Balanço Social

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Um pouco da história do Balanço Social Ciro Torres * Desde o início do século XX registram-se manifestações a favor deste tipo de comportamento. Contudo, foi somente a partir dos anos 60 nos Estados Unidos da América e no início da década de 70 na Europa - particularmente na França, Alemanha e Inglaterra - que a sociedade iniciou uma cobrança por maior responsabilidade social das empresas e consolidou-se a própria necessidade de divulgação dos chamados balanços ou relatórios sociais. A idéia de responsabilidade social das empresas popularizou- se, nos anos 70, na Europa. E foi a partir desta idéia, que em 1971 a companhia alemã STEAG produziu uma espécie de relatório social, um balanço de suas atividades sociais. Porém, o que pode ser classificado como um marco na história dos balanços sociais, propriamente dito, aconteceu na França em 72: foi o ano em que a empresa SINGER fez o, assim chamado, primeiro Balanço Social da história das empresas. Na França, várias experiências consolidaram a necessidade de uma avaliação mais sistemática por parte das empresas no âmbito social. Até que em 12 de julho de 1977, foi aprovada a Lei 77.769, que tornava obrigatória a realização de Balanços Sociais periódicos para todas as empresas com mais de 700 funcionários. Este número caiu posteriormente para 300 funcionários. No Brasil, os ventos desta mudança de mentalidade empresarial já podem ser notados na “Carta de Princípios do Dirigente Cristão de Empresas” desde a sua publicação, em 1965, pela Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas do Brasil (ADCE Brasil). Na década de 80, a Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (FIDES) chegou a elaborar um modelo. Porém, só a partir do início dos anos 90 é que algumas empresas - muito poucas - passaram a levar a sério esta questão e divulgar sistematicamente em balanços e relatórios sociais as ações realizadas em relação à comunidade, ao meio ambiente e ao seu próprio corpo de funcionários. Desta forma, o Balanço Social da Nitrofértil, empresa estatal situada na Bahia, que foi realizado em 1984, é considerado o primeiro documento brasileiro do gênero, que carrega o nome de Balanço Social. No mesmo período, estava sendo realizado o BS do Sistema Telebras, publicado em meados da década de 80. O do Banespa, realizado em 1992, compõe a lista das empresas precursoras em BS no Brasil.

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Um pouco da história do Balanço Social Ciro Torres * Desde o início do século XX registram-se manifestações a favor deste tipo de comportamento. Contudo, foi somente a partir dos anos 60 nos Estados Unidos da América e no início da década de 70 na Europa - particularmente na França, Alemanha e Inglaterra - que a sociedade iniciou uma cobrança por maior responsabilidade social das empresas e consolidou-se a própria necessidade de divulgação dos chamados balanços ou relatórios sociais. A idéia de responsabilidade social das empresas popularizou-se, nos anos 70, na Europa. E foi a partir desta idéia, que em 1971 a companhia alemã STEAG produziu uma espécie de relatório social, um balanço de suas atividades sociais. Porém, o que pode ser classificado como um marco na história dos balanços sociais, propriamente dito, aconteceu na França em 72: foi o ano em que a empresa SINGER fez o, assim chamado, primeiro Balanço Social da história das empresas. Na França, várias experiências consolidaram a necessidade de uma avaliação mais sistemática por parte das empresas no âmbito social. Até que em 12 de julho de 1977, foi aprovada a Lei 77.769, que tornava obrigatória a realização de Balanços Sociais periódicos para todas as empresas com mais de 700 funcionários. Este número caiu posteriormente para 300 funcionários. No Brasil, os ventos desta mudança de mentalidade empresarial já podem ser notados na “Carta de Princípios do Dirigente Cristão de Empresas” desde a sua publicação, em 1965, pela Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas do Brasil (ADCE Brasil). Na década de 80, a Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (FIDES) chegou a elaborar um modelo. Porém, só a partir do início dos anos 90 é que algumas empresas - muito poucas - passaram a levar a sério esta questão e divulgar sistematicamente em balanços e relatórios sociais as ações realizadas em relação à comunidade, ao meio ambiente e ao seu próprio corpo de funcionários. Desta forma, o Balanço Social da Nitrofértil, empresa estatal situada na Bahia, que foi realizado em 1984, é considerado o primeiro documento brasileiro do gênero, que carrega o nome de Balanço Social. No mesmo período, estava sendo realizado o BS do Sistema Telebras, publicado em meados da década de 80. O do Banespa, realizado em 1992, compõe a lista das empresas precursoras em BS no Brasil.

