BEENOW - beecare.bayer.com · O Dr. Christian Maus, gerente global de Segurança em Polinização...

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BEENOW 2015 2015_EDIÇÃO_1 A revista sobre a saúde das abelhas As frutas e a polinização Abordando lacunas sobre conhecimento sobre a polinização Combate ao Varroa Controle eficiente de ácaros em abelhas melíferas Mirtilos Canadá investiga seus polinizadores

Transcript of BEENOW - beecare.bayer.com · O Dr. Christian Maus, gerente global de Segurança em Polinização...

BEENOW 2015

2015_EDIÇÃO_1

A revista sobre a saúde das abelhas

As frutas e a polinização Abordando lacunas sobre conhecimento sobre a polinização

Combate ao Varroa Controle eficiente de ácaros em abelhas melíferas

Mirtilos Canadá investiga seus polinizadores

2 BEENOW.2015_EDIÇÃO 1

EDITORIAL

Abelhas saudáveis são necessárias não somente como polinizadoras para a produção sustentável de alimentos, mas também para o papel singu-lar que desempenham em muitos ecossistemas pelo mundo. Com questões multifatoriais, que contribuem para o estado precário da saúde das abelhas, encontrar soluções não será fácil. Vemos a saúde das abelhas como uma responsabilidade compartilhada entre múltiplas partes interessa-das e como algo que precisa de uma abordagem diferenciada .

A Bayer leva sua parcela de responsabilidade nesse trabalho muito a sério, que é pautado pela prática de sua missão “Ciência para Uma Vida Melhor (Science For a Better Life)”.

Há quase 30 anos que a área de Saúde Animal (Animal Health) da Bayer HealthCare está ativa-mente envolvida na pesquisa de soluções para melhoria da saúde das abelhas. Direcionamos nosso esforço ao desenvolvimento de tecnologias recém-descobertas e inovadoras de combate ao ácaro Varroa, considerado o principal fator que afeta a saúde das abelhas.

Para a Bayer CropScience, a polinização é muito importante não apenas para o sucesso dos negócios de nossos clientes, mas também aos nossos segmentos de sementes de canola e ve-getais. Investimos há décadas, de forma maciça, na pesquisa, no desenvolvimento de medidas amplas de acompanhamento para a minimização do impacto de produtos de proteção de cultivos à saúde das abelhas. Há muito que a segurança da abelha melífera foi bem integrada no processo de desenvolvimento de novos ingredientes ativos e produtos que apresentamos ao mercado. Em 2011, a Bayer tomou a decisão estratégica de estabelecer o programa Bee Care. Como resulta-

do, foram inaugurados dois Bee Care Centers até o momento, um na Alemanha em 2012 e o outro na América do Norte em abril de 2014. Combi-nando os recursos e o conhecimento referente à saúde das abelhas das nossas unidades de Saúde Animal e CropScience, os centros permi-tem que busquemos proativamente e otimizemos nossa conexão com uma ampla gama de partes interessadas, abordando seus questionamentos e preocupações, além de buscar oportunidades de trabalho conjunto sobre questões relacionadas à saúde das abelhas.

A Bayer continuará a desempenhar um papel ativo e visível na saúde das abelhas. Em colabo-ração com parceiros externos, continuaremos a desenvolver e fornecer soluções no âmbito da agricultura e saúde animal. Reunir partes interes-sadas de importância estratégica, como agricul-tores e apicultores, é uma atitude crucial nesse processo, pois todos temos um interesse em comum: a saúde das abelhas.

Bernd NaafMembro do Comitê Diretivo

da Bayer CropScience AG*

Dr. Dirk EhleCEO da Bayer HealthCare

Animal Health GmbH

*Responsável pela área de Gestão Empresarial e diretor Laboral

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Pesquisadores estudam o papel das abelhas na polinização de cultivos – de clássicas a frutas exóticas _ página 8

As populações de polinizadores enfrentam desafios no Canadá. Um projeto de pesquisa nacional investiga causas multifatoriais _ página 38

SUMÁRIOTodos estamos cientes da “importância da polinização” e não apenas para o fornecimento

de alimentos acessíveis, de alta qualidade, em todo o planeta. Como consequência disso,

nos unimos a institutos de pesquisa e universidades, apicultores e parceiros do setor de

todas as partes do mundo em alguns empolgantes projetos de pesquisa e parcerias. Esta

revista apresenta os resultados de algumas das iniciativas inspiradoras em que estamos

envolvidos.

Editorial 2

Notícias 4 Fatos e dados 6

Panorama 60

Impressão 61

NO CAMPO As frutas e a polinizaçãoAbordando lacunas no conhecimento sobre a polinização 8

Trazendo a natureza de volta às plantaçõesMelhoria do solo agrícola para insetos benéficos 26

Menor aplicação para maior proteçãoNova maneira de aplicar defensivos agrícolas minimiza ainda mais a exposição dos polinizadores 34

Doce vida das abelhasProteção de insetos polinizadores em cultivos de cana-de-açúcar 48

Armadilha no campoRedução da poeira de beneficiamento de sementes nas plantações 54

NO APIÁRIO Segurança na entrada da colmeiaNovo método para proteger as abelhas melíferas do ácaro Varroa 12

Um sistema de alerta para apicultoresDeterminando os fatores que influen-ciam a saúde das abelhas melíferas 18

Livrando-se dos ácarosA Arista Bee Research Foundation: abelhas melíferas resistentes ao Varroa 30

Combate ao VarroaExperimento em campo sobre o controle eficiente de ácaros para abelhas melíferas 42

Banhos de vapor ácido na colmeiaAplicação adequada do ácido fórmico para o controle dos ácaros Varroa 52

NO AR Inimigos Espécies invasivas ameaçam colônias de abelhas melíferas 16

Colaboração na ÁsiaReunindo apicultores e agricultores 22

MirtilosCanadá investiga seus polinizadores 38

Um apanhado nutritivo de floresIniciativa com sementes para trazer melhorias às dietas dos polinizadores 46

Pelos olhos do insetoComo as abelhas enxergam o mundo 58

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Toxicogenômica

Mecanismos de autodefesa da abelha melífera

Conselho internacional de diversidade biológica

Recomendação de política global

Abelhas melíferas apresentam mecanismos metabólicos naturais de autodefesa contra determinados inseticidas.

Dr. Christian Maus foi nomeado como autor

principal do IPBES para avaliação de poliniza-

ção e polinizadores.

Ao desenvolverem novos inseticidas seletivos, os pesquisadores preci-sam procurar maneiras de combater as pragas, enquanto protegem os or-ganismos benéficos. Se um produto demonstrar ser prejudicial às abelhas

Fazer com que a ciência e as políticas públicas trabalhem em conjunto com maior eficácia – essa é a missão da Plataforma Inter-governamental sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas (Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services, IPBES). Esse comitê internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) dissemina informações referentes às notícias e desenvolvimentos no campo da diversidade biológica, assim como o atual posicionamento científico. O serviço tem como finalidade a colaboração com políticos, organizações governamentais e instituições da ONU na tomada de decisões. O comitê é composto por pesquisadores selecionados e renomados de diversas partes do mundo.

O Dr. Christian Maus, gerente global de Segurança em Polinização do Bayer Bee Care Center, foi agora nomeado para ingressar no conselho como autor principal para ava-liação de polinização e polinizadores associados à produção de alimentos. Ele estará envolvido na avaliação, por exemplo, da função dos polinizadores nativos e controla-dos. Ele também será responsável pela avaliação da legislação em diversos países, à escala global, relacionada à polinização e aos polinizadores. “Fico muito satisfeito em poder contribuir, em conjunto com outros pesquisadores, para tornar os serviços de polinização sustentável mais prioritários, no que diz respeito à elaboração de políticas públicas”, afirmou Dr. Maus.

melíferas, por exemplo, ele não será aprovado sem significativas restrições de uso. Em breve, os cientistas podem receber apoio para o desenvolvimen-to de substâncias ativas ainda mais específicas. “As abelhas melíferas

apresentam mecanismos metabólicos muito eficazes para lidar com determi-nados inseticidas”, explica o Dr.  Ralf Nauen, toxicologista especializado em insetos e bolsista de pesquisa da Bayer CropScience. Ele e sua equipe estão, portanto, investigando os pro-cessos que exercem uma função no metabolismo da abelha selvagem e no mel e quais são os genes subjacentes a cada um desses mecanismos. Por exemplo, os cientistas esperam des-cobrir por que as abelhas melíferas têm maneiras de lidar com o inseticida tiaclopride, mas não lidam com ou-tras substâncias ativas que atuam nas mesmas partes do organismo do inse-to. Para isso, a Bayer está trabalhan-do com o renomado instituto britânico Rothamsted Research.

O objetivo do projeto é desenvolver novas tecnologias de seleção. O pla-no é, em seguida, testar substâncias ativas de uma maneira direcionada para verificar quais abelhas as toleram melhor.

NOTÍCIAS

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Software ajuda a proteger abelhas

Colaboração via smartphone

Aliança pela saúde das abelhas melíferas

Tudo pelas abelhasAs abelhas melíferas são importantes po-linizadores na natureza e em cultivos de todo o mundo, abrangendo desde maçãs até abobrinhas. Apenas nos EUA, elas poli-nizam cultivos que rendem US$ 15 bilhões por ano. No entanto, existem muitos fato-res que dificultam a vida desses insetos, incluindo doenças, escassez de fontes de alimento e reprodução em excesso. Apicultores, pesquisadores, governos, agricultores e a indústria agrícola devem trabalhar em conjunto para abordar esses problemas. Para isso, a Bayer é membro da Coalizão pela Saúde das Abelhas Me-líferas (Honey Bee Health Coalition) que, por sua vez, reúne todas as partes envol-vidas. O objetivo que compartilhamos é fortalecer a saúde das abelhas melíferas comerciais. A aliança foi estabelecida pelo American Keystone Center.

Polinizadores e neonicotinoides

Condições realistas na plantaçãoOs neonicotinoides realmente afetam os insetos polinizadores? Muitos estudos classificando es-ses produtos de proteção de cultivos como peri-gosos, apresentam problemas relacionados aos métodos científicos. No entanto, o uso desses inseticidas foi amplamente restrito na Europa. A Bayer está, portanto, patrocinando um estudo para investigar os efeitos de neonicotinoides em abelhas melíferas nos campos de canola. Essa planta produtora de óleo é cultivada extensiva-mente, por exemplo, na Europa e na América do Norte, o que significa que suas flores amarelas constituem uma importante fonte de nutrientes para as abelhas melíferas e selvagens. O projeto inclui testes em grande escala no Reino Unido, Alemanha e Hungria. O Centro Britânico de Eco-logia e Hidrologia (British Center of Ecology and Hydrology) está conduzindo o estudo, enquan-to a Bayer e a Syngenta o estão financiando e apoiando com sua experiência.

Nicarágua: mel como fonte de renda

Auxílio para pequenos produtores

Agricultores e apicultores no Canadá agora podem facil-

mente estabelecer contato com o software “DriftWatch”.

A apicultura pode ajudar os agricultores a complementar sua renda em países em desenvolvimento.

O apicultor verifica seu celular para ver se pode colocar suas colmeias próximas aos cultivos. Um software on-line o informa quando o agricultor planeja aplicar pro-dutos de proteção de cultivos. O apicultor pode, assim, minimizar o risco às suas abelhas que, por sua vez, podem coletar pólen e néctar da região em segurança. As colmeias podem então ser removidas ou fechadas durante a aplicação da proteção à plantação.

Isso se torna possível graças ao software “DriftWatch”. Os apicultores e agricultores podem se registrar e acessá-lo utilizando um smartphone. Os apicultores também podem fornecer informações sobre a localização de suas colmeias. Dessa forma, os agricultores saberão se há colmeias presentes e quando a plantação pode ser borrifada sem prejudicar as abelhas. O software está agora disponível na província de Saskatchewan, no Canadá, e em alguns estados dos EUA. A Bayer CropScien-ce colaborou com o Ministério da Agricultura de Saskatchewan para a adoção do DriftWatch e promoção da ferramenta de comunicação. No futuro, a criadora do software, a empresa Fieldwatch, planeja inserir códigos de barra nas colmeias. Esse recurso garantirá uma precisão ainda maior das informações.

Pequenos agricultores representam 50% da produção global de alimentos. No entanto, em países em desenvolvimento como a Nicarágua, eles lutam para sobreviver. Para ajudar nessa situação, a Bayer está apoiando um projeto da organização Chinantlan, que oferece fontes adicionais de renda aos agricultores com abelhas melíferas. Com o auxílio financeiro da Bayer, a Chinantlan fornece colmeias e o equipamento necessário para apicultura a fazendeiros selecionados. Os apicultores em formação podem, então, comercializar o mel, o que gera renda adicional para eles. Além disso, eles mesmos podem utilizar o mel.

NOTÍCIAS

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BEENOW.2015_EDIÇÃO 16

FATOS E DADOSFatos impressionantes sobre as abelhas, os alimentos e a polinização

Estágios de desenvolvimento:ovo, larva, pupa

Uma abelha-rainha pode viver até quatro anos, mas geralmente é substituída pelo apicultor após dois anos.

Três tipos de abelha melífera compõem uma colônia, sen-do que cada uma apresenta um tamanho característico.

Uma colônia contém apenas uma rainha, algumas cente-nas de zangões e até 60 mil abelhas operárias.

As abelhas operárias são estéreis, por isso a reprodução fica a cargo da rainha e dos zangões.

Uma abelha-rainha pode botar cerca de dois mil ovos por dia durante o pico da temporada de desova.

A abelha operária passa por diversos estágios de trabalho, abrangendo o cuidado com os ovos, a manutenção da colmeia e a busca por alimento.

Após acasalar com os zangões, a abelha-rainha bota seus ovos em células de crias preparadas pelas abelhas operárias. Se as células forem pequenas, a abelha libera esperma de sua espermateca e fertiliza o ovo logo antes de botá-lo. Desses ovos, surgirão abelhas operárias. Em células maiores, a rainha bota ovos não fertilizados, que dão origem aos zangões.

ANOS MESES

RAINHA ZANGÃO OPERÁRIA

300 – 3.000 20.000 – 60.000

INFORMAÇÕES INTERESSANTES PARA COMPARTILHAR

20 mm

15 mm

10 mm

5 mm

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FATORES IMPORTANTES QUE AFETAM A SAÚDE DAS ABELHAS

Práticas apícolas

Falta de diversidade genética

Nutrição

Práticas agrícolas, por exemplo, a aplicação

incorreta de produtos de proteção de cultivos

Condições climáticas adversas

Vírus e bactérias

Ácaros, particularmente Varroa1/ 3

15 milhões

€ 150 BILHÕES

90%

se beneficia das abelhasUm terço de todas as plantas consumi-das por humanos depende, em algum grau, da polinização por insetos.

É o número total de colônias de abelhas na Europa que permaneceu estável nos últimos dez anos, com aproximadamente 15 a 16 milhões de colônias.

Estima-se que o valor econômico da polinização mundial por insetos alcance a cifra de 150 bilhões de euros por ano.

As abelhas precisam visitar cerca de dois milhões de flores para produzir 0,5 kg de mel.

As abelhas melíferas percorre-rão um raio de 3 km a 4 km de distância de sua colmeia. É o equivalente a nós, humanos, viajarmos cerca de 2.500 km para a obtenção de alimento.

O pólen das abelhas é mais rico em proteína que qualquer outra fonte animal. Ele contém mais ami-noácidos que a carne bovina, os ovos ou o queijo do mesmo peso.

dos alimentos do mundoDos cem cultivos que fornecem 90% dos alimentos do mundo, setenta deles se beneficiam da polinização de abelhas e outros insetos.

2.000.000 de flores

Longa jornada

PÓLEN DAS

FLORES

A saúde das abelhas é uma questão complexa, afetada por muitos fatores diferentes.

FATOS E DADOS

BEENOW.2015_EDIÇÃO 18

Com cerca de 75% dos cultivos do mundo dependendo, em algum grau, de insetos para sua polinização, os pe-quenos agricultores também desem-penham um papel importante. Se as abelhas, abelhões e moscas não nos ajudarem, menos frutas e sementes vin-garão nas plantações ou nos pomares e arbustos. No entanto, a função dos in-setos é ainda mais ampla: seu envolvi-mento pode afetar o volume de produ-ção e os níveis de nutrientes presentes. Em muitos casos, os pesquisadores ainda têm de chegar a um consenso referente ao papel que as abelhas exer-cem na polinização dos cultivos. Mes-mo em cultivos clássicos convencio-nais como maçãs, amêndoas e canola, algumas perguntas permanecem sem resposta; isso é ainda mais válido no caso de cultivos “exóticos” como o de goiaba, manga e cacau.

O envolvimento dos insetos pode afetar a produção e os níveis de nutrientes presentes.

// Muitos cultivos dependem da polinização de insetos.// No entanto, o papel exato das abelhas e de outros polinizadores muitas

vezes permanece incerto.// Abordando lacunas no conhecimento: a Bayer está patrocinando um

estudo da literatura de cultivos do mundo todo.// Mais conhecimento pode facilitar o desenvolvimento de métodos de

aplicação de inseticida não prejudiciais às abelhas por outros no futuro.

“Para muitos cultivos, há dados insufi-cientes disponíveis. E, mesmo quando há disponibilidade de informações so-bre os polinizadores, os achados são frequentemente ambíguos, o que difi-culta a avaliação”, afirmou o Dr. Chris-tian Maus, gerente global de Seguran-ça em Polinização do Bayer Bee Care Center. Ainda assim, os pesquisadores de proteção de cultivos têm grande in-teresse no conhecimento de quaisquer informações existentes, especialmente quando se trata da polinização de cul-tivos exóticos, pois isso os ajudará a desenvolver sistemas de aplicação de inseticidas não prejudiciais às abelhas e orientações de uso. “Para que possam fazer isso, precisamos saber, por exem-plo, quais cultivos são visitados real-mente pelas abelhas melíferas e outros polinizadores com regularidade, duran-te que época do ano e em que horário do dia isso ocorre”, concluiu Dr. Maus. É por isso que a Bayer está patrocinan-do um novo estudo que examinará e resumirá toda a literatura científica dis-ponível mundialmente sobre cultivos.

