Biblioterapia marília
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MARÍLIA MESQUITA GUEDES PEREIRA
PROPOSTA DE UM PROGRAMA DE LEITURA PARA PORTADORES DE DEFICIÊNCIA VISUAL EM
BIBLIOTECAS PÚBLICAS
Editora UniversitáriaJoão Pessoa
1996
2
DEDICATÓRIA
Ao bom Deus, pois sem Ele, não teria sido possível a realização deste trabalho.A Normando Guedes Pereira, meu pai, “in memoriam”, pelo exemplo e dedicação à frente do Instituto de Proteção à Infância da Paraíba e pelo que dele aprendi e estou usando na vida.A Catherine H. Roberts, que não tive o prazer de conhecer, grande batalhadora pela causa da deficiência visual nos Estados Unidos, a nossa homenagem e saudade.A minha mãe, irmão, irmãs, cunhados, cunhadas e sobrinhos, pelo apoio em todos os momentos.
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AGRADECIMENTOS
Para o desenvolvimento das idéias apresentadas neste livro gostaria de agradecer especialmente a influência e a contribuição das seguintes instituições e pessoas:
A nossa gratidão é extensiva ao FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ministério da Educação e Desporto pelo suporte financeiro que permitiu viabilizar esta publicação através do convênio nº 00005737/96, FNDE/UFPB.
Aos portadores de deficiência visual e, especialmente ao Bibliotecário PAULO DA SILVA CHAGAS colega e amigo e à Profª. JOANA BERLARMINO DE SAUZA e a MARIA FELISMINA DOS SANTOS, sem os quais não teria a motivação necessária para elaborar este livro.
Ao Prof. ALVIN H. ROBERTS, CARREN BOWMAN e JANE BOWMAN, americanos, pela amizade, contribuição bibliográfica dada à pesquisa e, principalmente, pela experiência altamente enriquecedora, permitindo-me consolidar aos pouquinhos os meus conhecimentos, pois acredito que ainda tenho muito que aprender junto à comunidade cega da Paraíba.
À amiga MAY BROOKING NEGRÃO – Assessora do Escritório Regional e do Comitê Permanente da Seção da América Latina e Caribe da IFLA por ter acreditado e incentivado na nossa pesquisa.
À FEBAB – Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários na pessoa de sua presidente – Bibliotecária SELMA MENDES FONTES SODRÉ, pelo estímulo, incentivo, amizade e solidariedade nos momentos difíceis.
Ao Diretor da Editora Universitária da UFPB, Prof. JOSÉ DAVID CAMPOS FERNANDES, pelo apoio e empenho na confecção desta obra.
Agradeço de modo especial, às amigas MARIA DO SOCORRO AZEVEDO F. FERNANDEZ VÁSQUEZ e ANA MARIA GONÇALVES DOS SANTOS PEREIRA, pelas críticas, apoio, incentivo e sugestões.
E, finalmente a todos que buscam compreensão, respeito, justiça social e liberdade para o portador de deficiência visual.
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MENSAGEM DO EXCEPCIONAL
ACEITA-ME Como sou. Por questão de justiça e não por piedade.
TORNA-ME Um ser útil, porque de esmolas não quero viver.
IGNORA Meu defeito e ama,.me como uma criança normal.
ILUMINA. Meu caminho para que eu não mergulhe na sombra tristonha do medo.
FAZ-.ME Refletir que meu início foi igual ao teu início.
ACEITA Meu sorriso triste, única maneira compreensível de de mostrar gratidão.
OLHA-ME, Sou humano como você.
LIVRA-ME Da ignorância e da dependência, teu dever de cidadão.
PÕE Em meus lábios a luz de um sorriso e não a sombra tristonha do medo.
AJUDA-ME A não ser tão pesado a meus queridos pais, fazendo minha reintegração à sociedade.
SAIBA Que as ilusões que cercaram o meu nascer foram as mesmas com que teus pais sonhavam.
DESPERTA, Com teu afeto a minha mansidão contra a agressividade que avasalha, nós não nascemos como desejaríamos e não é justo que sejamos abandonados quando temos muito menos condições de defesa.
(Autor desconhecido)
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PREFÁCIO
É com muita honra que aceitamos o convite de Marília Mesquita
Guedes Pereira para prefaciar seu livro Biblioterapia: Propostas de um
Programa para Portadores de Deficiência Visual em Bibliotecas Públicas.
Trata-se de um trabalho pioneiro no Brasil, na área de Biblioterapia
para cegos, com enfoque no papel da leitura e que teve sua origem na
pesquisa desenvolvida pela autora, quando da preparação de sua
dissertação de Mestrado em Biblioteconomia, defendida na pós-
graduação da área, no Centro de Ciências Sociais Aplicadas da
Universidade Federal da Paraíba, em abril de 1990.
A problemática da reabilitação e ajustamento do deficiente visual
tem caráter universal; todavia, em nosso meio social ela se apresenta de
modo mais grave e, portanto, merecedora de maiores estudos. Na
verdade, o cego é visto, entre nós, muito mais como objeto de
comiseração e alvo de assistência humanitária do que como um ser com
imenso potencial e amplas possibilidades de participar do processo social
e do contexto produtivo. .Mas, como direcionar ações, que possam não
somente contribuir para o ajustamento psicossocial do cego e ao mesmo
tempo fornecer-lhe instrumentos que lhe possibilite a integração ao seu
meio social, tornando-o um elemento participante e útil à comunidade?
A proposta nos vem, tanto do ponto de vista teórico como prático,
através da Biblioterapia, particularmente como concebida pela
especialista Marília Pereira, Bibliotecária do Setor Braille da Biblioteca
Central da Universidade Federal da Paraíba, em João Pessoa. Em seu
livro Marília faz, inicialmente, um diagnóstico da situação do cego no
Brasil e no mundo, passando a analisar tentativas de estudiosos e de
instituições, no sentido de promover a melhoria de situação desses
deficientes, depois faz um histórico da Biblioterapia, desde suas origens
aos dias atuais. Finalmente, com base no levantamento realizado, onde
se configura o papel determinante da leitura, tanto como instrumento de
Jazer e de formação do homem integral, além de mecanismo capaz de
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amenizar psicologicamente a vida do cego, a autora indica como entrosá-
lo no complexo quadro do sistema social.
O trabalho, elaborado com muita dedicação e entusiasmo,
características da autora, afigura-se da maior valia para os profissionais
que amam na área de apoio ao deficiente visual, aí incluídos
bibliotecários, assistentes sociais, psicólogos, professores e pessoas da
área médica. O mais importante é que a metodologia sugerida tem por
base a longa experiência da autora em trabalhos os mais produtivos,
junto a instituições para cegos e, particularmente, no Setor Braille da
Biblioteca Central da UFPB..
A obra que hoje vem à luz deve ser recebida de bom grado pelos
paraibanos e pela comunidade, pois constitui uma contribuição das mais
expressivas à escassa bibliografia existente.
De parabéns, portanto, a autora e a todos os que contribuíram
para a consecução desta obra, cujos ensinamentos são da maior
importância como alternativa para minimização dos problemas
decorrentes de deficiência visual.
João Pessoa, 20 de setembro de 1996
JOSÉ ELAS BARBOSA BORGES
Professor do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da UFPb.
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.................................................................................................I. INTRODUÇÃO...................................................................................................
1.1. Estado Atual do Problema...................................................................1.2. Situação Mundial do Cego...................................................................
II. HISTÓRICO DA BIBLIOTERAPIA.....................................................................2.1. Origens da Biblioterapia na Biblioteconomia.......................................2.2. Origens da Biblioterapia na Psicologia................................................
III. ORIGENS E TERMINOLOGIA DA BIBLIOTERAPIA.......................................IV. CONCEITUAÇÃO E DEFINIÇÕES DA BIBLIOTERAPIA................................V. TIPOLOGIA E SUBDIVISÕES DA BIBLIOTERAPIA........................................VI. OBJETIVOS DA BIBLIOTERAPIA...................................................................VII. O BIBOIOTECÁRIO COMO BIBLIOTERAPAUTA..........................................
7.1. Biblioterapeuta: Revisão de Literatura.................................................7.2. O Biblioterapeuta: Educação e Treinamento.......................................
VIII. PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE BIBOIOTERAPIA PARA PORTADORES DE DEFICIÊNCIA VISUAL EM BIBLIOTECAS PÚBLICAS.......................................................................
8.1. Introdução à Problemática dos Bibliotecários......................................8.2. Conceituação de Biblioteca.................................................................8.3. Objetivos..............................................................................................
8.3.1. Objetivo Geral........................................................................8.3.2. Objetivos Específicos.............................................................
8.4. Organização Básica de um Programa de Biblioterapia para Portadores de Deficiência Visual em Bibliotecas Públicas..................
8.5. Metodologia.........................................................................................8.5.1. Clientela.................................................................................8.5.2. Instalação...............................................................................8.5.3. Recursos Humanos................................................................8.5.4. Recursos Materiais.................................................................8.5.5. Horário....................................................................................8.5.6. Recursos Financeiros.............................................................8.5.7. Avaliação................................................................................8.5.8. Divulgação..............................................................................
IX. BIBLIOGRAFIA PROPOSTA PARA UM PROGRAMA DE BIBLIOTERAPIA ENVOLVENDO DEFICIENTES VISUAIS.........................
X. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ALA – American Library Association
CENESP – Centro Nacional de Educação Especial
MEC – Ministério da Educação e Cultura
MILS – Máster in Library Sciences
OMS – Organização Mundial de Saúde
ONU – Organização das Nações Unidas
SEPS – Secretaria de 1º e 2º Graus
UIC – The University of Illinois / Chicago
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura
VA – Administração de Veterano
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APRESENTAÇÃO
Este livro originou-se do meu trabalho de dissertação do Mestrado
em Biblioteconomia da UFPB, A BIBLIOTERAPIA EM INSTITUIÇÕES
DE DEFICIENTES VISUAIS: UM ESTUDO DE CASO, em 1989. De lá
para cá venho desvendando com curiosidade, persistência e admiração
as causas e os efeitos da Biblioterapia entre os portadores de deficiência
visual.
É um trabalho de conteúdo simples, que espero seja de utilidade
para os graduandos dos cursos de Biblioteconomia, Psicologia e
Educação Especial, e para os bibliotecários que estão à frente das
Bibliotecas Públicas e que vem se interessando pelo assunto, na
esperança de suprir as informações que lhe são negadas.
No mundo de hoje, espera-se que o bibliotecário brasileiro seja
capaz de voltar-se para a sociedade e criar meios alternativos para
solucionar os problemas voltados para este setor especial da Ciência da
informação.
Ressalte-se que houve necessidade de se proceder a uma análise
crítica e retrospectiva global de Biblioterapia, desde os seus primórdios
até o seu estado atual. Partiu-se de dados relatados na bibliografia de
que a Biblioterapia é uma técnica importante, tanto para o aumento de
informações do portador de deficiência visual, como por se constituir
num elemento motivador de sua vivência e de seu ajustamento social
através desse processo de leitura orientada.
Citou-se a problemática da cegueira, tanto nos países desen-
volvidos como naqueles em desenvolvimento, sendo analisadas as
implicações dessa situação nas aspirações do cego, mormente numa
sociedade competitiva como a nossa. Particularizam-se as vantagens das
técnicas de leitura como um possível método biblioterapêutico de
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utilidade para o deficiente visual. Considerou-se, com especial atenção a
posição do Bibliotecário como Biblioterapeuta. Abordou-se ainda a pos-
sibilidade das Bibliotecas Públicas atuarem junto a contingentes cegos
vinculados a instituições de educação para esses deficientes.
Finalmente, foi incluída uma Bibliografia para um programa de
Biblioterapia e uma Bibliografia detalhada sobre essa técnica, para
utilização por bibliotecários, educadores, outros técnicos, pessoas
interessadas e envolvidas com a problemática.
João Pessoa, 20 de setembro de 1996
Marília Mesquita Guedes Pereira
Coordenadora da Sub-Comissão
Brasileira de Bibliotecas Braille.
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I - INTRODUÇÃO
1.1 - Estado Atual do Problema
Educação pode ser definida como um processo de contínua
reconstrução da experiência, com o propósito de ampliar e aprofundar o
seu conteúdo social.
A história da Educação fornece subsídios através dos quais,
verifica-se que, desde os primórdios da existência do homem, a ação
educativa esteve presente, ditada pela necessidade de sobrevivência e
de conservação da espécie. Essa necessidade, obviamente, varrou de
época para época, fazendo também com que se desenvolvessem
sistemas educacionais que atendessem às aspirações de cada povo e de
cada época, proporcionando à sociedade mudanças e contínuo
desenvolvimento.
Já entre os povos primitivos nota-se a procura, por todos os
meios, de melhoria dos processos de transmissão da experiência,
precursora dos métodos educacionais; graças a tal esforço, a educação
vem sofrendo um processo de transformação marcante.
Em se tratando da educação do excepcional, pode-se verificar
uma certa lentidão em seu desenvolvimento, ocasionada por fatores
diversos, entre os quais se destaca a concepção de muitos povos
antigos, que eram propensos a desprezar e mesmo a eliminar portadores
de deficiência física ou mental.
O aparecimento das primeiras instituições para educar o
deficiente visual fez com que muitos educadores se interessassem pela
causa e partissem para a tentativa de engajá-lo na sociedade, buscando
melhores técnicas e processos didáticos que lhes possibilitassem um
melhor ajustamento. Chegou-se a um consenso de que o deficiente
visual, como membro de uma sociedade, não poderia ficar alheio ao
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progresso do mundo e sem uma assistência necessária ao seu desenvol-
vimento.
E importante ressaltar que uma parte considerável da população
mundial (entre 10 e 15%) é portadora de deficiências sensoriais, motoras
ou mentais, que limitam sua capacidade de se beneficiar da educação
normal. Essas pessoas precisam de uma educação adequada às suas
possibilidades, aptidões e necessidades - uma educação especial, como
se costuma chamar, que lhes permita desenvolver suas potencialidades a
fim de que possam se tomar membros de pleno direito da sociedade a
que pertencem e alcancem um desenvolvimento pessoal que lhes
proporcione meios de se tomarem independentes.Daí ser fundamental
considerar a educação como um meio de proporcionar aos deficientes
visuais um atendimento especializado, tendo em vista o seu ajustamento
nos planos físicos, intelectual, emocional, social e econômico.
De fato, pode-se perceber que a educação especial é uma peça
fundamental no processo de reabilitação, sendo assim necessária a
todos os que experimentam ou podem experimentar grandes e
sucessivas dificuldades para aprender e aproveitar as oportunidades
oferecidas às demais pessoas, pela educação normal.
Nesse contexto, há de se considerar a concepção de GORN (31)
a informação pertence, juntamente com a matéria e a energia, a trilogia dos fenômenos básicos que constituem os fundamentos de todas as atividades humanas.
Toma-se oportuno enfatizar que a biblioteca, como um dos
instrumentos de disseminação da informação, assume importância vital
dentro deste contexto, principalmente, quando engajada no processo
educacional. Nesse sentido, FERREIRA. (28) lembra que:
Em nossos dias não se pode mesmo
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conceber ensino sem utilização de bibliotecas as quais, além de possibilitarem acesso à informação, têm um papel da maior relevância, enquanto favorecem o desenvolvimento de potenciais, capacitando pessoa a tomarem suas próprias decisões.
