faneróros e Carnérosconstitui-se em um conjunto de técnicas utilizado pela primeira vez no Brasil paraanalisar áreas submetidas à dcserrificação, apresentando indicadores biogeográfi-cos, clirnatológicos, geomorfológicos e hidrológicos. Através da aplicação do mé-todo em uma área do município de São Domingos do Cariri (PB), foi identificadaurna diversidade vegetal muito baixa (13 espécies e 489 indivíduos), dorninânciade poucas espécies (.5) e baixa abundância, com maior número de indivíduosnos estratos arbusrivo alto e arbusrivo, tendo como causa a retirada excessiva devegetação, as queimadas e o uso contínuo pelo gado capríno. O Balanço Hídricoapresentou-se negativo, havendo indicação de que a atividade vegerariva depen-de da precipitação oculta". Os solos apresentaram crosta superficial de origem

:\ Precipuaçào oculta é entendida com') o fenômeno em que a n!getaçào (ou outro obiecto, natural ou não)captura, por um processo de Impacto ou colisão, :t'i mmúsc ulas gorículas de água C,iMl'IltCS no ucvocrro e \lUC

na :-;U;\ :l.U~l'I1CI:t surram rnaundas em suspensão na atmosfera.

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Figura l. Tipos de Clima do Biorna Caatinga.

LEGENDA

Muito Árido 11Árido.

Semléddo 11Subumldo

Bioma Caailngi::l

Fonte: Hargreaves, 1974.

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Figura 2. Cobertura e Uso das Terras do Bioma Caatinga.

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+ COBERTURA E USO DAS TERRASNO B/OMA CAATINGA

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Fonte: 1l3GE, 2004.

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formas de uso da terra frequentemente não protegem o solo desses agentes.Corno resultado, a degradação ambienta! causada pelo desmatamento culminano fenômeno da dcsertificação, ou seja, a perda da capacidade produtiva da área,ranro do ponto de vista ecológico como do econômico.

,.-\desertificacão t um fenômeno llue ocorre tipicamente em regiúes de cli-ma árido, serniárido ou subúmido e pode ter causas naturais ou anrrópicas. Ascausas anrrópicas envolvem o desmatamento, a extração predatória de recursosflorestais, as queimadas, 'l sobrepasrejo e o manejo inadequado do solo (SA tt al.,~O10). 1\s áreas atingidas pela deserrificação tornam-se totalmente improdutivas,gerando reflexos socioeconôrnicos graves. 1\ população rural das áreas deserti-ficadas é obrigada a abandonar a área ou viver em condições de extrema dificul-dade. Nesse contexto, a Figura 3 apresenta as mesorregiues do Bioma Caatinga.

l\S causas da diminuição da cobertura natural da Caatinga sâo diversas emuitas vezes derivadas de espccificidadcs regionais. No Estado da Paraíba,o desrnatamento indiscrirninado para atendimento da demanda de madeira elenha da região fez com 'lue aproximadamente 85~'o do Serniárido paraibanose tornasse sensível à desertificaçâo (SA et a!., 2013). Já na Região de Desen-volvimento do Vale do Rio São Francisco, no extremo oeste do estado dePernarnbuco, as áreas com moderado e severo risco de deserrificaçào com-preendem 74'/" e 23% das áreas tota.is, respectivamente (SA et al., 2015). Esseprocesso deve-se à subsriruição da vegetação natural pnr campos de cultivos,pastagens e outros usos do solo. No Seridó da Paraíba e do Rio Grande doNorte, a degradação ambienta! resulta de atividades de mineração, pastoreioextensivo de bovinos e caprinos, abandono de áreas agrícolas e exrraçâo delenha (COSTA et al., 20(9). Nessa região, a Caatinga se apresenl'a como limavegetação esparsa, de aspecto arbóreo-arbustivo, crescendo sobre solos rasose murro propensus à erosão.

As áreas de Caatinga que são desmaradas têm recuperação extremamente lenta.Levantamentos que comparam áreas com diferentes graus de preservação estimamLluepoderão ser necessários 50 anos para 'lue a vegeta~'ão se recupere totalmentede um episódio de desmararnenro (.I\lu\.(J.J0 FILHO, 2(13). Isso é conscquênciado crescimento desconrinuo da vegeracào, afetados por períodos de estiagem CJuepodem se estender por oito ou até 10 meses ao ano, por vários anos.

