BIASI-RODRIGUES, Bernadete et al. Gêneros textuais e comunidades discursivas. (prefácio)

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Gneros textuais e comunidades discursivasum dilogo com John Swales

Coleo Leitura, escrita e oralidade

Bernardete Biasi-Rodrigues Jlio Csar Arajo Socorro Cludia Tavares de Sousa(Organizadores)

Gneros textuais e comunidades discursivasum dilogo com John Swales

Copyright 2009 os Organizadores

Capa

Victor BittowIlustraO

Alberto BittencourtedItOraO eletrnICa

Luiz Flvio PedrosarevIsO

Dila Bragana de Mendonarevisado conforme o novo acordo Ortogrfico. todos os direitos reservados pela autntica editora. nenhuma parte desta publicao poder ser reproduzida, seja por meios mecnicos, eletrnicos, seja via cpia xerogrfica, sem a autorizao prvia da editora.

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dados internacionais de catalogao na Publicao (ciP) (cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Gneros textuais e comunidades discursivas : um dilogo com John swales / Bernardete Biasi-rodrigues, Jlio Csar arajo, socorro Cludia tavares de sousa (orgsanizadores). Belo Horizonte : autntica editora, 2009. (Coleo leitura, escrita e Oralidade) Bibliografia. IsBn 978-85-7526-396-9 1. anlise do discurso 2. ensaios 3. Gneros literrios 4. lingustica - teoria 5. swales, John M. 6. textos I. Biasi-rodrigues, Bernardete. II. arajo, Jlio Csar. III. sousa, socorro Cludia tavares de. Iv. srie. 09-04506 Cdd-401.41

ndices para catlogo sistemtico: 1. swales, John M. : teoria do discurso : lingustica : ensaios 401.41

Sumrio

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PrefcioDsire Motta-Roth

11 ApresentaoBernardete Biasi-Rodrigues

15 Primeira parte - Fundamentos tericos 17 Anlise de gneros na abordagem de Swales: princpios tericos e metodolgicosBernardete Biasi-Rodrigues Barbara Hemais Jlio Csar Arajo

33 Sobre modelos de anlise do discursoJohn M. Swales

47 Segunda parte - Anlises da organizao retrica de gneros 49 O gnero resumo: uma prtica discursiva da comunidade acadmicaBernardete Biasi-Rodrigues

77 O gnero resenha acadmica: organizao retrica e sinalizao lexicalAntnia Dilamar Arajo

95 A resenha acadmica em uso por autores proficientes e iniciantesBenedito Gomes Bezerra

117 A organizao retrica do gnero carta-consultaRosa Maria Schmitz Simoni Adair Bonini

139 A organizao textual argumentativa em editoriais de jornaisSocorro Cludia Tavares de Sousa

155 O uso do gnero depoimento em comunidades virtuais de alcolicos annimosCibele Gadelha Bernardino

173 Terceira parte - Anlises de comunidades discursivas 175 Uma descrio da comunidade discursiva jurdicaElisabeth Linhares Catunda

189 A comunidade discursiva virtual Sociedade Senhor dos AnisCarla Rafaela Gaede-Sakata

205 A comunidade discursiva dos Tananans: uma experincia etnogrfica em sala de chatJlio Csar Arajo

227 Referncias 237 Sobre os autores

Prefcio

O presente volume rene um conjunto de artigos produzidos a partir da leitura da obra de John M. Swales e de questionamentos trazidos por pesquisadores brasileiros questo dos gneros discursivos. Esses trabalhos foram produzidos ao longo de quase uma dcada, de 1996 a 2004, e demonstram as vrias aplicaes a que o trabalho de Swales se presta e a produtividade do campo da Anlise de Gneros no Brasil. Como destaque, o livro traz um captulo de autoria do prprio Swales para ilustrar a aplicao atual de sua abordagem. O volume abre com um captulo dos autores B. Biasi-Rodrigues, B. Hemais e J. C. Arajo, no qual apresentam os princpios tericos e metodolgicos do trabalho de John Swales, que iro orientar todos os demais captulos desta coletnea. Os autores resumem as principais contribuies tericas trazidas por Swales ao campo de anlise de gneros textuais, conforme praticada no Brasil. Para tanto, partem das definies originalmente formuladas por Swales (1990) para gnero e comunidade discursiva. Em seguida, fazem uma tima contribuio terica ao explorar as revises sofridas pelo conceito de comunidade discursiva (Swales, 1992; 1993; 1998) e pelo papel do propsito comunicativo no reconhecimento dos gneros (Askehave; Swales, 2001; Swales, 2004). Concluem o captulo com uma discusso da contribuio mais conhecida de Swales, o modelo CARS (Create a research space), criado para representar a organizao textual de introdues de artigos de pesquisa (Swales, 1990). A incluso do captulo de John Swales indubitavelmente um ponto de destaque do livro. Em seu texto, Swales discorre sobre a relevncia e a validade, para a anlise do discurso, dos modelos esquemticos construdos para fim de representar a estrutura do discurso oral ou escrito. Para Swales,7

