Bento XVI Criação Evolução

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 A Santa Sé ENCONTRO DO PAPA BENTO XVI COM O CLERO DAS DIOCESES DE BELLUNO FELTRE E TREVISO Igreja Santa Justina Mártir  Auronzo di Cadore, 24 de Julh o de 2007 P. – Santidade, sou Padre Cláudio e queria formular-lhe uma pergunta acerca da formação da consciência, em particular a respeito das jovens gerações, porque hoje formar uma consciência coerente, uma consciência recta, parece cada vez mais difícil. Troca-se o bem e o mal com o sentir-se bem e o sentir-se mal, o aspecto mais emotivo. Então, queria ter alguns c onselhos da sua parte. Obrigado... R.   – Excelências, caros irmãos, antes de tudo gostaria de vos expressar a minha alegria e a minha gratidão por este bonito encontro. Estou grato aos dois Bispos, Sua Excelência D. Andrich e Sua Excelência D. Mazzocato, por este convite. A todos vós que viestes tão numerosos no período de férias, o meu sentido agradecimento. Ver uma igreja cheia de sacerdotes é animador, porque vemos que há sacerdotes. A Igreja vive, embora os problemas cresçam no nosso tempo e precisamente no nosso Ocidente. A Igreja é sempre viv a e com sacerdotes que realmente desejam anunciar o Reino de Deus, cresce e resis te a estas complicações, que vemos na nossa situação cultural de hoje. Agora, esta primeira pergunta reflecte um pouco o problema da situação cultural no Ocidente, porque o conceito de consciência nos últimos dois séculos se transformou profundamente. Hoje prevalece a ideia de que racional, que parte da razão, só seria aquilo que é quantificável. As outras coisas, ou seja, as matérias da religião e da moral, não entrariam na razão comum, porque não são verificáveis ou, c omo se diz, não são falsificáveis na experiência. Nesta situação, onde moral e religião são quase expulsas da razão, o único critério último da moralidade e também da religião é o sujeito, a consciência s ubjectiva que não conhece outras instâncias. No final, decide somente o sujeito c om o seu sentimento, as suas experiências e eventuais critérios que encontrou. Mas assim o sujeito torna-se uma realidade isolada, e assim mudam, como o senhor disse, dia após dia os parâmetros. Na tradição cristã, "consciência" quer dizer com-ciência: ou seja nós, o nosso ser está aberto, pode ouvir a voz do próprio ser, a voz de Deus. Portanto, a voz dos grandes valores es tá inscrita no nosso ser e a grandeza do homem é precisamente que não está fechado em si, não está reduzido às coisas materiais, quantificáveis,

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alocução de Bento XVI sobre criação e evolução

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  • A Santa S

    ENCONTRO DO PAPA BENTO XVICOM O CLERO DAS DIOCESESDE BELLUNO-FELTRE E TREVISOIgreja Santa Justina MrtirAuronzo di Cadore, 24 de Julho de 2007

    P. Santidade, sou Padre Cludio e queria formular-lhe uma pergunta acerca da formao daconscincia, em particular a respeito das jovens geraes, porque hoje formar uma conscinciacoerente, uma conscincia recta, parece cada vez mais difcil. Troca-se o bem e o mal com osentir-se bem e o sentir-se mal, o aspecto mais emotivo. Ento, queria ter alguns conselhos dasua parte. Obrigado...

    R. Excelncias, caros irmos, antes de tudo gostaria de vos expressar a minha alegria e aminha gratido por este bonito encontro. Estou grato aos dois Bispos, Sua Excelncia D. Andriche Sua Excelncia D. Mazzocato, por este convite. A todos vs que viestes to numerosos noperodo de frias, o meu sentido agradecimento. Ver uma igreja cheia de sacerdotes animador,porque vemos que h sacerdotes. A Igreja vive, embora os problemas cresam no nosso tempo eprecisamente no nosso Ocidente. A Igreja sempre viva e com sacerdotes que realmentedesejam anunciar o Reino de Deus, cresce e resiste a estas complicaes, que vemos na nossasituao cultural de hoje. Agora, esta primeira pergunta reflecte um pouco o problema da situaocultural no Ocidente, porque o conceito de conscincia nos ltimos dois sculos se transformouprofundamente. Hoje prevalece a ideia de que racional, que parte da razo, s seria aquilo que quantificvel. As outras coisas, ou seja, as matrias da religio e da moral, no entrariam narazo comum, porque no so verificveis ou, como se diz, no so falsificveis na experincia.Nesta situao, onde moral e religio so quase expulsas da razo, o nico critrio ltimo damoralidade e tambm da religio o sujeito, a conscincia subjectiva que no conhece outrasinstncias. No final, decide somente o sujeito com o seu sentimento, as suas experincias eeventuais critrios que encontrou. Mas assim o sujeito torna-se uma realidade isolada, e assimmudam, como o senhor disse, dia aps dia os parmetros. Na tradio crist, "conscincia" querdizer com-cincia: ou seja ns, o nosso ser est aberto, pode ouvir a voz do prprio ser, a voz deDeus. Portanto, a voz dos grandes valores est inscrita no nosso ser e a grandeza do homem precisamente que no est fechado em si, no est reduzido s coisas materiais, quantificveis,

  • mas tem uma abertura interior para as coisas essenciais, a possibilidade de uma escuta. Naprofundidade do nosso ser podemos ouvir no apenas as necessidades do momento, no s ascoisas materiais, mas ouvir a voz do prprio Criador e assim conhece-se o que bem e o que mal. Mas naturalmente esta capacidade de escuta deve ser educada e desenvolvida. precisamente este o compromisso do anncio que ns fazemos na Igreja: desenvolver estaaltssima capacidade doada por Deus ao homem, de ouvir a voz da verdade e assim a voz dosvalores. Portanto, diria que um primeiro passo tornar as pessoas conscientes de que a nossasprpria natureza traz em si uma mensagem moral, uma mensagem divina, que deve ser decifradae que ns gradualmente podemos conhecer melhor, ouvir, se a nossa escuta interior for aberta edesenvolvida. Agora a questo concreta como fazer esta educao para a escuta, como tornaro homem capaz disto, apesar de toda esta surdez moderna, como fazer com que esta escutavolte, que seja realmente um acontecimento, o Effat do Baptismo, a abertura dos sentidosinteriores. Vendo a situao em que nos encontramos, eu proporia uma combinao entre umcaminho laico e um caminho religioso, o caminho da f. Todos ns vemos hoje que o homempoderia destruir o fundamento da sua existncia, a sua terra, e portanto que j no podemossimplesmente fazer com esta nossa terra, com a realidade que nos foi confiada, aquilo quequisermos e quanto parece til e promissor no momento, mas devemos respeitar as leis interioresda criao, desta terra, aprender estas leis e obedecer tambm a estas leis, se quisermossobreviver. Portanto, esta obedincia voz da terra, do ser, mais importante para a nossafelicidade futura que as vozes do momento, os desejos do momento. Em sntese, este umprimeiro critrio para aprender: que o prprio ser, a nossa terra, fala connosco e ns devemosouvir, se quisermos sobreviver e decifrar esta mensagem da terra. E se temos que ser obedientes voz da terra, isto vale ainda mais para a voz da vida humana. No s devemos cuidar da terra,mas devemos respeitar o outro, os outros. Quer o outro na sua singularidade como pessoa, comomeu prximo, quer os outros como comunidade que vive no mundo e que deve viver em conjunto.E vemos que somente no respeito absoluto desta criatura de Deus, desta imagem de Deus que o homem, s no respeito do viver juntos na terra, podemos ir em frente. E aqui chegamos aoponto que temos necessidade das grandes experincias morais da humanidade, que soexperincias nascidas do encontro com o outro, com a humanidade, com a comunidade, aexperincia que a liberdade sempre uma liberdade compartilhada e s pode funcionar secompartilharmos as nossas liberdades no respeito de valores que so comuns para todos.Parece-me que com estes passos se pode fazer ver a necessidade de obedecer voz do ser, deobedecer dignidade do outro, de obedecer necessidade do viver juntos as nossas liberdadescomo uma liberdade, e por tudo isto conhecer o valor que existe no permitir uma digna comunhode vida entre os homens. Assim chegamos, como j se disse, s grandes experincias dahumanidade, em que se expressa a voz do ser, e sobretudo s experincias desta grandeperegrinao histrica do povo de Deus, que teve incio com Abrao, em quem encontramos noapenas as experincias humanas fundamentais mas podemos, atravs destas experincias, ouvira voz do prprio Criador que nos ama e que falou connosco. Aqui, neste contexto, respeitando asexperincias humanas que nos indicam o caminho hoje e amanh, parece-me que os DezMandamentos tm sempre um valor prioritrio, em que vemos os grandes indicadores de

