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Os “Lavrados” de Roraima: Biodiversidade e Conservação de Savanas Amazônicas Brasileiras (1) Reinaldo I. Barbosa 1* ; Ciro Campos 1 ; Flavia Pinto 1 ; Philip M. Fearnside 2 1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Núcleo de Pesquisas de Roraima (NPRR), Rua Coronel Pinto 315 – Centro, 69301-970 Boa Vista, Roraima, BRASIL 2 INPA, Departamento de Ecologia (CPEC), CP 478, 69011-970 Manaus, Amazonas, BRASIL Autor para Correspondência: * [email protected] ABSTRACT The savannas (lavrados) of Roraima are located in the far northern portion of the Brazilian Amazon and are part of the “Savannas of Guyana” ecoregion of the Amazonian Biome. They cover an area of approximately 43,358 km 2 , or 70% of the total area of savannas that straddle the borders of Brazil, Guyana and Venezuela. This ecoregion contains a diverse array of phytophysionomies forming a mosaic of non- forest (open areas) and forest ecosystems associated with different soil types, altitudinal gradients and climates. This diversification of ecosystems generates a great heterogeneity of habitats and is reflected in the diversity of plants and animals. The few existing studies of biological diversity are almost all concentrated along the main highways and therefore fail to indicate the true magnitude of the biodiversity of Roraima’s savannas. In spite of Brazilian authorities having classified these ecosystems as having extremely high priority for conservation, any area was destined to conservation exist in the savannas of Roraima. However, 57.3% are protected in the form of Indigenous Lands. Large rural properties and settlements occupy 19.4% of the total area. The number of settlements in these savannas should increase significantly in the coming years due to legal impediments to creation of settlements in forest areas in Amazonia and due to the expansion of soy production, irrigated rice and commercial tree plantation in the State. It is estimated that 23.3% of the savanna area in Roraima is still available for creation of conservation areas. Keywords: savannas, biodiversity, fauna, flora, conservation, Amazonia INTRODUÇÃO Savanas são fitofisionomias dos trópicos caracterizadas por possuir uma vegetação aberta, dominada pelo estrato herbáceo (ervas e capins), onde as árvores e os arbustos podem ou não estar presentes sob diferentes densidades (Sarmiento 1984, Eiten 1986, Huber 1987). O maior bloco contínuo de savanas do extremo norte da Amazônia 1 Publicado originalmente como: BARBOSA, R.I.; CAMPOS, C.; PINTO, F.; FEARNSIDE, P.M. 2007. The "Lavrados" of Roraima: Biodiversity and Conservation of Brazil's Amazonian Savannas. Functional Ecosystems and Communities, 1(1): 29-41.

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Os “Lavrados” de Roraima: Biodiversidade e

Conservação de Savanas Amazônicas Brasileiras(1)

Reinaldo I. Barbosa1*; Ciro Campos1; Flavia Pinto1; Philip M. Fearnside2 1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Núcleo de Pesquisas de Roraima (NPRR), Rua Coronel Pinto

315 – Centro, 69301-970 Boa Vista, Roraima, BRASIL 2 INPA, Departamento de Ecologia (CPEC), CP 478, 69011-970 Manaus, Amazonas, BRASIL

Autor para Correspondência: * [email protected]

ABSTRACT

The savannas (lavrados) of Roraima are located in the far northern portion of the Brazilian Amazon and are part of the “Savannas of Guyana” ecoregion of the Amazonian Biome. They cover an area of approximately 43,358 km2, or 70% of the total area of savannas that straddle the borders of Brazil, Guyana and Venezuela. This ecoregion contains a diverse array of phytophysionomies forming a mosaic of non-forest (open areas) and forest ecosystems associated with different soil types, altitudinal gradients and climates. This diversification of ecosystems generates a great heterogeneity of habitats and is reflected in the diversity of plants and animals. The few existing studies of biological diversity are almost all concentrated along the main highways and therefore fail to indicate the true magnitude of the biodiversity of Roraima’s savannas. In spite of Brazilian authorities having classified these ecosystems as having extremely high priority for conservation, any area was destined to conservation exist in the savannas of Roraima. However, 57.3% are protected in the form of Indigenous Lands. Large rural properties and settlements occupy 19.4% of the total area. The number of settlements in these savannas should increase significantly in the coming years due to legal impediments to creation of settlements in forest areas in Amazonia and due to the expansion of soy production, irrigated rice and commercial tree plantation in the State. It is estimated that 23.3% of the savanna area in Roraima is still available for creation of conservation areas. Keywords: savannas, biodiversity, fauna, flora, conservation, Amazonia INTRODUÇÃO Savanas são fitofisionomias dos trópicos caracterizadas por possuir uma vegetação aberta, dominada pelo estrato herbáceo (ervas e capins), onde as árvores e os arbustos podem ou não estar presentes sob diferentes densidades (Sarmiento 1984, Eiten 1986, Huber 1987). O maior bloco contínuo de savanas do extremo norte da Amazônia

1 Publicado originalmente como: BARBOSA, R.I.; CAMPOS, C.; PINTO, F.; FEARNSIDE, P.M. 2007. The "Lavrados" of Roraima: Biodiversity and Conservation of Brazil's Amazonian Savannas. Functional Ecosystems and Communities, 1(1): 29-41.

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brasileira está situado no estado de Roraima. Pela classificação de biomas e ecorregiões que o Ministério do Meio Ambiente do Brasil adota para todo o território nacional, este conjunto paisagístico pertence a ecorregião das “Savanas da Guiana” que esta contida no Bioma Amazônia (Ferreira 2001, Capobianco et al. 2001, WWF 2007). Estas savanas fazem parte do grande complexo paisagístico “rio Branco-Rupununi” situado entre os limites internacionais do Brasil, Guiana e Venezuela (Myers 1936, Beard 1953, Eden 1970). A estimativa mais recente, realizada com a base de dados georreferenciados do SIPAM (2004) na escala de 1:250.000, e no trabalho de Alencar et al. (2006), é de que a área de todo este complexo paisagístico que envolve os três países cobre aproximadamente 61.664 km2 (Fig. 1). Deste total, 43.358 km2 (70%) estão estabelecidos do lado brasileiro. *** Figura 1 Em Roraima, estas grandes extensões de savanas são denominadas de “campos do rio Branco” ou "lavrado". Este último termo é muito comum entre os habitantes locais e foi introduzido na literatura corrente no início dos anos 1900 por Luciano Pereira (Pereira 1917) embora já devesse estar sendo usado regionalmente há mais tempo (Barbosa and Miranda 2005). Esta terminologia é derivada da língua portuguesa arcaica, mas ainda pode ser encontrada nos dicionários atuais, significando um “... local onde as árvores estão ausentes” (Vanzolini and Carvalho 1991). A palavra “cerrado” também pode ser utilizada para expressar estes ambientes do norte amazônico, pois define fisionomias estabelecidas no Bioma do Cerrado brasileiro com grandes semelhanças na estrutura e organização da paisagem. Entretanto, as savanas do norte amazônico são formações fitoecológicas disjuntas do cerrado do Brasil Central com funcionamento e florística diferentes (Eiten 1977, Ratter et al. 1996, 2003). Assim sendo, os termos lavrado, cerrado e savana podem ser usados para identificar a paisagem de vegetação aberta situada nos limites internacionais do Brasil, Guiana e Venezuela. A Construção da Paisagem Atual O processo de construção da atual paisagem de savanas neste extremo norte da Amazônia brasileira esta diretamente ligado a eventos tectônicos, erosionais e flutuações climáticas do passado (Ruellan 1957, Brasil 1975, Carneiro-Filho 1991, Schaefer and Vale Jr. 1997). A maior parte desta paisagem esta assentada na Formação Boa Vista, que é o resultado geomorfológico de um arrasamento erosional que preencheu totalmente o Graben do Takutu com mais de 2.000m de sedimentos provenientes da destruição de remanescentes do Grupo Roraima (Schaefer and Vale Jr. 1997). Esta formação geológica é uma superfície aplainada datada do Pré-Cambriano (1.8-2.0 bilhões de anos antes do presente - AP) e, o Graben do Takutu, é uma fossa de desabamento tectônico que foi produzida por forças distensivas da crosta terrestre ao final do Jurássico, quando se iniciou a separação do supercontinente Gondwana (± 190 x 106 anos AP) (Brasil 1975). Este arrasamento lateral de superfícies muito antigas impôs gradativamente uma nova paisagem a esta região, que passou a ser dominada por tipos de vegetação bem abertos, ressequidos e com plantas rasteiras: vegetação continental com base nas Criptógamas. Esta paisagem deve ter dominado todo o Cretáceo (± 70-100 x 106 anos AP) até os tempos pré-Terceários (± 60-65 x 106 anos AP) em quase todo o norte da América do Sul. A partir do Eoceno (± 55 x 106 anos

