BATOREO&CASADINHO_Português Pluricêntrica Timor Leste

15
1 IN: Revista Portuguesa de Humanidades, Estudos Linguísticos, 13-1. 2009. Braga: Universidade Católica Portuguesa de Braga, 63-79. Hanna Batoréo 1 e Margarida Casadinho 2 Universidade Aberta, Lisboa O Português – uma língua pluricêntrica: O Caso de Timor-Leste De que forma os timorenses perspectivam e avaliam uma das suas línguas oficiais falada apenas por cinco por cento da população? 3 ABSTRACT: The Constitution of Timor-Leste (East Timor - ET) - an independent country since 2002 after nearly five centuries of Portuguese colonial jurisdiction (1517-1975), subsequent 24 years of Indonesian annexation, and three years of United Nations jurisdiction - proclaimed Portuguese and local Tetun (in its double role of (i) one of the vernacular languages spoken in ET and (ii) a local long-term lingua franca in ongoing process of creolization) to be the two co-official languages, while Indonesian and English were assigned the status of working languages. Locally, the ET approximately one million population speaks over twenty different non-mutually intelligible languages belonging to two big language families: Austronesian and Papuan (Hull 1998; Thomaz 2002; Hajek 2006; Bowden and Hajek 2007; Taylor-Leech 2008). In spite of its formal official status, at present Portuguese is estimated to be spoken by only five per cent of the population of ET (cf. Castro 2004). Its good command is more common in the over-forty Timorese population (cf. Batoréo 2005, 2006, 2007) – educated in the Portuguese colonial system and catholic religion, and also taught the language as their mother tongue over thirty five years ago – than in younger generations where it is nearly suppressed by Indonesian and English. Due to historic reasons, it is silently assumed by the purists in both countries that the variety of Portuguese spoken in ET is its European variety, being its real sociolinguistic complexity and linguistic specificity largely unknown and/ or neglected even by Portuguese linguists and teachers (cf. Esperança 2005). The Brazilian presence in ET and the Brazilian variety of Portuguese in Timorese linguistic reality are also neglected. In the present study we propose to focus on perception and evaluation of Portuguese by the Timorese, resident both in Timor and in Portugal. The first part of our analysis is drawn on a corpus of data collected by Batoréo (cf. 2005, 2006 and 2007) and constituted by elicited and non-elicited (free) written Portuguese narrative discourse produced by 30 multilingual (both female and male), over- forty, ET residents and Portuguese teachers in Dili. The second part is based on free interviews with Timorese residents in Portugal (work in progress). On the basis of the data collected in these two 1 Universidade Aberta, Lisboa, Departamento de Humanidades, Palácio Ceia, Rua da Escola Politécnica 147, 2º, 1269-001 Lisboa e CLUNL. Endereço para correspondência: [email protected] 2 Doutoranda da Universidade Aberta e CLUNL. Endereço para correspondência: [email protected] 3 Comunicação Portuguese as a Pluricentric Language: The Case of Timor-Leste How do Timorese Perceive and Evaluate one of their Official Languages Spoken only by five per Cent of the Population?”, apresentada no âmbito do Workshop Linguistic variation, social cognition and pluricentric languages, Congresso da SLE – 42nd Annual Meeting: Global Languages Local Languages, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Lisboa, 9 -12 Setembro de 2009.

description

.

Transcript of BATOREO&CASADINHO_Português Pluricêntrica Timor Leste

  • 1

    IN: Revista Portuguesa de Humanidades, Estudos Lingusticos, 13-1. 2009. Braga: Universidade Catlica Portuguesa de Braga, 63-79.

    Hanna Batoro1 e Margarida Casadinho2 Universidade Aberta, Lisboa

    O Portugus uma lngua pluricntrica: O Caso de Timor-Leste

    De que forma os timorenses perspectivam e avaliam uma das suas lnguas oficiais falada apenas por cinco por cento da populao?3

    ABSTRACT: The Constitution of Timor-Leste (East Timor - ET) an independent country since 2002 after nearly five centuries of Portuguese colonial jurisdiction (1517-1975), subsequent 24 years of Indonesian annexation, and three years of United Nations jurisdiction proclaimed Portuguese and local Tetun (in its double role of (i) one of the vernacular languages spoken in ET and (ii) a local long-term lingua franca in ongoing process of creolization) to be the two co-official languages, while Indonesian and English were assigned the status of working languages. Locally, the ET approximately one million population speaks over twenty different non-mutually intelligible languages belonging to two big language families: Austronesian and Papuan (Hull 1998; Thomaz 2002; Hajek 2006; Bowden and Hajek 2007; Taylor-Leech 2008). In spite of its formal official status, at present Portuguese is estimated to be spoken by only five per cent of the population of ET (cf. Castro 2004). Its good command is more common in the over-forty Timorese population (cf. Batoro 2005, 2006, 2007) educated in the Portuguese colonial system and catholic religion, and also taught the language as their mother tongue over thirty five years ago than in younger generations where it is nearly suppressed by Indonesian and English. Due to historic reasons, it is silently assumed by the purists in both countries that the variety of Portuguese spoken in ET is its European variety, being its real sociolinguistic complexity and linguistic specificity largely unknown and/ or neglected even by Portuguese linguists and teachers (cf. Esperana 2005). The Brazilian presence in ET and the Brazilian variety of Portuguese in Timorese linguistic reality are also neglected. In the present study we propose to focus on perception and evaluation of Portuguese by the Timorese, resident both in Timor and in Portugal. The first part of our analysis is drawn on a corpus of data collected by Batoro (cf. 2005, 2006 and 2007) and constituted by elicited and non-elicited (free) written Portuguese narrative discourse produced by 30 multilingual (both female and male), over-forty, ET residents and Portuguese teachers in Dili. The second part is based on free interviews with Timorese residents in Portugal (work in progress). On the basis of the data collected in these two