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  • caminho. Os Dez Mandamentos relidos, revividos luz de Cristo, luz da vida da Igreja e dassuas experincias, indicam alguns valores fundamentais e essenciais: o quarto e o sextomandamento em conjunto indicam a importncia do nosso corpo, de respeitar as leis do corpo eda sexualidade e do amor, o valor do amor fiel, a famlia; o quinto mandamento indica o valor davida e tambm o valor da vida comum; o stimo mandamento indica o valor da partilha dos bensda terra e a justa partilha destes bens, a administrao da criao de Deus; o oitavo mandamentoindica o grande valor da verdade. Se, portanto, no quarto, quinto e sexto mandamentos temos oamor ao prximo, no stimo temos a verdade. Tudo isto no funciona sem a comunho comDeus, sem o respeito por Deus e a presena de Deus no mundo. Um mundo onde Deus noexiste torna-se de qualquer modo um mundo da arbitrariedade e do egosmo. Somente se Deusaparece, h luz, h esperana. A nossa vida tem um sentido que no nos compete produzir, masque nos precede e nos guia. Portanto, neste sentido diria que tomamos juntos os caminhosbvios que hoje tambm a conscincia laica pode facilmente ver, e procuramos assim orientarpara as vozes mais profundas, para a verdadeira voz da conscincia, que se comunica na grandetradio da orao, da vida moral da Igreja. Assim, num caminho de educao paciente podemos,talvez, todos aprender a viver e a encontrar a vida verdadeira.

    P. Sou Padre Mauro. Santidade, no cumprimento do nosso ministrio pastoral, somos cada vezmais sobrecarregados por muitas incumbncias. Aumentam os compromissos de gestoadministrativa das parquias, de organizao pastoral e de acolhimento das pessoas emsituaes difceis. Pergunto-lhe com que prioridades orientar hoje o nosso ministrio desacerdotes e de procos, para evitar por um lado a fragmentariedade e, por outro, a disperso?Obrigado.

    R. uma questo muito realista, verdade. Tambm eu conheo um pouco este problema,com muitas documentaes que chegam todos os dias, com muitas audincias necessrias, commuitas coisas para fazer. Todavia, preciso encontrar as justas prioridades e no esquecer oessencial: o anncio do Reino de Deus. Ouvindo esta pergunta, veio-a mente o Evangelho deh duas semanas, sobre a misso dos setenta discpulos. Para esta primeira grande misso queJesus faz realizar, a estes setenta discpulos o Senhor d trs imperativos, que me parecemexpressar tambm hoje substancialmente as grandes prioridades do trabalho de um discpulo deCristo, de um sacerdote. Os trs imperativos so: rezai, curai e anunciai. Penso que devemosencontrar o equilbrio entre estes trs imperativos essenciais, t-los sempre presentes comocentro do nosso trabalho. Rezai: ou seja, sem uma relao pessoal com Deus, o resto no podefuncionar, porque no podemos realmente levar Deus e a realidade divina e a verdadeira vidahumana s pessoas, se ns mesmos no vivermos numa profunda e verdadeira relao deamizade com Deus, em Jesus Cristo. Daqui a celebrao, todos os dias, da Sagrada Eucaristiacomo encontro fundamental, onde o Senhor fala comigo e eu com o Senhor, que se doa nasminhas mos. Sem a orao das Horas, em que entramos na grande orao de todo o Povo deDeus, a comear pelos Salmos do antigo povo renovado na f da Igreja, e sem a orao pessoalno podemos ser bons sacerdotes, porque se perde a substncia do nosso ministrio. Portanto,

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  • ser um homem de Deus, no sentido de um homem em amizade com Cristo e com os seus santos o primeiro imperativo. Depois, h o segundo. Jesus disse: curai os enfermos, os dispersos, osnecessitados. o amor da Igreja pelos marginalizados, por quem sofre. Tambm as pessoasricas podem ser interiormente marginalizadas e sofrer. "Curar" refere-se a todas as necessidadeshumanas, que so sempre carncias que vo em profundidade rumo a Deus. Portanto, como sediz, necessrio conhecer as ovelhas, ter relacionamentos humanos com as pessoas que nosforam confiadas, ter um contacto humano e no perder a humanidade, porque Deus se fezhomem e assim confirmou todas as dimenses do nosso ser humano. Mas como mencionei, ohumano e o divino caminham sempre juntos. A este "curar" nas suas mltiplas formas pertence,parece-me, tambm o ministrio sacramental. O ministrio da reconciliao um acto de curaextraordinrio, do qual o homem tem necessidade para ser sadio at ao fundo. Portanto, estescuidados sacramentais, a comear pelo Baptismo, que a renovao fundamental da nossaexistncia, passando ao Sacramento da reconciliao e uno dos enfermos. Naturalmente, emtodos os outros Sacramentos, tambm na Eucaristia, h um grande cuidado das almas. Temosque cuidar dos corpos, mas sobretudo este o nosso mandato das almas. Devemos pensar nasnumerosas doenas, nas necessidades morais e espirituais que hoje existem e que devemosenfrentar, orientando as pessoas para o encontro com Cristo no sacramento, ajudando-as adescobrir a orao, a meditao, o estar na Igreja silenciosamente com esta presena de Deus. Edepois, anunciar. O que que ns anunciamos? Anunciamos o Reino de Deus. Mas o Reino deDeus no uma utopia distante de um mundo melhor, que talvez se realize daqui a cinquentaanos, ou quem sabe quando. O Reino de Deus o prprio Deus, Deus que se aproximou e setornou extremamente prximo em Cristo. Este o Reino de Deus: o prprio Deus est prximo ens temos que nos aproximar deste Deus que prximo, porque se fez homem, permanecehomem e est sempre connosco na sua Palavra, na Santssima Eucaristia e em todos os fiis.Portanto, anunciar o Reino de Deus quer dizer falar de Deus hoje, tornar presente a Palavra deDeus, o Evangelho que presena de Deus e, naturalmente, tornar presente o Deus que se fezpresente na Sagrada Eucaristia. No entrelaamento destas trs prioridades e, naturalmente,tendo em considerao todos os aspectos humanos, os nossos limites que temos de reconhecer,podemos realizar bem o nosso sacerdcio. importante tambm esta humildade, que reconheceos limites das nossas foras. Aquilo que no podemos fazer, o Senhor que o deve fazer. Etambm a capacidade de delegar, de colaborar. Tudo isto, sempre com os imperativosfundamentais do rezar, curar e anunciar.

