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BERNSTEIN, REVISITADO . C d (1) Ram~ro . Azeve o RESUMO Buscou-se neste trabalho de pesquisa em sociolingUistica e sociologia da educação estudar urna turma de alunos do básico da Escola Tecnica Federal do Maranhão, aplicando-se a teoria de Basil Bernstein e pesquisadores afins. A prática de campo e a análise do material colhido evidenci2ram que o primeiro grau ministrado pelas escolas em são Luis do Maranhão ~ bastante deficitário. Outrossim, as práticas de linguagem dessas escolas revelaram as classes so ciais de onde provêm. 1 - INTRODUÇÃO O presente trabalho em pesquisa de sociologia da educa ção e sociolingüistica teve o ob jetivo de estudar um universo de 43 alunos da turma 108, bãsico, da Escola T~cnica Federal do Ma ranháo, no periodo letivo de 1986. A pesquisa em tela prete~ deu testar as teses de Basil Bernst.e.iri I e pesquisadores afins so bre linguagem e classes sociais. A fim de que o universo pesguis~ do pudesse ser satisfatoriamente observado e analisado foram pr! vi1egiadas as seguintes vari~ veis: back - ground familiar, es cola de origem, pertença regi~ n;:11e idade. A primeira disse res peito à profissão dos pais, a vida no lar e ao meio-ambiente circundante. J~ a segunda se propôs levantar informaç~es 50 •• bre as formas escolarizantes dos col~gios de origem. A se guinte teve por escopo situar e configurar o aluno em são Luis (área industrial) ou interiores (municipiosl. Por fim,o meio-a~ biente circundante visou expli car a vizinhança e o bairro de habitação. (1) Professor Assistente - Departamento de Letras, UFMA. Professor Titular, UE~~. Professor da Escola T~cnica Federal do Maranhão. Membro efetivo da ABRALIN. BERNSTEIN, Basil.Langage et classes sociales. Paris, Minuit, 1975. 94 Cad. Pesq. são Luís, 3 (1) 94 - 106, jan./jun. 1987

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BERNSTEIN, REVISITADO

. C d (1)Ram~ro . Azeve o

RESUMO

Buscou-se neste trabalho de pesquisa em sociolingUisticae sociologia da educação estudar urna turma de alunos do básico daEscola Tecnica Federal do Maranhão, aplicando-se a teoria de BasilBernstein e pesquisadores afins. A prática de campo e a análise domaterial colhido evidenci2ram que o primeiro grau ministrado pelasescolas em são Luis do Maranhão ~ bastante deficitário. Outrossim,as práticas de linguagem dessas escolas revelaram as classes sociais de onde provêm.

1 - INTRODUÇÃO

O presente trabalho empesquisa de sociologia da educação e sociolingüistica teve o objetivo de estudar um universo de43 alunos da turma 108, bãsico,da Escola T~cnica Federal do Maranháo, no periodo letivo de1986. A pesquisa em tela prete~deu testar as teses de Basil Bernst.e.iriI

e pesquisadores afins sobre linguagem e classes sociais.A fim de que o universo pesguis~do pudesse ser satisfatoriamenteobservado e analisado foram pr!vi1egiadas as seguintes vari~veis: back - ground familiar, es

cola de origem, pertença regi~n;:11e idade.

A primeira disse respeito à profissão dos pais, avida no lar e ao meio-ambientecircundante. J~ a segunda sepropôs levantar informaç~es 50

••bre as formas escolarizantesdos col~gios de origem. A seguinte teve por escopo situar econfigurar o aluno em são Luis(área industrial) ou interiores(municipiosl. Por fim,o meio-a~

biente circundante visou explicar a vizinhança e o bairro dehabitação.

(1) Professor Assistente - Departamento de Letras, UFMA.Professor Titular, UE~~.Professor da Escola T~cnica Federal do Maranhão.Membro efetivo da ABRALIN.BERNSTEIN, Basil. Langage et classes sociales. Paris, Minuit, 1975.