Há muito fala-se em responsabilidade social da empresa. E, de fato, pode-se observar que algumas empresas, aqui no Brasil, têm levado a sério suas relações com a comunidade, com o meio ambiente e com seu próprio corpo de funcionários. Até porque, nos últimos anos, essas relações tornaram-se uma questão de estratégia financeira e de sobrevivência empresarial, quando pensamos a longo prazo. Isto sem falar, é claro, do lado ético e humano que a responsabilidade social envolve, e por sua vez, pode desenvolver. A função principal do balanço social da empresa é tornar público a responsabilidade social da empresa. Isto faz parte do processo de por as cartas na mesa e mostrar com transparência para o público em geral, para os atentos consumidores e para os acionistas e investidores o que a empresa está fazendo na área social. Assim, para além das poucas linhas que algumas empresas dedicam nos seus balanços patrimoniais e dos luxuosos modelos próprios de balanço social que estão surgindo, é necessário um modelo único - simples e objetivo. Este modelo vai servir para avaliar o próprio desempenho da empresa na área social ao longo dos anos, e também para comparar uma empresa com outra. Empresa que cumpre seu papel social atrai mais consumidores e está investindo na sociedade e no seu próprio futuro. E mais ainda, tem o direito, antes do dever, de dar publicidade às suas ações. Porém, esta propaganda será cada vez mais honesta e verdadeira, na justa medida em que utilizar parâmetros iguais e permitir comparações por parte dos consumidores, investidores e da sociedade em geral. Assim, desde meados de 1997 o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, e o Instituto Brasileiro de Análise Sociais e Econômicas (Ibase) vêm batendo na mesma tecla e chamando à atenção dos empresários e

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toda a sociedade para a importância e a necessidade da realização do balanço social das empresas em um modelo único e simples. E este modelo foi desenvolvido no Ibase em parceria com diversos representantes de empresas públicas e privadas, a partir de inúmeras reuniões e debates com setores da própria sociedade. O objetivo principal de quem atua nesta área deve ser, obviamente, a diminuição da pobreza e das injustiças sociais, através da construção de uma cidadania empresarial. Ou seja, desenvolver uma sólida e profunda responsabilidade social nos empresários e nas empresas, na busca por um maior, melhor e mais justo desenvolvimento humano, social e ambiental. A ampliação do número de empresas que publiquem seu balanço social também neste modelo único deve ser o grande objetivo deste momento, e por isso, é preciso somar esforços. E cabe aqui ressaltar que se o custo de publicar um balanço social neste modelo simples é bem próximo a zero, esta decisão passa para esfera da vontade política e do nível de compromisso que cada empresa tem com a sociedade. Foi por isso que em 1997 o Ibase realizou um amplo seminário no Rio de Janeiro, em parceria com diversas empresas públicas e privadas, onde a discussão em torno da importância da realização do balanço social e da própria responsabilidade social reacendeu-se e voltou a pautar a agenda de empresas, da imprensa, de organizações não-governamentais, de institutos de pesquisa e até de instâncias de governo. Para dar prosseguimento a este último grande desafio lançado pelo sociólogo Herbert de Souza (Betinho), realizou-se outro seminário em setembro de 1998 (tendo a Petrobrás e o Jornal Gazeta Mercantil como parceiros), onde destacou-se a importância do reconhecimento e fortalecimento do ”Selo Balanço Social” que está sendo fornecido pelo Ibase às empresas que publicam seu balanço social anualmente. Algumas iniciativas de se lançar a idéia e a prática da realização do balanço social e de estímulo à responsabilidade social das empresas vêm acontecendo nos últimos anos. Porém, mais do que nunca, precisam continuar, ser ampliadas e incentivadas. Desta forma, o Ibase vem colocando em foco este tema, por acreditar que a parceria entre empresas, governo e sociedade é fundamental para reduzir a pobreza e a injustiça social, promovendo um maior progresso e desenvolvimento social e humano. Contudo, muito ainda precisa ser estudado, pesquisado, e realizado na prática para que esta idéia possa, de fato, gerar frutos concretos para toda sociedade. (*) Ciro Torres é sociólogo e coordena o Projeto Balanço Social do Ibase. Memória: O Ibase realizou o Seminário "Responsabilidade Social das Empresas e Balanço