Entre as atividades agropecuárias 'lue impacram a Caatinga encontra ..se o sis-tema tradicional de pousio, no 'lua Iurna área é desmatada, queimada, cultivadacom culturas de subsistência (milho, feijão, mandioca e legumes) por certo pe-ríodo e, em seguida, abandonada. Essa estratégia foi, por muito tempo, a formapredominante de uso da terra no Serniárido brasileiro e em outras regiões daAmérica Latina (KASS; S<)j\-L\RRIB,-\, 19()9). Na Caatinga, depois de 3 a 5 anosde produção de culturas como milho, feijão e mandioca, a área é abandonada

para regeneração natural por um período de cerca de 10 anos, já muito inferior,portanto, ao período necessário para o pleno resrabelecirnento da vegetação ar..bórca. Com o crescimento populacional, contudo, esse período de regeneraçãonatural praticado pelo pequeno produtor diminuiu ainda mais. Assim, os efeitosdeletérios do corte e queima da vegetação aumentaram.

Figura 3. Mesorregiôes do biorna Caatinga.-------------------------------------,MESOREG/ÕES NO B/OMA CAATINGA

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1:6.000.000V>lo<~$'~i..'It;:J.•. ~C=/~,.c~,~~~""~~~

i~~~;:?~",~~":!:lco-,,·~;~~;,~~;;~:;~~t~,Fonte: TBGE, 2004.

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;\ regeneração natural no período de pousio é praticada empiricamenre comofunção de restauração da fertilidade do solo, que por sua vez decorre do ingresso,no solo, de matéria orgânica derivada da biomassa vegetal produzida no período(fIESSEN; SAivm\IU; S;\LCEDO, 2001). A prática tradicional da queima davegetação dimimu drasticamente o estollue de carbono, reduzindo fertilidade emostrando-se inadequada para o manejo sustentável de solos no Serniárido (SI-\-CR,'\i\U:;:NTO et al., 20(3). () solo menos fértil suporta uma comunidade menorde espécies nativas 'lue, pOl:sua vez, produzirá menos aporte de matéria org[tnicaao solo no próximo ciclo de crescimento, em uma retroalimenração negativa ca-racterística de processos de deserrificacão.

O corte e a queima também afetam diretamente a viabilidade e diversidade d()banco de sementes do solo. ?vIAMEDE eAR,\ÚJO (2008) observaram 'Iue o fogocausou uma diminuição de 80% da densidade de plânrulas emergentes do banco desementes, o lJue representa uma séria ameaça à conservação de comunidades vege-tais da Caatinga. A regeneração natural de áreas de Caatinga é altamente dependen-te da viabilidade de seu banco de sementes como fonte de propágulos para o res-tabelecirnenro da flora (SILVA et al., 2013). Sem isso, a área corre sérios riscos desofrer episódios de erosão, que podem progredir a um processp de dcscrtificaçâo.

Além da matéria orgân.ica e do banco de sementes, as queimadas afetam se-riamente nutro componente importante e, por vezes, negligenciado do solo, acomunidade microbiana. Essas comunidades são responsáveis por diversos pro-cessos no solo, como a ciclagern de nutrientes, ;1 fixação biológica de nitrogênioe a manutenção da sua estrutura. Areas 'lue passam por queimadas apresentamdiminuição significativa da atividade microbiolójrica no solo em camadas supt,r-ficiais (OLl\'EIILA. et al., 20(0).

Trindade, Ipubi, Bodocó e Ouricuri, ljue formam o polo responsável por 95%da produção nacional de gesso (Sl\ et al., 2010). j\ alta demanda de lenha dessaindústria resultou em significativa pressão ecológica sobre os recursos madei-reiros da biodiversidade local. Estima-se que até ÓS% da área da região foramdesmarados até 2009 (DRUMOND er al., 20 (5)

A substituição da comunidade vegetal complexa pur uma monocultura resultaem uma fragilização ecológica, já que a rnonoculrura não tem a plasricidade adap-tativa para suportar as adversidades típicas do Semiárido brasileiro (.r\R,\LIjO FI-LHO; Bi\RBOS/\., 1999). Essa plasricidade é derivada tipicarnente da diversidadede espécies encontradas nas comunidades naturais. Comunidades diversificadassão mais resistentes a eventos corno secas aripicas ou pragas, já yue as espéciesque I)S suportam podem ocupar () espaço deixado para trás pelas demais.