94 Cad. Pesq. são Luís, 3 (1) 94 - 106, jan./jun. 1987

o material utilizadopara a coleta de dados foi o tr>'>dicional da pesquisa de campo:o~servaçao de visu, questionário,formulário-ficha, observação paEticipante e as expressoes oral eescrita (redações).

o referencial teóricofoi fornecido por Bernstein,2MaEcuschi3 e Varma/philip Willi~4 ,o qual diz respeito aos códigos,is relaçoes em familia, aos ti-e-.pos de linguagem, aos papéis 50

ciais e tipos de intelilência.Este amplo leque científico proporcionou flexibilidade no tratamento das variáveis supratran~cr ít as ,

Tendo em vista as limitaçoes gráficas de Cadernos dePesquisa reduziu-se o materialdo relatório a suas proporçõescompatíveis.

Por fim, um agradec~mento especial i equipe de supe::::.visão escolar da ETFM nas pe~soas de Ivone, Cicera, Raimundo,Natividade. Ao prof. Viana, aoportunidade de acesso a impo~tante material escolar. Aos colegas Walderez e Daniel fico gr~to pela ajuda dos gráficos esta

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~lsticos que gentilmente elaboraram.

Aos alunos da. turma108. que coo~erararn direta ouindiretamente para a realizaçãoda pesquisa, um abraço cordial.

2 - RETRATO DA CLASSEA classe constava de

43 alunos, 28 moças e 15 rap~zes. Qua ,to ao biótipo: 18 mulatos, 06 negróides, 05 caucasóides e 14 mamelucos. Como se observa, os tipos racialmente misturados (mestiços)predominaram:32 (18 mulatos/14 mamelucos).E~te fato social nos leva a concluir estar a população são-luisense em processo de miscigen~ção, Se nos reportarmos aos estratos sociais, pode-se satisfat.or í.amen t;eafirmar que orac í.a I predominante naest.udad a situou-se no

grupoclasse

estratoffi2~~iço da sociedade, o que vale dizer enfrentarem esses alunos certo ou discreto preconce!to social.

No tocante i pertença;"'2,,,-'-':;:,:,3.1, 06 provieram do inteLic~ e 37 sao da capital maranhense. Estes dados nos fazem

Id. ibid. p .. 38-4ó.

MARCUSCHI, Luiz. Linguagem e clas.~ê~ ...E:2~.iais. Porto Alegre, Ed.Movimento, 1975.

4 VARMA, Ved P. & WILLIAMS,Phillip.Piàget,psicS:!..ogia e educ~ão.são '/aulo, Cultrix, 1980. p. 246-53

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refletir serem os alunos ludovicenses a maioria. Contudo, naose descarte o fato de que algunstêm ascendentes interioranos.

33 cursaram o primeirograu em escolas suburbanas ela,no centro da cidade (área metropolitana). As escolas no centroda cidade, entretanto, pouco diferem (arquitetonicamente, ped~gogicamente etc.) daquelas suburbanas, pois geralmente saomeia-morada, bangalô, sobrado,morada-inteira etc. Apenas oMeng (colégio que serve a pequ~na e médi.a burguesia) e o CE~1A(centro Educacional do Maranhão,com ensino televisado) possuemárea física condizente com os requisitos pedag5gicos do ensino .

\i< X >EJE:

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Adi temos que as outras eaco Lasrevelam-se, além de verdadeirosdep5sitos de gente, pagadorasde baixissimos salários aos pr~fessores. Estes, recrutados nomais das vezes entre acadêmicosde medicina, engenharia, letrasetc. A qualidade do ensino érealmente trágica.