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Objetivo do siteEste espaço na internet objetiva a divulgação do tema Responsabilidade Social Corporativa. Este tema faz parte do Projeto de Tese de Doutorado em Administração de Empresas - IAG/PUC-Rio de Patricia Almeida Ashley

e este site é parte integrante da pesquisa que está em curso.

O que é Responsabilidade Social Corporativa?Para fins de introdução ao tema, podemos nos orientar pela definição corrente de Responsabilidade Social Corporativa adotada pelo World Business Council for Sustainable Development - WBCSD, situado na Suiça, definição esta que é resultado de Diálogos Regionais em todos os continentes junto ao setor privado, governo, instituições de pesquisa e organizações não governamentais:

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Responsabilidade social corporativa é o compromisso contínuo nos negócios pelo comportamento ético, pela contribuição ao desenvolvimento econômico e melhoria da qualidade de vida dos empregados, de suas famílias e da comunidade (Fonte: WBCSD, 1999, traduzido por Patricia Almeida Ashley)

Justificativa

O tema vem crescendo no meio empresarial internacional e no Brasil.Razões para o crescente interesse:

1. destruição dos ecossistemas2. elevação da concentração de renda3. desigualdades sociais4. consumerismo5. dissolução do núcleo familiar relacionado às questões de:

a. saúde da famíliab. trabalhoc. atenção à criançad. tempo livre para o lazere. deslocamento casa-trabalho

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DESTAQUESA seguir, são apresentados destaques selecionados entre as notícias e fatos recentes que possam ser relevantes para o contexto brasileiro da Responsabilidade Social Corporativa:

Notícia transmitida pelo Clipping Terceiro Setor da Academia de Desenvolvimento Social (Recife, PE)

A pesquisa "Ação Social das Empresas" conduzida pelo IPEA na Região Sudeste do Brasil foi concluída em março/2000. Os resultados podem ser acessados no site do IPEA.

DIÁRIO DE PERNAMBUCO - Recife, 17/01/2000, notícia transmitida pelo Clipping Terceiro Setor da Academia de Desenvolvimento Social (Recife, PE)

Pesquisa da FIDES/SP, junto com a SERASA e Arthur Andersen, revela ética das empresas. Parte das empresas nacionais está mais preocupada em agradar acionistas e banir o que chamam de "atos desonestos" do que cuidar do bem estar dos próprios empregados. Ao menos essa é uma das conclusões preliminares observadas no diagnóstico do comportamento ético das empresas brasileiras. A pesquisa foi realizada pela Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (FIDES/SP), com apoio da Serasa

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(Centralização de Serviços dos Bancos) e da consultoria Arthur Andersen.

"Na próxima quarta-feira, estaremos participando de um seminário junto ao conselho de administração de São Paulo, onde os resultados serão discutidos. Também iremos publicar um documento que será do conhecimento das empresas", diz Peter Nadas, presidente da Fides. O objetivo do diagnóstico é conscientizar os empresários sobre a importância de ter uma postura ética no relacionamento com clientes, fornecedores e colaboradores. Peter Nadas faz questão de lembrar que, nesse sentido, o conceito de ética vai além dos limites da lei (pagamento de impostos, salários e fornecedores). Ele inclui compromissos com a qualidade do produto, valorização dos colaboradores (leia-se empregados) e o respeito aos direitos do clientes, mesmo que tais características não estejam expressas na legislação.