Os comentários aqui apresentados indicam que a biblioteca
constitui uma dessas ferramentas que deve estar em perfeita harmonia
com o desenvolvimento global da educação, particularmente num
engajamento com a educação dos excepcionais, notadamente, dos
deficientes visuais.
A fim de se evitar a marginalização dessas pessoas, vários
países estão se esforçando para propiciar a sua integração à
comunidade, considerando as deficiências visuais dentro de bases
legais. Cumpre registrar ainda que a preocupação com os problemas
psicossociais dos cegos ainda não assumiu a importância devida nos
países em desenvolvimento.
Atualmente, estamos presenciando um. ressurgimento de
interesse pela situação e pelo futuro das pessoas excepcionais. Após o
alerta da Assembléia das Nações Unidas, na sua trigésima primeira
sessão, realizada em 16/12/1976, foi aprovada a Resolução 31/123
elegendo 1981 como o Ano Internacional das Pessoas Deficientes e
propondo incentivos a um trabalho nesse campo, prevendo-se uma
revisão e uma avaliação de resultados até 1991.
De acordo com os trabalhos e estudos publicados, a Assembléia
Geral das Nações Unidas aprovou um plano de ação mundial para a Ano
Internacional, atrayés da Resolução 34/154, que previa atividades a
serem levadas a cabo a nível nacional, regional, e internacional, tanto no
plano de prevenção como no da readaptação dos indivíduos já
incapacitados. Esse plano de ação seria implantado a longo prazo, em
favor da integração dos incapacitados à sociedade e de sua participação
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integral na vida econômica e social.
O esquema conceitual propõe quatro itens:
a) o campo humanitário, cobrindo ao mesmo tempo a idéia de respeito
à pessoa humana e de dignidade humana, do ponto de vista da justiça
social. Em outras palavras, os sentimentos de caridade e de piedade
devem ser substituídos por ações e medidas legislativas e afirmativas,
no que se refere aos incapacitados;
b) o campo psicológico, no qual se trata principalmente de informar e
de formar a opinião pública sobre a natureza das incapacitações, as
necessidades específicas dos incapacitados e as necessidades de que
a sociedade favoreça o desenvolvimento de suas potencialidades. O
que querem os incapacitados é que os aceitemos como pessoas, que
têm, sem dúvida, necessidades especiais, para cuja satisfação é
necessária a ajuda da sociedade, de tal maneira que não sintam mais
a humilhação ou a negação de sua própria pessoa e de seu meio
social. Nesse campo, cabe uma grande responsabilidade aos veículos
de divulgação de massa;
c) o campo a prevenção, que é a área por excelência da Organização
Mundial da Saúde (OMS). O adágio "mais vale prevenir que remediar"
aplica-se tanto ao plano científico como ao do planejamento. Afirmam
certos estudos que 30 a 40% das vítimas incapacitadas poderiam ter
sido salvas. Nos campos da saúde e da educação, o papel dos centros
de atendimento de cuidados primários e das instituições escolares é
capital. A institucionalização dos exames médicos periódicos nos
países industrializados deve ajudar os pais na identificação, sob todos
os aspectos, de doenças incapacitantes tais como a desnutrição, as
moléstias venéreas e as afecções pulmonares. Assim, deye-se dar às
mães a possibilidade de se submeterem a visitas pré-natais e pós-
natais, podendo os professores exercer certa pressão no sentido de
que tais exames se tomem obrigatórios.
d) Deveriam ser elaboradas estratégias apropriadas de prevenção e de
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tratamento dos incapacitados, levando em conta o nível de
desenvolyimento dos países. Uma dessas estratégias, por exemplo,
pode ser encontrada na publicação "Saúde para Todos no ano 2.000"
da OMS.
e) o campo da participação, exigindo que o plano de ação se apoie em
bases realistas, razão pela qual seria conveniente estabelecer
distinção entre os deficitários capazes de participar integralmente de
processos de desenvolvimento e os que são a tal ponto incapacitados
que não poderiam contribuir para a vida econômica de seus países. A
efetiva participação dos incapacitados, ligada á igualdade de
oportunidades, não deve ser encarada exclusivamente de um ponto de
vista humanitário, mas, ao contrário, no âmbito total da sociedade, que
não tem interesse algum em perder ou malbaratar seus recursos
humanos. Essa participação deve ser encarada em todos os níveis e
em todos os setores, desde o cultural e o social, até ao econômico e o
político. De fato, a questão assume toda sua importância quando se
sabe que o desenvolvimento de recursos humanos é considerado uma
condição imprescindível para acelerar o processo de desenvolvimento
e o advento de uma nova ordem econômica e social.
Partindo desses pontos relevantes, deve-se considerar que,
entre os objetivos da Assembléia Geral das Nações Unidas para o Ano
Internacional de Deficientes - 1981, estavam:
a) auxiliar as pessoas deficientes no seu ajustamento à socie-
dade;
b) educar e informar o público dos direitos das pessoas defi-
cientes;
c) promover medidas efetivas para a realização das pessoas
deficientes.
Estes objetivos visam a uma participação completa dos
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deficientes, igual à dos outros cidadãos, na vida de suas sociedades. E
os objetivos fornecem metas pertinentes àqueles bibliotecários, que
serviriam, entre outras pessoas, como elementos de apoio educacional
ao deficiente.
Constata-se ainda que os objetivos da Organização das Nações
Unidas (ONU) também implicam uma abordagem tríplice: a) serviço,
destinados a indivíduos com visão reduzida, para as agências que os
servem; b) serviços para o público em geral, que precisa entender as
necessidades especiais; c) e as intenções de tais serviços.
Na realidade, pode-se afirmar que os incapacitados têm o direito
de participar plenamente da vida e do desenvolvimento da sociedade à
qual pertencem. É nosso dever permitir-lhes exercer esse direito.
Toma-se oportuno ainda enfatizar que desde então, e
especialmente na última década, têm sido alcançados importantes
progressos em técnicas educacionais e introduzidas consideráveis
inovações no campo da educação especial. Assim, descobriu-se que
ainda pode ser feito pelas pessoas deficientes, muito mais do que se
imaginava a princípio. Muitos desses progressos técnicos podem ser
adaptados às necessidades dos países em desenvolvimento, cujos
recursos em matéria de instalações e pessoal são limitados. Com
referência ao cego, a deficiência visual já não é sintoma dramático da
vida moderna. Hoje, os mais aperfeiçoados métodos permitem a rápida
reabilitação do deficiente.
No Brasil do ponto de vista legal, a ação educativa não faz
discriminação entre a criança normal e o excepcional. Este direito é
assegurado em leis, tais como:
a) Artigo 88, da lei 4.024, de dezembro, de 1961, que fixa as Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, e estabelece:
a educação de excepcionais deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral da educação, a fim de integrá-los na
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comunidade.
b) A lei 5.962, de 1971, corroborando a anterior, preconiza que o
educando deve ser tratado com suas diferenças individuais, quando
diz, no seu Artigo 9:
[...] os alunos que apresentem deficiências físicas deverão receber tratamento especial de acordo com as normas fixadas pelos componentes dos Conselhos de Educação.
c) O 1º Plano Setorial de Educação e Cultura do MEC (19721974) com o
Projeto Prioritário nº 35, definiu como sua finalidade máxima:
[...] promover em ação coordenada, em todo território nacional, a expansão e melhoria de atendimento aos excepcionais fixando e implementando estratégias decorrentes de princípios doutrinários e de política que orientam a educação especial.
d) Normas do Centro Nacional de Educação Especial (CENESP),
quando estabelece que:
... a educação, do ponto de vista filosófico, fundamenta-se em valores éticos, sociais e em axiomas científicos que defendem o princípio doutrinário de que a função da Educação é valorizar cada novo homem, como indivíduo e como ser social. (IPSECD-72/74).
Em todas essas palavras está implícito o sentido universal da
Educação, englobando, portanto, os excepcionais.
e) A Declaração Universal dos Direitos do Homem, endossada pelo
Brasil, que garante indistintamente a todos, a educação, quaisquer
que sejam as origens ou condição social.
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f) A Declaração dos Direitos da Criança, também encampada pelo Brasil,
explicita, em seu quinto princípio, os direitos dos excepcionais, levando os
educadores em geral a assumir, conscientemente, a responsabilidade de
valorizar cada deficiente como indivíduo e como ser social.
Tentando sintetizar esta seqüência geral, cabe ressaltar a
necessidade de uma integração do deficiente visual junto à sociedade,
através de uma filosofia participante. Em trabalhos publicados, observa-
se que os primeiros movimentos independentes realizados por cegos
visam, à criação de fontes de trabalho e rendimento para os mesmos.
Isto ocorre por um motivo fundamental: o cego não preparado
profissionalmente pelas escolas existentes, sempre encontra dificuldades
para ser aceito nas empresas e sempre está à margem do sistema
produtivo do país.
Ora, os indivíduos sem profissão não têm condições psicológicas
e profissionais de pleitearem e conquistarem um trabalho, o que os
levaria a fundarem sociedades, que lhes possam propiciar certa
segurança. Investigando a história, tais sociedades produziram a
segregação de pessoas deficientes visuais, tomando-as muitas vezes
dependentes de grupos mais fortes, sem aquela real autonomia pela qual
lutavam. Ademais, a segregação dos cegos é um dos piores males a
impedir a sua integração social. Recentemente, surgiram novos
movimentos de associações que buscam, baseadas num novo espírito e
calcadas numa filosofia progressista, contribuir para um programa de
ação que realmente venha a culminar com a total integração dos cegos
às comunidades em que vivem, delas participando efetivamente. Através
destes movimentos reivindicatórios, cegos se reabilitam e se profissio-
nalizam, exercendo concretamente atividades, tarefas ou funções
compatíveis com as suas limitações, podendo, em conseqüência,
sustentarem-se, terem famílias, serem cidadãos capazes e responsáveis,
iguais aos demais.
Tecidas essas considerações, toma-se fundamental a afirmativa
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de que a sociedade deve receber o cego como ele vem. Várias entidades
comprovaram que, uma vez reabilitado, educado e profissionalizado, o
indivíduo sem visão é recebido para participar; se ele é apresentado ao
público apenas educado, mas sem profissão, é recebido para ser
admirado; se ainda for apresentado como indivíduo sem qualquer
preparo é recebido como ainda inválido para ser sustentado ou mantido
em obras de benemerência.
É evidente que muitos destes empecilhos são reconhecidos
universalmente, no que diz respeito ao deficiente visual; todavia, como se
sabe, o cego com aptidão e qualificação poderá no início, ser recebido
com restrição, mas, se após a oportunidade que obteve, corresponder à
expectativa, passará a ser acreditado, constituindodo-se este fato a sua
aceitação através do trabalho e, em conseqüência, a sua integração soci-
al.
Chega-se assim à convicção de que os entraves relativos à
integração social do cego residem, tanto na falta de preparo dos
mesmos, como no trabalho pouco objetivo das entidades e órgãos
responsáveis por sua preparação educacional e especialização. Na
verdade, a sua especialização profissional é a maior, responsável pela
sua aceitação na grande sociedade.
E conveniente ressaltar as dificuldades enfrentadas por muitas
das organizações existentes; todavia, sente-se também, e isto pode ser
comprovado, que elas têm uma instintiva reação a qualquer movimento
renovador que possa contrariar sua filosofia de ação. Entidades há que
rejeitam a cooperação e o trabalho paralelo, mantendo-se enclausuradas
dentro de princípios cujo valor integrador para o cego é muito discutível.
De uma realidade lamentável estamos seguros: de um modo geral, um
dos lugares onde o cego está menos integrado é na sua instituição ou
órgão precipuamente destinado a sua educação, reabilitação,
profissionalização e integração social. Aí, muito raramente, o cego
participa realmente daquele processo de socialização e de integração.
20
Dentro de nossa análise, chegamos à percepção de que, apesar
da criação, pelo govemo, de órgãos destinados à aplicação de novas
técnicas e métodos na preparação de cegos para uma vida integrada,
não tem havido a evolução esperada de mentalidade dos educadores e
responsáveis pela política tiflológica que possa acompanhar o progresso
atual. Para a grande parte dos educadores brasileiros, o cego, enquanto
"educando", é um indivíduo apregoado como detentor de grandes
valores e possibilidades. Todavia, no momento em que o cego tiver de
participar de atividades sociais nas mesmas condições que as de seus
educadores, este sistema deve recebê-lo numa equipe de trabalho. Seria
mesmo aconselhável que se fizesse um levantamento para se constatar,
concretamente, o grau de aceitação a indivíduos deficientes de visão,
nos quadros de trabalho das próprias instituições especializadas, onde o
indivíduo foi reabilitado e educado. A experiência obtida dessa maneira
ofereceria grandes possibilidades de se ajustar o deficiente à função.
Outro aspecto a se considerar é uma legislação adequada à
integração social. Existem muitas leis criadas com esse propósito, sob o
impacto emocional, mas cujo cumprimento, nunca foi exigido, ou por
culpa dos próprios cegos ou de seus educadores. Cumpre ressaltar que
tal integração existe na legislação em alguns estados e municípios do
país. Essas leis permitindo o ingresso do indivíduo com deficiência visual
nos serviços públicos, não são, todavia, cumpridas. Sua execução
depende ainda da descoberta, na hora certa, de alguém que julgue que
elas devam ser cumpridas. Caso contrário, são LEIS FRIAS E MORTAS.
Nesse sentido, torna-se oportuno criar uma estrutura adequada que
venha a dar a necessária sustentação legal para que a sociedade seja
levada a reconhecer os direitos do cego. Na verdade, somente
dispondo-se de instrumentos jurídicos é que os seus direitos estarão
realmente garantidos.
É oportuno lembrar, considerando o acima exposto que, no caso
brasileiro, se a biblioteca não buscar superar as características que lhe
são atualmente marcantes, sobretudo em termos de elitismo e
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passividade, continuar-se-á a verificar a ausência dos cegos nos planos
governamentais e o nãodesempenho das suas verdadeiras funções na
Educação, Cultura, Informação e na Recreação.
Por outro lado, fatores como a linguagem, a locomoção
independente, as habilidades físicas e a coordenação motora geral,
alguns processos perceptíveis, maneirismos e, especialmente, reações
sociais à deficiência sensorial, situam os focos de dificuldades que uma
pessoa cega encontra para viver feliz, integrada, para participar
competitivamente da sociedade, e para usufruir dos seus recursos
potenciais. Estes são vários e abundantes, daí ser fundamental atender
devidamente a estas pessoas cegas, dando-lhes uma perspectiva futura
da realização pessoal.
Outro aspecto que deve ser considerado é ressaltado por Drog
citado por MELO. (47)
... a informação é uma necessidade do homem e ‘a necessidade de informação é contínua e permanente mesmo para o mais treinado dos especialistas’.
Acredita-se que se houver informação utilitária, lazer e técnica
biblioterapêutica de acordo com a necessidade desse estrato social, isto
irá oportunizar o ajustamento bio-psíquico, social e pedagógico da
clientela cega, atrayés de sua participação no programa de integração e
reintegração social, atendendo às necessidades de uma população
carente de tais serviços.
MELO (47) salienta a importância fundamental da informação:
Quando concebida como um recurso que afeta todas as áreas do conhecimento humano, quando bem utilizada por quem detém o poder decisório, pode contribuir para provocar transformações no campo social, político e econômico e conduzir ao processo de conquista de melhores condições de vida a nível individual e social.
