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GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 21, pp. 185 - 211, 2007 BIODIVERSIDADE FLORESTAL E PAISAGÍSTICA DO TERRITÓRIO MUNICIPAL DE SELLANO - ÚMBRIA - ITÁLIA Ettore Orsomando** Federico Maria Tardella** Marcello Martinelli*** * Este trabalho foi realizado durante a estadia do Prof. Marcello Martinelli, docente do Departamento de Geografia da FFLCH – USP, junto ao “Dipartimento di Scienze Ambientali – Sezione di Botanica ed Ecologia dell’ Universtà di Camerino” , do dia 14 de maio ao dia 20 de agosto de 2006, com o auxílio dos fundos de pesquisa científica do Prof. Ettore Orsomando e da “Scuola Internazionale di Dottorato (School of Advanced Studies)” – Diretora: Cristina Micheli, Professora Titular do “Dipartimento di Biologia Molecolare, Cellulare e Animale dell’Ateneo di Camerino. Os Autores agradecem a gentileza da colega Profª. Drª. Sueli Ângelo Furlan, do Departamento de Geografia - FFLCH - USP, pela acurada revisão da Biogeografia em língua portuguesa. ** Dipartimento di Scienze Ambientali, Università di Camerino – Italia *** Professor Dr. do Departamento de Geografia da FFLCH da USP. E-mail: [email protected] RESUMO: O Município de Sellano, situado na Úmbria (Itália), ocupando uma superfície de cerca 86 km² no setor regional central mais oriental junto à fronteira com as Marcas, do ponto de vista florestal se destaca pelo elevado índice de cobertura florestal superior a 60% em relação aos 40% da Úmbria. A biodiversidade florestal é constituída por 7 formações de caducifólias naturais (florestas: de Quercus pubescens, de Ostrya carpinifolia, de Quercus cerris com a associação endêmica denominada Carici sylvaticae-Quercetum cerridis rica em Orquídeas, de Quercus cerris com Quercus pubescens, de Castanea sativa, de Fagus sylvatica, de Salix alba) e por um artificialismo (reflorestamentos de Pinus nigra e Pinus halepensis). Tais florestas, voltadas para a exploração econômica, em bom estado de conservação, contornadas por áreas de pastagem, por áreas antrópicas com ocupações humanas, áreas cultivadas e zonas de artesanato caracterizam 11 unidades ambientais paisagísticas do conjunto das 42 tipologias de paisagens da Região Úmbria como um todo: vertentes alto-colinares com florestas de Quercus pubescens ou de Ostrya carpinifolia, às vezes interrompidas por pequenas clareiras de pastagens, de origem secundária, de Bromus erectus; vertentes montanas com florestas de Fagus sylvatica e pequenas pastagens, de origem secundária, de Bromus erectus; áreas rupestres com agrupamentos casmofiticos; vertentes alto-colinares e submontanas, com fraca declividade e recobertas por paleossolos fersialíticos, com florestas mesófilas de Quercus cerris (Carpinion betuli) e florestas de Castanea sativa de origem antrópica; relevos alto-colinares com florestas de Ostrya carpinifolia ou Quercus pubescens, às vezes interrompidas por pequenas clareiras de pastagem, de origem secundária, de Brachypodium rupestre; leitos fluviais com florestas meso-higrófilas de Salix alba ou Alnus glutinosa; cimos e vertentes com pastagens de origem secundária de: Bromus erectus, Sesleria nitida e Cynosurus cristatus; implantações arbóreas (reflorestamentos por coníferas); áreas agrícolas dos relevos colinares com culturas anuais; aglomerados urbanos em área rural de encosta e de colina; áreas agrícolas das planícies aluvionares com culturas anuais. O objetivo fundamental desse artigo, além de divulgar a biodiversidade florestal e paisagística que caracteriza o patrimônio naturalístico do Município de Sellano, foi o de contribuir, através do estudo geobotânico-paisagístico a definição da zona fito-microclimática circunscrita ao território municipal. PALAVRAS-CHAVE: Biodiversidade florestal, Cartografia ambiental, Geobotânica, Habitat florestal, Unidade ambiental-paisagística, Valor naturalistico.

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GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 21, pp. 185 - 211, 2007

BIODIVERSIDADE FLORESTAL E PAISAGÍSTICA DO TERRITÓRIOMUNICIPAL DE SELLANO - ÚMBRIA - ITÁLIA

Ettore Orsomando**Federico Maria Tardella**

Marcello Martinelli***

* Este trabalho foi realizado durante a estadia do Prof. Marcello Martinelli, docente do Departamento de Geografia da FFLCH – USP, junto ao“Dipartimento di Scienze Ambientali – Sezione di Botanica ed Ecologia dell’ Universtà di Camerino”, do dia 14 de maio ao dia 20 de agosto de 2006,com o auxílio dos fundos de pesquisa científica do Prof. Ettore Orsomando e da “Scuola Internazionale di Dottorato (School of Advanced Studies)”– Diretora: Cristina Micheli, Professora Titular do “Dipartimento di Biologia Molecolare, Cellulare e Animale dell’Ateneo di Camerino.

Os Autores agradecem a gentileza da colega Profª. Drª. Sueli Ângelo Furlan, do Departamento de Geografia - FFLCH - USP, pela acurada revisão daBiogeografia em língua portuguesa.

** Dipartimento di Scienze Ambientali, Università di Camerino – Italia*** Professor Dr. do Departamento de Geografia da FFLCH da USP. E-mail: [email protected]

RESUMO:O Município de Sellano, situado na Úmbria (Itália), ocupando uma superfície de cerca 86 km² nosetor regional central mais oriental junto à fronteira com as Marcas, do ponto de vista florestal sedestaca pelo elevado índice de cobertura florestal superior a 60% em relação aos 40% da Úmbria.A biodiversidade florestal é constituída por 7 formações de caducifólias naturais (florestas: deQuercus pubescens, de Ostrya carpinifolia, de Quercus cerris com a associação endêmica denominadaCarici sylvaticae-Quercetum cerridis rica em Orquídeas, de Quercus cerris com Quercus pubescens, deCastanea sativa, de Fagus sylvatica, de Salix alba) e por um artificialismo (reflorestamentos de Pinusnigra e Pinus halepensis). Tais florestas, voltadas para a exploração econômica, em bom estado deconservação, contornadas por áreas de pastagem, por áreas antrópicas com ocupações humanas,áreas cultivadas e zonas de artesanato caracterizam 11 unidades ambientais paisagísticas doconjunto das 42 tipologias de paisagens da Região Úmbria como um todo: vertentes alto-colinarescom florestas de Quercus pubescens ou de Ostrya carpinifolia, às vezes interrompidas por pequenasclareiras de pastagens, de origem secundária, de Bromus erectus; vertentes montanas com florestasde Fagus sylvatica e pequenas pastagens, de origem secundária, de Bromus erectus; áreas rupestrescom agrupamentos casmofiticos; vertentes alto-colinares e submontanas, com fraca declividade erecobertas por paleossolos fersialíticos, com florestas mesófilas de Quercus cerris (Carpinion betuli)e florestas de Castanea sativa de origem antrópica; relevos alto-colinares com florestas de Ostryacarpinifolia ou Quercus pubescens, às vezes interrompidas por pequenas clareiras de pastagem, deorigem secundária, de Brachypodium rupestre; leitos fluviais com florestas meso-higrófilas de Salixalba ou Alnus glutinosa; cimos e vertentes com pastagens de origem secundária de: Bromus erectus,Sesleria nitida e Cynosurus cristatus; implantações arbóreas (reflorestamentos por coníferas); áreasagrícolas dos relevos colinares com culturas anuais; aglomerados urbanos em área rural de encostae de colina; áreas agrícolas das planícies aluvionares com culturas anuais.O objetivo fundamental desse artigo, além de divulgar a biodiversidade florestal e paisagística quecaracteriza o patrimônio naturalístico do Município de Sellano, foi o de contribuir, através do estudogeobotânico-paisagístico a definição da zona fito-microclimática circunscrita ao território municipal.PALAVRAS-CHAVE:Biodiversidade florestal, Cartografia ambiental, Geobotânica, Habitat florestal, Unidadeambiental-paisagística, Valor naturalistico.

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186 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 21, 2007TARDELLA, F. M & MARTINELLI, M.

& ORSOMANDO, E.

ABSTRACT:The municipal territory of Sellano, extended for about 86 sq Km, is located in Umbria (Italy),in the central and eastern part of the region, bordering Marches. It is characterized, from aforestal point of view, for the high value of the index of woodiness -more than 60%-, incomparison with 40% of Umbria.The forestal biodiversity is constituted by 7 deciduous natural formations (characterized byQuercus pubescens, Ostrya carpinifolia, Quercus cerris -belonging to the endemic associationCarici sylvaticae-Quercetum cerridis, rich in orchids- Quercus cerris and Quercus pubescens,Castanea sativa, Fagus sylvatica and Salix alba) and one artificial formation (Pinus nigra andPinus halepensis reforestations).These woods (high forests or coppices with standards), in good state of conservation,surrounded by grasslands and anthropic areas with human settlements, fields and craftzones, characterize 11 environmental-landscape units in comparison with the 42 units ofUmbrian landscapes: high hill slopes with Quercus pubescens or Ostrya carpinifolia woods,sometimes alternated to small Bromus erectus pastures, of secondary origin; mountain slopeswith Fagus sylvatica woods and small Bromus erectus pastures, of secondary origin; cliffswith chasmophytic formations; high-hill and submountain slopes, with slight inclination,covered by fersiallitic paleosoils, with mesophilous Quercus cerris woods (Carpinion betuli)and Castanea sativa woods of anthropic origin; High hills with Ostrya carpinifolia or Quercuspubescens woods, sometimes alternated to small Brachypodium rupestre pastures, ofsecondary origin; River valley bottoms with meso-igrophilous Salix alba or Alnus glutinosawoods; tops and slopes with Bromus erectus, Sesleria nitida or Cynosurus cristatus pastures,of secondary origin; forestal plantations (conifer reforestations), agricultural areas of hillswith yearly cultivations; urban rural centres of slopes and mounds; cultivated lands of alluvialplains with yearly cultivations.The purpose of this study, besides popularizing forestal and landscape biodiversity thatcharacterizes the naturalistic patrimony of the municipality of Sellano, is to contribute,through the geobotanic and landscape study, to the definition of the phyto-microclimaticzone circumscribed in the municipal territory.KEY WORDS:Forestry biodiversity, Environmental cartography, Geobotany, Forestry habitat, Environmental-landscaped unity, Naturalistic value.