ABORDANDO LACUNAS NO CONHECIMENTO SOBRE A POLINIZAÇÃO

AS FRUTAS E A POLINIZAÇÃO

DADOSRÁPIDOS

Mamão, goiaba, manga: para nós, esses tipos de fruta dão um toque especial às refeições. Mas qual é a

importância dessas frutas para as abelhas e os demais polinizadores? Em muitos casos, sabemos relativa-

mente pouco sobre quais insetos polinizam quais cultivos, ou sobre como ou quando isso acontece. Mas

agora, um estudo colaborativo entre a Bayer a Universidade de Friburgo está em busca de abordar as lacu-

nas em nosso conhecimento, fornecendo informações que podem ser utilizadas para desenvolver métodos

de aplicação de inseticidas não prejudiciais às abelhas.

Flores de mangueira (acima) contam com insetos polinizadores para desenvolver seu suculento fruto (abaixo).

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NO CAMPO

“Para muitos cultivos,

os dados disponíveis

são insuficientes.

E mesmo quando há

disponibilidade de

informações sobre os

polinizadores, os dados

são frequentemente

ambíguos, o que

dificulta a avaliação”.

Dr. Christian Mausgerente global de

Segurança em Polinização

do Bayer Bee Care Center

O estudo está sendo conduzido pelo grupo de trabalho da prof.ª Alexandra-Maria Klein e no Bra-sil em colaboração com o prof. Breno Magalhães Freitas Grupo de trabalho Nature Conservation and Landscape Ecology da Universidade de Friburgo. A Dr.ª Virginie Boreux, pertencente à equipe, pas-sou dois anos examinando arquivos e bancos de dados on-line – e seu trabalho valeu a pena: “Em cerca de 1.500 publicações, descobri informações sobre mais de 130 cultivos”, afirmou. Os acha-dos mais antigos foram registrados em 1881. A Dr.ª Boreux identificou os achados mais importan-tes em cada um dos estudos, criando uma tabela

A flor do cacaueiro (à esquerda) é polinizada por pequenas moscas para a produção de frutos (à direita).

Goiaba

As abelhas melíferas polinizam muitas frutas, oleaginosas e muitos vegetais importantes que contribuem para uma dieta saudável.

A maioria dos mamoeiros pode autopolinizar suas flores.

MamãoA polinização por insetos das flores de goiabeira (acima) pode render uma produção de frutos mais elevada.

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OS RESULTADOSO estudo mostra, por exemplo, que as abe-lhas selvagens contribuem significativamente para a polinização de tomates, alface (para produção de sementes) e melões, entre outros cultivos. A situação é bastante diferente com, por exemplo, faveiras ou espécies cítricas que, por sua vez, são visitadas principalmente por abelhas melíferas nos estudos interpretados.

Além disso, a composição do polinizador pode variar de país para país em alguns cultivos. Por exemplo, as cebolas são polinizadas (para a produção de sementes) principalmente por abelhas selvagens nos EUA, moscas no Pa-quistão e abelhas melíferas na Polônia.

PREENCHENDO LACUNAS NO CONHECIMENTOA professora Alexandra-Maria Klein comanda o Nature Conservation and Landscape Ecology Group da Universidade de Friburgo, na Alema-nha. A pesquisa dela tem como foco a ecologia e biodiversidade das interações planta-inseto em paisagens culturais.

ENTREVISTA

que os resume por cultivo. As mangas, por exemplo, foram assunto de menos de uma dúzia de estudos pu-blicados em inglês, conduzidos em diversas regiões.

“Embora alguns estudos indiquem que as mangas são polinizadas por abelhas melíferas e selvagens, em ou-tros são as moscas que desempenham um papel de destaque”, revelou Boreux. Investigar quais polinizado-res são importantes para a colheita de frutos não foi o único foco do trabalho da pesquisadora: ela também estava interessada em descobrir se os insetos prefe-riam o néctar ou o pólen, quando exatamente eles visi-tavam as plantações e em que condições se promove a polinização. É uma empreitada laboriosa, pois nem todos os estudos contêm informações sobre todas as questões importantes, e nem todo achado é cientifica-mente confiável.

Alguns estudos inclusive chegam a conclusões contraditórias.

É por isso que a Dr.ª Boreux agora está se concen-trando na avaliação dos dados em massa. O trabalho envolve a filtragem dos dados mais importantes e con-fiáveis, a avaliação da relevância dos mesmos e a dis-ponibilização deles em um sistema de fácil utilização. Mas mesmo quando isso terminar, a Dr.ª Boreux ainda vai continuar seu trabalho. “Tenho certeza de que o pool de dados continuará a crescer”, previu.

“Ainda há lacunas significativas em nosso conhecimento, por isso a pesquisa referente à polinização de cultivos agrícolas continuará por um bom tempo”.

O mamão é uma das frutas tropicais mais populares do mundo. Ele se tornou um importante produto de exportação para países em desenvolvimento.

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NO CAMPO

CONCLUSÃO

O efeito dos polinizadores sobre os cultivos pode variar bastante. No entanto, os pesqui-sadores estão trabalhando para preencher as lacunas de conhecimento. Com isso, será possível descobrir como preservar insetos polinizadores específicos e os serviços impor-tantes que eles oferecem para a natureza e os humanos.

Qual efeito os polinizadores exercem sobre a produção?

“Isso pode variar bastante. Algumas variedades

de canola podem gerar grande produção sem

nenhum auxílio de polinização por insetos. Com

outros cultivos, no entanto, a produção pode au-

mentar em até 25% com o auxílio dos ajudantes

alados. E algumas variedades de maçã e cereja,

por exemplo, não produziriam frutos sem o auxílio

dos insetos polinizadores”.

Há realmente diferenças no modo de polinização entre as abelhas melíferas e as abelhas selvagens?

“As abelhas melíferas são altamente sociáveis

e formam grandes colônias, o que significa que

são polinizadores eficientes. Mas elas não voam

em temperaturas mais frias ou quando há vento

ou garoa. Quando isso acontece, os abelhões

assumem a dianteira nas tarefas de polinização.

Além disso, muitas abelhas selvagens voam mais

entre as flores que as abelhas melíferas. Isso

pode representar uma vantagem se o pólen de

uma planta ou variedade diferente tiver que ser

transferido”.

Quais lacunas no conhecimento ainda precisam ser preenchidas?

“Para começar, nosso conhecimento referente

aos efeitos de uma interrupção na polinização

abrangem apenas alguns cultivos. Também não

sabemos muito sobre quais espécies de inseto

atuam como polinizadoras, ou quando e como

elas polinizam exatamente. Outra área obscura é

quais são e quantas fontes de alimentos e ninhos

são importantes, especialmente para as abelhas

selvagens. A única maneira de descobrirmos

como proteger grupos ou espécies específicas

de abelha é saber quais delas precisam de quais

plantas e vice-versa e compreender suas neces-

sidades na composição dos ninhos”.

ENTREVISTA

12 BEENOW.2015_EDIÇÃO 1

DADOS RÁPIDOS

// Os ácaros Varroa podem causar danos graves ao terem acesso a uma colmeia.

// A Bayer desenvolveu uma estratégia esperando que ela combata com eficácia os parasitas na entrada da colmeia.

// O Varroa Gate deve ser comercializado em países selecionados a partir de 2017.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 13

NO APIÁRIO

As abelhas melíferas são a representação perfeita dos tra-balhadores assíduos, mas isso não significa que o compor-tamento delas seja sempre impecável. Elas se envolvem em algumas atividades suspeitas quando as flores começam a murchar entre o verão e o outono. Elas começam a invadir colmeias vizinhas para roubar mel. Mas esse estoque pode não ser tudo o que elas trazem para casa. Ocasionalmente, elas carregam um passageiro perigoso em sua pelagem e cauda: o destruidor ácaro Varroa. Depois de botar seus ovos em larvas de abelhas nas células das colmeias, os ácaros se multiplicam rapidamente. Leva no máximo duas semanas para sua prole começar a se espalhar por toda a colmeia, afetando também as abelhas recém-nascidas. Os parasitas transmitem patógenos que enfraquecem as abelhas melíferas.

Muitas colônias de abelhas melíferas ocidentais sucumbiram ao ácaro Varroa na Europa e nos EUA nos últimos anos. As abelhas, portanto, precisam desesperadamente de ajuda: “O ácaro vem originalmente da Ásia, onde ele é um parasita natural da abelha melífera asiática. Ele veio para a Europa nos anos 70 e começou a se espalhar pelos EUA nos anos 80”, explicou o Dr. Klemens Krieger, responsável, entre ou-tras coisas, pela saúde das abelhas na unidade de Saúde Animal da Bayer HealthCare. “A Austrália é o único local em que eles não chegaram ainda”.

Diferentemente de sua prima asiática, a abelha melífera oci-dental não consegue se defender do parasita. Os acaricidas são uma das armas para o combate dos ácaros. Eles matam os ácaros sem oferecer risco à saúde das abelhas. O desafio é como distribuir os acaricidas na colmeia sem contaminar o mel. Os pesquisadores da Bayer e os especialistas em abe-lhas da Universidade de Frankfurt estão trabalhando juntos em uma solução: o Varroa Gate – uma tira perfurada de plás-

tico que contém uma substância acaricida ativa. A tira se encaixa sobre a entrada da colmeia. Quando as abelhas passam pelos orifícios da tira, as substâncias ativas grudam em suas pernas ou pelos. “A tira repõe automaticamente a substância – mas apenas o quan-to for necessário. Isso significa que o produto funcio-nará por muitas semanas”, afirmou o Dr. Krieger.

Ele pode ser bem pequeno, mas o ácaro Varroa faz um estrago grande: o parasita tem o poder de destruir

colônias inteiras de abelhas em todo o mundo. Os pesquisadores na Bayer estão buscando solucionar esse

problema com o desenvolvimento de uma porta especial que já aborda convidados indesejáveis na entrada.

NOVO MÉTODO PARA PROTEGER AS ABELHAS MELÍFERAS DO ÁCARO VARROA

SEGURANÇA NA ENTRADA DA COLMEIA

Assim como um carrapato, o ácaro Varroa ataca a abelha com sua

mandíbula, sugando o seu sangue, conhecido como hemolinfa.

Página à esquerda:Dr. Klemens Krieger assiste o retorno das abelhas à colmeia. Ele tem trabalhado com parceiros científicos em toda a Europa para desenvolver um portão de colmeia inovador. Ele tem como finalidade proteger as abelhas melíferas do mortal ácaro Varroa.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 114

Quando a abelha entra na colmeia, a substância acaricida ativa ao redor do orifício passa pelo seu corpo, sendo que a abelha a transporta para dentro. A tira plástica imediatamente repõe a substância perdida. ENTREVISTA

O ácaro Varroa é a praga mais grave

Quais são os principais fatores que causam a mortalidade da abelha melífera?

“A perda de colônias durante o inverno é uma ques-

tão importante. Apenas as abelhas do inverno mais

saudáveis vão assegurar a sobrevivência da colônia

até a primavera. Muitos fatores ambientais ao final

do verão podem prejudicar o desenvolvimento de

abelhas durante o inverno: doenças específicas

das abelhas e parasitas, como o parasita intestinal

Nosema, a falta de forragem ou os efeitos adversos

do verão podem reduzir a quantidade e qualidade

das populações de abelhas invernais. No entanto,

de longe, a praga mais grave é o ácaro Varroa, em

conjunto com os vírus que ele dissemina. O papel

do apicultor na prevenção de perdas de colônias no

inverno é crucial. Isso não é fácil e as ferramentas

disponíveis atualmente são limitadas”.

Qual é o seu grau de envolvimento no desenvolvimento do Varroa Gate?

“Nossa função é fazer parte dos testes de eficácia

em campo, nos apiários dos apicultores, assim como

realizar um estudo em nosso apiário para determina-

ção da eficácia e segurança. Também incluímos um

grupo de colônias que não foi tratado contra o Varroa.

Isso pode, na verdade, ser letal a algumas delas. No

entanto, os resultados compõem o arquivo necessário

para registro do Varroa Gate e de seu ingrediente

ativo como medicamento veterinário para abelhas

contra varroose”.

Quais desenvolvimentos você espera?

“Sabendo que a perda de colônias varia muito entre

apicultores, anseio e espero que eles aprendam uns

com os outros, trazendo melhorias às colmeias, à

gestão do apiário e ao controle do Varroa. Eles vão

precisar de mais opções que as disponíveis atualmen-

te, pois há poucas medidas de controle do Varroa

eficazes disponíveis no momento na América do Norte

e Europa. Em um prazo mais longo, o desenvolvimen-

to de abelhas resistentes ao Varroa será a solução

definitiva”.

O Dr. Tjeerd Blacquière é um cientista sênior da Plant Research International da Universidade de Wagenin-gen nos Países Baixos. Seu laboratório está testando a eficácia do Varroa Gate em apiários administrados por apicultores, realizando estudos de confirmação da dose.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 15

NO APIÁRIO

Sua equipe está trabalhando no desenvolvimento de diferen-tes portões com diversas substâncias ativas. Isso permitirá que os apicultores variem os acaricidas utilizados.

“A única maneira de impedir a resistência dos ácaros é utilizar diferentes modos de ação”,

explicou o Dr. Krieger. Pois mesmo que os apicultores consi-gam tratar com sucesso sua colônia para ácaros Varroa, pa-rasitas isolados poderão sobreviver. A menos que um número robusto de espécimes seja atacado com outra substância, eles ficarão livres para se multiplicar na colmeia e entre a po-pulação de abelhas. Outro problema é que as abelhas hos-pedeiras dos ácaros podem disseminá-los ao visitar outras colmeias.

O Dr. Krieger e seus colegas estão adicionando às tiras plás-ticas três substâncias acaricidas ativas experimentadas e testadas: flumetrina, coumafós e amitraz. “Nesse momento, nosso maior desafio é identificar a concentração correta das substâncias”, afirmou o especialista em abelhas. Para isso, os pesquisadores estão conduzindo estudos em campo de larga escala, com diferentes Varroa Gates em mais de 400 colmeias espalhadas pela Europa. Isso possibilita que eles investiguem diferentes concentrações da substância, assim como diver-sas formulações plásticas.

Os pesquisadores progrediram mais em seu trabalho de de-senvolvimento de tiras de flumetrina e já descobriram a dose ideal para essa substância. Existem estudos em andamen-to na Alemanha, Hungria, nos Países Baixos e na Espanha para verificação do comportamento das tiras sob diferentes temperaturas e condições climáticas. Os laboratórios parti-cipantes também estão testando amostras de mel em bus-ca de resíduos. “Obviamente, a substância ativa não poderá contaminar o mel”, concluiu Dr. Krieger. Até agora, os testes com flumetrina apresentaram resultados positivos, sem que

houvesse resíduos detectáveis. Isso significa que um portão em flumetrina não afetará a qualidade do mel.

O Dr. Krieger acredita que as duas outras substâncias tam-bém apresentam um futuro promissor: “Já estamos testando o coumafós em diferentes concentrações nos estudos em campo na Alemanha e Sicília”, disse. Ele também espera em breve poder passar para a próxima fase de testes com a subs-tância amitraz. “Se tudo correr bem, lançaremos o portão em flumetrina por volta de 2017”, informou. Os portões com as outras duas substâncias serão lançados em seguida. Cada portão apresentará uma cor diferente para facilitar a alternân-cia de tratamentos para o apicultor.

“Isso significa que os apicultores pode-rão proteger suas abelhas na colmeia e também prevenir novas infestações”,

explicou o Dr. Krieger. O portão é, portanto, parte de um con-ceito integrado de ataque aos ácaros, mantendo-os longe das colmeias.

O portão ajudará os apicultores a protegerem suas colônias contra o Varroa ao fim do verão, antes que as abelhas se recolham para o inverno.

As abelhas melíferas precisam estar com a saúde excelente para garantir a sobrevivência da colônia do fim do verão até a primavera.

CONCLUSÃO

Quando uma colônia de abelhas melíferas passar por controle de Varroa no final do verão, o número de ácaros deve permanecer baixo.

O Varroa Gate deve, portanto, prevenir as reinfestações ou impedir que os ácaros se disseminem.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 116

ESPÉCIES INVASIVAS AMEAÇAM COLÔNIAS DE ABELHAS MELÍFERAS

INIMIGOS NA ASAAmbos são convidados indesejáveis na colmeia: a vespa asiática (Vespa velutina) e o besouro das

colmeias (Aethina tumida). Eles viajaram do oeste e norte da Ásia e África e agora ameaçam abelhas

melíferas na Europa e América. Os pesquisadores da Bayer estão em busca de soluções eficazes de

combate a esses insetos perigosos.

Até agora, a armadilha pegajosa manteve o predador besouro das colmeias afastado. O invasor é mantido em uma prisão firme que as abelhas melíferas africanas constroem com própolis, uma mis-tura resinosa feita por elas mesmas. Elas até colocaram um guarda a postos para vigiar o inimigo. É assim que essas abelhas melíferas se defendem contra os vorazes besouros, que têm como origem a África Subsariana. No entanto, desde 1998, eles infelizmente se disseminaram pelos EUA, Canadá, México, Jamaica, Austrália e Cuba, onde demonstraram ser uma praga muito perigosa para as abelhas melíferas ocidentais. Em 2004, o besouro foi interceptado e erradicado em Portugal, em uma remessa de abelhas-rainhas do Texas. Agora, o besouro da colmeia também já alcançou a Itália.

As abelhas melíferas africanas sabem como lidar com esse be-souro: “Em comparação com suas parentes europeias, elas des-cobrem células de crias infestadas mais rapidamente, limpando a colmeia mais amplamente antes de formar o enxame”, explicou Peter Trodtfeld, apicultor e especialista em saúde das abelhas do Bayer Bee Care Center. Mas os besouros também ficaram mais espertos: eles imitam o comportamento de abelhas furtivas para a obtenção escusa de alimentos, sobrevivendo por até dois meses em sua prisão. “Felizmente, sob essas condições, eles não podem se reproduzir nem acasalar”, explicou Trodtfeld. “As abelhas melí-

// Espécies invasivas de insetos podem perturbar o equilíbrio ecológico e ameaçar as colônias de abelhas melíferas.

// Exemplos incluem a chegada da vespa asiática, Vespa velutina, à Europa e a disseminação do besouro da colmeia da África à América do Norte e Europa.