De colégios particul~res provieram 36; das escolaspúblicas 07 (02 alunos saooriundos do CEMA). O MENG( medieina e engenharia, a principie)disp6e de alguns recursos materiais didáticos e é o úni80 financeiramente estáveljá que serveapequenae a médiaburguesia.Outro.§,sim,quantoà faixaetáriao gráficode setor.abaí ..xo, assinala:

CONVENÇÕES

1++ +1 alunoscom 14 anos

C'~ alunoscem 15/16 anos

I+ + + I alunoscem 17/18 anos

[Õ""'õ""""õl alunoscom 19/20 anos

IZ77l/1 alunoscem 21/23 anos

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Como se observa pelografico, a faixa etária predom!nante é a dos alunos com 15 e 16anos. A outra de 17/18 anos também tem participação no universopesquisado. Ambas representam 40alunos - 17 - 15 anos; 15 - 16ario s : 07 - 17 anos; 01 - 18 anos.Houve um aluno com 14 anos; 01de 23 anos-ul, de19 anos.

Constata-se que a distribuição da faixa atária no universo pesquisado foi satisfatoriamente harmônica, pois o contingente de 15 anos é predomina~te com 17 alunos,aproximadamentenos 40% da população estudada.Se observa ainda que o grupo de14, 17 e 18 anos ê menor, verif!ca-se que o alunado interagiu n~ma idade cronológica bem aprox~mada, embora com desniveis deidade psiquica.

A profissão dos paisacusou: 01 contabilista, 02 p~dreiros, 01 enfermeiro, 01 assi~tente social; 03 mecânicos, 04comerciários; 03 agricultores,01 desempregado, 10 motoristas;10 funcionários públicos; 01 su~gerente de loja, 02 comerciantes, 02 camelôs, 01 feirante e01 representante.

Peia observação dosdados nota-se que as profissõesde baixa renda e de menor status predominaram: 10 motoristas,04 comerciários,03 mecãnicos,02pedreiros, 01 desempregado, 02camilos e 01 feirante, isto e,23 elementos desse universo pr~fissional, o que vale dizer naorepresentarem nem a pequena burguesia. ~umpre observar que osfilhos estudaram numa escola dogoverno, pública e grátis.

Configura-se, pois,p~los dados colhidos, que a elasse teve pais e/ou responsáveispredominantemente de baixa renda. Se acrescentarmos ainda ocontigente de funcionários p~blicos (10) (alguns,agentes-de-portaria, continuas etc.) chega-se à conclusão de que a elasse social dos alunos da turma108 situou-se abaixo da pequenaburguesia. Por conseguinte,cla~se social desassistida e de pa~co conteúdo cultural. Que expe~tativas poderiam provir de mot~ristas, feirantes, camelôs, cd

merciários etc?!Os ey,·",esvestibulares

da EI'FMt€rn reveladoomesmoresultadoa quechegouumapesquisado CESGRA.1\f

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RIO. 5 o nível socioeconômico é

determinante para o bom desemp~nho e sucesso dos candidatos. Nonosso caso (ETFM) tem havidoaprovaçoes até com media 03,04etc.

Uma pesquisa de KRASHEN6 observou que os alunos comsucesso no dominio da lingua inglesa --- padrões de redação eleitura -- são justamente os queprovêm de ambientes socioeconômi

cos burgueses (classe média) pr~_vilegiados com a cultura;e aqu~les que lêem pelo deleite deler, por prazer. Esses alunosobtêm muito melhor rendimento elogram chegar à universidade,fazendo seus cursos com maiorespossibilidades deacadêmico.

rendimento

Configuramos agora ográfiCO sobre as profissões:

1-'-11

OV) (,)

C) - ~ I-- ..Q a ~V) '::J IV) , ,- Q O)~ Q) I V)

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\!)~ ~ ~ Oo \!) ~- ti '0 '0 ~ ~ -a ~\!) \!) ::J ic: (j ',f 'Iit~ IV) IV)

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N). IV) ()Q.) c: C\J C\J~

IIE: <'c) ~ E: ,..----(,) "t) 't..: ~ Ia Q.) Q.) C) c: .--.