Premissa Introdutória

A Mesa Redonda sobre o tema “Ambiente eQualidade” realizada em 23 de julho de 2006 naSala do Conselho do Município de Sellano, porocasião da primeira edição da “Mostra Mercado dosProdutos de Qualidade”, sob os auspícios daAdministração Municipal, foi uma importante ocasiãode cotejo cultural sobre a biodiversidade entre ospalestrantes participantes, os representantes dasinstituições municipais, regionais e cidadãospresentes.

Particularmente, o tema - Ambiente e

Qualidade - se destacou, pois as florestas cobremmais de 60% da superfície do município de Sellano(85,54 km²), enquanto o índice de cobertura porflorestas na Região da Úmbria (8.456 km²) é daordem de cerca 40%. A mesa redonda foi encentradasobre o conhecimento, o valor e a conservação dabiodiversidade florestal e paisagística do município.Isso, não só para fins florestais e naturalísticos, mastambém econômico-sociais, em consonância com osditames da Conferência das Nações Unidas para oMeio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada noRio de Janeiro, entre os dias 3 e 14 de junho de1992.

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Argumentar sobre a d ivers idadeb io lóg ica f lo resta l e pa isag ís t i ca domunic íp io, por parte dos conferencistasconvidados (autores desta contribuição), foibastante simples, pois o território de Sellanofo i i lus t rado ana l i sando os aspectosambienta is geobotân icos mediante do isestudos s ign i f i cat ivos: “Car ta de l l aVegetazione del Foglio Foligno” (Orsomando,1993) e “Carta de l le Un i tà Ambienta l i -Paesaggist iche del l’Umbria” (Orsomando,Catorci, Martinelli e Raponi, 2000).

O principal objetivo das comunicaçõesapresentadas em 23 de julho, além de darconhec imento sobre as t ipo log ias dasflorestas de Sellano, com base científ ica(propriamente 8 formações, distr ibuídassegundo as a l t i tudes, em função daspecu l iar idades ab iót i cas , f lo r í s t i cas ,vegetacionais-fitossociológicas e ecológico-paisagíst icas), fo i aquele de convidar aAdministração Municipal – preocupada como uso produtivo e econômico das florestas– para que ela se cert i f icasse de poderimplementar a curto prazo um programac ient í f i co-cogn i t ivo e cu l tura l -d idát i covoltado à valorização e conservação do ricoe variado patrimônio florestal. Esse é o quetorna ún ico e at raente o contextopaisagístico municipal e que está na baseda qualidade de vida, não só dos habitanteslocais, como também de todas as pessoasque lá acorrem nos per íodos est iva is edurante os feriados prolongados.

Notas sobre a biodiversidade

Hoje, por conta das motivações sobrea biosfera, quase todos os problemas sócio-econômicos , h is tór i cos , cu l tura is ,ecossistêmicos, de gestão e de conservaçãodos recursos natura i s t ra tam dabiodiversidade ou apresentam pressupostosfundamenta is sobre o uso e tute la doscomponentes vegeta is , an imais epaisagísticos.

A necess idade de tute lar a

biodiversidade no “Planeta Terra” é sempremais premente e já há alguns decêniosconstitui um dos objetivos primários, comoatestam os acordos in tenc iona is daConferência do Rio de Janeiro (1992), doProtocolo de Kyoto (1997) e da II CúpulaMundial Ambiente sobre o DesenvolvimentoSustentável, de Johannesburg (2002), comotambém as Diretrizes CEE 92/43 “Habitat” e79/409 “Pássaros”.

Conforme a definição da Convençãosobre a Diversidade Biológica do Rio (1992)entende-se por diversidade, “a variabilidadeentre os organismos vivos de todo t ipo,inclusive, entre outros, os terrestres, osmarinhos e aqueles de outros ecossistemasaquát i cos , como também os complexosecológicos dos quais fazem parte. Isso incluia diversidade, dentro de uma espécie, entreespécies e a diversidade dos ecossistemas”.

Pela primeira vez através de acordosg loba is , as Nações que ader i ram àsdiferentes convenções internacionais têmreconhecido a biodiversidade como um beminsubst i tu ível e de mesmo valor que osrecursos como ar, água, petróleo e metaispreciosos, devendo ser tutelados em favordas gerações atua is e futuras e ,contemporaneamente, têm seconscientizado que a progressiva diminuiçãoda biodiversidade representa uma perda deriqueza natural e cultural incomensurável aonível mundial.

Em se t ratando do temabiodiversidade dirigida ao planejamento egestão ter r i to r ia l , é cer to que arepresentação cartográfica constitui o eloentre a ciência e o planejamento ambientale desenvo lve um pape l determinantequando concebida como documento des íntese, fundamentada sobre aespacialização de processos de derivaçãodo grau de natura l idade, o qua l érepresentado através da situação atual –determinada pelas condições ambientais eantróp icas – e ava l iada com base na

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& ORSOMANDO, E.

composição florística e estrutura ecológicadas fitocenoses ou associações vegetais.

Os n íve is de natura l idade ou deantropização são estabelecidos medindo-sejunto aos aspectos botânicos singulares, adistância que existe entre a situação real eaquela que corresponderia ao estado finalda dinâmica ecológica; portanto nas váriasfases que compõem o mosaico vegetacionalde um território e são representadas sobreum mapa, de acordo com uma ordemcrescente de naturalidade, em sistemas quevão desde aqueles antrópicos e artificiaisaté aqueles seminaturais e naturais.

Para moni torar a b iod ivers idade,comparecem como basilares os mapas, davegetação natura l a tua l , da vegetaçãopotenc ia l , f i toc l imát icos , das un idadesambienta l -pa isag ís t i cas , das sér iesdinâmicas e os mapas dos parâmetros dequalidade naturalística; todos documentoss ign i f i cat ivos e importantes para umterritório, não só para informar, mas tambémpara operar uma correta escolha avaliativa-planificadora de conservação compatível como desenvolvimento socioeconômico.

Mapas Geobotânicos

Em consonânc ia com o ac imadeclarado, os mapas da vegetação, sejamest rutura i s de base, se jam temát i cosder ivados, const i tuem prec iososdocumentos c ient í f i cos e cu l tura isabso lutamente ind ispensáve is noconhecimento do território, para examinaros conjuntos ecossistêmicos de maior valornatura l í s t i co e de maior r i sco , paraempreender um moderno e corretoplanejamento terr i tor ial que respeita ascaracterísticas ambientais, para delimitar asáreas com vocação à gestão e uso dosrecursos ambientais e para definir o valorda b iod ivers idade rea l , sua proteção epotencial de uso.

Na região da Úmbria, na Itália central,

a par t i r dos anos sessenta , com acontribuição de botânicos da Universidadede Camerino, foi publicada (em escalas et ipo log ias d i ferentes) mais de 50elaborações cartográficas (nada iguais àsdemais reg iões i ta l ianas) . E las têmcontemplado, ou o território regional inteiroou l imitando-se a municípios, áreas dasent idades montanhesas, bac iash idrográf i cas , parques nac iona is oureg iona is e b iót ipos de e levado va lornaturalístico (a maior parte destas encontra-se relacionada e ilustrada em contribuiçõesespec í f i cas , como: Orsomando, 1993;Orsomando e Catorci, 1993; Orsomando etalii, 1999).

Entre estes mapas geobotân icos ,como assinalado na premissa introdutória,o mapa “Carta della vegetazione del FoglioFoligno” (Orsomando, 1993) e o mapa “Cartade l le un i tà ambienta l i -paesagg is t i chedell’Umbria” (Orsomando, Catorci, Martinellie Raponi , 2000) foram ut i l i zados comoplanos de informação para a representaçãodos dados f lo resta is e da pa isagemecológico-vegetal do território de Sellano.

Primeira parte

I- Aspectos ambientais de Sellano

Os aspectos ambientais de Sellano,que serão apresentados a seguir, com oescopo de fornecer as notas bas i la resindispensáveis para se obter um quadromínimo de conhecimentos abióticos, bióticose ecológicos do território em questão, foramextra ídos dos mapas “Hipsometr ia”,“Litologia” e “Pluviometria” (em escala 1:250000), que constam na lateral esquerda domapa “Carta della vegetazione del FoglioFoligno” (Orsomando, 1993).

I.I- Localização e posição geográfica

O município de Sellano, estendendo-se por uma superfície de 84,54 km², ocupa

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o setor central oriental da região da Úmbria,na Província de Perugia, fazendo fronteiracom o município de Visso, na província deMacerata (Região das Marcas). Ao nortel imita-se com os munic íp ios de Fol igno,Serravalle di Chienti, Monte Cavallo; ao sulcom os municípios de Cerreto di Spoleto,Campello sul Clitunno e Trevi.