    1 Universidade Aberta, Lisboa, Departamento de Humanidades, Palcio Ceia, Rua da Escola Politcnica 147, 2,

    1269-001 Lisboa e CLUNL. Endereo para correspondncia: [email protected] 2 Doutoranda da Universidade Aberta e CLUNL. Endereo para correspondncia: [email protected]

    3 Comunicao Portuguese as a Pluricentric Language: The Case of Timor-Leste How do Timorese Perceive

    and Evaluate one of their Official Languages Spoken only by five per Cent of the Population?, apresentada no mbito do Workshop Linguistic variation, social cognition and pluricentric languages, Congresso da SLE 42nd Annual Meeting: Global Languages Local Languages, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Lisboa, 9 -12 Setembro de 2009.

  • 2

    different sociolinguistic contexts we intend to approach the question of cultural and cognitive models used in order to categorize and evaluate the role of Portuguese in Timorese reality.

    KEY WORDS: Pluricentric languages; Portuguese in Timor-Leste; language variation, culture and cognition; perception and evaluation of national varieties; objective and subjective linguistic distances.

    1. Problema O presente estudo tem por objectivo abordar a questo que se prende com a forma

    como os timorenses, residentes em Timor e em Portugal em sociedades com diferentes graus de multilinguismo, perspectivam e avaliam a Lngua Portuguesa, problemtica que se prende com as questes relativas a atitudes lingusticas, bem como lealdade e identidade lingusticas. Para tal, quatro questes se impem colocar partida:

    (i) Que noo tm os falantes multilingues do uso que fazem das diferentes variantes lingusticas, incluindo a nacional? (ii) Como as avaliam sob o ponto de vista atitudinal? (iii) Quais os modelos culturais e cognitivos que esto na base da categoriazao e avaliao das lnguas locais e nacionais e respectivas diferenas lingusticas? (iv) Quais os pressupostos que constituem os alicerces da contruo de uma identidade lingustica por uma comunidade multilingue e pluriglssica?

    1. Fundamentos tericos e metodolgicos A atitude lingustica do falante de uma lngua particular emerge da posio que este adopta face a diferentes idiomas e/ou variantes lingusticas, que, por regra, se encontram em contacto. Os estudos etnolgicos defendem (cf. Anderson 1983) que os falantes percepcionam a sua lngua de modo semelhante de uma nao. Isto significa que quanto maior for o nmero de laos que um povo considera existir entre os seus membros, mais forte so os seus sentimentos nacionalistas; por outro lado, isto significa tambm que quanto mais

    uma comunidade acredita compreender os outros a nvel lingustico, mais una e menos diversificada (isto , menos pluricntrica) a sua lngua. Do ponto de vista sociolingustico, o modo como os falantes encaram uma dada variante lingustica que os rodeia afecta o comportamento lingustico da mesma quer no que

    diz respeito preservao da estrutura quer s funes sociais que lhe so inerentes (Trudgill 2003: 73), desencadeando, por sua vez, posturas relacionadas com a identidade e lealdade lingusticas. A identidade lingustica (Block 2007) designa o estabelecimento de relaes

  • 3

    entre os falantes de uma comunidade e o meio de comunicao4, enquanto, no caso da lealdade lingustica, na esteira de Weinreich (1953)5, se trata de um princpio em nome do qual um povo fundamenta a sua unio, resistindo a alteraes que possam afectar a estrutura do idioma e/ou da variedade lingustica em uso, bem como a funo por ela desempenhada. O que isto quer dizer que tanto a identidade como a lealdade lingusticas esto na base da

    atitude positiva perante uma dada variante lingustica, o que, por sua vez, leva, por regra6, preservao e manuteno desta variante.

    Nos ltimos anos, vrios estudos desenvolvidos no mbito da Sociolingustica e, sobretudo, da Sociolingustica Cognitiva (Cf. Geeraerts 2003; Auer 2005; Kristiansen and Dirven 2008; Impre, Speeleman and Geeraerts 2009) defendem que o conhecimento aprofundado da identidade lingustica a chave para o sucesso de uma poltica e ensino de uma lngua, estabelecendo ligao entre as atitudes lingusticas e a compreenso do idioma a que se reportam:

    When speakers of different languages or language varieties communicate, the extent to which they understand one another may differ. Several studies such as Brestam (1987), have reasoned that language attitudes can play an important role in explaining such asymmetrical intelligibility relations. Positive language attitudes often encourage listeners to try to understand the language variety in question, whereas negative attitudes often hinder intelligibility. Spoken language comprehension is thus not necessarily only a matter of being able to understand, but might also be a question of willingness to understand. (Impre, Speeleman and Geeraerts 2009) [negritos nossos].