    P. Chamo-me Padre Daniele. Santidade, o Vneto terra de forte imigrao, com a presenaconsistente de pessoas no crists. Tal situao pe as nossas dioceses diante de uma novatarefa de evangelizao no seu interior. Porm, subsiste um certo cansao, porque temos queconciliar as exigncias do anncio do Evangelho com as de um dilogo respeitoso pelas outrasreligies. Que indicaes pastorais poderia oferecer? Obrigado.

    R. Naturalmente, vs estais mais prximos desta situao. E neste sentido talvez no posso darmuitos conselhos prticos, mas posso dizer que em todas as visitas ad Limina, quer dos Bispos

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  • asiticos, africanos, latino-americanos, quer de toda a Itlia, estou sempre diante destassituaes. J no existe um mundo uniforme. Sobretudo no nosso Ocidente esto presentestodos os outros continentes, as demais religies, os outros modos de levar a vida humana.Vivemos um encontro permanente, que talvez nos assemelhe Igreja antiga, onde se vivia amesma situao. Os cristos eram uma nfima minoria, um gro de mostarda que comeava acrescer, circundado por religies e condies de vida muito diversas. Portanto, temos que voltar aaprender quanto viveram os cristos das primeiras geraes. So Pedro na sua primeira Carta,no terceiro captulo disse: "Deveis estar sempre prontos a responder a todo aquele que vosperguntar a razo da vossa esperana". Assim ele formulou para o homem normal daqueletempo, para o cristo normal, a necessidade de unir o anncio e o dilogo. No disseformalmente: "Anunciai o Evangelho a todos". Disse: "Deveis ser capazes, prontos a responder atodo aquele que vos perguntar a razo da vossa esperana". Parece-me que esta a sntesenecessria entre dilogo e anncio. O primeiro ponto que em ns mesmos deve estar semprepresente a razo da nossa esperana. Devemos ser pessoas que vivem a f, que pensam a f eque a conhecem interiormente. Assim em ns mesmos a f torna-se razo, torna-se razovel. Ameditao do Evangelho e aqui o anncio, a homilia, a catequese, para tornar as pessoascapazes de pensar a f, j so elementos fundamentais nesta unio entre dilogo e anncio. Nsmesmos devemos pensar a f, viver a f e como sacerdotes encontrar diversos modos para atornar presente, de tal maneira que os nossos catlicos cristos possam encontrar a convico, aprontido e a capacidade de explicar a razo da sua f. Este anncio que transmite a f naconscincia de hoje deve ter mltiplas formas. Sem dvida, homilia e catequese so duas formasprincipais, mas depois existem muitos modos para se encontrar seminrios da f, movimentoslaicais, etc. onde se fala da f e se aprende a f. Tudo isto nos torna capazes, antes de tudo, deviver realmente como prximos dos no-cristos de modo predominante, aqui so cristosortodoxos, protestantes e depois tambm representantes de outras religies, muulmanos eoutros. O primeiro aspecto viver com eles, reconhecendo com eles o prximo, o nosso prximo.Portanto, viver em primeira linha o amor ao prximo como expresso da nossa f. Penso que este j um testemunho muito forte, e tambm uma forma de anncio: viver realmente com outros oamor ao prximo, reconhecer nestes, neles, o nosso prximo, para que eles possam ver: este"amor ao prximo" para mim. Se isto acontecer, poderemos apresentar mais facilmente a fontedeste nosso comportamento, ou seja, que o amor ao prximo expresso da nossa f. Assim, nodilogo no se pode passar imediatamente aos grandes mistrios da f, embora os muulmanostenham um certo conhecimento de Cristo, que nega a sua divindade mas reconhece nele pelomenos um grande profeta. Tm amor por Nossa Senhora. Portanto, existem elementos comunstambm na f, que so pontos de partida para o dilogo. Algo prtico, realizvel e necessrio sobretudo buscar o entendimento fundamental sobre os valores para viver. Tambm aqui temosum tesouro comum, porque eles vm da religio abramtica, reinterpretada e revivida de modosque devem ser estudados, aos quais enfim devemos responder. Mas a grande experinciasubstancial, a dos Dez Mandamentos, est presente e este parece-me o ponto a seraprofundado. Passar aos grandes mistrios parece-me um nvel no fcil, que no se realiza nosgrandes encontros. A semente deve, talvez, entrar no corao para que assim a resposta da f

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  • em dilogos mais especficos possa amadurecer aqui e ali. Mas o que podemos e devemos fazer buscar o consenso sobre os valores fundamentais, expressos nos Dez Mandamentos,resumidos no amor ao prximo e no amor a Deus, e assim interpretveis nos diversos sectoresda vida. Pelo menos estamos num caminho comum rumo ao Deus de Abrao, de Isaac e deJacob, o Deus que finalmente o Deus com um rosto humano, o Deus presente em Jesus Cristo.Mas se este ltimo passo deve dar-se sobretudo em encontros ntimos, pessoais ou de pequenosgrupos, o caminho rumo a este Deus, do qual provm estes valores que tornam possvel a vidacomum, parece-me que isto seja realizvel tambm em encontros maiores. Portanto, parece-meque se realiza uma forma de anncio humilde, paciente, que aguarda, mas tambm que j tornaconcreto o nosso viver segundo a conscincia iluminada por Deus.

    P. Sou Padre Samuele. Acolhemos o seu convite a rezar, a curar e a anunciar. J nospermitimos tom-lo a srio, ao dedicar ateno sua pessoa e numa manifestao de afectotrouxemos-lhe algumas garrafas de bom vinho da nossa terra, que lhe entregaremos pelas mosdo nosso bispo. Fao a pergunta. Assistimos cada vez mais a um grande aumento de situaesde pessoas divorciadas que voltam a casar, convivem e para a sua vida espiritual pedem ajuda ans, sacerdotes. So pessoas que muitas vezes trazem consigo o difcil pedido de aceder aossacramentos. So realidades que exigem de ns um confronto e tambm uma partilha dossofrimentos que elas causam. Pergunto-lhe, Santo Padre, com que atitudes humanas, espirituaise pastorais poder unir misericrdia e verdade. Obrigado.