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Deve-se considerar fator primordial para a educação e cultura
das pessoas o acesso ao acervo cultural, sobretudo, através de livros.
Verificamos, no entanto, que a pessoa cega encontrar-se-à impedida
deste acesso se não lhe forem providenciadas as publicações especiais
impressas no sistema Braille. Assim sendo, esta providência é altamente
necessária, principalmente se levarmos em conta que o livro se constitui
num dos recursos de aprendizagem, aperfeiçoamento e distração, de
acesso tão fácil para as pessoas videntes e tão difícil para as pessoas
cegas que, na maioria das vezes, dependem de iniciativas isoladas,
quando contam com a boa vontade, interesse ou compreensão de
algumas pessoas.
1.2. Situação Mundial do Cego
Tão antiga quanto a própria Organização Mundial da Saúde é a
sua preocupação pelo imenso problema representado pela cegueira. E
foi a compilação de dados para fins de publicação em 1966, das
“Estatísticas epidemiológicas e vitais”, da OMS, que proporcionou uma
visão ampla do cenário mundial da deficiência visual. Quatro anos mais
tarde, a Organização enviou aos seus Estados-Membros um questionário
que possibilitou a atualização e o encaminhamento desses dados à
consideração da Assembléia Mundial da Saúde reunida em Genebra,
em 1972.
As cifras apresentadas a seguir podem fornecer uma idéia das
dimensões desse problema de saúde, embora se deva observar que os
índices citados se aplicam com freqüência a segmentos demográficos
relativamente limitados ou talvez se baseiem em distintos critérios, não
sendo, portanto, estritamente comparáveis entre si. É possível que, em
certos países e regiões, a situação tenha mudado bastante desde a
elaboração das cifras.
23
De significação especial é o fato de muitos países africanos
revelarem prevalência particularmente alta de cegueira, dado o número
relativamente alto de pessoas examinadas. Embora oscile, via de regra,
entre 150 a 300 por 100.000 habitantes, a prevalência de cegos naquela
Região é maior nos seguintes países: Etiópia (380-450); Quênia (1.050-
1.150); Malawi (724); Nigéria Setentrional (1.000); Camarões Setentrional
(684); Serra Leoa (952); Tunísia (450); Tanzânia, sem Sanzibar (569);
Uganda (1.842) e Zâmbia (500-750).
Em sua maioria, as causas de cegueira são oficialmente
“desconhecidas” ou “indeterminadas”, mas, para citar os exemplos do
Egito e da África do Sul, a causa principal é atribuída a doenças
infecciosas, vindo a seguir os acidentes.
Quanto às Américas, os índices de prevalência fornecidos variam
de 80 a 90 por 100.000 habitantes na Argentina e no Uruguai, a 969 em
Cuba. Nos Estados Unidos a prevalência é de 214, com uma população
cega total estimada em 385.000 habitantes. O Brasil e o México registram
prevalências comparativamente baixas de l47 e 101 e uma população
cega de 60.700 e 16.880, respectivamente.
Destaque para a edição do CORREIO SAÚDE (53), afirmando
que segundo a Organização Mundial de Saúde, quando a população
brasileira era de 130 milhões de habitantes, 13 milhões (10%) eram
indivíduos portadores de algum tipo de deficiência. Desses 5% (6,5
milhões) eram deficientes mentais; 2 % deficientes físicos; 1,3%
defIcientes auditivos; 0,7% deficientes Visuais e 1% portadores de
deficiência múltiplas. De um certo modo, ¼ de nossa população (25%)
está de certa forma comprometida intimamente com o problema da
defIciência, uma vez que o coeficiente populacional indica algo em tomo
de 4,2 pessoas por família.
Dos 13 milhões de deficientes, 4,3 milhões tem um atendimento
considerável e os 8,7 milhões restantes, são deficientes desassistidos
que não recebem, lastimavelmente, qualquer tipo de assistência.
24
A cada minuto, nascem 100 crianças das quais 20% morrem no
primeiro ano; 70% dos que sobrevivem, em virtude da fome e da
ausência de assistência médica, tomar-se-ão crianças subnutridas, as
quais estarão sujeitas a danos físicos e mentais. A fome associada à falta
de educação gera a miséria social que culminará em seu vértice, com a
deficiência.
Das causas determinantes das deficiências 22% são gênicas (5%
recessivas; 1% dominantes); 1% ligadas ao cromossomo X e 15%
poligênicas); 15% relacionados às alterações cromossômicas e 3% com
anomalias dos cromossomas sexuais. As causas ambientais (fome,
substâncias químicas tóxicas, radiações ionizantes e outras) perfazem
20%.; as doenças específicas (infecções, lesões cerebrais) 5%, causas
várias 15% e causas desconhecidas 23%..
Referindo-se também, a reportagem de SARMENTO (69)
dizendo que:
... a população de portadores de deficiência visual é de cerca de 0,5% da população de cada país ou localidade, o que representa, em termos de Paraíba, algo em torno de 20 mil pessoa e, destas 4 mil só em João Pessoa.
De acordo com REZEENDE, FIORAVANTE (56):
... 1% da população brasileira é deficiente visual (em milhões de pessoas). É do nosso conhecimento que possuímos uma população de 146.825.475 milhões de habitantes, conforme o IBGE de agosto de 1995.
Citam-se as doenças infecciosas como a causa mais importante
da cegueira na América Central, na Venezuela e na Argentina, seguindo-
se as oftalmias hereditárias e prénatais. As doenças infecciosas também
ocupam o primeiro lugar no Canadá e nos Estados Unidos, ao passo que
25
os acidentes são a segunda causa em importância no México e nos
Estados Unidos e a terceira na Argentina e no Canadá.
Confirmando-se os estudos, deve-se atentar para a similitude de
padrões na Ásia, onde as doenças infecciosas são a principal causa de
cegueira em praticamente todos os países, exceto no Japão, em que são
superadas pelos acidentes. O mesmo país informou existirem 248 cegos
por 100.000 habitantes. Em diferentes pontos do continente asiático, al-
guns dos índices mais altos de prevalência registram-se na Arábia
Saudita (3.000); Iêmen (4.000); Iraque (500-1.000); Paquistão (1.000); Sri
Lanka (470); República Democrática do Vietnã (428); Indonésia (239);
China (450) e Hong-Kong (1.392).
Na Europa, a prevalência varia de 51, na Bélgica, a 272 na
Islândia (embora atinja 647 em Gibraltar). Com relação a alguns dos
países maiores, as cifras são as seguintes: República Federal da
Alemanha, 60; França, 107; Grécia, 170; Hungria , l00; Itália, 200;
Holanda, 50-60; Polônia, 66; Portugal 93; Espanha, 56; Romênia, 77;
Suécia, 196; Suíça, 195; Inglaterra e País de Gales, 209 e Iugoslávia,
100. Na União Soviética, com população superior a 200 milhões de
habitantes, registrou-se um total de 179.317 cegos.
Em decorrência dos resultados, observa-se que entre as causas
de cegueira, as doenças infecciosas ocupam o primeiro lugar somente
em Malta. Na Europa, as condições hereditárias e pré-natais são as mais
importantes, seguidas de perto pelos acidentes, que são a causa
principal na Austria, Tcheco-Eslováquia, Dinamarca, República Federal
da Alemanha, Finlândia e Itália.
Na Oceania, a Austrália registra 222 cegos por 100,000
habitantes, e a Nova Zelândia, 135. Com exceção de Fidji, onde é de
1.190, a incidência na~ ilhas da Polinésia é inferior a 145. Na Austrália e
na Nova Zelândia, a causa principal vincula-se às condições hereditárias,
pré-natais e metabólicas degenerativas, seguidas, a considerável
distância, por infecções e acidentes.
26
Fazer uma estimativa do total de cegos no mundo é tarefa quase
impossíye1, porque as percentagens contidas nas estatísticas baseiam-
se principalmente em grupos limitados de cada comunidade nacional.
Mas as cifras extraídas do Questionário preparado pela OMS, em 1970,
revelam a existência de 8,5 milhões de pessoas reconhecidamente
cegas. Claro está que esse total é inferior ao verdadeiro e que, para
refletir a situação real com mais precisão, seria razoável estimar em l0 a
16 milhões o número de cegos no mundo. A visão de outros milhões é
tão precária que, para fins de educação, trabalho e assistência social, é
preciso considerá-las cegas. A menos que se comece a agir, esses
totais, que vêm aumentando, poderão duplicar nos próximos 25 anos.
Pode-se fazer nítida distinção entre as causas de cegueira no
mundo em desenvolvimento e nos países mais industrializados. Entre os
países em desenvolvimento, o tracoma, a oncoceríase e a xeroftalmia
são os três grande problemas de saúde relacionados à visão.
Somente de tracoma, calcula-se que há no mundo entre 400 e
500 milhões de casos, 120 milhões dos quais na Índia. Desses
pacientes, cerca de dois milhões são cegos. A oncoceríase afeta um total
de cerca de 20 milhões de pessoas, mas na bacia do Volta Superior, na
África Ocidental, que é a área mais afetada de uma população total de 10
milhões, há um milhão de vítimas e destas 70.000 são cegas. A xeroftal-
mia é causa importante de cegueira na Indonésia, em certas áreas da
Índia, em outros países da Ásia Ocidental, e em algumas partes da
América Central e da África. Acredita-se que há hoje pelo menos 100.000
pessoas cegas em consequência do mal.
Há hoje consenso geral de que, em países com baixo nível de
desenvolvimento econômico a produtividade é baixa, também tendo esse
atributo pessoas afetadas pela cegueira. O padrão de vida é baixíssimo,
o que não permite que os cegos consumam em maior escala. Percebe-se
deste modo que se pode fazer nítida distinção entre as causas de
cegueira no mundo em desenvolvimento e nos países industrializados.
27
Nos países industrializados, sobrevive o desenvolvimento
econômico, assegurando-se dessa forma padrões de vida mínimos, que
são continuamente ajustados para melhor. Isso implica no aumento das
atividades de atenção médica, educação e reabilitação, de equipamentos
especiais e de movimentos de caixa. Com o desenvolvimento
econômico, a maioria das ocupações toma-se mais especializada e
produtiva.
Em se tratando de países do Terceiro Mundo, em termos de
produção, os cegos contribuem menos para a economia e, em termos de
consumo, principalmente de serviços de saúde, exigem mais. Verifica-se
que as suas necessidades básicas referem-se a emprego, habitação e
assistência médica, num sentido amplo, e que, uma das dificuldades
neste sentido é a falta de informação.
Daí se constata a necessidade de informação dos cegos como
fator representativo para sua integração em um novo sistema social, e a
importância da participação da biblioteca é crucial nesse processo de
ressocialização, visto ser o seu objeto de atuação a própria informação.
MIRANDA (48), afirma que a:
... informação e o instrumento que seleciona e classifica os indivíduos em nossa sociedade, isto é, somos o que sabemos. Esta informação não se restringe em termos exclusivos de instrução escolar ou acadêmica mas, sobretudo, e acima de tudo, através do uso de informação para enfrentar os desafios da vida modera e para decidir entre as opções que essa luta pela vida nos coloca frente a frente.
É necessário, então, repensar nosso sistema de baixo para cima,
através de consulta à própria comunidade cega. Afinal de contas o que
está em jogo é a mudança da própria sociedade.
Convém sempre lembrar o pensamento de Carlos Castelo Branco
28
questionado por MIRANDA(48):
O que é fechado, no Brasil, não é governo. A sociedade é que é fechada e exclui de seu contexto e estrutura a esmagadora maioria da população. O governo apenas externaliza uma tendência histórico-cultural que só agora – e Oxalá seja de forma irreversível – dá mostras de cansaço e cede a novas formas de convivência e de gerência de Poder.
Pode-se aceitar, de acordo com MIRANDA(48)
... que as nossas bibliotecas são o espelho fiel de nossa desigualdades regionais, econômicas e sociais, explicando-se, dessa forma, que a maioria das bibliotecas brasileiras de todos os tipos (especializadas, universitárias, públicas, para cegos, escolares) encontram-se no triângulo Rio-São Paulo-Belo Horizonte e ao longo da costa atlântica.
Com a população brasileira ocorre o mesmo. As cidades mais
ricas recebem, consequentemente, os melhores serviços bibliotecários;
os acervos são cada vez mais pobres ou inexistentes à medida que nos
afastamos dos grandes centros econômicos. É mister afirmar que se
pretende uma melhor distribuição da riqueza e da renda nacional, será
necessário redistribuir as oportunidades de leitura de nossa população.
Do contrário, o sistema bibliotecário, ao invés de influir no avanço cultural,
limitar-se-á a perpetuar as atuais desigualdades.
Pode-se dizer finalmente que, onde não existe sistema educacional
desenvolvido, não há lugar para o livro. A biblioteca para os cegos deve,
pois, deslizar sobre dois trilhos: o do sistema educacional (socialização
da leitura) e o da busca livre da informação e do lazer, a democratização
da leitura enfim, visto que é necessário se ter um sistema educacional
voltado para a leitura como instrumento aberto de socialização.
29
II – HISTÓRICO DA BIBLIOTERAPIA
Neste capítulo temos a intenção de mostrar a origem, no tempo,
da Biblioterapia, narrando detalhes de sua história, seu desenvolvimento
e situação atual.
Uma revisão da história da Biblioterapia demonstra sua vitalidade
contínua. Mas, para entender a evolução da Biblioterapia na sua forma
comum atual e a de "leiturra direta" e "discussão de grupo", deve-se
tratar origens da Biblioterapia tanto dentro da Biblioteconomia como da
Psicologia.
A preocupação com a origem da Biblioterapia como idéia surgiu
em épocas remotas pois alguns povos já consideravam a leitura como
uma das melhores medidas terapêuticas no tratamento de doentes
mentais. Assim, foram descobertas em bibliotecas antigas e medievais,
inscrições sobre o valor terapêutico da leitura. Os gregos afirmavam que
suas bibliotecas eram repositário de remédio para o espírito, enquanto
que os romanos achavam que as orações poderiam ser lidas para
pacientes melhorarem sua saúde mental.
ROBERTS(57), afirma que, desde a antiguidade, os livros
especialmente as biografias, têm sido usadas transmitindo informações
sobre a vida, de geração a geração. Salienta que a Bíblia foi usada para
preparar jovens para a vida, fornecendo conforto e cura espiritual, em
circunstâncias trágicas. Assim a pessoa que, sofrendo por perda de um
ente querido, se volta para a Bíblia a fim de obter palavras de conforto,
está fazendo Biblioterapia pessoal.
Implicitamente formulada há milênios, sabe-se que Ramsés II,
faraó egípcio, mandou colocar no frontispício de sua biblioteca a
inscrição: “Remédios para a Alma". Entre os romanos do primeiro
século, vamos encontrar em Aulus Cornelius Celsus, palavras de
30
estímulo ao uso da leitura e à discussão dos preceitos dos grandes
oradores como forma terapêutica. TEWS(70) observa que na Roma do
primeiro século, a leitura e a medicina estavam associadas.
Inúmeras discussões são mantidas sobre as origens do termo
Biblioterapia, sabendo-se entretanto, que surgiu na América do Norte,
pelo menos na primeira parte do século SI~, em trabalho relacionando
biblioteca e ação terapêutica.