\..) ~ Q \..) Lu tt ii

5 Favorito de vestibular ê classe média e de co làg io tradicional. Jornal do Br-ª.silo Rio de Janeiro, 01. mar. 1985.

6 KRASHEN, S. The power of reading. Ne" York, Alemany Press, 1985.

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Como se. analisou, as.profissões de baixa renda pred~minam. Se excluirmos o continge~te dos funcionárioa públicos, encontramos 23 representantes derenda comprovadamente baixa, osqua~ se situam numa faixa de uma dois salários mínimos; outrossim, este universo representaquase 54% do universo da classe.Este dado estatístico nos leva a

afirmar ser a turma 108 integx-~da por alunos de classe socialdesassistida ou menos favorecida, constituindo a base da pirªmide social.

Tendo em vista ,aindaos elementos referenciais deKrashen, a sondagem na classe ,

quanto ao uso de biblioteca nas

escolas le origem, revelou:

escolas com pequena biblioteca - 02escolas com sala-de-leitura - 03

escolas sem biblioteca - 36

escolas com convênio para utilizar outras bibliotecas - 02--

total - 43

Este apanhado estatistico nos dá a medida exata doque os alunos fazem quanto ã leitura: 36 col&gios nâo dispõem debiblioteca para os alunos fazerem seus trabalhos intelectuaise de deleite, o que vale dizer:os egressos do primeiro grau naturma 108 quase nada leram .•.

3 - A TURMA 108 & SEU MUNDO LINGU1STICO-CULTURAL

Nas redações o desemp~nho dos alunos revelou grandesdeficiências linguisticas disseminadas em fatos fonêticos, mor

fossintáticos e estilisticos. Aanálise das redações comprovouos resultados a que chegou aprofa. Edith Pinto. 7

A primeiraçao parece confirmarses e observações deOs textos produzidostam:

constataas análiBernstein.

aprese~

- frases curtas- sintaxe pobre- iniormaçao r'edundarrte- iml/-essôesindividuais- oralidade de rrensagem- repertório lexical

p. 60-75.7 PINTO, Edith P. A língua escrita no Brasil.São Paulo, Ãtica,l986,

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pobre etc. te de prestígio (norma culta) I

fato sociolingUistico reveladorOs alunos ainda nao obtiveram uma diglossia capaz dehabilitá-Ios no manejo da varia~

da pequenez escolarizanteprimeiro grau.

do

Sejam os seguinte exemplos*:N9 1 O Bairro Onde Moro

O nome dele é João Paulo. Não é grande, nem p~queno, mais o comêrcio dele é desenvolvido. Látem farmácias, padarí.a s, dois super-cner-caôo s I... )

N9 2 O bairo que eu moro é calmo e o pessoal ajudamuitor mais as ruas sao esburacadas porque a pr~feitura nao trata delas (..,)

N9 3 O nome dele é ~,1onteCastelo. Nele naci e mecriei e pretendo nunca sair de 1&, pois E umbairro legal (...)

N9 4 Não gosto do bairro onde eu moro porque os marginais e os vizinhos nao s~o gente de amizade econfia.nça. As ruas tem lixor bu:racos e na chnvatudo fica alagadol. o.)

N9 5 O que é um bairro? Por que as pessoas têm de morar em um bairro? Eles servem na~2 reunir as famIlias em grupos( ...)**

Pela análise dos textos acima trascritos constatamos:a) a linguagem oral, dialogada, institiva e imediata pr~

domina;b) pobreza vocabu1arr a ponto da mensagem tornar-se com

pletamente redundante (como analisam Baylon/Fabre8);

c) erros morfofonéticos e morfossintaticos ( cf. Edith Pimente1 Pinto, N9 07);

d} nenhuma tentativa de universalizar o tema proposto ãexceçao do N9 5).

**8

Nio se faz uma an~lise demorada das amostras, o que exigiria umoutro trabalho volumoso.Escrito por aluna cujos pais são subgerente e assistente social.'BAYLON, C & FABRE. P. Iniciação ã linguística.Coimbra,Almedina,1979. p ,

46-9.