DADOS RÁPIDOS

feras africanas podem, portanto, controlar melhor o risco à colônia proveniente do besouro da col-meia, que mede apenas cinco milímetros”, disse o especialista.

Uma vez que o besouro seguiu rumo ao interior da colmeia, ele botará seus ovos em esconderijos protegidos inalcançáveis para as abelhas.

Após a eclosão das larvas, elas consomem mel, cera e pólen, destruindo a estrutura do favo. O mel se estraga e se torna impróprio para o consumo humano. Algumas colônias de abelhas chegam a abandonar a colmeia infestada em um enxame emergencial.

Há outro fator que torna esses besouros de dis-seminação rápida perigosos para as colônias de abelhas: eles voam muito bem, abrangendo dis-tâncias de até 20 km e, assim, espalham-se rapi-damente. Atualmente, não há quase nenhum mé-todo disponível para o combate ao besouro. “Nos EUA e Canadá, o produto CheckMite+® da Bayer,

O besouro da colmeia se mistura com as abelhas melíferas. As larvas dessa praga africana consomem o mel, a cera e o pólen, destruindo a estrutura do favo.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 17

NO AR

com coumafós como ingrediente ativo, foi aprovado”, explicou Trodtfeld. “Além disso, no Canadá, o Permanone®, com permetrina como ingrediente ativo, apli-cado como uma leve calda contra as larvas que vivem no solo, tem registro”. Esses tratamentos devem ser imple-mentados em conjunto com melhorias na criação das abelhas e alterações no manuseio do mel. Uma vez bem esta-belecido, o besouro não poderá ser er-radicado.

Foram estabelecidas normas rígidas de importação de abelhas melíferas como a principal defesa contra a introdução do besouro, assim como de outras pra-gas e doenças graves para as abelhas provenientes do exterior. Na Europa, no entanto, há atualmente apenas uma so-lução: se um apicultor detectar a praga, ele tem que denunciá-la, pois o besouro da colmeia é uma praga de notificação prevista pela UE. Dessa forma, os api-cultores devem observar suas colmeias bem atentamente. Em caso de infesta-ção, a única chance de erradicação é a interceptação precoce do besouro.

Outro inimigo de asas também ameaçador à abelha melífera ocidental é a vespa asiática Vespa velutina. Você reconhece a vespa predominantemente preta pela listra laranja ampla em seu abdome e a linha fina amarela no primeiro segmento. Os especialistas temem uma perturbação duradoura do equilíbrio ecológico se esse inseto, que mede cerca de dois centímetros, continuar a se multiplicar. “Essas vespas não são mais agressivas que suas parentes europeias, e não são particularmente perigosas para os humanos. No entanto, abelhas melíferas e abelhas selvagens podem sofrer devido à presença delas”, explicou Trodtfeld. Como as vespas asiáticas normalmente criam novas colônias muito próximas entre si, ocorre uma concentração muito alta de ninhos na região, e a pressão sobre as fontes de alimento aumenta. Além disso, as abelhas melíferas já estão no cardápio das vespas asiáticas.

A vespa asiática chegou à Europa em 2004, na Costa Atlântica francesa. De lá, ela começou a invadir o território europeu. Em 2010, ela foi encontrada na Espanha e, um ano depois, em Portugal, antes de chegar à Alemanha em 2014. Em seu local de origem, as colônias da abelha melífera asiática já desenvolveram uma tática para livrar suas colmeias desse inimigo. Elas atacam essas vespas em grupo, formando uma bola que envolve essas inimigas, aquecendo-as a quase 50 °C. “As abelhas podem suportar as altas temperaturas por um tempo, mas a vespa sucumbe ao calor”, explicou Trodtfeld.

No entanto, na Europa, as abelhas não sabem como combater a Vespa velutina e, portanto, precisam de apoio. Para esse fim, o estilo de vida das vespas asiáticas será estudado minuciosamente e serão avaliadas soluções para o seu controle. A Bayer está apoiando uma tese de doutorado que assumiu essa iniciativa em caráter colaborativo com o Instituto Nacional de Investigação Agronômica (National Institute of Agronomic Research, INRA) de Portugal. O projeto de três anos começou em novembro de 2014 e seus métodos incluirão equipar os insetos com transmissores eletrônicos para coletar informações sobre a localização das colônias e comportamento predatório dos insetos. “Como as vespas asiáticas normalmente constroem seus ninhos no alto das árvores, eles ficam cobertos por folhagem a maior parte do ano, dificultando, assim, sua localização”, explicou o Dr. Benedicte Laborie, engenheiro de ecotoxicidade da Bayer CropScience na França.

Os especialistas da Bayer esperam que os resultados desse estudo de doutorado forneça ferramentas eficazes para o controle da vespa asiática – o uso de iscas, por exemplo, pode ser uma opção. Dr. Laborie: “Se as vespas asiáticas trouxerem a substância ativa ao ninho e a fornecerem às larvas, essa poderia ser uma medida eficaz para o melhor controle desse inimigo das abelhas”. Até lá, os apicultores podem proteger suas abelhas, principalmente quando elas se refugiam na colmeia, passando uma malha pelo orifício de entrada que impeça a entrada dessas vespas.

As abelhas melíferas asiáticas já descobriram uma maneira de se defenderem da Vespa velutina (à esquerda): Elas se reúnem ao redor da vespa (à direita) e a aquecem a quase 50 °C, matando-a.

Resina eficaz de abelha

O própolis é uma massa pegajosa que as abelhas usam para selar rom-pimentos e rachaduras em sua casa. Sua composição é de metade resina, um terço de cera e 10% de óleos e proteínas essenciais, elementos resi-duais e vitaminas. O própolis é eficaz contra muitas bactérias, vírus e fun-gos. As abelhas o utilizam para pro-teger suas colmeias, mas as proprie-dades do própolis também são úteis para a saúde humana como, por exemplo, para o tratamento de infec-ções da pele e da mucosa ou para fortalecer o sistema imunológico.

As abelhas coletam própolis de bro-tos folhosos e troncos de árvores. Sua cor depende das árvores de origem, variando entre o amarelo (amieiro), o marrom (álamo) e o preto (vidoeiro).

BEENOW.2015_EDIÇÃO 118

Se as abelhas melíferas não estiverem bem, os apicultores também sofrerão. Como consequência, eles terão de co-meçar a procurar a origem do problema – o que não costuma ser fácil. Muitos fatores influenciam a saúde da abelha melífera, como doenças, parasitas, prá-ticas agrícolas e apícolas inadequadas e o clima.

“É importante que mostremos

que a agricultura moderna e a

apicultura podem coexistir sem

que haja impacto negativo a

ambas as partes”.

Apicultores e cientistas no Canadá e nos Estados Unidos estão, portan-to, em busca de uma resposta para a pergunta: o que exatamente influencia as abelhas melíferas quando elas vi-vem em um ambiente agrícola? Eles observaram atentamente as colmeias ao longo de um período de dois anos: Os pesquisadores instalaram sistemas modernos de medição nas colmeias de apicultores em Ontário e Quebec, no Canadá, e nos estados de Indiana e Utah, nos EUA. “Todas elas ficam próximas a áreas de cultivo de milho. Isso significa que também podemos investigar a influência da agricultura”, explicou o entomologista Dick Rogers, abordando o projeto de pesquisa “Sen-tinel Hive”. Ele é o gerente de Pesquisa em Saúde das Abelhas do Bayer Bee

// As abelhas melíferas são afeta-das por diversos fatores, como doenças, condições climáticas ou práticas agrícolas inadequadas.

// Pesquisadores canadenses e norte-americanos, em conjunto com apicultores, agora estão reunindo mais dados para investigar especialmente a influência da agricultura.

// Eles querem demonstrar que a apicultura e a agricultura podem coexistir tranquilamente.

Care Center, na Carolina do Norte, su-pervisionando atividades no Canadá e nos EUA. Ele e seus colegas atuam principalmente como consultores no estudo, coordenando a equipe de pesquisadores que coleta e analisa as amostras. O objetivo do estudo: “Que-remos desenvolver um tipo de sistema de alerta precoce que seja acionado assim que houver detecção de fatores de risco à saúde das abelhas”, revelou Rogers. E também: “É importante que mostremos que a agricultura moderna e a apicultura podem coexistir sem que haja impacto negativo a ambas as par-tes”, adicionou seu colega canadense Paul Thiel, vice-presidente de Inovação e Assuntos Públicos.

Os estudos estão em seu segundo ano – e há diferenças entre os estudos ca-nadenses e os dos EUA. “As condições são um pouco diferentes. Mas estamos muito interessados nos resultados de ambas as localidades”, explicou Thiel. Por exemplo, os apicultores norte-a-mericanos estão mais envolvidos na amostragem de abelhas e pólen que seus colegas canadenses. E, embora os pesquisadores dos EUA não estejam mensurando o clima diretamente, foram montadas estações climáticas próxi-mas às colmeias canadenses. Elas me-dem automaticamente a umidade do ar, a temperatura, a direção do vento e a precipitação a cada quinze minutos. Os dados revelam até que ponto o clima, especialmente os períodos frios e chu-vosos, pode afetar a vida das abelhas.

DETERMINANDO OS FATORES QUE INFLUENCIAM A SAÚDE DAS ABELHAS MELÍFERAS

UM SISTEMA DE ALERTA PARA APICULTORESAs condições de uma colônia de abelhas melíferas dependem de muitas circunstâncias. Utilizando

métodos de alta tecnologia, pesquisadores no Canadá e nos EUA estão investigando como práticas

agrícolas inadequadas, doenças e condições climáticas podem influenciar os insetos.

DADOS RÁPIDOS

Muitos fatores influenciam a saúde de uma colônia de abelhas melíferas como, por exemplo, doenças ou o clima.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 19

NO APIÁRIO

O clima dentro da colmeia também é monitorado. E as casas das abelhas são co-locadas em balanças para a manutenção de um regis-tro constante do peso da colmeia. Dessa maneira, é possível dizer quantas ope-rárias estão fora a qualquer momento – uma única abe-lha operária pesa cerca de 100 mg, o equivalente a três grãos de pimenta. E as al-terações de peso em prazo mais longo podem revelar quando os insetos come-çam a coletar néctar – um in-dicador importante da saúde geral da colmeia.

Os pesquisadores tam-bém obtêm periodicamente amostras de mel, néctar e cera da colmeia, testan-do-as para verificação de presença de resíduos de inseticidas. Além disso, eles coletam abelhas vivas e mortas, enviando-as para laboratórios especializados de parceiros colaborativos, para verificação de doenças e infestações por parasitas.

Nos EUA, as amostras são remetidas ao laboratório de abelhas no Bayer Bee Care Center localizado na Caro-lina do Norte. Um grande

Pesquisa no ambiente do apicultor

Pesquisadores avaliando colmeias em um campo de 50 mil colônias em Lost Hills, na Califórnia.

desafio para o projeto no Canadá é o transporte das abelhas vivas pelo cor-reio para análise viral. As abelhas agora são enviadas por correio expresso em recipientes com redes para insetos na tampa.

As perdas durante o inverno nos EUA, em 2013/2014, caíram 24% em compara-ção com o ano anterior. Além disso, a maioria das províncias canadenses apresentou perdas significativamente menores do que em 2013.

Quantas de suas colmeias estão envolvidas no projeto?

“Temos quatro colmeias em quatro diferentes apiários. Cada apiário conta

com aproximadamente vinte colmeias. Eles ficam em Huntington, Wells

Counties e no nordeste do estado de Indiana”.

Como tem sido sua experiência com o estudo até agora?

“Tem sido uma experiência muito produtiva até agora e já coletamos alguns

dados interessantes. O que é especial nesse projeto é que as informações

e as amostras coletadas são provenientes de apiários administrados no am-

biente do apicultor. Isso não está sendo conduzido em instalações de pes-

quisa. E esse tipo de pesquisa é importante, pois é assim que a maioria das

colmeias é administrada. Sinto que obteremos informações da melhor qualida-

de para auxiliar na resolução da questão da saúde das abelhas melíferas”.

ENTREVISTA

Apicultor participante do projeto Sentinel Hive dos EUA

David Shenefield

Fontes: “The Bee Informed Partnership” e Canadian Association of Professional Apiculturists (CAPA)

BEENOW.2015_EDIÇÃO 120

Com um ano de projeto, os parceiros estão sa-tisfeitos com o progresso até agora. Todas as colônias sobreviveram bem ao primeiro inver-no. No Canadá, foram detectadas infecções vi-rais na maioria das abelhas vivas e mortas de diversas colmeias, porém, a carga viral parece ter sido baixa o suficiente para que as abelhas permanecessem saudáveis. As condições sob as quais os vírus realmente ocasionam a mor-te das abelhas serão investigadas mais a fundo nos próximos anos.

Os pesquisadores também estão investigando a influência dos produtos de proteção aos culti-vos. Nos primeiros testes do Canadá, foram en-contrados resíduos de duas substâncias ativas no mel, néctar e pólen, mas a quantidade era tão pequena que se encontrava significativa-mente abaixo do limite aceitável. Os laboratórios também encontraram pequenas quantidades de resíduos em algumas das abelhas mortas e vi-vas. Nos próximos meses, os parceiros do pro-jeto continuarão a investigar até que ponto os produtos de proteção aos cultivos e os medica-mentos para abelhas podem influenciar a saúde de uma colônia. Os resultados dos EUA ainda estão pendentes.

“Observou-se que ácaros Varroa, nutrição e doenças virais, assim como os apicultores, exercem uma grande influência sobre a saúde da abelha melífera”,

resumiu Thiel. De qualquer forma, os pesquisa-dores estão ansiosos para saber o que os anos seguintes do projeto revelarão, assim como os apicultores. “Os apicultores participantes real-mente apreciam nosso trabalho nesse projeto, pois permite o acesso a importantes novos in-sights referentes às relações entre o ambien-te e os patógenos”, afirmou Rogers. “Essa é a base para a otimização da gestão de colônias de abelhas melíferas”. E, quanto mais dados os cientistas compilam, mais próximos eles ficam do objetivo de desenvolver um sistema de aler-ta precoce para possibilitar melhor proteção às colmeias.

“Os apicultores partici-

pantes realmente

apreciam nosso

trabalho nesse projeto,

pois ele permite o

acesso a importantes

novos insights referen-

tes às relações entre

o ambiente e os

patógenos”.

Dick Rogers Entomologista e gerente deSaúde das Abelhas do BayerBee Care Center na Carolina do Norte, nos EUA

21BEENOW.2015_EDIÇÃO 1

NO APIÁRIO

CONCLUSÃO

O estudo Sentinel Hive pode ajudar a desenvolver um tipo de sistema de alerta precoce para os apicultores, levando em conta todas as influências monitoradas pelos pesquisadores. O sistema garantirá novas investigações, assim que forem detectados os fatores de risco à saúde das abelhas.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 122

REUNINDO APICULTORES E AGRICULTORES

COLABORAÇÃO NA ÁSIAUm estudo patrocinado pela Bayer investigou a situação de abelhas melíferas e abelhas selvagens

e o impacto sobre a agricultura da China e da Índia. Os achados demonstram que os apicultores e

agricultores de ambos os países têm que aprender a trabalhar melhor em conjunto.

A China é líder mundial em termos de mel. Suas abelhas produzem cerca de 450 mil toneladas da doce substân-cia por ano, o que equivale a um quarto da produção mundial no total. Atualmente, a China exporta cerca de 100 mil toneladas de mel, mas nem sempre foi assim. A apicultura na Ásia mudou rapidamente nas últimas décadas. Esse tópico foi o foco de um estudo conjun-to com especialistas da CropLife Asia e a Academia Chinesa de Ciências Agrícolas (Chinese Academy of Agricultural Sciences, CAAS), com o patrocínio da Bayer.

Um dos achados do estudo foi que a apicultura na China se multiplicou de meio milhão de colônias de abe-lhas melíferas, em 1949, para quase nove milhões em 2011.

Isso poderia exercer um impacto positivo sobre a agri-cultura do país.

Muitos dos cultivos chineses, como o da maçã e do trigo-mouro, se beneficiam imensamente da polinização por insetos: ela resulta em safras maiores e de melhor qualidade.

“No entanto, na Ásia, os efeitos benéficos dos poliniza-dores ainda são amplamente subestimados. Isso expli-ca por que a China passou tanto tempo mantendo seu foco exclusivamente na produção de mel”, explicou Dr. Jing Quan Guo, gerente de Stewardship e Susten-tabilidade da região Ásia-Pacífico da Bayer CropScien-ce de Cingapura. Então, ao longo dos anos, abriu-se um abismo entre os apicultores e os agricultores. “Mas eles poderiam se apoiar e se beneficiar dessa colabo-ração”, afirmou Dr. Guo.

Existe um assunto que afasta particularmente os api-cultores dos agricultores: o potencial uso incorreto de produtos de proteção de cultivos. Pequenos agricul-tores, que cultivam a maioria dos alimentos na China, são especialmente propensos ao uso incorreto dos in-seticidas, colocando assim a saúde dos insetos bené-ficos em risco. Os apicultores, por sua vez, se recusam a colocar suas colônias em qualquer local nas proxi-midades das plantações, com medo de que isso afete as abelhas. Isso gera algumas situações absurdas: “Al-guns produtores de maçã das províncias de Shandong e Sichuan, ao norte e sudoeste da China, polinizam suas plantações manualmente, pois as abelhas selva-gens, isoladamente, não conseguem garantir safras de proporção adequada”, explicou o Dr. Guo.

// Um novo estudo traz informações sobre a vida das abelhas na China e na Índia.

// Um problema de ambos os países é a desco-nexão entre os apicultores e os agricultores.

// Programas de treinamento podem reunir am-bas as partes – tornando a agricultura mais compatível com insetos polinizadores para o benefício de ambos.

DADOS RÁPIDOS

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 23

NO AR

Além de identificarem os problemas, a CropLife e o estudo CAAS tam-bém propõem soluções. Uma delas é a realização de sessões de treina-mento para os agricultores pelos pesquisadores em colaboração com as autoridades agrícolas chinesas. Os agricultores recebem orientações de como usar os produtos de proteção de cultivos corretamente. Eles podem, por exemplo, aplicar inseticidas ao anoitecer, quando as abe-lhas não estão mais ativas. Outra solução envolve a colaboração com as autoridades reguladoras para aprimorar a rotulagem dos inseticidas, explicando de maneira mais clara e detalhada possível como os produtos são utilizados sem prejudicar os insetos benéficos.

