Biblia Do Jovem

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  • 7/30/2019 Biblia Do Jovem

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    ConheaaPal

    avradeDeus,

    reze

    comelaeav

    ivadecora

    o.

    "Dougraasa

    meuDeus,c

    ada

    vezquedev

    smelembro

    .

    emtodasas

    minhasora

    es,

    rezosempre

    comalegria

    por

    todosvs". Fl13-4

    De:

    Em:

    Com todo carinho para:

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    Pai bondoso, que me criou sua imagem e semelhana, s

    vezes me esqueo disso e minha vida perde o sentido. Permita-

    -me sempre sentir-me como seu filho predileto e gozar de seuamor, de seu perdo, de sua justia e de sua paz.

    Jesus, eu lhe agradeo porque voc me convida a ser seu ami-

    go. Insista em me dar o melhor e me ensine como consegui-lo.

    Quero responder ao convite que voc me faz, permitindo que

    guie a minha vida, me livre do pecado e me ajude a viver o reino

    de Deus.

    Esprito Santo, abra meu corao ao amor e me impulsione a

    compartilh-lo; d-me a fortaleza e a sabedoria de que necessi-

    to para seguir Jesus. Encha-me de seu fogo motivador e d-me

    a paz e a alegria que vm de cumprir a vontade de Deus.

    Amm.

    Entre em Orao

    Deus nos ama infinitamente e nos fala por meio de

    sua palavra escrita, para nos oferecer uma ami-zade profunda e doadora de vida. Seu Filho Jesus nos

    incorpora vida de Deus, como filhos seus, nos liberta

    do pecado, nos enche de amor, de alegria, de espe-

    rana e nos indica o caminho para o Pai. Seu Esprito

    nos guia, fortalece e ajuda a compartilhar com outros

    a grande ddiva do amor de Deus. Tudo isso acontece

    apenas com nossa aceitao livre e consciente.

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    Que a Sagrada Famliao acompanhe sempreem sua jornada

    de f, em especial

    ao refletir e ao rezarcom a Sagrada Escritura.

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    EDITORAAVE-MARIA

    Bbliacatlicadojovem

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    CartadoCardealPresidentedoCELAM

    ParaaBbliacatlicadoj

    ovem

    Queridojovem,

    Comamorsinceroefprofund

    aeulheescrevoestacartaem

    nomedeJesus,queocon-

    vidaareceberemseucora

    oaPalavravivificantedeDeu

    scomestaBbliadojovem,de

    sti-

    nadaavoceatodososjove

    ns.

    Vivaaaventuramaravilhosaesur

    preendentedeconheceraPa

    lavradeDeus,derezar

    comelaedeencontraraguavivaquesaciaasuase

    dedeDeuseseuanseiodefr

    aternida-

    de!ASagradaEscrituraum

    afonte inesgotvelquemantervivosefecundossua

    f,sua

    esperanaeseuamor;aPa

    lavradeDeusqueoanimaa

    construircomeleoreinodaver-

    dadeedavida,dasantidade

    edagraa,dajustia,doam

    oredapaz,essereinodeDe

    us

    quetantodesejamosemnoss

    otempo.

    Asintrodues,ilustraese

    apoiosdidticosiroajud-lo

    aconhecereamanuseara

    SagradaEscritura.Oscomen

    trioseosapoiospastoraisfa

    cilitaroqueaBoa-Novadas

    al-

    vaopenetreemseucora

    oevocseconvertaembo

    anotciaparatodososquee

    sto

    suavolta.

    PeaaoEspritoSantoqueabrasuamenteeseucora

    oparaque,aolererezaraP

    a-

    lavradoSenhor,suarelaoc

    omDeuscresaeaumente.R

    ecebaoamor,aaudcia,aalegria

    eoperdoqueJesusCristoq

    uercompartilharcomvoc.Es

    cutecomsuafamliaeseusa

    mi-

    gosochamadodeJesusaser

    discpulaoudiscpuloseu,a

    carregarcomelesuacruz,as

    er

    profetaeapstolaouapostolo

    daesperana,quecolabora

    comeleparaevangelizareas

    sim

    convidarmuitosjovensaperco

    rreroscaminhosdoEvangelho

    .

    RecordeopedidodoBeatoJo

    oPauloII,oPapadajuventu

    de,paraqueemnossaque-

    ridaAmricarealizemosumaN

    ovaEvangelizao,marcadap

    orumnovoardor,novosmto

    -

    dosenovasexpresses.As

    sim,useestaBbliacomoumi

    nstrumentoparaquevocseja

    sal

    daterraeluzdomundoepossalevaroEvangelhoata

    ntosjovensque,conscienteo

    uin-

    conscientemente,tmsedede

    experimentaroamorlibertadordeJesusesestoespera

    ndo

    quealgumcompartilheesse

    amorcomeles.

    Emuniocommeusirmosb

    isposdaAmricaLatina,pe

    oaMaria,nossame,queo

    acompanheaousarestaBbli

    aparaqueDeusfaaemvoc

    maravilhas,esuaPalavrase

    ja

    fontedevidaeternaparavoc

    epormeiodevocpara

    muitosoutrosjovens.

    SeuirmoemCristooabenoa

    decorao,

    FranciscoJavierErr

    zunzOssa

    CardealArcebispodeSantiagodoChile

    Bogot,30deoutubrode200

    4.

    CONSELHOEPISCOPALLATIN

    O-AMERICANO

    PRESIDNCIA

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    Queridojovem,

    umgrandeprazersaberqu

    evoctememmosaBblia

    dojovem.PormeiodesuaPa-

    lavra,Deusdizqueoamamu

    itoequeJesusdesejaquevo

    ccompartilheseuamorcom

    as

    pessoascomasquaisconvive.

    ConformevocmeditaaPalav

    radeDeusefazsuaamensag

    emdoSenhor,suavidamu-

    dar,seucompromissocom

    Cristorenovarevocexperim

    entarumaalegriaprofunda.

    As-

    sim,poucoapouco,irserea

    lizaroquedisseoprprioJes

    us:[...]vimparavosdarvida

    ,e

    vidaemabundncia(cf.Jo10

    ,10).

    PedimosaoEspritoSantoque

    oguieemtudooquevocfaz

    ,paraqueseucoraoesua

    menteestejamabertosauma

    amizadeprofundacomCristor

    essuscitado.AoescutaraPala

    vra

    deDeusemclimadeorao

    ,vocencontrarpazealegri

    a,suafcresceresuavozs

    er

    fontedeesperanaparaaspe

    ssoasaseuredor.Vocseguir

    Jesusmaisdeperto,seconv

    er-

    teremseuapstoloentreseusamigo

    se,ao longodesuavida,ser

    PalavradeDeusviva

    pelosseusatosepalavras.

    Estaediofoipreparadacom

    muitocarinho.Suasintrodu

    es,comentrioseilustraes

    foramdesenvolvidospensand

    oemvoc;iroajud-loacon

    heceraPalavradeDeus,are

    zar

    comelaeaviv-ladecorao

    .

    PedimosVirgemMaria,me

    daIgreja,queoacompanheno

    seudilogocomDeus.Como

    me,elareneosjovensemt

    ornodeJesus,queosespera

    debraosabertos.

    EstaBbliaseruminstrument

    opoderosoparaaNovaEvan

    gelizaodetodaaAmrica.

    Que,aorefletire

    exercitaraSagradaEscritura,

    Deusoabenoeemnomedo

    Pai,doFilhoedo

    EspritoSanto.

    AfetuosamenteemCristoJesu

    s,

    StephenE.Blaire,D.D.

    BispodeStockton,Califrnia

    OutorgadordaPermissoEcle

    sistica

    CarlosA.Sevilla,S.J.

    BispodeYakima,Was

    hington

    PresidentedoInstituto

    FeVida

    12deoutubrode2004

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    Desde os fins do sculo XX, o Papa Joo Paulo II insistentemente pediu querealizemos uma Nova Evangelizao no Continente Americano, e que tra-balhemos unidos nos pases da Amrica.

    No ano 2000 publicou-se nos Estados Unidos The Catholic Youth Biblepara

    a juventude de lngua inglesa. Mais tarde o Instituto Fe y Vida publicou uma

    verso dessa Bblia em espanhol. Em esprito de unidade, agora colocamos a

    verso em portugus nas mos do povo jovem de lngua portuguesa, para

    ajud-lo a saciar sua grande sede de Deus e para que lhe sirva como instru-

    mento evangelizador.

    Com a leitura da Palavra de Deus voc aprofundar o conhecimento a respei-

    to do amor de Deus por voc e por toda a humanidade e verificar que Deusconta com voc, para anunciar a Boa-Nova da sua mensagem que se realiza

    plenamente em Jesus Cristo.

    Jesus, Voc e a Bblia do Jovem

    Jesus o espera com os braos abertos para o acompanhar medida que se familiariza coma Palavra de Deus, de modo que ele lhe entregue seu amor e voc possa assim dar sentido suavida, enfrentando com esperana os desafios do caminho e transformando suas angstias em paz.

    Jesus viveu e morreu para lhe dar vida nova: ele dedicou toda a sua vida a fazer presente oreino de Deus nos coraes das pessoas, em suas relaes interpessoais e em suas instituiessociais, promoveu o amor, a justia e a paz.

    Jesus a revelao plena de Deus: nele se cumpriram as profecias do Antigo Testamen-to, estabeleceu-se a Nova Aliana com Deus e toda a criao dar glria a Deus no final dostempos.

    Jesus formou uma comunidade de discpulos e apstolos: recomendou-lhes que continuassemsua misso, fazendo o mesmo que ele fez: proclamando o amor de Deus com o testemunho desua vida inteira, seus ensinamentos e suas aes misericordiosas, sobretudo com os mais pobrese vulnerveis.

    Jesus o escolheu para que leve seu amor a outros jovens:Jesus ressuscitado caminhapara outros jovens com seus ps, os ama com seu corao, lhes fala por sua boca, os atende comsuas mos... Continua sua misso hoje em dia atravs de jovens que se deixam amar para trans-mitir seu amor aos outros.

    ConheaJesuspormeiod

    aSagradaEscritura,

    abra-seaseuamor,paraqueEle

    lhed

    novavidaeoleveaoutrosjovensque

    anseiamporseuamorlib

    ertador!

    Equipeeditorial

    10

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    Seja BEM-VINDA

    A BBLIA DO JOVEM DEDICADA ESPECIALMENTE A VOC

    A Bblia do jovemfoi preparada com todo o carinho pa-

    ra que a Palavra de Deus chegue a seu corao e reno-

    ve, completa e profundamente, sua vida desde o mais

    ntimo do seu ser. A Palavra de Deus para todos:

    para os que tm pouca f, para os que esto cheios dedvidas, para os que buscam como seguir fielmente a

    Jesus e para aqueles a quem Deus pediu ajuda para

    pastorear sua Igreja.

    A BBLIA DO JOVEM: traz o amor salvador de Deus para sua vida; abre seu corao ao amor, justia e paz de Deus;

    dirige sua vida com os valores do Evangelho; coloca a Palavra de Deus ao seu alcance; aplica a Boa-Nova cultura juvenil.

    A BBLIA DO JOVEMajuda voc a: experimentar a bondade e a misericrdia de Deus ao rezar com a Sagrada Escritura; obter uma resposta crist sua busca da verdade; adquirir os fundamentos para dar um sentido cristo sua vida;

    escutar o chamado de Deus para colaborar na obra redentora de Jesus; fortificar sua identidade catlica ao relacionar suas crenas e prticas religiosascom a Bblia.

    A BBLIA DO JOVEMoferece: um critrio de vida e um caminho para Deus; um encontro com Jesus, porque a ignorncia da Sagrada Escritura ignorncia de

    Cristo (So Jernimo);

    um instrumento para compreender a mensagem da Bblia e relacion-la com suavida diria; um meio excepcional para compartilhar o Evangelho com seus amigos; um guia de interpretao bblica segundo o Magistrio da Igreja Catlica.