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AP), com as condições climáticas se tornando cada vez mais úmidas, a vegetação do Cretáceo foi sendo substituída por tipos graminóides (Poaceae e Cyperaceae) e ervas (aumento da presença de Fanerógamas de baixo porte), com maior nível de diversificação, criando paisagens semelhantes às atuais savanas. Estas fisionomias de períodos geológicos mais recentes devem ter dominado todo o cenário estabelecido no norte da América do Sul já a partir do Mioceno/Plioceno (12-23 x 106 anos AP), segundo Schaefer and Vale Jr. (1997) citando os estudos paleoecológicos de Hammem and Wijmstra (1964) e Hammem (1982). Ao longo de quase todo o Terceário, a drenagem hidrográfica de onde hoje se encontram as savanas de Roraima era direcionada para o Oceano Atlântico (Mar do Caribe), com uma grande carga de sedimentos sendo depositados por todo o antigo leito do Graben do Takutu (Schaefer and Dalrymple, 1996). O paleodivisor Amazonas/Proto-Berbice, que nesta região era o grande divisor das bacias do rio Amazonas com as do Essequibo e Orenoco, foi erodido mais intensamente a partir do Oligoceno (25-30 x 106 anos AP) em sua porção mais ao sul; mais ou menos na altura das corredeiras do Bem-Querer, aproximadamente 02º N e 61º W. Isto fez com que toda a drenagem desta região fosse capturada em uma única grande calha hidrográfica, o rio Branco, que atualmente lança suas águas no rio Negro, o maior tributário da margem esquerda do rio Amazonas (Cooper, 1981). Assim sendo, já no Pleistoceno, entre o final do Terceário e o início do Quaternário (1.8-2.0 x 106 anos AP), toda esta região já possuía uma paisagem muito semelhante à atual, formando um grande bloco contínuo de vegetação aberta. Ao longo de todo o Quaternário até os dias presentes, a construção da paisagem atual de savanas vem sofrendo a influência dos ciclos climáticos de curto prazo (glaciais e inter-glaciais), fazendo com que os limites entre as savanas e as áreas contínuas de floresta possuam flutuações em função das trocas climáticas (Carneiro-Filho 1993, Dejardins et al 1996, Simões-Filho et al. 1997, Toledo 2004). Logo, toda esta região de savanas do extremo norte da Amazônia brasileira, que também percorre o sul da Venezuela e o oeste da Guiana, pode ser considerada como uma “relíquia” paisagística surgida durante os períodos secos mais recentes do Pleistoceno na Amazônia (Eden 1974, Carneiro-Filho 1990). Neste caso, o termo “relíquia” expressa um ambiente residual de antigas formações de savanas que dominaram amplamente boa parte do norte da América do Sul, providenciando padrões ecológicos e diversidade biológica específicos para estas áreas remanescentes. Embora toda esta grande ecorregião esteja atualmente quase que totalmente confinada no que é hoje a Formação Boa Vista (Ab’Saber 1997), com a maior parte do relevo de baixa altitude (80-120m), várias fitofisionomias de savanas podem ser reconhecidas em um gradiente que chega a alcançar altitudes superiores a 2.000m, fazendo de toda esta região um rico cenário de ecossistemas terrestres e aquáticos ainda pouco conhecidos. Caracterização Físico-climática O clima que caracteriza a região das savanas de Roraima é o Awi (tropical úmido sem estação fria) pela classificação de Köppen (Nimer 1972, Barbosa 1997). A série histórica mais completa da região esta estabelecida na cidade de Boa Vista (capital de Roraima), situada na porção centro-sul das savanas locais. A precipitação medida na Estação de Meteorologia de Boa Vista, do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) para o período de 1910-2000 resulta em uma média anual de 1634 ± 408 mm, enquanto que a média mensal da umidade relativa do ar varia de 66-82% (Barbosa, 1997; Araújo

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et al. 2001). Os meses mais secos estão concentrados entre dezembro e março (± 9% precipitação anual), e os mais chuvosos entre maio e agosto (± 70% precipitação anual) (Fig. 2). *** Figura 2 Este padrão climatológico pode ser considerado como uma média geral para os ambientes de savanas situados na porção centro-sul desta ecorregião. Entretanto, por serem produto de diferentes ciclos erosionais e climáticos, as savanas de Roraima estão estabelecidas ao longo de um gradiente de relevo que cresce no sentido sudoeste – nordeste, até alcançar o Grupo Roraima com cumes de ± 2.750m (p. ex. Monte Roraima). A variabilidade altimétrica faz com que haja um gradiente pluviométrico entre regiões por causa de barreiras naturais locais (p. ex. Complexo da Serra de Pacaraima) que impedem que a umidade oceânica trazida pelos ventos alísios ao longo da Zona de Convergência Intertropical (ITCZ) chegue em maior volume nesta região (Nimer 1972). Por exemplo, podem ser encontradas zonas mais ressequidas na porção nordeste deste grande ecossistema local, que alcançam médias anuais de precipitação inferior a 1100 mm, com menos de 100 dias de chuva por ano (Barbosa 1997). As savanas de baixa e média altitude (< 600m) estão quase que totalmente concentradas ao centro e ao sul desta ecorregião, em meio a alguns resíduos geológicos basálticos e depressões do terreno (abaciamentos) que geram sistemas de lagos perenes e estacionais. Em ambos os casos existem redes de drenagem baseadas em interconexões denominadas de “veredas” de buritizais (buriti palm - Mauritia flexuosa L.) que nada mais são do que córregos que ligam os lagos aos rios de maior fluxo de água. Em anos normais e/ou chuvosos, estes drenos se transformam em barreiras naturais contra o fogo que se alastra comumente nestes ambientes. Entretanto, em anos considerados secos (p. ex. El Niño), as veredas se tornam corredores de incêndios por concentrarem uma carga mais elevada de biomassa seca (combustível) sobre o solo. ECOSSISTEMAS E BIODIVERSIDADE DE PLANTAS A origem da atual flora e diversidade de ecossistemas naturais de savanas em Roraima é agora mais claramente explicada como o resultado de interações edafo-climáticas ocorridas ao longo dos últimos períodos glaciais e interglaciais. Estas interações, associadas, por exemplo, ao tipo de solo e dinâmica de flutuação do lençol freático, produziram ecossistemas em mosaico, formando veredas de buritizais, lagos, florestas ribeirinhas, ilhas de mata e florestas de altitude. As interações naturais desses ambientes produzem “rotas” de dispersão e trocas gênicas muito específicas neste ambiente amazônico. Entretanto, a alta freqüência do fogo, o pastoreio extensivo de diferentes criações animais, o uso não-sustentado de recursos naturais (fauna e flora) e a recente reorganização da política pública local em apoiar grandes projetos de desenvolvimento nas áreas de savana (soja, silvicultura e arroz irrigado) estão alterando as paisagens naturais e quebrando as interações ecológicas destes ambientes. Riqueza e Diversidade Florística Do ponto de vista da diversidade florística, estes impactos antrópicos podem estar provocando perda de espécies de plantas e reduzindo a riqueza destes ambientes já fragilizados. Os estudos de larga escala sobre a flora regional ainda são raros, com