PESQUISA - Os questionários começaram a seguir para cerca de 1.800 empresas a partir do dia 22 de novembro. De acordo com o presidente da Fides, 140 enviaram respostas. "O número é baixo. Parece que as pessoas não estão muito esclarecidas sobre que vem a ser ética. Às vezes, recebíamos ligações de representantes das empresas dizendo não saber quem deveria preencher o questionário", lembra. Do total de empresas que responderam as perguntas, 64% são da região Sudeste, 19% da Sul, 9% do Centro-Oeste, 4% da região Nordeste e 3% da Norte. Não é a primeira vez que a Fides avalia, através de pesquisa, o comportamento ético nas empresas. Em 1993, mil corporações receberam os questionários e, como desta vez, 10% responderam as perguntas. A opinião dos funcionários, que na pesquisa anterior ficava em quarto lugar, caiu para último, trocando de posição com a opinião da comunidade em geral. "Acredito que as empresas não se preocupam tanto em ouvir os empregados por causa do alto número de desempregados", diz Peter Nadas.

Em um segunda parte da pesquisa, os empresários tiveram que responder sobre o que mais os preocupam. Legislação e mercado aparecem empatados em primeiro lugar, seguidos pelos atos desonestos, que no questionário anterior estavam em último. Recursos humanos e comunidade ficaram para trás. "É uma surpresa que os atos desonestos tenham sido apontados por tanta gente em detrimento de outros aspectos. Isso mostra como o grau de confiança entre as pessoas vem diminuindo", afirma o presidente da FIDES. Peter Nadas alerta também para a postura das empresas. "Parece que o discurso do empreendimento que se preocupa com a comunidade e que trata os empregados de maneira exemplar não passa de estratégia de marketing para que o empresário conquiste o cliente. Aimagem de honestidade e ética não corresponde bem a realidade". (T.N)

JB ONLINE, 05/12/99, trecho destacado da reportagem de FLAVIA SEKLES E CLAUDIA

Comércio global recria polarização. Passada a Guerra Fria, encontro expõe disputa de partidários da abertura

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ANTUNES.

Para o visitante deste site refletir sobre Globalização versus Responsabilidade Social...

global e do protecionismo...Para o ministro das Relações Externas do Brasil, Luis Felipe Lampreia, outros defensores da OMC e até boa parte de seus críticos, é necessário que haja no mundo de hoje uma organização capaz de estabelecer regras justas e transparentes para a globalização. "Em seu formato atual, a OMC tem uma estrutura que é basicamente autoritária. Desrespeita a soberania dos países-membros", disse o defensor de Direitos do Consumidor Ralph Nader, um dos maiores críticos da OMC nos EUA. "A OMC não reconhece fronteiras." O problema, principalmente para as nações mais fracas, é que as decisões da organização são tomadas por consenso, o que dá margem, segundo seus críticos, "a todo tipo de pressão e suborno".Segundo o argumento de Nader, uma economia que entende apenas a linguagem do mercado necessariamente coloca poder demasiado nas mãos de corporações que controlam dois terços das trocas mundiais, muitas entre suas próprias subsidiárias, e que por definição se interessam mais pelo lucro do que pelo bem-estar social. Para os trabalhadores, esse sistema é ruim porque, se empresas são globais, elas não têm fidelidade ao bem-estar nacional de qualquer país, podem exercer pressões sobre governos para obter concessões em troca de sua permanência, e transferir operações que requerem mão-de-obra intensiva para aqueles países onde as condições de trabalho e os salários são sempre menores. O crítico da OMC Robert Kuttner, jornalista e autor do livro Tudo à venda: as virtudes e os limites do mercado livre, disse em Seattle que o pecado maior da globalização é a crença cega de que a liberalização e a privatização são a melhor solução para tudo. "Os mercados funcionam bem apenas até certo ponto", sentenciou. "Mas em áreas relacionadas ao bem-estar público, como educação e saúde, que nos Estados Unidos representam entre 20% a 25% do Produto Interno Bruto (PIB), o mercado livre não representa as melhores soluções, pois premia o menor fornecimento possível de serviços ao custo mais alto. Os mercados não dão sempre o valor correto a tudo. Então não podem ser a única solução, mesmo quando o mercado mais livre possível oferece as maiores perspectivas para o crescimento de uma economia." Dando o braço a torcer - O neozelandês Mike Moore, diretor-geral da OMC, reconheceu em seu discurso à Confederação Internacional dos Sindicatos Livres que "nem todos os nossos críticos estão errados". "Vivemos numa época em que nunca tivemos tanto, mas nunca nos sentimos tão inseguros... A produtividade está sendo separada do emprego, o crescimento da distribuição de renda", disse. Mas Moore garantiu que a OMC "não tem a intenção de se tornar um governo global" e que a resposta para esses problemas não está em "satanizar a globalização", mas em ampliá-la cada vez mais. O problema, como ficou patente na conferência de Seattle, é que a maioria dos países luta para vender cada vez mais, e comprar cada vez menos. É uma equação difícil de resolver e acaba beneficiando os mais fortes - Estados Unidos, União Européia e Japão, que controlam 70% do comércio mundial. Os países desenvolvidos, que pregam a abertura dos