    Com base nos fundamentos tericos acima traados, propor-se-, a seguir, uma

    abordagem e anlise das atitudes lingusticas de timorenses perante a Lngua Portuguesa, assentando a pesquisa do ponto de vista metodolgico em dois corpora:

    (i) o de Batoro (cf. 2005, 2006 e 2007), com base em discursos narrativos no-especializados (livres) produzidos por 30 falantes multilingues (de ambos os sexos), com mais de quarenta anos, residentes em Timor-Leste e professores de Portugus em

    Dli;

    (ii) o de Casadinho (em fase de construo), constitudo por entrevistas udio, de carcter espontneo/informal, dadas por Timorenses residentes em Portugal. O

    4 [Language identity] assumed and/or attributed relationship between ones self and a means of

    communication (Block 2007).

    5 [Language loyalty] is a principle in the name of which people will rally themselves () to resist changes in

    either the function of their language (as a result of language shift) or in the structure of vocabulary (as a consequence of interference). (Weinreich 1953: 99). 6 Embora seja este o comportamento prototpico, na realidade, nem sempre assim acontece (cf. Chessa 2009).

  • 4

    subgrupo de entrevistados mais significativo deste corpus recm-chegado a Portugal (nos ltimos 5-7 meses), apresenta idades inferiores a quarenta anos, sendo os seus elementos estudantes adultos e todos do sexo masculino.

    Com base nos corpora levantados, discutir-se-o e analisar-se-o os dados, tendo em considerao as seguintes variveis:

    (i) idade, com destaque para dois grupos geracionais: o mais velho (com mais de 40 anos) e o mais novo (com menos de 40 anos); (ii) sexo (M/F); (iii) local de residncia (Timor-Leste e Portugal); (iv) estrato scio-profissional (professores de Lngua Portuguesa e estudantes adultos).

    2. Situao plurilingue e poliglssica de Timor-Leste Timor-Leste um estado independente desde 2002, apresentando uma situao

    sociolingustica nica devido s especificidades da sua posio geopoltica e a particularidades dramticas da sua histria (cf. Bibliografia).

    Durante cerca de cinco sculos (1517-1975), o territrio que hoje o estado independente de Timor-Leste (cf. Mapa 1) foi uma colnia portuguesa, tendo sido a partir de 1975 e nos 24 anos subsequentes (1975-1999) ocupado e anexado Indonsia como a sua 27 provncia. Ao longo deste perodo, assistiu-se, no territrio timorense, a massivos programas de alfabetizao e escolarizao em Malaio Indonsio (conhecido pela sua designao corrente de Bahasa). Esta situao alterou-se a partir de 1999, data da retirada dos indonsios e incio do controlo do territrio pelas Naes Unidas, cuja jurisdio se manteve at 2002, ano da independncia de Timor e da proclamao da respectiva Constituio democrtica.

    Mapa 1- Timor-Leste - distribuio geogrfica dos distritos

  • 5

    Timor Leste, com uma populao de cerca de um milho de habitantes num pequeno territrio de menos de 15 mil km2 (Mapa 1), caracteriza-se pela elevada diversidade lingustica que apresenta (Mapa 2). Segundo diferentes estudos lingusticos, considera-se poderem existir actualmente, em Timor Leste, entre 16 a 32 lnguas diferentes (Hull 1988; Thomaz 2002; Hajek et al. 2003 ; Taylor-Leech 2008) pertencentes a duas grandes famlias lingusticas: a Austronsia e a Papua. No entanto, esta riqueza tnica e lingustica no

    constitui, por si s, um factor particularmente destacado, visto que, na regio do Pacfico e

    sudeste asitico, o ndice elevado de diversidade lingustica um factor recorrente, o que atestam as quase sete mil (6 912) lnguas vivas identificadas na rea (in Ethnologue)7.

    Mapa 2 Distribuio lingustica em Timor-Leste

    A especificidade timorense no se deve apenas riqueza das suas lnguas locais, mas sobretudo complexa situao formal que surgiu na sequncia da proclamao da Constituio do estado independente, em 2002. De facto, a Constituio de Timor-Leste proclama (i) duas lnguas oficiais: o Portugus e o Ttum (que, para alm de ser uma das lnguas vernculas faladas no territrio, tem desempenhado, ao longo dos tempos, o papel de lngua franca, tendo vindo a sofrer um processo de crioulizao) e (ii) duas lnguas de trabalho: o Indonsio e o Ingls. Dado que tanto as lnguas tnicas como as lnguas consagradas na Constituio (todas elas tipologicamente distintas) desempenham funes sociolingusticas diversas, consideramos poder falar-se de uma situao de poliglossia (Batoro 2010).

    7 A ttulo comparativo, atente-se que, s na Indonsia, com cerca de 200 milhes de habitantes, existem 737

    lnguas; na Papua Nova-Guin, com uma populao inferior a 6 milhes, contabilizam-se 830 (cf. http://www.ethnologue.com)

  • 6

    3. Atitude lingustica dos timorenses perante a Lngua Portuguesa: discusso e anlise dos dados

    3.1. Atitude perante o multilinguismo omnipresente (lnguas em contacto)

    A questo do multilinguismo vivido no dia-a-dia est bem patente nos testemunhos timorenses, conforme o ilustram os exemplos a seguir apresentados, e isto independentemente da idade do falante ou do seu local de residncia (exemplos 1 a 3). Apesar de percepcionada como lngua difcil, a atitude demonstrada perante o Portugus de iniciativa e coragem de

    falar, aparentes chaves de sucesso na sua aprendizagem (cf. tambm, o exemplo 9, mais frente).