Como se vê, as primeiras experiências em Biblioterapia foram
feitas por médicos americanos de 1802 a 1853, os quais indicavam que,
uma das melhores receitas para seus pacientes hospitalizados, era a
leitura de livros cuidadosamente selecionados e adaptados às
necessidades individuais. O interesse aqui recai sobre a Biblioteca
Pública de Boston em 1853, que se revelou a maior Biblioteca Pública
daquela época, possuíndo uma postura assistencial o tempo todo.
Um estudo foi realizado por Benjamim Rush, numa conferência sobre a
Construção e Administração de Hospitais, proferida em 10 de novembro
de 1802, no qual lembra que para o divertimento e instrução dos
pacientes de um hospital, uma pequena biblioteca deve, por todas as
razões, ser parte do seu mobiliário. Recomendou também, dois tipos de
leitura, aquelas que fornecem entretenimento, consistindo os livros de
viagens, que ele considerava extremamente divertidos para os
convalescentes e para pessoa confinadas por doenças crônicas, e, a que
transmite saber, devendo versar sobre assuntos filosóficos, morais e
religiosos.
Outro aspecto de destaque é que, a partir de 1904, a
Biblioterapia passa a ser considerada como um ramo da Biblioteconomia.
Isso ocorreu quando uma certa bibliotecária, assumindo a direção de
uma biblioteca, em Massachusetts, resolveu fazer suas próprias
experiências, obtendo bons resultados.
No final do século XVIII, um número de instituições humanitárias,
notadamente, o Pinel na França, o Chiarugi na Itália e Tuke na Inglaterra,
31
procuraram melhorar o tratamento dos insanos. O método era oferecer
leitura como recreação.
Pelo começo do século XIX, essas reformas se espalharam pela
América. Até meados do século XIX, nos hospitais mentais e prisões
existia toda uma motivação religiosa na demanda de livros.
Por outro lado, há informações de que a Biblioterapia floresceu
recebendo um grande impulso, durante a primeira guerra mundial,
quando bibliotecários leigos, notadamente da Cruz Vermelha, ajudaram a
construir rapidamente bibliotecas nos hospitais do Exército. Desde aquela
época que o Bureau dos Veteranos dos Estados Unidos teve um grande
papel na Biblioterapia.
No século XIX, mudaram as atitudes dos acadêmicos em relação
à biblioteca, pois com o desenvolvimento do conhecimento, a
Biblioterapia adquiriu maior amplitude tomando-se profissionalizada e
especializada. Cumpre ressaltar que, para se entender a evolução da
Biblioterapia, em sua forma comum atual de leitura dirigida e discussão
do grupo, devemos nos aprofundar na Biblioteconomia e na Psicologia.
As décadas de 40, 50 e 60 produziram muito mais publicações e
algumas pesquisas significativas.
Contudo, é necessário ressaltar que debates sobre a ausência de
uma estrutura científica para a Biblioterapia tinham sido ouvidos por
vários anos, até que um esforço maior para colocar o assunto na
perspectiva própria, foi completado em 1949 na forma de uma
dissertação de doutorado: Biliotherapy: a Theoretical and Clinical –
Experimental Study, da autoria Caroline Shrodes, nos Estados Unidos.
Completando tal entendimento, é mister salientar que a
Biblioterapia freqüentemente evoca um ambiente hospitalar como ficou
constatado; entretanto, a tendência da Biblioterapia é atingir muitas
outras áreas do conhecimento.
32
Por volta de 1956, ROBERTS(70) assumiu um papel mais
agressivo no uso da literatura como técnica de aconselhamento. Durante
1960, começou a usar livros com os cegos para facilitar a vida
profissional das pessoas afetadas pela cegueira.
Uma revisão da história da Biblioterapia demonstra que a leitura
é fundamental, não importa se identificada como arte ou ciência Se os
Biblioterapêutas, no futuro, praticarem profissionalmente a Biblioterapia e
fizerem estudos detalhados e conscientes sobre seus livros, usando sua
imaginação e senso crítico, a Biblioterapia certamente irá prosperar para
o bem de todos os envolvidos.
2.1 Origens da Biblioterapia na Biblioteconomia
Essa habilidade Biblioterapia é uma aplicação refinada de uma
função normal de aconselhamento de leitura. Por sua vez, o serviço de
leituras promove o desenvolvimento de outras funções bibliotecárias.
No século XIX houve mudanças nas atitudes acadêmicas para
com a Biblioteca, que se tomou profissionalizante e especializada. Justin
Wilson, empregado pela Havard University em 1877, estabeleceu um
precedente quando abriu as prateleiras para os estudantes e permitiu a
circulação dos livros. Isso foi o começo do serviço de referência. Essa
primeira proposta para um programa real de assistência ao leitor havia
sido feita em 1876 por Samuel Sweet Green da Worcester Public Library.
Em 1883 a Boston Public Library, que era a maior Biblioteca
Pública da época, tinha um cargo de assistente em tempo integral. Ao
mesmo tempo, Melville Dewey, no Columbia College, estava tentando
adotar a idéia da Biblioteca Moderna de ajuda aos leitores.
A verdadeira frase Serviço de Referência foi primeiro usada para
substituir qjuda aos leitores e assistência aos leitores em 1891, no
Library Joumal. Por volta de 1900, o serviço de referência estava
disponível não apenas na Biblioteca Pública de Detroit, mas também nas
33
filiais. Em 1905, a Biblioteca Pública de Washington DC, estabeleceu o
cargo de anfitriã Bibliotecária, para guiar seus visitadores. Na época era
um cargo ligado à referência, mas em 1945, foi considerado um cargo de
circulação de leitores. Nos anos 20 e 30, o aconselhamento a leitores
vinha à frente da Biblioteconomia. Em fins dos anos 40, Flexner estava
desenvolvendo programas de leitura para grupos variados tanto a nível
local como nacional. Essa iniciativa de leitura, começada em 1931, é
precursora óbvia da Biblioterapia, pois ela desenvolveu listas de leitura
para adultos, em liberdade condicional, depois de entrevistar os
indivíduos envolvidos. Muitos dos serviços do aconse1hamento ao leitor
nos anos 40, foram integrados ao Departamento de Educação de Adultos
das Bibliotecas Públicas. Um dos exemplos mais conhecidos da
educação de adultos nos anos 40 é o programa de grandes livros,
desenvolvido na Universidade de Chicago em 194.5. Esse programa de
discussão baseava-se em livros oriundos do desenvolvimento da leitura
orientada terapeuticamente, que era o serviço chamado de Biblioterapia.
2.2 Origens da Biblioterapia na Psicologia
Para melhor compreensão do assunto, seria bom considerar aqui
que a história da terapia de grupo foi registrada em 1905, quando Dr.
Joseph Platt, de Boston, começou um grupo de aulas para pacientes
tuberculosos. .\Ias alguns grupos de terapia encontram suas origens nos
dramas gregos, nas peças medievais e em encontros religiosos, assim
como na Biblioterapia.
No começo dos anos 20, Alfred Adler advogou um Grupo
terapêutico nos terrenos político e econômico. Como um socialista, ele
sentia que a classe instrutora deveria ter acesso à terapia e que uma
abordagem de grupo seria a única forma financeiramente viável. Ele abriu
algumas clínicas em Viena, mas seu trabalho foi menos popular lá do que
34
nos Estados Unidos. Em 1926 tomou-se um professor na Universidade de
Columbia.
Outro pioneiro no campo foi Jacob Moreno que em 1931 criou o
termo Terapia de grupo. Moreno declarou que tinha usado a técnica em
Viena desde 1910. Eventualmente, seu trabalho tomou-se a base para o
treinamento dos Bethel Laboratories, em 1946, que por sua vez levou aos
modernos Grupos T.
O psiquiatra Maxwel Jones citado por RUBI(67) explica que foi
no limiar da Segunda Guerra Mundial que a Terapia de grupo realmente
floresceu.
A terapia de grupo na Grã Bretanha fez grandes progressos na Segunda Guerra Mundial por que um psiquiatra tinha mais sucesso com 20 casos em grupos do que com 4 em psicoanálise ... Acreditamos (mas não provamos) que os resultados descritos não podiam ser alcançados somente pela psicoterapia e hospitalização.
Outro aspecto a ser mencionado diz respeito a todos; os tipos de
psicoterapia, tanto individuais, como de grupo, que floresceram depois da
Segunda Guerra Mundial. . A guerra e suas consequências trouxeram
muitas mudanças, incluindo novas; terapias, porque a terapia individual
não foi capaz de suportar novos pacientes criados pela guerra.
Não é coincidência que a Segunda Guerra Mundial, na era de
1939-1943, também produziu trabalhos significativos no campo da
Biblioterapia. Os bibliotecários estavam ocupados servindo a pacientes
em hospitais e a veteranos nas ruas. Por volta de 1930, mais de 400
artigos de jornais sobre Biblioterapia foram publicados. De 1930 a 1960,
mais de l00 artigos haviam sido publicados, apenas tratando da
Biblioterapia para adultos, em pacientes hospitalizados. 2/3 das
publicações no campo, durante a década, foram publicados em jornais
35
nãomédicos. De 1960 a 1973, 193 artigos, mais 32 dissertações e
estudos de pesquisas foram publicados. Dos 131 artigos de 1970 - 1973,
330 o apareceram em jornais bibliotecários e 65% em periódicos de
outros campos tais como Enfermagem, Terapia Ocupacional: Psiquiatria
e Educação. Biblioterapia é claramente e deve ser desenvolvida como
uma atividade interdisciplinar.
Para uma visão geral sobre a opinião e a prática da Biblioterapia,
durante as quatro décadas passadas, é útil rever os levantamentos. Até
agora, pelo menos dois levantamentos particulares e três levantamentos
da American Library Association Bibliotherapy Committee foram
preparados, usados e analisados conforme quadros a seguir:
36
Figura 1
Raízes da Biblioterapia em Grupo
Fonte: Extraído do RUBIN, Rhea Joyce(67)
Na BiblioteconomiaEducação Bibliotecária Serviço de Grupo
de Adulto
Serviços de Biblioterapia deReferência grupo
Guia de Leitura Biblioterapia Individual
Na Psicologia
Dinâmica de Grupo
Piscoanálise Psicoterapia de Biblioterapia de Grupo Grupo
Terapia de Grupo
37
Figura 2
Raízes da Biblioterapia, com suas datas importantes na
Biblioteconomia, nas Ciências Humanas, na Psiquiatria e nas Ciências
Comportamentais.
38
Mostraremos agora que, em abril de 1956, a Bibliotherapy
Committee do então Hospital Libraries Division of ALA, sob a orientação
de Margaret Hannigan, conduziu uma pesquisa para mostrar a natureza e
extensão dos serviços de Biblioterapia desenvolvido pelos membros do
Hospital Libraries Division.
Em junho de 1961, a ALA Bibliotherapy Committe, dirigida por
Ruth Tews, conduziu um estudo para determinar o pensamento corrente
de um grupo selecionado de indivíduos engajados e interessado em
Biblioterapia e que possuíam conhecimento do potencial para o uso da
leitura de maneira terapêutica. O objetivo era obter do grupo um
consenso do que fosse Biblioterapia e do que ela poderia fazer; também
se deseja oferecer uma base para a formulação de uma definição.
A terceira pesquisa feita pela ALA Bibliotherapy Committe,
conduzida em 1975, também usou o programa com duas finalidades.
Todas essas pesquisas refletem as filosofias e práticas da
Biblioterapia durante os últimos trinta anos. Essas tendências tem
influenciado práticas mecânicas e dinâmicas de Bibloterapia.
Reportando-se ao pensamento de HANNIGAN (32) diz que a
Biblioterapia é um acesso, a longo prazo, aos serviços bibliotecários,
usados para fins terapêuticos. No seu artigo da revista Libraly Trends
afirma que "a Biblioterapia é uma refinada aplicação das funções normais
do biblioterário como conselheiro do leitor". Os serviços dos leitores se
desenvolvem fora de outras funções das bibliotecas.
Constata-se que, nos anos 70, muito tempo foi consumido para
oferecer uma ampla base do desenvolvimento da Biblioterapia como
campo, incluíndo os programas de compreensão do assunto.
Ressalte-se a importância do maior investimento durante os anos
80, com relação aos padrões e certificados para biblioterapeutas
treinados. Questões teóricas estão sendo consideradas, assim como
necessidades de pesquisas e métodos sendo identificados e tentados.
39
E de se prever que a ALA, na década de 80, particularmente
através de seu ALA Bibliotherapy Committe, continue desenvolvendo
estudos e pesquisas que venham a ter, cada vez mais aplicação, na
solução de problemas de comunidade.
Concluíndo essa parte, reconhecemos que a Biblioterapia
proporcionará ao educando a formação necessária ao desenvolvimento
de suas potencialidades.
40
III – ORIGENS E TERMINOLOGIA DA BIBLIOTERAPIA
A crescente literatura estrangeira sobre Biblioterapia, e
principalmente a sua conceituação vem influenciando os bibliotecários
brasileiros que também começam a se ocupar do tema.
Considera-se a palavra Biblioterapia, como oriunda do grego,
significando “Biblion” - livro e “Therapia” - tratamento. Em estudos
recentes reconhece-se SamuelMecbord Grothers como o criador da
palavra em 1916, em artigo publicado no Atlantic Monthy existindo ainda
confusão sobre essa terminologia.
O termo Biblioterapia não foi inteiramente aceito. Muitos disseram
que era uma designação muito ampla e sugeriram termos mais restritos
como biblio – diagnostico para avaliação, ou bibliofilaxia como o uso
preventivo pela leitura.
Outros achavam que a nomenclatura era muito restrita e sugeriam
Bibliogomia, Biblioconselho ou Terapia Bibliotecária. Os termos tem
aplicações mais amplas porque não são limitados pela palavra Terapia.
Terapia de grupo tutelada e Literapia tem também sido usadas para
evitar o prefixo Biblio. Como diz o Dr. Michael Shiyo, o nome Literapia,
formado por literatura e terapia, foi escolhido, principalmente para
ressaltar suas diferenças do nome mais popular Biblioterapia que foi
considerado extremamente vago e sem significado. O abuso do termo
Biblioterapia atinge toda e qualquer combinação de temas relacionados
com livros e com grupos de pacientes. Literapia tenta enfatizar a
tendência literária – imaginativa, mais do que simplesmente estudo
didático, informativo e também, apresentar a literapia como BONA FIDE,
método da primeira qualidade da psicoterapia, ao invés de uma função
padronizada, relegado a bibliotecários.
Outro termo relacionado de perto à Biblioterapia é Bibliotecário -
Conselheiro. Em 1951 a Uniyersity of Illinois Chicago UIC substitui o
41
Library's Reference Department pelo Department of Library Instruction and
Adrisement e planejou implantar Educação geral, Instrução de Biblioteca
e um Conselho Estudantil. Quatro bibliotecários foram escolhidos para se
tornarem Bibliotercários-Conselheiros, participando dos cursos de
treinamento do Departamento UIC. Eles deveriam ser bibliotecários
rigorosamente selecionados, treinados e experientes, com personalidade
especial e qualificações, incluindo Referência, Ensino, Habilidade de
liderança de grupos e Execução de programas de desenvolvimento
cuidadosamente planejados.