As monoculturas costumam ser encontradas em sistemas produtivos alramen-te especializados c tecuificados e podem demandar alta quantidade de insurnospara permanecerem economicamente viáveis. Muitos desses sistemas produtivostêm raizes em regiôes de clima temperado e sofrem adaptações para adequarem--se ao clima tropical serniárido. Entretanto, uma série de práticas inadequadaspermanece, coruo () excessivo revolvimento do solo e o baixo apone de maté-ria orgânica, yue comprometem seriamente a fertilidade da área a médio prazo.Essas práticas ensejam o significaóvo aportc de insumos necessários à sua per-manência, e, quando o sistema é interrompido, a área perde rapidamente as suaspropriedades produtivas, devido à quebra dos ciclos biogeoquímicos naturais lluemantinham a cobertura vegetal original.

Já a agriculrura tradicional na Caatinga, embora relativamente pouco produ-tiva, é tipicamente praticada com baixo uso de insumos e composta de mais deuma atividade produtiva na mesma área, incluindo muitas vezes a pecuária ex-tensiva. No entanto, as práticas utilizadas são muitas vezes rào danosas Lluantoaquelas das rnonoculruras. O período inadequado de pousio, as práticas da quei-ma e das capinas frequentes, que mantêm () solo descoberto, além da exploraçãopredatória dos recursos naturais da Caatinga, são fatores lJue ocasionam ampladegradação do bioma (l\R;\ÚJO FlU-IO, 2013).

1\ Região Nordeste tem uma posição destacada na pecuária nacional, especial-mente devido à grande presença de rebanhos de caprinos e ovinos (ARAL1JO FI-LHO, 2013). Mais de 90% dos rebanhos de caprinos do Brasil situam-se no Nor-deste, a maior parte no Semiárido. Esses animais são criados segundo o manejoextensivo, utilizando-se a Caatinga corno principal, senão única, fonte alimentar.

1\ urilizacão da Caatinga corno pastagem para pecuária extensiva é muito dis-seminada e causa a degradação acentuada da cobertura vegetal (:\LVES; :\R.:\Ú-JO; N.\SCL\lENTO, 2009; AR,\lJJO FILHO; B."'RBOSA, (999). i\ expansãodessa atividade, a partir do século XVII, é considerada um dos principais fatores

Outra atividade 'lue impacta os recursos renováveis do biorna é o uso da lenha edo carvâo como matriz energérica. i\ utilização da lenha da Caatinga intensificou-sea partir de 1974, quando a política do Governo Federal eufarizou a biomassa comofonte energérica. No início dos anos 1990, 35'~) da energia primária consumida naRegião Nordeste eram proveruentes dessas fontes (IUEGELIIAUPT; P"\REYN,2010).1\ partir de então, o perfil energético mudou com a dirninuição da populaçãorural e a adoçào de gasodutos por setores elaindústria. Entreranro, em alguns estados,o consumo de lenha permanece em patamares altos, como no Rio Grande do Nor-te, onde alcança 24°/0 do total do consumo energérico, sendo essa proporção aindamaior para LISO residencial (53%). Como essa exploração de lenha por extrarivisrnonão foi acompanhada por projetos de reflorestamento da Caatinga para a reposiçãoda biornassa, em muitos locais ocorreu a exaustào dos recursos florestais.

O corte da vegetação da Caatinga na regiào do Araripe pernambuca-no é ernblemática como representação da exploração desordcnada dos recur-sos madeireiros do bioma. Essa região compreende os municípios de Araripina,

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'1ue levaram à degradação de paisagens do bioma, tanto pela sua conversão apastagens cultivadas 'luanto pelo consumo das plantas nativas pelos rebanhos.Cerca de 70% das espécies da Caatinga são consumidas por caprinos, ovinos ebovinos (ARALJjO FILHO, 2(13). Us caprinos, como pasrejam arbustos alémde gramíneas e outras herbáceas, distribuindo a biornassa consu.mida com maioruniformidade entre os estratos vegetals, causam menor lmpacto em relação abovinos e ovinos, que se alimentam predominantemente de herbáceas.