Isso deve ajudar a aproximar alguns apicultores e agricultores. A área de Proteção de Cultivos apoia a seguinte abordagem: “É nossa função conscientizar ambos os lados de como eles podem se beneficiar um com o outro”, afirmou o Dr. Guo. Quando as abelhas polinizam as plan-tações, os agricultores podem esperar safras maiores. Por sua vez, as abelhas se beneficiarão com o maior estoque de mel produzido por suas colônias de abelhas bem nutridas. “A conscientização referente à inter-dependência entre a agricultura e a apicultura está surgindo bem aos poucos”, explicou Dr. Guo.

Dr. Jing Quan Guo

Gerente de Stewardship e Sustentabilidade da região

Ásia-Pacífico da Bayer CropScience de Cingapura.

Quando os apicultores asiáticos deixam suas abelhas melíferas (acima) voarem

sobre as plantações, os agricultores também obtêm lucro, assim como aqueles que

trabalham na colheita na Índia (abaixo). Graças a abelhões diligentes, a safra de

tomate no sul da China também é boa (à direita).

“Os apicultores e os agricultores na Ásia podem se apoiar mutuamente e se beneficiar com essa colaboração”.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 124

A grande influência da agricultura

A situação na Índia – também foco do estudo – é bastante semelhante. A po-pulação de lá também depende de in-setos benéficos para obter auxílio, com metade da população indiana vivendo da agricultura. O solo para cultivo está divi-dido em milhões de terrenos que têm de produzir cada vez mais alimentos para abastecer a crescente população. Para isso, os agricultores utilizam até o último centímetro de suas terras. Infelizmente, essa prática pode afetar os habitats de polinizadores naturais, como as moscas e as abelhas selvagens. O uso incorreto de inseticidas pode ser prejudicial tanto para as abelhas melíferas como para as selvagens. Com isso em foco, os pesqui-sadores envolvidos no estudo desejam tornar a agricultura indiana mais com-patível com os insetos polinizadores. Se mais insetos dispersarem o pólen dos cultivos de manga e sésamo, as safras aumentarão naturalmente.

A CropLife Asia assumiu o compromisso de trabalhar em conjunto com as auto-ridades nacionais e lançar um programa de treinamento semelhante àquele idea-lizado para a China. O foco dele será for-necer aos agricultores informações sobre o uso de inseticidas de acordo as instru-ções presentes no rótulo. Isso protegerá os insetos benéficos, representando um passo importante rumo à união e cola-boração profissional entre apicultores e agricultores.

ENTREVISTA

Que fatores influenciam os polinizadores na Ásia?

“Há muitos fatores, como o uso extensivo de produtos de prote-

ção de cultivos, alterações na biodiversidade de plantas, transfe-

rência interespécies de patógenos e parasitas e, além disso, perda

de habitats devido ao desenvolvimento da agricultura intensiva na

Ásia. Na China, especialmente, a agricultura exerce uma grande

influência, pois ela é a base da economia do país”.

Como os apicultores e os agricultores podem trabalhar melhor em conjunto?

“Foi sugerido um modelo de negócios para benefício mútuo dos

agricultores e dos apicultores: ele servirá para fortalecer o treina-

mento técnico dos produtores de frutos e dos apicultores. Eles

precisam compreender as necessidades uns dos outros para que

todos possam lucrar com o aumento da polinização por abelhas.

Isso também pode alterar as áreas de cultivos de frutos e promo-

ver o turismo ecológico”.

Ele é um pesquisador da área de polinização, trabalhando no Instituto de Pesquisa em Apicultura da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas (Chinese Academy of Agricultural Sciences, CAAS) em Beijing, na China.

Profesor Wenjun Peng

Diferenças sutis

Nem todas as abelhas são iguais: há nove espécies diferentes de abelhas melíferas, por exemplo. A abelha melífe-ra ocidental (Apis mellifera) se tornou a mais popular. Ela costumava ter seu ha-bitat na Europa, Ásia Ocidental e África.

Mas ao migrar com os viajantes huma-nos, ela agora está presente em quase todos os países. A abelha melífera asiáti-ca (Apis cerana), por contraste, vive ape-nas na Ásia e é um tanto menor que sua prima ocidental. A menor abelha melífera é a abelha-preta-anã (Apis adreniformis). A abelha himalaia (Apis laboriosa) é a maior do mundo, podendo ter até três centímetros de comprimento.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 25

NO AR

CONCLUSÃO

A conscientização da interdependência entre agricultura e apicultura está surgindo bem lentamente na China e na Índia.

Os programas de treinamento realizados pela CropLife Asia e patrocinados pela Bayer, informarão aos agricultores e os apicultores sobre como eles podem se beneficiar, colaborando uns com os outros e, assim, promover populações saudáveis de insetos polinizadores e safras maiores naturalmente.

Mel para o mundo

1,6 milhão de toneladas de melOs apicultores do mundo todo coletaram 1,6 milhão de toneladas de mel em 2012. Quase metade desse total tem origem na produção de abelhas melíferas na Ásia.

Fonte: FAOSTAT

EUROPA AMÉRICAS

ÁSIA

46.3 %

20.1 %21.9 %

ÁFRICA

10.3 %

OCEANIA 1.4 %

BEENOW.2015_EDIÇÃO 126

DADOS RÁPIDOS

// O solo agrícola frequentemente oferece pouco abrigo para os insetos benéficos.

// Medidas simples de ajuda são recursos para a formação de ninhos e faixas de flores.

// Um estudo alemão demonstra o impacto positivo de tais medidas.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 27

NO CAMPO

Os insetos e as plantas têm um pacto: abelhas, borboletas e abelhões famintos podem se servir do doce néctar das plantas em troca de espalharem seu pólen. E a polinização tem vantagens, especialmente para os humanos: muitos alimentos que consumimos podem se beneficiar e depender amplamente dela, como é o caso das amêndoas, das abóboras e dos melões. Muitas flores também precisam que insetos as polinizem, como alguns tipos de flores silvestres e as flores do campo, que crescem nas proximidades das plantações agrícolas. E plantas como essas oferecem sementes e frutos comestíveis a outros animais.

No entanto, com frequência, o solo agrícola não é um lugar agradável para esses insetos trabalhadores. Isso se deve à intensificação da agricultura ao longo dos anos. Embora isso apresente a vantagem de capacidade de alimentação de uma população em crescimento, as monoculturas sem quaisquer fronteiras silvestres naturais fazem com que os insetos não tenham chance de encontrar alimento e abrigo suficientes. “A Alemanha é um dos muitos países onde enormes partes de solo agrícola são efetivamente uma terra ecológica de ninguém”, afirmou o Dr. Rainer Oppermann. “Agora nós simplesmente nos acostumamos com isso”, adicionou. O engenheiro e especialista em ambiente agrícola comanda o Instituto de Agroecologia e Biodiversidade (Institute for Agroecology and Biodiversity, IFAB) em Mannheim, na Alemanha. Sua equipe está trabalhando na renovação dos laços entre a agricultura e a natureza.

Mesmo as medidas mais simples podem acarretar grandes mudanças. Permitir o crescimento de flores silvestres em áreas próximas às plantações é uma maneira de assegurar que os polinizadores tenham um bom estoque de pólen e néctar. Recursos para a formação de ninhos que ofereçam abrigo às abelhas também são uma boa opção. “No entanto, não temos no momento muitos estudos quantitativos e comparativos de longo prazo sobre como esses tipos de medidas direcionadas afetam a diversidade de insetos”, afirmou o Dr.  Christian

Maus, gerente global de Segurança de Polinizadores do Bayer Bee Care Center. No momento, ele está visando abordar a lacuna de conhecimento com pesquisadores do IFAB e do Institute of Landscape Ecology and Nature Protection em Bühl. Eles semearam flores e criaram um abrigo para as abelhas selvagens em duas propriedades no Alto Vale do Reno, situado no sudoeste da Alemanha. Os pesquisadores voltam todos os anos para observar como o panorama dos insetos mudou. Durante os quatro anos do projeto, o número de espécies polinizadoras aumentou. Além disso, os ecologistas também observaram um aumento no número de insetos de cada espécie.

No entanto, com frequência, o solo agrícola não é um lugar agradável para esses insetos trabalhadores. Isso se deve à intensificação da agricultura ao longo dos anos.

A paisagem era muito diferente em 2010, quando o pro-jeto teve início. Naquele ano, os pesquisadores selecio-naram uma área, empregando as novas medidas e uma área de controle em cada propriedade, somando quatro áreas, com cada uma se estendendo por 50 hectares. As áreas do projeto foram projetadas para serem convi-dativas aos insetos, enquanto as áreas controle perma-neceram inalteradas. Antes do experimento começar, a equipe criou um inventário de abelhas selvagens e es-pécies de borboletas presentes em cada propriedade. Eles, então, começaram a semear flores silvestres entre o milharal e as plantações de cereais. E 10% do solo agrícola foi transformado em “restaurantes para insetos”, nos quais os polinizadores agora poderiam se abaste-

Oferecendo pouco abrigo ou alimento no longo prazo, o solo agrícola é um local inóspito para abelhas

selvagens, abelhões e borboletas. Mas basta algumas mudanças simples para facilitar bastante a vida

desses insetos. Um experimento em campo de múltiplos anos realizado na Alemanha está demonstrando

como pequenas medidas podem fazer uma grande diferença. Além disso, os agricultores também devem

se beneficiar com essas populações sobreviventes de insetos.

MELHORIA DO SOLO AGRÍCOLA PARA INSETOS BENÉFICOS

TRAZENDO A NATUREZA DE VOLTA ÀS PLANTAÇÕES

BEENOW.2015_EDIÇÃO 128

cer com nutrientes de flores de papoila, girassóis e centáureas. O projeto tam-bém testou abrigos para as abelhas, como bancos de solo, onde as abe-lhas selvagens podem se reproduzir. As plantações convencionais não oferecem muito abrigo às abelhas. “A vegetação é muito densa, há muita sombra e muito frio. Os ovos precisam ser mantidos em temperaturas mais quentes para se de-senvolverem adequadamente”, afirmou o Dr. Oppermann. Os insetos benéficos, como as abelhas selvagens, também podem fazer ninho em pedaços de ma-deira com perfurações, que a equipe de pesquisa também distribuiu áreas de es-tudo por razões experimentais. Os inse-tos apreciam as ofertas: “A situação me-lhorou imensamente nos últimos quatro anos. No começo, foi bastante lento, mas agora é diferença é muito clara”, afirmou Dr. Maus. No primeiro ano, muito poucas espécies de abelhão foram observadas além dos limites das flores silvestres. Mas isso mudou nos anos seguintes. O número de espécies de abelhas selva-gens em uma propriedade cresceu de 31 para 58, enquanto em outra esse número mais que dobrou, de 34 para 74.

“Também observamos mais espé-cies ameaçadas de extinção se fixan-do aqui”, adicionou o Dr.  Oppermann. Entretanto, nas áreas inalteradas de controle, o número de espécies perma-neceu estagnado. Os pesquisadores observaram a mesma tendência com as borboletas.

“Toda a rede ecológica de alimento se beneficia quando há mais espécies”, disse o Dr. Oppermann. “Os pássaros, por exemplo, terão mais insetos para comer”. E mesmo os agricultores de-vem se beneficiar com essas medidas, pois áreas de flores silvestres também atraem insetos predadores que podem matar pragas agrícolas como os pul-gões.

O projeto agora está em ampliação: “Desejamos examinar se podemos transferir esse modelo para proprieda-des de maior porte na Alemanha Orien-tal. Em breve, semearemos flores em duas propriedades daqui”, afirmou Be-linda Giesen-Druse, que também coor-denará o projeto na Bayer CropScien-ce. As medidas serão combinadas com áreas de foco ecológico – partes da plantação que não serão tratadas com fertilizantes nem produtos de proteção de cultivos, por exemplo. Tais requisitos serão obrigatórios para todos os agri-cultores da UE a partir de 2015. “Que-remos trabalhar com os agricultores para investigar como melhor configurar áreas floridas e outras medidas para alcançar resultados mais promissores”, disse Giesen-Druse. O Dr. Oppermann está especialmente satisfeito com isso:

“É um passo importante e é o passo correto. Afinal de contas, para que todas as medidas sejam implementadas, elas devem ser convincentes e produzir resultados”.

“Queremos trabalhar com os agricultores para investigar como melhor configurar áreas floridas e outras medidas para alcançar resultados mais promissores”.

Belinda Giesen-DruseGerente de StewardshipBayer CropScience, Alemanha

A política agrícola europeia comum almeja estreitar a lacuna entre a agricultura e a natureza. Áreas com o foco ecológico estão entre as medidas projetadas para esse fim. Isso entrará em vigor a partir de 2015. Um exemplo exigirá que os agricultores mantenham partes de terra entre as plantações sem produtos de proteção de cultivo e fertilizantes. Essas áreas poderão ter diversas formas. Elas poderão ser faixas de terra onde as flores podem crescer, terra não cultivada ou partes com plantio de árvores e arbustos. Os agricultores que tiverem mais de 15 hectares de área para a produção agrícola terão que dedicar 5% dela para áreas de foco ecológico.

Mais espaço para a natureza

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 29

NO CAMPO

2010

2012

2013

13

101

Desenvolvimento dos insetos individuais

2010

817 33

5 4 15

2012 2013Plantio de faixas de flores e

instalação de recursos para ninhos

Espécies por terreno de amostragem de 5 m de extensão

Espécies em extinção

1445

2010

2012

2013

13

101

Desarrollo de especímenes de insectos

2010

817 33

5 4 15

2012 2013Plantación de franjas de floración e instalación

de dispositivos de ayuda para el anidado

Especies por parcela demuestra amplia de 5 metros

Especies enpeligro de

extinción en ellas

1445

Mais e mais abelhas selvagens individuais

Flores e recursos para ninhos já tiveram um impacto: mais e mais espécies de abelhas selvagens passeiam pelas áreas redesigna-das e, entre elas, estão espécies ameaçadas de extinção.

Aumento nas espécies de abelhas selvagens

CONCLUSÃO

Como o experimento em campo demonstra, medidas simples podem acarretar grandes mudanças. A seguir, os pesquisadores desejam examinar se é possível transferir esse modelo para propriedades de maior porte.

As abelhas selvagens gostaram das medidas: elas ficaram cada vez mais presentes nas terras designadas para o projeto. Os insetos mais abundantes na área foram os abelhões, especial-mente o Bombus lapidarius e o Bombus terrestris.

30 BEENOW.2015_EDIÇÃO 1

Insetos investigadores

Algumas abelhas melíferas reconhecem quando ácaros Varroa estão ameaçando sua cria em uma célula fechada.

Os pesquisadores ainda não sabem como exatamente elas fazem isso. A operária pode sentir o cheiro da larva afetada ou do próprio ácaro.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 31

NO APIÁRIO

O ácaro Varroa é o inimigo público número um das abelhas. No entan-to, algumas colônias de abelhas melíferas ocidentais estão começando a combater os parasitas sozinhas. Uma rede europeia e americana de pes-quisadores e voluntários pretende reforçar esse comportamento pela re-produção criando, assim, colônias de abelhas resistentes ao Varroa.

Ocasionalmente, as abelhas melíferas se tornam canibais: uma abelha operária arrancará a tampa de uma célula de cria, tirará uma pupa e, com suas colegas operárias, a devorará. Por meio desse ato aparentemente repulsivo, as abelhas protegeram sua colônia, pois a pupa estava infestada com a cria de um ácaro Varroa. O parasita agora não pode mais se repro-duzir, o que significa que não haverá prole que possa atacar a colônia.

Especialistas em abelhas descrevem esse comportamento, originalmen-te conhecido apenas entre abelhas melíferas asiáticas, como de higiene sensível à presença do Varroa (Varroa Sensitive Hygiene, VSH). As abe-lhas melíferas asiáticas foram adaptando seu comportamento ao parasita durante séculos e agora convivem com ele. No entanto, o ácaro Varroa se espalhou para grande parte do mundo, infestando colmeias e abelhas melíferas ocidentais que não estão preparadas para lidar com ele. Se não houver interferência por parte dos apicultores, esses ácaros poderão des-truir uma colônia em dois anos. Como BartJan Fernhout, antigo diretor de P&D de Boxmeer na MSD Animal Health explicou, “Algumas abelhas melíferas na Europa e nos EUA estão removendo crias infestadas. Isso mostra que a prática de VSH já existe em nossas colônias. E nós podemos ajudar a ampliar o estabelecimento desse comportamento”. Para esse fim, Fernhout fundou a organização sem fins lucrativos Arista Bee Research Foundation em 2013.

O objetivo é a reprodução de abelhas melíferas resistentes ao Varroa.

Essa também é uma questão pessoal para Fer-nhout, um biomédico holandês. “Com algumas interrupções, eu venho praticando a apicultura desde pequeno. Mas já tive minha parcela de pro-blemas combatendo o ácaro Varroa. Quando per-di duas das minhas melhores rainhas com um tra-tamento bem-intencionado, tomei uma decisão: parar com a apicultura ou descobrir uma solução melhor”. Em sua busca por uma solução, Fernhout

O ácaro Varroa é o inimigo público número um das abelhas. No entanto, algumas colônias de abelhas

melíferas ocidentais estão começando a combater os parasitas sozinhas. Uma rede europeia e americana de

pesquisadores e voluntários pretende reforçar esse comportamento pela reprodução criando, assim, colônias

de abelhas resistentes ao Varroa.

REPRODUÇÃO DE ABELHAS MELÍFERAS RESISTENTES AO VARROA

ELIMINAÇÃO DOS ÁCAROS

Existe um pequeno perigo: se não houver interferência por parte dos apicultores, o ácaro Varroa poderá destruir uma colônia em dois anos.

// O ácaro Varroa é uma ameaça de extrema importância à abelha melífera ocidental.

// No entanto, algumas colônias de abelhas desenvolveram a capacidade de remover o parasita de sua colmeia.

// A Arista Bee Research Foundation espera fortalecer e estabelecer esse comportamento por meio da reprodução.