    Exemplo 1 (T5 Timorense, em Portugal desde 1976 63 anos sexo masculino): " Eu sou de origem de [ ? ] Manatutu. aos seis meses o meu pai como trabalhava na capitania dos portos que era marinheiro, e ns mudmos para Dli, pronto, e tambm nasci na altura da II guerra Mundial. () ento, sendo que fui criado em Dli com meus pais tal meu pai, que era de [ ] Dli, minha me, que era do Manatutu pois aos sete anos entro l () [n]a escola dos padres Salesianos

    Na sua casa, falava-se o qu? T5 A gente falvamos ttum e pronto de vez em quando, portugus. Agora, eu estive na [ ? ]. Mas na minha gerao, os meus filhos j pronto a gente fala portugus, tambm [ ? ] e ttum de vez em quando. Os pais falam ttum mas os nossos filhos Na sua famlia, a me a sua me era de ? T5 Era de Manatutu. E falava o qu? T5 Falava Galoli. E seu pai? T5 Ttum Dli, de Dli. E como que eles falavam? A sua me falava Ttum de Dli? T5 No. Mas depois.

    Exemplo 2 (T2 Timorense, residente em Portugal h 5 meses 27 anos sexo masc. estudante do Curso Superior de Geologia):

    " E em sua casa, entre vocs, falam como? Em bahasa indonsio...? T2 Ttum. Sempre Ttum. Falam em Ttum? T2 Sim.

  • 7

    ? Sempre? T2 (Risos) Sempre. Nem um bocadinho de bahasa? T2 Ah! Um bocadinho com bahasa, Portugus, pouco, ... (risos)... "

    Exemplo 3 (T4 Timorense, residente em Portugal h 7 meses 35 anos sexo masc. estudante do Curso Superior de Gesto de Recursos Humanos):

    "Aqui tem que se falar Portugus, no ? Qual a dificuldade? T4 Sim. Em Timor, eu aprendi, assim... um pouco de Portugus. (..) [no] ensino secundrio porque eu estudei na (no) seminrio. () Por isso, ...... aprendi um pouco. Mas depois... a ... acabar o curso secundrio, no fala mais Portugus at... at agora. E depois, em 2000, o curso...o curso de Portugus at... a ... vir para Portugal. E difcil? Acha o Portugus uma lngua difcil? T4 Sim. Ah... Portugus uma lngua difcil mas... a ... para mim, quando tem iniciativa para aprender... e... coragem para aprender a falar... penso ... podemos ... por passar [?]. Mas difcil. Muito difcil. "

    3.2. Timorenses falantes de Lngua Portuguesa: duas geraes em contraste Se os timorenses se reconhecem a si prprios como falantes de Lngua Portuguesa (ao

    mesmo tempo que falam vrias outras lnguas distintas), os seus depoimentos so testemunhos da especificidade da variante por eles falada, que, por sua vez, se encontra em contacto permanente com outros idiomas tipologicamente distintos. Na sequncia da observao da produo lingustica dos timorenses, surge como pertinente a seguinte questo:

    afinal, o que sabemos ns sobre o Portugus falado por timorenses? Em primeiro lugar, em detrimento do estatuto que aufere de lngua oficial, os estudos

    lingusticos cautelosos estimam que somente cinco por cento da populao timorense fale Portugus (cf. Castro 2004). Seguidamente, sabe-se que, devido a razes de ordem histrica, cultural e poltica tacitamente assumido por puristas de ambos os pases que o Portugus falado por timorenses o Portugus Europeu, embora tal seja facilmente posto em causa com qualquer exemplos ilustrativo do discurso timorense (cf. exemplos 1 a 3 acima, assim como os exemplos apresentados a seguir). Finalmente, constata-se que a verdadeira complexidade sociolingustica de Timor largamente desconhecida e/ou negligenciada

    inclusive por linguistas e professores da Lngua Portuguesa, at pelos que trabalham como cooperantes no prprio territrio timorense (Esperana 2005). Poucos so, de facto, os estudos cujo objectivo estudar a produo lingustica dos timorenses, a fim de caracterizar linguisticamente os cinco por cento daqueles que falam, de

    facto, a lngua. Nos estudos por ns desenvolvidos nos ltimos anos (cf. Batoro 2005, 2006,

  • 8

    2007 e no prelo), defende-se que existe uma clara diferena na proficincia lingustica em Portugus em funo da gerao a que pertencem os seus falantes, distinguindo-se uma gerao de meia-idade (mais de quarenta anos) da dos mais novos (cf. exemplo 4). Exemplo 4 (T6)

    "Em comparao do ensino da lingua portuguesa e a lingua indonesia, a lingua portuguesa mais dificil que a lingua indonesia. Com esta transformao da lingua, presentemente em Timor, podemos considerar os individos de 40 a 50 anos de idade, j no muito dificil, porque esses, j sabem mais ou menos, falar e escrever em portugus. Em geralmente uma parte dessas, que neste momento esto colocados como professor de ensino da lingua portuguesa nas escolas. Pouco dificil para as crianas e os jovens que esto agora a aprender, porque, para eles uma nova lingua, e precisamente tm de fazer uma nova adaptao, porque anteriormente j foram adaptados com a lingua indonesia. "

    Na infncia, a gerao dos falantes com agora mais de 40 anos estudou inserida no

    sistema colonial portugus e na religio catlica, sendo, na altura, a Lngua Portuguesa ensinada numa ptica de lngua materna. Esta realidade totalmente diferente da vivada pela gerao mais nova, com menos de quarenta anos. A partir de 1975, com a ocupao de Timor pela Indonsia, o Portugus foi oficialmente banido, tendo sido substitudo pelo Indonsio e,

    pontualmente, pelo Ingls, passando para o nvel de lngua de clandestinidade para todos aqueles que a tinham aprendido anteriormente. Poder-se-, ento, considerer que existe uma atitude geracional fracturante entre os mais velhos (maiores de 40 anos) e os mais novos, no que concerne a percepo e avaliao do papel do Portugus? legtimo defender que tal postura reflectir-se- na atitude, na lealdade e na identidade lingusticas dos timorenses?