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    Bblia do jovem

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    Contedo

    Caderno inicialSmbolo e acolhida 11

    Comentrios para conhecer, rezare viver a Palavra de Deus 14

    Comentrios para fortalecer aidentidade catlica 16

    Apoios didticos e pastorais 18ndices 21

    Guia para manusear a Bblia 22

    Livros e abreviaturas bblicas 23Por que uma Bblia do jovem? 25Desenvolvimento e caractersticas da

    Bblia do jovem 26Perguntas e respostas sobre a Bblia 30Como estudar e compreender a Bblia 35Como rezar com a Palavra de Deus 37

    Antigo TestamentoO mundo do Antigo Testamento 45

    Pentateuco

    Introduo 61Gnesis 63xodo 121

    Levtico 171Nmeros 203Deuteronmio 243

    Livros histricos

    Introduo 283Josu 285Juzes 311Rute 3391Samuel 3452Samuel 3791Reis 4072Reis 439

    1Crnicas 469

    2Crnicas 496Esdras 531Neemias 544Tobias 561Judite 577Ester 5951Macabeus 6112Macabeus 644

    Livros profticos

    Introduo 670J 673Salmos 711Provrbios 811

    Eclesiastes 845Cntico dos Cnticos 859Sabedoria 869Eclesistico 895

    Livros poticos e sapienciais

    12

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    Livros poticos / Sapienciais

    Introduo

    Salmos

    Cntico dos Cnticos

    Lamentaes

    Livros sapienciais

    Introduo

    J

    Provrbios

    Eclesiastes

    Sabedoria

    Eclesistico

    Novo TestamentoO mundo do Novo Testamento 1313

    Evangelhos e Atos dos Apstolos

    Introduo 1331Mateus 1333Marcos 1387

    Lucas 1425Joo 1479Atos dos Apstolos 1527

    Cartas e Apocalipse

    Introduo 1585Romanos 1587

    1Corntios 16132Corntios 1637Glatas 1655Efsios 1667Filipenses 1679Colossenses 16871Tessalonicenses 16952Tessalonicenses 17031Timteo 17092Timteo 1717

    Tito 1721Filmon 1725

    Hebreus 1729Tiago 17471Pedro 17552Pedro 17631Joo 17692Joo 17763Joo 1777Judas 1779Apocalipse 1783

    Caderno finalVocabulrio bblico 1811

    ndicesAtos e ensinamentos principais 1863Comentrios para a f e para

    a vida 1866Oraes bblicas 1881

    Personagens 1883

    Perspectiva catlica 1885Bases bblicas dos sacramentos 1886Smbolos bblicos 1887Mapas e esquemas 1888

    Notas bibliogrficas 1889Lecionrio 1897Planos temticos de leitura 1902Quadro cronolgico 1904

    Minha histria pessoal e comunitria uma histria de salvao 1914

    Livros e abreviaturas bblicas 1920

    Introduo 964Isaas 967Jeremias 1041Lamentaes 1111Baruc 1123Ezequiel 1135Daniel 1193Oseias 1219Joel 1233Ams 1239

    Abdias 1251Jonas 1255Miqueias 1261Naum 1269Habacuc 1275Sofonias 1281Ageu 1287Zacarias 1291Malaquias 1305

    Livros profticos

    13

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    Comentrios paraconhecer, e viver aPalavra de Deus

    ABblia do jovemtraz vrios tipos de apoio que o ajudaro a ler, compreender e comparti-lhar a Palavra de Deus. Alguns se referem mensagem da Bblia e esto reunidos nestaseo. Outros mostram a tradio bblica catlica (ver p. 16), e vrios so de natureza peda-ggica. Ver a seo intitulada Apoios didticos e pastorais (p. 18).

    Como ler, conhecer e tornar viva a Palavra de DeusEste captulo oferece dados que ajudam a aproximar-se da Palavra de Deus de modo queseja possvel compreender sua mensagem, interioriz-la e aplic-la vida. Apresenta trssees:

    Perguntas e respostas sobre a Bblia. Responde a dez perguntas comuns sobre em queconsiste a Bblia, como se formou e como devemos interpret-la (p. 30).

    Como estudar e compreender a Bblia. Oferece sete passagens ou aspectos que sedeve considerar para interpretar de maneira correta um texto bblico (p. 35).

    Como rezar com a Palavra de Deus.Apresenta dois mtodos de orao com a Bblia: oprimeiro centraliza-se na orao individual; o segundo ajuda a rezar e a refletir com a Palavraem comunidade (p. 37).

    INTRODUESAs introdues desta Bblia ocupam mais de cem pginas. Por meio delas possvel ter umaviso geral dos principais resultados da investigao bblica em uma linguagem acessvel aos

    jovens. A leitura seguida de todas essas introdues equivale leitura de um livro de introdu-o Bblia.

    O mundo do Antigo e do Novo Testamento. Essas introdues oferecem uma visopanormica de ambos os testamentos do ponto de vista histrico, literrio e teolgico (p. 45 ep. 1313).

    Introdues s sees da Bblia. Cada uma das seis sees em que est organizada

    esta Bblia Pentateuco, Histricos, Sapienciais e Poticos, Profticos, Evangelhos e Atos,Cartas e Apocalipse tem uma introduo com dados-chave sobre a formao e caractersti-cas de seus livros.

    Apresentao dos livros. Cada um dos 73 livros da Bblia tem uma apresentao queoferece as chaves histricas, literrias e teolgicas para facilitar a compreenso de cada livroem particular.

    Comentrios bblicos

    A Bblia do jovemcontm mais de 850 comentrios inseridos ao longo do texto bblico. A lo-calizao e o enfoque de cada comentrio pretendem oferecer aos jovens a oportunidade decompreender e viver os aspectos essenciais da mensagem da salvao, contida na SagradaEscritura, e de entender a riqueza e as contribuies prprias de cada livro. Os oito tipos decomentrios tm uma finalidade particular.

    14

    rezar

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    VIVAA PALAVRA

    Ajudam a aplicar a mensagem bblica vida cotidiana, demodo que a Palavra de Deus se encarne tanto nas situa-

    es vivenciadas no presente como nas que sero enfren-

    tadas no futuro.

    ENTRE EM ORAO

    Ensinam a rezar com a Palavra de Deus; servem de guia

    para a orao pessoal e comunitria e mostram as bases

    bblicas da orao e da vida sacramental na Igreja Catlica.

    SABIAQUE...?

    Apresentam o marco de referncia que os especialistas b-

    blicos (exegetas) oferecem para compreender a cultura, as

    tradies e a linguagem da poca bblica, ou a interpretaoque a Igreja Catlica d a certas passagens.

    REFLITAProvocam reflexes sobre passagens bblicas que tm

    uma mensagem clara e desafiadora para a vida crist de

    todo jovem.

    APRESENTAMOS A VOC...

    Oferecem uma breve introduo sobre a vida e as contribui-

    es dos personagens bblicos principais.

    TEXTOS EM REALCE

    Destacam a mensagem de vida que os diversos livros do,

    assinalando textos importantes que falam por si mesmos.

    15

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    PERSPECTIVA CATLICA

    Comentrios parafortalecera identidade Catlica

    Mostram as razes bblicas de muitas crenas e prticas importantes da

    Igreja Catlica e assinalam o lugar da Sagrada Escritura na liturgia catlica.

    COMPREENDA OS SMBOLOS

    Do a conhecer os principais smbolos bblicos de uso comum na arte

    e nos rituais catlicos mediante a combinao da ilustrao do smbo-

    lo e de uma breve explicao do mesmo.

    Tradio catlica

    PERSPECTIVACATLICA

    Compreenda os Smbolos

    Compreenda os Smbolos

    16

    A paz de Cristo na missaJesus se despede de seus apstolos

    deixando-lhes sua paz. uma paz profun-da e plena, que, ao ser fruto do maior amorpossvel, ativa, enrgica, constante eslida; no uma tranquilidade passiva.

    Na missa, depois da orao do Pai--Nosso, ao compartilhar a paz de Jesus,desejamos mutuamente que o amor de

    Deus nos encha, para prosseguir na vidacrist sem nos inquietar nem ter medo.Com essa paz de Jesus, ns cristos po-demos manter a equanimidade e a felici-dade em meio dor, perseguio, guerra, s doenas e morte, e somoscapazes de viver com dignidade e espe-rana, inclusive situaes extremamentedifceis.

    Quando na missa chegar o momentode dar a paz, receba-a com o coraoaberto e entregue-a aos que o rodeiam,feliz por compartilhar esse dom de Jesus.Ao sair da missa, recorde que uma pazativa, que se constri com seu esforo; dvoc a paz e a construa entre sua famlia,

    suas amizades e seus companheiros...,trate a todos com amor, bondade e demaneira justa.

    Jo 14,27

    A ImaculadaA imagem da Imaculada smbolo do

    triunfo de Deus sobre o mal. Deus prometeu noparaso que uma mulher humilharia a serpenteao dar luz seu Filho. Maria essa mulher, anova Eva, livre do pecado original desde antesde sua concepo, graas obra redentora deseu Filho Jesus, que nos liberta do mal e damorte eterna.

    Gn315

    A barcaA barca, com seu mastro como cruz, smbo-

    lo da Igreja que nos une na f e nos oferece segu-rana na travessia da vida. Quando ventos fortes afazem adernar ou ondas perigosas a aoitam, Je-sus a guia e a sustenta. A barca, sem as chaves dePedro, simboliza o ecumenismo das Igrejas quecompartilham a f em Jesus, filho de Deus.

    Mt826

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    Unidade na diversidade

    Comentrios culturaisA Palavra de Deus universal; est destinada ao mundo todo e depende de cada povo assumir

    os valores do Evangelho para que orientem os princpios, interesses e tradies que dirigem sua

    vida. Ao longo do tempo, diferentes culturas em nosso continente americano viveram a mensagem

    da Bblia de diversas maneiras.

    Neste sculo XXI, marcado por migraes numerosas e um processo irreversvel de globalizao,

    vital abrir-se maneira particular como diferentes culturas deram vida Palavra de Deus. Por

    isso, a Bblia do jovem apresenta comentrios escritos no mbito de oito tradies culturais: 1)Incas, maias e astecas; 2) indgenas; 3) latino-americana; 4) estadunidense; 5) canadense; 6) la-

    tinos nos EUA; 7) afro-americana; e 8) asiticos na Amrica.

    As finalidades destes comentrios so:Valorizar diferentes perspectivas culturais sobre a Bblia e enriquecer, desta forma, nossa es-piritualidade catlica.

    Compreender como um povo encarna o Evangelho em sua cultura (inculturao) por meiode sua espiritualidade e tradies populares.

    Oferecer testemunhos de santos de diferentes pases da Amrica como modelos de vidacrist ao alcance da juventude latino-americana.

    17

    LATINO-AMERICANOMulheres annimas da Amrica Latina

    Muitas vezes na histria, o Senhor todo--poderoso se serviu de uma mulher (Jt 16,5).Junto com umas poucas mulheres clebrespor suas aes em favor de sua ptria, milha-res de mulheres latino-americanas foram pro-tagonistas annimas da transformao deseus povos. A maioria, mais que reclamarseus direitos individuais e ambicionar o poder,trabalhou para que todas as pessoas pudes-sem se desenvolver segundo sua capacida-de, suas habilidades e seus interesses.

    Nas comunidades de f, as mulherescontribuem com seu esprito crtico, sua dis-posio ao servio, seu entusiasmo e sua

    generosidade. Quando desempenham papelde lder, favorecem o esprito de grupo, pro-movem uma liderana compartilhada, consi-deram todos os aspectos da vida e atendemaos detalhes da vida familiar e local.

    Sem suas contribuies se perderiamriquezas que s o gnio da mulher podeoferecer vida da Igreja e da sociedade.No reconhec-lo seria uma injustia his-trica, especialmente na Amrica, levan-do-se em considerao a contribuiodas mulheres ao desenvolvimento mate-rial e cultural do continente, como tambm transmisso e conservao da f.

