BILIRRUBINA e icterícia
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BILIRRUBINA
Quando os eritrócitos chegam ao fim de seu tempo de sobrevida, que é,
em média, de 120 dias, e tornam-se demasiado frágeis para permanecer por
mais tempo no sistema circulatório, suas membranas celulares sofrem rotura, e
a hemoglobina assim liberada é fagocitada por macrófagos teciduais (também
conhecidos como "sistema reticulo endotelial") em todo o organismo. Nesse
sistema reticulo endotelial, a hemoglobina é inicialmente desdobrada em
globina e heme. E o anel heme é aberto, criando (1) ferro livre, que é
transportado no sangue pela transferrina, e (2) uma cadeia linear de quatro
núcleos pirrólicos, que constitui o substrato a partir do qual será formada a
bilirrubina. A primeira substância formada é a biliverdina, que é rapidamente
reduzida a bilirrubina livre. Esta última é gradualmente liberada no plasma
pelos macrófagos. Todavia, a bilirrubina livre combina-se imediatamente com a
albumina plasmática e, nessa combinação, é transportada para o sangue e os
líquidos intersticiais. Mesmo quando ligada a proteína plasmática, essa
bilirrubina ainda é denominada "bilirrubina livre", para distingui-la da "bilirrubina
conjugada", que será discutida adiante. Dentro de poucas horas, a bilirrubina
livre é absorvida através da membrana celular hepática e, nesse processo,
liberada da albumina plasmática. Pouco depois, 80% são conjugados com o
ácido glicurônico para formar bilirrubina-glicuronídio, cerca de 10% são
conjugados com sulfato, formando sulfato de bilirrubina, enquanto os 10%
restantes são conjugados com várias outras substâncias. É nessas formas que
a bilirrubina é excretada para os canalículos biliares por processo de transporte
ativo.
Formação e destino do urobilinogênio.
Uma vez no intestino, cerca da metade da bilirrubina é convertida, pela ação
bacteriana, na substância urobilinogênio, que é muito solúvel. Parte do
urobilinogênio é reabsorvida para o sangue através da mucosa intestinal. A
maior parte é novamente excretada pelo fígado para o intestino, enquanto
cerca de 5% são excretados na urina pelos rins. Após exposição da urina ao ar,
o urobilinogênio é oxidado a urobilina; nas fezes, é alterado e oxidado,
formando esfercobilina. Essas inter-relações da bilirrubina e dos outros
pigmentos biliares estão ilustradas na Fig. 70.2.
ICTERÍCIA
O termo "icterícia" refere-se à coloração amarelada dos tecidos, incluindo a
amarelidão da pele, bem como dos tecidos profundos. A icterícia é em geral
causada por grande quantidade de bilirrubina nos líquidos extracelulares, na
forma de bilirrubina livre ou conjugada. A concentração plasmática normal de
bilirrubina, que se encontra quase totalmente na forma livre é, em média, de
0,5 mg/dl de plasma. Todavia, em certas condições anormais, essa
concentração aumenta e atinge 40 mg/dl e grande parte pode transformar-se
na forma conjugada. Em geral, a pele começa a mostrar-se ictérica quando a
concentração aumenta por cerca de três vezes o normal, isto é, ultrapassa 1,5
mg/dl.As causas comuns de icterícia incluem: (1) maior destruição dos
eritrócitos, com liberação rápida de bilirrubina no sangue, ou (2) obstrução dos
dutos biliares ou lesão das células hepáticas, de modo que até mesmo as
quantidades habituais de bilirrubina não podem ser excretadas para o tubo
gastrintestinal. Esses dois tipos de icterícia são denominados, respectivamente,
icterícia hemolítica e icterícia obstrutiva. Diferem entre si nos seguintes
aspectos:
Icterícia hemolítica: Na icterícia hemolítica, a função excretora do fígado não
está afetada, mas os eritrócitos sofrem hemólise rápida, e as células hepáticas
simplesmente não podem excretar a bilirrubina com a mesma velocidade em
que ela é formada. Por conseguinte, a concentração plasmática de bilirrubina
livre aumenta e atinge valores bem acima do normal. De forma semelhante, a
velocidade de formação de urobilinogênio no intestino aumenta muito, e grande
parte é absorvida para o sangue e posteriormente excretada na urina.
Icterícia obstrutiva: Na icterícia obstrutiva causada por obstrução dos dutos
biliares (que ocorre mais freqüentemente como conseqüência do bloqueio do
duto colédoco por cálculo biliar ou câncer) ou por lesão das células hepáticas
(que ocorre mais freqüentemente na hepatite), a velocidade de formação da
bilirrubina é normal, mas a bilirrubina formada simplesmente não pode passar
do sangue para o intestino. Todavia, a bilirrubina livre continua entrando nas
células hepáticas e fica conjugada do modo habitual. A seguir, essa bilirrubina
conjugada retorna ao sangue, provavelmente através da ruptura dos
canalículos biliares congestionados, com bile desaguando diretamente da linfa
que deixa o fígado- Por conseguinte, a maior parte da bilirrubina no plasma é
mais do tipo conjugado que do tipo livre.
Diferenças diagnósticas entre a icterícia hemolítica e a obstrutiva:
Podem-se utilizar testes laboratoriais químicos para distinguir a bilirrubina livre
da conjugada no plasma. Na icterícia hemolítica, quase toda a bilirrubina
encontra-se na forma "livre". Na icterícia obstrutiva, ocorre principalmente na
forma "conjugada". Pode-se utilizar o teste denominado reação de van den
Bergh para diferenciar esses dois tipos de icterícia. Quando existe obstrução
total do fluxo biliar, nenhuma bilirrubina pode atingir o intestino e ser convertida
em urobilinogênio pelas bactérias. Por conseguinte, não há reabsorção de
urobilinogênio pelo sangue e, portanto, tampouco ocorre excreção urinária.
Conseqüentemente, na icterícia obstrutiva total, os testes para o urobilinogênio
urinário são totalmente negativos. Além disso, as fezes adquirem coloração de
barro claro, devido à falta de estercobilina e de outros pigmentos biliares. Outra
diferença importante entre bilirrubina livre e bilirrubina conjugada é que os rins
podem excretar pequenas quantidades da bilirrubina conjugada altamente
solúvel, mas não da bilirrubina "livre" ligada a albumina. Por conseguinte, na
icterícia obstrutiva grave, verifica-se o aparecimento de quantidades
significativas de bilirrubina conjugada na urina. A presença de bilirrubina
conjugada pode ser demonstrada simplesmente ao se agitar a urina e observar
a espuma que adquire coloração amarelada intensa. Assim, ao se
compreender a fisiologia de excreção de bilirrubina pelo fígado e ao se utilizar
alguns testes simples, é quase sempre possível diferenciar os múltiplos tipos
de doenças hemolíticas e hepatopatias, bem como determinar a gravidade da
doença.