Bibliotecáriosos - Conselheiros treinados deveriam ser capazes
de fazer muito para encorajar os leitores a aplicar livros para si próprio
através da extensão dos tipos existentes de serviços bibliotecários. O
melhor serviço de referência encontra-se comumente no
aconselhamento, mas sua principal preocupação é com a transmissão da
informação e solução de problemas mais ou menos imediatos. O trabalho
de aconselhamento dos leitores e da Biblioterapia, com as atenções
voltadas para as necessidades dos indivíduos, geralmente aproxima-se
do aconselhamento psicológico.
Rubakin., um grande escritor russo, criou uma teoria de leitura
que chamou de Bibliopsicologia, formulada em 1916; publicou em dois
volumes: Introdução â Bibliopsicolologia, em 1922; naquele ano. seu
Instituto de Bibliopsicologia mudou-se de Genova para Lausanne. (Esses
fatos estão incluídos numa fascinante biografia de Rubakin escrita pelo
seu filho, inserida num livro recente sobre Bibliopsicologia). O próprio
Rubakin escreveu 70 artigos sobre Bibliopsicologia (1921-19-1-6).
Rubakin citado por RCBI:\:(6S) indica que:
Um livro, como material-objeto será precedido diferentemente por pessoas diferentes. Na nossa visão quando o livro está sendo lido, ocorre um fenômeno subjetivo psicológico baseado nas nossas impressões que o organismo psicofísico do
42
leitor recebe dele como objeto externo. Se o organismo do leitor tiver que se submeter a alguma mudança, o mesmo livro parecerá diferente para ele. Portanto o próprio livro como fenômeno independente do perceptor é uma entidade desconhecida... O leitor não considera o fenômeno psicológico como evocado pelo texto. Ele atribui ao livro que é um material objeto.
Rubakin sentiu que esta teoria deveria causar mudanças nas
atitudes e métodos do bibliotecário. Assim deveriam voltar suas
atenções, do livro, visto como inerte, para a vida interior da personalidade
humana. E o seu leitor que cria, constrói e combina; o livro não passa de
um instrumento. O bibliotecário que não entender isso poderá converter a
melhor biblioteca num cemitério de livros.
Dos muitos termos utilizados para "Biblioterapia", alguns foram
aplicados a novos. campos, mas a maioria surgiu por causa de
reclamações de que o termo era restrito e vago demais.
O prefixo Biblio também é muito limitado nos dias atuais. Todos
os tipos de material audiovisual poderiam e deveriam ser usados.
O sufixo terapia também parece uma escolha errada num tempo
em que técnicas de terapia estão proliferando. Biblioterapia não é
psicoterapia. A. palavra terapia origina-se da palavra grega para cura. No
entanto, Biblioterapia não se restringe ao contexto cura, mas vale
também como descoberta do sentido verdadeiro do mundo.
A meta da Biblioterapia deveria ser vista internamente e ser
compreensível. É importante que os biblioterapeutas estejam conscientes
do poder que podem engendrar no cliente. Uma demonstração do poder,
por uma pessoa incapaz, manifesta-se através de uma crise nervosa ou
na realização de um crime. Agindo, ele ou ela pode chamar atenção e
simpatia e isto indica poder sobre outros. Quando a pessoa, na terapia,
aprende sobre o motivo de seu comportamento, aquele poder é
43
geralmente removido. Qualquer terapia de efeito deve substituir o poder
destrutivo por um outro poder novo e construtivo da visão interna e
compreensiva.
A Biblioterapia e outras atividades terapêuticas ativas ajudam os
clientes a apreciar suas atividades na dança, na arte ou na compreensão.
A palavra terapia pode também ter conotação política,
relacionada a objeção. A política de terapia tradicional interpessoal toca
numa situação que envolve um paciente e um terapeuta - um recebendo
e outro prescrevendo.
Michael Glenn, um terapeuta radical, declara que terapia hoje é
uma relação poderosa entre pessoas – uma para cima outra para baixo;
ajudante e ajudado.
A grande vantagem da Biblioterapia é que até uma certa
extensão, o livro ou outro material faz o trabalho pelo terapeuta.
Biblioterapeutas ou outros líderes de grupo, escolhem o material, mas os
clientes individuais interpretam isso, primeiro como elemento fora do
terapeuta e deles mesmos, depois integram os ensinamentos em si
mesmos.
A Biblioterapia de grupo utiliza não apenas o material, mas o
próprio grupo para facilitar o çrescimento individual a fim de que a tensão
terapeuta - cliente seja confortável. .
A política da terapia é evidente tanto nos níveis pessoal como
interpessoal. Terapia deveria significar mudança, não simplesmente
ajustamento, mas, como explica Seymom Hallek, o processo terapêutico
encoraja o paciente a tentar mais mudar a si mesmo do que ao ambiente.
Na maioria das formas de psicoterapia individual o paciente é geralmente
solicitado a examinar seu próprio sentimento e atitudes. Ele também
aprende como o ambiente afeta estes sentimentos e atitudes, mas a
principal ênfase é colocada na forma com que ele possa alterar sua
percepção e reação ao seu ambiente. Quando o paciente se concentra
no que é considerado como sua própria inadequação, ele é chamado
44
para ajustar-se e pode tomar-se resignado ao ajuste e ao ambiente
opressivo. Aceitação pode ser um meio de se fugir à responsabilidade,
mas pode também ser uma meta. Um paciente que aprenda a aceitar a
incapacidade física é um bom exemplo do caso.
A definição de terapia como cura, o poder interpessoal e a
estrutura da terapia, posições exaltadas por médicos na nossa
sociedade, causam nos bibliotecários o temor a qualquer atividade
denominada Terapia. Outros se preocupam com as ramificações políticas
da terapia. Em qualquer dos casos, parece que a terminologia aliena as
pessoas, não a atividade de usar literatura para atingir uma visão interna.
Os bibliotecários deveriam abordar a Biblioterapia mais como atividade
recreacional e ocupacional do que como uma atividade terapêutica que
possa fazer parte de um programa médico ou que sirva como caminho
possível para uma atualização individual.
45
IV – CONCEITUAÇÃO E DEFNIÇÕES DA
BIBLIOTERAPIA
A Biblioterapia assume um importante papel na sociedade
moderna. Esta assertiva é baseada em vários estudos que têm
demonstrado como a Biblioterapia, ao longo do curso da história, vem
ocupando uma parte da organização social que cresceu e se diversificou
para atender às mudanças e necessidades psicossociais.
No dicionário "DORLAND’S ILLLUSTRATED MIEDICAL
DICTIONARY" (1941), sob a yerbete Biblioterapia, está a seguinte
defInição: "emprego de livros e de sua leitura no tratamento de doenças
mentais". Informações apresentadas anteriormente todavia, demonstram
que a palavra já havia sido usada desde 1815.
Por outro lado, o primeiro dicionário não especializado a registrá-
la foi o WEBSTER'S THIRD NEW INTERNATIONAL DICTIONARY,
(1961), que a definiu "uso de material de leitura selecionada como
adjuvanre terapêutico em Medicina e Psicologia, e também como "guia
na solução de problemas penais através da leitura dirigida", informando
que a palavra foi adotada especialmente pela ASSOCIA TION OF
HOSPITAL AND INSTITUTION LIBRARlES dos Estados Unidos.
No mesmo ano acima referenciado, o dicionário Random House
definiu-a como:
“O uso da leitura com adjuvante na
terapia”
É necessário relatar o ponto de vista de BUONOCORE(17) no
seu Dicionário de Biblioterologia quando afirma que a Biblioterapia é a
"arte de curar as enfermidades por meio da leitura". No entanto, é válido
46
esclarecer, que outras definições são encontradas em autores diversos,
bibliotecários, educadores, médicos e psicólogos, apresentando suas
próprias impressões e interpretações.
A esse respeito Moore & Breland citado por TEWS(70), define a
Biblioterapia como uma atividade interessante e desafiante para o
Bibliotecário, uma vez que põe vida na palavra impressa, podendo o seu
impacto sobre uma personalidade individual ter efeito curativo.
TEWS(70) defimiu-a, com maior profundidade referindo-se a:
Um programa de atividade selecionadas envolvendo materiais de leituras, planejadas, conduzidas e controladas como um tratamento, sob orientação do médico, para solução de problemas emocionais ou outros.
Um Psiquiatra conceituou-a como:
"O uso consciente e deliberado de materiais de leitura com o propósito de alargar ou dar suporte ao programa terapêutico como um todo, conforme ele se relacione a um paciente particular ou, em alguns casos a um grupo mais ou menos heterogêneo de pacientes.
Outra bibliotecária considerou-a "Um programa planejado de
leitura ou de atividades de leitura, para um paciente individual ou para um
grupo de pacientes".
Outra bibliotecária subdividiu a Biblioterapia em explícita e
implícita. Esses termos foram originalmente usados para distinguir outras
terapias, porém Evelane P. Jackson, adaptou-os à Biblioterapia. À terapia
implícita é um recurso utilizado pelos conselheiros de leitores, enquanto
que a explícita é feita apenas por um terapeuta treinado.
Recomenda-se atenção especial para essas definições:
47
"A Biblioterapia individual é um refinamento de orientação do leitor enquanto que a Biblioterapia em grupo é um híbrido campo de Psicologia e Bibioteconomia usando sessões e discussões como modalidade terapêutica
Considerando-se todas essas observações, parece relevante
ressaltar o posicionamento de PERElRA(52) ao afirmar que cada uma
dessas definições representa um ponto de conflito entre as pessoas
envolvidas na Biblioterapia. Por exemplo, a Biblioterapia dos anos 30 era
centrada em hospitais, com doentes mentais que precisavam de
informações sobre suas doenças e sobre suas implicações; o instrumento
de terapia era a leitura didática usada por um grupo de médico e bi-
bliotecários. Hoje em dia, há um interesse renovado na educação de
pacientes que preencham um modelo geral. O uso de Biblioterapia se
espalhou nos contextos da educação: grupo de crianças normais
participando de sessões, usando literatura criativa, dirigidos por um
professor ou bibliotecário. Atualmente a Biblioterapia é usada por
bibliotecários públicos com dois grupos de adultos: os normais e os
perturbados.
BRYAN(15), em 1939, escreveu um artigo Pode haver lima
ciência da Biblioterapia? Ela respondeu sua própria pergunta
afirmativamente: Sim, pode haver. No entanto, ela acrescenta que o
campo precisava de um corpo de dados de pesquisadores
cientificamente treinados antes que pudesse ser considerada uma
ciência. Desde aquele tempo tem havido um debate contínuo se a
Biblioterapia é Arte ou Ciência. Uma maneira de lidar com essa pergunta
é separar o conceito de Biblioterapia em duas partes e chamar a primeira
um aspecto de Ciência e a outra de Arte.
Brown citado por HORNEO(34) usa essa abordagem quando
sugere que:
48
"... essa prescrição de leitura no tratamento de doença mental ou física pode ser vista como a ciência da Biblioterapia e onde se tenta remediar defeitos pessoais de ajudar indivíduos a resolver problemas de pessoas através de sugestões de leitura própria através da bibliotecária ou outro indivíduo, de fora do campo médico, pode ser visto como arte da Biblioterapia.
Essa afirmação também é confirmada no Dicionário Webster.
Para muitos, o problema vital não é a procura de uma definição,
nem mesmo os problemas de ser a Biblioterapia uma Arte ou uma
Ciência.
Em seus estudos BEATIY(12) afirma que:
"A leitura é importante, não importando se é identificada como uma ‘arte’ ou como uma ‘ciência’.
Neste contexto é importante esclarecer a opinião de um
psiquiatra que respondeu a um questionário dizendo que o problema não
é simplesmente definir o que a Biblioterapia é, mas fornecer uma
abordagem mais criativa para reconhecer as necessidades existentes e
conduzir tipos de Biblioterapia que sirvam a essas necessidades.
Os comentários aqui focalizados demonstram que a Biblioterapia,
na prática e na discussão, permanece um assunto complexo. É evidente
salientar que, no presente, as observações relacionadas com a
Biblioterapia indicam um interesse vasto, apesar de algumas limitações
claramente definidas e de contínuas confusões. Cumpre ressaltar que a
Biblioterapia não está restrita a médicos e bibliotecários em hospitais e
instituições.
49
V – TIPOLOGIA E SUBDIVISÕES DA BIBLIOTERAPIA
No decorrer da história da civilização, pode-se verificar que
Lourell Martin citado por TFWS (70) deixou uma mensagem central para
o futuro da Biblioterapia.
A pesquisa produz conhecimento. O conhecimento é necessário para o entendimento. Entendimento combinado com habilidade levam a uma ação efetiva.
Dentro desta proposição não é possíve1 planejar Biblioterapia.
em nenhum de seus aspectos sem um adequado referencial quanto às
suas características.
De um modo geral os especialistas concordam com a existência
de três tipos de Biblioterapia
a) Biblioterapia Institucional
b) Biblioterapia Clínica
c) Biblioterapia Desenvolvimental
a) Biblioterapia Institucional se refere a que de literatura - primeiramente
didática - com clientes, individualmente. e que já se encontra
instituciunalizada. I nc1ui o uso médico tradicional de Biblioterapia
cujos textos de higiene mental são recomendados a pacientes
mentais. Isso caracteriza uma situação especial de prescrição de
litros para doenças específicas. Este tipo de terapia é exercido por
uma bibliotecária juntamente com um médico ou uma equipe médica.
A meta é principalmente informativa e recreativa, embora algum
material interno possa ser oferecido. Este, tipo de Biblioterapia não
prevalece hoje, mas alguns programas semelhantes ainda existem. A
Biblioterapia institucional também inclui o uso da comunicação dos
médicos com pacientes individuais, em prática privada.
50
b) Biblioterapia Clínica - É a que se refere ao uso, numa primeira fase,
da literatura imaginativa, com grupo de clientes com problemas
emocionais ou comportamentais. Esses clientes podem ou não
participar do programa voluntariamente. Os grupos podem ser
liberados por um médico ou por um bibliotecário, mas geralmente são
implementados por ambos, um consultando o outro. O ambiente pode
ser um instituto ou uma comunidade, objetivando uma possível
mudança no comportamento.
c) Biblioterapia Desenvolvimental - Refere-se ao uso de literatura de
modo imaginativo e didático com grupos de indivíduos normais. O
grupo de Biblioterapia é designado e liderado pelo bibliotecário,
professor ou outro profissional ajudante, para promover o
desenvolvimento normal e autoatuação ou para manter a saúde
mental. A Biblioterapia desenvolvimental pode ajudar pessoas em
tarefas comuns, além de ajudá-las a suportar problemas individuais
como divórcio, gravidez, morte e preconceitos, com refinamento das
tarefas desenvolvimentais.
As distinções entre esses três aspectos da Biblioterapia têm
implicações para uma Biblioterapia dinâmica e são importantes para a
discussão da educação e conscientização do seu valor. Observe-se a
característica comum aos três tipos e discussão do material após a
leitura.