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destaque para os trabalhos de Coradin (1978), estudando capins e ervas, Sette Silva (1993), em ambientes florestais situados nas proximidades da cidade de Boa Vista, Miranda and Absy (2000) e Miranda et al. (2003), caracterizando a composição, estrutura e diversidade de plantas fanerógamas em diferentes localidades das savanas de Roraima e, Sanaiotti (1996, 1997), trabalhando a idéia de ambientes de savanas disjuntos na Amazônia através da coleta de dados do estrato arbóreo. Estes representam os estudos mais recentes e com amostragens mais significativas. Apesar do reduzido número de estudos sobre a diversidade de plantas das savanas de Roraima, já é possível tirar algumas conclusões a cerca das fitofisionomias e da diversidade local. A primeira é que toda esta região do Bioma Amazônia, definida como “Savanas da Guiana”, é formada pelo conjunto de dois grandes ambientes: (1) “florestal”, de menor área, caracterizado pelas ilhas de mata, florestas ribeirinhas, florestas de altitude, etc e, (2) “não-florestal”, que são as chamadas savanas verdadeiras, caracterizadas tipicamente por ambientes de vegetação aberta e que dominam a maior área da paisagem. Neste último caso, o sistema de classificação da vegetação brasileira (IBGE 1992) ainda adota uma outra divisão: “savanas” e “savanas estépicas”. A diferença básica é que as estépicas são encontradas em ambientes de alta altitude (> 600m) sob clima mais seco e solo pedregoso. A Tabela 1 apresenta a área e uma síntese de todos os sistemas “florestais” e “não-florestais” que estão presentes na ecorregião das savanas de Roraima tomando como base de dados o sistema georreferenciado do SIPAM (2004). Esta síntese corresponde à leitura que o sistema de informação geográfica consegue registrar na escala de 1:250.000 (Fig. 3). Barbosa and Miranda (2005) fazem uma descrição detalhada de todos os sistemas presentes nas savanas locais e a forma de sua identificação. *** Tabela 1 *** Figura 3 Os sistemas florestais desta ecorregião (29.5% ou 12,731 km2) possuem apenas o levantamento florístico realizado por Sette Silva (1993) nas proximidades de Boa Vista, apresentando uma riqueza total de 188 espécies (43 famílias botânicas) de árvores distribuídas por cinco diferentes áreas amostrais com quatro tipos florestais (Tabela 2). Na análise do conjunto destas espécies, as de maior índice de valor de importância (IVP) nestes ambientes foram, por ordem, Ocotea bracteosa Mez. (Lauraceae) e Licania discolor Pilg. (Chrysobalanaceae), presentes em mata de galeria em contínuo à floresta aluvial do rio Branco e, Tabebuia uleana (Kranz.) Gentry (Bignoniaceae) em ambiente de pequena serra. As principais espécies comuns a todas as cinco áreas amostrais foram Simarouba amara Aubl. (Simaroubaceae), Protium aracouchili March. (Burseraceae) e T. uleana (Kranz.) Gentry (Bignoniaceae). *** Tabela 2 Os sistemas não-florestais (savanas abertas - > 30,000 km2) possuem baixa diversidade do estrato arbóreo, com o Índice de Shannon quase sempre calculado próximo de 1,0 (Miranda et al. 2003; Barbosa et al. 2005). Esta constatação é ditada pela alta concentração de indivíduos em poucas espécies, notadamente Curatella americana L. (Dilleniaceae), Byrsonima crassifolia (L.) Kunth. (Malpighiaceae) e B. coccolobifolia Kunth. (Malpighiaceae). Estas são consideradas espécies-chave

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(determinantes). Juntas, representam cerca de 60-70% do número de indivíduos e mais de 80% do total de biomassa viva acima do solo nas savanas de Roraima (Barbosa 2001). Somadas a outras espécies arbóreas comuns, como Bowdichia virgilioides Kunth. (Fabaceae), Himatanthus articulatus (Vahl.) Woods. (Apocynaceae), Antonia ovata Pohl. (Loganiaceae), Roupala montana Aubl. (Proteaceae), Xylopia aromatica (Lam.) Mart. (Annonaceae), e mais cinco espécies descritas em Barbosa and Fearnside (2004, 2005), formam a base do estrato arbóreo-arbustivo de toda a área de savanas abertas de Roraima. Estas espécies são consideradas como árvores-berçário (nurse trees), pois formam um ambiente sob sua copa (nutrientes e sombra) que facilita o recrutamento de diferentes espécies dos estratos herbáceo e arbóreo-arbustivo. Estas espécies recrutadas podem ser do próprio indivíduo, ou podem ter suas sementes transportadas para estes micro-ambientes através do vento (anemocoria) ou, na maioria dos casos, por pássaros (zoocoria), que se utilizam destas árvores como poleiros de descanso e/ou procriação (A. G. Corleta, comunicação pessoal). Em uma análise apenas dos estudos mais recentes sobre a flora das savanas abertas de Roraima (Coradin 1978, Dantas and Rodrigues 1982, Miranda and Absy 2000), contabiliza-se mais de 250 espécies do estrato herbáceo como Poaceae, Cyperaceae e outras ervas de pequeno porte, além de 71 espécies (52 gêneros e 30 famílias) de plantas arbóreo-arbustivas (Miranda et al. 2003, Sanaiotti, 1996, 1997, Tabela 3). A soma da riqueza de ambos os sistemas (florestal e não-florestal) totaliza aproximadamente 500 espécies de plantas superiores. Embora longe do total absoluto já identificado para os cerrados do Brasil Central - que possuem mais de 6.400 espécies de plantas vasculares em cinco sub-províncias florísticas com cerca de 2,0 x 106 km2 (Mendonça et al. 1998, Felfili 2003) - é possível que, com uma intensificação dos inventários e uma melhor distinção das paisagens regionais, possa se chegar a valores acima dos atualmente observados. *** Tabela 3 Estudos de grande escala baseados em inventários fitofisionômicos realizados em diferentes áreas de savanas brasileiras, têm apontado uma distância florística das localizadas na Amazônia em relação às do Brasil Central, com especial destaque para a área isolada de Roraima (Miranda and Carneiro-Filho 1994, Ratter et al. 2003). Este distanciamento florístico tem sido justificado pelo fato das savanas do extremo norte amazônico serem pontos isolados e pobres em espécies vegetais arbóreas em relação aos sítios localizados no Brasil Central (Sanaiotti 2003). A descontinuidade geográfica com o Planalto Central Brasileiro e sua posição limítrofe ao Escudo das Guianas são fontes de variabilidade nos fatores que determinaram a diversidade florística e a manutenção deste tipo de ambiente como, por exemplo, latitude, fertilidade do solo, relevo, clima, etc. BIODIVERSIDADE ANIMAL Além do conhecimento limitado sobre as espécies que compõem a fauna das savanas de Roraima, pouco se sabe sobre a dinâmica das populações e a composição das comunidades. Da mesma forma, existem poucos estudos sobre a fauna das savanas do Rupununi, na Guiana, e as de alta altitude na Venezuela, ambas extensões das savanas de Roraima e que formam o grande complexo das ”Savanas das Guianas”.