DADOS RÁPIDOS

BEENOW.2015_EDIÇÃO 132

1 2 3 4

Em conjunto com muitos apicultores voluntários, BartJan Fernhout espera reproduzir abelhas melíferas resistentes ao Varroa na Europa. Para isso, eles abrem as células de cria e contam os ácaros em seu interior em um trabalho manual extremamente minucioso.

se deparou com a VSH. Pesquisadores norte-americanos do Departamento de Agricultura dos EUA (US Department of Agriculture, USDA) já reproduziram abelhas melíferas com essa caracte-rística em cativeiro e estabeleceram uma população de pesquisa. Então, Fernhout queria tentar fazer o mesmo com a reprodução na Europa.

O truque é cruzar a rainha com apenas um zangão.

uNormalmente, até quinze zangões aca-salam com a rainha durante seu voo nupcial. “No entanto, se apenas dois de seus companheiros transmitirem a VSH, não haverá abelhas operárias suficientes com esse comportamento de limpeza. Isso significa que é muito difícil localizar e selecionar o critério de VSH”, explicou Fernhout. “No entanto, se selecionarmos um zangão promissor como o único pai, obteremos uma colônia homogênea de abelhas. Todas as abelhas operárias te-rão a mesma origem genética e se com-portarão de maneira semelhante.

Com início há um ano, a equipe recém--formada de apicultores do projeto se-lecionou as abelhas mais promissoras para reprodução antecipadamente, a partir de colmeias com nível relativa-mente baixo de infestação por ácaros. Além disso, o comportamento higiênico

geral foi estudado pelo congelamento de uma pequena porção da célula na col-meia com nitrogênio líquido, observan-do com que rapidez as abelhas operá-rias realizavam a remoção da cria morta. Se fizessem isso rapidamente, e a mes-ma colônia apresentasse uma contagem inferior de Varroa após o tratamento, a chance de transmissão dos genes en-volvidos no traço desejável de VSH seria maior. Uma rainha e um zangão de co-lônias promissoras cruzariam. A equipe do projeto, composta por apicultores experientes da Bélgica, Alemanha, Fran-ça, dos Países Baixos e de Luxemburgo,

já fez isso mais de 100 vezes. Eles, en-tão, sujeitaram as colônias resultantes a um verdadeiro teste de resistência: eles garantiram que as colônias de abelhas tivessem uma grande quantidade de ácaros Varroa e deixaram que agissem sozinhas, sem ajuda. Após três meses, os pesquisadores e trabalhadores volun-tários contaram pacientemente os carra-patos adultos e jovens nas crias da colô-nia. O esforço valeu a pena: “Mais de 20 colônias com origem europeia apresen-taram claramente um comportamento de VSH”, explicou Fernhout. “Esse é um resultado muito bom”.

Casamento real

Uma abelha real passa a ter suas responsabilidades de nobreza bem cedo. Ela começa seu voo nupcial com uma semana de idade.A 10 m do solo, ela acasala com até 15 zangões de diferentes colô-nias. Com múltiplos pais, a colônia de abelhas resultante apresentará maior diversidade genética e, por-tanto, será mais robusta. No en-tanto, o acasalamento natural não pode ser controlado o suficiente para permitir a reprodução dire-cionada das abelhas. Portanto, a rainha é geralmente inseminada ar-tificialmente ou passa por acasala-mento em locais isolados.

Idade real

O ciclo de vida de uma abelha operá-ria típica é de três a seis semanas, en-quanto uma rainha pode viver de dois a quatro anos.

abelha operária

anos

abelha rainha

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 33

À esquerda, a ilustração mostra o desenvolvimento normal da cria da abelha melífera infestada com Varroa. O lado direito exibe o que acontece se as abelhas herdarem o traço VSH: as abelhas operárias detectam o Varroa na célula fechada e abrem-na, removendo a pupa e evitando, assim, a reprodução do ácaro.

Mas as abelhas podem fazer melhor: cinco colônias dos EUA foram capazes de eliminar quase todos os ácaros de sua col-meia, reduzindo o nível de infestação por Varroa entre 20% e 40% para apenas 1% a 2%. As colônias foram criadas com esperma importado do USDA-VSH da população de pesqui-sa. Além disso, os pesquisadores de abelhas e os voluntários desejam continuar a reprodução com mais rainhas europeias, aumentando o percentual reprodutivo de alta qualidade para 100% de VSH, e a remoção completa dos ácaros.

No entanto, era necessário resolver um problema: as rainhas cruzadas com apenas um zangão normalmente botam ovos por até seis meses, em vez do período usual de três a quatro anos. Mas os apicultores não podem continuar reproduzindo a cria até a primavera seguinte. Os invernos são demasiada-mente frios no norte da Europa para que as abelhas acasalem e botem ovos. Para acelerar o projeto e resguardar o alto ní-vel de VSH, Fernhout e seus colegas viajaram, portanto, até regiões mais quentes no sul. “Transportamos as 12 colônias mais promissoras para a Espanha. Lá, podemos reproduzir uma nova geração até o fim de novembro. Além disso, o in-verno mais quente contribuirá para a sobrevivência das ra-inhas e colônias recém-geradas”, explicou Fernhout. Ele está otimista com o sucesso do projeto. O objetivo maior agora

está bem mais próximo. “Queremos estabelecer o traço VSH no número maior de linhagens de abelhas melíferas possível”, afirmou Fernhout. Até lá, no entanto, ainda será necessário reproduzir muitas rainhas. Para esse fim, a jovem fundação está firmando uma rede colaborativa sólida entre universida-des, instituições e grupos de apicultura.

São necessários mais recursos para a cria-ção de tecnologias e de um programa de reprodução de dimensões adequadas.

Para isso, a Arista Bee Research Foundation, entidade sem fins lucrativos, também depende de patrocínio. O apoio dos governos, patrocinadores particulares e corporações é ne-cessário para o custeio do programa de reprodução. A Bayer, além do apoio financeiro, também ajudará a tornar a repro-dução mais eficiente. Os cientistas esperam desenvolver um teste de marcador genético que possa localizar os genes de VSH no DNA das abelhas. “Isso poderia agilizar significativa-mente a seleção das rainhas”, afirmou Fernhout. Para os pes-quisadores e voluntários, esse seria um outro grande passo rumo às abelhas melíferas resistentes ao Varroa.

CONCLUSÃO

Levará alguns anos até que as primei-ras rainhas resistentes ao Varroa este-jam disponíveis para os apicultores.

Portanto, os pesquisadores e apiculto-res continuarão a empreender esforços em outras opções de combate aos ácaros, como tratamento mais eficazes. Mas a reprodução de abelhas resisten-tes ao Varroa é bastante promissora e pode contribuir significativamente para a saúde das abelhas melíferas no longo prazo.

NO APIÁRIO

BEENOW.2015_EDIÇÃO 134

// A canola é cultivada em larga escala na Europa.// As flores amarelas são também uma importante fonte de alimento para os polinizadores, como as abelhas

melíferas.// Uma nova tecnologia de aplicação de produtos de proteção de cultivos pode beneficiar os polinizadores,

pois ela reduz os resíduos no pólen e no néctar.

NOVA MANEIRA DE PULVERIZAR INSETICIDAS MINIMIZA AINDA MAIS A EXPOSIÇÃO DOS POLINIZADORES

MENOR APLICAÇÃO PARA MAIOR PROTEÇÃO

Há algum potencial de tensão na relação entre agricultores e apicultores. Uns precisam afastar as

pragas, enquanto os outros temem pela saúde das abelhas. Mas a proteção às abelhas e às plantações

pode atuar em harmonia, conforme demonstra um projeto colaborativo na Alemanha.

DADOS RÁPIDOS

As flores amarelas constituem uma parte impor-tante do cardápio: as sementes de canola são uma fonte importante de alimento para as abelhas melíferas. Isso ocor-re em grande parte porque a planta rica em óleos é um cultivo muito importante em larga escala, flo-rescendo na primavera nas plan-tações agrícolas da Europa. No entanto, em alguns casos, as abelhas melíferas podem coletar mais que o pólen e o néctar. Elas podem, também, apanhar inadvertidamente pro-dutos de proteção de cultivos, utilizados por agricultores para proteger suas plantações de ca-nola de doenças fúngicas e pragas prejudiciais.

“As flores abertas são inevitavelmente tratadas com pesticidas quando os métodos convencionais de pulverização são utilizados”, afirmou o Dr. Klaus Wallner do Apicultural State Ins-titute da Universidade de Hohenheim. “O ingrediente ativo então se acumula no néctar e no pólen, ou seja, no alimento dos polinizadores”. Isso, normalmente,

não seria um problema para os insetos, pois antes que pro-

dutos de proteção de cul-tivos sejam aprovados

para uso agrícola, seu impacto sobre

os insetos polini-zadores é rigoro-sa e extensiva-mente testado em estudos la-boratoriais e de campo. Ape-nas aqueles ingredientes ati-

vos classificados como seguros

receberão apro-vação. No entanto,

apenas quantidades muito pequenas de resí-

duos indesejáveis, que ainda estão abaixo dos limiares aceitá-

veis, podem seguir para o mel.

Pesquisadores de abelhas e representantes dos fabricantes dos dispositivos de aplicação e produtos de proteção de cul-

Muitos polinizadores circulam pelas flores

de canola.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 35

NO CAMPO

“Em vez de pulverizar acima dos cultivos nas florescências de canola, o ingrediente ativo é aplicado de baixo nas partes verdes da planta”.

Dr. Klaus Wallner Apicultural State Institute,Universidade de Hohenheim, na Alemanha

Droplegs | Os pesquisadores desenvolveram extensões em gancho que ficam suspensas na máquina de pulverização. Elas aplicam os produtos de proteção de cultivos abaixo do nível das flores.

tivos estão trabalhando em conjunto com o Dr. Wallner para encontrar soluções práticas de longo prazo que protejam as abelhas e as planta-ções. Eles estão experimentando uma nova abordagem de aplicação de defensivos agrícolas que atuará em favor dos apicultores e agricultores: Eles desenvolveram uma tecnologia em spray que aplica o ingrediente ativo nas plantações, como a canola, em uma maneira que impede o contato do mesmo com as abelhas. Medidas individuais são limitadas em termos da ajuda que podem oferecer – é necessária uma abordagem mais abrangente. É por isso que 14 institutos de pesquisa e empresas, incluindo a Bayer CropScience, estão participando do FITBEE, para exa-minar as diversas influências que podem afetar as abelhas melíferas. O projeto Dropleg tem como foco a resposta ao questionamento: “Como podemos reduzir a chance de as abelhas entrarem em contato com os produtos de proteção de cultivos?” A ideia dos pesquisadores foi baixar os bocais de pulverização das máquinas que aplicam os produtos. “Em vez de pulverizar acima dos cultivos durante a floração de canola, o in-grediente ativo é aplicado a partir da parte de baixo para as partes verdes da planta”, explicou o Dr. Wallner, que está no comando do projeto de pesquisa.

A empresa parceira Lechler, fabricante de equipamento de pulverização, sediada em Metzingen, modificou um pulverizador de plantações tra-

O projeto “Dropleg” é parte in-tegrante do projeto colaborativo FITBEE disseminado por toda a

Alemanha, patrocinado pelo Ministério Federal de Alimentos, Agricultura e Proteção ao Consumidor alemão. O objetivo é obter ainda mais compreensão das interações entre abelhas e seu ambiente, visando proteger as colônias de abelhas de doenças e outras ameaças.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 136

dicionais: foram acopladas extensões em formato de gancho – denominadas droplegs – às hastes de pulverização de muitos metros. Os bocais são afastados da máquina de pulverização como os dentes de um pente gigante, passando pela plan-tação de canola. Pesquisadores da Universidade de Hohenheim compararam cultivos que foram pulverizados de cima, como é feito normalmente, com aqueles tratados de baixo com a nova tecno-logia de pulverização em dropleg. Eles coletaram e analisaram amostras de mel de colmeias que fo-ram posicionadas próximas às plantações de ca-nola. Os pesquisadores também capturaram abe-lhas que estavam retornando à colmeia, coletando amostras dos aglomerados de pólen de suas per-nas e estômagos. O resultado:

Os resíduos de produtos no pólen caíram para apenas um quarto da quantidade normal com a nova técnica – em comparação com o método convencional utilizado.

As empresas parceiras no projeto, Bayer CropS-cience e Syngenta Agro, conduziram os chamados “experimentos de tendas”, construindo amplas tendas sobre a plantação de canola. “Isso simulou o pior cenário possível, no qual os insetos coletam pólen apenas da plantação de canola tratada e de nenhuma outra planta”, informou o Dr.  Christian Maus, gerente global de Segurança em Poliniza-ção do Bayer Bee Care Center. Ainda assim, os bocais suspensos de pulverização se saíram mui-to bem nesses testes: resíduos encontrados nas colônias de abelhas que se alimentaram de óleo refinado de canola tratada com equipamento de pulverização com dropleg foram substancialmente menores que nas plantações que receberam o tra-tamento tradicional.

A nova técnica beneficia não apenas os polinizadores como também os agricultores, pois os produtos de proteção de cultivos são aplicados entre as plantas, reduzindo o impacto do vento e, assim, as perdas de corrente significativamente.

A eficácia do produto também não é afetada. E mesmo as pragas das flores são atingidas: quan-

A tecnologia

dropleg foi

desenvolvida

no óleo

refinado de

canola como

modelo.

Mas as

máquinas

também

podem ser

utilizadas em

outros cultivos

no futuro.

do as extensões em dropleg passam pela plantação de canola, elas movimentam as flores, fazendo com que as pragas (como o Ceutorhyn-chus assimilis) caiam nas folhas de baixo. Elas, en-tão, são pulverizadas com os produtos de proteção de cultivos. Esse processo não causa danos às plantas do cultivo por sua capacidade considerável de se curvarem e endireitarem novamente.

Dr. Wallner destaca: “O projeto representa uma situação de ganhos para todas as partes envolvidas”.

O óleo refinado de canola é utilizado agora como mode-lo para o desenvolvimento da tecnologia que, por sua vez, também poderá ser uti-lizada em outros cultivos no futuro. Após os primeiros resultados promissores com as plantações de canola, os parceiros já planejam os próximos passos. “Estamos investigando a eficácia da técnica de aplicação contra doenças fúngicas e gorgu-lhos, independentemente de seu impacto sobre as abelhas”, explicou o Dr. Wal-lner. Se ela demonstrar ser tão eficaz quanto os méto-dos convencionais, todos se beneficiarão. Os apicultores poderiam deixar suas co-lônias de abelhas visitarem plantações de canola sem qualquer preocupação refe-rente a resíduos indesejáveis no mel, enquanto os agricul-tores teriam uma proteção de cultivos mais eficiente, com menos correntes e os fabricantes de máquinas poderiam desenvolver ainda mais os seus produtos.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 37

NO CAMPO

CONCLUSÃO Com a tecnologia dropleg, os produtos de proteção de cultivos são aplicados abaixo das flores. Isso beneficia os agricultores e o ambiente, pois reduz significativamente a perda por correntes sem afetar em nada a eficácia do produto. O conceito demonstrou ser útil com a canola, mas também poderá ser implementado em outras plantações no futuro.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 138

O mirtilo de arbustos de pequeno porte nativo da Améri-ca do Norte é um dos principais produtos de exportação canadenses. Os frutos devem parte de seu sucesso às abelhas melíferas, aos abelhões e às abelhas selva-gens. Isso se deve à incapacidade de auto-fertilização do mirtilo. Os arbustos pro-duzirão frutos apenas se os insetos realizarem a polinização por eles.

Mas agora o famoso fruto pode estar em crise. As sa-fras estão encolhendo por-que, de alguns anos para cá, o número de abelhas selvagens na região dos arbustos de mirtilos tem decaído e as abelhas melíferas têm permaneci-do em número reduzido. A tendência decrescente é vi-sível em todo o país.

“No passado, em média, cerca de 10% a 15% das colônias de abelhas melíferas morriam a cada inverno. Nos últimos anos, esse percentual atingiu o pico de 35%”, afirmou David Drexler, fisiologista de plantas,

// O mirtilo é um dos principais produtos canadenses de exportação.// A polinização dos insetos nas flores permite o desenvolvimento do fruto, tal como ocorre com outras

plantas cultivadas.// No entanto, as populações de polinizadores enfrentam desafios no Canadá.// Um projeto de pesquisa nacional investigando as causas multifatoriais foi concluído este ano.

presidente da Researchman Consulting Inc., e ex-colabora-dor da Bayer. “Por um longo período, pudemos apenas espe-cular os motivos disso e em qual estado estaria a saúde dos

abelhões e abelhas selvagens”.

Os arbustos de mirtilos ape-

nas produzirão frutos se

os insetos os poliniza-

rem.

Isso levou o Canadá a dar real importância à situação. Em um pro-jeto de pesquisa para avaliar o estado atual dos polinizadores, 44

cientistas de 26 universi-dades do país se uniram

na Canadian Pollination Initiative (CANPOLIN). Eles

passaram mais de cinco anos in-vestigando as abelhas canadenses.

Os especialistas vieram dos campos da entomologia, proteção de cultivos, genética de

população de plantas, ecologia e genômica. Suas tarefas in-

CANPOLIN: CANADÁ INVESTIGA SEUS POLINIZADORES

EQUILÍBRIO ENTRE MIRTILOSAs populações canadenses de abelhas melíferas e selvagens estão enfrentando desafios em

decorrência de diversos fatores. Isso pode se tornar um problema para a cadeia alimentar a para

a agricultura, pois muitos cultivos dependem bastante da polinização por insetos. Especialistas de

diversas universidades se reuniram em um estudo de pesquisa nacional de cinco anos para tentar

avaliar o que está acontecendo.

Fonte: 2014 “Pollination in Lowbush Blueberry: A Summary of Research Findings from the Canadian Pollination Initiative” 42 pp.

ISBN 978-0-9680123-8-3 disponível on-line, no endereço uoguelph.ca/canpolin.

DADOS RÁPIDOS

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 39

NO AR

cluíam determinar o número de espécies poliniza-doras no país e porque houve declínio dos núme-ros de algumas espécies. Eles também analisaram como a gestão do terreno, os efeitos climáticos adversos e os produtos de proteção de cultivos estão afetando os insetos.

A Bayer patrocinou partes do projeto, que forma concluídas neste ano, custeando e orientando os pesquisadores de uma perspectiva industrial. Drexler, que trabalhava na Bayer no período em questão, foi o consultor do projeto: “A CANPOLIN criou uma base para que possamos seguir com mais eficácia as vidas futuras de nossas popula-ções de abelhas administradas e selvagens, exer-cendo uma influência positiva sobre as mesmas”.

