Belo e Bonito
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Disciplina: ARTES Prof.: Alexandre Amorim Data:
Aluno: Série: 1ª - ENSINO MÉDIO T: Nº:
“E de onde veio essa idéia de "boniteza",
relacionada com o alegre, o agradável, o saudável?
Bem, isso teve origem na Grécia, na Antiguidade clássica, mais ou menos no século V a.c., quando
Atenas era uma cidade importantíssima. A arte que
lá se fazia pretendia expressar um ideal de beleza e
vida por meio de composições nas quais
predominassem a harmonia, a simetria, o equilíbrio
e a proporcionalidade. Foi essa arte que inspirou vários movimentos artísticos desde o Renascimento
até a Idade Moderna. Por ser considerada um
modelo, essa arte - com seus critérios e princípios -
foi chamada de clássica e, pela importância que
teve, acabou disseminando pelo mundo seu ideal de beleza, que passou a ser visto como universal.
Assim, muitas pessoas passaram a julgar belas
apenas as manifestações artísticas agradáveis,
harmoniosas e que mostram o mundo não como ele
é, mas como deveria ser.
Daí a se confundir beleza com critérios de aparência, com proporcionalidade de medidas e
com equilíbrio de formas foi um passo. E, assim,
passamos a misturar prazer estético – que é uma
emoção profunda e sutil- com o prazer de olhar ou
ouvir formas e composições agradáveis. Essas idéias tiveram muito sucesso, popularizaram-se e,
até hoje, muita gente pensa que o belo deve
necessariamente ser harmonioso, agradável,
saudável e alegre.
Alguns fatores vieram ainda consagrar a
identificação da beleza com os padrões clássicos de harmonia, simetria e proporcionalidade Um deles
foi a indústria cultural, que acabou por popularizar
esses conceitos. A fotografia, cinema, o vídeo e a
televisão perpetuaram esses ideais mesmo quando
já ultrapassados em relação à arte e ao gosto da crítica.
Outro fator que contribuiu para que se associasse
beleza à sensação de leveza e harmonia foi o
desenvolvimento da indústria e lazer e do
entretenimento. À medida que os espetáculos
artísticos se estabeleceram em dias e horas de descanso e diversão, parecem ter adquirido como
características a alegria, a distração e o disfarce
das dificuldades das imperfeições. Estava assim
afastada a possibilidade de uma beleza que pudesse
ser profunda, crítica e inquietante. Escolas artísticas posteriores ao Classicismo,
entretanto, defenderam o princípio de uma beleza
que pressupõe o agressivo, a desarmonia e até o
disforme. Os artistas mostraram que, muitas vezes,
a desordem, e o desequilíbrio são mais capazes de
transmitir emoções e estimular o pensamento crítico do que as composições que procurassem
submeter à realidade a um ideal. É o que se
percebe na foto de Sebastião Salgado. Será possível
falar de guerra, de revolução e da sensação que
despertam através de imagens nas quais predominam o equilíbrio e a harmonia? Mesmo que
seja possível, a beleza não resulta desses
princípios, mas da transmissão de uma forma
peculiar de ver e interpretar o mundo, da idéia que,
transposta para a obra, se reconstitui na mente do
espectador - parte integrante da arte. Dois movimentos artísticos se opuseram à estética
clássica: o Realismo e o Expressionismo. O
Realismo defendia ser função da arte mostrar ao
público o mundo tal como é percebido pelo artista.
O Expressionismo procurava transpor para a obra de arte o lado mórbido e doentio do homem e da
sociedade. Dessa discussão resulta a certeza de que
o belo é uma qualidade das obras de arte, que
desperta uma emoção à qual estão associados os
sentimentos e as idéias do artista e a identidade
que ele é capaz de estabelecer com o
público. Que essa
emoção resulte de
uma composição
aparentemente bonita ou feia, isso
é secundário, está
relacionado com o
movimento
artístico ao qual o
artista pertence e com a idéia que ele
quer transmitir.
Não nos deixemos
enganar, portanto,
pelas aparências
Cristina Costa – Questões de Arte – Ed. Moderna
Velho a sofrer (No limiar da eternidade),
Vincent van Gogh, 1890. Óleo sobre tela, 81x64
Sebastião Salgado
A ESTÉTICA CLÁSSICA E A
POPULARIZAÇÃO DO BONITO