    R. Sim, um problema doloroso e certamente no existe a receita simples, que o resolva.Todos sofremos deste problema, porque todos ns temos perto pessoas nestas situaes esabemos que para eles uma dor e um sofrimento, porque desejam estar em plena comunhocom a Igreja. Este vnculo do matrimnio precedente um vnculo que reduz a sua participaona vida da Igreja. Que fazer? Diria: um primeiro ponto seria naturalmente a preveno, na medidado possvel. Portanto, a preparao para o matrimnio torna-se cada vez mais fundamental enecessria. O Direito Cannico supe que o homem como tal, mesmo sem grande instruo,tencione realizar um matrimnio segundo a natureza humana, como est indicado nos primeiroscaptulos do Gnesis. homem, tem a natureza humana e portanto sabe o que o matrimnio.Tenciona fazer quando lhe diz a natureza humana. O Direito Cannico parte deste pressuposto. algo que se impe: o homem homem, a natureza aquela e diz-lhe isto. Mas hoje este axiomasegundo o qual o homem tenciona fazer quanto est na sua natureza, um matrimnio nico, fiel,transforma-se num axioma um pouco diferente. "Volunt contrahere matrimonium sicut ceterihomines". J no simplesmente a natureza que fala, mas os "ceteri homines", como todosfazem. E quanto todos fazem hoje no mais simplesmente o matrimnio natural, segundo oCriador, segundo a criao. Aquilo que os "ceteri homines" fazem casar com a ideia de que umdia o matrimnio possa falhar e assim se possa passar a outro, a um terceiro e a um quartomatrimnio. Este modelo "como todos fazem" torna-se um modelo em contraste com quanto diz anatureza. Assim torna-se normal casar, divorciar e voltar a casar, e ningum pensa que algoque vai contra a natureza humana ou, seja como for, dificilmente se encontra algum que pensa

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  • assim. Por isso, para ajudar a chegar realmente ao matrimnio, no somente no sentido da Igreja,mas do Criador, devemos reparar a capacidade de ouvir a natureza. Voltemos primeira questo, primeira pergunta. Redescobrir por detrs daquilo que todos fazem, quanto nos diz a prprianatureza, que fala de modo diverso deste hbito moderno. Com efeito, convida-nos ao matrimniovitalcio, numa fidelidade vitalcia, mesmo com os sofrimentos de crescer juntos no amor.Portanto, estes cursos preparatrios para o matrimnio deveriam ser um reparar a voz danatureza, do Criador em ns, redescobrir por detrs daquilo que todos fazem os "ceteri homines",quanto nos diz intimamente o nosso prprio ser. Nesta situao, portanto, entre aquilo que todosfazem e quanto diz o nosso ser, os cursos preparatrios devem ser um caminho de redescoberta,para voltar a aprender quanto o nosso ser nos diz, ajudar a chegar a uma verdadeira decisopara o matrimnio segundo o Criador e segundo o Redentor. Portanto, estes cursos preparatriospara "aprender-se a si mesmo", para aprender a verdadeira vontade matrimonial, so de grandeimportncia. Mas no basta a preparao; as grandes crises vm depois. Portanto, umacompanhamento permanente, pelo menos nos primeiros dez anos, muito importante. Por issona parquia necessrio cuidar no somente dos cursos de preparao, mas da comunho nocaminho sucessivo, do acompanhamento e da ajuda recproca. Que os sacerdotes, mas no s,tambm as famlias que j fizeram estas experincias, que conhecem estes sofrimentos, estastentaes, estejam presentes nos momentos de crise. importante a presena de uma rede defamlias que se ajudem e diversos movimentos podem oferecer uma grande contribuio. Aprimeira parte da minha resposta v a preveno, no apenas no sentido de preparar, mas deacompanhar, a presena de uma rede de famlias que ajude esta situao moderna, onde tudofala contra a fidelidade vitalcia. preciso ajudar a encontrar, a aprender tambm com osofrimento, esta fidelidade. Todavia, em caso de fracasso, ou seja, que os esposos no semostrem capazes de perseverar na primeira vontade, h sempre a questo se realmente era umavontade, no sentido do sacramento. E portanto, eventualmente h tambm o processo para adeclarao de nulidade. Se era um matrimnio verdadeiro, e portanto no podem voltar a casar, apresena permanente da Igreja ajuda estas pessoas a suportarem mais um sofrimento. Noprimeiro caso, temos o sofrimento de superar esta crise, de aprender uma fidelidade difcil emadura. No segundo caso, temos o sofrimento de estar num vnculo novo, que no osacramental e que portanto no permite a comunho plena nos sacramentos da Igreja. Aqui, seriatil ensinar e aprender a viver com este sofrimento. Nesta altura, voltaremos primeira perguntada outra diocese. De maneira geral na nossa gerao, na nossa cultura, devemos redescobrir ovalor do sofrimento, aprender que o sofrimento pode ser uma realidade muito positiva, que nosajuda a amadurecer, a tornarmo-nos mais ns mesmos, mais prximos do Senhor, que sofreu porns e sofre connosco. Portanto, tambm nesta segunda situao a presena do sacerdote, dasfamlias e dos movimentos, a comunho pessoal e comunitria nestas situaes, a ajuda do amorao prximo, um amor muito especfico, de enorme importncia. E penso que somente este amorsentido da Igreja, que se realiza num acompanhamento mltiplo, pode ajudar estas pessoas areconhecerem-se amadas por Cristo, membros da Igreja, mesmo numa situao difcil, e assim aviverem a f.

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  • P. Santidade, chamo-me Padre Saverio e portanto a pergunta certamente diz respeito smisses. Este ano celebra-se o 50 aniversrio da Encclica Fidei donum. Acolhendo o convite doPapa, muitos sacerdotes inclusive da nossa diocese, e eu tambm, viveram, vivemos, e esto aviver a experincia da misso ad gentes. Sem dvida, esta experincia extraordinria e, naminha modesta opinio poderiam viv-la muitos sacerdotes, na ptica do intercmbio entreIgrejas irms. Porm, considerando a reduo numrica dos sacerdotes nos nossos pases, comoa indicao da Encclica actual ainda hoje, e com que esprito acolh-la e viv-la, tanto por partedos sacerdotes enviados, como de toda a diocese? Obrigado.

