Banco Mundial financia Bagé

2
Um dia estava trabalhando em meu gabinete na Prefeitura de Bagé, quando recebi ligação do deputado federal Paulo Pimenta, que saía de uma reunião no Ministério do Planejamento, onde fora tratar da possibilidade dos municípios de Santa Maria, Pelotas e Rio Grande contraírem empréstimo junto ao Banco Mundial, com a chancela do governo federal. Até então, o banco só financiava os governos nacionais, estaduais e das capitais. Pimenta sugeriu a inclusão de Bagé e Uruguaiana no projeto. O que evidencia a importância de termos deputados comprometidos com o município. Não fosse esse vínculo, não teríamos obtido o financiamento. Fomos aceitos e passamos a liderar o consórcio dos municípios e, sob a coordenação do ex-secretário de Atividades Urbanas, Jerônimo de Oliveira Júnior, elaboramos os projetos dos cinco municípios. Recebemos do governo japonês, a fundo perdido, US$ 700 mil para custear essa fase inicial. Elaborados os projetos, recebemos, de acordo com a capacidade de endividamento do município, US$ 6,6 milhões para a execução de obras de infraestrutura e de fomento ao desenvolvimento econômico. Empregamos os recursos no asfaltamento da ligação do Caminho da Luz à avenida Espanha, por dentro dos bairros São João e São Jorge. Deixamos os recursos para o Memórias de um tempo Banco Mundial financia Bagé calçamento da Leonel de Moura Brizola e para a construção da segunda ponte do acesso aos bairros Prado Velho, Habitar e Morgado Rosa. Recapeamos a Portugal e a Presidente Vargas. Reconstruímos o Trevo do 21 e asfaltamos as ligações da zona norte à avenida Santa Tecla, na Tenente Pedro Fagundes e na São João. Foram cerca de dez quilômetros de novas pavimentações. Infelizmente, pela variação cambial - o financiamento era lastreado pelo dólar - não foi possível executar o calçamento da Caetano Goncalves, entre a Presidente Vargas e a Venâncio Aires, um belo projeto, que era nossa intenção inicial executar. Empregamos, ainda, parte dos recursos na aquisição de três mil hidrômetros para o Daeb, para ampliar a micromedição do consumo de água, na compra de sistemas de irrigação que beneficiaram 21 produtores de hortigranjeiros e 11 fruticultores, que também receberam seis mil mudas de frutíferas, adubo e calcário para a implantação dos pomares. Histórias A vida, como já disse em artigo anterior, dá muitas voltas. E uma destas aconteceu em Pelotas. O projeto do Bird contribuiu

Transcript of Banco Mundial financia Bagé

Page 1: Banco Mundial financia Bagé

Um dia estava trabalhando em meu

gabinete na Prefeitura de Bagé, quando recebi

ligação do deputado federal Paulo Pimenta,

que saía de uma reunião no Ministério do

Planejamento, onde fora tratar da

possibilidade dos municípios de Santa Maria,

Pelotas e Rio Grande contraírem empréstimo

junto ao Banco Mundial, com a chancela do

governo federal. Até então, o banco só

financiava os governos nacionais, estaduais e

das capitais.

Pimenta sugeriu a inclusão de Bagé e

Uruguaiana no projeto. O que evidencia a

importância de termos deputados

comprometidos com o município. Não fosse

esse vínculo, não teríamos obtido o

financiamento. Fomos aceitos e passamos a

liderar o consórcio dos municípios e, sob a

coordenação do ex-secretário de Atividades

Urbanas, Jerônimo de Oliveira Júnior,

elaboramos os projetos dos cinco municípios.

Recebemos do governo japonês, a fundo

perdido, US$ 700 mil para custear essa fase

inicial.

Elaborados os projetos, recebemos, de

acordo com a capacidade de endividamento

do município, US$ 6,6 milhões para a

execução de obras de infraestrutura e de

fomento ao desenvolvimento econômico.

Empregamos os recursos no asfaltamento da

ligação do Caminho da Luz à avenida

Espanha, por dentro dos bairros São João e

São Jorge. Deixamos os recursos para o

Memórias de um tempo

Banco Mundial financia Bagé

calçamento da Leonel de Moura Brizola e para

a construção da segunda ponte do acesso aos

bairros Prado Velho, Habitar e Morgado Rosa.

Recapeamos a Portugal e a Presidente

Vargas. Reconstruímos o Trevo do 21 e

asfaltamos as ligações da zona norte à

avenida Santa Tecla, na Tenente Pedro

Fagundes e na São João. Foram cerca de dez

quilômetros de novas pavimentações.

Infelizmente, pela variação cambial - o

financiamento era lastreado pelo dólar - não

foi possível executar o calçamento da Caetano

Goncalves, entre a Presidente Vargas e a

Venâncio Aires, um belo projeto, que era

nossa intenção inicial executar.

Empregamos, ainda, parte dos recursos

na aquisição de três mil hidrômetros para o

Daeb, para ampliar a micromedição do

consumo de água, na compra de sistemas de

irrigação que beneficiaram 21 produtores de

hortigranjeiros e 11 fruticultores, que também

receberam seis mil mudas de frutíferas,

adubo e calcário para a implantação dos

pomares. Histórias

A vida, como já disse em artigo anterior,

dá muitas voltas. E uma destas aconteceu em

Pelotas. O projeto do Bird contribuiu

Page 2: Banco Mundial financia Bagé

decisivamente para as vitórias de Bernardo de

Souza, em 2004, e de Fetter Júnior, em 2008.

Quando começamos a construir o projeto, o

atual deputado federal Fernando Marroni

governava Pelotas. Ele se utilizou da proposta

em sua campanha de reeleição em 2004,

dizendo que estava em fase final de

elaboração o projeto e que haveria recursos

para asfaltar dezenas de ruas, entre outras

ações. A campanha de Bernardo, e do seu

vice, Fetter, desconstruiu a iniciativa, dizendo

que era tudo mentira, que nada daquilo iria

acontecer. Chamaram Marroni de Pinóquio.Venceram a eleição, Bernardo deixou a

prefeitura em função de doença e Fetter

Memórias de um tempo

TARSO Governador 13 - OLÍVIO Senador 131 - DILMA Presidenta 13

*Esse texto faz parte de Memórias de Um Tempo, uma série publicada no Jornal Minuano de Bagé, em que procurei resgatar fatos de nossa gestão de oito anos na Prefeitura Municipal.

executou os projetos do Marroni, financiados

pelo Banco Mundial. Em 2008, concorrendo

novamente contra Marroni, Fetter

propagandeou as obras, muitas delas

executadas a toque de caixa no período

eleitoral, daquilo que ele dizia ser mentira.

Portanto, Marroni foi derrotado duas vezes por

uma grande obra que levou para Pelotas.

Outra: mesmo com a saída do PDT do

nosso primeiro governo, resolvemos dar o

nome de Leonel de Moura Brizola àquela

avenida, em reconhecimento ao papel

histórico daquele grande homem na política

nacional.