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Apesar de pouco conhecida, diversos fatores fazem da região uma área com especial interesse para a conservação. Devido à amplitude térmica e altitudinal e à grande variedade de solos e fitofisionomias, a região forma um mosaico de ambientes com grande heterogeneidade de habitats abrigando elementos da fauna do Escudo das Guianas em ambientes como tepuy, florestas e áreas abertas (Barbosa and Miranda 2005, Brasil 1975, Silva 2005, Miranda and Absy 2000; Vale Jr. and Souza 2005, Santos 2005). Além das espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, esta ecorregião predominantemente de vegetação aberta apresenta espécies que não ocorrem no Cerrado do Brasil Central ou nas outras savanas da região amazônica. A conexão entre as bacias dos rios Amazonas e Essequibo e a formação de milhares de lagos temporários durante o período chuvoso desempenha um papel importante e ainda desconhecido para a distribuição dos organismos aquáticos e aves migratórias. Além disso, é importante salientar o risco de perda da biodiversidade em curto prazo devido à substituição da paisagem natural por monoculturas de arroz e soja, além da silvicultura de larga escala (Lowe-Mcconnell 1963, Capobianco et. al. 2001, Aguiar and Camargo 2004, Oliveira and Marquis 2001). O grupo das aves é o mais bem estudado nas savanas, seguido pela herpetofauna e pela ictiofauna. Entretanto, para todos os grupos existem algumas fitofisionomias das savanas que ainda não foram amostradas. Os invertebrados e mamíferos são os grupos menos estudados. A maior parte das informações sobre a ocorrência desses dois grupos é resultado dos inventários do Projeto Maracá, realizado pelo governo brasileiro em parceria com a Royal Geografic Society, entre 1986-88 (Hemming and Ratter 1993, Milliken and Ratter 1998, Rafael and Py-Daniel 1989, Nunes and Bombadilla 1997, Kinouchi and Lamberts 2005, Silva 2005). Este projeto foi desenvolvido na Estação Ecológica de Maracá, uma unidade de conservação de Roraima situada na Ilha de Maracá e gerenciada pelo governo brasileiro através do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Entretanto, como estes inventários foram concentrados em ambiente florestal contínuo, a fauna da savana foi coletada apenas nos pequenos enclaves de áreas abertas do interior da ilha e no ecótono floresta-savana de seu entorno. Desta forma, a lista de espécies de Maracá não apresenta uma amostra representativa, mas oferece uma evidência indireta sobre a fauna das savanas, mesmo sem determinar em que medida ou com que freqüência estas espécies utilizam os recursos da savana. Artrópodes Com exceção de alguns visitantes florais e alguns insetos de interesse médico, quase todas as informações sobre os insetos e aracnídeos coletados nas savanas estão contidas na lista de espécies do Projeto Maracá, onde constam cerca de 1200 espécies, distribuídas em 18 ordens e 120 famílias (Silva 2005, Milliken and Ratter 1998, Lise 1998, Rafael et. al. 1997, Rafel 1991, Hemming and Ratter 1993, Rafael and Py-Daniel 1989, Kinouchi and Lamberts 2005).

Alguns dados sobre a distribuição de borboletas, libélulas e vespas mostram que as espécies da savana são mais comuns e amplamente distribuídas, em contraste com as espécies da floresta, mais raras e menos abundantes. Para esses três grupos, mais da metade das espécies coletadas nas savanas não foram registradas em outros ambientes, mostrando que existe um grupo de espécies exclusivo das áreas abertas (Hemming and Ratter 1993, Machado et al. 1991, Mielke and Casagrande 1991, Rafael and Py-Daniel 1989, Raw 1998, Milliken and Ratter 1998).

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Embora os inventários realizados em Maracá representem o esforço de coleta mais expressivo já realizado, não foram coletados representantes das ordens Collembola e Ephemeroptera, nem das classes Chilopoda (centopéias), Diplopoda (embuá, piolho-de-cobra) e Crustacea. Além disso, algumas ordens importantes pela riqueza de espécies como Coleoptera (besouros) e Hemiptera (percevejos) foram amostradas muito superficialmente (Rafael and Py-Daniel 1989, Hemming and Ratter 1993, Bührnheim 1991, 1998, Barrett 1998, Kinouchi and Lamberts 2005).

Atualmente equipes do INPA (ligadas ao Programa de Pesquisa em Biodiversidade e à Coordenação de Pesquisas em Entomologia) estão realizando o primeiro estudo sistemático sobre a fauna de solo, artrópodes arborícolas e invertebrados aquáticos conduzido estritamente na região das savanas.

Ictiofauna Com a recente atualização feita por Ferreira et. al. (2007), a lista de espécies da bacia do rio Branco (que banha sistemas florestais e não-florestais) passa a ter cerca de 500 espécies, a maior parte pertencentes às ordens Characiformes, Siluriformes e Perciformes. A maior parte dos exemplares coletados em Roraima estão depositados nas coleções ictiológicas do INPA, em Manaus, do Museu da Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, e do Museu Integrado de Roraima (MIRR), em Boa Vista (Briglia-Ferreira 2004; 2005; Ferreira et al. 2007, Hemming and Ratter 1993, Alves-Gomes 1997, Nascimento 2002a). Embora não exista uma lista de espécies coletadas estritamente para a ecorregião das savanas, mas é provável que a maioria das espécies coletadas ao longo da calha do rio Branco e de seus principais formadores ocorra também no seu curso médio, entrando em contato com a região de vegetação aberta.

A região das savanas é de especial importância para a conservação da ictiofauna por ser, entre outras coisas, rota obrigatória para os peixes que ocorrem no curso médio dos rios Tacutu e Uraricoera, principais formadores do rio Branco (Briglia-Ferreira 2005). Entretanto, boa parte da região ainda não foi amostrada, sobretudo os lagos temporários que se formam durante o período chuvoso, e a parte norte onde se localizam as savanas estépicas. É importante ressaltar que existem milhares destes lagos temporários distribuídos na porção centro-sul das savanas, abrigando uma fauna de peixes e outros organismos aquáticos que ainda precisa ser avaliada.

Outro fator importante para a distribuição da fauna de organismos aquáticos é a conexão temporária entre as redes de drenagem do Amazonas e do Essequibo durante o período das cheias. Neste período, as águas dos rios Tacutu e Rupununi são compartilhadas numa zona de savana alagada que os povos indígenas denominam de lago Amuku. Dezenas de espécies de peixe que habitam os lagos das savanas foram coletados nestas águas comuns durante o período de reprodução. As coletas realizadas na região das savanas do Rupununi chegam a valores próximos aos encontradas para o estado de Roraima. Na floresta de Iwokrama (Guiana) e no seu entorno, habitado por índios da etnia Macuxi, foram registradas cerca de 461 espécies de peixes (Watkins et al. 2004, Forte 1996). Herpetofauna

Os inventários da herpetofauna foram conduzidos em diversas regiões das savanas, incluindo suas ilhas de mata e florestas de galeria, revelando a ocorrência de espécies que não foram coletadas em nenhuma outra região de Roraima (Nascimento

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2005). Os estudos sistemáticos sobre a herpetofauna de Roraima tem inicio com os trabalhos de Cunha and Nascimento (1980, 1981) e ganham impulso com as pesquisas da equipe de Paulo Vanzolini e Celso Morato de Carvalho, que fornecem informações não apenas sobre a riqueza de espécies, mas também sobre a diversidade, variabilidade, ecologia e biogeografia da herpetofauna das savanas. As coletas foram realizadas em diversas fitofisionomias, incluindo as savanas estépicas, região menos amostrada para todos os grupos da fauna. As localidades amostradas estão na bacia dos rios Branco, Surumu, Tacutu, Uraricoera, Mucajai, Maú, Parimé, igarapé Água Boa, Lago Caracaranã e Monte Caburaí (Nascimento 2002b, 2003, 2005, SMGA 2006, Strong 2005, Rebelo et al. 1997).