O pastejo por caprinos, entretanto, é considerado um fator importante dedegradaç:ão da Caatinga devido à grande população desses animais no Nordestebrasileiro. A região possui um dos maiores rebanhos caprinos do mundo, a maiorparte localizado no Serniárido. O sobrcpastejo de caprinos na Caatinga está asso-ciado à redução do recrutamenro, do crescimento e da distribuição geográfica devárias espécies de plantas herbáceas, arbustivas e arbóreas, afetando a estruturac a capacidade de regeneraçao da vegetação (LEAL; VICENTE; TABARELLI,20(3). Além das comunidades vegetais nativas, foi demonstrado que o sobre-pasteJo diminui o conteúdo de carbono orgnnico do solo, principalmente nascamadas superficiais do perfil (SCHULZ et al., 2(16).

A pressão de pastejo sobre a Caatinga cresce com o aumento da populaçãohumana e, em consequência, dos rebanhos. Além disso, a extensão elas proprie-dades que praticam a pecuária extensiva apresenta-se menor a cada ano, aumen-randose, então, a carga animal praticada nesses estabelecimentos. O sobrepas-tejo agrava () estado de degradação das pastagens, que, por sua vez, suporta umacarga anirnal cada vez menor, em uma espiral negariva dos pontos de vista social,econômico e ambiental (ARALJ]O FILHO, 2(13).

Outra atividade que vem sendo praticada na região é a fruticultura irrigada,(jue foi responsável por grande desenvolvimento local devido ao volume e àalta 'lualidade das frutas, 'lue abastecem tanto a demanda doméstica (luanto ainternacional (?lfENEZES et al., 2008). Essa atividade é hoje possível gras:asa investimentos em infra-estrutura hídrica, '1ue possibilitou o bombeamento ar.artir do rio São Francisco, '1uer seja de reservatórios ou de estações de cap~ração ao longo do curso. Essa estrutura tem impactos tanto positivos quantonegativos sobre o equilíbrio ecológico da região. Um dos efeitos observáveis éa diminuição da amplitude térmica diária decorrente do aumento da quantidadeele vapor de água presente na atmosfera (CORREIA et al., 2(11). O maior teorde umidade relativa provoca uma maior temperatura noturna, o que contribuipara () aumento da temperatura média da região. Esse fenômeno alinha-se como cenário de mudanças climáticas globais, (Iue já prevê tendências de rempera-ruras mais altas em várias regióes do planeta.

A própria conversão da Caatinga para áreas de pastagens ou agrícolas causauma diminuição significativa do teor de carbono no solo (GIONGO et al., 2011;

SCHULZ et al., 2(16) .. As temperaturas médias anuais relativamente altas e abaixa precipitaçào pluviomérrica, características típicas do Semiándo brasileiro,acentuam as taxas de mineralizaçào e perda do carbono presente no solo. Essecarbono ingressa na atmosfera na forma de gases que contribuem para alteracócsclimáticas devido ao efeito estufa.

Assim, a Caatinga pode ser considerada como um bioma especialmente vul-nerável às mudanças climáticas, uma vez que as condições atuais já são relati-vamente impedirivas à regeneração natural da vegetação, principalmente comoresultado da escassez de água e de nutrientes no solo; conta com puucas Uni-dades de Conservação em comparação com outros biomas brasileiros e aindaé relativamente pouco conhecida cientificamente, não havendo estudos sufi-cientes sobre o manejo das áreas nativas (SA.NTOS et al., 2(14). Além disso,a Caatinga é um bioma que apresenta muitas áreas suscetíveis à deserrificação,que é um processo extremamente deletério e (lue demanda grande quantidadede recursos para ser revertido. i\ desertificaçào não é um problema apenasdo ponto de vista ambiental, mas, sim, um grande entrave para o desenvol-vimenro econômico e o bem-estar social nasrcgióes atingidas, e pode serconsiderada a expressão máxima da degradação ambienta1. O melhor caminhopara se evitar a deserrificacão é a implementaçào de práticas de manejo do solo'Iue atendam ao paradigma da sustentabilidade.