Tal território municipal, disposto sobreuma das áreas mor fo log icamente maismodeladas da dorsa l dos Apeninos daÚmbr ia , se destaca por carac ter í s t i casnatural íst icas, paisagíst icas e histór ico-culturais de grandes predicados. O relevo daporção oriental, com ao centro, em posiçãopanorâmica, o antigo povoado de Sellano, édominado pelo Vale do Rio Vigi, o maior cursode água afluente do Rio Nera, que por suavez é tributário do Rio Tibre; aquele da parte

oc identa l se caracter iza por exib i r umacadeia de relevos calcários muito elevados,enquanto aquele do setor central se destacapor expor áreas mais ou menos planas queformam longas e estreitas gargantas, quasetodas atravessadas por antigas estradas.

A pecu l iar idade geográf i ca maisevidente do território municipal consiste nasua s i tuação, que se co loca comointermediária entre o Vale Valnerina, ao sul,e os Planaltos de Colfiorito, depressões deorigem cársico-tectônica, ao norte, o que fezcom que no passado, Sellano representasseum importante entroncamento de itineráriosque, através do Vale do Rio Vigi, ligavamValnerina com Foligno e Camerino e atingiamSpoleto ao longo da ant iga Est rada daSpina, v ia de or igem proto-h is tór i cavinculada à transumância. [Fig. 1]

Figura 1-

SELLANO: LOCALIZAÇÃO EPOSIÇÃO GEOGRÁFICA

Sellano localiza-se no setor orientalda Região da Úmbria, situada naporção central do território italiano.

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& ORSOMANDO, E.

II- Habitats Florestais de Sellano

Certamente, a característica natural maisevidente do território municipal de Sellano édada pelas formações florestais que constituemum valor excepcional por diversos motivos quepodem assim ser resumidos: biodiversidadedeterminada por 7 formações de caducifóliasnaturais e por uma artificial (reflorestamentosde coníferas); índice di cobertura arbórea devalor elevado (superior a 60%, um terço a maisdaquele da região da Úmbria que conta cercade 40%); estado de conservação das florestas

I.II-Litologia, pedologia e climatologia

A natureza litológica do território emestudo é constituída basicamente de rochascalcárias sedimentares (do Jurássico) e demargas e margas calcárias (do Cretáceo),que se depositou em ambiente marinho, queper tencem à “Sucessão est rat igrá f i caUmbro-Marchigiana”.

Tais substratos carbonát icos, nosdiferentes relevos colinares de Sellano estãorecobertos por camadas (por vezes comespessura de a lguns metros) ou porres íduos de so los re l i c tos denominados“paleossolos”, de cor avermelhada com pHácido, completamente descarbonatados.Sua gênese v incu la-se à presença decondições climáticas do tipo tropical-úmidopresentes durante os períodos interglaciaispleistocênicos (há cerca de 600.000 anos),enquanto sua conservação se deve acond ições morfo lóg icas loca is , po is sepreservaram melhor sobre os altos toposplanos/semiplanos ou no fundo de algunsvales, em geral em trechos de pouco aclive.

Trata-se de solos particulares queconstituem um patrimônio paleoclimático epa leogeográf i co de aprec iáve l va lornatural íst ico para o terr i tór io estudado,como também a presença de a lgumapeculiaridade florestal que, em especial,interessam às florestas de Carvalho brancodescritas adiante.

No que tange ao clima o territóriomunicipal apresenta precipitações anuaisméd ias ent re 1000 e 1050 mm etemperaturas anuais médias que oscilamentre 11 e 12ºC, que caracterizam um climade tipo submediterrâneo, caracterizado pormoderada aridez estiva restrita às vertentesmuito ensolaradas.

I.III- Morfologia e hidrografia

O território de Sellano apresenta umamorfologia colinosa e de baixa montanha dos

Apen inos, com partes mais e levadas,também onduladas, que em suas várzeasencerram áreas p lanas es t re i tas ealongadas. A maior parte do relevo oscilaentre 600 e 1000 metros de altitude; ascotas mais baixas estão um pouco abaixodos 500 m, comparecem ao longo do Valedo Rio Vigi (que de norte a sul divide ao meioo território municipal), enquanto aquelasmais e levadas, ao entorno de 1300 m,despontam nos topos da dorsal dos MontesPuranno (1296 m), Lagarella (1275), CimaMonte (1226 m) e Cámmoro (1273 m), quedelimitam o município a ocidente.

Ta l pa isagem morfo lóg ica é oresultado de uma série de processos emseqüência que aconteceram na área dosApeninos a partir do Mioceno seguidos defases tectônicas alternantes compressivase de distensão.

A rede hidrográfica superficial, muitoarticulada, é composta principalmente peloRio Vigi e por várias torrentes, fossos epequenos ribeirões que atravessam de nortea sul o território e pertencem às baciash idrográf i cas dos R ios Top ino e Nera(afluentes do segmento médio do Rio Tibre).Também as nascentes e fontes, que nagrande maior ia brotam nas ba ixadasa lveo lares , são numerosas e secaracter i zam por não apresentaremflutuações estacionais acentuadas em suavazão. [fig. 2]

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Figura 2-SELLANO: RELEVO E HIDROGRAFIA

muito bom, sendo essas exibidas por indivíduosde alto fuste ou de talhadia; complexo estruturalflorestal quase sempre bem representado pelosestratos briofítico, herbáceo, arbustivo (baixo ealto) e arbóreo, junto a unidades paisagísticasdiversificadas e de alto valor ecológico; aspectosflorístico-vegetacionais e fitossociológicos únicose significativos; presença de espécies e dehabitat contemplados nos “Anexos das Diretivasda CEE”. 1

II.I- Mapa da vegetação da Folha “Foligno”

Este mapa, em 1:50 000, utilizada paraa descrição dos habitat florestais do territórioem análise, foi realizada por Orsomando (1993)vinculada ao “Programa finalizado” do ConselhoNacional de Pesquisas Italiano (CNR)2 .

Com esse projeto nacional para a Regiãoda Úmbria, foram publicadas até o momento 7mapas geobotânicos utilizando como basestopográficas as folhas da “Carta d’Italia” do

O território de Sellano apresenta uma morfologia colinosa, oscilando entre 480 e1.296 metros de altitude, banhada por duas bacias hidrográficas principais comdrenagem em direções opostas.

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& ORSOMANDO, E.

“Istituto Geografico Militare” (IGM) (na escala1:50 000, de formato 20’ de longitude por 12’de latitude, articulação segundo o sistemaEuropeu Unificado de 1950 e superfície médiade 650 km²). A Folha de “Foligno” tem o códigonumérico 324.

Observa-se que este mapa devegetação (como aqueles das outras folhas) seenquadra na tipologia dos “mapas das sériesdinâmicas” segundo os critérios de Ozenda(1964) e Rivas-Martinez et alii. (1985), quecolocam em evidência as tendências evolutivasdas formações vegetais (estágios)espacialmente contíguos, pertencentes àmesma série e que tendem ao mesmo clímax.Cada série é representada por uma cor(escolhida em função das característicasecológicas), enquanto cada estágio é indicadopor uma tonalidade dessa mesma cor (que setorna cada vez mais intensa conforme asformações se avizinham do estágio final, oclímax).

Os mapas das séries dinâmicas têm avantagem de fornecer informaçõesvegetacionais atuais ou reais e, ao mesmotempo, representar o conjunto vegetacionaldinâmico-potencial ou clímax do território objetode estudo.

Assim, as 8 formações florestais doMunicípio de Sellano, representadas no mapageobotânico acima citado, são descritas atravésde breves rubricas ecológico-altitudinais,florísticas, vegetacionais e corológicas, com oacréscimo do valor naturalístico e estado deconservação (muito elevado, elevado e médio).Este foi determinado com base nas conotaçõesnaturais já relacionadas e sobre avaliaçõesligadas aos conhecimentos pessoais adquiridascom trabalho de campo no território de Sellanoe naquele regional da Úmbria, que o envolve.

Deve-se advertir que as porcentagens,apresentadas a seguir, foram compiladas dosdados informatizados extraídos do “Annuariodelle statistiche territoriali della Regionedell’Umbria” (2000) e que o valor porcentual dasflorestas caducifólias colinares e montanhosas

compreende também os reflorestamentos deconíferas.

II.II- Florestas caducifólias colinares esubmontanas

São constituídas por 5 formaçõesflorestais, descritas a seguir, que no conjuntocobrem 57,33% da superfície de Sellano (ou seja4.900,06 hectares) comparados aos 31,88% dasuperfície total da Região Úmbria.

II.II.I- Florestas de Carvalhos (Quercuspubescens)

O Carvalho, com vasta área deocorrência que se estende entre a Europameridional e a Ásia Menor (Oriente Médio), naItália ocorre em todas as Regiõesparticularmente nas áreas de relevos colinares,sobre as vertentes quentes e secas. É umaespécie xerófila e heliófila e no território deSellano forma bosques nos lugares maisensolarados, sobretudo no setor oriental, ondeconstituem as fitocenoses florestais maistermófilas.

Os bosques de Carvalho que revestemas vertentes dos relevos do Monte Montione(919 m) e do Colle Morro (827 m), nos quais,freqüentemente se desenvolvem junto a outrasespécies de caducifólias termófilas, são muitoextensos. Na maior parte são geridos pelo abatee às vezes se apresentam abertos eenvelhecidos.

Valor naturalístico e estado deconservação: médio.

II.II.II- Florestas de Carpes negros (Ostryacarpinifolia)

O carpe presente na Europa meridionale a Ásia Menor é uma caducifólia umbrófila,resistente à seca e dotada de ótimaadaptabilidade às diversas condições edáficas.No território de Sellano forma bosques que

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quase sempre se desenvolvem com outrascaducifólias, entre as quais o Freixo (Fraxinusornus), principalmente nas vertentes colinarese submontanas expostas ao norte e naquelasque formam vales e fossos percorridos por riose torrentes.