Das 158 espécies de répteis e anfíbios registradas em Roraima, 76 são encontradas nas savanas. A ordem Ofídia apresentou 34 espécies distribuídas em cinco famílias, seguida da ordem Anura com 20 espécies em cinco famílias. Completam a lista 17 espécies de lagartos distribuídas em oito famílias, três crocodilianos e dois quelônios terrestres (Nascimento 2005) Mesmo fora das listas oficiais, diversas espécies de quelônios aquáticos ocorrem na faixa do rio Branco que corta as savanas. Avifauna

Mais da metade das aves encontradas na Amazônia é residente em Roraima. A lista mais atualizada cita 736 espécies, incluindo 31 migradoras além de 44 não registradas em outras regiões do país. Nas savanas de Roraima foram observadas 291 espécies, um número considerado alto levando em conta que 84% do Estado é coberto por florestas e que a maioria das aves registradas em Roraima é dependente de formações florestais. Considerando também as aves listadas para as savanas do Rupununi, na Guiana, esse número chega a 503 espécies,. Esta região de savanas do extremo norte amazônico é importante para a conservação da avifauna numa escala continental não só devido à presença de espécies endêmicas ou vulneráveis, mas também por suas particularidades e divergências com a fauna do Cerrado do Brasil Central e das outras savanas amazônicas, onde a maioria das espécies é dependente de formações florestais. Numa escala local, a fauna de aves do lavrado (ecorregião das savanas) forma um grupo a parte, apresentando baixa similaridade com a fauna dos outros ambientes encontradas em Roraima (Naka et. al. 2006, Santos 2004, 2005, Phelps 1938, Phelps and Phelps 1947, 1962, Phelps 1973, Stotz 1997, Cohn-Haft et al. 1997, Nascimento 2002a, 2003, Oren 2001)

Das 13 áreas globalmente importantes para conservação em Roraima, oito estão no lavrado, principalmente na porção sul, onde também se concentra a metade das áreas localmente importantes para a conservação (Santos 2005). Por se tratar de área plana, perto das estradas e fora das terras indígenas, são áreas pretendidas para a expansão das lavouras de soja, arroz e silvicultura (Cordeiro 2005, Gianluppi and Smiderle 2005, Arco-Verde et. al. 2005)

As unidades de conservação (UCs) de proteção integral e as terras indígenas (TIs) representam mais da metade da área territorial e abrigam, juntas, 88% das espécies de aves residentes em Roraima. Embora a maior parte das aves de Roraima esteja representada dentro do sistema de UCs, muitas espécies de aves do lavrado ocorrem apenas em áreas sob forte pressão do agronegócio onde não existem projetos de conservação ou políticas públicas voltadas para a proteção destas espécies. Um dos impactos mais comuns, além da destruição do habitat, é a mortalidade de aves em conseqüência da aplicação de venenos nas lavouras de arroz (Cordeiro 2005).

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O lavrado, de acordo com Santos (2005), abriga mais de 90 espécies vulneráveis e pelo menos seis espécies endêmicas. Embora não constem da lista oficial de espécies brasileiras ameaçadas de extinção, duas espécies destas áreas abertas estão na lista da IUCN: Poecilurus kollari (vulnerável) e Cercomacra carbonaria (em perigo), com alto risco de extinção no curto prazo (Santos 2004).

A fauna das savanas de Roraima, em sua maioria, não é dependente de formações florestais, e apresenta mais similaridade com a fauna das áreas abertas da Venezuela (llanos) do que com a fauna do cerrado do Brasil Central ou com as outras savanas amazônicas. A maior parte das quase 60 famílias de aves observadas nas savanas locais estão representadas por menos de cinco espécies cada uma. As famílias mais bem representadas são Tyrannidae (23), Emberizidae (15) e Accipitridae (17). Apenas uma família (Burhinidae) foi registrada exclusivamente nas savanas (Stotz 1997, Borges 1994, Santos 2005). Embora os pontos de amostragem de aves estejam bem distribuídos, o número de espécies ainda está subestimado uma vez que as fitofisionomias das savanas estépicas (alta altitude) ainda não foram suficientemente amostradas.

Mamíferos

Não existe uma lista de mamíferos coletados estritamente nas savanas. A maior parte do esforço de coleta de mamíferos foi concentrado na ilha de Maracá, no Brasil, e na floresta de Iwokrama, Guiana, duas UCs de proteção integral. Entretanto, estes estudos fornecem apenas evidências indiretas, uma vez que os inventários foram realizados principalmente no interior das florestas, incluindo em alguns casos o ecótono floresta-savana. Ainda assim estas informações contribuem para o conhecimento da fauna da savana, já que muitas espécies utilizam a borda da mata, as ilhas de mata e as matas ciliares, embora não seja possível determinar em que freqüência ou com que intensidade estas espécies utilizam os recursos das savanas.

A maioria das fitofisionomias da savana, entretanto, não foi inventariada, sobretudo as savanas estépicas do extremo norte do Estado. Também é importante mencionar que os sistemas florestais que pertencem às savanas de Roraima como as ilhas de mata, matas de galeria e florestas de média e alta altitude, permanecem sub-amostrados.

Alguns estudos de curta duração foram conduzidos nos arredores da cidade de Boa Vista, nas localidades do Surumu e Limão (TI Raposa-Serra do Sol) e na região das montanhas Kanuku, na Guiana, fronteira com o Brasil. Embora o conhecimento das populações indígenas não seja registrado com o rigor metodológico dos taxonomistas, os levantamentos etno-ambientais realizados nos dois países também acrescentam informações importantes sobre os mamíferos das savanas.

Embora a riqueza de espécies tenha sido maior em Iwokrama (225) que em Maracá (96), a fauna de mamíferos das duas áreas apresenta muita similaridade. Quase todas as espécies das Ordens Carnívora, Primates, Xenarthra e Didelphimorphia coletados em Maracá foram registrados em Iwokrama, com exceção de cinco espécies (Ateles belzebuth belzebuth, Aotus trivirgatus, Nasua nasua, Dasypus septemcintus e Conepatus semistriatus). As principais diferenças entre as listas são observadas para os morcegos (121 em Iwokrama e 48 em Maracá) e pequenos mamíferos, além dos mamíferos aquáticos das Ordens Cetácea e Sirenia, estes últimos não observados em Maracá.

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Considerando apenas as coletas realizadas em Maracá, Boa Vista e TI Raposa-Serra do Sol, foram registradas pouco mais de 102 espécies de mamíferos (48 morcegos) distribuídas entre as ordens Carnívora, Perissodactyla, Artiodactyla, Primates, Chiroptera, Xenarthra, Rodentia e Didelphimorphia. Entre estas figuram algumas espécies vulneráveis ou em perigo de extinção como Panthera onca (onça) Tapirus terrestres (anta), Pteronura brasiliensis (ariranha), Mazama americana (veado) e Myrmecophaga tridactyla (tamanduá-bandeira) (SMGA 2006, Cordeiro and Oliveira 2005, Weksler et al. 2001, Nunes et al. 1988, Nunes and Bobadilla 1997, Mendes-Pontes 1997, 2002).