51
Figura 3
Características dos três tipos de Biblioterapia
INSTITUCIONAL
CLÍNICA DESENVOLVIMENTISTA
FORMATIVO Individual ou Grupo geralmente passivo
Grupo ativo, Voluntário e Involuntário
Grupo ativo
Grupo voluntário
CLIENTE Paciente médico ou psiquiátrico, prisioneiro ou cliente em prática privada
Pessoas com problemas emocional ou comportamental
Pessoa normal geralmente em situação de crise
CONTRATANTE
Sociedade Sociedade ou individual
Individual
TERAPÊUTICA Equipe médica ou bibliotecária
Médico, instrutor de saúde mental ou bibliotecário, geralmente em consulta
Bibliotecário, professor ou outros
MATERIAL USADO
Tradicionalmente didático
Literatura imaginativa
Literatura imaginativa e/ou didática
TÉCNCIA Discussão de material
Discussão de material, com ênfase nas visões e reações do cliente.
Discussão de material com ênfase nas visões e reações do cliente.
LOCAL Prática de instituição pública ou privada
Prática de instituição privada ou de comunidade
Comunidade
META Geralmente informativo, com alguma visão interna.
Visão interna e/ou mudança de comportamento
Comportamento normal e auto-realização
52
VI – OBJETIVOS DA BIBLIOTERAPIA
A Biblioterapia constitui assim um apoio à ação das pessoas
que estão interessadas na orientação de leitura e que não procuraram ou
podem não precisar de cuidados clínicos. Essa orientação consiste em
promover encontros efetivos entre pessoas e livros, e é tida como parte
da tarefa do programa educacional da biblioteca.
Há de se acrescentar que nem sempre os usuários reais ou
potenciais da Biblioteca têm hábitos bem estabelecidos de leitura, pois
vêm de cursos secundários com limitações comportamentais a este
respeito, como se pode comprovar a partir dos dados de LOPES(42).
Face a essas circunstâncias e às ponderações arroladas na parte
introdutória, aparecem formulados alguns objetivos da Biblioterapia
indicados a seguir.
BRYAN(15), apresenta uma lista de cinco objetivos: a) evidenciar
para o leitor que ele não é o primeiro a sentir o problema; b) fazer ver ao
leitor que existe mais de uma solução para o seu problema; c) ajudar o
leitor a ver os valores el1Yolvidos na sua experiência em termos
humanos; d) oferecer fatos necessários para a solução do seu problema;
e e) encorajar o leitor a encarar realisticamente o seu problema.
KENNETH(37), ao abordar o assunto, mostra qual tem sido a sua
preocupação, mencionando que a Biblioterapia pode SeI usada "como
meio de aquisição de informação e conhecimento sobre psicologia geral
e psicologia do comportamento humano; a leitura pode ser necessária
para capacitar o indivíduo a viver o tema "conhece-te a ti mesmo". A
leitura pode ser aconselhada para extroverter o paciente e aumentar seu
interesse por outra coisa fora de si próprio. Outros propósitos podem ser:
elevar o interesse e conhecimento de realidades externas ou efetuar um
fluxo controlado do processo inconsciente ou ainda oferecer
53
oportunidades para identificação e compensação. Seu objetivo final é
ajudar aos pacientes a viverem mais efetivamente.
Gottschalk ressalta, num trabalho de BEATTY(12) algumas
informações sobre a Biblioterapia, mencionando que a leitura prescrita
pode ajudar os pacientes a entenderem melhor suas próprias reações,
conflitos e frustrações psicológicas e fisiológicas. Por outro lado, pode
ajudar a estimular o paciente a pensar construtivamente entre as
entrevistas, possibilitando a auto-análise, amenizando futuras atitudes e
padrões de comportamento. E continua mostrando que a leitura reforça,
por percepções e exemplos, nossos padrões sociais e culturais, inibindo
padrões infantis de comportamento. Finalmente, enfoca a importância
que se deve dispensar à leitura porque ela, dessa maneira estimula a
imaginação, dando enorme satisfação ou alargando as áreas de
conhecimento. do paciente.
ALSTON(6), esclareceu alguns objetivos, destacandose os
seguintes: “O paciente encontrará coragem para entrar em terapia ou
discutir um problema particular depois de ler sobre determinado assunto”,
mostrando que os livros podem ser usados para ajudar os pacientes a
obterem maior compreensão. sobre seus problemas, adquirindo
linguagem e idéias que lhes permitem comunicarem esses problemas. A
leitura de livros pode ajudar o paciente no processo de socialização,
oferecendo algo que ele possa compartilhar, possibilitando a troca de
idéias com outras pessoas; geralmente, as pessoas podem encontrar no-
vos caminhos e atitudes através dos livros. Finalmente, existe um valor
terapêutico de bom relacionamento e diversão que pode ser encontrado
nos livros, embora não se tenha dado muito valor a isto.
Menninger citado por BEATTY(12), um dos pioneiros que
detalhou os benefícios da Biblioterapia, procurou dividí-los em
identificação, estímulo e gratificação narcisista. Mostra .como a
experiência de um livro pode ocasionar uma aberração de emoção,
alívio pelo reconhecimento de que outros têm problemas similiares, ou
54
projeção de suas características no caráter. Se o usuário é estimulado a
comparar suas idéias e valores com as do autor, isso pode resultar em
mudança de atitude. O autor também procura evidenciar que o leitor
pode alcançar gratificação narcisista, escapando de seus conflitos
através de fantasias, fazendo contato com a realidade, ou inquirindo
conhecimentos através de leitura didática.
55
VII – O BIBOIOTECÁRIO COMO BIBLIOTERAPEUTA
7.1 Biblioterapeuta: Revisão de Literatura
No ambiente de uma Biblioteca, uma figura-chave é a do
bibliotecário. Por esta razão, e considerando os objetivos desta pesquisa,
faz-se mister apresentar algumas reflexões sobre o papel do Biblio-
terapeuta.
A propósito, vale, mencionar a observação de HORNE(34), para
quem o livro é, ele mesmo, um terapeuta. Os livros podem ser
ferramentas valiosas e poderosas para a comunicação, quando prescritos
cuidadosamente para indivíduos que estão perturbados.
A leitura reflete as experiências humanas de todas as épocas e
lugares, e portanto, dá acesso aos registros de vidas, atitudes e
sentimentos. Por outro lado, vários mecanismos são postos em
funcionamento quando existe uma interação entre um leitor e um livro.
Um leitor pode identificar-se com um personagem ou com
experiências específicas num livro e ser capaz de purificar-se de
sentimentos ou pensamentos reprimidos. O leitor também pode ganhar
com a leitura, tomando-se capaz de recuar e aceitar a realidade mais
prontamente. Ao ler e aprender que um problema não é único, o
problema parece menos amendrontador. O leitor pode conseguir um
sentimento de universalidade, com a percepção de que não está sozinho
com seus problemas no mundo e de que pode também ajudar a reduzir
os sentimentos de inferioridade porventura existentes.
Constata-se que a leitura tem uma vantagem sobre a
comunicação humana direta porque não é tão intensiva como a palavra
falada. Um livro é Muito menos ameaçador, muito menos exigente, e
ainda assim pode oferecer muito no sentido de comunicar situações
humanas e permitir ao leitor aplicá-las à sua própria realidade.
Entretanto, faz-se mister afirmar que o bibliotecário não é um
56
anjo, servindo aos desafortunados doentes e nem uma figura autoritária e
ameaçadora. Ele é, ou deveria ser, um instrutor profissional
amadurecido, responsável, realizando competentemente uma tarefa
importante.
Estudos sobre a importância do bibliotecário foram apresentados
por Menninger, no artigo de HORNE(34), delineando as possibilidades
tanto do médico como do bibliotecário no programa de tratamento. Ao
médico caberia a responsabilidade de indicar o conteúdo da
biblioteca, elaborar uma lista semanal de leituras determinadas para os
pacientes, registrar seus hábitos de leitura, e manter discussões com o
paciente sobre leituras terapêuticas. Ao bibliotecário seriam delegados: a
mecânica de aquisição, manutenção e distribuição de livros; o conheci-
mento pessoal dos livros emprestados aos pacientes; as entrevistas com
os pacientes a respeito de reações às leituras prescritas; os relatórios
sobre êxitos de comentários dos pacientes com relação às leituras.
ALSTON(6), dividiu as responsabilidades do médico e do
bibliotecário na Biblioterapia da seguinte maneira: o médico deveria
saber o que esperava alcançar com a leitura prescrita, sumarizar os
mecanismos psicológicos básicos do paciente e indicar que tipo de
leitura seria de beneficio e qual outro seria indicado para o paciente. Aos
bibliotecários caberia a elaboração de uma lista do material comumente
usado em Biblioterapia, conhecimentos de enredos e problemas tratados
na literatura e .disposição de observar inteligentemente e avaliar as
reações do paciente e/ou as mudanças de comportamento.
O papel do bibliotecário, como foi descrito por Menninger em
Alston, é o que HANNINGAN(32), consideraria o de um farmacêutico,
conforme explícita. Nele, o bibliotecário preenche as ordens do médico
sobre livros prescritos, com certa responsabilidade em sugerir leituras e
discussões com os pacientes. Os médicos não estão mais se
preocupando com a Biblioterapia, ficando na dependência de que o
bibliotecário se tome mais que um farmacêutico, que seja um
57
biblioterapeuta.
Outra estratégia a destacar está condicionada à pergunta: os
bibliotecários estão equipados para fazer Biblioterapia, tanto implícita
como explícita? Alguns deles podem ser bons terapeutas, mas esta é
uma área um tanto negligenciada pelas Escolas de Biblioteconomia. No
futuro, a educação continuada dos bibliotecários deverá dar oportunidade
aos estudantes de considerarem e discutirem livros em situações
interpessoais nas quais relacionamentos de ajuda sejam possíveis. Onde
estão os cursos substanciais disponíveis devotados à orientação de
leitura de adultos, sem falar em um curso substancial de Biblioterapia? A
educação de alguns bibliotecários deveria incluir também cursos
avançados em Psicologia e Literatura.
Toma-se oportuno ainda enfatizar que em 1955, na Conferência
de verão, dos Estados Unidos Me. Daniel citado por TEWS(70), disse
algumas palavras de conselhos e encorajamento aos bibliotecários, as
quais até hoje perduram:
Se o fator e o espírito de trabalho de equipe estão presentes, o bibliotecátio pode tornar-se um membro realmente influente na equipe. Basicamente um educador, o bibliotecário não pode esquecer que a própria educação e a dos outros é um processo contínuo e lento. É fácil, quando imbuídos do nosso trabalho, construirmos um mundo ao redor dele.Entusiasmo é uma das mais caras e produtivas características humanas. Mas a perspectiva tambem é um dos grandes valores humanos. A história nos ensina. O coração também é freqüentemente um instrutor generoso e sábio. O uso de tudo isso favorece o alcance da perspectiva, que, é claro, está vendo o relacionamento das partes entre si e com o todo.
58
7.2 O Biblioterapeuta: Educação e Treinamento
A crescente importância da Biblioterapia na vida diária pode ser
comprovada como um comportamento complexo, de grande importância
social, já reconhecido e utilizado por muitas profissões. Conforme
referências feitas anteriormente, reconhece-se a necessidade de novas
disciplinas no currículo do futuro biblioterapeuta. Nesta parte, será feita
uma breve apresentação da necessidade de um programa de treinamento
especial incluindo aspectos de Biblioteconomia, Psicologia, Literatura e
Aconselhamento.
KINNEY(38) especialista em Biblioteconomia institucional já em
1962, solicitava educação especial para o biblioterapeuta. No seu artigo
THE BIBLIOTHERAPY PROGRAM: REQUlRElMIENTS FOR TRAINING,
identifica as seguintes qualidades ideais para um biblioterapeuta: esta-
bilidade emocional, bem-estar físico, qualidades especiais, caráter e a
personalidade necessária para um trabalho com pessoas. Bem sucedido,
o biblioterapeuta deverá entender a meta desejada em cada ocasião,
aceitar a responsabilidade pela ação tomada e ser capaz de assumir
autoridade, quando for necessário. A autora vai mais além, enfatizando
que é imperativo reconhecer e controlar preconceitos pessoais, ser
receptivo à nova aprendizagem, dirigir e canalizar sentimentos pessoais,
de maneira a não impedir sua ajuda a outros. Como biblioterapeuta,
precisa assumir responsabilidade pela seleção de material de leitura; suas
seleções deveriam ser baseadas na compreensão de causa e efeito, pois
se vinculam a fatores físicos, emocionais e culturais relacionados com o
leitor. Ser compreensivo quando uma pessoa fala e o outro escuta é de
importância primordial para alguém submetido a essa modalidade da
Biblioteconomia. A autora também inclui na sua lista de critérios para um
bom biblioterapeuta, pelo menos, uma dúzia de outras habilidades e
características importantes.
Buscando as qualificações dos biblioterapeutas, RONGIONE(60),
uma década mais tarde, apresentou uma outra lista de critérios, bastante
59
significativa no CATHOLICLIBRARY W.ORLD, no artigo ''Biblioterapy: its
nature and uses”. Rongione destaca: estabilidade emocional, disposição
para reconhecer infortúnios de outros e habilidade em oferecer ajuda, um
bom ajustamento psicológico, habilidade em cooperar com outros. Numa
equipe de terapia deve haver o respeito aos desejos e direitos do leitor,
disposição para aceitar responsabilidades, tolerância, habilidade em ser
objetivo e não ser influenciado pelos preconceitos pessoais; habilidade de
dirigir outros, desejo de aprender, liberdade relativa com relação aos seus
próprios problemas, alegria, alto grau de perspicácia e sensibilidade,
paciência, julgamento maduro, habilidade em comunicar-se claramente e
em ser um bom ouvinte, poder de observação inteligente e flexibilidade;
possuir o tipo de mente que organiza bem os fatos; ter competência de
instruir e habilidade em canalizar sentimentos pessoais; possuir discerni-
mento e profundo interesse por outras pessoas como indivíduos.
Certamente, como descreveram KINNEY(38) e RONGIONE(60), o
biblioterapeuta deve ser uma pessoa 'muito boa para ser verdade”, um
bibliotecário perfeito e instrutor da saúde mental.
Pode-se fazer também referência ao Workshop sobre Biblioterapia
e Saúde mental, realizado em 1964, patrocinado pela Association of
Hospital and Institution Libraries of the American Association, fundada
pelo National institute of Mental Health e que favorecia um estudo
interdisciplinar. Psicólogos, psiquiatras, bibliotecários, terapeutas
educacionais, um terapeuta de atividade, um instrutor social e um
educador de enfermagem estiveram representados no programa. Os
dados mostraram que a Biblioterapia não pertence apenas a uma
profissão e que se motivado, profissionais treinados em vários campos
podem ser bons biblioterapeutas. Discutiu-se também o termo
Bibliotecário Clínico'" que foi considerado inaceitável porque a designação
implicaria em que o bibliotecário por atitude, treinamento e experiência
estaria qualificado para participar dos cuidados de reabilitação
terapêuticas e paliativas de indivíduos em hospitais e instituições, embora
não existisse, para tanto, nenhum programa de treinamento profissional.
60
Nesse tempo, o termo Bibliotecário Clínico" estava sendo usado para
designar bibliotecários de hospitais que faziam rondas médicas para
oferecer informações apropriadas aos membros da equipe médica.
Após estas considerações, pode-se agora voltar à atenção para o
fato de que, nos últimos anos, o termo Biblioterapeuta vem sendo
contestado por bibliotecários, por motivo de 'suas bases profissionais e
porque as exigências de treinamento ainda não estão claras. Na verdade,
as pesquisas citadas e as considerações feitas evidenciam que ainda tem
havido poucas oportunidades para treinamento e educação em
Biblioterapia.