    3.3. Populao com mais de quarenta anos

    Tal como ilustram as narrativas a seguir apresentadas, a populao com mais de quarenta anos testemunha ter deixado de falar oficialmente Portugus durante o regime

    indonsio[,] dada a proibio imposta pelo ocupante e a imposio da Lngua Indonsia (exemplos 5 a 7). No entanto, apesar de ter sido substitudo oficialmente pelo idioma do ocupante uma lngua austronsia, da mesma famlia lingustica que o Ttum e, por isso, considerada mais fcil de aprender (exemplo 8) , o Portugus foi mantido como lngua de resistncia, de actividade poltica e de clandestinidade, assim como o meio de comunicao e de intimidade a nvel familiar (exemplo 7).

    Exemplo 5 (T7)

  • 9

    "O maior problema em que encontrei durante a invaso indonesia, proibiram para no falar essa lngua. Por isso durante esta temporada no falei portugus, devido falta de livros e de convivncia.".

    Exemplo 6 (T8)

    "Durante a ocupao da Indonsia s falmos o Indonsio e o Tetum, Portugus praticamente nada. De modo que agora no muito fcil para exprimir, falar e escrever portugus porque muitas palavras que j esqueci e a falta de convivncia em Portugus durante o perodo de 24 anos da interveno da Indonsia."

    Exemplo 7 (T9)

    "A partir da a lngua portuguesa foi desaparecendo aos poucos, porque os indonsios proibiam os timorenses para no continuar a falar mais em portugus. Os timorenses eram obrigados a aprender a lngua indonsia. No entanto muitos timorenses continuavam a falar portugus em casa ou quando se encontravam. Era a lngua portuguesa que ajudou muito os timorenses na poltica contra o invasor indonsio. As funes polticas eram todas feitas em portugus tanto na escrita como na oralidade. () Portugus era a nica lngua que eu e o meu marido usvamos para conversar, principalmente quando falamos de coisas confendiciais ou sobre a situao de Timor. "

    Nos testemunhos da gerao com mais de quarenta anos, ela prpria surge como uma

    gerao perdida, vtima da lngua imposta, do regime e da poltica indonsias (exemplo 8); no entanto, surge simultaneamente, tambm, como parte constituinte de um povo, cujo futuro depende da sua capacidade de implementar de novo e expandir o Portugus, idioma avaliado como um forte elemento identitrio e cultural do povo timorense (exemplo 9).

    Exemplo 8 (T10)

    " Sob a ordem do ditador Soeharto, antigo presidente da Repblica da Indonsia, centenas de professores, de vrias raas e religies, oriundos de toda a parte do arquiplago, iam chegando, com o objectivo de ensinar a lngua indonsia em todas as escolas, isto , em todos os graus de ensino e, como era uma lngua muito fcil, depressa se expandiu por todo o Timor. Eu fui uma das vtimas dessa lngua e aos poucos fui deixando de falar e escrever em portugus durante todo o tempo da ocupao inimiga. Se Timor Leste no fosse invadida pelos indonsios, eu no teria problemas com a lngua portuguesa, porque era a nossa lngua do dia a dia.".

    Exemplo 9 (T11)

  • 10

    "Suprir as necessidades e resolver os problemas dependem muito do empenho e da boa vontade pessoal e do valor que se da ao Portugus. O ensino da lngua portuguesa no pode ser interpretado como uma imposio, s porque foi definido na Constituio como lngua oficial de Timor Leste. Deve essencialmente ser visto como um elemento que faz parte da Cultura de Timor. Esta Cultura confere identidade histrica a este povo. E por esta identidade prpria o povo lutou pela sua libertao e independncia. A lngua portuguesa faz parte da Identidade, da Cultura e da Historia de Timor Leste. sob este conceito que damos valor lngua portuguesa e a consideramos como nossa lngua e assim promover o seu uso e sua expanso em Timor Leste. "

    3.4. Populao com menos de quarenta anos

    Se nos testemunhos da gerao com mais de quarenta anos, ela prpria surge como

    uma gerao perdida, amaldioada por um quarto de sculo de ocupao indonsia conforme ilustra acima o exemplo 8 , a mesma ocupao percepcionada, tambm, pela gerao mais nova como a causa do desconhecimento da Lngua Portuguesa (exemplo 10).

    Exemplo 10 (T1 Timorense 28 anos sexo masculino)

    " difcil, o Portugus? T1 - muito difcil. Porqu? (.) Porqu a noss... a minha gerao, , no estuda o (a) lngua portugus, () outro lngua. Porqu? Em 1974 e at 1998 ns (?) no estudar outro lngua e indonsio."