    R. Obrigado. Antes de tudo, gostaria de dizer obrigado a todos estes sacerdotes fidei donum es dioceses. Como j mencionei, agora recebi muitas visitas ad Limina, tanto dos Bispos da sia,como da frica e da Amrica Latina, e todos me perguntam: "Temos muita necessidade desacerdotes fidei donum e estamos imensamente gratos pelo trabalho que fazem, tornandopresente em situaes frequentemente muito difceis, a catolicidade da Igreja, a visibilidade dofacto que somos uma grande comunho, universal, e existe um amor ao prximo distante, que setorna prximo na situao do sacerdote fidei donum. Este grande dom, que realmente foirealizado nestes cinquenta anos, senti-o e vi-o quase de modo palpvel em todos os meusdilogos com os sacerdotes, que nos dizem: "No penseis que ns, Africanos, agora somossimplesmente auto-suficientes; temos sempre necessidade da visibilidade da grande comunhoda Igreja universal". Diria que todos ns temos necessidade desta visibilidade de ser catlicos, deum amor ao prximo que chega de longe e assim encontra o prximo. Hoje, a situao mudou nosentido de que tambm ns na Europa recebemos sacerdotes provenientes da frica, da AmricaLatina, de outras partes da prpria Europa, e isto permite-nos ver a beleza deste intercmbio dedons, desta ddiva recproca, porque todos temos necessidade de todos: precisamente assimcresce o Corpo de Cristo. Para resumir, gostaria de dizer que este era e um grande dom,sentido como tal na Igreja: em muitas situaes, que agora no posso descrever, em que existemproblemas sociais, problemas de desenvolvimento, problemas de anncio da f, problemas deisolamento, de necessidade da presena de outros, estes sacerdotes so um dom no qual asdioceses e as Igrejas particulares reconhecem a presena de Cristo que se entrega por ns e, aomesmo tempo, reconhecem que a Comunho eucarstica no apenas comunho sobrenatural,mas que se torna comunho concreta neste doar-se de sacerdotes diocesanos, que se fazempresentes em outras dioceses e que assim a rede das Igrejas particulares se torna realmente umarede de amor. Obrigado a todos aqueles que ofereceram este dom. Posso somente encorajar osBispos e os sacerdotes a darem continuidade a este dom. Sei que agora, com a falta devocaes, na Europa se torna cada vez mais difcil fazer esta ddiva; mas j temos a experinciaque outros continentes, como a ndia e sobretudo a frica, tambm da sua parte nos oferecemsacerdotes. A reciprocidade permanece muito importante, e precisamente a experincia de quesomos Igreja enviada ao mundo e que todos conhecem todos e se amam a todos muitonecessria, e tambm a fora do anncio. Assim torna-se visvel que o gro de mostarda dfruto e se torna sempre e de novo uma rvore frondosa onde os pssaros do cu encontramdescanso. Obrigado e nimo!

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  • P. Padre Alberto. Santo Padre, os jovens so o nosso futuro e a nossa esperana: mas porvezes, vem a vida no como uma oportunidade, mas como uma dificuldade; no um dom para sie para os outros, mas algo para consumir imediatamente; no um projecto para construir, mas umvaguear sem meta. A mentalidade de hoje impe que os jovens sejam sempre felizes e perfeitos,com a consequncia de que qualquer pequena falncia e dificuldade j no vista como motivode crescimento, mas como uma derrota. Tudo isto os leva com frequncia a gestos irremediveiscomo o suicdio, que provocam uma dilacerao no corao de quantos os amam e de toda asociedade. Que nos pode dizer a ns, educadores que, com frequncia, nos sentimos naimpossibilidade de agir e sem respostas? Obrigado.

    R. Parece-me que Vossa Reverncia fez uma descrio clara de uma vida na qual Deus noexiste. Num primeiro momento parece que no h necessidade de Deus, ou at que sem Deusseramos mais livres e o mundo seria mais amplo. Mas depois de um certo tempo, nas nossasnovas geraes, v-se o que acontece quando Deus desaparece. Como disse Nietzsche, "Agrande luz apagou-se, o sol apagou-se". Ento a vida ocasional, torna-se uma coisa e devoprocurar fazer o melhor com ela e usar a vida como se fosse algo para uma felicidade imediata,palpvel e realizvel. Mas o grande problema que se Deus no existe e no o Criadortambm da minha vida, na realidade a vida uma simples parte da evoluo, e nada mais, em sino tem sentido. Mas ao contrrio, eu devo procurar dar sentido a esta parte de vida. Vejoactualmente na Alemanha, mas tambm nos Estados Unidos, um debate bastante aceso entre ochamado reaccionismo e o evolucionismo, apresentados como se fossem alternativas que seexcluem: quem cr no Criador no poderia pensar na evoluo e quem, ao contrrio, afirma aevoluo deveria excluir Deus. Esta contraposio um absurdo, porque por um lado h tantasprovas cientficas a favor de uma evoluo que aparece como uma realidade que devemos ver eque enriquece o nosso conhecimento da vida e do ser como tal. Mas a doutrina da evoluo noresponde a todas estas questes e sobretudo no responde grande questo filosfica: de ondeprovm tudo? E como o tudo empreende um caminho que finalmente chega ao homem? Parece-me muito importante, tambm em Regensburg pretendia dizer isto na minha lio, que a razo seabra mais, sim, que veja estes dados, mas que veja tambm que no so suficientes paraexplicar toda a realidade. No suficiente, a nossa razo mais ampla e pode ver tambm que anossa razo no fundo no algo de irracional, um produto da irracionalidade, mas que a razoprecede tudo, a razo criadora, e que ns somos realmente o reflexo da razo criadora. Somospensados e queridos e, portanto, h uma ideia que me precede, um sentido que me precede eque devo descobrir, seguir e que d finalmente significado minha vida. Parece-me que este oprimeiro ponto: descobrir que realmente o meu ser racional, pensado, tem um sentido e aminha grande misso descobrir este sentido, viv-lo e dar assim um novo elemento grandeharmonia csmica pensada pelo Criador. Se assim, ento tambm os elementos de dificuldadese tornam momentos de maturidade, de processo e de progresso do meu prprio ser, que temsentido desde a sua concepo at ao ltimo momento de vida. Podemos conhecer estarealidade do sentido precedente a todos ns, podemos tambm redescobrir o sentido dosofrimento e da dor; certamente h um sofrimento que devemos evitar e que devemos afastar do

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  • mundo: tantas dores inteis, provocadas pelas ditaduras, pelos sistemas errados, pelo dio e pelaviolncia. Mas na dor h tambm um sentido profundo e s se pudermos dar sentido dor e aosofrimento a nossa vida pode amadurecer. Mas sobretudo, diria que no possvel o amor sem ador, porque o amor implica sempre uma renncia a mim, um deixar-me, um aceitar o outro na suaalteridade, implica uma doao de mim e, portanto, um sair de mim prprio. Tudo isto dor,sofrimento, mas precisamente neste sofrimento do perder-me pelo outro, pelo amado, e portantopor Deus, me torno grande e a minha vida encontra o amor e no amor o seu sentido. Tambm ainseparabilidade de amor e dor, de amor e Deus so elementos que devem entrar na conscinciamoderna para nos ajudar a viver. Neste sentido diria que importante fazer com que os jovensdescubram Deus, com que descubram o amor verdadeiro que precisamente na renncia se tornagrande e, assim, fazer com que descubram tambm a bondade interior do sofrimento, que metorna mais livre e maior. Naturalmente para ajudar os jovens a encontrar estes elementos hsempre necessidade de companhia e de caminho, que seja a parquia ou a Aco Catlica ouum Movimento, s em companhia com os outros podemos tambm descobrir nas novas geraesesta grande dimenso do nosso ser.

    P. Sou Padro Francesco. Santo Padre, ficou gravada em mim uma frase que escreveu no seulivro "Jesus de Nazar": "Mas que trouxe verdadeiramente Jesus, se no trouxe a paz ao mundo,o bem-estar para todos, um mundo melhor? O que trouxe? A resposta muito simples: "Deus.Trouxe Deus"". At aqui a citao que para mim muito clara e desarmante. Mas pergunto: fala-se de nova evangelizao, de novo anncio do Evangelho esta foi tambm a opo principal doSnodo da nossa diocese de Belluno-Feltre mas que fazer para que este Deus, nica riquezatrazida por Jesus e que com frequncia a muitos parece estar envolvido em nevoeiro, aindapossa resplandecer entre as nossas casas e ser gua que sacia tambm quantos parecem noterem mais sede? Obrigado.