4.3 Oportunidades e desafios de pesquisa para asustentabilidade

As atividades agrnpecuánas desenvolvidas na Caatinga impacram de formaconsiderável os recursos naturais do bioma. Assim, enormes sào os desafios aserem enfrentados pelas instituições de pesquisa para desenvolver sistemas pro··dutivos e recnologias '1ue estejam focados na comperitividadc, sustenrabilidadee equidade.

Diante dos cenários de mudanças climáticas para a região, faz-se necessárioampliar as peS(jUlSaSvoltadas para as análises de tendências do clima, o moru-toramento dos seus parârnerros e sua evolução em anos futuros, como formade subsídios para compreender essas alteracoes. Ainda nesse sentido, estudosem modelagem matemática dos sistemas produtivos e simulação de cenários sàonecessários para antever os impactos sobre o desenvolvimento das culturas, bemcorno a ocorrência de pragas ou doenças.

Açóes voltadas para I) uso eficiente dos recursos hidricos serão fundarnen-tais. Nessa ótica, temas como a eficiência do uso da água em diferentes escalas de

ir 7S

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produção, estabelecimento de sistemas de captação e de reuso da água, agricultu-ra biossalina, bem como a identificação de genótipos vegetais menos dernandan-res desse recurso devem ser considerados como temas prioritários de pesquisa.

A idenrificação dos recursos hídricos para produção animal em cada regiãotambém deve ser uma tarefa priorirária, preferencialmente executada com o apoiodas prefeituras para mapeamento dos recursos municipais. Com isso, {l planeja-menro do uso eficiente desses recursos pode ser realizado com maior precisão, deacordo com o volume da oferta de água, sua qualidade e as tecnolngias disponíveis.

A busca p<)rpráticas de manejo de solo com baixo impacto ambienta! e mode-los de rccuperaçâ. •de áreas em processo de degradação deve ser considerada pautade futuras pesquisas, visando o desenvolvimento de uma agricultma menos impac-tante e com baixa emissão de carbono. Nessa ótica, estudos voltados para a identiíi-cação de espécies tolerantes aos estresses salinos e térmicos, idenrificação e uso dasinrerações rnicrobiológicas nativas, adição de condicionadores ao solo, associados asistemas de plantio direto, com adubos verdes, íiguram entre os temas prioriráriosque podem contribuir para reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa.

1\ obtenção de Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM) sob os aspectoseconômico, arnbiental e social, se mostra uma opção para o desenvolvimentosustentável da Caatinga, com geraçilo de emprego e renda para as comunidadeslocais, e proporcionando segurança alimentar para as populações de menor po-der aquisitivo. Esses produtos geralmente estão associados a boas práticas dospontos de vista ecológico e de proteção do meio ambiente em seu pnlCessoprodutivo. Por esse motivo, a demanda das indústrias nacionais e internacionaispor matérias-primas oriundas de PFNM vem crescendo, tendo em vista a boaaceitação desses produtos.

Porém, poucas são as plantas nativas da Caatinga que vêm sendo manejadasde forma sustentável para geração de PFNM. Os principais entraves referem-seà falta de conhecimento da ecologia e do manejo dessas espécies. Dessa forma,estudos voltados para a prospecção e manejo dessas espécies são fundamentais,bem como aqueles que tratam da estruturacão de sistemas associados, ljuer sejade forma extrativista, ou integrados com as atividades agropecuárias.

No (Iue se refere à produção animal, a disponibilidade de {-()fragernem quan-tidade e qualidade ainda é um entrave. Nessa ótica, os projetos de pesquisasdevem buscar formas alternativas de produção e esrocagem de alimento, bemcomo a identificação e o melhoramento genético de espécies nativas ou exóticasyue poderiam atender a esse propósito.