Nas montanhas Kanuku foi realizado um levantamento rápido, onde foram registradas 38 espécies, sendo 31 morcegos, quatro roedores e três marsupiais. Os levantamentos etno-ambientais realizados com os povos indígenas da etnia Macuxi citam a ocorrência de 52 espécies, 33 usadas na alimentação.

Entre as espécies mais conhecidas listadas para as savanas de Roraima figuram a onça parda (Puma concolor), raposa (Cerdocyon thous), lontra (Lontra longicaudis), queixada (Tayassu pecari), caititu (Tayassu tacaju), capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), paca (Agouti paca), cutias (Dasyprocta leporina, Dasyprocta agouti), tatus (Dasypus novemcintus, D. kappleri, D. septemcintus), além de seis espécies de macacos, tatus e marsupiais (SMGA 2006, Cordeiro and Oliveira 2005, Weksler et al. 2001, Nunes et al. 1988, Nunes and Bobadilla 1997, Tabela 4). *** Tabela 4 STATUS DE CONSERVAÇÃO DO “LAVRADO”

A biodiversidade do lavrado, imaginado como um grande sistema de paisagens florestais e não-florestais, é ainda pouco conhecida, dificultando a proposição adequada de áreas prioritárias para a conservação neste ecossistema quando o objetivo é a conservação de espécies endêmicas ou regiões de alta diversidade biológica. Além de pouco conhecida, a biodiversidade das savanas regionais é pouco protegida, não existindo nenhuma UC que inclua uma porção significativa das fitofisionomias de savanas existentes nesta ecorregião amazônica. Considerando o sistema de UCs de Roraima, a representatividade do lavrado é baixa, equivalendo a menos de 0,5% (198 km2) da sua área de cobertura. O Parque Nacional (PARNA) Monte Roraima, que está totalmente em sobreposição com a TI Raposa-Serra do Sol, é a única UC que possui uma área contínua significativa de savana equivalente a 99 km2 (8,7% da área do PARNA) coberta por um mosaico de savana estépica florestada, arbórea, parque e gramíneo-lenhosa (Fig. 4). *** Figura 4 Levando em consideração as bases de dados e os mapas elaborados na escala de 1:250.000 pelo Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM 2004), cerca de 70% das savanas de Roraima são cobertas por fitofisionomias de vegetação tipicamente aberta (open savannas), 14% por ecótonos savana-floresta, 5.3% por florestas estacionais e 2.3% por florestas ombrófilas (see Fig. 3 and Tabela 1). Os corpos d’água, refúgios montanos e buritizais são as fisionomias menos representadas no lavrado nesta escala, contribuindo, juntas com menos de 1% da cobertura original. As duas últimas fitofisionomias e os ecótonos savana-floresta são considerados prioritários para

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conservação pela sua baixa representatividade e por possuírem características únicas das faixas de transição das savanas com as demais formações vegetais. Os refúgios montanos estão localizados principalmente no extremo norte de Roraima na transição das savanas de altitude do lado brasileiro, com as savanas do Rupununi (Guiana) e da Gran Sabana (Venezuela). As serras do Maturuca e do Mel também estão dentro deste contexto. Nesta mesma região está localizado o PARNA Monte Roraima, que possui um mosaico de fitofisionomias de savanas abertas com manchas de florestas ombrófilas e refúgios montanos. Portanto, este PARNA possui papel importante por proteger 11,7% dos ambientes de refúgios montanos do lavrado, representando uma área de 28 km2 desse sistema raro. Na escala de trabalho do SIPAM (2004), os ecossistemas de buritizais, da mesma forma que os refúgios montanos, são pouco visíveis, embora eles povoem amplamente toda a região das savanas de Roraima. Este tipo de paisagem, que envolve sistemas de mata de galeria e ecossistemas aquáticos como lagos e pequenos rios, são especialmente importantes para a manutenção dos recursos hídricos e do trânsito gênico de diferentes espécies animais e vegetais do lavrado. Sua conservação deveria ser prioridade regional para que se entenda de melhor forma qual a real função e importância ecológica destes sistemas ao se considerar a sua fauna associada (consumidores e dispersores de frutos), além do como a fauna e a flora os utilizam como refúgio e corredor de deslocamento. As TIs possuem papel fundamental na preservação das savanas (Fig 5). Mais da metade do ecossistema, 24.864 km2 (57.3%), é ocupado por 27 TIs, pertencentes às etnias Macuxi, Patamona, Ingaricó, Taurepang e Wapichana. Apenas a TI Raposa-Serra do Sol, somada com a de São Marcos representam, juntas, 48.3% de toda a área do lavrado. Sua importância é ainda mais significativa quando analisamos a representatividade das paisagens fitofisionômicas e sua ocorrência nas TIs, principalmente para aquelas que ocorrem em menos de 1% deste macro-ecossistema e que possuem mais de 90% de freqüência nas TIs. São elas: (1) as Florestas Estacionais com Buritis presentes na TI Raposa-Serra do Sol, microbacia do Rio Viruquim; (2) as Florestas Ombrófilas Montanas no PARNA Monte Roraima pertencente à TI Raposa-Serra do Sol; (3) as Florestas Estacionais com Refúgios montanos presentes na bacia do Surumú, TI São Marcos; (4) as Florestas Ombrófilas com Refúgios montanos presentes na microbacia do rio Ailã, região do PARNA Monte Roraima e (5) as manchas de savanas florestadas presentes na microbacia do Surumú, TI São Marcos, e nas microbacias dos rios Mau, Contigo e Uailan na TI Raposa-Serra do Sol. Algumas áreas pertencentes aos territórios indígenas são de especial destaque: (1) os refúgios montanos da Serra do Mel na TI São Marcos; (2) os refúgios montanos da Serra do Maturuca na TI Raposa-Serra do Sol e (3) a região de afloramentos rochosos associados à savana arbórea na região da Serra do Mel, na TI São Marcos. *** Figura 5 Desconsiderando a área das TIs no lavrado, 35.2% do restante de sua área estão ocupados por propriedades rurais e 4,4% por assentamentos da reforma agrária georreferenciados até março de 2004 pela superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária em Roraima (INCRA-Roraima). A maior concentração de propriedades rurais (65%) ocorre nos municípios de Boa Vista e Bonfim, a maioria entre 100 e 1.000 ha (41%). No entanto, são as grandes propriedades (> 1.000 ha) que ocupam 80% da área total das propriedades. É também no município de Boa Vista que