Dentro desse posicionamento KINNEY(38), no seu artigo clássico
sobre Educação do biblioterapeuta lembra que "o biblioterapeuta é
primeiramente um bibliotecário que vai mais adiante no campo da
orientação da leitura toma-se um profissional especializado: A autora
descreve um modelo de treinamento para o biblioterapeuta começando a
nível de graduação. O estudante precisaria de um curso básico de
Biblioteconomia, de experiência de trabalho numa biblioteca e de um
grande conhecimento de literatura. Ela também ressalta a necessidade de
se estudar os princípios e técnicas de Psicologia porque o terapeuta deve
avaliar o significado emocional das reações do cliente, relacionando a
leitura com as suas necessidades e tornando válidas as interpretações de
suas reações. Além de Kiney, outros fizeram afirmações no mesmo
sentido. Enfatizaram a necessidade de um campo de serviço de
treinamento sobre Biblioterapia. E o treinamento interno que tem sido um
sucesso na Medicina, na Psicologia, em Serviço Social, poderá sê-lo
igualmente na Biblioterapia. nenhuma atividade da leitura, mesmo em
quantidade, pode substituir a experiência de se ver outro profissional
trabalhar, quando se tem a oportunidade de observar os padrões de
comportamento e experimentar as qualidades aprendidas.
A propósito do assunto, TEWS(70), afirma: “A arte de
Biblioterapia não pode ser ensinada; as qualidades dentro da arte
depende da prática e não de preceitos. Nós adquirimos conhecimento
61
profissional através do estudo, mas a Biblioterapia, é uma arte, deve ser
aprendida por experiência': Na sua descrição sobre um curso de
treinamento ideal de Biblioterapia, ela aponta que o trabalho de campo,
juntamente com cursos de Psicologia, de Dinâmica de grupo, de
Linguagem e outros, servirão ao bibliotecário de várias maneiras. Isso
possibilita a oferta de profissionais qualificados e auto- confiantes.
Parece relevante destacar que, enquanto esses programas ideais
e as possibilidades futuras estavam sendo discutidas nos Estados
Unidos, um Repúlica da Rússia estabeleceu um centro para pesquisa e
treinamento em Biblioterapia. Realmente, a Revista lnternacional de
Bibliotecas relata que, em 1962, o Instituto Ucraniano para Educação
Médica estabeleceu uma coordenação de Biblioterapia com a
Psicoterapia, a Psicohigiene e a Psicoprofilaxia. Embora os Estados
Unidos não tenha tal coordenação de serviços e treinamento para
biblioterapeutas, cursos sobre Biblioterapia têm sido oferecidos
ocasionalmente em várias partes do País.
E evidente que não há certificados especiais para o
Biblioterapeuta e, neste sentido, é particularmente importante afirmar que
muitas questões básicas permanecem sem respostas. Levando-se em
conta as referências anteriormente feitas, indagar-se-á: o que deveria ser
ensinado? A quem e por quem ainda precisam ser decididos? Os
esforços feitos nessa direção tem sido individuais. Certamente, as
Universidades e as Bibliotecas Escolares deveriam ter papéis mais ativos
na oferta de cursos de Biblioterapia. Por enquanto, não se tem conheci-
mento de agências para BiblioterapÍt1. que possam fornecer certificados,
nem nos Estados Unidos, nem no Brasil.
Outro elemento a considerar nos Estados Unidos, diz respeito a
existência do Biblioterapeuta I e do Biblioterapeuta II, no município de
Santa Clara, Califórnia. No cargo original, Biblioterapeuta I precisava de
Bacharelado em Artes (BA), com curso superior em Psicologia ou
Humanidades e seis meses de experiência em trabalho de saúde mental.
O Biblioterapeuta II precisava, além disso, do mestrado e de dois anos de
62
experiência em Biblioterapia. Cabe ainda lembrar que os requisitos para
emprego do Biblioterapeuta incluíam o Bacharelado em Artes (BA) ou seu
equivalente em Psicologia ou Orientação e experiência no trabalho com
pessoas emocionalmente perturbadas. Também se requeria
conhecimento de material de referência bibliográfica, literatura e técnicas
de liderança de grupo.
Em tal contexto, seria recomendável lembrar que as qualificações
do Biblioterapeuta II eram parecidas, mas também incluíam qualidades de
supervisão e habilidade para treinar o Biblioterapeuta L Ao longo da
discussão, percebe-se que, no presente, o Biblioterapeuta I é graduado
em Psicologia e o Biblioterapeuta II tem o BA em Inglês e Psicologia e o
Mestrado em Biblioteconomia.
Entretanto, os estudos sobre os tipos da Biblioterapia apresenta,
na Biblioterapia Institucional, uma Biblioterapia com clientes individuais
que tenham sido institucionalizados pela sociedade ou que sejam
pacientes, da prática privada da Psiquiatria ou da Psicologia. O
Biblioterapeuta institucional necessitaria de um passado educativo
extenso e de mais experiência, por causa da natureza do cliente e do
ambiente em que ele trabalhará. Freqüentemente, a Biblioterapia
lnstitucional é conduzida por uma equipe; nesse caso, nenhum dos
membros precisaria ter, individualmente, as qualidades que a equipe
requer.
Recomenda-se nos Estados Unidos atenção especial para um
biblioterapeuta que venha a trabalhar sozinho. Ele deveria preencher os
requisitos abaixo mencionados.
a) ter o PHD em Ciências do Comportamento, ou Bibliote conomia,
Orientação Psicológica ou Enfermagem. Além disso, cursos de
Psicologia Clínica, Literatura e de Biblioteconomia se fosse o caso;
b) ter um ano de experiência trabalhando meio expediente em
Biblioterapia Clínica e um ano de Biblioterapia Institucional;
c) ter experiência de um ano trabalhando tempo integral em uma área de
Saúde Mental, Biblioteconomia ou Enfermagem;
63
Com referência ao Terapeuta Institucional, trabalhando como
membro de uma equipe ele deveria ter:
a) Mestrado de Biblioteconomia ou de Artes (M.L.S ou M.A.), em Ciência
do Comportamento ou Enfermagem. Além disso um número
estabelecido de requisitos interdisciplinares;
b) um ano de experiência trabalhando meio expediente como
Biblioterapeuta, numa situação clínica ou desenvolvimental;
c) um ano de experiência trabalhando tempo integral em outra área da
Biblioteconomia, da Saúde Mental ou da Enfermagem;
Pode-se agora voltar para o segundo tipo de Biblioterapia, a
Clínica. Conforme Hynes citado por RUBIN(63), no seu programa, há o
melhor treinamento para este tipo de trabalho, mas existe poucas
oportunidades para tal treinamento, como modelo alternativo é oferecido,
nos Estados Unidos:
a) Mestrado em Biblioteconomia ou em Artes (M.L.S ou M.A.) em Ciência
do Comportamento, Enfermagem, Orientação e Educação. Além disso,
um número estabelecido de cursos exigidos em outros campos, ou o
Bacharelado de Artes (BA) em outras áreas, com experiência equivalente.
Finalmente chegamos ao terceiro tipo de Biblioterapia, a
Desenvolvimental,, referida como Biblioterapia de Grupo, com adultos e
crianças normais que pretendem entender melhor a si e a seus
problemas. Como requisitos eram propostos:
a) M.L.S. ou BA em Educação, Orientação Psicológica ou Educação, além
de cursos em Biblioteconomia, Psicologia e Literatura;
b) um ano, tempo integral, como Professor orientador ou Bibliotecário;
c) um ano de experiência, meio expediente, como Biblioterapeuta, sob
supervisão;
d) um ano de experiência, trabalhando tempo integral, em outro aspecto
da Ciência da Saúde Mental, Educação ou Enfermagem.
Isto seria a síntese, em te11llOS de requisitos curriculares para o
fornecimento de certificados vinculados à Biblioterapia, a partir de cursos
ministrados na Universidade. Considerando estes fatos, parece relevante
64
destacar que os modelos de certificados recomendados neste capítulo
são apenas sugestões que poderão evocar reações e discussões sobre
uma preocupação que vem surgindo nos últimos anos nos Estados
Unidos.
Muitas investigações vêm indicando que a Biblioterapia tem uma
longa história de desenvolvimento e crescimento. Os anos 30 tipificam o
surgimento de interesse pela área. Entretanto, um grande número de
pesquisas precisa ser feito, no tocante a teoria e aos métodos da
Biblioterapia.
Certificados para os que a praticam, uma Associação
independente de Biblioterapia e uma Associação interdisciplinar são
também necessidades urgentes neste momento, para que as muitas
pessoas que manifestam interesse pela Biblioterapia possam trabalhar de
modo cooperativo para unificar essa abordagem especial, ligada tanto à
literatura quanto à Saúde Mental.
65
VIII - PROPOSTA PARA IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE BIBLIOTERAPIA PARA PORTADORES DE
DEFICIÊNCIA VISUAL EM BIBLIOTECAS PÚBLICAS.
8.1 – lntrodução à Problemática dos Bibliotecários
Uma parte significativa da população mundial (entre 10 e 15%)
é portadora de deficiências sensoriais, ou mentais que limitam sua
capacidade de beneficiar da educação normal. Essas pessoas precisam
de uma educação adequada a suas possibilidades, aptidões e
necessidades uma "educação especial", como se costuma chamar que
lhes permita desenvolver suas potencialidades a fim de se tornarem
membros de pleno direito da sociedade a que pertencem e alcançarem o
desenvolvimento pessoal que lhes proporcione meios de serem
independentes.
Verifica-se que a educação especial é então o elemento
educacional do processo de reabilitação necessária a todos os que
experimentam ou podem experimentar grandes e sucessivas dificuldades
para aprender e para aproveitarem as oportunidades oferecidas às
demais pessoas pela educação normal.
Cumpre dizer que a UNESCO sempre demonstrou interesse
especial quanto à educação dos deficientes, o que ficou evidenciado na
14ª reunião da Conferência Geral (1966), quando o diretor-geral foi
autorizado a "preparar um programa de educação especial para crianças
e jovens deficientes, com base em contribuições voluntárias dos Estados-
Membros”. Desde então, e especialmente na última década, têm sido
alcançados importantes progressos em técnicas educacionais, sendo
introduzidas consideráveis inovações no campo da educação especial;
mesmo assim, descobriu-se que ainda pode ser feito pelas escolas
deficientes muito mais do que se imaginava a princípio. Muitos desses
progressos técnicos podem ser adaptados às necessidades dos países
em desenvolvimento, cujos recursos em matéria de instalações e pessoal
66
são limitados.
Em sua 203 reunião, realizada em outubro-novembro de 1978, a
Conferência Geral da UNESCO pediu ao diretor geral que preparasse,
com a assessoria de especialista de diversos países, um programa global
destinado a consolidar o direito de todos os deficientes a uma educação
adequada às suas necessidades e aspirações.
O primeiro passo nesse sentido foi a convocação de uma reunião
internacional sobre educação especial, à qual compareceram
especialistas de 14 países, e que se realizou na sede da UNESCO em
Paris, em outubro de 1979. Os especialista redigiram. uma declaração de
princípios que deveriam guiar o programa da UNESCO.
Reiterando o direito de todas as crianças à educação, os
especialistas declararam que os fins e metas dela são essencialmente os
mesmos para todas as crianças, adolescentes e adultos, mesmo quando
as técnicas necessárias ao progresso individual de algumas possam
diferir. Algumas crianças, adolescentes e adultos requerem modificações
substanciais no programa educacional, enquanto as necessidades de
outras podem ser atendidas com modificações menos profundas. Os
recursos educacionais para os deficientes deveriam ser comparáveis aos
que existem para os demais estudantes e adequados a suas
necessidades especiais, que costumam ser preteridas.
Os especialista da UNESCO assinalaram que, embora os programas de
educação especial acarretam necessariamente gastos adicionais e os
países já se vejam a braços com o problema da insuficiência de recursos
para a realização de seus objetivos, maiores ainda seriam os gastos
ocasionados pela falta de diagnósticos precoces e de educação das
crianças, adolescentes e adultos deficientes, assim como pela sua ulterior
formação e integração na "ida atino Os estudos sobre os programas de
reabilitação e de educação no mundo inteiro demonstram que as
vantagens econômicas que deles se podem tirar em termos de
produtividade, pagamento de impostos pelos deficientes e redução dos
serviços de assistência social e de pensões por invalidez que são maiores
67
do que os gastos. O fato de não se oferecerem aos deficientes oportuni-
dades de educação e de formação comparáveis aos serviços prestados
ao resto da população, por se considerar o problema secundário,
acarretou mais tarde a elaboração de onerosos programas de ajuda a
essas pessoas. Portanto, seria conveniente que os países em
desenvolvimento levassem em conta essa experiência ao formular novas
políticas em matéria de educação.
Não obstante, os especialistas concordaram em que os serviços de
educação especial deveriam ser organizados de maneira a satisfazerem
às necessidades ele cada indivíduo e conduzirem a metas claramente
estabelecidas nos programas de estudos e a objetivos de curto prazo.
Estes, devem ser revistos regulamente, a fim de serem feitas as
correções necessárias. Finalmente, a educação especial deveria oferecer
uma série de opções proporcionais às necessidades particulares de
qualquer comunidade.
Os especialistas também têm se preocupado com a problemática
de integração dos deficientes do sistema de educação comum, e estudos
a curto e a longo prazo demonstraram que os progressos conseguidos
pelos deficientes educados em estabelecimento especial não são maiores
do que os obtidos pelo que freqüentaram classes normais. As classes ou
escolas especiais inclinam-se, desde o início, para uma substimação da
capacidade dos alunos o que reduz as oportunidades deles, levando-os a
se adaptarem a essa apreciação pessimista
A propósito a Primeira Conferência lnternacional sobre Legislação
referente a Incapacitados, organizada pela Reabilitação lnternacional em
Roma, em 1971, concluiu que:
“os governos devem aceitar a responsabilidade maior e desempenhar papel principal na criação e desenvolvimento de serviços de reabilitação para todos os portadores de incapacidades físicas e mentais”
68
Complementando, diz ainda:
“deve ser dada educação gratuita à pessoa
ou a sua família”.
Convém enfatizar outro aspecto importante da nossa análise, qual
seja,.o de que serviços de educação especial só podem alcançar seus
objetivos quando são utilizados. E lamentável verificar que, mesmo hoje,
muitos pais relutam em admitir que têm um filho incapacitado ou
retardado. Outros ignoram a existência de serviços de educação
especializada, ou duvidam da conveniência de dei..'{ar que seu filho
abandone a proteção que encontra no lar, ou em uma instituição. E esta é
precisamente um'a função importante da comunidade e de suas
organizações: localizar essas crianças e suas famílias, convencê-Ias a
tirarem proveito das oportunidades educacionais e ajudá-Ias nisso. Essas
funções serão grandemente facilitadas se forem desempenhadas em uma
atmosfera em que os componentes da comunidade estejam fazendo e
recebendo benefícios e em que haja participação da comunidade.