    Jt 16,1-26

    Incas, maias e astecasO sopro da vida

    O ser humano, sempre que pensasobre suas origens, chega a conclusesparecidas. O cdice chimalpopoca, quedocumenta a histria asteca ou nauhutl uma cultura indgena muito antiga doMxico , expressa que seus antepassa-dos acreditavam que Deus nos fez daterra e que, para ter vida, era preciso terenergia prpria.

    Por isso, quando lhes perguntaram qualsua origem e de onde vinham, responde-ram: Viemos de onde sai o sol. Passamospor cima da gua. E, diante da perguntasobre quem foram seus primeiros pais, de-clararam: Nossa me primeira se chamouOchomoco sobre-a-qual-caminhamos, enosso primeiro pai teve como nome Cipac-tnal, isto , energia que-nos-rodeia.

    Observe a semelhana com os relatosdo Gnesis: h luz e gua; Deus cria aterra; h um primeiro homem e uma pri-meira mulher; a vida energia, poder. Adiferena est em que a Bblia revela queDeus criou tudo e foi ele quem nos deu avida e o poder para procriar e trabalhar.

    Gn 5,1-2

    AFRO-AMERICANOO princpio de ujima=colaborao no trabalho

    Como admiramos a arquitetura daspirmides do Egito! Foram necessriascentenas de anos para constru-las e fazsculos que esto em p. Algumas pe-dras pesam duas toneladas, e todas fo-ram lavradas e alinhadas sem cimento.Os arquitetos, cientistas, matemticos eengenheiros ainda no tm ideia de co-mo foram feitas.

    As pirmides so um exemplo doprincpio ujima(ver O sistema de valoresKwanzaa, Es 6,19-22), que significacolaborao e responsabilidade no tra-balho. Os que as iniciaram sabiam queno as veriam terminadas, porm conti-nuaram trabalhando com empenho.

    Hoje em dia necessitamos de jovens

    que trabalhem unidos para forjar uma novasociedade. Talvez se requeira o esforo demais de uma gerao. Martin Luther KingJr. nos disse: Estive no cimo da montanhae vi a terra prometida, talvez no me toqueentrar, mas saibam que todos, como povo,entraremos na terra prometida. Sabia queno veria sua gente libertada do precon-ceito e da discriminao; no obstante,trabalhou toda a sua vida unido a outrospara alcanar este objetivo.

    O Deuteronmio recorda aos israelitasque para dar prosperidade sua naodeviam trabalhar unidos e solidariamente.Se seguirmos esta mensagem, teremossucesso como indivduos e como povo.

    Dt 8,11-18

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    didticos e pastoraisApoios

    Passagens paralelas e relacionadasAs passagens paralelas e referncias a outros textos bblicos com mensagensrelacionadas esto indicadas imediatamente depois dos subttulos temticos daBblia.

    18

    O vocabulrio bblico contm mais de 200 termos que ajudam a compreendera Bblia e complementam ou sintetizam informaes sobre alguns temas co-

    muns ao catolicismo, mas nem sempre de fcil compreenso.

    Vocabulrio bblico

    O lecionrio uma seleo de passagens bblicas ordenada de maneira especial

    para nutrir e celebrar nossa f ao longo do ano litrgico. A Bblia do jovemapre-senta o lecionrio dominical para todo o ano, com seus trs ciclos litrgicos. Odesenho a cores do lecionrio ajuda a compreender o ciclo anual com os seuscinco tempos litrgicos: Advento, Natal, Quaresma, Pscoa e Tempo Comum.O calendrio litrgico permite situar os ciclos segundo o ano e identificar os temposlitrgicos e as festas mveis. Ver a explicao do lecionrio na leitura litrgica domi-nical (p. 41), no lecionrio (p. 1897) e no calendrio litrgico 2005-2025, (p. 1901).

    Lecionrio

    Os planos temticos de leitura bblica tm por objetivo guiar o estudo ou a refle-xo bblica para que o leitor possa adquirir uma viso geral sobre temas impor-tantes na Sagrada Escritura (p. 1902). Esses planos temticos podem servir paraa leitura diria pessoal ou ser adotados por um grupo ou comunidade juvenilcomo base de suas reunies semanais.

    Planos temticos de leitura bblica

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    Os sete planos de leitura que se apresentam so:

    Um percurso pela Bblia: trinta leituras para compreender o amor libertador deDeus e conhecer em grandes traos a histria da salvao em ordem cronolgica.

    Imagens de Deus: quatorze leituras para se relacionar melhor com Deus e saber

    como Ele vai se revelando ao longo da histria.

    O chamado de Deus: quatorze leituras para escutar o chamado de Deus a dife-

    rentes pessoas a fim de que reflitam sobre o prprio chamado a servi-lo e continuar

    a misso de Jesus.

    Predileo de Deus pelos pobres e vulnerveis: quatorze leituras para ver a

    vontade de Deus para a sociedade e revisar nossas atitudes e aes.

    O pecado e a justia salvadora de Deus:quatorze leituras para refletir sobre oamor misericordioso de Deus que nos salva do pecado e nos d uma vida nova.

    O sentido do sofrimento: quatorze leituras para ver a crescente conscincia de

    que Deus nos acompanha em nossos sofrimentos e que, unidos aos de Jesus, eles

    tm valor redentor.

    As mulheres na Bblia: quatorze leituras para ver que Deus trata as mulheres coma mesma dignidade que ao homem, inclusive em uma sociedade patriarcal como a

    do povo de Israel.

    Apoios didticosAlm dos apoios diretos pastoral bblica, a Bblia do jovem traz uma srie de

    apoios didticos que facilitam o manuseio da Bblia: quadro cronolgico, mapas,ilustraes, esquemas e ndices.

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    Quadro cronolgico

    O quadro cronolgico que se encontra no final da Bblia foi organizado com a fi-nalidade de ajudar a visualizao das principais etapas da histria da salvao

    atravs dos sculos. Tambm indica em quais livros da Bblia esto narrados os

    fatos mencionados e a atividade literria em cada poca, dando assim uma viso

    completa do desenvolvimento da Bblia (p. 1904).

    Esse quadro cronolgico est situado no contexto da formao do universo e do

    aparecimento dos avanos mais significativos da civilizao humana. Essa refe-

    rncia ajudar a compreender a revelao paulatina de Deus ao povo de Israel e

    o processo de reflexo teolgica do povo sobre a criao do universo e sobre a

    origem e a natureza do ser humano.

    Alm disso, assinalam-se os acontecimentos sucedidos nos territrios bblicos

    que tiveram um impacto especial na histria da salvao. Os dados sobre as

    grandes culturas da sia e do continente americano situam a histria da salvao

    no processo evolutivo da humanidade.

    A revelao de Deus sempre se mostra no acontecer da histria. A histria da

    salvao continua aqui e agora... e chegar sua plenitude no final dos tempos.

    MapasA Bblia do jovem apresenta mapas e esquemas que ajudam a identificar os

    lugares onde aconteceram os fatos mais relevantes relatados na Sagrada Es-

    critura. Os mapas, inseridos nos captulos sobre o mundo do Antigo e do Novo

    Testamento e nas apresentaes dos livros, podem se facilmente consultados.

    Ver ndice de mapas (p. 1888).

    Ilustraes e esquemasAs ilustraes de cada livro da Bblia foram introduzidas para que o leitor possa cap-

    tar por meio delas a mensagem central do livro em estudo. Por isso, esto todas in-

    tituladas e tm a citao bblica a que se referem. Os esquemas tm como finalidade

    ajudar a compreender aspectos da histria da salvao difceis de serem entendidosdevido sua complexidade (tbua dos reis e profetas), ao vocabulrio confuso (tribos

    de Israel) ou s tradies e fatos desconhecidos (templo de Jerusalm).

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    ABblia do jovem tem oito ndices que ajudam a penetrar na mensagem daBblia e a aproveitar ao mximo os comentrios para a pastoral bblica.

    ndices

    Atos e ensinamentos principais. Apresentao de hist-rias do Antigo e Novo Testamento, ensinamentos, parbolas e

    milagres de Jesus (ver p. 1863).

    Comentrios para a f e a vida.Apresentao de aspectos

    importantes da f que iluminam situaes significativas da vida

    do jovem (ver p. 1866).

    Oraes bblicas. Apresentao de oraes litrgicas eoutros para diversas ocasies; alm dos principais salmos

    segundo seu gnero literrio (ver p. 1881).

    Personagens. Aqui so apresentados personagens impor-tantes na histria da salvao (ver p. 1883).

    Perspectiva catlica. Este ndice apresenta ensinamentosdo Magistrio sobre certos textos bblicos e tradies prprias

    da Igreja Catlica (ver p. 1885).

    Bases bblicas dos sacramentos. Apresentao de pas-sagens bblicas que fundamentam a teologia e os rituais dos

    sete sacramentos na Igreja Catlica (ver p. 1886).

    Smbolos bblicos. Aqui, surgem os smbolos bblicos quenossa Igreja emprega para comunicar a Palavra de Deus de

    maneira visual, ilustrados e comentados (ver p. 1887).

    Mapas e esquemas. Apresentao de mapas, quadros si-nticos e esquemas includos nesta Bblia (ver p. 1888).

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    Ao citar-se um texto da Bblia, indica-se de forma abreviada o nome do livro (verlista de abreviaturas na pgina seguinte) e os nmeros dos captulos e dos ver-sculos (estes, separados por hfen) para indicar onde comea e termina a citao.

    Exemplo:

    paramanusear

    a BbliaGuia

    Gn 12,8-12

    Quando so citados captulos inteiros, no aparecem os versculos. Exemplo:

    Mt 57=Mateus, captulos do 5 ao 7.

    Quando a citao do mesmo livro,no se repete seu nome. Exemplo:

    Mt 5,43-48; 7,12-18= Mateus, captulo 5, versculos 43 ao 48,e Mateus, captulo 7, versculos 12 ao 18.

    Quando a citao longa e abrange dois ou mais captulos de um mesmo

    livro, coloca-se um travesso entre o captulo e versculo iniciais e o captulo

    e versculo finais. Exemplo:

    Mt 6,197,12= Mateus, desde o versculo 19 do captulo 6, at o versculo12 do captulo 7.Quando se citam trechos de um mesmo captulo, que no so seguidos,os versculos de ambos os trechos devem ser separados por um ponto. O mesmo aconte-ce com os versculos, que devem ser separados por ponto, caso a leitura seja separada.

    Exemplos:

    Mt 6,1-4.16-18= Mateus, captulo 6, desde o versculo 1 at o 4 e desde oversculo 16 ao 18.

    Mt 6,1-4.16.24= Mateus, captulo 6, versculos do 1 ao 4, versculos 16 e 24.Quando se fazem vrias citaes de um mesmo livro e captulo, embora este-

    jam em trechos separados, no preciso repetir o nome ou a abreviatura do livro.Exemplo:

    A primeira parte do Salmo 18 louva a harmonia da natureza com as leis que Deuslhe deu. (Sl 18,1-7). Depois menciona como a criao anima a vida das pessoas(vv. 8-11). Finalmente, assinala nossa atitude diante das obras de Deus (vv. 12-15).

    Quando se cita textualmente uma passagem,escreve-se em itlico, seguido de sua

    citao. Exemplo: O Senhor fez conhecer a sua salvao(Sl 97,2).

    Quando a referncia a uma passagem feita de modo indireto, coloca-seapenas a citao. Exemplo:

    Oseias profetiza contra a infidelidade do povo e dos sacerdotes (Os 49).22

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    e abreviaturas BblicasLivros

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    MensagemdosBispos

    noConclioVaticanoII:

    OsfiisdevemterfcilacessoSagradaEscritura...Co-

    moaPalavradeDeustemdeestard

    isponvelatodasas

    idades,aIgrejaprocura,comcuida

    domaterno,fazertra-

    duesexataseadaptadasparadive

    rsaslnguas,providas

    decomentriosrealmenteinformativo

    s;assimpoderoosfi-

    lhosdaIgrejamanusearcomseguranaeproveitoaEscri-

    turaepenetrar-sedeseuesprito.