    Para a gerao com menos de quarenta anos, o Portugus considerado pelos falantes como a sua prpria lngua (neutralizando alguns a oposio entre a lngua materna e a lngua oficial, como ilustra o exemplo 15), por ter sido escolhido como idioma oficial pelo povo, passando a funcionar como instrumento de desenvolvimento e de internacionalizao do pas (exemplos 11, 12 e 15). Para alguns falantes, no entanto, a deciso de vir estudar para Portugal prende-se no propriamente com razes identitrias, mas com uma deciso governamental superiormente exercida (exemplos 13 a 15).

    Exemplo 11 (T1 - Timorense 28 anos sexo masculino)

    " O que que fez para vir para aqui estudar? T1 Para mim estar... ... a nossa lngua ... ... a lngua oficial a lngua portugus... e ento... e ento este o nosso objectivo, para estudar a lngua em Portugal. H... porque... no fundo ... ns querer estudar a lngua portugus para ... que ... vai desenvolver l em Timor... porqu o Timor Leste j... h.... entra l no CPLP... ."

    Exemplo 12 (T3 Timorense 24 anos sexo masculino)

  • 11

    " Veio estudar para Portugal, porqu? E no para a Austrlia ou para a Indonsia ou... Porqu Portugal? T3 Ah... eu no sei porqu tem uma bolso, uma bolsa para Portugal e eu sei que Portugal muito forte em geo... geologia. Por isso eu vem c... ah... (e) tambm eu qu... quria (queria) estudar mais sobre geologia... hum... e tambm eu... ah... querer, eu quero... ah... conheo mais lngua portugus e tambm o pas. Portugal muito gosto, Portugal. ".

    Exemplo 13 (T4 - Timorense residente em Portugal h 7 meses 35 anos sexo masc.)

    " Porqu que veio para c estudar? T4 Sim. Ah... primeiro... a ... relao com a lngua portuguesa, a... deciso do governo de Timor... a ... principal, na parte da educao,... a ... implementar a lngua portuguesa na (no) ensino bsico, ensino mdio... a ... deciso do governo para implementar a lngua portuguesa na escola e... na (no) nvel universidade... a ... em 2012 tem que... a ... ,talvez, implementar a lngua portuguesa no curso... () eu ...a ... trabalho na universidade, a ensinar...a..., vim pa(ra) c aprender mais portugus e depois volt (voltar). .".

    Exemplo 14 (T2 Timorense residente em Portugal h 5 meses 27 anos sexo masc.)

    " Porque que veio para c estudar? T2 Sim. Ah... porque... porque....ah.....eu tirar mestrado em... em...djeo... djeologia (geologia).... geografia......... o governo.... a (o) Secretrio de Estado dos [Assuntos ? _?_] .... (e)... ha... enviou.... enviou ns pa(ra) c pa(ra) estud (estudar). Sim. ".

    Exemplo 15 (T1 - Timorense 28 anos sexo masculino)

    " importante, como timorense, falar portugus? T1 Sim. H... porqu o plano do governo ... comea a 2012, prxima 2012, [?] tudo na educao tem ser.... a ... a .... vai aprender portugus at nivle (nvel) da universidade. () Ento este qui (que) o (a) razo... este qui (que) nosso objectivo vir aqui a estudar o ... a estudar a lngua portugus... portugus... ma (mas).... [dentro ?] da nossa rea. . Do outro lado, ns querer aprender portugus porqu a nossa... hoje... hoje.falar... porqu a nossa lngua mat..., a .. pronto, nossa lngua oficial... "

    5. Resultados e concluses da anlise: atitude dos timorenses em relao Lngua Portuguesa

    Com base nos dados reunidos em dois corpora diferentes, produzidos pelos timorenses residentes em Dli e em Portugal, centrmo-nos na percepo e avaliao que os falantes fazem da Lngua Portuguesa. Os resultados obtidos revelam que (i) nem o sexo nem o local de residncia (TL ou Portugal) constituem factores relevantes e (ii) que a varivel idade (isto , o factor de pertena gerao mais velha ou mais nova) a nica significativa.

  • 12

    Verifica-se que todos os informantes consideram a sua condio multilingue como uma caracterstica natural da sua existncia e manifestam lealdade lingustica e uma atitude lingustica positiva face ao Portugus, lngua que conceptualizam como pertencendo sua prpria histria, cultura e identidade. Contudo, nenhum dos timorenses dos dois corpora indiciou ter conscincia da existncia de variantes lingusticas ou de variantes do Portugus.

    A gerao com mais de 40 anos constituda pelos falantes que (i) aprenderam o Portugus elementar durante o perodo colonial como lngua materna; (ii) viveram sob o regime indonsio e a imposio da Lngua Indonsia e, na sua maioria, (iii) participaram nos movimentos activistas de resistncia anti-Indonsia. Para esta gerao, (iv) a Lngua Portuguesa ganhou o estatuto de lngua de resistncia, revelando-se uma identificao forte com o Portugus enquanto lngua eleita e no imposta, perspectivada como libertadora e no opressora. Os representantes desta gerao (v) procuram a sua fora no passado, a fim de a projectar para o futuro, (vi) considerando o Portugus como veculo da sua prpria identidade, cultura e histria e como o garante de uma futuro prspero.

    A gerao com menos de 40 anos, que na sua maioria mal fala Portugus, (i) reconhece a importncia da Lngua Portuguesa e do esforo que deve ser dedicado sua aprendizagem, (ii) incidindo esta importncia sobretudo no papel que desempenha como uma lngua oficial internacional, garante de desenvolvimento e internacionalizao da recm formada democracia. Esta postura resulta da (iii) confiana depositada nas polticas locais adoptadas e nas decises governamentais, assim como do sentimento (iv) quanto ao contributo da Lngua Portuguesa para solues teis num futuro melhor e (v) de uma viso pragmtica, a fim de garantir uma sobrevivncia pacfica.