Os pesquisadores da CANPOLIN contabilizaram cerca de 800 espécies diferentes de abelhas – e isso apenas no Canadá. Estima-se que o número total de espécies no mundo chegue a cerca de 25 mil. No entanto, as muitas espécies nada tem a ver com os desafios enfrentados pelas abelhas no Canadá. Há muitos motivos para isso: “Os desafios para as po-pulações de polinizadores são um problema multifa-torial”, afirmou Dr. Peter Kevan, professor emérito da Universidade de Guelph, no Canadá, e diretor cien-tífico da Canadian Pollination Initiative. Por exemplo, os especialistas da CANPOLIN puderam identificar o principal culpado no declínio da abelha melífera: é o ácaro Varroa, um parasita temido no mundo intei-ro. “Combater o problema provavelmente será um enorme desafio, pois o ácaro já é resistente a mui-tos varroacidas”, constatou Drexler. Para descobrir quais ácaros são resistentes a que varroacidas, a Bayer atualmente colabora com a Rothamsted Re-search, no Reino Unido, que tem se especializado em abordar problemas de resistência. As condições climáticas são outro problema importante para os polinizadores canadenses, pois elas variam a dura-ção das estações. Dessa maneira, as flores favoritas das abelhas podem desabrochar antes ou depois

do usual. É impossível que os insetos se readaptem todo ano, o que sig-nifica que eles têm de lutar para obter alimento suficiente. E a agricultura não ajuda muito. Os arbustos de mirtilo, que não podem florescer sem as abelhas, compõem esse problema recente. “Isso ocorre porque eles são cultivados em amplas áreas e em monoculturas”, explicou o Dr. Ke-van. Isso significa que os agricultores tentam da melhor forma manter suas plantações livres de qualquer outro tipo de planta concorrente.

Infelizmente, as abelhas administradas e as selvagens precisam exata-mente desse tipo de planta para sobreviver. As abelhas selvagens espe-cialmente adoram o néctar e o pólen que encontram na flores do mirtilo, mas se essa for a única opção no cardápio, elas não obterão nenhum dos outros nutrientes importantes de que precisam. Nós humanos tería-mos o mesmo problema se não tivéssemos uma dieta balanceada e, em vez disso, comêssemos a mesma coisa todos os dias – mesmo se fosse algo tão saudável quanto o tomate. Além disso, os arbustos de mirtilo florescem apenas durante algumas semanas por ano. Com a formação dos frutos no verão, as abelhas perdem sua fonte de nutrição.

“A CANPOLIN criou uma base para que possamos seguir mais eficazmente as vidas futuras de nossas populações de abelhas administradas e selvagens, exercendo uma influência positiva sobre elas”.

David DrexlerPresidente da ResearchmanConsulting Inc.

“Os desafios para as populações de polinizadores são um problema multifatorial”, afirmou Dr. Peter Kevan, professor emérito da Universidade de Guelph e diretor científico do projeto.

Flor de mirtilo (à esquerda), fruto (centro) e pronta para o consumo (à direita).

BEENOW.2015_EDIÇÃO 140

Uma propriedade em Prince Edward Island, no leste do Canadá, já está provando que encontrar novas maneiras de combate às pragas pode funcionar, com pesquisadores de abelhas, apicultores e pro-dutores de mirtilo trabalhando de mãos dadas.

“Precisamos apresentar algumas ideias não convencionais e colaborar ainda mais com os produtores no processo. O projeto CANPOLIN ren-deu muitas descobertas e produziu boas ideias para pesquisas futuras. Mas ainda há um longo caminho a percorrer antes que todas as abelhas estejam saudáveis e as safras do país comecem a melhorar”.

“Infelizmente, não há solução simples para os nossos problemas com polinizadores”, afirmou o Dr. Kevan, resumindo os achados do estudo CANPOLIN. “Precisamos apresentar algumas ideias não convencionais e colaborar ainda mais com os produtores no processo”. Com isso, ele se refere a projetos de pesquisa em par-ceria, como o CANPOLIN fez com os produtores de mirtilo, e a ou-tros projetos colaborativos que visam desenvolver novas maneiras de combater pragas como o ácaro Varroa. Isso também ajudará os pesquisadores a compreenderem melhor as relações básicas entre os diversos fatores de estresse. O Dr. Kevan também obser-va uma necessidade de colaboração aprimorada e mais estreita entre os apicultores e os produtores de mirtilo. Ambas as partes devem se beneficiar com a criação e esboço de planos de gestão em parceria.

Uma propriedade em Prince Edward Island, no leste do Canadá já está provando que isso pode funcionar, com pesquisadores de abelhas, apicul-tores e produtores de mirtilo trabalhando de mãos dadas. Rosas-selvagens e outras flores silvestres crescem entre as plantações de mirtilo para ajudar a oferecer uma dieta mais saudável para os polini-zadores. O resultado: mais insetos e melhores sa-fras. “Os níveis de produção estão quase tão bons quanto era há uma década”, afirmou o Dr. Kevan. Ele conclui: “O projeto CANPOLIN rendeu muitas descobertas e produziu boas ideias para pesqui-sas futuras. Mas ainda há um longo caminho a percorrer antes que todas as abelhas estejam sau-dáveis e as safras do país comecem a melhorar”.

Os pesquisadores da CANPOLIN contabilizaram cerca de 800 espécies diferentes de abelhas – e isso apenas no Canadá. Estima-se que o número total de espécies no mundo chegue a cerca de 25 mil.

Dr. Peter KevanProfessor emérito da Universidade de Guelph, no Canadá e diretor científico da Canadian Pollination Initiative

41BEENOW.2015_EDIÇÃO 1

NO AR

Flores tremulantes

A flor de mirtilo não facilita a vida dos polinizadores. Uma abelha que queira coletar pólen rico em proteínas terá que se esforçar para isso. Isso ocorre porque o pólen fica oculto em um saco tubular, que conta apenas com uma pequena abertura na extremidade inferior. Felizmen-te, insetos como os abelhões são extremamente engenhosos. Eles agarram a flores, seguram firme e começam a se sacudir. Isso cria vibrações que soltam o pólen.

As abelhas usam essa abordagem para cerca de 8% de todas as plan-tas com flores, incluindo tomate, pimenta, berinjela e oxicoco. Os es-pecialistas apelidaram a técnica de polinização por vibração.

CONCLUSÃO

Não há solução simples para o problema com os polinizadores no Canadá. No entanto, a iniciativa do CANPOLIN abriu caminho para mais projetos colaborativos que visem melhor compreensão da combinação dos fatores de estresse e do desenvolvimento de soluções.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 142

O maior inimigo da abelha melífera oci-dental não é muito maior que um milí-metro de comprimento. E o nome do parasita diz tudo: Varroa destruidor. Esse minúsculo aracnídeo extermina colônias inteiras de abelhas melíferas, causando desespero nos apicultores, especialmente na Europa e América do Norte. Isso ocorre porque os ácaros Varroa são uma enorme ameaça à saú-de desses importantes polinizadores. A praga parasítica transmite – de forma muito parecida com o carrapato – vírus perigosos que podem ser fatais para as abelhas e suas crias. Houve, nos últi-mos anos, mortes de abelhas melíferas em massa em muitos países.

“Em 2011 e 2012, os ácaros Varroa dizimaram um terço da população de abelhas apenas na Alemanha; isso re-

presenta cerca de 300 mil do um milhão de colônias do país”, destacou o pro-fessor Bernd Grünewald, diretor do Bee Research Institute em Oberursel. “Em agosto e setembro, os apicultores fa-zem muito pouco além de combater os ácaros Varroa”, afirmou o Dr.  Klemens Krieger, Chefe de projetos especiais de desenvolvimento global/saúde das abe-lhas na Bayer HealthCare Animal Health. Isso ocorre porque a tarefa mais impor-tante do apicultor é preparar a colônia de abelhas para o inverno.

“É importante atacar os ácaros em diferentes frentes. Empregar diversos mecanismos de ação ajuda a evitar a resistência”.

EXPERIMENTO EM CAMPO SOBRE O CONTROLE EFICIENTE DE ÁCAROS PARA ABELHAS MELÍFERAS

COMBATE AO VARROA Se as jovens abelhas apresentarem asas deformadas e os insetos em estágio larval morrerem antes de

eclodir, algo é certo: a colônia de abelhas melíferas estará sob grande risco. Os ácaros Varroa e os vírus

transmitidos por ele são normalmente a causa desse desastre. Um estudo no distrito alemão de Main-

Kinzig, realizado pelo instituto de pesquisa de abelhas da Universidade de Frankfurt, mostra como esse

parasita pode ser afastado com sucesso.

// O ácaro Varroa é um dos maiores desafios enfrentados por apicul-tores na Europa e na América do Norte.

// Os apicultores participantes de um estudo de campo de cinco anos apenas apresentaram perdas inferiores a 10% durante o inverno

// Para impedirem mecanismos de resistência, os apicultores pre-cisam alternar os componentes ativos.

DADOS RÁPIDOS

O ácaro Varroa, visto na perna da abelha, é um perigoso parasita para as abelhas melíferas.

O ácaro Varroa de oito patas tem apenas 1,6 mm de comprimento, mas parece ameaçador quando observado com um microscópio de elétrons.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 43

NO APIÁRIO

Especialistas de todo o mundo concordam que o Varroa destruidor re-presenta a maior ameaça às abelhas melíferas ocidentais. Durante um experimento de campo com cinco anos de duração no distrito de Main--Kinzig, na Alemanha central, os pesquisadores do Bee Research Institu-te trabalharam com apicultores para investigar como combater esse ini-migo mortal com eficiência. Os especialistas focaram seus esforços em um regime de tratamento alternante utilizando dois tipos de compostos. “É importante atacar os ácaros em diferentes frentes. Empregar diversos mecanismos de ação ajuda a evitar a resistência”, explicou o Dr. Krieger. Mais de duas mil colônias de abelhas melíferas foram incluídas no estudo que, por sua vez, foi concluído no início de 2014. A principal parte do estudo foi direcionada a 150 colônias representativas de 18 apicultores diferentes. Um aspecto particularmente positivo foi que dois terços das colmeias na região participaram do estudo. “Isso nos permitiu monitorar de maneira abrangente como as colônias responderam ao tratamento com compostos antiácaro, que são chamados de varroacidas”, explicou o Dr. Krieger.

Os apicultores começaram a administrar os varroacidas altamente efi-cazes após a coleta do mel. Todas as colônias de abelhas participantes do estudo em regiões rurais e urbanas foram tratadas durante o mesmo período. As medicações foram alternadas a cada ano para evitar que os ácaros Varroa desenvolvessem resistência aos varroacidas.

Mapa-múndi apresentando a expansão do ácaro Varroa

VOCÊ SABIA?Os ácaros Varroa têm 1,6 mm de comprimento. Em escala humana, isso seria o equivalente a uma pessoa ser atacada por um parasita do tamanho de um coelho.

LÍBIA 1976FRANÇA 1977

TUNÍSIA 1975

ÍNDIA 1961ÍNDIA 1961

VIETNÃ 1967

VIETNÃ 1967

CINGAPURA 1951 2000

NOVA ZELÂNDIA

INDONÉSIA 1904

FILIPINAS 1963

ITÁLIA 1977

SÉRVIA 1977

BRASIL 1972

PARAGUAI 1971

ARGENTINA 1975

2006

CANADÁ 1987

CHINA 1959

JAPÃO 1958COREIA DO SUL 1974

COREIA DO SUL 1974

RÚSSIA 1976

RÚSSIA 1976

HAVAÍ 2007

ALEMANHA 1977

GRÃ-BRETANHA 1987

SUÍÇA 1977

POLÔNIA 1977

ROMÊNIA 1975EUA 1987

ESPANHA 1977

PORTUGAL 1977

Nenhuma população do ácaro Varroa na Austrália

BEENOW.2015_EDIÇÃO 144

“São aplicadas tiras plásticas, contendo um dos ingredientes ativos, no espa-ço entre os favos da câmara de incubação”, explicou o Dr. Krieger. As abelhas recolhem o ingrediente ativo ao passar pelas tiras e, então, com o atrito entre elas na colmeia, o composto é transmitido às outras abelhas e também aos ácaros. Os varroacidas matam os ácaros mediante o contato e eles caem no piso da colmeia. Pesquisadores trabalhando no experimento de campo no distrito de Main-Kinzig mantiveram registros semanais do número de parasi-tas mortos que encontraram na base da colmeia.

Os especialistas do Bee Research Institute analisaram os dados do experi-mento em campo de cinco anos no início deste ano. Professor Grünewald: “Coletamos dados confiáveis ao longo de uma ampla área geográfica e duran-te muitos anos. Eles demonstraram que um regime de tratamento abrangente não apenas controla os ácaros que infestam as colônias, mas também os áca-ros apresentados às colmeias a partir de outras colônias infestadas que não estão sendo tratadas simultaneamente”. Os resultados também demonstra-ram que os apicultores participantes do estudo foram muito bem-sucedidos na proteção de suas colônias durante o inverno. “Esse número foi considera-velmente maior que 90% todos os anos, exceto em um”, revelou o professor Grünewald. Os especialistas também tiveram sucesso em outra frente: eles não observaram o estabelecimento de nenhum tipo de resistência.

Mas os especialistas em abelhas teriam uma surpresa desagradável: apesar do tratamento bem-sucedido, as colônias do estudo apresentaram diferentes níveis de infestação por ácaros novamente no ano seguinte. Enquanto hou-vesse colônias não tratadas ou tratadas sem sucesso nas redondezas, po-deria haver novas reinfestações sucessivamente, já que as abelhas melíferas de colônias mais fortes roubavam as mais fracas nas proximidades de suas reservas de inverno, quando os recursos externos de alimentos começaram a murchar no outono. Infelizmente, as abelhas não trouxeram consigo apenas alimentos, mas também novos ácaros Varroa.

“Estamos realmente impressionados com o grau de reinfestação das colônias, afirmou o prof. Dr. adjunto Stefan Fuchs, membro da equipe do Bee Research Institute em Oberursel. “Em alguns casos, foram trazidos mais novos ácaros às colônias que os originalmente presentes”, explicou.

Os pesquisadores também investigaram se havia traços de varroacida na cera de abelha e no mel. O Apicultural State Institute em Hohenheim analisou amostras representativas de mel e cera todos os anos. O resultado: quando os favos próximos às tiras contendo o ingrediente ativos foram removidos antes da coleta do mel, não foram encontrados resíduos. Dr. Krieger desta-cou que: “as boas práticas apícolas incluem a gestão planejada da cera de abelha e a separação das câmaras de cria e de mel. Se isso for realizado ri-gorosamente pelos apicultores, os varroacidas não poderão ser transmitidos aos produtos apícolas”.

O estudo no distrito de Main-Kinzig demonstra que somente é possível con-trolar o problema do Varroa com uma estratégia conjunta e que os apicultores têm uma grande responsabilidade sobre a saúde das abelhas melíferas. “É, portanto, de suma importância que os apicultores falem abertamente sobre seus sucessos e fracassos, discutindo maneiras de trabalhar em conjunto sempre que possível”, concluiu o professor Grünewald.

Plástico potente:Os varroacidas são fixados em tiras adesivas aplicadas entre os favos.

“Nossos dados demonstram que

um regime de tratamento abran-

gente controla não somente os

ácaros que infestam as colônias,

mas também os ácaros apresenta-

dos às colmeias a partir de outras

colônias infestadas que não estão

sendo tratadas simultaneamente”.

Professor Bernd GrünewaldDiretor do Bee Research Institute,Oberursel, Alemanha

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 45

NO APIÁRIO

O perfil do ácaroO Varroa destruidor vivem e infestam as colmeias abelhas melíferas. Fora do período de reprodução, as fêmeas desse ácaro vivem como ecto-parasitas em abelhas operárias adultas. Elas encontram o caminho até as membranas intersegmentais macias. Lá, elas fazem um orifício e se alimentam da hemolinfa das abelhas, um fluido circulatório semelhante ao sangue. Isso permite que os ácaros transmitam patógenos, como o vírus da asa deformada (Deformed Wing Virus, DWV). As abelhas infecta-das apresentam asas tão subdesenvolvidas a ponto de não conseguirem visitar as flores nem coletar pólen. O DWV é transmitido apenas pelo ácaro Varroa.

Os ácaros se reproduzem nas células fechadas de cria das colônias de abelhas. Logo antes de as células serem cobertas com cera, as fêmeas do ácaro se movem para essas células e passam sob a larva da abe-lha jovem, alimentando-se de sua hemolinfa. No fundo das células de cria elas, então, podem depositar seus ovos. Infecções agudas por DWV causam a morte das abelhas nas células antes da eclosão, ameaçando, assim, a sobrevivência de toda a colônia.

CONCLUSÃO Os apicultores têm grande responsabilida-de sobre a saúde de suas abelhas me-líferas. Mas eles podem manter o ácaro Varroa sob controle harmonizando boas práticas apícolas e uma estratégia de controle adequada.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 146

As abelhas melíferas agem como esquilos: elas reúnem estoques de alimento no verão para que não passem fome no inverno. Elas transformam o néctar que coletam das flores em mel, o que per-mite que se alimentem e nutram sua prole durante os meses frios. Uma colônia de abelhas precisa de cerca de 20 a 25 kg de mel como alimento para so-breviver no inverno. E, para produzir uma libra de mel, as 20 mil a 60 mil abelhas operárias da colônia têm de voar por até 88.500 km – uma distância superior a duas voltas ao mundo.

No entanto, mesmo as abelhas mais ágeis não conseguirão cumprir sua cota se houver escassez na diversidade de alimentos. Nos campos da Eu-ropa e da América do Norte, com a maior parte da área intensivamente usada na agricultura, os inse-tos esforçados não encontram alimento suficiente ou, ainda mais importante, uma variedade nutri-cional suficiente. As abelhas selvagens e outros polinizadores como as borboletas também sofrem com o suprimento inadequado de alimentos pois, diferentemente das abelhas melíferas, elas não têm apicultores oferecendo-lhes xarope de açúcar quando não há néctar e pólen disponíveis.