    DeiVerbumn.22-25

    MensagemdeJooPauloIIjuventudedosculoXXI:

    Meusqueridosjovens,queoEvangelhoseconvertaemum

    tesourobastanteapreciado:noestudoatentoenaacolhidagenerosadaPalavradoSenhor,vocsencontraroalimentoeforaparaavidadecadadiaeasrazesdeumcompromissosemlimitesnaconstruodaciviliza-

    odoamor.

    JooPauloII,XVJornadaMundialdaJuventude,2000,n.4.

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    25Por que uma Bblia do jovem?

    Amensagem da Sagrada Escritura tem sido vital naIgreja da Amrica Latina desde a primeira evan-gelizao. A partir do Conclio Vaticano II, os bispos

    motivaram com esmero a leitura contnua da Bblia eanimaram a que todas as pessoas tornem vida a Pa-lavra de Deus em suas circunstncias e situaesconcretas.

    Em Medelln, os bispos pediram que se expresseo Evangelho de modo que todos os grupos na Igrejao compreendam e o faam vida em sua prpria reali-dade1. Em Puebla, destacaram que a Sagrada Escri-tura deve ser a alma da evangelizao, da catequesee da liturgia, para responder ansiedade crescenteda Palavra de Deus2. Em Santo Domingo, salientarama urgncia da formao bblica dos catequistas eagentes de pastoral, e de uma pastoral bblica quesustente a Nova Evangelizao, oferea o encontrocom a Bblia em nossa Igreja e responda s deficin-cias de uma interpretao fundamentalista3.

    Graas a este impulso e ao trabalho de muitos

    agentes de pastoral, a Bblia vem sendo difundida nascomunidades crists, e muitos jovens procuram nelaluz e orientao para sua vida. Tambm existe umagrande sede da Palavra de Deus nos jovens e um zeloapostlico em grupos e movimentos juvenis, que bus-cam na Sagrada Escritura seus esforos pastorais.

    Por estas razes, oferecemos a Bblia do jovemaosjovens de todo o continente americano, assim comoaos agentes de pastoral e pais de famlia que queremfazer chegar a palavra de Deus juventude. A existn-cia de uma mesma Bblia em portugus, espanhol eingls proporciona uma oportunidade nica para o en-contro da Igreja jovem em toda a Amrica, segundo oque ficou expresso em Ecclesia in America e na As-sembleia Especial do Snodo dos Bispos para a Amri-ca4. A Bblia do jovem um presente que d vida paratodos os jovens latino-americanos, desde o Canad at

    a Terra do Fogo e todo o Caribe, e um legado para asgeraes jovens no comeo do Terceiro Milnio.

    Instituto F e VidaEditorial Verbo Divino 25

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    ABblia do jovem foi organizada a partir da Biblia catlica para jve-nes, uma edio para jovens de lngua espanhola em toda a Amri-ca. Foi criada pelo Instituto Fe y Vida, cuja misso principal capacitar

    lideranas para a pastoral juvenil entre latinos nos Estados Unidos. Elafoi inspirada na The Catholic Youth Bible (CYB), Bblia em ingls paraadolescentes e jovens.

    Agora tambm temos esta edio, para os jovens de lngua portu-guesa. Atendemos assim as trs lnguas mais faladas no continenteamericano.

    MATERIAL DE APOIO PARA CONHECER, REZAR E TORNARVIVA A PALAVRA DE DEUS

    O material de apoio desta Bblia foi preparado pelo Instituto Fe y Vidae por uma equipe adjunta. As sees sobre o mundo do Antigo e doNovo Testamento so uma verso abreviada de seu original na Bblia daAmrica. A elaborao do material de apoio visou:

    Responder s necessidades espirituais e realidade pastoral dajuventude latino-americana em todo o nosso continente.

    Fomentar uma pastoral bblica evangelizadora, comunitria e mis-sionria em harmonia com as linhas estabelecidas pelo ConselhoEpiscopal Latino-Americano (CELAM) para a pastoral juvenil.

    Oferecer introdues e comentrios com uma exegese bblica sli-da, que fundamentem a f crist e a formao bblica do jovem.

    Mostrar os fundamentos bblicos da tradio catlica, tanto em sua

    dimenso oficial (Tradio e Magistrio) como em aspectos relevan-tes da religiosidade popular latino-americana (tradio).

    O TEXTO BBLICO DA BBLIA AVE-MARIA

    O texto bblico utilizado na Bblia do jovem o mesmo da Bblia Ave--Maria, conhecida no Brasil h mais de cinquenta anos.

    A semente da Bblia Ave-Maria foi plantada em 1957, poucos anos

    antes da realizao do Conclio Vaticano II (1962-1965). A deciso daEditora Ave-Maria de traduzir e publicar no Brasil a Bblia em portugusfoi uma iniciativa inovadora. Na poca, no havia em nosso pas ediesacessveis dos textos bblicos. As que existiam eram importadas e caras.

    Desenvolvimento e caractersticas da bblia do jovem

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    Um conhecido orientador de cursos sobre Sagradas Escrituras, freiJoo Jos Pedreira de Castro, diretor do Centro Bblico Catlico de SoPaulo e vice-diretor da Liga dos Estudos Bblicos (LEB), soube da inteno

    da Editora Ave-Maria e se juntou ao projeto. A traduo para o portugusfoi feita a partir do texto francs dos monges de Maredsous religiosos quevivem em um mosteiro beneditino fundado no sculo XIX, na Blgica ,tendo sempre como referncia os originais hebraico, aramaico e grego.

    A Bblia Ave-Mariaprimou pela harmonia das frases, em uma lingua-gem simples e transparente. Os salmos foram preparados por um m-sico, frei Paulo Avelino de Assis, que teve preocupao esmerada coma sonoridade dos versos. Tamanho foi o cuidado e o capricho, que oseditores escolheram um artista para transcrever, com as melhores pala-

    vras, o lirismo desses textos sagrados.O pioneirismo de publicar uma Bblia de grande difuso se alinhavaao direcionamento da Igreja, que comeava a incentivar, cada vez mais,o estudo das Sagradas Escrituras.

    Com o passar dos anos, foram surgindo grupos de estudo bbliconas dioceses, nas parquias e nas comunidades. A Bblia Ave-Mariafoiconquistando espao e tem hoje presena forte nas comunidades debase, nas capelas, nos grupos de orao, nas reunies domiciliares etc.

    Ao longo do tempo, ela se mantm como importante instrumento de

    aprendizado e de orao entre os fiis catlicos, e agora, se apresentade modo particular aos jovens nesta edio.

    O ANNCIO DA PALAVRA DE DEUS E OS JOVENS

    Na XII Assembleia Geral Ordinria do Snodo dos Bispos, realizadano Vaticano de 5 a 26 de outubro de 2008, foi reservada uma atenoparticular ao anncio da Palavra divina feita s novas geraes:

    Os jovens j so membros ativos da Igreja e representam o seu futuro.Muitas vezes encontramos neles uma abertura espontnea escuta daPalavra de Deus e um desejo sincero de conhecer Jesus. De fato, na ida-de da juventude, surgem de modo irreprimvel e sincero as questes so-bre o sentido da prpria vida e sobre a direo que se deve dar prpriaexistncia. A estas questes s Deus sabe dar verdadeira resposta. Estasolicitude pelo mundo juvenil implica a coragem de um anncio claro;devemos ajudar os jovens a ganharem confidncia e familiaridade com aSagrada Escritura, para que seja como uma bssola que indica a estrada

    a seguir. Para isso, precisam de testemunhas e mestres, que caminhemcom eles e os orientem para amarem e por sua vez comunicarem o Evan-gelho sobretudo aos da sua idade, tornando-se eles mesmos arautosautnticos e credveis. (Verbum Domini, 94)

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    Direo e edio geral:Carmen Mara Cervantes

    Coordenao:Maria Pilar Cervantes Gutirrez

    Escritores:Javier Algara CossoMara Elena CardeaCarmen Mara CervantesMara Pilar Cervantes GutirrezRudolf FinkeLeticia Medina

    Armando Noguez Alcntarangel Manuel Del Ro RubioEmerenciano Rodrguez Jobrail

    Artigos culturais:Mayela Margarita Campos CastroGuillermo CampuzanoAdela Rosa Castro ReyesAntonio Medina RiveraNohemy Montao

    Ted SchimdtClodomiro L. Siller A.Vilma ReynaSteve Roe

    Moderador episcopal:Carlos A. Sevilla

    Ilustrao dos Smbolos bblicos e Sagrada Famlia:Gabriel Chvez de la Mora

    ndices e planos de leitura:Ken Johnson-Mondragn

    Pesquisa, consulta e apoio:Michel Boudey, Mara Victoria Csar, Manuel Corral Martn, Mara

    Luisa Curiel Monteagudo, Julin Fernndez Gaceo, Reynaldo LunaVelasco, Walter F. Mena, Graciela Ortiz-Matty, famlia de la Parra (Al-fonso, Isabel, Mariluz, Mara de los ngeles, Rafael), Patricia Olve-ra, Rosa Mara Padilla Lamadrid, Adriana Visoso-Valverde

    Equipe decolaboradoresda edio em Espanhol

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    ABblia, tambm conhecida como Sagrada Escritura, nos apre-senta o amor de Deus humanidade, nos ajuda a respondera seu chamado, nos ensina as verdades importantes de nossa fcrist e nos questiona sobre como vivemos e nos relacionamoscom os outros. Para muitas pessoas, o estudo da Bblia despertaperguntas cheias de significado. Nesta introduo e nos artigosSabia que...? e Perspectiva catlica, voc encontrar respostaspara as perguntas mais frequentes.

    Perguntas e respostas sobre a bblia

    O que tem a ver com minha vida um texto escrito h tanto tempo?

    Na Bblia, Deus se relaciona amorosamente com cada pessoa; sua mensa-gem para todas as culturas e todos os tempos histricos. Deus nos busca emtodas as circunstncias da vida e, ao nos aproximarmos com f de sua Palavra,descobrimos o que nos diz no momento atual.

    A Bblia no se desgasta com o tempo. Ser significativa agora se a inter-pretarmos em seu prprio contexto e buscarmos como aplicar a mensagem deDeus nossa vida. Esse processo de ler a Bblia na perspectiva de nossa vidase chama atualizao.

    Em que consiste a inspirao divina na Bblia?

    Deus comunicou humanidade seu plano de salvao por meio de pes-soas concretas, membros de um povo e uma cultura determinados, que vive-

    ram e transmitiram sua mensagem para o bem de toda a humanidade. Porisso, pode-se dizer que a Bblia contm trs tipos de inspirao: inspiraopara agir segundo o plano de Deus; inspirao para falar em nome deDeus; e inspirao para escrever a mensagem que Deus quis nos comuni-car para nossa salvao.

    Na composio dos livros sagrados, Deus se serviu de homens escolhidosque, usando todas as suas faculdades e talentos, agiram movidos por ele, paradeixar por escrito tudo e s o que Deus queria1. O Conclio Vaticano II reafirmouque a Bblia Palavra de Deus porque est escrita por inspirao do EspritoSanto. Por isso usamos a expresso Palavra do Senhor ao terminar as leiturasdos livros bblicos na liturgia.

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    Falou Deus diretamente aos escritores da Bblia?

    O Esprito Santo inspirou a cada autor para que comunicasse a revelao

    de Deus atravs da histria da salvao. Isso no quer dizer que lhes ditou suamensagem ao p da letra, mas que cada um escreveu segundo o contextohistrico-cultural em que viveu, usou sua criatividade e empregou os gnerosliterrios comuns e apropriados para expressar a mensagem em sua poca.