*

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Quanto a expressaooral, foram colhidos (entre muitos) os exemplos abaixo· a prop~sito de um texto, por sinal p~queno, versando sobre o episódio

de Daniel e os 03 Compatriotashebreus (cf. a Bibl.ia, Daniel1, 2 e 3); contudo. evidentemente, não se tratou de "aula dereligião" :

N9 01 - (... ) ora, eles acharu (acnaram) melhó(melhor)nãocumê(comer) carne(,.,)

N9 02 - (•.. ) eles deru(deram) um bom exemplo porque eramjovens de dezessete anu (anos) (.•. )

N9 03 - (... ) bom, não sei se se.ri a corajoso bastante p~ra realizar essa proezaC .•. )*

N9 04 - (•.. ) não olhei no texto as técnicas de contrastee de causa e conseqüençaCconseqü~ncia) (... ).

A expressão oral par~ce confirmar as observações deVarma/William no que diz respeito aos modelos de interação farn.í.I ..iar e sua influência sobre ocrescimento das habilidades lingüisticas dos alunos. Ainda com

os autores supracitados,a turma108 revelou na expressão oral s.:!:.tuação imaginativa pouco vigor~sa, predição e planejamentoisen to de canplexidade lingl.iística.

No que tange à lei turaem voz alta,ana:tiserrosos seguintesexemplos*"1,:

01 - (•.• ) fomos ao rest~lraunte (restaurante) Lamas. Escranhei, de inicio, o barulho infernal, conseqüênciado vozeria (vozerio) dos fregueses, dos transuentes(transeuntes) apressa.do (apressados) (... )

02 - (... ) a maioria dos homem moderno (homens modernos)vive em comunidades urbanas, sao pastoralistas oucriadores. Na verdade, menos que O;OOl%***de um total de 3 bilhões( ... )

03 - (..• ) o Parque Nacional de ItaiaiaCItatiaia) tem aforma aproximada de uma ferradura. Ele abraça a serra da Mantiquera(Mantiqueira) na altura(, .. )

* aluno de familia socioeconomicamente estivel .*," Os textos para leitura, colhidos em rJARTOS, C. & MESQUITA, R.H Técnicas

de redação. são Paulo, Saraiva, 1985.*** Aqui houve grande pausa na leitura.

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04 - (... ) a agJ;."icutura(agricultura) que se pratica hojeviolenta o ambiente. promovendo desenquilíbrios ( desequilibrios) ecológicos, ocasionando poluição( ...)

o reflexo fonético quea prolação das leituras propoE

ciona, permite que se sintomatize o seguinte:

a) muito baixa freqüéncia lexical daquele repertório quefoge ao cotidiano, mas que deve ter sido tratado emtextos do 19 grauj

b) por certo as expressoes numéricas oferecemdes de reconhecimento, de leitura;

dificulda

c) as palavras que disp6em de espectro ditongal (tais ainda como Sauaia, sequóia, etc.)criam embaraços para aleit.ura r

d) os condicionamentos de uso provenientes da enculturação no lar e na vizinhança se fazem presentes ( cutura,enquilibrado, etc.)

Em que pese a Profa.IvlagdaSoares9 defender com ponderávelbrilhantismo a escola (pública),acreditando ser esta capaz de lavrar o bidialetalisrno numa educação transformadorai em que peseseus argumentos dialeticamentebem estruturados sobre a ideologia do dom, da deficiência cult~ral, das diferenças culturais,dodéficit lingüístico (ocasião emque tece críticas a Bernstein, aLabov e a Bourdieu) a realidadedo dia-a-dia parece provar quea solução extrapola os âmbitosda estrutura social, da própriaescola e da família! Não visua

lizar, portanto, o Brasil comoum país de terceiro mundo é desconhecer que nossa pátria naoé uma Albânia ...

Poucas escolas no território nacional oferecem pr~duto de educação além da médiasatisfatória. Essas escolas viade regra funcionam em regime deinternato e são reservadas à p~quena burquesia( que faz inge~tes sacrifícios para usufruirdelas) e â classe média. O curriculo dessas escolas prevê dança, música clássica, pintura:b~lé, etc.etc. Nunca, assim se r~vela a prática humana, o estado

, SOARES, Magda. Linguagem e escola. são Paulo, Ática, 1986.