    R. Obrigado. uma pergunta fundamental. A pergunta fundamental do nosso trabalho pastoral como levar Deus ao mundo, aos nossos contemporneos. Evidentemente este levar Deus uma coisa multidimensional: j no anncio, na vida e na morte de Jesus, vemos como sedesenvolve em tantas dimenses este nico. Parece-me que devemos ter sempre emconsiderao duas coisas: por um lado o anncio cristo, o cristianismo no umcomplicadssimo conjunto de tantos dogmas, que ningum pode conhecer todos; no algo spara acadmicos, que podem estudar estas coisas, mas simples: Deus existe e est perto emJesus Cristo. O prprio Jesus Cristo disse assim, resumindo, chegou o Reino de Deus. isto queanunciamos. No fundo, uma coisa simples. Todas as dimenses que depois se mostram sodimenses da nica coisa e nem todos devem conhecer tudo, mas certamente devem entrar nontimo e no essencial, assim abrem-se com uma alegria sempre crescente tambm as diversasdimenses. Mas agora como fazer concretamente? Parece-me que, falando do trabalho pastoralhoje, j mencionmos os seus pontos fundamentais. Mas para continuar neste sentido, levarDeus implica sobretudo, por um lado, o amor e, por outro, a esperana e a f. Portanto adimenso da vida vivida, o melhor testemunho de Cristo, o melhor anncio sempre a vida de

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  • verdadeiros cristos. Se vemos famlias alimentadas pela f como vivem na alegria, como vivemtambm o sofrimento numa alegria profunda e fundamental, como ajudam os outros, amandoDeus e o prximo, parece-me que este hoje o anncio mais belo. Tambm para mim o annciomais confortador sempre o de ver as famlias catlicas ou as personalidades catlicas queesto imbudas de f: neles resplandece realmente a presena de Deus e chega esta "gua viva"da qual Vossa Reverncia falou. Portanto o anncio fundamental precisamente o da prpriavida dos cristos. Naturalmente h depois o anncio da Palavra. Devemos fazer tudo para que aPalavra seja ouvida, conhecida. Hoje h muitas escolas da Palavra e do dilogo com Deus naSagrada Escritura, dilogo que se torna necessariamente tambm orao, porque um estudomeramente terico da Sagrada Escritura uma escuta s intelectual e no seria um encontroverdadeiro e suficiente com a Palavra de Deus. Se verdade que na Escritura e na Palavra deDeus o Senhor Deus Vivo que fala connosco, provoca a resposta e a orao, ento as escolasda Escritura devem ser tambm escolas da orao, do dilogo com Deus, do aproximar-seintimamente de Deus. Portanto, todo o anncio. Depois diria naturalmente os Sacramentos. ComDeus vm sempre tambm todos os Santos. importante a Sagrada Escritura diz-nos isto desdeo incio Deus nunca vem sozinho, mas sempre acompanhado e circundado pelos Anjos e pelosSantos. No grande vitral de So Pedro que representa o Esprito Santo agrada-me muito o factode Deus estar circundado por uma multido de anjos e de seres vivos, que so expresso eemanao por assim dizer do amor de Deus. Com Deus, com Cristo, com o homem que Deus ecom Deus que homem, chega Nossa Senhora. Isto muito importante. Deus, o Senhor, temuma Me e na Me reconhecemos realmente a bondade materna de Deus. Nossa Senhora, aMe de Deus, o auxlio dos cristos, o nosso conforto permanente, a nossa grande ajuda.Vejo isto tambm no dilogo com os Bispos do mundo, da frica e ultimamente da AmricaLatina, que o amor a Nossa Senhora a grande fora da catolicidade. Em Nossa Senhorareconhecemos toda a ternura de Deus e, portanto, cultivar e viver este amor jubiloso de NossaSenhora, de Maria, um dom muito grande da catolicidade. E depois h os Santos, cada lugartem o seu Santo. E bom assim, porque assim vemos as numerosas cores da nica luz de Deuse do seu amor, que se aproxima de ns. Descobrir os santos na sua beleza, no seu aproximar-sede mim na Palavra inexaurvel de Deus. E depois todos os aspectos da vida paroquial, tambmos humanos. No devemos estar sempre nas nuvens, nas nuvens altssimas do Mistrio,devemos estar tambm com os ps firmes e viver juntos a alegria de ser uma grande famlia: apequena grande famlia da Igreja universal. Em Roma posso ver tudo isto, posso ver comopessoas provenientes de todas as partes da terra e que no se conhecem, na realidade seconhecem, porque todos fazem parte da famlia de Deus, esto prximos porque tm tudo: oamor do Senhor, o amor de Nossa Senhora, o amor dos Santos, a sucesso apostlica e osucessor de Pedro, os Bispos. Diria que esta alegria da catolicidade, com as suas numerosascores, tambm a alegria da beleza. Temos aqui a beleza de um lindo rgo; a beleza de umalindssima igreja, a beleza que cresceu na Igreja. Parece-me um maravilhoso testemunho dapresena e da verdade de Deus. A Verdade expressa-se na beleza e devemos estar gratos poresta beleza e procurar fazer o possvel para que permanea presente, se desenvolva e aindacresa. Assim parece-me que Deus chega, de modo muito concreto, ao nosso meio.

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  • P. Sou Padre Lorenzo, proco. Santo Padre, os fiis esperam dos sacerdotes apenas umacoisa: que sejam especialistas na promoo do encontro do homem com Deus. No so palavrasminhas, mas de Vossa Santidade num pronunciamento ao clero. O meu padre espiritual noSeminrio, durante aqueles cansativos encontros de direco espiritual, dizia-me: "Lorenzino,humanamente tudo bem, mas..." e quando dizia "mas" pretendia dizer que me agradava maisjogar bola que fazer a adorao eucarstica. E que isto no fazia bem minha vocao, queno era bom contestar as lies de moral e de direito, porque os professores sabiam mais do queeu. E com aquele "mas" no se sabe que mais queria dizer. Agora penso que est no cu econtudo rezo por ele alguns requiens. No obstante tudo isto, sou sacerdote h 34 anos e por istosinto-me feliz: no fiz milagres, mas nem sequer complicaes conhecidas, desconhecidas talvez."Humanamente tudo bem", para mim um grande elogio. Mas aproximar o homem a Deus eDeus ao homem no passa sobretudo atravs de quanto chamamos humanidade que irrenuncivel, tambm para ns, sacerdotes?