    Alguns livros contm relatos orais provenientes de diferentes tradies, mo-tivo por que existem relatos repetidos com variaes entre si; tambm existemlivros escritos por vrios autores ao longo de diferentes dcadas. Em ambos oscasos, outro escritor sagrado realizou a redao final combinando tradies eescritos anteriores. Ns cristos cremos todos que o Esprito Santo guiou todasas pessoas que participaram desse processo.

    A Bblia nos diz a verdade? Existem erros na Bblia?

    A Igreja Catlica cr que os livros sagrados ensinam solidamente, fielmen-te e sem erros a verdade que Deus fez consignar nesses livros para a nossasalvao2. O Magistrio de nossa Igreja nos d orientaes que nos ajudam ainterpretar corretamente os diferentes sentidos da Bblia (ver Basta a Bblia

    para fundamentar a f?, p. 33).Alguns grupos cristos creem que a Bblia infalvel em todos os aspec-

    tos, inclusive nos dados cientficos e histricos. A Igreja Catlica e outrasIgrejas crists creem que essas questes no esto includas na infalibilidadeda Bblia.

    O que podemos fazer se encontramos um erro na Bblia?

    Os erros que encontramos na Bblia podem ser devidos a problemasde interpretao, de transmisso ou de traduo de um texto. Por isso, importante estudar a Sagrada Escritura apoiados por pessoas capacitadase livros cuidadosamente escritos. Se encontrarmos erros, recomenda-sefazer o seguinte:1. Descobrir o que queriam comunicar os autores sagrados e o sentido dotexto.2. Considerar a cultura, os gneros literrios e as formas de sentir, falar e narrar

    do tempo em que se escreveu o texto.3. Ver se o erro se deve a diferenas culturais e cientficas entre o autor e ns.

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    O que so os gneros literrios?

    Os gneros literrios so diversas formas de expresso escrita que tmsuas prprias regras. Correspondem poca e cultura em que foramusados.

    Quando no se considera o gnero literrio de um texto bblico, fcil co-meter erros. Por exemplo, interpretar textos que do uma mensagem religiosacomo se fossem reportagens histricas ou cientficas; ler as exortaes e moti-vaes como se fossem leis; considerar ensinamentos-chave de Jesus como seno fossem importantes ou ver as parbolas que comunicam um ensinamentomoral como se fossem histrias reais.

    O que so os sentidos da Bblia?

    Conhecem-se como sentidos da Bblia os diferentes nveis de interpreta-o que podem ser dados aos textos bblicos. Estes so:

    1. Sentido literal. O sentido literal o expresso diretamente pelos autoreshumanos inspirados por Deus; indispensvel e base para os outros sentidos.Pode ser prprio ou metafrico, conforme o sentido que o autor deu s suas

    palavras, e pode se referir a uma realidade concreta ou a diferentes nveis derealidade. Por isso, muito importante no cair no literalismo (interpretar todosos textos ao p da letra) ou no subjetivismo (interpretar um texto segundo o queo leitor capta ou deseja ler nele)3.

    2. Sentido espiritual. O sentido espiritual o expresso por um texto bblicoquando lido luz do Esprito Santo no contexto do mistrio pascal de Cristo eda vida nova que provm dele. Esse sentido sempre se baseia no sentido literal.O sentido tipolgico, que manuseiam muitos escritores sagrados, consiste nainterpretao de um texto antigo luz de uma nova experincia de f e umexemplo do sentido espiritual4.

    3. Sentido pleno. o sentido profundo do texto, querido por Deus, mas noclaramente expresso pelo autor humano. Descobre-se luz de outros textosbblicos ou em sua relao com o desenvolvimento interno da revelao. Narealidade, o sentido pleno, se que o teria, seria j o sentido espiritual do textoem questo, e s podem d-lo a Sagrada Escritura, a Tradio ou o Magistrioda Igreja5.

    Portanto, pode-se dizer que um texto tem basicamente dois sentidos: o lite-ral e o espiritual ou pleno. Primeiro preciso buscar o sentido literal para poderdescobrir o espiritual. Depois, deve-se perguntar se alm disso existe algumsentido pleno-espiritual.32

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    Basta a Bblia para fundamentar a f?Ns catlicos fundamentamos nossa f em trs fontes: a Bblia, a Tradio

    e o Magistrio da Igreja, os quais se relacionam e se exigem mutuamente.A Bblia a Palavra de Deus porquanto escrita por inspirao do Esprito

    Santo6 com a finalidade de se dar a conhecer humanidade e comunicar-lheseu plano de salvao. Cremos que aceitar s a Bblia como fonte da f a tor-naria incompleta, e correramos o perigo de cair em algum erro.

    A Tradio se origina na Palavra de Deus confiada aos apstolos e transmi-tida a seus sucessores para que, guiados pelo Esprito da verdade, seja preser-vada, exposta e difundida entre todos os membros da Igreja7. Cristos catli-cos, conservamos, praticamente, e professamos a f recebida atravs daSagrada Escritura e da Tradio.

    O Magistrio da Igreja consiste na responsabilidade de cuidar da integri-dade dos ensinamentos da Bblia e exercido pelos bispos em unio com oPapa. o ofcio de interpretar autenticamente a Palavra de Deus, oral ou escri-ta... em nome de Jesus Cristo. O Magistrio no est acima da Palavra de Deus,mas sim a seu servio, para ensinar o transmitido, pois por mandato divino ecom a assistncia do Esprito Santo o escuta devotamente, o guarda zelosa-mente e o explica fielmente8.

    Por que tem a Bblia dois Testamentos?

    Deus quis comunicar-se pouco a pouco na histria, para que a humanidadepudesse acolher sua revelao plena em Jesus. A etapa de preparao para achegada de Jesus, o Filho de Deus, se reconhece como Antigo Testamento, ea etapa que vai do nascimento de Jesus vida das primeiras comunidadescrists chama-se Novo Testamento.

    O Antigo Testamento prepara o Novo, enquanto este d cumprimento ao

    Antigo; os dois se esclarecem mutuamente; os dois so verdadeira Palavra deDeus9. Nossa f crist tem estreita relao com a f judaica, expressada noAntigo Testamento, e alguns atos litrgicos-chave em nossa Igreja, como a Eu-caristia, se originam em acontecimentos centrais judaicos como a Pscoa.

    No Antigo Testamento, Deus escolhe Abrao e seus descendentes paraformar o povo de Deus, e realiza uma aliana com Moiss, a quem deu a Lei.O Antigo Testamento apresenta a histria religiosa do povo de Deus (chamadohebreu, israelita ou judeu, segundo a poca). Alguns cristos identificam o An-tigo Testamento como Escrituras Hebraicas.

    No Novo Testamento, Deus se revela em plenitude dando-nos seu Fi-lho: Jesus, o Salvador do mundo. Jesus era judeu e reafirmou as crenascentrais do Antigo Testamento. Com suas palavras e obras nos comunicouque Deus nosso Pai; com seu mistrio pascal realizou a aliana nova e

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    eterna e nos deu o Esprito Santo para que sejamos seus discpulos e pro-clamemos seus ensinamentos. Os livros do Novo Testamento conservamos principais ensinamentos de Jesus e as crenas da comunidade crist

    sobre ele.

    Por que a Bblia catlica tem mais livros do que outras Bblias?

    O povo judeu determinou os escritos inspirados por Deus e os considerousuas Escrituras Sagradas, constitudas por quatro sees: Pentateuco, Hist-ricos, Profticos e Outros Escritos. Os judeus tradicionais desconfiavam doslivros que haviam sido escritos em grego, pelos judeus, na dispora, enquan-

    to estes ltimos os consideravam revelados. Tais livros so: Tobias, Judite,Baruc, Eclesistico, Sabedoria, 1 e 2 Macabeus, e parte dos livros de Daniele de Ester.

    O Novo Testamento cita parte desses livros; os apstolos e os Padres daIgreja os reconheciam como revelao divina. A Igreja Catlica os aceita e osemprega na liturgia, e lhes d o nome de deuterocannicos, que quer dizeraprovados na segunda vez. No sculo XVI, Lutero preferiu a opinio dos ju-deus tradicionais ao traduzir a Bblia, e por isso outras igrejas crists no os

    tomam em considerao.

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    Ao estudar a Bblia, deve-se ter em considerao os seguintessete aspectos. De outra maneira, possvel deduzir mensagensequivocadas e inclusive contrrias ao que Deus quis dizer pela Sa-

    grada Escritura.

    Como Estudar e compreender a bblia

    1. Lembre-se de que a Bblia divina e humana ao mesmo tempo. A Bblia divina porque vem de Deus, e ele se revela atravs dela. humana porque foiescrita por autores humanos que refletem sua personalidade, seus conhecimen-tos e sua cultura. Com palavras humanas, a Bblia nos revela a natureza de Deus,seu plano para a humanidade e sua obra salvadora no mundo, a histria dasalvao. Tudo chega sua plenitude em Jesus, salvador de todos.

    2. Escute Deus que fala. A Bblia nos permite um encontro com Deus queafeta toda a nossa pessoa; quando experimentamos sua presena, nosso dis-cernimento iluminado por seu Esprito. Quando refletimos iluminados com aPalavra de Deus, nos conhecemos melhor: quem sou eu? Que fao com minhaliberdade, meus valores e limitaes?

    A Bblia nos chama a ser irmos uns dos outros e a construir comunidade; rela-ciona-nos com a Igreja local e universal, e nela nos faz ver nossa vocao pessoal.Tambm nos une sociedade e nos compromete a construir a Civilizao do Amor.

    3. Identique o tema central do texto. Para compreender o sentido de umtexto preciso ler a introduo e ento todo o livro. Os autores bblicos escre-viam com um tema central. Por exemplo, para saber o que queria Jesus ensinarna parbola do filho prdigo, ler os dois primeiros versculos do captulo 15 deLucas. Jesus respondia com esta histria aos que o criticavam por acolher ospecadores. Esta parbola nos faz ver Deus como um Pai que espera nossaconverso para nos perdoar e nos abraar, e que se alegra ao saber que umpecador se arrepende (Lc 15,11-32).

    4. Situe historicamente o autor e os destinatrios do livro. Existem pas-sagens na Bblia que s tm sentido na situao histrica do autor. A introduode cada livro ajudar a conhec-la. Por exemplo, em Ams 5,21-23, Deus diz aseu povo: Odeio, desprezo vossas festas, desgostam-me vossas celebraes...Afastai de mim o rudo de vossos cnticos, no quero mais ouvir a msica devossas harpas. Por acaso a Deus no apraz que o louvem? Examinar o contex-to antes de chegar a concluses. A introduo a Ams diz que Deus enviouesse profeta para converter os ricos que exploravam os pobres e ao mesmo

    tempo participavam de festas religiosas. Portanto, sua mensagem que Deusrecusa a hipocrisia e a injustia.

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    5. Considere a mensagem de toda a Bblia. Um sbio refro diz: Use aBblia para interpretar a Bblia. A prpria Bblia pode ajudar voc a entender as

    diferentes passagens. Busque os lugares paralelos ou passagens semelhan-tes de outros livros e recorde que a revelao plena Jesus, visto que nemtodos os textos tm o mesmo peso. H os que se concentram em uma linhabblica, ignoram o resto e chegam a concluses absurdas. Por exemplo, algu-mas comunidades probem que as mulheres exeram postos de liderana,apoiando-se em 1Corntios 14,34, que diz: As mulheres guardem silncio nasassembleias. Ignoram que em outras cartas Paulo louva as mulheres que exer-ciam o diaconato e eram lderes em sua comunidade (1Tm 3,8-13; Rm 16,1).

    6. Interprete a mensagem em perspectivacrist. Encontrar Deus em suaPalavra nos faz dirigir o olhar a nossos irmos. Conhecer a Boa-Nova de Je-sus nos leva a transmiti-la com amor aos que nos rodeiam. O Esprito Santo,que transformou e enviou os apstolos em Pentecostes, nos enche de f,amor e vida para proclamar a Palavra. Como diz Paulo: Ai de mim se noanunciar o Evangelho (1Cor 9,16). ao viver nossa misso que aumentanossa comunho com Deus e se prolonga nosso encontro com Deus ao pro-jet-lo nos outros.