Na área municipal estão distribuídosprincipalmente ao longo do vale do Rio Vigi, doFosso Carpineto e sobre os relevossubmontanos que circundam o núcleo urbanode Cámmoro. São bosques vinculados ao abateou ao regime de corte raso e quase sempreapresentam uma estrutura lenhosahomogênea, com cobertura vegetal muitoelevada.

Valor naturalístico e estado deconservação: médio.

II.II.III- Florestas de Carvalhos brancos(Quercus cerris)

O Carvalho branco, com ocorrência naEuropa centro-meridional e oriental comparecena Itália em todo o território salvo na Sardenha.É um carvalho caducifólio com fuste quasecolunar, que ama viver nos terrenos clásticos,arenosos e frescos, com tendência à acidez.

Em Sellano os bosques de Carvalhobranco representam as fitocenoses florestaismonoespecíficas mais difundidas e ocupam aparte central do município caracterizada porrelevos colinares com cristas arredondadas esemiplanas. A presença destes bosquesacidófilos e mesófilos, sobre substrato calcário,é estreitamente ligada à camada de paleossolospleistocênicos que o recobrem em superfície.Pela peculiaridade edáficas e climáticas estesbosques, estudados pela primeira vez pelosbotânicos Orsomando e Catorci no mês de Junhode 1987 (Orsomando, 1993; Catorci eOrsomando, 2001) e nos anos sucessivos,sempre pelos mesmos autores, em localidadelimítrofe (Planaltos de Colfiorito) foramenquadrados em uma nova associaçãofitossociológica 3 , na qual estão presentes asOrquídeas Platanthera chlorantha, Platanthera

bifolia, Neottia nidus-avis, Cephalanthera rubra,Cephalanthera damasonium, Cephalantheralongifolia, Dactylorhiza maculata e Limodorumabortivum, das quais a primeira (junto a outrasespécies) é considerada característica local ediferencial da associação, enquanto as demaisestão também difundidas por todo o territóriode Sellano.

Valor naturalístico e estado deconservação: muito elevado.

II.II.IV- Florestas de Carvalhos brancos(Quercus cerris) com Carvalhos (Quercuspubescens)

Trata-se de fitocenoses mistas que emrelação às florestas apenas de Carvalho brancoapresentam uma maior termofilia devida seja afatores de exposição (baixas vertentes voltadasa leste, oeste ou quase ao sul) seja a condiçõesedáficas.

No território de Sellano se desenvolvemàs bordas das áreas recobertas porpaleossolos, em âmbitos onde os solos relictossão conservados em finas camadas que sesobrepõem aos substratos calcários comafloramentos de margas e margas calcárias.Particularmente extensos são os bosques deCarvalho branco com Carvalho no setor norte-oriental da área de estudo, que circundam osnúcleos rurais de Peneggi, Piaggia e Renaro.

Valor naturalístico e estado deconservação: médio.

II.II.V- Florestas de Castanheiros (Castaneasativa)

O Castanheiro, provavelmente originárioda Europa oriental e da Ásia Menor, apresentauma área de distribuição primitiva que é muitodifícil de ser reconstituída porquanto a espécie,historicamente conhecida como planta florestal,foi sempre amplamente cultivada e, portantointimamente relacionada à ação secular dohomem. O indigenato do Castanheiro na Itália

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é ainda muito discutido, mas a maior parte doscastanhais (presentes também em áreasremanescentes com árvores seculares) quasesempre é de origem antrópica.

Na área municipal de Sellano os bosquesde castanheiros estão distribuídos ao sul da vilade Forfi e ao longo da pequena dorsal que vaida aldeia de Sterpare até o Monte Puriggia (900m). Na maioria são castanhais com a presençade árvores para a produção de frutas.Castanheiros seculares isolados ou alinhadosem renques, que delimitam áreas cultivadas oupastoris em volta dos pequenos núcleos rurais,constituem elementos paisagísticos singulares.

Valor naturalístico e estado deconservação: muito elevado.

II.III- Florestas caducifólias montanas

São representadas somente pelosbosques caducifólios de Faia que ocupam 203,90hectares de superfície municipal,correspondente ao valor de 2,39%, enquantoo índice da Úmbria é de 1,57%.

II.III.I- Florestas de Faias (Fagus sylvatica)

A Faia, espécie mesófila e oceânica,encontra-se distribuída pela Europa e Ásiaocidental. Na Itália vive em todas as Regiõescom exceção da Sardenha. É a espécie florestalmais significativa das zonas montanhosas dosApeninos, onde, nas partes altas, formabosques quase puros ou consorciados com oAbeto branco e nos sopés, bosques mistos comcaducifólias submontanas.

Nos relevos de Sellano ocupam asvertentes calcárias mais elevadas, acima dos1000 metros de altitude particularmente nosetor montano ocidental dos Montes Puranno(1296 m) e Cámmoro (1273 m). Já nas vertentesorientais, os bosques de Faias estão presentes,em altitudes inferiores (entorno aos 900 m),somente nas localidades de Madonna del Montee Fonte L’esca. Na maioria, trata-se de florestas

puras, às vezes misturadas aos Carpes e adiversas espécies de Bordo, destinadas a cortecom núcleos de alto fuste nas vertentessombreadas e nos talvegues.

Valor naturalístico e estado deconservação: muito elevado.

II.IV- Florestas higrófilas ciliares

Recobrem 37,00 hectares da superfíciemunicipal, ou seja os 0,43%, enquanto o índiceda Úmbria é 0,83%.

II.IV.I- Florestas higrófilas de Salgueirobranco (Salix alba) e moitais de Salgueirosde espécies variadas (Salix sp. pl.).

O Salgueiro branco é uma espécie comampla difusão na Europa, Ásia e África e na Itáliacomparece em todo o território, onde prefereterrenos clásticos e frescos. É uma espéciehigrófila que amiúde se associa ao Álamo negro(Populus nigra) e comumente divide o espaçoecológico com outras espécies arbustivas altase baixas de Salgueiros, formando faixas demoitais.

No território de Sellano os bosques emoitais de Salgueiros com Choupos (muitocomuns são os Choupos da Itália – Populus nigravar. italica – facilmente reconhecíveis pelo perfilcolunar e fino) margeiam quase quecompletamente os maiores cursos de água,como o Rio Vigi e o Fosso di Fauvella, enquantonos outros rios se desenvolvem somente empequenas e faixas descontínuas. Ao longo dasmargens do Rio Vigi e adjacentes aos bosquesde Salgueiros, são dignos de nota os núcleosde Amieiros (Alnus glutinosa) e os planosrecobertos de espécies do gênero Carex ,misturados aos bambuzais dos brejos(Phragmites australis).

Valor naturalístico e estado deconservação: elevado.

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II.V- Florestas artificiais

Sob esta denominação estãoinc lu ídas as formações f lo resta isintroduzidas, há mais de um século, pelohomem em áreas de pastagens, arbustivase com bosques ralos muito degradadas edanificadas, onde o impacto antrópico eraconsiderado quase irreversível.

II .V.I- Ref lorestamentos deConíferas

Os re f lo restamentos foramintroduzidos nas áreas degradadas da sérievegetacional dinâmica do Carpe negro e doCarvalho branco e, implantados na maioriadas vezes mediante o emprego do Pinhopreto (Pinus nigra) e Pinheiro de Alepo (Pinushalepensis), aos quais foram associadasoutras coníferas dos gêneros Cipressus eCedrus.

Os reflorestamentos que recobrem aszonas mais elevadas do Monte della Piaggia(963 m) e do Monte Siliolo (1071m) são osmais extensos.

Segunda parte

III- Ambiente e Paisagem

III.I- Notas sobre natureza e sociedade

Na época pré-socrática (século X a.C.) ohomem integrava a natureza. Era uma só coisa.Esta era a totalidade de tudo o que compunhaa existência. Era a Physis. A ela pertencia o céu,a terra, a pedra, a planta, o animal, o homemcom suas elaborações e seus feitos, além dosdeuses.

Mais tarde, com Platão e Aristóteles(séculos IV e III a.C), o homem e a idéia sevalorizaram. A natureza passou a ser umanatureza não-humana.

Porém maior afirmação da oposiçãohomem-natureza se deu por conta da influênciajudaico-cristã.

Tal oposição se consolidou ainda maiscom Descartes (século XVII), que estruturou todoo pensamento, o qual acabou chegando até osdias atuais. Passou-se a ver a natureza comoum recurso, sendo o seu conhecimento útil àvida, e ao homem como o centro do mundo,sendo considerado sujeito em oposição aoobjeto.

No Iluminismo do século XVIII, em plenaafirmação do capitalismo, a realidade teve queser compreendida, deixando de lado dogmasreligiosos.

No século XIX a civilização capitalistaindustrial cristalizou a visão de um mundo comuma natureza objetiva e exterior ao homem.Assim, as ciências do homem se separaram dasciências da natureza. Serão a Ecologia e oshodiernos movimentos ecológicos e outrasidéias mais atuais a promover e forjar novasconcepções de mundo mais integradas.

A visão unificada da realidadeproporcionou a compreensão dialética dasrelações entre homem e natureza, superandoa questão da dualidade.

Com o advento da “Teoria Geral dosSistemas” proposta por Bertalanffy na décadade 1950, sistematizou-se uma concepçãointegrada da realidade. A ecologia foi a primeiraárea de estudo a absorvê-la. Nessas basesteóricas em 1935, Tansley criou o conceito deEcossistema. (Bertalanffy, 1968).

O primeiro pesquisador a trabalhar nestaconcepção foi o russo Sotchava em 1962,propondo um método de estudo para a geografiafísica – o Geossistema: “geossistema é aexpressão dos fenômenos naturais, ou seja, opotencial ecológico de determinado espaço noqual há uma exploração biológica, podendoinfluir fatores sociais e econômicos na estruturae manifestação espacial, porém, sem havernecessariamente, face aos procedimentosdinâmicos, uma homogeneidade interna”.(Sotchava, 1976).