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mercados, estão cada vez menos dispostos a ceder nas áreas em que ainda mantêm seu mercado interno protegido, como a agricultura. Como assinalou reportagem da revista britânica The Economist, "novas barreiras estão aparecendo". "O sentimento protecionista está vivo e bem", constatou a revista, citando como exemplo a epidemia de processos antidumping - mais de 300 - abertos pelos Estados Unidos. Um dos alvos americanos foi a indústria de aço brasileira, que na verdade corresponde a apenas 0,5% do consumo interno nos EUA. Para o Brasil, nona economia do mundo, que responde por menos de 1% do comércio mundial, mas ainda consegue ter alguma voz nas negociações da OMC, o maior problema é que sua pauta de exportações manteve-se praticamente inalterada nos últimos 20 anos. "Com exceção de alguns casos de sucesso como a Embraer, nós temos a falta de sorte de exportar produtos em que a resistência é maior, como aço, sapatos, suco", disse o embaixador Rubens Ricupero, secretário-geral da Unctad (organização da ONU para comércio e desenvolvimento). "O Brasil não tem a vantagem de alguns países asiáticos, como a Coréia, que conseguiram uma pauta de exportações mais diferenciada e de maior valor agregado." Ricupero avisa que o Brasil deve estar atento a isso. "Nos últimos anos, com a política de abertura e a desnacionalização da economia, perdemos muita flexibilidade para adotar as políticas industriais que fizeram dos países ricos o que eles são hoje", disse o diplomata.

IBASE Seminário Responsabilidade Social das Empresas e Balanço Social: a experiência internacional. Realização: IBASE. Apoio: Fundação Ford, IHL - Instituto Herbert Levy, PPGSA/IFCS/UFRJ, Instituto Ethos de Responsabilidade Social e Council on Economic Priorities Accreditation Agency (CEPAA). Datas e local onde se realizou: 23 e 24 de Novembro de 1999, no Auditório da Petrobras, Rio de Janeiro. O IBASE inaugurou nesses dias o site Balanço Social, uma referência para quem está pesquisando o tema Balanço Social. Quanto às apresentações no Seminário, destaco a experiência exemplar no Brasil da Empresa Azaléia, com sua produção totalmente verticalizada e socialmente responsável, com alto e contínuo investimento em pesquisa e tecnologia, educação para seus funcionários, com ampliado nível de escolaridade a partir de iniciativa de mais de dez atrás. Destaco também o exemplo americano da Empresa SAS em North Caroline, um caso específico de empresa de software e de capital fechado, comparada a uma grande família na apresentação de Al Cordoba. A pesquisa do IBASE e IFCS/UFRJ, com recursos da Fundação Ford mostra que as entidades coletivas no Sudeste do Brasil, Rio Grande do Sul e Ceará apresentam várias maneiras em decodificar o conceito de responsabilidade social corporativa. A primeira fase do estudo está prevista para concluir em Janeiro/2000.