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se localizam os mais recentes assentamentos da reforma agrária existentes nas savanas de Roraima: o Projeto de Assentamento Nova Amazônia (PANA), com as glebas Murupú-Cauamé e Truarú. Entretanto, o primeiro assentamento dirigido e tipicamente experimentado em ecossistemas de savanas em Roraima foi estabelecido no início dos anos 1980, na região do Monte Cristo, vizinha à cidade de Boa Vista (Oliveira Jr. et al., 2005). Não existe uma estimativa confiável de produção e produtividade agrícola destas experiências de agricultura familiar nestes ecossistemas locais. Entretanto, a transformação de alguns lotes do Monte Cristo em chácaras de lazer e, a especulação imobiliária em vários dos lotes do PANA são constatações simples de serem realizadas devido à proximidade que estes empreendimentos de reforma agrária tem de Boa Vista. Retirando as áreas possivelmente descaracterizadas pelo uso agrícola (15.6%), as áreas de assentamentos da reforma agrária (3.8%) e as TIs (57.3%), apenas 23.3% das savanas estariam disponíveis para a criação de UCs de proteção integral, considerando o atual uso da terra. Avaliando apenas as maiores extensões de terra, três áreas são atualmente indicadas como prioritárias para conservação dos lavrados de Roraima: a Serra do Tucano e a Serra da Lua, ambas situadas na bacia do rio Tacutu; e a região dos Lagos situada no município de Boa Vista. A Serra do Tucano compreende uma região de transição entre manchas de floresta estacional, ao redor da serra, e savana gramíneo-lenhosa em mosaico com parque até o rio Tacutu, divisa norte das TIs Raposa-Serra do Sol e São Marcos. A região se destaca pela presença de paleodunas (Carneiro-Filho 1991), pela estratificação vertical da vegetação e pelas grandes extensões de Buritizais. A manutenção das manchas de floresta estacional submontana e dos buritizais é essencial para manter um nível razoável de conectividade com as grandes extensões de floresta ombrófila existentes ao sul, merecendo uma política de uso do solo que priorize sua conservação. No entanto, atualmente a região sofre pressão de uso pela rizicultura e pecuária extensiva às margens do rio Tacutu, e futuramente com a implementação do Programa Arco Norte. Este programa visa a integração de Roraima através da rodovia federal BR-401 com a Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Amapá. O projeto possui financiamento da Iniciativa para Integração da Infra-Estrutura Sul-Americana (IIRSA), com uma previsão de investimento US$ 365 milhões na região do Escudo Guayanes. Para Roraima estão previstos investimentos para duplicação da BR-401, saída para a Guiana, e construção de uma ponte sobre o rio Tacutu. Os planos políticos locais para essa área são de criação de silos de armazenamento de grãos, estímulo ao agronegócio de arroz já existente e incentivo à produção de soja. Os investimentos facilitarão o escoamento da produção através do Porto de Berbice na Guiana, ou através da construção de um porto de caráter tri-nacional no delta do Rio Courentyne, na divisa da Guiana com o Suriname. Espera-se assim que as pressões ambientais provenientes da rizicultura aumentem nos próximos cinco anos. As pressões estão centradas na canalização de grandes volumes de água para a irrigação do arroz, entre 12 e 15.000 m3.ha-1 em contraste com os 8.000m3.ha-1 utilizado no sul do país; a percolação do excedente dos 500 kg.ha-1 de fertilizantes (N, P, K e Zn) utilizados na produção; o uso de inseticidas através de pulverizações aéreas para o controle de pragas; o uso do herbicida Roudup (Cordeiro 2005); o desmatamento das áreas de Proteção Permanente e a crescente erosão das margens do rio Tacutu. É urgente para essa área um plano de uso sustentável a exemplo do que vem ocorrendo na rodovia BR-163 Cuiabá-Santarém no Pará (baseado na ALAP, Decreto 5886 – 13.02.2006) A região da Serra da Lua se destaca por ser a única área de transição entre o lavrado, as campinas/campinaranas e as florestas ombrófilas de Roraima. É nesta região

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que nascem as microbacias dos rios Quitauaú, Urubu e Baraúna. A área é altamente heterogenia tanto pela existência das zonas de ecótonos, quanto pela proximidade com o complexo rochoso da Serra da Lua, com mais de 1.000 m de altitude. Na região dominada pelas savanas predominam as tipologias arbóreas e parque com encraves de floresta estacional submontana, ecótono floresta ombrófila densa-savana, e ecótono floresta estacional aluvial-savana existentes ao longo do rio Tacutu. A região encontra-se altamente ameaçada pelo crescente avanço da fronteira de desmatamento promovida pela invasão de terras públicas. Esse movimento é estimulado pela presença de quatro assentamentos da reforma agrária na região de entorno da Serra da Lua, os Programas de Assentamento União, Esperança, Taboca e Vilhena, criados pelo INCRA em áreas de floresta primária no contato com as áreas abertas das savanas. A área ainda apresenta alta conectividade com sistemas florestais e cinco TIs, constituindo uma zona estratégica para a formação de um mosaico de áreas protegidas. Por sua importância, a área de lavrado da região da Serra da Lua é proposta para conservação também no Zoneamento Ecológico Econômico de Roraima (Marques et al. 2002). O lavrado apresenta um sistema de lagoas perenes ou estacionais relacionadas a redes de drenagens jovens e pouco desenvolvidas. Elas se formam em regiões planas associadas a bacias pequenas, geralmente sem influência de descargas fluviais de médio e grande porte, existentes na Formação Boa Vista (Simões-Filho et al. 1997). Essas regiões se destacam para a conservação tanto pela importância hidrológica quanto pela fauna e flora associada. As lagoas estão diretamente relacionadas à recarga dos aqüíferos e podem ou não estar interligadas entre si, ou com igarapés e buritizais. Essas lagoas possuem alta diversidade de espécies quando analisadas em conjunto, tendo sido registradas para a bacia do igarapé Auai Grande, no município de Boa Vista, 90 espécies de plantas aquáticas (Carranza 2006). A região de lagos existente à oeste da cidade de Boa Vista, na fronteira dos municípios de Boa Vista e Alto Alegre, se destaca como área prioritária para conservação no Estado tanto pela rede de drenagem quanto pelos organismos associados. Esses lagos fazem parte do sistema de drenagem dos rios Cauamé e Mucajaí, tributários diretos do rio Branco. A pressão antrópica sob esse sistema vem crescendo com a expansão do limite urbano de Boa Vista, onde o estabelecimento de bairros provenientes de invasões, ou mal planejados, tem acarretado degradação de igarapés urbanos, problemas de saúde pública e saneamento. Apesar de constituírem áreas protegidas por lei, a falta de uma política de fiscalização e proteção desses mananciais tem colocado em risco essas áreas próximas aos centros urbanos. A criação de unidades de conservação que protejam esses ambientes é urgente para Roraima. CONSIDERAÇÕES FINAIS Mesmo avançando muito nos últimos anos, ainda há lacunas a serem cobertas para melhorar a compreensão biológica das savanas de Roraima. Sua caracterização estrutural, dinâmica ecológica e reconhecimento da biodiversidade colaboram no entendimento das diferenças ou similaridades existentes entre os grandes sistemas abertos sul-americanos. Além disto, há um pequeno avanço na determinação das potencialidades naturais destes ecossistemas, no sentido de implementar políticas públicas de gestão ambiental que se traduzam em realidades regionais. Uma maior evolução na investigação da flora e da fauna regional demonstraria, em bases científicas sólidas, que as savanas de Roraima talvez não sejam tão pobres quanto se imagina. Seu valor para conservação não deve ser apenas medido pela riqueza de espécies, mas