Em 1968, Bertrand propôs o estudo dapaisagem, o qual seria feito no âmbito de uma

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geografia física global. A paisagem não é a somade elementos geográficos. É, numa determinadaporção d e espaço, o resu l tado dacombinação dinâmica, portanto instável, deelementos físicos, biológicos e antrópicosque, reagindo dialeticamente uns com osoutros, fazem da paisagem um conjuntoúnico e indissolúvel, em perpétua evolução.O mesmo autor, ao considerar a questãotaxonômica da paisagem, elegeu a unidade“geossistema” como a escala adequada àmanifestação da maior parte dos fenômenosque mais in teressam para os estudosgeográficos. Seria a escala ideal por sercompatível com a escala espaço-temporal dohomem.

Um outro campo de pesquisa muitopróximo às temáticas do ambiente, da paisagem,e da ecologia foi o da Ecologia da Paisagemproposto por Troll em 1966, visto como ciênciada estrutura e do funcionamento da paisagem.

Com as contribuições da geobotânica embase fitossociológica, as pesquisas sobre apaisagem reconheceram no espaço, não apenasas associações vegetais unitárias, mas tambémas respectivas séries de vegetação. (Tuxen,1956; Gehu, 1991).

Uma outra visão integrativa é a propostada Ecodinâmica feita por Tricart (1977), que é oestudo da paisagem no seu comportamentodinâmico. Um pouco mais tarde, surge aproposta da Ecogeografia formulada pelosnaturalistas Tricart e Kilian (1979), voltada aoplanejamento do ambiente.

No presente momento da história dasociedade humana, o modo de produçãocapitalista, hoje hegemônico em todo o mundo,instituiu a natureza em clara oposição ao homeme vista como objeto, fonte inesgotável derecursos para a sociedade, com o risco porémde determinar desastrosos inconvenientes parao ambiente.

Nas décadas de 1960 e 1970 constatou-se uma crescente conscientização atinente auma natureza que teria seus recursos

esgotáveis e, portanto, com possibilidade de seprever um desenvolvimento que resultariainsustentável frente a um crescimentoeconômico sem controle.

Na visão do materialismo histórico edialético, na busca da integração, a relaçãoentre o homem e a natureza se faz medianteuma mediação operada pelo trabalho doshomens, membros de uma sociedade,dispondo de determinadas relações sociaishistoricamente definidas. Entretanto, ocapitalismo industrial de hoje converteu otrabalhador em objeto, alienando-o de seusprodutos, dos meios de fabricá-los e da próprianatureza a que tem direito, não obstante eleser também natureza.

Apesar disto, é bom lembrar que desdeo aparecimento e desenvolvimento do homem,o que se deu no meio natural, a história dahumanidade é a continuação da história danatureza, havendo, assim, uma interaçãodialética, confirmando o homem como sernatural, porém emergindo, como ser social. Háassim, reciprocidade. (Marx e Engels, 1979).

O que a sociedade produz a partir danatureza passa a part ic ipar da histór iahumana, acontecendo em seu espaço etempo.

Desde o século XVI a ciência e a técnicasempre i n terv ieram na natureza comfinalidades sempre mais práticas e econômicas,na busca da uma melhoria da vida humana. Atémesmo se com sintomas brandos, emergentesdesde o fim do século XIX, no auge da “SegundaRevolução Industrial”, a questão ambientaleclodiu somente após a Segunda GuerraMundial, suscitando novas considerações acercada realidade. A sociedade se conscientizou dacaracterística finita dos recursos naturais ecomeçou a questionar os progressos científicose tecnológicos concebidos e promovidosprincipalmente nos últimos tempos. Confirmam-se assim novas concepções, como as “redesecológicas”, a “biodiversidade” e o“desenvolvimento sustentável”.

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III.II- Estudos acadêmicos

Estudos científicos de todo tipo sãofeitos na academia com o objetivo de resolveros problemas que afligem a humanidade. Nocampo dos estudos ambientais, entre outrosmodos de apresentar os resultados daspesquisas, pode-se considerar aquele que seapresenta sob a forma de mapa, com arepresentação das unidades espaciaissintéticas, de pronta aplicabilidade prática noplanejamento do território. Estas unidadesespaciais sintéticas, que podem ser chamadasde “unidades ambientais”, “unidades depaisagem” ou “unidades ambiental-paisagísticas”, são áreas que se incluem numconjunto coeso de ecossistemas interagentese distintos por aspectos di singularidadepeculiar.

As pesquisas acerca o ambiente colocamdesde o início a questão sobre o que é oambiente. Pode-se afirmar que é o entorno; queé tudo o que circunda cada ser ou pessoa; queé o conjunto das condições físico-químicas ebiológicas, nas quais é possível odesenvolvimento da vida dos seres vivos,inclusive o homem.

Uma das primeiras definições, dos anos1920, dizia que o ambiente se constituía nascondições naturais (físicas, químicas ebiológicas) e culturais (sociológicas) capazes deagir sobre todos os organismos vivos e asatividades humanas. Nos anos de 1960 ovocábulo adquiriu uma definição mais completae abrangente: “recursos naturais bióticos (florae fauna) e abióticos (ar, água, solo) e suasinterações recíprocas, as características dapaisagem e os bens que compõem a herançacultural”.

Uma definição mais social, para os diasde hoje seria: “ambiente é o meio físico, sejanatural como construído, no qual um indivíduoou um grupo vive, incluindo o ar, a água, o solo,o subsolo, a flora, a fauna, mais os sereshumanos, e suas inter-relações”.

Pode-se dizer, também, que o ambiente

é uma entidade holística. É uma integraçãodesejável da totalidade das variáveis abióticase bióticas que correspondem aos elementos queele congrega.

O Grupo de Trabalho Conjunto da ACI/UGI, em 1980 considerou o ambiente comoaquelas circunstâncias geográficas queinfluenciam (preservam, melhoram oudegradam) o sistema ecológico-humano.

Hoje, o ambiente é considerado como umconjunto integrado com o qual as comunidadeshumanas travam relações e diante do qual elasse colocam numa relação dialética feita de açõese reações, nas quais participam todos oselementos do ambiente circundante. Estudar anatureza significa estudar a historia natural daTerra procurando compreender sua gênese eas transformações que se produziram nosdeferentes ecossistemas.

III.III- Notas sobre o significado de paisagem

Nos estudos do ambiente, surge umaentidade que deve ser apreciada com primor: apaisagem. É o que se vê num lance instantâneodo olhar.

A cultura da paisagem é antiga. Pareceque teria surgido no oriente nos primeirosséculos da era atual. Teria se iniciado como umculto a uma estética paisagística, presente naliteratura, na pintura, nos jardins. Naquelestempos, seja na China como no Japão, a pinturada paisagem não fazia parte do pano de fundo,mas se colocava no primeiro plano, numa clarademonstração de sólido relacionamento com ospersonagens presentes no quadro. Nessasculturas, o homem se reconhecia como ser socialem estreita comunhão com a natureza.

Na busca de uma visão de mundo,exterior aos cânones teológicos, o ocidenteencontrou um novo interesse pela naturezaatravés da pintura da paisagem. Com isso, aspessoas passaram a contemplar a natureza comoutros olhos, buscando o prazer pelo belo. Essavisão teria se desenvolvido no Renascimento,

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antes na Holanda, por volta de 1415, depois naItália, confirmando-se com a pintura paisagísticada segunda metade do século XV. Em contrastecom o oriente, nesta outra parte do mundo, ohomem se identificava como tendo que enfrentara natureza e até mesmo opondo-se a ela.Distinguem-se, assim, pinturas de paisagensque consideram o caráter selvagem da naturezae aquelas que a concebem como uma arte dejardinagem. Na primeira, a natureza frente aohomem se mostra ameaçadora e na segunda,se sujeita a ele.

Já Leonardo da Vinci (1452 – 1520)apreendia a paisagem num sentido maiscompleto, tomando todo cuidado de abordá-laantes em base científica, depois em baseestética.

Nessa mesma direção, os naturalistas doinício do século XIX, elevaram o conceito depaisagem a uma acepção científica sustentadapela definição de Alexander von Humboldt de1846, que afirmava que a paisagem deveriaabranger a totalidade das peculiaridades de umterritório (Ingegnoli, 1993). Em prosseguimentoà declaração de Humboldt, pôde-se admitirinstituída para a Geografia, a definição depaisagem, aquela de Paul Vidal de La Blache:trata-se do resultado das ações dos homensse adaptando ao seu ambiente natural, nopercurso da história.

Na Rússia (ex URSS), a ciência dapaisagem, com uma preocupação maisepistemológica e teórica, teve respeitávelreconhecimento entre os estudiosos do país eestrangeiros. Deve-se atentar que estaorientação vinha sendo lucubrada desde o fimdo século XIX por parte de Dukutchaev, com suaescrupulosa atenção dada às paisagens. Como “Complexo geográfico natural”, o cientista jámostrava uma preocupação sobre a estruturae funcionamento da paisagem. A partir dessapostura passou-se, depois, nos anos sessenta,ao geossistema por obra de Sotchava (1976).

Para Sotchava o geossistema é umsistema natural em nível local, regional ou global,num âmbito onde o substrato geológico, solo,

comunidades bióticas, água e correntesatmosféricas são envolvidas em intercâmbiosrecíprocos de matéria e energia no interior deum conjunto particular.

Forman e Godron (1986), no entanto,definem a paisagem como: porção de territórioheterogênea composta por um aglomerado deecossistemas interagentes que se repete comestrutura reconhecível.