    7.

    Atenda aos ensinamentos da Igreja. Consideramos, ns catlicos, que

    para interpretar a Bblia preciso seguir os ensinamentos do Magistrio da Igre-ja. Os bispos tm a responsabilidade de interpretar e ensinar adequadamente arevelao da Bblia. Eles contam com a colaborao de especialistas bblicos,sacerdotes e leigos capacitados. Os artigos intitulados Perspectiva catlicasalientam os principais ensinamentos da Igreja sobre passagens importantes.

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    Rezar dialogar com Deus, mas para conversar com ele precisamos escut-lo.Deus nos fala de maneira especial atravs de sua Palavra. escutando-o que

    recebemos seu amor misericordioso, seu chamado a viver prximos dele e seu con-vite a colaborar na misso de Jesus. Sua Palavra nos deixa conhecer seus desgniosmaravilhosos para ns e nos ajuda a descobrir o sentido de nossas vidas.

    A outra parte da orao nossa resposta a Deus, a qual no acontece snos momentos em que oramos, mas se estende nossa vida inteira. Dessamaneira, nossas atividades dirias se transformam tambm em orao.

    Para viver em unio com Deus, precisamos rezar tanto individualmentequanto em comunidade. A orao pessoal nos permite dialogar intimamentecom nosso Criador, estreitar nossa relao com Jesus e gozar com a ao doEsprito Santo em ns. A orao comunitria refora nossa f, nos ajuda a dei-xar-nos guiar pela Palavra de Deus, exige de ns autenticidade diante de nos-sos irmos, une-nos com a comunidade eclesial em todo o mundo e com aIgreja triunfante que j goza a eternidade de Deus.

    Como rezar com a palavra de deus

    PREPARAO PARA REZAR COM A PALAVRA DE DEUS

    Ler a Bblia no como ler outro livro qualquer. Aqui, a disposio que voc

    tiver e a atitude que assumir so fundamentais. Ao rezar com a Bblia, voc com-partilhar a experincia de muitos homens e mulheres atravs dos tempos. Entrarneste grande quadro em que muitos traaram sua prpria obra de arte ao terem seencontrado com Deus, um Deus vivo que ama, que opta por cada um de ns e quenos chama a ser construtores de seu Reino, profetas da esperana. Por isso,cumpre-nos pensar seriamente em nossa atitude no momento de embarcarmos nagrande aventura do dilogo com Deus por meio da Sagrada Escritura.

    As recomendaes a seguir iro ajud-lo em sua peregrinao pelas pgi-nas da Bblia. Convidamos voc a descobrir novas maneiras de se preparar

    para ler e rezar com o texto, e que as compartilhe com seus companheiros.

    AME DEUS Deus, tu s meu Deus, desde o amanhecer te desejo; estou sedento de

    ti, por ti anseio como terra sedenta, ressequida, sem gua. Teu amor vale maisque a vida, louvar-te-o meus lbios(Sl 62,2-4).

    Tenha um esprito aberto, desejoso, faminto de uma palavra de esperanae vida. Conserve uma posio externa e uma atitude interna que sejam coeren-

    tes com o que voc est fazendo. Afaste-se um pouco da agitao cotidiana davida; busque uma rea tranquila da casa, um lugar quieto onde voc se sintabem e no qual ningum o incomode. Dedique tempo suficiente para ficar emcompanhia de Deus e sua Palavra, sem pressa nem distraes, sem pensar emoutros compromissos ou tarefas que voc tenha de fazer. 37

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    ABRA SEU CORAO AO ESPRITO SANTO

    Este meu servo a quem escolhi, meu amado em quem me comprazo;

    derramarei meu esprito sobre ele, e anunciar o direito s naes(Mt 12,18).Comece com uma orao ao Esprito Santo, para que derrame paz esossego sobre voc durante os minutos que dedicar orao com as leitu-ras bblicas, e pea-lhe que abra seu esprito e seu corao mensagemque Deus lhe comunicar. D graas a Deus pela amizade e por esse mo-mento to especial. Se algum ama a Deus, porque foi conhecido amoro-samente por Deus(1Cor 8,3).

    CELEBRE A GRANDEZA DE SEU SER

    O Senhor teu Deus est no meio de ti, ele um guerreiro que salva. Darpulos de alegria por ti, seu amor te renovar, por tua causa danar e sealegrar, como nos dias de festas(Sf 3,17).

    Quando surge uma luz na meditao de alguma passagem bblica, dete-nha-se nela para que a luz no se desvanea e no se extinga; medite comcalma as palavras, escreva-as ou, inclusive, memorize-as. Assim, essas pa-lavras podero acompanh-lo ao longo da sua vida.

    FAA DA SUA VIDA UMA HISTRIA DA SALVAOO Esprito do Senhor est sobre mim, porque o Senhor me ungiu. Enviou--me a dar a boa-nova aos pobres, a curar os de corao despedaado, aproclamar a libertao aos cativos e aos prisioneiros a liberdade(Is 61,1).

    Faa viva a libertadora histria de Deus com a humanidade. Quem des-cobre o agir de Deus entre os homens e mulheres na histria, a libertaoincessante de situaes sem sada, experimenta tambm a ao libertadorae orientadora de Deus.

    ENTRE NO DESERTOO anjo do Senhor disse a Filipe: Pe-te a caminho para o sul pela estra-

    da que desce de Jerusalm para Gaza atravs do deserto(At 8,26).Caminhe pelo deserto. Haver trechos de caminho em que voc sen-

    tir sede, momentos de secura espiritual, de aridez emocional e palavrasvazias. Ento voc tem de aguentar firme, mesmo que parea que notem nada. Voc se admirar ao descobrir em sua vida que, tal qual emmuitos relatos bblicos, o deserto precisamente o lugar onde voc ter

    um encontro com Deus.

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    DEIXE-SE TRANSFORMAR POR SEU AMOR!Quem nos separar do amor de Cristo? O sofrimento, a angstia, a per-

    seguio, a fome, a nudez, o perigo, a espada?(Rm 8,35).Escute o chamado converso. A Palavra de Deus nos compromete sem-

    pre. Deus, quando nos fala, exige que nossa vida mude, que renunciemos scoisas que nos amarram, que lancemos longe de ns as cargas excessivas,a fim de que possa chegar a libertao. Desta maneira voc poder fazer oque a Palavra lhe exigir. Deus no quer gente que se limite a ouvir, mas simque ponha em prtica sua Palavra (Tg 1,22). Pelo amor que tiverdes uns aosoutros reconhecero todos que sois meus discpulos(Jo 13,35).

    FINALMENTE...Recorde que estes so s lembretes para ajud-lo a ter um bom dilogocom Deus. O mais importante que voc continue sua aventura do encontrocom o Senhor, cada vez com mais alegria e entusiasmo.

    ORAO INDIVIDUAL

    Leia diariamente a Bblia com a finalidade de crescer em sua relao com Deuse em sua vida crist. Existem muitas maneiras de rezar com a Palavra de Deus.Uma delas a Lectio Divina(Leitura Divina), que levou muitas pessoas santidade.A seguir, um roteiro meditativo que o ajudar a rezar com a Sagrada Escritura:

    Propicie um ambiente de recolhimento. Pea ao Esprito Santo que prepa-re seu corao para escutar a Deus.

    Examine o texto. Observe a situao histrica, o autor e os gneros literrios para

    compreender sua mensagem e no fazer uma interpretao apressada do texto.

    Que a Palavra una voc a Deus. Rezar com a Bblia estabelecer umarelao com Deus, no estudar uma matria a mais.Vibre com a mensagem. Imagine-se nessa situao, participe dos senti-

    mentos e pensamentos dos personagens, veja a ao amorosa de Deus neles.Identifique o que Deus quer lhe dizer. A atualizao da Palavra leva

    identificao entre voc e a mensagem de Deus.Dialogue com Deus ao responder sua Palavra. Descreva-lhe suas rea-

    es, seus temores e suas esperanas; oferea-lhe respostas concretas.Aplique a orao sua vida. A Palavra de Deus frutificar ao ajudar voc

    em seu processo de converso e crescimento espiritual, e ao conduzi-lo nocompromisso de continuar com a misso de Jesus.

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    REFLEXO E ORAO EM COMUNIDADE

    Ler e crer em comunidade com a Bblia responder a Deus que fala a seupovo. Isso se pode fazer em reunies de grupos juvenis, em retiros, em pe-quenas comunidades e em grupos de orao. Para que a reflexo e a oraoem comunidade deem fruto, conveniente seguir um plano determinado, teruma mnima organizao comunitria e preparar-se bem.

    O animador deve estudar e rezar com o texto selecionado previamente,para assegurar sua sadia interpretao. Na reunio, guiar o processo e cui-dar que todos participem. Periodicamente, preciso avaliar o processo de

    reflexo e orao para melhor-lo.Recomenda-se seguir os seguintes passos para a reflexo e a orao emcomunidade:

    1.Proclamar o texto. Uma pessoa l em voz alta a passagem. As outras aescutam ou seguem em silncio a leitura do texto em sua prpria Bblia.

    2. Analisar o texto. Aos pares, ou de dois em dois, identificar o contextohistrico da leitura, os destinatrios, a inteno do autor e o gnero literrio.

    Situar o texto no livro bblico, o captulo em que se encontra e sua relaocom as passagens anteriores e posteriores.

    3. Reetir pessoalmente. D-se um tempo de silncio, para que todos apro-fundem a Palavra e identifiquem as ideias mais importantes. Podem voltar aler individualmente o texto em sua Bblia.

    4. Descobrir o corao damensagem. Todos oram em silncio, buscam oque Deus quer comunicar comunidade e compartilham o que Deus lhesinspirou. Em esprito de consenso, descobre-se a mensagem para a comu-nidade. Se h uma mensagem importante para si mesmo, conserva-se paraa orao pessoal.

    5. Rezar com o texto e sabore-lo. Faz-se um momento de orao para quetodos levem a seu corao a mensagem de Deus. Esta orao permite quea Palavra penetre no interior de cada um, os encha de alegria e de paz, osconsole e os desafie converso.

    6. Iluminar com a mensagem a vida da comunidade. Todos refletem paraver sua realidade pela perspectiva de Deus: que acontece em nosso ambien-te? Como Deus o v?

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    7. Identificar as aes solicitadas por Deus. A comunidade dialoga

    sobre o chamado de Deus nesse texto: que atitudes Deus nos pede quemudemos ou que adquiramos? Que aes devemos realizar? Sugere-seencontrar um smbolo ou escrever um lema para recordar e viver o com-promisso dessa reunio.

    8. Celebrar a palavra de vida. A celebrao o ponto culminante da refle-xo comunitria. Deus se comunicou com a comunidade mediante suaPalavra para nos fazer fiis seguidores de Jesus. Em cada reunio se esco-lhe o mais apropriado, de forma espontnea: expressar ao de graas,

    pedir perdo, oferecer a vida... e se entoa algum cntico apropriado. Almdisso, convm oferecer de forma simblica o compromisso assumido: pedira Deus a graa de viver sua Palavra e convidar Maria para que nos ajudea ser fiis seguidores de seu Filho.

    Leitura litrgica dominical

    A Igreja Catlica segue um plano de leitura e orao com a Bblia na Litur-

    gia Eucarstica e na Liturgia das Horas, chamado lecionrio. A Bbliado jo-vemapresenta o lecionrio dominical e das festas importantes (ver p. 1897):

    O lecionrio contm passagens do Antigo e do Novo Testamento, sendoo Evangelho o que orienta todas as leituras. A primeira leitura depende damensagem que se enfatiza no Evangelho; o salmo responde em orao primeira leitura e prepara para receber a mensagem do Evangelho. A segun-da leitura se toma geralmente das cartas e s vezes do Apocalipse, salien-tando o mais importante de cada livro.