a maior parte dos gneros acadmicos pode ser estruturada em forma de um modelo em funo da tendncia desses gneros previsibilidade de como a interao se inicia, desenvolve e encerra. Embora alguns modelos estruturais (por exemplo, o de introdues de artigos cientficos do prprio Swales) sejam muito utilizados e longevos, h crticas quelas pedagogias que os empregam porque so vistos como conservadores e restritivos liberdade de ao dos alunos. O texto discorre sobre trs questes: O que faz um modelo ser bom? Quais so as relaes entre modelos e discursos associados a eles? Qual o papel dos modelos na anlise do discurso? A concluso a que o autor chega a de que um modelo bom se der conta dos dados aos quais for aplicado, explicando o funcionamento do discurso ao qual se aplica, e sua funo servir de ponto de partida para elaboraes mais sofisticadas medida que a rea de Anlise do Discurso avana. B. Biasi-Rodrigues relata sua pesquisa sobre resumos de dissertaes e teses em quatro subreas das Cincias Humanas: Lingustica, Educao, Sociologia, Economia; em duas das Cincias da Sade: Enfermagem e Farmcia; e em duas das Cincias Tecnolgicas: Engenharia Eltrica e Engenharia Mecnica. A pesquisa enfoca os mecanismos (estratgias de conduo de informaes) empregados pelos autores para selecionar e organizar os contedos do texto-resumo, de modo a refletir com maior ou menor preciso a organizao retrica do texto-fonte (Biasi-Rodrigues, 1998). A. D. Arajo faz uma anlise do gnero resenha crtica acadmica da rea de Lingustica Aplicada, publicada em lngua inglesa, combinando a abordagem de Swales teoria da sinalizao lexical (Winter, 1982; 1992). Ela descreve os movimentos retricos e as respectivas estratgias encontradas em seus dados na forma de escolhas lingusticas feitas pelos escritores para tipificar as resenhas como um gnero. A autora verifica o papel recorrente da linguagem avaliativa ao longo de toda a resenha e a presena de substantivos no especficos que funcionam como importantes elementos coesivos e metadiscursivos na organizao da estrutura retrica do gnero. B. G. Bezerra tambm apresenta um estudo sobre resenhas acadmicas na rea de Teologia, em que compara a organizao retrica de resenhas produzidas por escritores proficientes organizao de resenhas produzidas por iniciantes. Os resultados da anlise apontam padres organizacionais similares nos dois grupos ao mesmo tempo que evidenciam diferenas nos textos, associadas a propsitos comunicativos diferenciados e dependentes das competncias acadmicas caractersticas de cada grupo. R. M. Simoni e A. Bonini fazem uma caracterizao da organizao retrica do gnero carta-consulta a partir de exemplares publicados nos8