Aquela de Ingegnoli (1993) se apresentacomo adequada a evidenciar toda suacomplexidade: é um sistema de unidadesespaciais ecologicamente diferentes, inter-relacionadas entre si, isto é, configurando umsistema de ecossistemas ou ummetaecossistema.

A paisagem não expõe apenas o que lheé dado pela natureza; incorpora resultados dacultura, ao mesmo tempo em que a compõem.Assim, ela não está fora do contexto social emseu movimento histórico; o integra com seusvalores, com suas representações e seussímbolos.

Paisagem é a expressão fisionômica doespaço geográfico que se observa. Constitui ocenário da existência de cada um. Desta feita,seu conceito é impregnado de conotaçõesculturais e ideológicas. Vários componentesintervêm no momento de se captar sua imagem.

Deste modo, ela não pode ser vistaapenas na expressão material da natureza eda sociedade, mas também, na sua essência,vale a dizer como uma elaboração social ecultural, dotada, portanto, de vida humana.Assim, sua compreensão mais completa se darámediante sua concepção como espaçogeográfico. Tornar-se-á assim, manifestaçãomais envolvente da realidade considerada comototalidade social contida no arranjo espacial deseus componentes, na respectivaterritorialidade. (Santos, 1994).

O Professor Milton Santos (1994) faz umaoportuna consideração a respeito da paisagem.Paisagem é a porção da configuração territorialque é possível abarcar com a visão. Essa dimensão

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do visível, material, estética é a forma. O espaço é oconjunto das formas mais a vida que as anima. Háum contexto de objetos e ações.

A apreciação panorâmica da paisagem temcomo visão inicial, aquela frontal tomada do chão,fornecendo uma seqüência de silhuetasdesdobradas em planos verticais que se subseguemem profundidade. O jogo desses planos organiza avisualização da paisagem numa série contínua deescalas que vão diminuindo em direção ao horizonte,ao mesmo tempo em que se interpõem recortes queencobrem parte do conjunto espacial que fica pordetrás. (Lacoste, 1977; Lecoeur, 1987; Cullot, 1986).

Paisagem é imagem. No final do século XIX,a fotografia transferiu a paisagem da tela do pintor,disponível para poucos, para a imagem revelada quese reproduz em muitas cópias, acessível a um públicomaior.

Frémont (1995) propõe uma questão muitosábia: “...mas quem vê a paisagem?...” Pode-seconstatar que os componentes de uma mesmapaisagem são percebidos de maneiras distintaspelas pessoas. Assim, haverá uma paisagem parao geógrafo, o turista, o naturalista, o planejador, oecólogo e o fitossociólogo.

Para o geógrafo, desde o fim do século XIX,a paisagem é um objeto de estudo. Ela é descrita eanalisada, porém com uma visão mais voltada paraum inventário raciocinado, sem considerar a estéticae a maneira como é apreendida ou interpretada.

A paisagem do turista se coloca, seja comoo apreciar de uma porção do espaço concreto, sejacomo vislumbrar um espetáculo. Ele tira umafotografia para comprovar que esteve no lugar.

Para o naturalista, a paisagem consiste numterritório a ser preservado como testemunho dasinterações recíprocas entre o ambiente e asatividades da sociedade em tal espaço.

Para o planejador, a paisagem, devidoseu valor natural e cultural, é uma realidade quese coloca como objeto de gestão do territórionuma visão prospectiva.

O ecólogo vê a paisagem como um nívelde organização dos ecossistemas, onde se

apresentam e se equilibram certo número deprocessos ecológicos.

Para o fitossociólogo ela constitui umaunidade ecológica dinâmica em estrutura efunção, formada por um mosaico de elementosinterligados pela comum tendência dinâmica emdireção a uma mesma tipologia de vegetaçãomadura (Blasi et alli., 2003).

Recentemente, o Conseil de l’Europe, na“Convention européenne du paysage”, realizadaem Florença no ano de 2000, definiu a paisagemcomo: “Uma porção de território tal como épercebida pelas pessoas, onde sua característicaresulta da ação dos fatores naturais e/ou humanose de suas interações” (Frémont, 1995; Godart eDeconinck, 2003).

III.IV- Cartografia ambiental da paisagem

Hoje, a cartografia é considerada como umsetor científico voltado à “difusão, representação,comunicação e uso da geoinformação nas formas,visual, digital ou tátil, que inclui todos os processosde tratamento de dados, de elaboração e de estudode qualquer tipo de mapa”.

No presente momento, a cartografia,também, não pode ser vista fora da era dainformação de onde desponta como conceito central,aquele de “visualização cartográfica”, consideradocomo forma de amalgamar os raciocínios sobre acartografia associados à cognição e análise, àcomunicação e às tecnologias computacionais. (Taylor,1994).

Foi a crescente especialização ediversificação das realizações no âmbito dacartografia científica que, procurando atender asnecessidades aplicativas solicitadas pelos diferentesramos de estudo sistematizados com a divisão dotrabalho cientifico, no fim do século XVIII e principiodo século XIX, instituiu um outro tipo de cartografia,a cartografia temática, domínio dos mapas temáticos.(Palsky, 1996).

Do ponto de vista metodológico, acartografia, como também seu ramo temático, podeser também conjeturada dentro de uma visão

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estruturalista. Nesta linha, seria concebida como umalinguagem gráfica: a da Representação Gráfica.Neste sentido, a cartografia tem como principalpropósito transcrever as três relações fundamentaisentre os elementos que compõem a realidade quese apresenta ao cartógrafo através de relaçõesvisuais de mesma natureza:

- a diversidade entre elementos serátranscrita através da diversidade visual,

- a ordem entre elementos será transcritaatravés da ordem visual,

- a proporcionalidade entre elementos serátranscrita através da proporção visual.

Para sistematizar estas relações visuaiscomo representações gráficas da realidade no mapa,devem-se conhecer as variáveis visuais e suaspropriedades perceptivas.

Congregando essas proposições, acartografia temática conta com vários métodos paraa representação do conteúdo de um ou um conjuntode fenômenos, contemplados num determinadotema. Estes métodos de representação, hoje bemconhecidos e difundidos, se estabeleceram a partirde uma evolução lenta e progressiva de elaboraçõesem atendimento às exigências dos diferentes ramoscientíficos, cada um na sua especialidade.

Dentre os métodos de representaçãohaverá aquele mais adequado às características eàs formas de manifestação dos fenômenosconsiderados em cada tema, seja na apreciaçãoestática como dinâmica coerente com as abordagens,qualitativa, ordenada ou quantitativa. Além do mais,o desenvolvimento do raciocínio a ser mobilizadonas representações da realidade pode serempreendido em dois patamares, de análise e desíntese. Por fim, no momento da aquisição doconteúdo, o mapa pode oferecer dois níveis básicosde leitura e interpretação: elementar e de conjunto.

São várias as propostas metodológicas parase chegar à cartografia ambiental da paisagem;entre as mais recentes podem-se considerar aquelasde Pedrotti et alii. (1997) e Pedrotti (1998; 2004),onde a cartografia ambiental é entendida como arepresentação integrada de fatores ecológicos,

presentes e operantes, com o fim de se obter umacompreensão holística do ambiente.

Para alcançar estes resultados podem-seseguir como sugere Pedrotti, várias etapas: 1 –identificação de áreas unitárias singulareshomogêneas do ponto de vista tectônico, litológico,climático, geomorfológico (nas várias formas derelevo resultantes de processos específicos),morfométrico (altitudes, declividades, exposições),pedológico, vegetacional (vegetação natural,potencial e das tendências dinâmicas) e faunístico;2 – levantamento das séries de vegetação(vegetação real) de cada área elementar; 3 –reconhecimento dos processos ecológicos dinâmicosque interessam as associações vegetais da série; 4– subdivisão ou agrupamento das associações quecompõem a série, frente ao uso mais ou menosintenso do território, por conta da presença dohomem; 5 – delimitação e registro sobre uma basetopográfica conveniente, destas subdivisões ouagrupamentos reconhecidos como tipos de unidadesambientais.

Cada etapa é definida por uma proposiçãoque torna evidente as mais notáveis característicasnaturais e sociais do ambiente, entendido naquelasunidades, segundo um raciocínio holístico. Asunidades ambientais podem ser reunidas e inseridasem vários níveis de categorias superiores de umaapropriada proposta de classificação hierárquica.

Pedrotti (2004) também prescreve diretrizespara a cartografia ambiental através de orientaçõesgeossinfitossociológicas. Assim, pode-se passar dasunidades (séries e cadeias) da cartografiageossinfitossociológica às unidades ambientais.Essas unidades são heterogêneas, quando sãovistas em base ecológica que reúnemecótopos e revelam identidades distintas. Ahomogeneidade se encontraria somente noplano funcional, quando se controla o usoque a sociedade conduz no território.

III.V- Tipologias paisagísticas

Em tempos mais recentes , osestudiosos do ambiente, das paisagens e desuas cartografias sugerem se estabelecer

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um s is tema h ierárqu ico das un idadesespacia is d iv isadas em vár ios n íveis deorganização. Esta alusão visa obter-se umac lara e ág i l a r t i culação das unidadesterritoriais, oferecendo à representação sobreo mapa, a possibilidade de se entrever aspossíveis relações entre elas, ao mesmo tempo,de se controlar suas interconexões com osn íve is mais a l tos e mais ba ixos daclassificação.

Pode-se anunciar que existem várioscr i tér ios e métodos de c lass i f i cação dapaisagem. Ingegnol i (1993) lembra que,mesmo esses métodos não sendoconvergentes em algumas partes, podemser complementares. A título de exemplo,para o caso da cartografia das paisagensda Itália, em escala pequena, o Autor propõeuma classificação das unidades de paisagemem vários níveis:

1º nível - Regiões biogeográficas,

2º nível - Sub-regiões biogeográficas,

3º nível - Sistemas paisagísticos,

4º nível - Subsistemas paisagísticos.