// Abelhas melíferas, abelhas selvagens e outros insetos não encontram alimento sufi-ciente em campos com intensa atividade agrícola na Europa nem na América do Norte.

// As cidades também frequentemente apresentam diversidade insuficiente de alimento para os polinizadores.

// Misturas de sementes de flores da Bayer ajudam a reabastecer as fontes de alimento para insetos em áreas rurais e urbanas.

“Nosso objetivo é melhorar a diversi-dade de alimento para as abelhas e outros polinizadores em áreas rurais e, simultaneamente, aumentar o número de áreas floridas e ligações entre estru-turas existentes”,

revelou Fred Klockgether, um apicultor e consultor em saúde das abelhas da Bayer. “Para contribuir para isso, fornecemos sementes de flores a cerca de trinta municípios da Alemanha e Áustria que criaram faixas nutritivas de flores e lindos campos ao mesmo tempo”. Amplas extensões de flores nutritivas também estão sur-gindo nas fábricas e escri-tórios da Bayer pela Europa e América do Norte, sendo que há planos para tornar a cobertura do Bayer Informa-tion Center (BayKomm), em Leverkusen, mais atraente para as abelhas e visitantes. Até o momento, a iniciativa da Bayer acarretou o plan-tio de quase um milhão de

INICIATIVA COM SEMENTES PARA TRAZER MELHORIAS ÀS DIETAS DOS POLINIZADORES

UM APANHADO NUTRITIVO DE FLORES

Em muitos locais atualmente, as abelhas são pressionadas ao extremo

para encontrar néctar suficiente, principalmente no fim do verão. Agora

elas estão contando com o auxílio do projeto Areas in Bloom iniciado

pela Bayer.

DADOS RÁPIDOS

Flores de papoila e centáureas são fontes populares de alimento entre os polinizadores.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 47

NO AR

Qual foi a resposta da iniciativa da Bayer “Areas in Bloom” na França?

“Ela tem se mostrado muito bem-sucedida. Diversos colaborado-

res já semearam as flores em seus próprios jardins e nos jardins de

seus amigos. Mais importante ainda, exuberantes faixas de flores

silvestres estão brotando em três unidades da Bayer na França,

sendo que mantemos cultivos de teste, onde estamos testando os

efeitos dessa diversidade de alimento em mais detalhes”.

Como você está espalhando a ideia?

“Com as nossas atividades promocionais, estamos contando com

o boca a boca. E está funcionando. Por exemplo, Mereville, uma

pequena cidade nos limites de Paris, nos contatou para perguntar

se poderíamos enviar sementes de flores silvestres para lá tam-

bém. Atualmente, as centáureas e outras variedades de flores

silvestres abrangem uma área total de quase cinco mil metros

quadrados de terreno em Mereville”.

metros quadrados de flores silvestres, uma área que corresponde ao dobro da Cidade do Vaticano, a menor nação do mundo.

Os primeiros resultados mostram que as faixas de flores, tanto na cidade quanto no campo, estão fazendo muito bem aos polinizadores. Isso se tornou evidente no estudo cooperativo da Ba-yer de diversidade de polinizadores no sudoeste da Alemanha (Pollinator Diver-sity in Southwestern Germany), no qual cultivos de teste otimizados com um número abundante de flores selvagens apresentaram um aumento súbito tanto na diversidade de espécies quanto no número de abelhas selvagens e bor-boletas (consulte as páginas 26 a 29). Esse efeito não passou despercebido pelos jardineiros amadores, pois os sa-quinhos de mistura de sementes estão à venda em muitas lojas de jardinagem e de casa e construção na Alemanha e na Áustria. Leva aproximadamente seis semanas para que uma faixa monocro-mática de grama seja transformada em um mar de cores em flor. E os amantes da natureza podem desfrutar desse es-plendor sem ter que se esforçar muito: as flores silvestres precisam de pouca água para crescer e somente precisam ser podadas ou segadas uma ou duas vezes ao ano – o que faz com que sejam a solução perfeita para áreas urbanas como, por exemplo, ciclovias ou cantei-ros. As áreas floridas, mesmo indireta-mente, ajudam a proteger as plantas na cidade e no campo. Isso ocorre porque elas fornecem alimento e habitat para

insetos que caçam pragas prejudiciais às plantações. Joaninhas, por exemplo, se alimentam de pulgões. Isso beneficiará os fazendeiros que semearem faixas de flores em suas plantações. Além disso, importantes in-setos polinizadores como as abelhas ficarão muito anima-dos com a abundância de alimento nutritivo que, por sua vez, enriquecerá a dieta deles.

ENTREVISTADr.ª Sophie Denise-Lecat Responsável pela área de Desenvolvimento Sustentável na Bayer CropScience da França

VOCÊ SABIA?

As abelhas precisam visitar cerca de dois milhões de flores para produzir 0,5 kg de mel.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 148

Os doces colmos representam um grande negócio no Brasil: o país sul-americano é o maior pro-dutor de cana-de-açúcar do mundo. Em 2013, esse cultivo abrangeu 9,8 milhões de hectares, uma área superior à Irlanda. E essa doçura de planta ainda é bastante versátil: além do açúcar, ela pode ser transformada em etanol e na famosa cachaça, tipicamente brasileira. A matéria fibrosa restante, o chamado bagaço, é utilizada para obtenção de energia e calor.

Os insetos também podem se sentirem atraídos pela cana-de-açúcar, mas não para coletar néctar e pólen.

Na verdade, a planta normalmente é colhida antes mesmo de florescer. As plantas são cortadas próximas ao solo, deixando soqueiras para trás. “O caldo doce residual que é expelido após o corte da cana pode atrair insetos”, explicou o Dr. Christian Maus, gerente global de Segurança de polinizadores no Bayer Bee Care Center. Para proteger a cana-de-açúcar de pragas rastejantes, as soqueiras restantes são pulverizadas com inseticidas. Nesse contexto, também deve-se evitar prejudicar insetos benéficos como as abelhas selvagens, que ainda têm um importante trabalho de polinização a fazer em outros cultivos, como no do café. Até agora, os cientistas não sabem ao certo se as abelhas melíferas e selvagens ficam nos canaviais ou a que hora do dia elas os procu-ram. “No entanto, se soubermos se as abelhas podem ser encontradas lá e, talvez, até os horários em que isso ocorre, os agricultores poderão utilizar inseticidas no momento ideal para evitar as abelhas. Isso torna possível o combate das pragas e a proteção dos insetos benéficos”, explicou o Dr. Maus. A lacuna do conhecimento está agora sendo preenchida: em um estudo patrocinado pela Bayer, cientistas de um laboratório parceiro investigaram se havia alguma espécie de abelha atraída pelos canaviais após a colheita.

PROTEÇÃO DE INSETOS POLINIZADORES EM CULTIVOS DE CANA-DE-AÇÚCAR

DOCE VIDA DAS ABELHASA cana-de-açúcar é um cultivo importante. Os insetos podem também se sentirem muito

atraídos por essa doce planta após a colheita. Não está claro se isso realmente acontece.

Atualmente, um estudo patrocinado pela Bayer preencheu essa lacuna de conhecimento,

tornando mais fácil proteger as abelhas e demais polinizadores.

// Após a colheita da cana-de-açúcar, o caldo doce residual é expelido das plantas e pode atrair insetos aos canaviais.

// As pragas são controladas utilizando inseticidas, mas para evitar danos aos insetos benéficos, eles precisam ser aplicados na hora certa.

// Um estudo patrocinado pela Bayer investigou que espécies de abelhas estão presentes e qual horário elas aparecem nos canaviais brasileiros após a colheita.

DADOS RÁPIDOS

49

NO CAMPO

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 49

Após a colheita, apenas as soqueiras (à esquerda) ficam no canavial. Eles são pulverizados com inseticidas para protegê-los de pragas rastejantes. Mas o caldo doce residual que é expelido pelos cortes pode atrair insetos benéficos como as abelhas sem ferrão (à direita). Por isso, é necessário evitar danos a eles.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 150

O estudo foi conduzido em duas das maiores regiões agrícolas brasileiras, no Paraná e em São Paulo, onde mais da metade da cana-de-açúcar do país é produzida. Em um total de 16 canaviais, os pesquisadores investigaram quais espécies vinham aproveitar o doce caldo de cana após a colheita. Para isso, eles identifica-ram e contaram as espécies de abelha nas plantações em dias e horários diferentes entre outubro e dezembro. Ao contabilizar os achados, os cientistas optavam pela coleta de dados na parte central, nas extremidades e de 5 m a 10 m fora da área cultivada.

O resultado: “Em ambos os terrenos do estudo, foram encontradas pequenas quantidades de abelhas após a colheita da cana-de-açúcar”,

explicou o Dr. Maus. A contagem de espécies e indivíduos depen-deu da localização exata da avaliação: quando os pesquisadores realizaram contagens pessoalmente nas plantações, eles encon-traram significativamente menos abelhas nos canaviais que fora deles. A maioria das abelhas ao redor das cabeças dos pesqui-sadores eram abelhas melíferas ou abelhas do gênero Trigona. Os pesquisadores também observaram outras espécies de abelhas sem ferrão identificando, no total, treze espécies. “Originalmen-te, consideramos a possibilidade de não encontrarmos nenhuma abelha, e que não haveria chance de danos potenciais pelos inse-ticidas”, revelou Dr. Maus. “No entanto, por fim, apenas algumas espécies de abelhas foram encontradas. Além disso, o número de espécies foi bem baixo, especialmente em comparação com

outras plantações que atraem abelhas, como as de canola e girassol”.

Os resultados ajudam a contribuir para um enten-dimento básico referente à situação dos poliniza-dores no Brasil. Por exemplo, o estudo demonstra claramente diferenças regionais, com os cientistas documentando significativamente menos espécies no Paraná que em São Paulo. São precisamente esses desvios regionais que tornam os estudos em campo tão importantes. No entanto, a composição das espécies não varia apenas geograficamente. “Em cultivos diferentes da cana-de-açúcar, pode-mos observar muitos tipos diferentes de abelhas”, explicou o Dr. Maus.

Para essa investigação, a Bayer está colaboran-do com outras empresas do setor e também está conduzindo estudos em lavouras de arroz e milho. Suas parceiras Syngenta e BASF também estão pesquisando cultivos de café, algodão e frutas cí-tricas. “Compartilhamos nossos relatórios e resul-tados uns com os outros”, revelou Dr. Maus.

“Quanto mais soubermos a respeito dos hábitos de insetos benéficos importantes, mais poderemos protegê-los”.

O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo. O caldo doce das plantas após a colheita também atrai abelhas, conforme o estudo patrocinado pela Bayer revelou. Ele foi conduzido em duas das maiores regiões agrícolas brasileiras: Paraná e São Paulo.

DOCE ENERGIAO biocombustível da cana-de-açúcar é um as-sunto em voga no Brasil. Essas plantas pere-nes, que crescem até a altura de um humano, podem ser usadas para a produção de muitas coisas além do açúcar e do combustível eta-nol para veículos. O material fibroso restante após a extração do caldo de cana é prensado e também fornece energia para eletricidade e aquecimento.

A colheita de cana-de-açúcar chegou

a 740 milhões de toneladasno Brasil em 2013. Fonte: FAO

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 51

NO CAMPO

CONCLUSÃO

O estudo revela uma coisa acima de tudo: mesmo em um único país e com o mesmo tipo de cultivo, a comunidade de abelhas pode variar imensamente. Por esse motivo, a Bayer, em conjunto com parceiras do setor, está patrocinando estudos adicionais em outros cultivos como o do milho, de frutas cítricas e de café.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 152

Quando chega o fim do verão, é hora de os apicultores realizarem a cansativa tarefa de prepararem suas colmeias para o inverno. É de extrema importância garantir que números suficientes de abelhas melíferas sobrevivam aos meses frios do ano, pos-sibilitando, assim, que a colônia se desenvolva novamente na primavera. Uma parte extremamente importante desse processo é o extermínio dos mortais ácaros Varroa. Esses minúsculos parasitas e a guerra travada contra eles ditam as atividades diárias de quase todos os apicultores do mundo. Nessa luta, um grande número de apiculto-res europeus prefere usar o ácido fórmico. Essa substância líquida de controle oferece muitas vantagens, pois evapora na colmeia. “O ácido fórmico começa a agir na fase gasosa. É assim que ele é capaz de penetrar nas células seladas de cria e matar os ácaros que estão se alimentando ali”, afirmou o Dr. Ralf Nauen, toxicologista especia-lizado em insetos e pesquisador da Bayer CropScience.

Além disso, os ácaros apresentam pouca chance de desenvolver resistência contra o ácido orgânico altamente volátil mesmo após tratamentos repetidos. Isso acontece porque o ácido fórmico não é afetado pelas enzimas metabólicas que conferem resis-tência aos inseticidas. Em comparação com outros acaricidas, ele também apresenta baixo risco de acúmulo, dessa maneira, resíduos são improváveis. O ácido fórmico também controla as populações de ácaros Varroa que são conhecidas por apresentar resistência a acaricidas sintéticos, como os piretroides.

Entretanto, o ácido fórmico pode também causar efeitos colaterais prejudiciais em abelhas melíferas, se a concentração ácida durante o tratamento exceder um deter-minado nível. Por outro lado, se não evaporar uma quantidade suficiente de ácido fórmico, os ácaros não serão afetados. “A janela terapêutica, em outras palavras, a faixa de concentração entre matar ácaros e prejudicar as abelhas é muito estreita”, explicou o Dr. Nauen. “Portanto, é importante que os apicultores saibam que concen-tração do ácido fórmico aplicar”. Mas como os vapores do ácido fórmico são liberados também depende do tipo de vaporizador usado e da temperatura. Isso fez com que o Dr. Nauen, em conjunto com Manuel Tritschler, naquele momento trabalhando como especialista em abelhas e apicultor no Bayer Bee Care Center, testassem com preci-são dois tipos diferentes de vaporizadores da Nassenheider. Ambos os dispositivos fo-ram enchidos com 65% de ácido fórmico líquido que cai em um tapete, onde evapora.

No entanto, o vaporizador conhecido como vertical e o dispositivo horizontal apresen-tam diferenças na taxa de gotejamento do ácido. Em colaboração com um apicultor mestre, os pesquisadores trataram quatro colônias de abelhas melíferas em agosto – duas de cada com um dos vaporizadores e em diferentes temperaturas. Eles, então, mediram a dispersão do vapor de ácido fórmico na colmeia, enquanto monitoravam

APLICAÇÃO CORRETA DO ÁCIDO FÓRMICO PARA O CONTROLE DO ÁCARO VARROA

BANHOS DE VAPOR ÁCIDO NA COLMEIA É um evento irritante para os ácaros Varroa: o ácido fórmico é popular

entre apicultores para a proteção das abelhas melíferas desses perigosos

parasitas. Mas, se aplicado incorretamente, o ácido também pode

prejudicar as abelhas. Um novo estudo esclarece como isso ocorre.

// O ácido fórmico é uma ferramenta importante para o combate do ácaro Varroa por parte dos apicultores.

// Os pesquisadores da Bayer investigaram como o ácido pode ser aplicado de uma maneira ideal.

DADOS RÁPIDOS

Em estudos de difusão, os pesquisadores testaram quanto ácido fórmico passa pelastampas das células de cria.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 53

NO APIÁRIO

regularmente a concentração do produto químico no ar e como isso mudou com o tempo. “Descobrimos algumas dife-renças”, revelou o Dr. Nauen, resumindo as informações do estudo. “Durante um período de três dias, o vaporizador hori-zontal forneceu uma concentração não apenas razoavelmente constante de áci-do fórmico, mas, o mais importante, tal concentração acusou um nível suficien-temente elevado”. Além disso, o dispo-sitivo vertical chegou a essa concentra-ção, de uma maneira menos constante, o que significa que foi um pouco mais lento em proteger efetivamente as abe-lhas dos ácaros Varroa.

Outro dado importante: quan-to maior for a temperatura, melhor será a vaporização e dispersão do produto pela colmeia.

“Os apicultores devem evitar utilizar es-ses vaporizadores em temperaturas ma-tinais reduzidas como, por exemplo, de 15 °C. Sob condições laboratoriais, tem-peraturas de 25 °C a 30 °C resultaram no padrão de evaporação ideal”, revelou o Dr. Nauen. O estudo fornece aos apicul-tores dados importantes que podem aju-dá-los a tratar suas colmeias com mais eficácia, garantindo, também, que este-jam bem preparados para combater os ácaros Varroa do fim do verão ao outono.

Arma da natureza

O ácido fórmico não protege apenas contra os ácaros; o produto químico, ex-traído pelos cientistas pela primeira vez de algumas espécies de formigas, é produzido naturalmente e utilizado pelas formigas como um spray de defesa para afastar os inimigos. As larvas da mariposa também podem esguichar ácido fórmico a até 30 cm de distância, quando se sentem ameaçadas. Outras criatu-ras como a água-viva, os escorpiões e os besouros utilizam a substância para se defenderem também. Até as plantas aproveitam o poder dessa substância: a camada aveludada urticante da urtiga também contém ácido fórmico.

A inspeção minuciosa sob o micros-cópio de elétrons revela: as células seladas de cria de um favo não são herméticas. O ácido fórmico ainda pode se espalhar pelas tampas, matan-do os ácaros Varroa em seu interior.

Para descobrir como o ácido fórmico se distribui na colmeia, os pesquisadores fizeram orifícios no baú e mediram a concentração de ácido em diferentes localizações em seu interior.

54 BEENOW.2015_EDIÇÃO 1

DADOS RÁPIDOS

// O tratamento das sementes é essencial à agricultura.

// A poeira indesejável pode acompanhar as sementes tratadas.

// Os pesquisadores da Bayer estão buscando maneiras de evitar essa poeira.

// Menos poeira significa menor risco potencial para os polinizadores.