jornais O Globo e Folha de S. Paulo. Para tanto, combinam o aporte terico sociorretrico de Swales (1990) e Bhatia (1993) s teorizaes do campo da comunicao de Melo (1985) e Chaparro (1992; 1998). Os autores constroem uma representao do gnero carta-consulta, apontando padres estruturais correspondentes a duas variantes: carta-consulta direta e carta-consulta indireta. S. C. T. de Sousa faz um estudo de editoriais de jornais, enfocando a organizao textual argumentativa em termos da anlise da distribuio das informaes. A autora toma por base o modelo CARS (Create a Research Space) de Swales (1990) para identificar os movimentos retricos dos editoriais. Os resultados apontaram um padro retrico constitudo de trs unidades: uma de Contextualizao do tema, a segunda de Argumentao sobre a tese e uma terceira de Indicao da posio do jornal. C. G. Bernardino investiga a caracterizao do gnero depoimento, conforme utilizado nas interaes entre os membros de um grupo on-line de alcolicos annimos. A autora buscou definir aquela comunidade discursiva nos termos de Swales (1990; 1992) e verificar regularidades e similaridades quanto distribuio das informaes na estrutura textual dos depoimentos. Com base nessa anlise, ela tenta identificar relaes entre a organizao retrica dos depoimentos e os propsitos e valores da Irmandade dos Alcolicos Annimos. E. L. Catunda faz um apanhado histrico das origens do Direito no Brasil para descrever a comunidade discursiva jurdica a partir dos conceitos e critrios de Swales (1990; 1992). A autora caracteriza a comunidade discursiva do Direito, formada pelo todo da sociedade e da qual todo e qualquer cidado participa, de comunidade discursiva jurdica lato sensu, enquanto a comunidade constituda apenas pelos operadores do direito denominada de comunidade discursiva jurdica stricto sensu. Como referncia para a investigao, usado o gnero jurdico acrdo, uma vez que esse gnero uma pea decisiva dentro de um processo jurdico, prtica discursiva central no Direito. C. R. Gaede-Sakata usa o aporte terico da Anlise de Gneros, em especial os conceitos de gnero e comunidade discursiva de Swales (1990; 1992), para descrever a comunidade discursiva virtual Sociedade Senhor dos Anis. A autora reporta uma pesquisa que desenvolveu ao longo de nove meses, durante os quais observou e participou da comunidade pesquisada. Os resultados evidenciaram a presena das caractersticas apontadas por Swales (1992) o que, por sua vez, indicou o status de comunidade discursiva da Sociedade Senhor dos Anis.9

J. C. Arajo explora o meio eletrnico e a interatividade em um estudo sobre comunidades virtuais na Internet. A partir de um olhar sobre a revoluo nas prticas discursivas trazidas pela Internet, o autor relata uma pesquisa etnogrfica em uma sala de chat, em que reivindica o estatuto de comunidade discursiva no sentido que lhe atribui Swales (1990; 1992) para uma determinada comunidade virtual que se sustenta por meio de prticas sociais discursivas compartilhadas por seus membros. A variedade dos trabalhos, a perspectiva histrica do volume e o frescor trazido por estudos mais recentes que incluem o meio virtual da Internet atestam a flexibilidade e a produtividade do enquadre terico proposto por Swales. Este volume, sem dvida, oferece uma valiosa contribuio aos estudos do texto e do discurso na medida em que esses dois conceitos pressupem recorrncia, institucionalizao e participao social, isto , na medida em que pressupem a existncia de gneros discursivos que estruturam nossa experincia nos vrios recortes da vida em sociedade.

Dsire Motta-RothUniversidade Federal de Santa Maria Novembro de 2008.

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Apresentao

No Brasil, j bastante significativo o volume de pesquisas que vm demonstrando a aplicabilidade da teoria de Swales e de seu modelo de anlise a diferentes gneros textuais no s do ambiente acadmico ou profissional mas tambm de outros domnios discursivos. A maioria dessas pesquisas foi realizada com exemplares de gneros em portugus, algumas das quais ilustram, neste livro, a produtividade da proposta terico-metodolgica de Swales para a anlise de gneros em nosso pas. A escrita acadmica, em geral, vem merecendo a ateno dos analistas de gneros textuais, e muitos estudos em lngua portuguesa trazem resultados da anlise de vrios gneros acadmicos. Este livro tem o propsito de contar um pouco da histria que conheo dessa prtica no Brasil e da qual participei como estudante de doutorado e como pesquisadora ao longo de 13 anos. Em 1997, tive a oportunidade mpar de assistir conferncia Perigos e prazeres do gnero, proferida por Swales na Universidade Federal de Santa Catarina, quando eu fazia o doutorado no Programa de Ps-Graduao em Letras/Lingustica, sob a orientao da Profa. Dra. Loni Grimm-Cabral. Na ocasio, tive a feliz ideia de gravar a fala de Swales e depois de conservar as fitas cassete ao longo dos ltimos 10 anos. Com novos recursos tecnolgicos, foi possvel recuper-las e, com a contribuio de Diana Costa Fortier, doutoranda do PPGL/UFC, a conferncia foi transcrita e traduzida, constituindo-se num documento histrico do pensamento de Swales que, na poca, preparava o texto do livro Other floors, other voices: a textography of a small university building que foi publicado em 1998. A seguir transcrevo um trecho da conferncia em que o autor se refere pesquisa que deu origem ao livro:Sobre a questo de olhar ao longo do corredor para encontrar outro mundo de significados, eu realmente fiz isso no meu prprio prdio, que tem trs andares. No terceiro andar fica o Instituto de11