    Com base nesta caracterizao das duas geraes, conclui-se que os falantes mais velhos patenteiam uma viso historicista slida relativamente Lngua Portuguesa, dando origem a um modelo mental identitrio idealista, uma vez que o Portugus constitui uma identidade local construda atravs de memria sofrida, mas idealizada do passado. Quanto ao segundo grupo, o dos falantes com idades inferiores a quarenta anos, ressalta o factor pragmatismo, dando origem a um modelo mental pragmtico, visto que, para esta gerao, o Portugus entendido como um instrumento til para a obteno do progresso e internacionalizao atravs de meios pacficos.

    Enquanto a lealdade lingustica observada tanto num como no outro grupo, j o fenmeno consubstanciado em valores diferentes em cada um deles: trata-se de valores mais idealizados e interiorizados, num caso, e mais racionalizados e pragmaticamente apreciados, no outro. Os dois modelos mentais convivem e interagem mutuamente,

  • 13

    partilhando algumas das suas razes identitrias, bem como as condicionantes histricas e culturais.

    Com a sua atitude lingustica positiva e construtiva, os timorenses demonstram tanto identidade como lealdade lingusticas perante a Lngua Portuguesa, parecendo garantir a preservao e manuteno deste idioma na sua comunidade e no seu territrio.

    Bibliografia AAVV 2001 O Atlas das Lnguas. A Origem e a Evoluo das Lnguas no Mundo, Lisboa: Editora

    Estampa, Lda, 2001. [original The Atlas of Languages (1996), Quatro Publishing plc (eds.)]

    AAVV 2002 Atlas de Timor Leste, Faculdade de Arquitectura Universidade Tcnica de Lisboa,

    GERTIL Grupo de Estudos de Reconstruo de Timor Leste, Lisboa, Porto, Coimbra: Lidel, 2002.

    ALBARRAN CARVALHO, Maria Jos 2003 O Portugus em Timor Lorosae, In Palavras, n 23, Primavera 2003, Lisboa: APP,

    49-69. ANDERSON, Benedict

    1983 Imagined Communities: Reflections on the Origin and Spread of Nationalism. London: Verso Books.

    AUER, Peter (2005). Europes sociolinguistic unity, or: A typology of European dialect/standard constellations. In: N. Delbecque, J. van der Auwera and D. Geeraerts (eds.). Perspectives on Variation: Sociolinguistic, Historical, Comparative. Berlin/New York: Mouton de Gruyter, 7-41.

    BACELAR DO NASCIMENTO, Maria Fernanda (org.) 2002 Portugus Falado: Documentos Autnticos (Gravaes audio com transcrio alinhada). Lisboa: Centro de Lingustica da Universidade de Lisboa & Instituto Cames, CD-ROM. http://www.instituto-camoes.pt/cvc/htp/geografia/som84.html

    BATORO, Hanna Jakubowicz 2005 Conceptual-Affective Patterns in Narrative Discourse: a Window on Universal and

    Language Particular Learning Mechanisms?in: Bokus, B. (ed.) Studies in the Psychology of Child Language - Papers in Honour of G.W. Shugar, Warszawa: Matrix, 329-346.

    2006 Expresso de emoes e discurso: Aspectos de estratgias lingusticas de avaliao em narrativas produzidas por falantes no nativos do Portugus Europeu, in: Textos seleccionados do XXI Encontro Nacional da Associao Portuguesa de Lingustica, Lisboa: APL, 219-230.

    2007 Enquadramento Cognitivo para a Estrutura Narrativa: uma Proposta de Olhar para a Narrativa a partir da Perspectiva da Lingustica Cognitiva de Leonard Talmy in: Veredas (Revista da Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brasil), Juiz de Fora:Editora da UFRJ V.10, n 01 e 02 Jan/Dez 2006, 21-32, ISSN 1215-2533

    http://www.revistaveredas,ufjf.br/volumes/veredas_portugal/artigo02.pdf 2009 Funes do marcador j no Portugus de Timor: Importncia do conhecimento

    lingustico da(s) lnguas(s) materna(s) dos aprendentes do Portugus L2 no processos

  • 14

    da aquisio/aprendizagem da lngua no-materna, comunicao apresentada no XXV Encontro das APL, Lisboa: FLUL.

    2009 "De que forma o ensino de Portugus se deve adaptar s diferentes realidades nacionais? O caso de Timor", comunicao apresentada no Encontro sobre Portugus como Lngua no Materna, Associao Portuguesa de Lingustica, Lisboa, FLUL, 11 e 12 de Abril de 2008. A publicar em: Estudos Lingusticos/ Linguistic Studies, Revista do CLUNL, Lisboa: Colibri, Dezembro de 2009.

    2010 Ensinar Portugus no Enquadramento Poliglssico de Timor-Leste, conferncia apresentada em: Lngua Portuguesa: Identidade, Difuso e Variabilidade, Rio de Janeiro: UFRJ. A publicar em: Palavras, Lisboa: Associao de Professores de Portugus, Primavera de 2010.

    BERNRDEZ, Enrique (2008). El Lenguaje como Cultura. Una crtica del discurso sobre el lenguaje. Madrid: Alianza Editorial.

