Barroco brasileiro

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iteratura Barroco brasileiro 1601-1768

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LiteraturaO Barroco brasileiro

1601-1768

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Momento histórico

• O Brasil passa a ser importante para Portugal devido às riquezas exploradas em toda a Zona da Mata, com a produção de cana de açúcar, e mais tarde com a descoberta do ouro em Minas Gerais;

• Salvador, capital da colônia, transformou-se não só no centro político e econômico, mas também em polo da produção cultural.

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O Barroco brasileiroCostuma-se dar como marco inicial

do Barroco no Brasil o ano de 1601 quando da publicação de Prosopopéia, de Bento Teixeira Pinto. Mas o grande nome da literatura que era iniciada no Brasil, excetuando o Pe. Antônio Vieira, que fora estudado no Barroco português, foi Gregório de Matos, o “Boca do Inferno”, considerado por muitos o iniciador da literatura brasileira.

Sua obra divide-se em:poesia sacra – lírica amorosa – poesia

satírica – poesia burlesca

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Poesia sacra:Pequei, Senhor, mas não porque hei

pecadoDa vossa piedade me despido,

Porque quanto mais tenho delinquido,Vos tenho a perdoar mais empenhado.

  Se basta a vos irar tanto um pecado,A abrandar-nos sobeja um só gemido,

Que a mesma culpa, que vos há ofendido,Vos tem para o perdão lisonjeado.

  Se uma ovelha perdida, e já cobrada

Glória tal, e prazer tão repentinovos deu, como afirmais na Sacra História:

  Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada

Cobrai-a, e não queirais, Pastor divino,Perder na vossa ovelha a vossa glória.

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• Temática religiosa;• Segue o modelo conceptista (raciocínio

engenhoso de um pecador que procura convencer a Deus de que merece o seu perdão);

• Iniciado com sincera confissão de culpa e humildade, transforma-se em frieza de raciocínio e esperteza argumentativa na busca de provar o direito ao perdão;

• Dualidade entre teocentrismo e antropocentrismo vistos na contradição entre a humildade e pequenez do homem diante de Deus e o orgulho e altivez da inteligência;

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Lírica amorosa:Quem a primeira vez chegou a

ver-vos,Nise, e logo se pôs a contemplar-

vos,Bem merece morrer por

conversar-vos E não poder viver sem merecer-

vos.• Idealização do amor;

Largo em sentir, em respirar sucinto,

Peno, e calo, tão fino, e tão atento,

Que fazendo disfarce do tormento,

Mostro que o não padeço, e sei que o sinto.

• Exploração da psicologia amorosa (timidez do amante)

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Isto, que o Amor se chama, este, que vidas enterra,

este, que alvedrios prostra,este, que em palácios entra:[.......................................] este, que o ouro despreza,

faz liberal o avarento, é assunto dos poetas:

[.......................................] Arre lá com tal amor!

isto é amor? é quimera, que faz de um homem prudente

converter-se logo em besta. • Realismo irônico, quase cínico;

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Poesia satírica:Nariz de embonocom tal sacada,

que entra na escadaduas horas primeiro

que seu dono

• Era chamado o “Boca do Inferno” por zombar de todos sem se importar com a classe, sexo, profissão ou cor;

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Aos víciosEu sou aquele, que os passados anos

cantei na minha lira maldizente torpezas do Brasil, vícios e enganos. [.......................................................]

De que pode servir, calar, quem cala, Nunca se há de falar, o que se sente? Sempre se há de sentir, o que se fala? Qual homem pode haver tão paciente,

Que vendo o triste estado da Bahia, Não chore, não suspire, e não lamente? [..........................................................]

Se souberas falar, também falaras, Também satirizaras, se souberas,

E se foras Poeta, poetizaras.

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Se souberas falar, também falaras, Também satirizaras, se souberas,

E se foras Poeta, poetizaras. A ignorância dos homens destas eras Sisudos faz ser uns, outros prudentes, Que a mudez canoniza bestas feras.

Há bons, por não poder ser insolente, Outros há comedidos de medrosos,

Não mordem outros não, por não ter dentes. Quantos há que os telhados têm vidrosos,

E deixam de atirar sua pedrada De sua mesma telha receosos. Uma só natureza nos foi dada:

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Não criou Deus os naturais diversos,Um só Adão formou, e esse de nada. Todos somos ruins, todos perversos, Só nos distingue o vício, e a virtude,

De que uns são comensais outros adversos. Quem maior a tiver, do que eu ter pude,

Esse só me censure, esse me note, calem-se os mais, chitom, e haja saúde.

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Poesia burlesca:Quita, como vos achais com esta troca tão rica? eu vos troco por Anica,

vós por Nico me deixais: vós de mim não vos queixais, eu, Quita, de vós me queixo, e pondo a cousa em seu eixo,

a mim com razão me tem, pois me deixais por ninguém,

e eu por Arnica vos deixo. Vós por um Dom Patarata

trocais um Doutor em Leis, e eu troco, como sabeis,

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uma por outra Mulata: vós fostes comigo ingrata

com a grosseira ingratidão, eu não fui ingrato não,

e quem troca odre por odre, um deles há de ser podre, e eu sou na troca odre são.

Eu com Anica querida me remexo como posso,

vós co Patarata vosso estarei bem remexida: nesta desigual partida

leve o diabo o enganado, porque eu acho no trocado,

que me vim a melhorar

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mas na Moça por soldar, que vós no Moço soldado

Se bem vos não vai na troca pela antiga benquerença, que farei logo a destroca:

porém se Amor vos provoca a dar-me outros novos zelos,

hemos de lançar os pêlos ao ar por seguridade,

e eu sei, que a vossa amizade há de custar-me os cabelos.

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• Registrava os pequenos acontecimentos da vida cotidiana da cidade e dos engenhos (crônica do viver baiano seicentista);

• Escrita em sua última fase, período de decadência pessoal e profissional;

• Estilo cômico e tom brincalhão;