Lngua Inglesa, onde so elaborados materiais de Ingls para Fins Especficos para a universidade e os exames de proficincia que so usados no Brasil. Abaixo do Instituto de Lngua Inglesa encontrase o Herbrio da Universidade, um lugar onde so armazenados exemplares desidratados de plantas eles tm l uma coleo de um milho e seiscentos mil espcimes de plantas do mundo inteiro. Na verdade eles so muito bons e tm muito orgulho de sua coleo de plantas brasileiras. Os profissionais que l trabalham so botnicos, botnicos sistemticos. Finalmente, mais abaixo, fica um laboratrio de informtica com cerca de 60 computadores, alguns tcnicos em informtica e muitos alunos, em especial alunos de ps-graduao. um lugar onde as pessoas vo escrever suas dissertaes e teses com a velocidade de uma pgina por dia!

Ao final do ano de 1998, conclu e defendi minha tese de doutorado na UFSC (Biasi-Rodrigues, 1998). O objeto de estudo foi um corpus de resumos de dissertao em Lingustica, e a anlise, desenvolvida com apoio no modelo CARS (Create a research space Swales, 1990), mostra uma organizao retrica peculiar desse gnero acadmico e especificidades dessa prtica discursiva que fogem ao padro esperado e revelam a flexibilidade no uso das estratgias retricas pelos seus produtores. Essa histria teve continuidade no Programa de Ps-Graduao em Lingustica da Universidade Federal do Cear. Merecem meno aqui os estudos que foram desenvolvidos sob minha orientao, desde 1999, e que tomaram como ponto de apoio minha pesquisa de doutorado sobre o gnero resumo, alguns compondo esta obra e outros ainda inditos. So trs dissertaes j defendidas, cujos objetos de estudo foram gneros acadmicos: a resenha, o memorial e a seo de justificativa de projetos de pesquisa,1 e quatro dissertaes cujo alvo de anlise foram gneros no acadmicos: a notcia, a reportagem e o editorial de jornal, luz dos pressupostos tericos de Swales (1990; 1992; 1998; 2001) e, mais indiretamente, usando o aparato metodolgico de Bhatia (1993), a mala-direta e a carta-corrente.2 Alm dessas, resta mencionar uma pesquisa de mestrado em que foram investigadas as caractersticas de uma comunidade discursiva virtual, aplicando-se os critrios de identificao propostos por Swales (1990, 1992).3 Outras dissertaes com o mesmo enfoque terico tiveram origem numa disciplina ministrada por mim no PPGL/UFC, cujo programa era1 2 3

BEzERRA (2001); OLIvEIRA (2005); JUC (2006). SILvA (2002); SOUSA (2004); TvORA (2003); ALMEIDA (2007). GAEDE (2003).