Terceira parte

IV- Ambientes paisagísticos da Úmbria

IV.I- Mapa das unidades ambiental-paisagísticas

Essa representação paisagística daÚmbria, composta na escala 1:100 000 porOrsomando, Catorci, Martinelli e Raponi (2000)se apresenta como um mosaico de áreaspaisagísticas típicas evidenciadas por coresdistintas, constituindo uma elaboraçãogeobotânica de síntese, na qual não se tem maisa representação individual dos aspectosabióticos (geológicos, geomorfológicos,pedológicos, altitudinais, hidrográficos eclimáticos) e bióticos (florísticos, vegetacionais,

paisagísticos e antrópicos) que caracterizam oambiente da Úmbria, mas sim uma integraçãode elementos da natureza e da sociedade queindividualizam áreas territoriais ecologicamentehomogêneas denominadas “unidadesambiental-paisagísticas”.

No levantamento e definição das citadasunidades ecológicas, que resultaram em 42, osmapas da vegetação atual e potencial daÚmbria, bem como os mapas regionais dalitologia e do fitoclima, constituíram umaconsistente fonte de informações.

Em particular, as 42 unidades(referenciadas às grandes categorias depaisagem vegetal natural, seminatural eantrópica ou cultural, definidas mediante aanálise das séries de vegetação e através da“distância” entre a vegetação natural atual eaquela potencial) são distribuídas em 8“sistemas geológicos” (calcários, margosos,calco-margosos, areno-margosos, arenosos,argilo-arenosos, etc.) e em 15 “conjuntosambientais” (colinares montanos, alto-apeninicos, das bacias cársticas de origemtectônica, das áreas com paleossolos, etc.).

Na avaliação da situação da condiçãoambiental da Úmbria, esse mapa, fruto de umestudo multidisciplinar, adquire um notável valor,pois permite avaliar concretamente a “distância”entre o estado da vegetação existente nasdiversas unidades ambientais e aquelecorrespondente ao seu máximo valor denaturalidade. São exemplos, os casos da vegetaçãoprimária relativa às florestas e da vegetação deorigem antrópica referentes às culturas agrárias ouàs áreas urbanizadas.

IV-II- A organização de um mapa paisagístico

A identificação das unidades de paisagemconsiderou o reconhecimento dos componentes darealidade de forma integrada. Levou em conta atectônica, o relevo, a hidrografia, o clima, os solos, avegetação, o uso agrícola do território e outros usosdecorrentes de manifestações da atividade humana,através do tempo, assim como a análise das várias

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relações entre sociedade e natureza que modelamuma materialidade múltipla.

Essas orientações são consoantes com aspropostas metodológicas colocadas pela literaturacientífica selecionada, que considera as paisagens,tanto apreendidas em escalas para amplasextensões, como para áreas exíguas, exprimindo aunidade e a identidade de cada lugar, refletindo ahistória natural e cultural de um território, em certomomento da reprodução da sociedade. A essa visãointegrada acrescenta-se o contínuo dinamismo, sejada natureza, seja da sociedade, que se manifestatambém como único para cada setor espacial.

Tomando-se por base os estudos feitos porvários autores em diversos campos científicos, semostrou como pertinente, dentro da hierarquia daspaisagens, o nível escalar espaço-temporal dogeossistema (Bertrand, 1968).

Como última etapa dessa elaboração deve-se entrar no domínio do raciocínio de síntese, o qualestabelecerá sobre o mapa as unidades depaisagem, unidades sintéticas que corresponderãoa agrupamentos de elementos unitários esingulares de espaço caracterizados poragrupamentos de atributos que a pesquisaindividualizou. Essa cartografia se concebe comoambiental, portanto de síntese, uma vez que asunidades de paisagem se apresentam comogeossistemas, dotados de morfologia,funcionamento e comportamento (Beroutchachvillie Bertrand, 1978; Ferreira, 1997; Martinelli, 1999;Pedrotti e Martinelli, 2001).

A organização da legenda do mapa terá quedar transparência às premissas metodológicasassumidas para o estudo, como também a todo oraciocínio desenvolvido para alcançar arepresentação das unidades de paisagem. Nessesentido, por exemplo, será ideal adotar umadisposição de legenda que contemple uma ordemtaxonômica com vários níveis de categorias. Essespodem variar em número segundo a escolha dedeterminado tipo de classificação por parte dopesquisador. Considera-se o caso de quatro níveis.

Num primeiro nível, colocam-se os grandesagregados de unidades de paisagem escalonados

desde os mais naturais até os mais artificiais, isto é,culturais produzidos pela sociedade humana.

Num segundo nível, considera-se no interiorde cada agregado de primeiro nível, o arranjo deconjuntos de paisagens ancorados em sólidas basesestruturais e litológicas.

No terceiro nível exibem-se incluídos emcada arranjo de segundo nível, agrupamentos depaisagens distinguidos por características do relevoassociadas com aquelas fitoclimáticas.

No quarto e último nível, mostram-se dentrode cada agrupamento de terceiro nível, asagregações de unidades de paisagem, cada uma,finalmente, representada individualmente por umsímbolo adequado – cores específicas – à suamanifestação em área, com um apropriado epítetoque coloca em destaque as principais características,conjugando peculiaridades do relevo e davegetação.

Considerando a “Carta delle unitàambientali-paesaggistiche dell’Umbria” (Orsomando,Catorci, Martinelli e Raponi, 2000), a legenda secompõe de quatro níveis:

- o primeiro nível, agrupa blocos de unidadesambientais segundo os tipos de paisagem vegetal:natural, seminatural e antrópica ou cultural;

- o segundo nível, reúne dentro de cada tipode paisagem vegetal, unidades ambientaisagregadas de acordo com os substratos geológicosde referência;

- o terceiro nível, engloba dentro de cadaagregado baseado no substrato geológico, unidadesambientais consoantes às característicasmorfológicas do relevo combinadas com aquelasfitoclimáticas;

- o quarto nível, por fim, corresponde àsunidades ambiental-paisagísticas singulares,discerníveis pelas cores e respectivas denominações,as quais ressaltam as principais características.

V- As paisagens florestais de Sellano

O território municipal de Sellano em base à

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“Carta delle unità ambientali-paesaggistiche” seevidencia pela presença de 11 unidades relacionadase ratificadas a seguir com caracteres em negrito esegundo o esquema hierárquico que consideraquatro níveis, descrito anteriormente.

As 11 unidades paisagísticas de Sellano,como se depreende do esquema que segue,adquirem maior valor ambiental e significadohistórico-cultural ao se levar em conta que essasestão relacionadas a 4 “sistemas geológicos”(particularmente constituídos por rochas calcárias,formações calco-margosas, margosas, e aluviõesatuais e recentes) e a 4 “conjuntos ambientais”(identificáveis, mormente por meio de relevoscolinares, montanos, áreas com paleossolos eplanícies flúvio-lacustres).

Ainda, das 11 unidades que compõem oconjunto territorial do município, 6 vão individualizara paisagem vegetal natural, ou seja, a paisagemconstituída apenas por elementos de natureza físicae biológica, com exclusão das intervenções dohomem, como, por exemplo, as florestasespontâneas; uma constitui a paisagemseminatural, derivada das atividades humanasmilenares, como as pastagens colinares e baixo-montanas; 4 constroem a paisagem humanizada,antrópica ou cultural de formação histórica edesenvolvida pouco a pouco no curso dos séculosatravés dos múltiplos e incessantesremanejamentos ambientais, como os camposcultivados e abandonados ou os aglomeradosurbanos, desde os menores até os maiores.[Fig.3]

Figura 3- SELLANO: UNIDADES AMBIENTAL-PAISAGÍSTICAS

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Legenda da Figura 3:

I- Paisagem vegetal natural

I.I- Sistema dos substratos calcários

I.I.I- Unidades ambientais dos relevos colinarese montanhosos

[1] Vertentes alto-colinares com florestas deQuercus pubescens¹ ou de Ostryacarpinifolia², às vezes interrompidas porpequenas clareiras de pastagens, de origemsecundária, de Bromus erectus³

Quercion pubescenti-petraeae¹, Ostryo-Carpinionorientalis² e Phileo ambigui-Bromion erecti³

[2] Vertentes montanas com florestas deFagus sylvatica¹ e pequenas pastagens, deorigem secundária, de Bromus erectus²

Geranio nodosi-Fagion sylvaticae¹ e Phileo ambigui-Bromion erecti²

[3] Áreas rupestres com agrupamentoscasmofiticos

Saxifragion australis

I.I.II- Unidades ambientais das áreas compaleossolos fersialíticos

[4] Vertentes alto-colinares e submontanas, comfraca declividade e recobertas por paleossolosfersialíticos, com florestas mesófilas de Quercuscerris (Carpinion betuli) e florestas de Castaneasativa [ ] de origem antrópica

I.II-Sistema dos substratos margosos e Sistema dossubstratos calco-margosos

I.II.I- Unidades ambientais dos relevos colinares

[5] Relevos alto-colinares com florestas de Ostryacarpinifolia ou Quercus pubescens¹, às vezesinterrompidas por pequenas clareiras depastagem, de origem secundária, deBrachypodium rupestre²

Ostryo-Carpinion orientalis¹ (= Carpinion orientalis) eBromion erecti²

I.III- Sistema dos substratos aluvionares atuais erecentes

I.I.III- Unidades ambientais das planícies flúvio-lacustres

[6] Leitos fluviais com florestas meso-higrófilasde Salix alba¹ ou Alnus glutinosa²

Salicion albae¹ e Alno-Ulmion minoris²

II- Paisagem vegetal seminatural

II.I- Sistema dos substratos calcários e Sistema dossubstratos calco-margosos

II.I.I- Unidades ambientais dos relevos colinares emontanhosos

[7] Cimos e vertentes com pastagens de origemsecundária de: Bromus erectus¹, Sesleria nitida¹e Cynosurus cristatus²

Phileo ambigui-Bromion erecti¹ e Cynosurion cristati²

III- Paisagem antrópica ou cultural

III.I- Sistema dos substratos calcários, Sistema dossubstratos calco-margosos e Sistema dossubstratos margosos

III.I.I- Unidades ambientais dos relevos colinares emontanhosos

[8] Implantações arbóreas (reflorestamentos porconíferas)

[9] Áreas agrícolas dos relevos colinares comculturas anuais

[10] Aglomerados urbanos em área rural, deencosta e de colina

III.II- Sistema dos substratos aluvionares atuais erecentes

III.II.I- Unidades ambientais das planícies flúvio-lacustres

[11] Áreas agrícolas das planícies aluvionares comculturas anuais

Corroborando com as 8 fitocenoses florestaisde Sellano já apresentadas e avaliadas nos grausde “valores naturalísticos e estados de conservação”,nas correspondentes unidades ambientais arroladasno esquema acima, podem-se fazer as seguintesconsiderações.