    R. Obrigado. A quanto disse no final, eu diria simplesmente sim. O catolicismo, um poucosimplistamente, foi sempre considerado a religio do grande et et: no de grandes exclusivismos,mas da sntese. Catlico significa precisamente "sntese". Por isso eu seria contra a alternativajogar bola ou estudar a Sagrada Escritura ou o Direito Cannico. Faamos as duas coisas. belo praticar um desporto, eu no sou desportivo, mas gostava muito de ir montanha quandoera mais jovem, agora fao s caminhadas muito fceis, mas muito agradvel para mimcaminhar nesta bela terra que o Senhor nos concedeu. Portanto, no podemos viver sempre nameditao alta, talvez um Santo no ltimo degrau do seu caminho terrestre possa chegar a esteponto, mas normalmente vivemos com os ps por terra e com os olhos voltados para o cu. Asduas coisas so-nos dadas pelo Senhor e portanto amar as coisas humanas, amar as belezas dasua terra no s muito humano, mas tambm muito cristo e precisamente catlico. Diria quetambm este aspecto parece-me que j o mencionei acima pertence a uma pastoral boa erealmente catlica: viver no et et; viver a humanidade e o humanismo do homem, todos os donsque o Senhor nos concedeu e que temos desenvolvido e, ao mesmo tempo, no esquecer Deus,porque no final a luz grande vem de Deus e s d'Ele vem depois a luz que d alegria a todosestes aspectos das coisas que existem. Portanto, gostaria simplesmente de me comprometerpela grande sntese catlica, por este "et et"; ser verdadeiramente homem e cada um segundo osseus dons e o seu carisma ame a terra e as coisas belas que o Senhor nos deu, mas ser tambmgratos porque na terra resplandece a luz de Deus, que d esplendor e beleza a tudo. Nestesentido, vivamos jubilosamente a catolicidade. Esta seria a minha resposta.

    P. Chamo-me Padre Arnaldo. Santo Padre, as exigncias pastorais e de ministrio, alm dodiminudo nmero de sacerdotes, solicitam os nossos bispos a rever a distribuio do clero,muitas vezes acumulando compromissos e mais que uma parquia na mesma pessoa. Isto toca asensibilidade de muitas comunidades de baptizados e a nossa disponibilidade, como sacerdotes,a viver juntos sacerdotes e leigos o ministrio pastoral. Como viver esta mudana de organizaopastoral, privilegiando a espiritualidade do bom Pastor? Obrigado, Santidade...

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  • R. Sim, voltemos a esta questo das prioridades pastorais e como ser proco hoje. H poucotempo, um Bispo francs, que era religioso e portanto nunca foi proco, disse-me: "Santo Padre,gostaria que Vossa Santidade me esclarecesse o que um proco. Ns na Frana temos estasgrandes unidades pastorais com 5-6-7 parquias e o proco torna-se um coordenador deorganismos, de diversos trabalhos", mas tinha a impresso de que, estando to ocupado com acoordenao destas diversas unidades com as quais est comprometido, j no tivesse apossibilidade do encontro pessoal com as suas ovelhas e, sendo Bispo e portanto um grandeproco, perguntava se este sistema justo ou se no devemos encontrar uma possibilidade paraque o proco seja realmente proco e portanto pastor do seu rebanho. Naturalmente no podiadar uma receita imediata para resolver esta situao da Frana, mas o problema apresenta-se emgeral, que o proco no obstante novas situaes e novas formas de responsabilidade no percao contacto com o povo, ser realmente em pessoa o pastor deste rebanho que lhe foi confiado peloSenhor. As situaes so diversas: penso nos Bispos nas suas dioceses com situaes muitodiversas; eles devem ver bem como garantir que o proco permanea pastor e no se torne umburocrata sagrado. Contudo, parece-me que uma primeira oportunidade na qual podemos estarpresentes para as pessoas que nos foram confiadas precisamente a vida sacramental: naEucaristia estamos juntos e podemos e devemos encontrar-nos; o Sacramento da penitncia e dareconciliao um encontro muito pessoal; assim como tambm o Baptismo que um encontropessoal e no s o momento da conferncia do Sacramento. Diria que todos estes Sacramentostm um contexto: baptizar significa antes de tudo catequizar um pouco esta jovem famlia, falarcom ela para que o Baptismo seja tambm um encontro pessoal e uma ocasio para umacatequese muito concreta. Tambm a preparao para a Primeira Comunho, para aConfirmao e para o Matrimnio so sempre ocasies onde realmente o proco, o sacerdote,encontra individualmente as pessoas; pregador e administrador dos Sacramentos num sentidoque implica sempre a dimenso humana. O Sacramento nunca apenas um acto ritual, mas oacto ritual e sacramental a condensao de um contexto humano no qual o sacerdote, o proco,se move. Depois parece-me muito importante encontrar sistemas justos de delegao. No justo que o proco deva fazer s a coordenao de organismos; ele deve antes delegar de modosdiversos e certamente nos Snodos e tivestes na vossa diocese um Snodo encontra-se o modopara poder libertar o proco de modo suficiente, para que por um lado conserve aresponsabilidade desta totalidade da unidade pastoral que lhe foi confiada, mas no se reduzasubstancialmente e sobretudo a um burocrata que coordena, a algum que detm as orientaesessenciais, e que tem colaboradores. Parece-me que este um dos resultados importantes epositivos do Conclio: a co-responsabilidade de toda a parquia: j no apenas o proco quedeve vivificar tudo, mas, dado que todos estamos na parquia, devemos colaborar todos e ajudar,para que o proco no permanea isolado como coordenador, mas se encontre realmente comopastor apoiado nestes trabalhos comuns nos quais, em conjunto, se realiza e se vive a parquia.Portanto diria que por um lado esta coordenao e responsabilidade vital de toda a parquia e poroutro a vida sacramental e de anncio como centro da vida paroquial poderiam permitir tambmhoje, em circunstncias certamente mais difceis, ser o proco que talvez no conhea todos pelonome, como o Senhor nos diz do Bom Pastor, mas conhece realmente as suas ovelhas e

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  • realmente o pastor que as chama e guia.

    P. Fao a ltima pergunta e sinto-me muito tentado a p-la de lado, porque se trata de umapergunta pequena e depois de nove vezes que Vossa Santidade soube encontrar o caminho paranos falar de Deus e nos elevar, quase me parece banal e pobre o que estou para perguntar, mascontudo fao-o. Trata-se de uma palavra para todos aqueles da minha gerao, para ns que nospreparamos durante os anos do Conclio, depois partimos com entusiasmo e talvez tambm coma pretenso de mudar o mundo, trabalhmos tambm tanto e hoje estamos um pouco emdificuldade, porque cansados, porque no se realizaram muitos sonhos e tambm porque nossentimos um pouco isolados. Os mais idosos dizem-nos "Vedes que ns tnhamos razo em sermais prudentes" e s vezes os jovens consideram-nos como "nostlgicos do Conclio". A nossapergunta esta: "Podemos ainda levar um dom nossa Igreja, especialmente com aqueladedicao ao povo que parece nos tenha distinguido". Ajude-nos a ter de novo esperana eserenidade...