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também pela proteção de mananciais hídricos, conservação do carbono terrestre, corredor ecológico e patrimônio cênico que fazem das savanas de Roraima uma região ecologicamente insubstituível na Amazônia. Estes ambientes regionais possuem identidade ecológica própria sem, no entanto, possuir uma única unidade de conservação que preserve sua riqueza biológica. A falta de áreas de conservação da riqueza biológica nestes ambientes do extremo norte amazônico é um descompasso e um retrocesso nos avanços que o Brasil realizou nos últimos anos por todo o Bioma Amazônia. As iniciativas promovidas pelo Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA) nas reuniões realizadas nas cidades de Brasília, Cuiabá, Belém e Manaus ao final de 2006 apropriaram o momento para se iniciar uma discussão deste tipo, ao mesmo tempo em que há um forte processo de expansão da agricultura e da silvicultura empresariais por toda esta grande área chamada de “lavrado”. A colaboração entre instituições e grupos de pesquisa que atuam nestas savanas, compartilhadas pelo Brasil, Guiana e Venezuela, deveria ser estimulada com o objetivo de fomentar projetos de cooperação internacional capazes de preencher as lacunas de amostragem e sistematizar o conhecimento gerado nos três países. Este seria um passo importante para a construção de políticas públicas internacionais conjuntas para a conservação de todo este bloco paisagístico do extremo norte amazônico. REFERÊNCIAS Ab'Saber AN (1997) A Formação Boa Vista: O significado geomorfológico e geoecológico no contexto do relevo de Roraima. In: Barbosa RI, Ferreira EJ, Castellón E (eds.) Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima. INPA/Manaus. p. 267-293. Aguiar LM, Camargo AJA (2004). Cerrado: ecologia e caracterização. Brasília, Embrapa. p. 41-68. Alencar MMF, Carneiro-Filho A, Costa JAL (2006). Mapeamento e dinâmica pré-atual das savanas amazônicas. In: Anais da XV Jornada de Iniciação Científica PIBIC/CNPq/FAPEAM/INPA, Manaus 11-14 de julho de 2006. p. 93-94. Alves-Gomes JA (1997) Informações preliminares sobre a bio-ecologia de peixes elétricos (Ordem Gymnotiformes) em Roraima. In: Barbosa RI, Ferreira EJ, Castellón E (eds.) Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima. INPA/Manaus. p. 509-555. Araújo WF, Andrade Jr AS, Medeiros RD, Sampayo RA (2001) Precipitação pluviométrica mensal provável em Boa Vista, Estado de Roraima, Brasil. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental 5(3), 563-567. Arco-Verde M F, Tonini H, Mourão Jr M (2005) A silvicultura nas savannas de Roraima. In: Barbosa, R. I.; Xaud, H. A. M.; Costa e Souza, J. M. (eds.) Savanas de Roraima: Etnoecologia, Biodiversidade e Potencialidades Agrossilvipastoris. FEMACT-RR, Boa Vista. p. 195-200. Barbosa RI (1997) Distribuição das chuvas em Roraima. In: Barbosa RI, Ferreira EJG, Castellon EG (eds.) Homem, Ambiente e Ecologia em Roraima. INPA, Manaus. p. 325-335.

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Fig. 1 Distribuição aproximada das savanas (cinza escuro) derivadas do Bioma Amazônia (cinza claro), incluindo áreas do Bioma Cerrado (Brasil Central). Em destaque no extremo norte brasileiro o estado de Roraima e o Complexo de Savanas entre Brasil, Guiana e Venezuela.

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24

0

100

200

300

400

Jan Feb Mar Apr Mai Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec

mm

24

26

28

30

o C

Rain Temperature

Fig. 2 Precipitação (mm) e temperatura (oC) média mensal da cidade de Boa Vista, Roraima.

Fig. 3 - Fitofisionomias presentes nas savanas de Roraima.

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Figura 4 - Unidades de Conservação (UC) com presença física nas savanas de Roraima.

Figura 5 - Terras Indígenas (TI) presentes nas savanas de Roraima (cinza claro – áreas de savanas / cinza escuro – terras indígenas) .

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TABELAS Tabela 1 - Área dos ecossistemas “florestais” e “não-florestais” presentes na ecorregião das savanas de Roraima.

Sistemas Grupos Ecossistemas Código1 Área km2 % FLORESTAL Ecótonos Floresta Estacional-Savana SN 3479 8.02 Floresta Ombrófila-Campinarana LO 104 0.24

Floresta Ombrófila-Floresta Estacional ON 1126 2.60

Floresta Ombrófila-Savana SO 1372 3.16 Sub-total Ecótonos 6081 14.0 Estacional Semidecidual (Degradada) F (AA) 178 0.41 Semidecidual Aluvial Fa 259 0.60 Semidecidual Submontana Fs 1841 4.25 Sub-total Estacional 2277 5.3 Ombrófila Aberta Submontana As 580 1.34 Densa Aluvial Da 0 0.00 Densa Montana Dm 438 1.01 Densa Submontana Ds 1 0.002 Sub-total Ombrófila 1019 2.3

Savana Florestada Savana Florestada Sd - -

Savana Estépica Florestada Td 3396 7.83 Sub-total Savana+Savana Estépica 3396 7.83 Total Florestal 12773 29.5 NÃO-FLORESTAL Pioneiro Buritizal Pa 28 0.06

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Sub-total Pioneiro 28 0.06 Refúgio Montano Refúgio Montano rm 1 0.002 Sub-total Refúgio Montano 1 0.002 Savana Savana Gramíneo-lenhosa Sg 9643 22.24 Savana Parque Sp 12473 28.77 Savana Arbórea Sa 4088 9.43 Savana Estépica Gramíneo-lenhosa Tg 915 2.11 Savana Estépica Parque Tp 3022 6.97 Savana Estépica Arbórea Ta 3 0.01 Savana Antropizada S (AA) 117 0.27 Sub-total Savana+Savana Estépica 30262 69.8 Total Não-Florestal 30290 69.9 ÁGUA Massa de Água 294 0.68 Total Geral 43,358 100 1 Código utilizado pelo sistema brasileiro de classificação da vegetação (IBGE 1992).

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Tabela 2 – Descrição e riqueza de espécies e famílias de sistemas florestais próximos da cidade de Boa Vista, Roraima, ecorregião das Savanas da Guiana (modificado de Sette Silva, 1993).

Área Amostral

Descrição Geral do Ambiente

Classificação IBGE (1992)

Codigo IBGE (1992) Espécies (n) Gêneros (n) Famílias (n) Famílias Dominantes (por

ordem)

1Mata Galeria de pequeno

igarapé; sistema contínuo à Floresta Aluvial do rio Branco

Floresta Ombrófila Densa Aluvial Da 70 50 27 Lauraceae Chrysobalanaceae

Caesalpinaceae

2Mata Galeria de pequeno

igarapé; sistema contínuo à Floresta Aluvial do rio Branco

Floresta Ombrófila Densa Aluvial Da 102 74 35 Caesalpinaceae

Chrysobalanaceae Lauraceae

3Ilha de Mata (próximo

complexo rochoso da Serra Grande)

Contato Savana - Floresta Estacional SN 46 33 23 Arecaceae Mimosaceae

Boraginaceae

4

Mata Galeria de curso d'água de Médio porte (rio Cauamé),

sem sistema contínuo rio Branco

Floresta Estacional Semidecidual Aluvial Fa 46 33 23 Caesalpinaceae Mimosaceae

Bignoniaceae

5Mata de pequenas elevações de

basalto; 130-140m (Serra Nova Olinda)

Contato Savana - Floresta Estacional SN 56 43 28 Caesalpinaceae

Chrysobalanaceae Lauraceae

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Tabela 3 - Área basal e riqueza de espécies, gêneros e famílias das principais savanas abertas da ecorregião das “Savanas da Guiana”, Roraima (modificado de Miranda 1998 e Miranda et al. 2003).

Ambiente 1 Código IBGE (1992)

AB (m2/ha) Espécies Gêneros Famílias Famílias

Dominantes

Savana Gramíneo-lenhosa (campo

limpo) Sg 1.1 15 12 11

Malpighiaceae Loganiaceae Dilleniaceae

Savana Gramíneo-lenhosa (campo

sujo) Sg 3.4 45 35 23

Dilleniaceae Malpighiaceae

Rubiaceae

Savana Parque Sp 4.8 37 32 18 Dilleniaceae

Malpighiaceae Fabaceae

Savana Arbórea Sa 8.7 26 21 16 Dilleniaceae Annonaceae

Fabaceae

1 Inclui sub-arbustos (< 1m altura), arbustos (1-2m) e árvores (> 2m).

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Tabela 4 - Riqueza de espécies e famílias da fauna coletada exclusivamente nas savanas de Roraima.

Grupos Ordens Famílias Espécies

Artrópodes 18 120 12001

Ictiofauna 13 49 5001

Herpetofauna 5 20 76

Avifauna - 60 291

Mastofauna 8 26 103

Total Estimado - 275 2412

1 Número aproximado.