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bancará uma educação totalizantecomo essa. Que dizer das mi1hares de escolas públicas diss~minadas por esses brasiS •••

4 .- CONCLUSÕES

O presente trabalhopretendeu testar na prática asidéias e teses de Bernstein epesquisadores afins sobre elasses sociais e linguagem. Tomando,pois, como ponto de partida uma

turma da sêzí,e bâs í.c.a (la.) ,cujosalunos foram egressos de umamiscelánea de colégios ( pÚbl.!.aos/particulares) realizou-seuma p' <qu.í.sa de campo querevelou o seguinte:

a) Os condicionamentos familiares, escolares e de vizinhança formam, confirmando Bernstein, o background lingüístico e vivencial;

b) as escolas dO 19 grau não proporcionaram recurso~ einstrumentos a fim de que os alunos gerissem suas diglossias satisfatoriamente;

c) o fator socioeconômico é ponderável paraaprendizagem e rendiment.o do aluno.

SUMMARY

The author studiesclass at Escola Técnica Federaldo Maranhão and makes a sociolinguistic field research.He triesto experiment Bernstein's theories and comes to the conclusionthat the primeiro grauschools of são Luis isvery bad.

in theinideed

5 - BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1 - BACK, Eurico. Fracasso do eusino do português. petróp~

a melhor

a xis, Vozes, 1987.2; ,. ILARI, Rodolfo. A lingüisti

ca e o ensino da llnguaportuguesa. são Paulo,Ma!:.tins Fontes, 1985.

3 ,~ MACM-iBIRA, Josédo pO.I1:'uguês.

Secretaria de

R.FonologiaFortaleza,

Cultura eDesporto, 1985.

~." MAlA, Eleonora M. No reinoda fala.são paulo, Âtica,1985.

Cad. pesq. são LuIs, 3 (1): 94 - 106; jan./jun. 1987 103

5 - SAVIANI, Demerval. Escola edett1ocracia. são paulo, Cortez Editora, 1983.

ENDEREÇO DO AUTOR

RAMIRO 'CORR~A AZEVEDODepartamento de LetrasUniversidade Federal do MaranhãoCampus Universitário-BacangaTel.: (098) 222-543365. 000 SÃO LU!S - MA

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ESCO.Lé! Têcnicé! Fed~~al do ~ ~anh~o

Redaciio'-

e ~~j ~o c21mo ~nde é! tranquilidade é predom!dii~ciiment2 acuntece uma briga, onde todos

compartilham de una qr and e arn í zaúe ã3. qual é compartilhadarecem chegados no bairro.

com os

Contudo Ls so existe p,:·c·bl·c.'i,",:J como ruas esburacadas I faltade água e outros que não convêm il1enc;:i oria r, Mas apesar de tudo é umdos melhores de Sin Luis porque ~ a entrada e salda da cidade, ondeest& construido a nova rodovi&ria T;e vai favorecer muito as pe~soas do bairro, aereoporto e outros,

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ANEXO Q2 - EXEMPLÂRIO DE BARBAlUSMOS E SOLECISMOS

poblemas possue propias ajundando enclusive habiltaxi o natal existêm inudações ingiene àlíasax:vorés útimo iremos possuimos muinto porque

vir a tona que faz-se que paresse mais facieschegarmos onde queremos cheguei neste bairro falta que trástráfico de veicúlos pousco se vê pessoas acesso a praiapor está localizado moro no Maibão( Maiobão) Olho d'aguaa noite estão lá que todo mundo deve estudadiferenças que o caracteriza existe varias farmáciassão aspectos bastante contrastante os melhores bairroa também f amí.Li.a s a p~ü,eira coisa se evidêncianão empor tam=sc as pessoas se assemelham-semoro a mais de 12 anos neste bairrohaviam crianças frequentimente tem brigasão gente extremamen-ces simples é no clube das maesquanto a convivência 2 gente s6 ver o barulhoos amigos vem existe diverções há uma trizide1atem amêndoeras fiz novas amizddas aprendi a gostá-loencontra-se vários pontos é muito sub-desenvolvido

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