    R. Obrigado, uma pergunta importante e que eu conheo muito bem. Tambm eu vivi ostempos do Conclio, estando na Baslica de So Pedro com grande entusiasmo e vendo como seabrem novas portas e parecia realmente o novo Pentecostes, onde a Igreja podia de novoconvencer a humanidade, depois do afastamento do mundo da Igreja nos sculos XIX e XX,parecia que se voltavam a encontrar Igreja e mundo e que voltassem a nascer um mundo cristoe uma Igreja do mundo e verdadeiramente aberta ao mundo. Espermos tanto, mas as coisas narealidade revelaram-se mais difceis. Contudo permanece a grande herana do Conclio, queabriu um novo caminho, sempre uma magna charta do caminho da Igreja, muito essencial efundamental. Mas por que aconteceu assim? Primeiro gostaria de comear talvez com umaobservao histrica. Os tempos de um ps-Conclio so quase sempre muito difceis. Depois dogrande Conclio de Niceia que realmente o fundamento da nossa f, de facto ns confessamosa f formulada em Niceia no surgiu uma situao de reconciliao e de unidade como tinhaesperado Constantino, promotor desse grande Conclio, mas uma situao realmente catica delitgios de todos contra todos. So Baslio no seu livro sobre o Esprito Santo compara a situaoda Igreja depois do Conclio de Niceia com uma batalha naval de noite, onde ningum podeconhecer o outro, mas todos esto contra todos. Era realmente uma situao de caos total: SoBaslio descreve assim com tons fortes o drama do ps-Conclio, do ps-Niceia. Cinquenta anosmais tarde, para o I Conclio de Constantinopla, o imperador convida So Gregrio Nazianzeno aparticipar no Conclio e So Gregrio Nazianzeno responde: No, no venho, porque eu conheoestas coisas, sei que de todos os Conclios nascem apenas confuso e batalha, portanto novenho. E no foi. Portanto, no agora, em retrospectiva, uma surpresa to grande como era noprimeiro momento para todos ns digerir o Conclio, esta grande mensagem. Inseri-lo na vida daIgreja, receb-lo, de modo que se torne vida da Igreja, assimil-lo nas diversas realidades daIgreja, um sofrimento, e s no sofrimento se realiza tambm o crescimento. Crescer sempretambm sofrer, porque sair de um estado e passar para outro. E no concreto do ps-Concliodevemos constatar que existem duas grandes suspenses histricas. No ps-Conclio, a

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  • suspenso de 1968, o incio ou a exploso ousaria dizer da grande crise cultural do Ocidente.Tinha terminado a gerao do ps-guerra, uma gerao que depois de todas as destruies evendo o horror da guerra, do combater-se e verificando o drama destas grandes ideologiastinham realmente levado as pessoas voragem da guerra, tinham redescoberto as razes cristsda Europa e comeado a reconstruir a Europa com estas grandes inspiraes. Mas tendoterminado esta gerao viram-se tambm todas as falncias, as lacunas desta reconstruo, agrande misria do mundo e comea assim, explode, a crise da cultura ocidental que pretendemudar radicalmente. Diz: no crimos, em dois mil anos de cristianismo, o mundo melhor.Devemos recomear de zero de modo absolutamente novo; o marxismo parece a receitacientfica para criar finalmente um mundo novo. E neste digamos grave, grande confronto entre anova, sadia modernidade querida pelo Conclio e a crise da modernidade, tudo se torna difcilcomo depois do primeiro Conclio de Niceia. Uma parte tinha a opinio de que esta revoluoidentificava esta nova revoluo cultural marxista com a vontade do Conclio; dizia: este oConclio. No papel os textos ainda so um pouco antiquados, mas por detrs das palavrasescritas est este esprito, esta a vontade do Conclio, assim devemos fazer. E por outro lado,naturalmente, a reaco: destruir assim a Igreja. A reaco digamos absoluta contra o Conclio, oanti-Conclio e digamos a tmida, humilde busca de realizar o verdadeiro esprito do Conclio. Ecomo diz um provrbio "Se uma rvore cai faz um grande rudo, se cresce uma selva nada seouve porque se desenvolve um processo sem barulho" e portanto durante estes grandes rudosdo progressismo errado, do anti-Conclio cresce muito silenciosamente, com tantos sofrimentos etambm com tantas perdas na construo de uma nova poca cultural, o caminho da Igreja. Edepois a segunda suspenso em 1989. A queda dos regimes comunistas, mas a resposta no foio regresso f, como se podia talvez esperar, no foi a redescoberta de que a Igreja com oConclio autntico tinha dado a resposta. Ao contrrio, a resposta foi o cepticismo total, achamada ps-modernidade. Nada verdadeiro, cada um deve ver como viver, afirma-se ummaterialismo, um cepticismo pseudo-racionalista cego que termina na droga, termina em todosestes problemas que conhecemos e de novo fecha os caminhos f, porque to simples, toevidente. No, no h nada de verdadeiro. A verdade intolerante, no podemos ir por estecaminho. Eis: nestes contextos de duas rupturas culturais, a primeira, a revoluo cultural de1968, a segunda, a queda, poderamos dizer, no niilismo depois de 1989, a Igreja com humildade,entre as paixes do mundo e a glria do Senhor, empreende o seu caminho. Neste caminhodevemos crescer com pacincia e agora devemos aprender de modo novo o que significarenunciar ao triunfalismo. O Conclio tinha dito que renunciar ao triunfalismo e tinha pensado nobarroco, em todas estas grandes culturas da Igreja. Foi dito: comecemos de maneira moderna,nova. Mas tinha crescido outro triunfalismo, o de pensar: agora ns fazemos as coisas, nsencontramos o caminho e encontramos nele o mundo novo. Mas a humildade da Cruz, doCrucifixo exclui precisamente tambm este triunfalismo, devemos renunciar ao triunfalismosegundo o qual agora nasce realmente a grande Igreja do futuro. A Igreja de Cristo semprehumilde e precisamente assim grande e jubilosa. Parece-me muito importante o facto de agorapodermos ver com olhos abertos o que tambm cresceu de positivo no ps-Conclio: narenovao da liturgia, nos Snodos, Snodos romanos, Snodos universais, Snodos diocesanos,

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  • nas estruturas paroquiais, na colaborao, na nova responsabilidade dos leigos, na grande co-responsabilidade intercultural e inter-continental, numa nova experincia da catolicidade da Igreja,da unanimidade que cresce em humildade e contudo a verdadeira esperana do mundo. Eassim devemos, parece-me, redescobrir a grande herana do Conclio que no um espritoreconstrudo por detrs de textos, mas so precisamente os grandes textos conciliares relidosagora com as experincias que fizemos e que deram fruto em tantos movimentos, tantas novascomunidades religiosas. Fui ao Brasil sabendo como se expandem as seitas e como a Igrejaparece um pouco esclerotizada; mas quando cheguei vi que quase todos os dias no Brasil nasceuma nova comunidade religiosa, nasce um novo movimento, no crescem s seitas. Cresce aIgreja com novas realidades cheias de vitalidade, no a ponto de encher as estatsticas esta uma esperana falsa, a estatstica no a nossa divindade mas crescem nos nimos e geram aalegria da f, geram a presena do Evangelho, geram assim tambm verdadeiro desenvolvimentodo mundo e da sociedade. Portanto parece-me que devemos combinar a grande humildade doCrucificado, de uma Igreja que sempre humilde e sempre contrastada pelas grandes potnciaseconmicas, militares, etc., mas devemos aprender juntos com esta humildade tambm overdadeiro triunfalismo da catolicidade que cresce em todos os sculos. Cresce tambm hoje apresena do Crucificado ressuscitado, que tem e conserva as suas feridas; ferido, masprecisamente assim renova o mundo, d o seu sopro que renova tambm a Igreja apesar de todaa nossa pobreza. E diria, neste conjunto de humildade da Cruz e de alegria do Senhorressuscitado, que no Conclio nos deu uma grande indicao de caminho, podemos ir em frentejubilosamente e cheios de esperana.

    Copyright 2007 - Libreria Editrice Vaticana

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