O Estado de São Paulo - http://www.estado.com.br/ São Paulo, 18/11/1999, por MÔNICA CIARELLI

Empresas do Sudeste investem contra pobreza O estudo "Ação Social das Empresas" que está sendo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) revelou

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que 67% das empresas da Região Sudeste promoveram atividades sociais voltadas para a comunidade este ano. A pesquisa Ação Social das Empresas foi o primeiro levantamento feito no Brasil sobre atividades sociais. O estudo analisou 1.752 empresas da Região Sudeste e tomou como base um universo de 445 mil companhias cadastradas no Ministério do Trabalho. A segunda etapa da pesquisa deve ser concluída em março, detalhando os setores mais destacados e o valor médio dos gastos das empresas com a área social.Uma das surpresas foi detectar que o número de empresas que ajudam a comunidade supera o das que realizaram projetos sociais para os funcionários. Na Região Sudeste, 63% das empresas ofereceram aos empregados benefícios não obrigatórios por lei. A coordenadora do estudo, Anna Maria Peliano, esperava que as companhias tivessem um comprometimento maior com seus funcionários do que com a população. "O grau de envolvimento dos empresários surpreendeu e mostra que o setor percebeu a necessidade de contribuir para aliviar os problemas sociais", explicou. O mais comum, porém, é o empresário agir nas duas frentes: cerca de 45% das empresas promovem ações sociais destinadas à comunidade e aos trabalhadores. Pelo estudo, apenas 16% das companhias da região ficaram à margem do crescimento das ações sociais no País.O Estado que mais se destacou na promoção de ações para a comunidade foi Minas Gerais, onde 81% das empresas declararam ter assumido esse tipo de iniciativa. Em segundo lugar veio São Paulo, com participação de 66% das companhias. "Aspectos religiosos e culturais são mais importantes do que des contos fiscais ou rendimentos", explicou a coordenadora. Os dados preliminares da segunda fase da pesquisa indicam que grande parte das atividades sociais dirigidas aos funcionários se concentra nas áreas de alimentação e saúde. Já a comunidade é mais beneficiada com doações de recursos para instituições filantrópicas ou religiosas. A classificação de ação social do Ipea é extremamente ampla. Qualquer projeto ou doação de recursos para pessoas e entidades públicas ou sem fins lucrativos foi considerado como atividade social. Entraram também na relação os programas empresariais promovidos em parceria com o governo.Setores - O comércio e a indústria tiveram a ação mais destacada na área comunitária este ano. Segundo a coordenadora, esses segmentos têm maior ligação com a comunidade e a "política da boa vizinhança" é importante para o desempenho dessas atividades. Já as empresas de construção civil foram as que menos atuaram em benefício da população. O quadro se inverte quando se analisa a atuação das companhias em relação aos seus empregados. Os maiores ganhos sociais são obtidos pelos funcionários do setor da construção e os piores, no comércio. Anna Maria ressaltou que boa parte dos funcionários do comércio é de trabalhadores temporários ou sem carteira assinada.

JB online - Tempo Real - 20/09/99 EUA não comprarão produtos brasileiros que utilizem

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mão-de-obra infantil. O empresariado brasileiro pode ter prejuízos em decorrência do trabalho infantil. É que o Congresso norte-americano deve aprovar no mês que vem uma lei que proíbe qualquer órgão do país a comprar produtos que tenham participação de crianças ao longo da cadeia produtiva. Presidente do Instituto Ethos - empresas e responsabilidade social, Oded Grajew disse que informação lhe foi passada pelo subsecretário de Assuntos Internacionais do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, Andrew Samet. Até mesmo a embaixada norte-americana no Brasil será afetada pela lei, já que não poderá comprar álcool brasileiro, porque as usinas utilizam mão-de-obra infantil, advertiu Oded Grajew.