    O lecionrio conduz a comunidade eclesial por um percurso atravs daSagrada Escritura, para que a Palavra de Deus nos acompanhe na jornadada vida. Os evangelhos leem-se ao longo de trs ciclos conhecidos comoA, B e C que correspondem a Mateus, Marcos e Lucas. O evangelhode Joo se l nos tempos litrgicos fortes, que so Advento, Natal, Quares-ma e Pscoa. Os Atos dos Apstolos suprem o Antigo Testamento, comoprimeira leitura, durante o tempo pascal, devido grande importncia dasprimeiras comunidades crists.

    A Igreja recomenda aos fiis que nos preparemos para celebrar a missadominical refletindo previamente sobre suas leituras. Esse costume bastan-te usado na pastoral do catecumenato e dos grupos juvenis de orao.

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    Planos de leitura bblica

    A Bblia do jovem apresenta sete planos temticos para penetrar naleitura da Sagrada Escritura (p. 1902). Convm comear pelo primeiro,Um percurso pela Bblia, pois oferece uma vista panormica da Bblia naperspectiva da histria da salvao. Depois recomendvel ler um dostrs evangelhos sinticos: Mateus, Marcos ou Lucas, para aprofundar seuconhecimento sobre Jesus. O evangelho mais curto e mais fcil de ler ode Marcos. Voc pode ler as introdues aos trs evangelhos e escolhero que mais lhe chamar a ateno.

    Na sequncia, poder ler os outros evangelhos ou seguir lendo qualquerdos planos temticos apresentados em sua Bblia. Preferindo, crie seu pr-prio plano de leitura utilizando os ndices que se apresentam no final (p.1863-1888). Por exemplo, leia tudo sobre os sacramentos, ou sobre o quevoc tiver dvidas, ou sobre os smbolos, ou sobre a riqueza das diferentesvivncias culturais da Palavra de Deus.

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    ANTIGO

    TESTAMENTO

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    Muitas vezes e de muitos modosfalou Deus antigamente a nossosantepassados por meio dos profe-tas. Agora, neste momento final, nosfalou por meio do Filho.

    O mundo do antigo testamento

    O texto anterior expressa de ummodo conciso e claro a f crist narevelao divina contida na Bblia. OAntigo Testamento tem muitas e varia-

    das palavras antigas que Deus diri-giu a nossos antepassados, ou nos-sos pais, por meio das pessoas squais se foi revelando, os profetas eos autores bblicos entre eles. Essaspalavras de Deus foram expressadasem distintos momentos e circunstn-cias histricas, e em linguagens hu-manas variadas e diversas.

    Embora seja certo que Deus se re-

    velou plenamente em Jesus, que nostransmitiu as palavras definitivas deDeus, isso no invalida nem suprimeas palavras com que Deus se revelouao povo de Israel no Antigo Testamento(Mt 5,17). Ao contrrio, a leitura e acompreenso do Antigo Testamentonos ajudam a conhecer e valorizar me-lhor Jesus e sua mensagem.

    Esta introduo, com suas trs par-tes o marco histrico, os livros e ostemas teolgicos do Antigo Testamento tem como finalidade ajudar a queessas palavras antigas se convertamem vivas e atuais, que a geografia dis-tante seja um terreno familiar, que ahistria daquela poca faa parte denossa prpria histria e que as lingua-gens diferentes e variadas possamtraduzir-se sem traio ao nosso idio-ma. Assim poderemos receber a rique-za da mensagem que Deus nos datravs desses textos e participar ati-vamente do sublime dilogo de amorque Deus estabelece com as pessoas.

    MARCO HISTRICODO ANTIGO TESTAMENTO

    Povos e pessoas, somos todos filhos denosso tempo e nosso espao. Para compre-ender os escritos nos quais o antigo povo deIsrael compartilha sua histria e suas vivn-cias religiosas, preciso situ-los no marcogeogrfico, no acontecer histrico e nocontexto sociocultural nos quais surgiram.

    A terra do Antigo Testamento

    A maior parte da histria bblica sedesenvolve em um territrio estreito e lon-go, com menos de cem quilmetros delargura, entre o mar Mediterrneo e osgrandes desertos da Sria e da Arbia.Essa franja de terra foi bero de vrias ci-vilizaes e ponto de encontro de trscontinentes: sia, frica e Europa. A parteSul foi chamada pas de Cana por seusantigos moradores, Palestina, por um deseus povos ocupantes, os filisteus ou pe-listin, e Israel, devido ao cognome dopatriarca Jac.

    Essa regio parte de um conjuntogeogrfico mais amplo chamado Cres-cente Frtil, devido sua forma de meialua e fertilidade de suas terras. Emseus extremos esto o delta do rio Niloe a desembocadura dos rios Tigre eEufrates, e seu centro se situa na alturados desertos da Sria e da Arbia, zo-

    nas intransponveis na Antiguidade. Aregio est irrigada tambm por outrosrios menores, como o Orontes, o Litani eo Jordo.

    Nesta grande regio, sobretudo en-tre o Tigre e o Eufrates e no vale e deltado Nilo, viveram povos importantes,unidos por grandes vias de comunica-o. Tinham um intercmbio comercialintenso e frequentemente compartilha-

    vam ideias, cultura e religio, entrando,a despeito disso, em contnuos conflitosarmados. Comunicavam-se com a ndiaatravs do Ir, com a frica atravs doEgito e da Nbia, e com a Europa pormeio dos fencios, os quais comercia-

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    vam com as ilhas gregas de Chipre,Creta e Jnia, e, mais tarde, com a Gr-

    cia continental e com a Espanha.A maior parte da histria de Israelse desenvolveu no centro desta regio.Mas alguns fatos significativos, como aopresso egpcia e o exlio babilnico,ocorreram em seus extremos: no deltado Nilo e na baixa Mesopotmia.

    Os povos do Antigo Testamento

    A situao geogrfica e os povosvizinhos de Israel influram profunda-mente em sua histria. Mesopotmia eEgito, as grandes potncias, que desdeos dois extremos do Crescente Frtilprocuravam estender sua influncia eseu domnio, desempenharam papisdefinitivos na vida dos israelitas.

    MesopotmiaMesopotmia cujo nome significa

    entre rios, por estar entre o Tigre e oEufrates foi o primeiro grande foco decivilizaes e culturas. Muitos povos eetnias viveram ali, e vrios imprios do-minaram a regio sucessivamente.

    Em 3000 a.C., os sumrioscriarama primeira grande civilizao. A seguir

    vieram os acdios, de origem semita(2370-2230 a.C.). Depois houve um bre-ve renascer sumrio, com sua dinastiade Ur (2060 a.C.), que terminou com achegada dos amorreus, os quais deramorigem aos grandes imprios da Assriae da Babilnia (sc. XX-XVI a.C.).

    Os cuchitas, hurritas, hititase arameusdominaram a regio (sc. XVI e X a.C.) atque ressurgiu o imprio assrio (sc. IX

    a.C.), que acabou com os reinos de Da-masco e de Israel (735-721 a.C.) e transfor-mou Jud em reino vassalo (701 a.C.). Aodecair o imprio assrio, Babilnia toma suacapital, Nnive (612-605 a.C.). O novo imp-rio babilnico, dirigido pelo seu rei Nabuco-donosor, conquista o antigo territrio assrio,estende seu domnio at o Egito, aniquilaJud e deporta grande parte de seus habi-tantes (587 a.C.).

    O imprio persa, sob a lideranado rei Ciro, vence Babilnia (539-331a.C.), mas sucumbe diante do avan-o de Alexandre Magno, procedenteda Grcia. Mesopotmia deixa de ser

    O CRESCENTE FRTIL

    O Crescente Frtil

    Rio Nilo

    EGITO

    MarVermelho

    Sinai

    Palestina

    Mar Morto

    Rio Jordo

    Lago daGalileia

    GolfoPrsico

    MarMediterrneo

    RioEufrates

    Rio Tigre

    MarCspio

    Mesopotmia

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    o centro do poder poltico-cultural,que se desloca para o mundo medi-terrneo, primeiro com o imprio gre-co-macednico e, posteriormente,com o imprio romanocomo protago-nistas.

    EgitoPor sua proximidade, sua histria

    milenar e seu desenvolvimento, o Egitofoi talvez o povo que mais influenciou aPalestina, sobretudo ao convert-la emuma espcie de protetorado ou provn-cia egpcia (1900-1500 a.C.). Duranteum sculo e meio, os hicsos, semitasoriginrios da Palestina, governaram oEgito e estabeleceram laos de sangue,cultura e religio com seus habitantes.Quando os hicsos foram expulsos, co-meou uma etapa de forte presso so-bre a Palestina e uma situao sria deopresso para os israelitas no Egito(1304-1184 a.C.).

    Com a invaso dos povos do mar filisteus procedentes das ilhas domar Egeu , inicia-se a decadncia doEgito, que passa a exercer um papel

    secundrio na poltica internacional.Mesmo assim, a influncia egpciacontinuou durante a monarquia unida eo reino de Jud. Muitos elementos desua cultura, sua administrao e suareligio foram integrados vida e sinstituies do povo israelita.

    Mundo greco-romanoAs culturas dos povos do mar Egeu,

    em especial os filisteus, influram sobreCana desde 2000 a.C. Esta influnciase acentuou na poca persa e chegou aseu cume durante o grande impriogreco-macednico fundado por Alexan-dre Magno (333-323 a.C.) e os reinoshelenistas que o sucederam.

    O helenismo fenmeno sociocul-tural caracterizado pela expanso dalngua e da civilizao gregas cau-sou impacto definitivamente na comu-nidade israelita da Palestina e da di-spora (disperso pelo mundo). Essainfluncia se manteve inclusive sob odomnio dos romanos, at o fim da na-o judaica, no tempo do imperadorAdriano (63 a.C.-135 d.C.).

    POVOS DO ANTIGO TESTAMENTO

    MarVermelho

    Rio Nilo

    SinaiEgpcios

    Mar Mediterrneo

    Povos do Mar

    HititasHurritas

    MarCspio

    Rio Eufrates

    Rio Tigre

    Amorreus AssriosMedos

    Arameus

    CananeusAcdios

    Cuchitas

    Persas

    Sumrios

    Golfo

    Prsico

    rabes

    Mar Morto

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    Povos vizinhosOs povos vizinhos influenciaram mais

    diretamente Israel, porm sem ameaarsua existncia, como as grandes potn-cias. Os cananeus conjunto de tribos or-ganizadas em cidades-Estado que tinhamuma mesma lngua e certa unidade cultural

    e religiosa habitaram o mesmo territrioantes e durante a ocupao israelita.

    Havia pequenos reinos com osquais os israelitas estavam aparenta-dos, mas tinham conflitos contnuoscom eles. Os amonitas e os moabitasdescendiam de Amon e Moab, sobri-nhos de Abrao (Gn 19,36-38), e osidumeus e arameus, de Esa e de La-bo, tio e sogro de Jac.

    Os filisteus, ao sul da costa, foramos estrangeiros por excelncia e os ini-migos mais incmodos de Israel at oreinado de Davi. Os fencios marinhei-ros e comerciantes, com suas grandescidades de Biblos, Tiro e Sidon anoroeste mantiveram relaes amisto-sas com Israel e tiveram uma influnciareligiosa forte no reino do Norte.

    As grandes etapas da histria de IsraelA f de Israel essencialmente his-

    trica. Seu nico Deus, o Senhor, serevelou mediante sucessivas interven-es atravs dos sculos, fazendo dahistria o lugar e o meio privilegiado desua relao com o povo e o ambientevital no qual se desenrolam suas escri-turas sagradas.

