John BergerJohn Peter Berger (5 de novembro de 1926, Highams Park, Londres) um crtico de arte, romancista, pintor e escritor ingls. Entre suas obras mais conhecidas esto o romance G., vencedor do Booker Prize de 1972 e o ensaio introdutrio em crtica de arte Ways of Seeing, escrito como acompanhamento da significativa srie homnima da BBC, e freqentemente usado como texto universitrio.BiografiaJohn Berger filho de um convertido ao cristianismo e a quem o servio como oficial da infantaria no exrcito britnico durante a Segunda Guerra Mundial lhe tirou a vontade de ser sacerdote, mas no a f. De seu pai, diz o prprio Berger, herdou o talento para a pintura e certa moral de soldado que sempre tentou imitar. Ao contrrio do que me ocorre com muitos polticos atuais, que me so impossveis de respeitar, eu respeito os soldados, porque eles so conscientes das conseqncias do que fazem, declarou ao EPS. Na mesma entrevista acrescentava Se minha me est to perto de mim porque durante minha infncia, e j adulto, sempre me deixou ser muito livre.Aos 16 anos escapou do St. Edwards School de Oxford decidido a estudar arte e ver mulheres nuas. Obteve uma bolsa para estudar na Central School of Art de Londres, embora poucos anos depois se alistasse no exrcito britnico, onde serviu entre 1944-1946.Finalizada a guerra, retoma seus estudos na Chelsea School of Art com outra bolsa, desta vez concedida pelo prprio exrcito. Entre 1948 e 1955 deu aulas de desenho na mesma escola onde Henry Moore dava aulas de escultura. Durante esse perodo trava vnculos com o partido comunista britnico e no demorar para comear a publicar artigos no Tribune, onde escreveria sob a estrita superviso de George Orwell. Em 1951 comeou um perodo de colaborao com a revista New Stateman, colaborao que se prolongaria por dez anos e em que se revela como crtico de arte marxista e defensor do realismo. Em 1960 publica Permanent Red, volume em que recolher uma seleo dos artigos publicados em New Stateman.Aos trinta anos decidiu deixar de pintar para dedicar-se completamente escrita, no porque, segundo suas palavras, duvidasse de seu talento como pintor, mas sim porque a urgncia da situao poltica em que vivia (plena guerra fria) parecia requerer dele que escrevesse. Em 1958 publicou seu primeiro romance, Um pintor de Nosso Tempo. Nele se relata a vida de um pintor hngaro exilado em Londres. O evidente compromisso poltico do romance e o realismo com o que narrava sempre em primeira pessoa , fez a muitos pensar que se tratava de um dirio ntimo e no de fico. O livro esteve venda durante um ms, ao cabo do qual a editora Secker&Worburg retirou o romance das livrarias. Mais tarde se soube que a retirada se deveu a presso do Congress for Cultural Freedom, uma associao de advogados anticomunistas.Mas Berger continuou escrevendo romance, ensaio, artigos na imprensa, poesia, guias de cinema junto a Alain Tanner e inclusive peas de teatro, e enquanto isso decidiu emigrar voluntariamente para uma aldeia dos Alpes franceses. publicou-se muitas vezes que o que provocou aquele auto-exlio foi o desejo de ser um escritor europeu, embora mais tarde Berger confessasse no ter conseguido sentir-se em casa na Londres daquela poca, uma cidade em que no conseguia se encaixar.Em 1972 a BBC divulga uma srie de televiso que foi acompanhada pela publicao do texto Modos de Ver, que marcou a toda uma gerao de crticos de arte, converteu-se em livro de leitura nas escolas britnicas e que tomava emprestadas muitas idias de A Obra de Arte na poca de Sua Reprodutividade Tcnica, artigo de Walter Benjamin de 1936. E nesse mesmo ano, Berger ganha inesperadamente o prestigioso Booker Prize pelo seu romance G., chamando a ateno sua deciso de doar a metade do prmio ao Partido Pantera Negra britnico .Ao longo dos anos oitenta vai publicando escalonadamente a excepcional trilogia De Suas Fadigas, em que esteve trabalhando durante quinze anos e em que aborda a mudana que estamos experimentando com a passagem da vida rural urbana. Em Terra Nua nos anuncia uma investigao sobre um modo de vida que no demorar menos de um sculo para desaparecer, a vida camponesa. Em Uma Vez na Europa relata os amores que origina uma vida assim e, finalmente, em Bandeira e Lils acompanhamos a gerao seguinte vivendo numa grande cidade cosmopolita. Mas a investigao se estende para o formal e ao ler somos testemunhas da busca de uma voz com a qual relatar este excepcional acontecimento da humanidade.Na escolha dos temas sobre os quais escreve, John Berger seguiu evidenciando at hoje seu compromisso com a escritura como meio de luta poltica. Assim se pode comprovar, por exemplo, em O Tamanho de uma Bolsa, que inclui sua correspondncia com o subcomandante Marcos, em Para as Bodas, que gira em torno da AIDS, ou no King, um relato da vida dos sem teto, alm de sua ativa colaborao como articulista para a imprensa de muitos pases.Embora com o passar dos anos tenha tomado uma certa distncia das antigas posturas polticas, como, por exemplo, em relao ao seu apoio ao regime sovitico, recentemente terminou um de seus artigos, publicado em A Jornada e intitulado Onde Achar Nosso Lugar, dizendo: Sim, entre muitas outras coisas, continuo sendo marxista.