O GLOBO, 03/09/99 Brasil terá presença maior em conselho. Em breve, o Brasil deve ocupar mais duas ou três cadeiras no Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, formado por 130 empresas, de 120 países, e que está reunido desde quarta-feira no Hotel Sheraton, em São Conrado. A afirmação é do presidente do conselho, o sueco Björn Stigson, um dos coordenadores das palestras e dos grupos de discussão que compõem, até hoje à tarde, a programação do encontro. Atualmente, apenas três empresas - Companhia Vale do Rio Doce, White Martins - fazem parte do conselho mundial, mas, segundo Stigson, há várias empresas em contato com o grupo para ocupar mais vagas. Não há, contudo, um prazo definido para a adesão. Stigson disse ainda que o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável é muito atuante e que esse foi um dos motivos para que a reunião do conselho mundial fosse realizada no Rio. Foi a primeira que o grupo realiza um dos seus encontros semestrais fora do eixo Europa-Estados Unidos. Stigson lembrou que em 2002 - quando faz 10 anos que aconteceu o encontro de cúpula Rio 92 - a comunidade internacional se reunirá para discutir quais foram os progressos atingidos na área ambiental, desde o evento. A Rio 92 é considerada um marco na difusão da idéia de desenvolvimento sustentável no Brasil e no mundo, e o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável terá uma participação ativa no encontro, que será chamado de Rio+10. - Dessa vez, o encontro não deve acontecer no Brasil e sim na Índia. As Nações Unidas é que vão decidir - adiantou Stigson, que já foi vice-presidente executivo da Asea Brow Boveri (ABB) e está à frente do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável desde 1995. Segundo Björn Stigson, uma das maiores preocupações do conselho é com a escassez da água. O vice-presidente do conselho brasileiro, Fernando Almeida acrescentou que em vários países da África e da Ásia, a água já custa mais caro que o petróleo. - Se não começar a se preocupar desde já em fazer um uso mais eficiente da água, no longo prazo, a indústria corre o sério risco de ficar desabastecida - disse. - Mesmo no Brasil, o litro de água mineral muitas vezes é mais caro que o da gasolina - observou Fernando Almeida. Para Stigson, todas as empresas podem ser eco-eficientes, ou seja,

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fazer um uso mais racional dos recursos de que necessitam. Ele admitiu, no entanto, que em algumas atividades, como a siderurgia, e também no caso das montadoras de automóveis, é muito difícil que não haja algum impacto ambiental.

O GLOBO, 02/09/99 Empresas discutem desenvolvimento sustentável Cerca de 130 altos executivos das maiores empresas do mundo - que juntas respondem por um faturamento de US$ 3 trilhões - estão reunidos desde ontem, no Hotel Sheraton, em São Conrado, na reunião semestral do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável. A abertura do evento, que pela primeira vez acontece fora do eixo Europa-Estados Unidos, contou com a presença do vice-presidente da República, Marco Maciel, do ministro do Trabalho e do Emprego, Francisco Dornelles, do prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde, e do presidente do BNDES, Andrea Calabi, entre outras autoridades. O encontro discute, até amanhã, a importância do desenvolvimento sustentável, conceito que leva em conta a preocupação das empresas com a preservação do meio ambiente e com a melhoria da qualidade de vida da população. De acordo com o presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, Félix Bulhões, os investimentos na área de desenvolvimento sustentável no Brasil variam entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão por ano, mas ainda correspondem a apenas um décimo das necessidades do país. - O Brasil ainda está muito longe de ter uma indústria desenvolvida nesse ramo, mas é importante destacar que o país já avançou muito, principalmente as grandes empresas - disse.