Nota da Lagenda: os números (1 , 2 e 3) sobre os nomes latinos das plantas que definem as fitocenoses das unidades ambientais se reportam àcategoria sintaxonômica (colocada logo abaixo em latim) denominada pela Fitossociolgia de “Aliança” (unidade que agrupa várias associaçõesvegetais ecologicamente afins). Leva o sufixo convencional -ion.

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As florestas de Fagus sylvatica, ajuizadas devalor muito elevado, inserem-se na unidadeambiental das vertentes montanas sobre substratoscalcários; aquelas de Quercus cerris e de Castaneasativa, ambas julgadas também de valor muitoelevado, estão incluídas na unidade ambiental dasvertentes alto-colinares e submontanas, de fracadeclividade, recobertas com paleossolos fersialíticos;aquelas de Ostrya carpinifolia, de valor médio,enquadram-se na unidade ambiental das vertentesalto-colinares sobre substratos calcários.

As florestas de Quercus pubescens, de valormédio, implantam-se em duas unidades ambientais:aquelas das vertentes alto-colinares sobresubstratos calcários e aquelas dos relevos alto-colinares sobre substratos margosos e calco-margosos.

As florestas de Quercus cerris e Quecuspubescens, de valor médio, acomodam-se em trêsdiferentes unidades ambientais: a das vertentesalto-colinares sobre substratos calcários; a dosrelevos alto-colinares sobre substratos margosos ecalco-margosos e a das vertentes alto-colinares esubmontanas, com fraca declividade, recobertas compaleossolos fersialíticos.

Por fim, as florestas ciliares de Salix alba, devalor elevado, enquadram-se na unidade ambientaldos leitos fluviais sobre substratos aluvionares atuaise recentes.

Numa fotografia panorâmica de Sellanotomada no sentido de oeste para leste, mostra-secomo se dão as articulações entre as unidadesambiental-paisagísticas.

Figura 4SELLANO: VISÃO PANORÂMICA DAS ARTICULAÇÕES ENTRE AS UNIDADES AMBIENTAL-

PAISAGÍSTICAS

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Legenda da Figura 4:

Paisagem vegetal natural

[1] Vertentes alto-colinares com florestas deQuercus pubescens ou de Ostrya carpinifolia, àsvezes interrompidas por pequenas clareiras depastagens, de origem secundária, de Bromuserectus

[2] Vertentes montanas com florestas de Fagussylvatica e pequenas pastagens, de origemsecundária, de Bromus erectus

[3] (não visível na foto) - Áreas rupestres comagrupamentos casmofiticos

[4] Vertentes alto-colinares e submontanas,com fraca decl ividade e recobertas porpaleossolos fersial í t icos, com f lorestasmesófilas de Quercus cerris (Carpinion betuli) eflorestas de Castanea sativa ( ) de origemantrópica

[5] Relevos alto-colinares com florestas deOstrya carpinifolia ou Quercus pubescens, àsvezes interrompidas por pequenas clareirasde pastagem, de origem secundária, deBrachypodium rupestre

[6] Leitos f luviais com florestas meso-higrófilas de Salix alba ou Alnus glutinosa

Paisagem vegetal seminatural

[7] Cimos e vertentes com pastagens deorigem secundária de: Bromus erectus, Seslerianitida e Cynosurus cristatus

Paisagem antrópica ou cultural

[8] Implantações arbóreas (reflorestamentospor coníferas)

[9] Áreas agrícolas dos relevos colinares comculturas anuais

[10] Aglomerados urbanos em área rural, deencosta e de colina

[11] Áreas agrícolas das planícies aluvionarescom culturas anuais

VI- Áreas de importância naturalística deSellano

A diversidade florestal, determinadapelas florestas naturais (de Carvalhos, Carpesnegros, Carvalhos brancos, Carvalhos brancoscom Carvalhos, Faias, e Salgueiros),seminaturais (de Castanheiros) e antrópicas(de Pinho preto), que no conjunto cobrem maisde 60% da superfície municipal, incluindonúcleos urbanos, capoeiras, sebes,pastagens, pastagens plantadas, culturasagrícolas e outros, gerou um “Complexoambiental-paisagíst ico” de elevado valornaturalístico, biogeográfico e histórico-cultural.Esse “Complexo” permitiu o reconhecimento(com áreas distintas) em nível regional eeuropeu de 4 setores de grande importâncianatural íst ica, cujas denominações,relacionadas a seguir, se evidenciam peloscaracteres em negrito.

Áreas de relevante interesse naturalísticoda Úmbria:

“Alta Valle del Vigi e Monti Tito –Peneggi” e “Boschi di Terne – Pupaggi”.

Deliberazione della Regione dell’Umbriadel 22 Luglio 1998, n. 4271. Supplementoordinario n.1 al “Bollettino Ufficiale” seriegenerale n. 58 del 23 settembre 1998.

Sítios de Importância Comunitária –propostos para a inserção na Rede EcológicaEuropéia “Natura 2000”:

“Boschi di Terne e Pupaggi” e “FiumeVigi”,

Direttiva 92/43/CEE del Consiglio, del21 Maggio 1992, relativa alla conservazionedegli habitat naturali e seminaturali e dellaflora e della fauna selvatiche. Gazzetta Ufficialedel le Comunità Europee N. L 206/7 del22.07.92.

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VII- Considerações conclusivas

Comunicações sobre os aspectosflorestais e sobre as tipologias ambientais epaisagísticas de Sellano – “Terra umbra dimezzo”, situada entre os Altiplanos deColfiorito (ao norte) e o Vale Valnerina (ao sul)– foram proferidas na Mesa Redonda Ambientee Qualidade na cidade. Elas evidenciaram comofoi exaltado com grade paixão, não só peloPrefeito Claudio Guerrini, pelos reputadosjornalistas, apresentadores televisivos daRAI, Dr. Federico Fazzuol i e Dr. FrancoValentini, como também pelos presentes nasintervenções e debates finais, o enormevalor biológico que premia o terr itór iomunicipal de Sellano, inserido no contextoregional.

Portanto é oportuno e indispensávelsalientar a necessidade de aprofundar osestudos, não só no campo geobotânico, comotambém em outros setores disciplinaresnaturalísticos (como aqueles zoológicos ouhidrobiológicos) voltados à adequadasformas de gestão e de tutela dos preciosostesouros abióticos e bióticos do território deSellano. Tudo isso deverá realizar-se semnunca descuidar das exigênciassocioeconômicas que estão na base da vidado próprio território e, especialmente, dosseus habitantes.

Com o fim de alcançar tais objetivos,tornam-se basi lares os estudos

convergentes sobre adequadas formas degestão e tutela dos componentes vegetais,particularmente daqueles negligenciados,fortemente reduzidos em extensão e em viasde extinção (como os bosques deCastanheiros).

Para serem eficazes, tais estudosdeverão ser al icerçados em mapasgeobotânicos em escala grande, realizadoscom tecnologias informatizadas, com o fim derevelar também os pequenos e numerososecossistemas que caracterizam o territóriomunicipal e de seguir, ao longo do tempo, assucessivas variações evolutivo-dinâmicas.

O produto f inal desse estudodetalhado deverá ser expresso por umdocumento de síntese, que se proclamaatravés de um mapa das unidades ambiental-paisagísticas com informações capazes devislumbrar um zoneamento para o territóriovoltado aos objetivos que os administradorespolíticos, retêm como mais apropriados paragarantir a conservação da biodiversidade ea qualidade ambiental.

Concluindo, lembra-se que no debateda citada Mesa Redonda, além das temáticasvoltadas à política dirigida a uma melhorgestão do ambiente, foi grande a atençãodada à ativação de módulos promocionais afim de favorecer a atração turística e darconhecimento às escolas locais de todos osvalores que caracterizam o patr imônionaturalístico e histórico-cultural do Municípiode Sellano.

Notas

1 CEE: Comunidade Econômica Européia, atual UniãoEuropéia.

2 CNR: Consiglio Nazionale delle Ricerche, agêncianacional de fomento de pesquisas.

3 A nova associação, denominada Carici sylvaticae-Quercetum cerridis, foi descrita e enquadrada na

tabela fitossociológica “N.10 – Boschi di Cerro(Quercus cerris), su calcari silicei o paleosuolifersiallitici”, que consta do trabalho de Catorci eOrsomando (2001); atualmente constitui umaftocenose florestal endêmica para o território deSellano e dos Planaltos de Colfiorito.

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Trabalho enviado em abril de 2007

Trabalho aceito em maio de 2007

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