Hoje em dia o país vive um dos momentos mais importantes de
sua história e vem buscando estimular um processo de modernização
sobre novas bases políticas que fortaleçam e consolidem a vida
democrática. Neste sentido, é relevante a idéia de promover a maior auto-
realização dos indivíduos, na qual a elevação do nível educativo-cultural
apareça como fundamento essencial na renovação proposta para toda a
sociedade. As mudanças esperadas deverão se apoiar em excelentes
bases de informação e canais de comunicação, como formas definidas
para concretizar tais objetivos num futuro imediato. Esforços
governamentais vêm sendo dispensados no sentido de otimizar a
máquina administrativa do Estado, atualizando-a, sem no entanto,
menosprezar a diretriz básica de racionalidade nas decisões.
Tanto na educação, como no desenvolvimento da cultura,
69
identificam-se grandes limitações que desafiam as expectativas
governamentais da sociedade. Particularmente no caso da educação, as
deficiências observadas exigem providências urgentes através de ações
que criem realmente uma nova situação educativa. ?\ a \'erdade, uma
concepção democrática de Estado propõe a garantia de oportunidades a
todos os cidadãos, no que se refere ao acesso à informação, como
elemento indispensável ao seu aprimoramento pessoal, e conseqüente
desenvolvimento na sociedade.
Os grandes desníveis econômicos entre as nações têm sido um
dos maiores obstáculos para se atingir a complementação mais rápida de
programas específicos, que venham atender a uma população de
deficientes e que alcança atualmente a espantosa e brutal cifra de 500
milhões de pessoas no mundo atual. Segundo a Organização Mundial da
Saúde 350 milhões destes seres humanos estão sem qualquer tipo de
atendimento.
Com base nessa fundamentação, se analisarmos a questão da
Biblioteca Pública, não podemos deixar de verificar seus reflexos em todo
o contexto social, econômico, político e cultural de nossa sociedade. No
Brasil, percebe-se que todos os aspectos sociais e culturais estão
vinculados à política econômica do governo. Porém, é inegável que o tipo
de prestação de serviços na área das Bibliotecas Públicas é missão
indeclinável do Estado. E nas áreas em que se registrar uma maior
conscientização das autoridades, ocorrerá certamente um esforço
paralelo das Bibliotecas Públicas no sentido de melhor desempenharem
sua missão. E sua maior missão é cumprir o verdadeiro papel social de
uma Biblioteca dinâmica e útil, voltada para os anseios e interesses de
grande parte de nossa população, contribuindo para a solução dos
problemas sociais coordenando suas atividades com as de outras
instituições educativas, sociais e culturais. Daí a necessidade da
Biblioteca Pública do Estado em popularizar-se, e distribuir-se pela
comunidade, pois próxima do povo ela terá melhores condições de
acompanhar o seu desenvolvimento e suas mudanças, atuando junto às
70
associações de bairro, centros comunitários, entidades culturais,
buscando assim conhecer não só p seu usuário real, mas também todo o
seu usuário em potencial que, por desconhecimento, dei.xam de
reivindicar seus próprios direitos.
No Brasil, Sales citado por MIRANDA(48), nos ensina que:
"A Biblioteca Pública, como núcleo de irradiação cultural na comunidade, como agência de informação e pesquisa, como centro de aperfeiçoamento intelectual enfim, como meio por excelência de democratização da leitura e do conhecimento, assume papel de maior importância na vida de um país e na vida de um povo porque, à medida que o homem se realiza no saber e na cultura, melhor se entenderá com outros homens, e os outros povos, num mundo de trabalho construtivo, de prosperidade social, de liberdade e paz”.
É necessário enfatizar também que a UNESCO em seu "Manifesto
sobre a Biblioteca Pública", afirma que a Biblioteca, como instituição
democrática de educação, cultura e informação, deve atingir todas as
categorias da população, a partir de suas necessidades. Deverá oferecer
informação sob quaisquer formas, respondendo às demandas da
população.
Deverá proporcionar a todos o livre acesso aos registros do
conhecimento e das idéias do homem e às expressões de sua
imaginação criadora.(72)
Para finalizar essas considerações é importante termos sempre em
mente, as palavras de FOSKET(29), que tão bem traduzem a expressão
da verdade:
"Quando todas as lições do passado tiverem sido apreendidas e compreendidas, e tiverem sido levado em conta os objetivos e
71
as aspirações dos que produzem e dos que utilizam o conhecimento; quando as realizações tecnológicas tiverem sido dominadas e postas a serviço do – Homem -, e não o contrário; quando bibliotecários e técnicos de informação encararem o seu papel como o que proporciona ativamente a transferência do conhecimento, e também a custodia dos registros, teremos então planejado e construído uma organização que coordenará o esforço social em prol da consecução de um propósito socialmente válido”.
8.2 - Conceituacão de Biblioteca
O conceito tradicional de biblioteca, advindo de séculos passados
prendia-se à imagem de um organismo destinado à conservação de
documentos, exigência esta, nascida do próprio desenvolvimento
intelectual do Homem, que, num dado momento histórico, traduziu-se na
necessidade de transmitir a seus descendentes pensamentos e
experiências, não mais através das tradições orais, mas através dos
caracteres simbólicos da linguagem escrita. E se fizermos um esboço
histórico do papel do bibliotecário e de sua atuação junto ao meio sócio-
cultural, vamos encontrá-Io inicialmente nos antigos mosteiros e palácios,
onde se armazenava um acervo composto quase só de obras raras.
Entretanto, conforme nos revela CUNHA(24):
"a profissão de bibliotecário, que até o século XIX era representada por homens erruditos, de ciências, escritores e sobretudo, por grandes leitores, mudou muito ma imagem nos Últimos 70 anos. Assim, era comum representar o bibliotecário como homem silencioso, oculto entre as Pilhas de livros - muitas vezes com poeira secular - ranzinza quando perturbado por algum leitor. Essa imagem, quase caricatura!, representou lima época em que
72
a principal missão do bibliotecário era ser guardião do acervo existente na biblioteca. "
Constatando os novos horizontes que se descortinam a este profissional,
devemos levar em considerações que o bibliotecário atual, em sua função
social, necessita de educação, formação e conhecimentos relativos aos
mais variados campos do conhecimento humano, que lhe possibilitem o
conhecimento de problemas educativos, culturais e sociais pertinentes à
sua área de atuação o que implicará possibilidades de solução. Além
disso, e importante questionar o próprio conceito tradicional de biblioteca.
Essa imagem evoluiu através dos tempos, passando de mero depósito a
centro eminentemente social de difusão dos conhecimentos e da in-
formação.
Considerando os processos de mudanças, a Biblioteca Pública
deverá ser entendida como espaço de realização e socialização do
conhecimento, como lugar que mantém viva a memória de um povo; que
como espaço neutro serve assim de encontro de harmonização na
comunidade, aberto ao saber, sendo como ponto de um espaço, que
viabiliza o surgimento de uma nova sociedade.
8.3. Objetivos
8.3.1 – Objetivo Geral
Proporcionar à comunidade cega através da Biblioteca Pública, um
maior conhecimento de Biblioterapia, no sentido de lhes oferecer
subsídios para uma melhor solução de seus problemas e necessidades.
8.3.2 - Objetivos Específicos
a) Promover cursos, planos, programas e projetos dentro das
solicitações indicadas pelas Associações e Instituições de
73
deficientes visuais;
b) discutir, com base em documento preliminar, com os professores
da rede universitária, estadual e municipal, a possibilidade de
colaboração que cada um, dentro de sua área específica do
conhecimento, possa oferecer em tem trabalho de Biblioterapia
junto às escolas e universidades;
c) conscientizar o usuário cego das vantagens de utilização da
Biblioterapia como meio para o seu ajustamento psicossocial;
d) implantar um sistema de acompanhamento, controle avaliação do
programa nas instituições cegas e comunidades.
8.4 - Organização Básica de um Programa de Biblioterapia para
Portadores de deficiência Visual em Bibliotecas Públicas.
Esta proposta consiste na implantação de um programa de
Biblioterapia para deficientes visuais, veiculado pela Biblioteca Pública. E
quando o apresentamos, lembramos que, já por volta de 1960
ROBERTS(57) começou a usar livros sobre cegos para facilitar a
habituação à cegueira. c cesso básico de Biblioterapia que ele usou com
um estudante de Illinois em 1960 está sumarizado na citação de se
"Psychosocial Rehabilitation of the Blind."(59)
Levando-se em conta esse aspecto, poder-se-ia questionar que a
Biblioterapia deve ser usada para descrever um processo onde o cliente
lê materiais biográficos sobre cegos com o propósito de examinar a
situação de sua própria em vista do que ele irá ler. E nossa experiência
vem corroborar os efeitos benéficos de tal procedimento.
O material básico poderia incluir trabalhos em geral sobre a
cegueira. Se possível, é importante também e: livros que sejam de
interesse para o cego, em outras ire do tema cegueira. Por exemplo, a um
jovem que pretenda entrar para a escola superior, poderá ser dada a
tarefa uma autobiografia de outra pessoa sem visão que acabou de
terminar a escola superior. Um diretor de uma escola formal poderá estar
74
interessado na história de escolas residenciais para o cego. Por outro
lado, um funcionário da justiça poderia achar fascinante uma história
sobre um detetive cego. a instrutor de Biblioterapia poderá usar ainda
perguntas como as seguintes para ajudar os clientes a fazer
comparações e a delinear situação de vivência literária dos cegos.
a) o que você leu que foi encorajador e útil?
b) o que você leu que lhe foi mórbido' ou deprimente ou causou
desgosto?
c) que personagem do livro você achou mais parecido com você?
d) quais os problemas mais difíceis encarados pelos personagens
cegos nesse livro?
e) como os personagens cegos resolveram suas dificuldades?
f) quais eram os problemas mais difíceis vistos pelos seus
parentes e amigos e como eles resolveram seus problemas?
g) como é que a informação oriunda da leitura e da reflexão sobre
este livro sé aplica à sua própria situação?
Deste modo, pode-se, realmente, questionar
ROBERTS(57) de que: "ó livro certo na hora certa pode muitas
vezes acentuar o ajustamento à cegueira.
O leitor cego poderá se acalmar ao saber que outra pessoa cega
também se sentiu isolada, inútil e desinteressada pelos entes queridos,
durante o princípio do ajustamento. E um autor poderá formular os
sentimentos não-verbalizados dos clientes com relação à cegueira em
frases agudas e concisas - como quando um recém-cego expressou seus
sentimentos ao conselheiro, dizendo:
"Esta cegueira me faz sentir como se eu estivesse de volta à l’ infância. "
Geralmente o protagonista relatará experiências próprias com
cegueira que tendem a apresentar soluções potenciais para os problemas
do leitor. Nunca devemos, pois substimar a esperança de uma vida
75
construtiva e compensatória propiciada através de escritos realizados por
cegos que tiveram sucesso na vida.
Por outro lado para a seleção de materiais destinados à
Biblioterapia, dever-se considerar os seguintes critérios:
Referências de leitura do cliente cego;
a. nível educacional do leitor cego e a história de seu trabalho;
b. prognóstico sobre a condição visual do leitor cego;
c. natureza do problema de ajustamento encarado pelo leitor
cego;
d. o conselheiro biblioterapeuta deverá ter competência para
escolher o livro ou livros certos; deverá ter lido pessoalmente o
livro antes de prescrevê-Io, para fazer com que a biblioterapia
seja um sucesso. É bom lembrar que, se possível, é desejável
que o conselheiro escolha livros que sejam de interesse para o
cego, também em outras áreas fora do tema da cegueira.
Com referência ao material, observa-se que existe um número
crescente de livros descritivos, alguns já mencionados, os quais foram
oferecidos por professores de reabilitação e conselheiros biblioterapeutas.
Tais livros estão disponíveis para intercâmbio nos Estados Unidos, na
Division of Blind of Library of Congress, que oferece lista compreensiva
de biografias, autobiografias e trabalhos de ficção para cegos.
8.5 - Metodologia
Nesta parte, será inicialmente, apresentada a Metodologia para a
implantação de um programa de Biblioterapia em Bibliotecas Públicas,
organizada com a participação de cegos e onde serão observadas suas
necessidades informacionais e de leituras recreativas.
No planejamento e estruturação do projeto será organizada uma
equipe interdisciplinar que atuará nas instituições para que o cego possa
76
manifestar suas necessidades informacionais nos mais variados
aspectos, frente à sua problemática.
Numa outra etapa será necessário fazer a implantação de um
programa de leituras, cujas prioridades sejam as seguintes atividades:
a. Sessão .de leitura em grupo, de jornais e/ou revistas, tais como:
Visão, Veja.. Isto E, etc;
b. sessão de leitura de lazer, em grupo, com alunos que não
foram alfabetizados;
c. sessão de leitura de lazer, individual, com alunos que não foram
alfabetizados.
8.5.1 - Clientela
O programa de Biblioterapia das Biblioteqs Públicas atenderá a
clientela cega e a portadores de visão subnormal, técnicos e professores
de deficientes visuais.
8.5.2. Instalação
O espaço físico destinado a atender a clientela cega será as
dependências de Instituições para deficientes visuais e a Setores Braille
das Bibliotecas Públicas envolvidas no Programa. Deverão ter boa
ventilação e iluminação adequada, bem como uma cabine para gravações
de livros e revistas.
8.5.3 – Recursos Materiais
Os recursos materiais necessárias seriam basicamente:
a) Ambiente dispondo de uma sala com mesas confortáveis para
reunir a clientela cega, e demais profissionais nos programas
de Biblioterapia;
77
b) material documental selecionado pelo conselheiro, de acordo
com os problemas de cada deficiente visual;
c) equipamentos para atividades de lazer: jogos de raciocínio,
música, cantinho de leitura, comemorações de aniversários,
exposições culturais, gravações de histórias.
8.5.4 – Recursos Humanos
Para se conseguir êxito na instalação e desenvolvimento do
programa de Biblioterapia, necessário se faz contar com a participação de
assistentes sociais, psicólogos, educadores, etc.
Não se deve esquecer que os elementos imprescindíveis para a
operacionalização de um programa de Biblioterapia serão o Bibliotecário -
Biblioterapeuta e o Psicólogo.
8.5.5. Horário
O horário deverá ser flexível, atendendo sempre às condições da
clientela cega.
8.5.6 – Recursos Financeiros
Serão necessários recursos financeiros e apoio do Estado para
planejamento e execução dos programas de Biblioterapia junto às
Bibliotecas Pública.
8.5.7 - Avaliação
Para um bom desenvolvimento de um programa de leitura e
Biblioterapia é necessário que se estabeleçam canais de comunicação
entre coordenadores, executores e os diretamente beneficiados pelo
serviço. Esses canais de comunicação servirão tamb&m para a coleta de
78
informações que subsidiarão decisões futuras acerca de modificações
que mereçam ser efetuadas na operacionalização da Biblioterapia.
79
8.5.8 - Divulgação
Poderá ser feita através de canais de comunicação, tais como:
jornais, TV, boletim informativo, revista, reuniões e pelos portadores de
deficiências visuais.
80
IX- BIBLIOGRAFIA PROPOSTA PARA Utv1 PROGRAMA DE
BIBLIOTERAPIA ENVOLVENDO DEFICIENTES VISUAIS
ARAGÃO, Eduardo. Remoção de barreiras. Suplemento Pedagógico.. Belo Horizonte, Y. 8, n. 6-+, p. 2-+, fev. 1982. Número especial.
BORGES, José Paulo. Falando com o mundo. Folhetim, São Paulo, 25 jan. 1981. p. 1-+.
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81
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82
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