GAZETA MERCANTIL, 26/08/99 Empresas premiadas por ação social. Câmara Americana do Comércio de São Paulo entrega Prêmio Eco 99 ao mesmo tempo que realiza o 2º Seminário de Cidadania Empresarial. Alguns dos melhores programas de ação social de iniciativa privada realizados no último ano nas áreas de educação, cultura, participação comunitária, preservação, educação ambiental e saúde em todo o País serão conhecidos em 27/08/99 durante a cerimônia de entrega do Prêmio Eco 99. Para o Eco deste ano 84 projetos foram pré-selecionados. Considerado uma referência na área de cidadania empresarial há 17 anos, o Prêmio Eco é entregue por meio de um troféu de valor simbólico, mas que costuma dar muito prestígio aos vencedores.[adaptado da Reportagem de Verônica Dantas, de São Paulo - Gazeta Mercantil]

GAZETA MERCANTIL, 26/08/99 Termômetro de cidadania. Desde que foi lançado por Herbert de Souza, o Betinho, em 1997, o projeto Balanço Social prevê a publicação, em jornais de circulação nacional, dos investimentos em programas para melhorar o bem-estar da sociedade. Para medir até que ponto os empresários estão aderindo à iniciativa, a Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ) e o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), com o apoio da Fundação Ford, estão realizando a pesquisa "A Responsabilidade Social das Empresas do Brasil".Dividido em duas etapas, o levantamento será realizado no

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Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Rio Grande do Sul. Nos cinco estados deverão ser consultadas entidades de representação nacional, como a Federação das Ind;ustrias do Rio de Janeiro e São Paulo, Firjan e Fiesp, além de variadas associaçòes de diversos setores. A segunda parte do trabalho inclui entrevistas com os empresários. A conclusão do estudo está prevista para o final do ano 2000.A primeira fase da pesquisa está orçada em US$ 45 mil e a segunda ainda não tem custo estimado. Os primeiros dados apurados serão digulgados num seminário apoiado pela Gazeta Mercantil que será realizado nos dias 23 e 24 de novembro e levará ao Rio autoridades estrangeiras para apresentar experiências de países como França, Canadá, Alemanha e Estados Unidos. "Há um novo conceito de sociedade por trás do Balanço Social", avalia o diretor do Ibase, Cândido Grzybowski. "As empresas que não entrarem se autocondenam."Em São Paulo, empresas que realizam o Balanço Social serão reconhecidas pela Câmra dos Vereadores em outubro por meio do selo Empresa Cidadã. O projeto, da vereadora Aldaíza Sposati (PT), prevê a entrega do selo a cada dois anos. [Reportagem de Mônica Riani, da Gazeta do Rio]

Instituto ETHOS de Empresas e Responsabilidade Social Data: 23 a 25 de junho de 1999Hotel Intercontinental – São Paulo/ SP

2ª Conferência de Responsabilidade Social Empresarial nas Américas. A conferência tratou de conceitos e apresentou casos concretos para debate, reflexão e apoio às empresas no processo de adotar políticas e práticas socialmente responsáveis. Foi também uma oportunidade para estabelecer contatos entre empresas, organizações empresariais e dirigentes empresariais nas Américas e a constituição de redes locais, nacionais e internacionais. Promoveu igualmente o fortalecimento do movimento da responsabilidade social empresarial nas Américas.

Temas que foram tratados na conferência:Como Começar: Visão e missão; Ética; Auditorias e Prestação de Contas.Meio Ambiente: Políticas e Operações; /Minimização de resíduos: Prevenção da poluição; Uso eficaz de energia e água; Projeto ecológico.Local de Trabalho: Práticas Gerais; Diversidade; Treinamento/ Educação; Reduções de Quadro e Demissões; Saúde, segurança e bem-estar.Comunidade: Trabalho Voluntário; Filantropia; Projetos Comunitários.Mercado: Produtos e Serviços; Outras idéias; Direitos Humanos.

ADCE-RJ e ABRH-Rio - Maio/99 - Apoio da FIRJAN

Seminário Empresa Cidadã: Dimensões da Responsabilidade Social, organizado pela ADCE-RJ e ABRH-RJ e apoiado pela FIRJAN, com a presença de lideranças empresariais, consultores e pesquisadores. Ficou decidido que a FIRJAN colaboraria com a sugestão da ADCE-RJ de constituição de um Código de Ética a ser sugerido às empresas do Estado do Rio de Janeiro associadas à FIRJAN, dentro dos princípios da responsabilidade social corporativa.

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