Ressalta-se (l\le a maior parte dos comp()nentes da flora da Caatinga podeser utilizada para alimentação animal, especialmente de caprinos. Assim, essescomponentes podem ser melhor aproveitados por meio do estudo detalhado

desses recursos genéticos, dando início à seleçào de variedades de ocorrêncianatural com características de interesse, llue podem subsidiar programas demelhoramento. Além disso, outras ferramentas de aproveitamento desses re-cursos, como, por exemplo, a utilização dessas plantas como fonte de genes,podem ser empregadas.

Os sistemas agwssilvipasruris são alternativas de manejo da vegetação nativaque já se mostraram adequados para a produção animal em diversas regiões dopaís, incluindo o Semiárido. Sob a designação de sistemas Integracào Lavoura--Pecuária ..Floresta (ILPF), já são considerados uma frente promissora de verti-calização da produção, enquanto satisfazem a grande demanda por tecnologiasde baixo impacto arnbienral. Assim, Sistemas JLPF devem ser pwpost.os para asdiferentes regióes do Semiárido, com adaptações, para (lue se adequern às parti-cularidades locais.

Por fim, as pesquisas deveriam focar em sistemas de criação intensiva ade-quados para a realidade da produção animal da regifto. Com a implantação dessessistemas, poderia ser feito o manejo do rebanho de forma mais eficiente, comcoberturas controladas, melhorando a qualidade do rebanho e diminuindo astaxas de consanguinidade e mortalidade.

4.4 Considerações finais

;-\s pesquisas em PD&I para a Caatinga devem se alinhar aos novos modelosde agricultm:a, ljue hoje estão fortemente ernbasados em Ciência e Tecnologia.Por conseguinte, devem buscar a eficiência no uso dos recursos naturais da re-gião, principalmente solo e água, juntamente com a preocupação de redução deimpactos negativos ao meio ambiente. Além disso, devem rarnbém buscar siste-mas cada vez mais dinâmicos e complexos, voltados para agricultura sistêmica,inteligência terrirorial, gestão de riscos, entre outros

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BIOMA MATA ATLÂNTICA:oportunidades e desafios de

pesquisa em ciências agráriaspara o desenvolvimento

sustentável

Jennifer Viezzer'Mateus Motter Dala Senta'

Rodrigo Martins Vieira"

5.1 Ecossistemas da mata atlântica

:\ Mata Arlânrica é um complexo formado por 15 ecorregiôes terrestres, sen-do oito referentes a ripologias florestais e sete a outros ecossisrernas, confor ..me segue: Floresta ;\rlânüca do Alto Paraná, Atlântica Seca, Costeira da Bahia,Costeira de Pernarnbuco, da Serra do Mar, de Araucárias, do Interior da Bahia edo Interior de Pernambuco; Brejo de Altitude; Campos Rupesrres; Mangues daBahia, da Ilha Grande, do Rio Piranhas e do Rio São Francisco; e Resringas daCosta Atlântica ( lLS( lN; DINERSTElN, 2002; \X/\VF,2(17) .

.A Lei n° Il.42B, de '22/12/2006, llue dispõe sobre a unlizaçâo e proteção davegetação nativa da Mata Atlântica, a chamada Lei da Mata Atlànrica, por sua vez,considera como integrantes do bioma C1I1C"formações tloresrais nativas e cincoecossisremas associados, conforme regulamento (figura L): Florestas Ombrorila

I r~ngcnhctr-à l-Iorcstal, rvLSc., Analista Ambrcrual \10 Departamento de t onscrvaçâo \h: I.cossistcmas.Secreta na de BI\)dl'Tr.sjd~ltk, Muustcrio do Meio Amlucruc. Brasilin, D.F.::! Biól('gn, Aruhsra Arnbu-ntal do Departamento J;.; Conservação de Eco-si-u-mas, Secrcraria de luodrverxidade,1\1mi:-,1t:flo do t\1l'io Ambiente. ilr:l<;í!I<l, DF.J C'l'IHISla Pohnco, Coordenador gemi de Couscrv açâo, Rccuperaçáo c L"so Susteruax-cl dos I~C(o!'SISIC!lUS,

Departamento de Conservação de Iícos-istcruas, Sccrcrana de Bicdivcrsrdadc, ~·(1I1Isu~n(t do ML"lU Ambiente.Hrasilia, D F

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