    BLOCK, D. 2007 Second Language Identities, London: Continuum. CASTRO, Ivo 2004 Introduo Histria do Portugus. Geografia da Lngua. Portugus Antigo. Lisboa:

    Ed. Colibri. CHESSA, Enrico 2009 Why did you say you care about your language if you dont really? Language loyalty

    and language shift among the Catalan-speaking communitity of Alghero (Sardinia), comunicao apresentada no mbito do Workshop Linguistic variation, social cognition and pluricentric languages, no Congresso da SLE 42nd Annual Meeting: Global Languages Local Languages, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Lisboa 9 -12 Setembro de 2009.

    Constitution of the Democratic Republic of East Timor, 2002 http://www.etan.org/etanpdf/pdf2/constfnen.pdf COSTA, Lus. 1995 O Portugus em Timor e o Portugus de Timor, RILP, n 14, 51-52. CLYNE, Michael (ed.) 1992 Pluricentric Languages. Differing Norms in Different Nations. Berlin/New York:

    Mouton de Gruyter. ENGELENHOVEN, Aone Th.P.G. van 2006 Ita-nia Nasaun Oin-Ida, ita-nia Dalen Sira Oin-Seluk Our Nation is One, Our

    Languages Are Different", in Language Policy in East Timor. In P. Castro Seixas & A. van Engelenhoven (Eds.), Diversidade Cultural na Construo da Nao e do Estado em Timor-Leste, Porto: Universidade Fernando Pessoa, 106-131.

    ESPERANA, Joo Paulo. 2007 Ensinar portugus em Timor, http://timor2006.blogspot.com/2007/06/ensinar-

    portugues-em-timor.html GEERAERTS, Dirk 2003 Cultural models of linguistic standardization. In: R. Dirven, R. Frank and M. Ptz

    (eds.), Cognitive Models in Language and Thought. Ideology, Metaphors and Meanings. Berlin/New York: Mouton de Gruyter, 25-68.

    HAJEK, John; Catharina WILLIAMS-VAN KLINKEN and Rachel NORDLINGER 2002 Tetun Dili: a Grammar of an East Timorese Language. Canberra: Pacific Linguistics. HAJEK, John; Nikolaus HIMMELMAN AND John BOWDEN 2003 Lvaia: an East Timorese language on the verge of extinction, in International

    Journal of the Sociology of Language, 155-167. HULL, Geoffrey

  • 15

    1998 The languages of Timor 1772-1997: a literature review, in Studies in Languages and Cultures of East Timor, 1, 1 38.

    2004 The Languages of East Timor. Some Basic Facts http://www.asianlang.mq.edu.au/INL/langs.htm

    IMPE, Leen; Dirk SPEELEMAN and Dirk GEERAERTS 2009 Language attitudes and comprehension in a plurucentric language: the case of

    Dutch, comunicao apresentada no mbito do Workshop Linguistic variation, social cognition and pluricentric languages, no Congresso da SLE 42nd Annual Meeting: Global Languages Local Languages, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Lisboa 9 -12 Setembro de 2009.

    KRISTIANSEN, Gitte and Ren DIRVEN (eds.) 2008 Cognitive Sociolinguistics: Language Variation, Cultural Models, Social Systems.

    Berlin/New York: Mouton de Gruyter. NORONHA, Lus Cardoso de 2001 A Questo Lingustica Timorense, In: Timor: um Pas para o Sc. XXI, Instituto de

    Altos Estudos Militares. Universidade Catlica Portuguesa. Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expanso Portuguesa, Lisboa: Atena, 2001, pp. 179-181.

    SANTOS, Ana Sofia Rodrigues dos 2009 O Ensino da Lngua Portuguesa em Timor-Leste: o Mtodo Portugus em Timor e a

    importncia do Ttum (L1) na Aquisio do Portugus (L2), Dissertao de Mestrado em Ensino do Portugus como L2 e LE, FCHS da Universidade Nova de Lisboa.

    SOARES, Lcia Vidal 2009a Ensino/ aprendizagem do Portugus no contexto plurilingue de Timor-Leste: rola ou

    lakateu? Rola e lakateu!, Comunicao apresentada no II Simpsio Mundial de Estudos de Lngua Portuguesa, Universidade de vora, 6 a 11 Outubro 2009.

    2009b Haver horta na horta? Metodologias e Materiais para o Ensino do Portugus como Lngua No Materna, comunicao apresentada no Seminrio Metodologias e Materiais para o Ensino do Portugus como Lngua No Materna (PLNM), ILTEC e APP, Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian, 29 e 30 de Outubro de 2009.

    SPEELMAN, Dirk; Stephan GRONDELAERS & Dirk GEERAERTS 2003 Profile-based linguistic uniformity as a generic method for comparing linguistic

    varieties. Computers and the Humanities 37, 317-337. TAYLOR-LEECH, Kerry 2008 Language and identity in East Timor: The discourses of nation-building, in

    Language Problems and Language Planning 32(2), 153-179. THOMAZ, Lus Filipe Reis 2002 Babel Loro Sae - O Problema Lingustico de Timor-Leste, Coleco Cadernos

    Cames Lisboa: Instituto Cames. TRUDGILL, Peter 2003 A Glossary of Sociolinguistics. Edinburgh: Edinburgh University Press. WEINREICH, Uriel 1953 Languages in Contact. New York: Publications of the Linguistic Circle of New York.