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constitudo de tpicos sobre os pressupostos tericos e metodolgicos de Swales. Trs delas fazem parte deste livro, e eu tenho muita satisfao em dizer que foram gestadas na referida disciplina, quando os mestrandos tiveram oportunidade de conhecer a teoria e de discutir comigo sobre o assunto durante o processo de elaborao da dissertao. Uma descreve o gnero depoimento; outra, o gnero jridico acrdo e outra, um gnero praticado no domnio discursivo virtual, o chat,4 todas orientadas pela Prof Maria Elias Soares tambm no PPGL/UFC. Assim, a maioria dos captulos que compem esta obra trazem a pblico resultados de investigaes realizadas na Universidade Federal do Cear UFC, como requisito para a concluso do mestrado em Lingustica. As outras produes compreendem produtos de duas teses de doutorado defendidas na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e de uma dissertao produzida na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). O livro est dividido em trs partes, descritas a seguir. Parte I Fundamentos tericos contm um captulo que resume os princpios terico-metodolgicos de John M. Swales, pensados inicialmente para dar subsdios ao ensino de ingls com propsitos especficos e desenvolvidos posteriormente numa dimenso apropriada para a anlise de gneros textuais em diferentes contextos sociais, como resultado de investigaes que gradativamente ganharam um carter cientfico de grande repercusso entre os pesquisadores da rea. O segundo captulo um texto do prprio Swales, que, sem dvida, uma excelente contribuio para o entendimento de modelos de anlise e especialmente para dar respaldo terico aos captulos da segunda e da terceira partes, que relatam pesquisas desenvolvidas com apoio nas suas concepes de gnero e de comunidade discursiva e se valem do modelo CARS para descrever a organizao retrica de diferentes gneros. Parte II Anlises de organizao retrica de gneros rene anlises de gneros acadmicos, retratando bem a proposta inicial de Swales e outros estudos que mostram a produtividade da proposta e a criatividade dos estudiosos brasileiros que aplicaram os postulados do autor desde o tratamento de um gnero jornalstico at o depoimento praticado em interaes virtuais do AA, numa lista de discusso da Internet. Nessa parte do livro, todos os autores utilizam o modelo CARS (Swales, 1990) para analisar seu objeto de estudo, sempre adaptado em funo de cada gnero: resumo, resenha, carta-consulta, editorial e depoimento.4

BERNARDINO (2000); ARAJO (2003); CATUNDA (2004).

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Parte III Anlises de comunidades discursivas mostra que a proposta de Swales de anlise de gneros intrinsecamente relacionada a de comunidades discursivas se aplica tambm ao tratamento das prticas discursivas na esfera digital. Alm de um estudo sobre a comunidade discursiva jurdica, dois captulos relatam experincias bem-sucedidas de pesquisa sobre comunidades discursivas que j nasceram sob os auspcios do meio digital. Todas essas pesquisas revelam uma perspectiva de se olhar para as prticas discursivas em diversas instncias de uso da linguagem verbal e contribuem para subsidiar a anlise de diferentes gneros acadmicos e no acadmicos em nosso pas. Cabe acrescentar que novas formas genricas vm sendo institudas nesses ltimos anos e que a tecnologia da informao se desenvolve cada vez mais rapidamente, ampliando a complexa rede de possibilidades de intercomunicao global. O hipertexto vem ganhando espao e mltiplas funes em diversos domnios. McKnight et al. (1991, p. 44) j diziam, no incio dos anos 1990, que [o hipertexto] ter maior impacto sobre certos tipos de documentos que outros e tambm certamente criar formas novas de documentos que no podero ser concretizadas fisicamente no papel. Por isso, acredito que este livro oferecer contribuies valiosas para se compreender o vasto universo da linguagem verbal escrita, com algumas incurses pelo mundo virtual que revelam os diferentes recursos semiticos disponibilizados pela mdia digital aos seus usurios. Assim temos, nesta obra, resultados de pesquisas de doutorado e de mestrado, cujo objeto de investigao foram gneros textuais analisados na sua verso impressa e outras que do maior realce identificao de comunidades discursivas que operam em diferentes esferas de comunicao. Permito-me concluir dizendo que tenho muito orgulho de ter me dedicado organizao desta obra, contando com a colaborao de Jlio Arajo e Cludia, a qual abriga muitas das pesquisas que orientei no Programa de Ps-Graduao em Lingustica da Universidade Federal do Cear, onde atuo desde outubro de 1998 e onde tive a oportunidade de participar da implantao do Doutorado, no cargo de Coordenadora do Programa, no perodo de setembro de 2001 a maro de 2005. E no posso deixar de agradecer a todos os que colaboraram na construo do livro, direta ou indiretamente. Agradeo tambm ao apoio financeiro da UFC e do CNPq, atravs de bolsas de Iniciao Cientfica, propiciando a formao de pesquisadores iniciantes e a execuo de muitas das atividades de pesquisa que foram viabilizadas pela ao dos bolsistas Carlos, Thiago, Ariane e Samuel, que merecem meus agradecimentos muito especiais.

Bernardete Biasi-RodriguesFortaleza, dezembro de 2008.14