Operação em campo da tecnologia Bayer SweepAir – uma nova maneira de tornar o tratamento das sementes ainda mais seguro para os insetos polinizadores.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 55

NO CAMPO

Uma cobertura fina, protetora, de múltiplas camadas envolve as sementes: a canola, as sementes de milho, cereais, soja e outros cultivos frequentemente são revestidas com produtos de tratamento para sementes, visando a proteção do cultivo em questão. À medida que as sementes germinam e crescem, o ingrediente ativo das substâncias sistêmicas é posterior-mente deslocado às raízes e extensões da jovem planta, pro-tegendo-a de fungos e insetos vorazes. Para muitos cultivos, o tratamento das sementes é essencial, pois se sementes esti-verem vulneráveis e forem atacadas por pragas, o crescimen-to e a subsequente produção do cultivo poderão apresentar redução significativa. Ao proteger as plantas precocemente dessa maneira, menos produtos de proteção de cultivos se-rão necessários para pulverização posteriormente, reduzindo o risco potencial para insetos polinizadores benéficos. No en-tanto, isso apenas é válido se a proteção permanecer onde foi planejado o seu efeito: nas sementes das lavouras.

Para conseguir esse feito, produtos de tratamento de semen-tes precisam, em primeiro lugar, ser aplicados corretamente por profissionais qualificados e manuseados, armazenados e utilizados com cuidado pelo agricultor, de acordo com as ins-truções. Caso contrário, eles podem sair da semente tratada durante a semeadura, tornando difícil evitar totalmente que a poeira resultante seja liberada no ambiente. Isso ocorreu, por exemplo, quando foi cultivado milho em algumas regiões da Eslovênia e da Alemanha em 2008.

Tais acidentes, embora raros, fortaleceram as objeções ao uso de produtos de tratamento de sementes com neonicotinoides, que ficaram malvistos pelo público da UE nos últimos anos. Como resultado, a Comissão Europeia restringiu o uso des-ses produtos. No entanto, os neonicotinoides são essenciais para os agricultores, pois eles protegem, por exemplo, a ca-nola dos besouros desfolhadores, que estão causando danos especialmente às plantas jovens. Essas substâncias também matam o verme-arame, que ataca as raízes do milho. Infeliz-mente, os motivos para os incidentes negativos envolvendo os polinizadores foram, com frequência, simples: “Normal-mente, os produtos simplesmente não foram utilizados corre-

tamente ou apresentavam qualidade inferior”, explicou o Dr. Reinhard Frießleben, responsável por Tecnologia de Aplicação da Bayer CropScience. “Uma quantidade significativamente menor de poeira é gerada com pro-dutos de tratamento de sementes de qualidade mais elevada”. Mesmo assim, a Bayer deseja tornar os pro-dutos de tratamento de sementes ainda mais seguros para a proteção dos insetos benéficos e do meio am-biente. Especialistas da Bayer CropScience e da Ba-yer Technology Services estão criando soluções em conjunto com o projeto “Zero Dust”, para reduzir ainda mais a geração e emissão de poeira de atrito durante a semeadura da semente tratada. “Zero”, nesse contexto, não se refere a um “0,000 científico” para poeira. Ele se refere a todas as medidas que podem ajudar a reduzir o surgimento e a emissão da poeira. Os alvos dos níveis de mitigação dependem de diversos fatores como os cultivos, mercados, tratamentos e tipos de semeadora. Os especialistas estão examinando mais atentamente todo o processo, abrangendo desde a composição das substâncias ativas e aditivos no revestimento do trata-mento até o plantio de sementes em campo.

Para muitos cultivos, o tratamento das semen-

tes é essencial, pois se sementes vulneráveis

forem atacadas por pragas, o crescimento e

a subsequente produção do cultivo poderão

apresentar redução significativa.

Um subprojeto é o desenvolvimento do SweepAir, um tipo de aspirador para a semeadora. O Dr. Lubos Vrbka, da Bayer CropScience, codesenvolvedor da tecnologia, explica seu princípio de ação: “A poeira levantada com o atrito das sementes, ao se semear sementes tratadas, é removida do ar, transportada ao solo e enterrada da mesma maneira que a semente”. O núcleo dessa tecno-logia é o separador ciclônico utilizado para limpeza do

Os produtos de tratamento de sementes protegem os cultivos de canola ou milho de infecções fúngicas

e pragas de insetos. No entanto, se partículas da camada protetora que contém substância ativa inseti-

cida passarem por atrito entre as sementes, elas terão o potencial de prejudicar as abelhas melíferas, as

abelhas selvagens e outros insetos benéficos. Os pesquisadores da Bayer estão trabalhando na criação

de um processo completo de tratamento das sementes, ainda mais seguro para os insetos benéficos e

o meio ambiente.

REDUÇÃO DA POEIRA DE TRATAMENTO DE SEMENTES NAS PLANTAÇÕES

A ARMADILHA NO CAMPO

BEENOW.2015_EDIÇÃO 156

Poeiraseparada

Separaçãociclônica do

ar e da poeira

Ar limpo

Ar dasemeadora

Liberaçãodo ar limpo

próximaao solo

Válvularotativa Eliminação

da poeira

ENTREVISTA

A ABORDAGEM CORRETAKarl-Hans Wellen é um agente terceirizado que oferece serviços agrícolas. Ele testou o protótipo do SweepAir nas plantações dos seus clientes.

Como o SweepAir funcionou na prática?

“As condições de semeadura estavam

muito empoeiradas e secas em 2014, o que

castiga bastante o equipamento. Deve ficar

claro que estávamos testando um protóti-

po. Ele ainda apresenta alguns problemas;

por exemplo, houve entupimento ocasional.

No entanto, esses fatores serão resolvidos

quando o equipamento for melhorado”.

Como os seus clientes reagiram ao protótipo?

“Os agricultores são muito conscientes

em relação ao meio ambiente e a tecnolo-

gia SweepAir é uma boa abordagem para

tornar a agricultura mais ecologicamente

correta. Os clientes com os quais testamos

o sistema aqui ficaram, portanto, muito

interessados”.

É assim que o SweepAir funcionaO ar liberado pelo equipamento que pode conter poeira de tratamento resultante de atrito entre as sementes é guiado até o ciclone. Lá o ar fica girando, forçando as partículas à parede interna. Elas prosseguem para um tanque coletor e, de lá, são enterradas no solo.

ar gerado pelo aspirador da semeadora. A mistura de ar e quais-quer partículas liberadas gira ao redor do ciclone. A força centrífuga lança as partículas de poeira à parede interna do recipiente. De lá, elas prosseguem para um tanque coletor e, em seguida, são enterradas no solo. O ar limpo é eliminado próximo à superfície do solo.

O renomado Julius Kühn-Institut, na Alemanha, já testou o sistema SweepAir. Em um teste padronizado, os especialistas avaliaram a emissão de poeira dos sistemas de semeadora em comparação com um equipamento de referência que libera ar e poeira para cima. Fazendo o mesmo teste com o sistema ciclônico SweepAir, houve uma emissão de poeira no ar 99% inferior. “Essa é uma melhoria imensa”, afirmou o Dr. Björn Schwenninger, líder do pro-jeto “Zero” Dust na Bayer CropScience, “mesmo em comparação com os equipamentos modificados disponíveis atualmente, que liberam o ar próximo ao solo”. Os chamados defletores alcançam uma redução de poeira de aproximadamente 90% no teste padro-nizado. Com SweepAir, a diferença observada é uma ordem de magnitude na redução de poeira”.

A nova tecnologia demonstrou ser convincente sob condições controladas. E o protótipo desenvolvido também foi testado cui-dadosamente em campo. “Podemos melhorar alguns aspectos do equipamento, antes que a tecnologia, se tudo der certo, seja adquirida por um fabricante de equipamentos”, afirmou o Dr. Sch-wenninger. Agricultores e engenheiros mecânicos já demonstra-ram interesse, em parte, pelo bem das abelhas e dos demais po-linizadores.

57

NO CAMPO

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1

No projeto “Zero Dust”, especialistas da Bayer CropScience e Bayer Technology Services estão trabalhando para reduzir ainda mais a ge-ração e a emissão de poeira de tratamento de sementes e, portanto, tornar a semeadura de sementes tratadas ainda mais segura para os polinizadores e o meio ambiente. Por exemplo, eles estão investigan-do como formular tratamentos para sementes e revestimentos em mi-crofilme para melhor aderência por meio de aditivos estabilizantes ou variando o tamanho das partículas. Eles também desejam melhorar o processo de aplicação do tratamento em si. E já que sempre fica um pouco de poeira, eles também estão trabalhando em soluções para reduzir a disseminação de poeira na plantação como, por exemplo, o SweepAir.

Do laboratório ao campo

CONCLUSÃO

A tecnologia de redução de poeira SweepAir, da Bayer, demonstrou ser convincente sob condições controladas em um teste inicial. Almejamos colaborar com fabricantes de equipamentos para torná-lo disponível e obter aceitação junto às autoridades reguladoras.

BEENOW.2015_EDIÇÃO 158

COMO AS ABELHAS ENXERGAM O MUNDO

PELOS OLHOS DO INSETO

Enxergar como uma abelha não é apenas o sonho de um entomologista. Compreender como sua

visão funciona e os processos relevantes no cérebro do inseto pode até ajudar na polinização manual

e na evolução tecnológica das câmeras.

Ter mil olhos em vez de apenas dois torna o mundo muito diferente: as abe-lhas melíferas e outros insetos podem ver por meio de olhos compostos. Eles consistem em milhares de omatídias (facetas), cada uma atuando como um olho simples. Como ficam quase em uma superfície hemisférica da cabeça, eles apontam para direções ligeiramen-te diferentes, oferecendo um panorama amplo de visão.

A imagem vista pelos insetos é uma combinação da visão de todas as suas omatídias: o mundo visto por olhos compostos não parece tão nítido como quando visto pelos olhos dos mamífe-ros; no entanto, os insetos ainda podem detectar movimentos muito rápidos com facilidade: insetos voadores rápi-dos, como a abelha melífera, veem até 300 quadros por segundo, enquanto nós, humanos, conseguimos ver ape-nas até 65.

Além disso, a abelha melífera também enxerga a luz ultravioleta (UV), que nor-malmente não é visível aos humanos.

Esse é um recurso útil na busca por ali-mento: pigmentos especiais nas flores podem absorver ou refletir luz UV, reve-lando uma “pista de pouso”, que guia a abelha até o estoque de néctar e pólen da planta. A abelha sabe que a área es-cura no centro da flor ou os pontos in-dicam onde o néctar está armazenado.Mesmo assim, as abelhas melíferas têm uma fraqueza em sua visão: elas não conseguem enxergar o vermelho. A anêmona hepática (Hepatica nobilis), por exemplo, parece cor-de-rosa para nós, mas é azul para os abelhões.

Compreender a visão das abelhas e o processamento de imagens em seu cérebro pode também estimular ou-tros campos de pesquisa. O profes-sor adjunto e pesquisador australiano Adrian Dyer, da Universidade RMIT, em Melbourne, analisa como as abelhas aprendem e como podem até reconhe-cer rostos humanos. O professor Dyer desenvolveu a “Bee Eye Camera” para ver o mundo pelos olhos de um inseto. Para isso, ele fotografa por exemplo, uma flor amarela, por meio de três fil-

É assim que as abelhas conseguem apreciar um

vaso de flores, de acordo com sua acuidade visão.

// As abelhas melíferas e outros insetos podem ver por meio de olhos com-postos.

// A percepção da luz UV as ajuda a encontrar flores ricas em néctar e pólen.// Pesquisas sobre como as abelhas processam imagens visuais podem ajudar

no desenvolvimento futuro de câmeras e até mesmo de veículos aéreos.

DADOS RÁPIDOSA | Mostra como os humanos podem ver uma flor

B | É a mesma flor fotografada sob um filtro UV, pois

as abelhas podem ver a luz UV

C | É a flor capturada por um arranjo de canudos

para simular a visão composta do inseto

D | Mostra uma fusão das imagens processadas no

computador, nos dando uma ideia de como uma

abelha pode ver uma flor

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 59

NO AR

tros coloridos especiais e, então, sobrepõe as imagens. Isso converte o espectro de luz visível aos humanos à visão UV das abelhas melíferas, altera o contraste e transforma a imagem em uma versão colorida, como uma abelha enxergaria, ou seja, a flor amarela agora parece cor-de-rosa. Para simular os olhos compostos, o pesquisador utiliza um método simples porém eficaz: ele tira fotografias da imagem da flor cor-de-rosa novamente por meio de um quadro de madeira com milhares de canudos. O resultado é uma imagem em mosaico. Com o auxílio de um computa-dor, o pesquisador de abelhas combina as diferentes peças do mosaico em uma fotografia normal, que parece discretamente embaçada.

O professor adjunto Dyer não é apenas capaz de enxergar como uma abelha. Ele também examina a maneira como as abelhas processam informações visuais em seus cérebros. Isso pode ajudar na evolução do reconhecimento facial em câmeras: “Houve muita dificuldade na produção de algoritmos que possam confiavelmente reconhecer os rostos das pessoas quando há alguma alteração no ponto de vista”, explicou. Por isso, a compreensão de como os sistemas biológicos lidam com esses desafios visuais pode oferecer insights para desenvolvedores de software. O profes-sor adjunto Dyer explica que: “o cérebro do inseto em miniatura pode trazer algumas soluções muito eficientes, mais fáceis de modelar que aquelas derivadas dos cére-bros incrivelmente complexos dos primatas”.

A imagem acima exibe o olho de uma abelha

melífera em detalhe com o auxílio de um mi-

croscópio de elétrons.Além disso, os abelhões

veem o mundo por olhos compostos (abaixo).

ENTREVISTA

Insetos voadores rápidos, como a abelha melífera, veem até 300 quadros por segundo, enquanto nós, humanos, conseguimos ver apenas até 65.

O professor adjunto Adrian Dyeré um cientista espe-cializado em visão da Universidade RMIT, em Melbourne, na Austrália.Como pesquisador, ele está interessado em compreender como os sistemas visuais aprendem tarefas difíceis à percepção.

O que o fascina a respeito das abelhas?

“Esses insetos podem solucionar problemas incrivelmente complexos com cé-rebros minúsculos. Algumas das pesquisas realizadas nos últimos doze anos até sugerem que as abelhas podem resolver problemas em nível semelhante ao observado em sistemas de mamíferos”.

Como a tecnologia pode se beneficiar com o seu trabalho?

“Uma das coisas em que estamos trabalhando é o voo em um ambiente com-plexo, sem que haja choque com os elementos. A questão aqui é a velocida-de: se você tiver sensores à frente de um veículo aéreo, os dados precisam ser processados por um computador que, por sua vez, tem que acionar um sistema diferente para evitar uma colisão. Até isso acontecer, o choque já ocorreu. Para os insetos, isso não é problema. Então tentamos analisar como o cérebro das abelhas é capaz de fazer isso. A meta é, por exemplo, melhorar a capacidade de direcionamento de veículos aéreos não tripulados”.

Dentro do cérebro da abelha

BEENOW.2015_EDIÇÃO 160

Annette SchürmannResponsável pelo Bayer Bee Care Center

PANORAMA

Agradecemos imensamente o seu interesse e o tempo despendido para a leitura da nova revista BEENOW!

Nosso programa Bee Care e todos os projetos relacionados, alguns dos quais foram apresentados nesta revista, são um ótimo exemplo do que pode ser alcançado se os parceiros relevantes estiverem dispostos a trabalhar em conjunto e buscar oportunidades que realmente façam a diferença na saúde das abelhas e de outros polinizadores. Seja no de-senvolvimento de novas tecnologias para reduzir ainda mais os riscos potenciais das práticas agrícolas ou projetos de pesquisa direciona-dos ao combate de problemas de saúde das abelhas decorrentes de desnutrição ou doenças, cada iniciativa pode fazer a diferença para as abelhas e outros polinizadores.

Gostaríamos de agradecer imensamente a todos os nossos parceiros de projeto – externos e internos – pelas colaborações inspiradoras, excelentes contribuições e apoio a esta revista. Desejamos imensamen-te continuar com nossas parcerias e desenvolver soluções em conjunto para trazermos ainda mais melhorias à saúde das abelhas.

Ao longo de 2015, apresentaremos os resultados de projetos adicionais em nosso site www.beenow.bayer.com. Ao final de 2015, publicaremos a próxima edição da revista BEENOW. Fique ligado e cadastre-se para receber o nosso boletim, se quiser acompanhar as notícias.

Esperamos que tenha agora melhor noção de alguns dos projetos que promovem a melhoria da saúde das abelhas, nos quais a Bayer está envolvida. Se quiser saber mais sobre algum um dos projetos ou comparti-lhar sua opinião em relação a esta revista, adoraríamos saber sua opinião: [email protected]

BEENOW.2015_EDIÇÃO 1 61

Impressão Ao trabalharmos juntos, poderemos melhorar a saúde das abelhas.

BEE PART.

BEENOW A revista da saúde das abelhasData da edição: 2015Publicada em inglês, alemão, português, espanhol, francês e neerlandês

PUBLICADA PELOBayer Bee Care CenterAlfred-Nobel-Straße 5040789 Monheim am Rhein | [email protected]

EQUIPE EDITORIALAnnette Schürmann, Bayer Bee Care CenterGillian Mansfield, Bayer Bee Care Centertransquer GmbH – wissen + konzepte, Munique

LAYOUT E SERVIÇO DE ARTEageko . agentur für gestaltete kommunikation

IMPRESSÃOHH Print Management Deutschland GmbH

ILUSTRAÇÕESBayer: págs. 6, 7, 9, 14, 32, 43 abaixo, 56Fotolia: págs. 5 acima, 40, 50Gabriele Dünwald: págs. 25, 29, 43Arista Bee Research Foundation/Merit de Jong: pág. 33

IMAGENSBayer: págs. 4, 5 abaixo, 7, 9, 12, 13, 15, 18, 19, 20, 21, 23,25, 26, 28, 29, 31, 33, 35, 39 acima e à direita, 42 à direita,44, 47, 49, 51, 52, 53, 54, 57, 59 ao centro, 60Fotolia: capa, págs. 5 acima, 6, 10, 11, 30, 34, 37, 39 à esquerda,41, 45, 46Shutterstock: pág. 8, 9, 38, 39 ao centro, 60/61 fundoArista Bee Research Foundation: pág. 32b-navez_wikimedia: pág. 9, florescência de cacaueirotakahasi wikipedia, pág. 17, defesa térmica da abelha melíferaKarine Monceau: pág. 17Klaus Wallner: pág. 35 abaixoMartin Schwalbe: pág. 40Paul Krusche, knackbock.blog: pág. 42 à esquerdaJochen Schneider: pág. 59 abaixoAG Dyer e S Williams: pág. 58, 59 acimaArquivo pessoal: pág. 10, 14, 24, 56

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