    As origensA formao de Israel como povo

    abrange oito ou nove sculos, que es-capam quase por completo ao historia-dor, salvo as recordaes de aconteci-mentos e personagens transmitidos portradio oral. Essas memrias, coteja-das com fontes histricas do AntigoOriente Prximo e com descobertas ar-

    queolgicas, oferecem dados importan-tes sobre suas origens, nos quais sedestacam trs grandes etapas:

    1. A histria dos patriarcas. A fraseMeu pai era um arameu errante (Dt 26,5)

    resume as tradies patriarcais registradas

    na histria das origens de Israel (Gn 1250).Os patriarcas ou antepassados deIsrael eram pastores seminmades deovelhas e cabras, na franja semidesrti-ca do Crescente Frtil, no segundo mi-lnio a.C. Com o tempo, tornaram-sesedentrios e chegaram a dominar re-gies ocupadas por outros grupos.

    As tradies bblicas situam nesseamplo perodo Abrao, Isaac, Jac/Is-

    rael e seus filhos, que deram nomes sdoze tribos e que se consideram seusantepassados mais diretos. Segundodados histricos e arqueolgicos provi-nham da Mesopotmia (Abrao de Ur eJac de Har) e perambularam pelocentro e pelo sul da Palestina entre ossculos XVIII e XVI a.C. Esses gruposesto vinculados com o deus do pai,que lhes faz importantes promessas

    para sua descendncia. Parte deles vi-vem no Egito durante cerca de quatrosculos, entre a poca dos hicsos e oenfraquecimento do poder egpcio sobAmenfis IV (1720-1347 a.C.).

    POVOS VIZINHOS DE ISRAEL

    Edom

    Moab

    MarM

    orto

    Filisteus

    Amon

    Cana

    Rio JordoMarMediterrneo

    Lagoda Galileia

    Bas

    HarFencios

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    2. Permanncia no Egito. A perma-nncia no Egito, a opresso e, sobretu-do, a libertao, narradas no livro doxodo, constituem o corao do credode Israel e o ponto de partida de suahistria como povo. Trs fatos ressaltamno relato: a sada do Egito graas inter-

    veno de Deus (Ex 712); a passagempelo Mar Vermelho (1415); e o encontrocom Deus no Sinai, onde os israelitascelebram uma aliana com ele (1924).

    O processo que permitiu a libertaodo Egito foi, sem dvida, complexo, e con-tinua sendo difcil comprov-lo, pois estescrito como uma grande epopeia comtraos lendrios e litrgicos. Pode ter come-ado por volta de 1250 a.C., sob Ramss II,

    quando vrios grupos semitas, submetidosa trabalhos forados, puderam fugir guia-dos por Moiss. O relato do xodo fundeduas tradies distintas: a) o xodo-expul-so, quando os hicsos foram expulsos; e b)o xodo-fuga, dirigido por Moiss, o qualficou como a tradio predominante.

    3. Conquista e assentamento emCana. Estes fatos, como os anteriores,

    so vistos como resultado de interven-es divinas. A Bblia apresenta duasverses: Josu 112 relata a conquistagraas a trs rpidas e vitoriosas campa-nhas de todo Israel dirigidas por Josu.Juzes 1 a narra como um processo lentoe progressivo que no afetou os enclavescananeus mais bem fortificados, o queparece estar mais prximo da realidade.

    A poca dos juzes est envolvidaentre brumas e recordaes picas elendrias, de carter local. Israel adotae adapta elementos religiosos e cultu-rais cananeus, e se alia a tribos vizinhaspara enfrentar diversas ameaas.

    A monarquia ou reino unidoA monarquia nasceu diante da insu-

    ficincia do sistema tribal para resistir aossaqueadores nmades e s ameaas deoutros povos, sobretudo os filisteus (sc. XI--X a.C.). Com a monarquia, Israel se consti-tui plenamente como nao, com institui-es que lhe permitem comear a escreversua histria: escribas, anais reais e arquivos.

    Seus trs primeiros reis estabeleceme desenvolvem o reino, mas este, na quar-ta gerao, se divide. O quadro da p. 57apresenta uma viso de conjunto do reinounido e a diviso deste, com sua suces-so de reis e os profetas que aparecemem diferentes momentos e lugares.

    1.Saul. A primeira experincia mo-nrquica com Saul fracassou, talvezporque fosse muito semelhante estru-tura tribal, e no tinha capital permanen-te, exrcito regular nem o apoio e a legi-timao suficientes. O prprio Saul tevetraos de juiz e foi aceito s por algu-mas tribos (1030-1010 a.C.).

    2.Davi. Um membro da tribo de Ju-d foi quem conseguiu consolidar e insti-tucionalizar em poucos anos o modelomonrquico (1010-970 a.C.). Eleito reipelas tribos do Sul, foi aceito pouco de-pois pelas tribos do Norte, conseguindoa unidade nacional pela primeira vez.

    Davi fortalece a nova nao ao ven-cer e dominar os reinos vizinhos at onorte da Sria e conquistar Jerusalm,

    que passa a ser a capital poltica e reli-giosa de todas as tribos. Estabelece asbases de uma organizao interna comum exrcito de mercenrios e um corpode funcionrios especializados.

    3. Salomo. O rei Salomo, filho deDavi, aperfeioa a organizao do Esta-do (970-931 a.C.). Cria um sistema ad-ministrativo, impulsiona o comrcio e

    promove obras de construo, entre asquais se destaca o templo de Jerusa-lm, centro religioso de reunio das tri-bos e sinal da presena permanente deDeus no meio de seu povo.

    Embora j existissem poemas e rela-tos, com a monarquia, em particularcom Salomo, comea a tomar impulsoa atividade literria em Israel. Tambmse consolidam o profetismo e o sacerd-cio, instituies muito fortes na histriade Israel. No obstante, o reinado deSalomo terminou com graves proble-mas internos e externos que levaram oreino sua diviso. 49

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    1.O reino do Norte (Israel). Tinhaos territrios mais ricos e populosos,mas sofreu mais presses internas eexternas. Conheceu perodos de es-plendor sob Amri, que fundou sua capi-tal, Samaria, e com Acab e Jeroboo II,em cujo reinado surgem Ams e Oseias,

    os primeiros profetas escritores.Sua grande instabilidade interna, evi-dente nas nove dinastias que reinaramem duzentos anos, fizeram-no fcil presado imprio assrio. Primeiro exigiu tribu-tos, depois tomou Samaria e deportouseus habitantes e, por fim, converteu Israelem provncia assria (722 a.C.).

    2. O reino do Sul (Jud). Este reino,menor e com menos recursos, foi maisestvel graas teologia da sucessodavdica e por ter sofrido menos pres-ses inimigas. Recebeu uma forte influn-cia da poltica egpcia, por sua proximi-dade geogrfica.

    Teve momentos brilhantes com osreis Asa, Josaf e Azarias/Ozias, comEzequias, que reuniu os restos do reinodo Norte, e com Josias, que realizouuma reforma religiosa. Tambm flores-

    ceram ali profetas importantes comoIsaas, Miqueias, Sofonias e Jeremias.Um sculo depois de se libertar da

    ameaa assria (701 a.C.), Jud sucum-biu diante da invaso babilnica. Emdez anos o rei Nabucodonosor atacouduas vezes Jerusalm (598 e 587 a.C.),destruiu a cidade e levou para Babilnia,como deportados, seus dirigentes e umncleo importante de sua populao.

    O exlioAs quedas sucessivas da Samaria e

    de Jerusalm foram um duro golpe para af de Israel, que se sentia seguro devido spromessas divinas. Com a queda de Jeru-salm, os judeus ficaram pobres, desorga-nizados, sem ateno religiosa, e se mistu-raram com os colonos estrangeiros. Muitosfugiram para a Transjordnia ou para oEgito, onde formaram colnias que deramorigem dispora ou disperso judaica.As milhares de pessoas, do mais seleto deJud, que foram exiladas para a Babilniase estabeleceram por famlias em aldeias ecidades, fazendo parte da dispora.

    Os israelitas conseguiram sobreviver grande crise poltica e religiosa do exliograas aos sacerdotes e profetas, entreeles Ezequiel e o Segundo Isaas, os quaisos sustentaram e impulsionaram a obra darestaurao. Ao refletir sobre o passado,explicaram a catstrofe em termos de res-

    ponsabilidade nacional, e encontraram,em sua tradio, novas perspectivas deesperana e continuidade. Com isso,montaram as bases de uma nova identida-de mais religiosa que poltica, na qual to-maram importncia a circunciso, o sba-do, a observncia da Lei e a inquebrantvelafirmao de Jav como nico Deus.

    A comunidade judaica ps-exlica

    Em menos de cinquenta anos asituao internacional mudou por com-pleto. Em 539 a.C., Ciro, rei dos persas,conquistou Babilnia e permitiu aosexilados regressar a sua terra e recons-truir o templo. Mas seu trabalho de re-construo no foi fcil, pois faltavammeios econmicos, os habitantes locaise povos vizinhos eram hostis, e estavamsubmetidos ao imprio persa.

    1.Reconstruo e nova esperana.Zorobabel e Josu, junto com os profetasAgeu, Zacarias e o Terceiro Isaas, guia-ram a comunidade na reconstruo. Es-dras e Neemias reorganizaram o povo elhe deram uma estrutura teocrtica (sc.V a.C.). A partir de ento, a Lei, o temploe o sacerdcio foram os pilares da identi-dade do povo, dando origem ao judas-

    mo, o qual deixou profundas marcas nosmbitos religioso e literrio, pois a maiorparte do Antigo Testamento recebeu suaforma definitiva nesse perodo.

    2.Impacto do helenismo. No ano 333a.C., Alexandre Magno derrotou os persase instaurou o imprio greco-macednico.Assim, inicia-se o helenismo ao difundir--se a lngua e a civilizao gregas. Com o

    tempo, aprofundam-se as diferenas entreos judeus helenistas e os que permane-cem fiis s suas tradies. Ao morrerAlexandre, a comunidade judaica teve desofrer as lutas entre seus sucessores, es-50

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    pecialmente os lgidas ou ptolomeus, se-nhores do Egito, e os selucidas, domina-dores da Sria e da Mesopotmia.

    3.A rebelio dos Macabeus. Quandoo selucida Antoco IV proibiu as prticasreligiosas judaicas em Jerusalm e em to-

    da a Palestina (167 a.C.), os irmos Maca-beus, apoiados por grupos de judeus pie-dosos (assideus), organizaram umarebelio armada que conseguiu triunfar.Simo Macabeu reconhecido como su-mo sacerdote e obtm a independnciapoltica para Jud (141 a.C.). Seus descen-dentes, os asmoneus, retomam o ttulo dereis e mantm a situao por mais de se-tenta anos, em meio a lutas fratricidas, atque o exrcito romano toma Jerusalm, e a

    Judeia se transforma em provncia romana(63 a.C.). O imprio romano, insuportveldepois das rebelies dos anos 70 e 135d.C., provocou o fim da nao judaica.

    Dois fatos evidenciam-se nesse pero-do: a) a separao progressiva dos sama-ritanos, que renem certas tradies dasantigas tribos do Centro e do Norte e rom-pem com Jerusalm e o judasmo oficial; eb) a consolidao da dispora, promovidapela expanso helenista. A populao ju-

    daica no estrangeiro, mais numerosa quena Palestina, se agrupa em torno de suassinagogas e, apesar da distncia, mantmsua vinculao com Jerusalm e o templo.A dispora confere ao judasmo um carternovo e o prepara para superar a grandeprovao que implicou seu desapareci-mento enquanto nao.

    OS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTOO Antigo Testamento uma grande

    coleo de 46 livros escritos em diversaspocas e por diversos autores, reunidos porafinidade literria ou temtica em quatrograndes grupos: 1) Pentateuco; 2) livroshistricos; 3) livros profticos; 4) livros poti-cos e sapienciais. Essa diviso coincide emgrandes traos com a trplice denominaojudaica: Lei, Profetas e Outros Escritos.

    Literaturas do antigo Oriente PrximoMuito tempo antes que as tribos

    israelitas transmitissem oralmente suastradies, o Egito, a Babilnia antiga, aSumria e a Assria tinham uma literatura

    rica sobre diversos temas. A maioria dasformas e dos gneros literrios no AntigoTestamento mitos e lendas sobre acriao do mundo e das pessoas; rela-tos picos e sagas de tipo his